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o
ano 225
Grupo I
Texto A
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A arte de manipular professores
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35 Em Nunca para pior, a escritora dá a conhecer o ambiente
de uma escola, num retrato vivo e certeiro dos alunos, dos
professores e das relações entre ambos. Preconceitos, equívocos
e manipulação andam por ali.
Um novo aluno chega à escola depois das férias de Natal e é
integrado numa turma que a maior parte dos professores acha sem
graça: o 8.º B. O de Ciências disse mesmo que aquele grupo estava
a precisar «de um abanão, de uma sacudidela». Mal poderia
adivinhar que acabaria por fazer jus
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à frase «cuidado com o que
desejas».
Lúcio Ferro é o nome do novo rapaz. Nome não inocente, a
lembrar Lúcifer, designação que usa no seu email, seguido de
«inferno na terra» (
[email protected]). Há uma aura de mistério em torno de Lúcio, que
nos reenvia subtilmente para o universo de lobisomens, hoje tão apreciado pelos jovens.
Começa por ser simpático com os colegas, conquistando-os de imediato, mas, a pouco e
pouco, vai-se revelando como alguém de muito mau caráter. Insultos, bullying e manipulação
fazem parte do seu comportamento pernicioso
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.
Os professores, cegos pela cordialidade e conhecimentos de Lúcio, deixam-se levar… sendo
igualmente manipulados. É assim que embarcam na ideia de deixar os alunos realizarem u
m
espetáculo no Carnaval. Um desastre.
Ana Saldanha consegue mais uma vez recriar diálogos e situações verosímeis
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no universo
da adolescência e juventude, mas sem perder o sentido literário do texto. Não se inibe de recorre
r
ao passado para munir os jovens leitores de referências culturais nacionais e do resto do mundo.
Tanto pode ser uma tia-avó (da Ana Margarida) que tem sempre um provérbio à mão para
qualquer circunstância, «quem espera sempre alcança, quem porfia
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sempre se avia»; como um
a
professora a fazer lembrar uma atriz, «em nova achavam-na igualzinha à Vivian Leigh em E
tudo o vento levou, um filme dos anos trinta que, três décadas mais tarde, continuava a ser um
grande sucesso todos os anos no cinema de Coimbra».
Fica-se ainda a saber que «morcão» (também) «é uma lagarta ou uma larva de insetos».
A reunião de professores para avaliação tem tanto de divertida como de desconcertante, não
só pela forma como os docentes se referem aos alunos, mas também pelo modo como se tratam
e competem entre si.
A frase escolhida para título, «nunca para pior», há de surgir no início e no desfecho da
história, cruzando gerações e desejos. Variação possível e igualmente válida: «Para pior já basta
assim.».
Rita Pimenta, in Ímpar, disponível em https:\\www.publico.pt, consultado em julho de 2020 (texto com supressões).
1. fazer jus a: ser merecedor. 2. pernicioso: nocivo; perigoso. 3. verosímeis: que parecem verdadeiras. 4. porfia: insiste; teima.
Nome N.
o
Turma Data / /
Avaliação E. Educação Professor
Teste de avaliação 2
Unidade 1