gênio no direito. O critério, à base do qual se faz a escolha, é o
consensus gentium ou acordo comum dos homens em torno de
algumas verdades fundamentais. (MICHELE F. SCIACCA, 1966
p.129)
Filo de Larissa e Antioco de Áscalon se destacaram no ecletismo grego
enquanto que em Roma Marco Túlio Cícero teve maior destaque. Com Filo e o seu
probabilismo positivo e Antíoco e a sua aguda crítica anticética podemos inferir que
Antíoco situa-se a direita de Filo, enquanto Cícero continua na linha de Filo. Num
ponto de vista minucioso podemos inferir que Cícero é inferior aos dois, pois não
formula nada que se compare às formulações de ambos representantes gregos.
“O maior representante do ecletismo romano é Cícero (106-43 a.C.)
orador e político, cultivou a filosofia como instrumento de eloqüência e passatempo
de largos ócios, espontâneos ou forçados que lhes deixavam as ocupações e os
revezes da vida de homem público” (P. LEONEL FRANÇA S. J. 1940, p.62) “no
testemunho comum dos homens, repõe o critério e certeza moral, suficiente para
garantir a existência de Deus, a liberdade da vontade e a imortalidade da alma.
Estas verdades, presentes em todos os homens, são noções inatas,” (M. F.
SCIACCA, 1966 p. 129).
Cícero tem grande interesse pela parte da filosofia que envolve a ética.
Ele mesmo escreve a respeito disso em sua obra De officiis:
Considero que sejam mais conformes à natureza os deveres que
emanam do sentimento social, não os que emanam da sabedoria
[...] Efetivamente, o conhecimento e a contemplação (da natureza)
seriam de certo modo inacabados e imperfeitos, se não se lhes
seguisse alguma atividade concreta; e essa atividade manifesta-se
especialmente em assegurar a utilidade dos homens; referem-se,
pois, à sociedade do gênero humano, por isso ela deve ser
anteposta à ciência.
Para ele a filosofia é consoladora dos que sofrem, a reveladora do
absoluto, a ponte que une ao divino. Rejeita decididamente o epicurismo, e, contra
eles prova a existência de Deus, usando o argumento de Aristóteles do movimento,
e a imortalidade da alma, segundo o Fédon. Essas para Cícero são verdades
baseadas na consciência, ou seja, verdades fundamentais, no senso íntimo e num
certo inatismo moral que delas nos dá uma convicção profunda, de muito superior, à
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