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Unidade III
Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11
Podemos destacar um exemplo para a forma de assumir a educação baseada no desenvolvimento
das inteligências gerais. O ensino matemático, que compreende o cálculo, é claro, será aquém ou além do
cálculo. Deverá revelar a natureza intrinsecamente problemática das matemáticas. No decorrer dos anos
de aprendizagem, seria preciso valorizar, progressivamente, o diálogo entre o pensamento matemático
e o desenvolvimento dos conhecimentos científicos, e, finalmente, os limites da formalização e da
quantificação.
No caso da filosofia que é, acima de tudo, uma força de interrogação e de reflexão, dirigida para
os grandes problemas do conhecimento e da condição humana, deve contribuir eminentemente para
o desenvolvimento do espírito problematizador e não ser confinada em uma disciplina fechada em si
mesma.
Observação
Estou entendendo! A educação precisa trabalhar com as aptidões
gerais.
Sim, a educação precisa trabalhar com as aptidões mentais gerais. Mas precisa também encarar a
organização dos conhecimentos. Uma cabeça benfeita é uma cabeça apta a organizar os conhecimentos
e, com isso, evitar sua acumulação estéril.
Todo conhecimento constitui, ao mesmo tempo, uma tradução e
uma reconstrução, a partir de sinais, signos, símbolos, sob a forma de
representações, ideias, teorias, discursos. A organização dos conhecimentos
é realizada em função de princípios e regras [...]; comporta operações de
ligação (conjunção, inclusão, implicação) e de separação (diferenciação,
oposição, seleção, inclusão). O processo é circular, passando da separação à
ligação, da ligação à separação, e, além disso, da análise à síntese, da síntese
à análise. Ou seja; o conhecimento comporta, ao mesmo tempo, separação
e ligação, análise e síntese (MORIN, 2004, p. 24).
Nosso ensino privilegia a separação em detrimento da ligação, e a análise em detrimento da
síntese, assim como a separação e a acumulação sem ligar os conhecimentos, são privilegiadas
em detrimento da organização que os liga. Como nosso modo de conhecimento desune os
objetos entre si, precisamos conceber o que os une. Como ele, o conhecimento, isola os objetos
de seu contexto natural e do conjunto do qual fazem parte, é uma necessidade cognitiva
inserir um conhecimento particular em seu contexto e situá-lo em seu conjunto. A partir daí, o
desenvolvimento da aptidão para contextualizar e globalizar os saberes torna-se um imperativo
da educação.
O desenvolvimento da aptidão para contextualizar tende a produzir a emergência de um
pensamento “ecologizante”, no sentido em que situa todo acontecimento, informação ou
conhecimento em relação de inseparabilidade com seu ambiente cultural, social, econômico,