Poesia trovadoresca Desenvolveu-se a partir do final do séc. XII (1180) até meados do séc. XIV, no noroeste da Península Ibérica (Minho e Galiza) -> Idade Média <- desenvolve-se a nossa língua (galaico-português) e cultura 1279 – subida ao trono de D. Dinis (O Lavrador), determinante para o desenvolvimento da cultura; foi trovador, escreveu cantigas de amor. Em 1296, determina o galego-português língua oficial do reino (o latim passa a ser associado ao Clero e alguma nobreza -> quem detinha a cultura literária) Contempla três géneros: cantigas de amigo, cantigas de amor, cantigas de escárnio e maldizer organizada em três coletâneas: Cancioneiro do Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional e Cancioneiro da Vaticana
Literatura oral O verso, rima e ritmo facilitavam a memorização, o que, por sua vez, permitiu o desenvolvimento pessoal e cultural do povo. Manifestação de sentimentos num texto lírico “cantigas” pela sua transmissão cantada (oral) -> elevado número de população analfabeta Autores : Trovadores : autores desta poesia (cavaleiros ou membros da nobreza). Jograis : simples populares que cantavam as cantigas nas festas, romarias, saraus, nas cortes, … -> mais associados às cantigas de escárnio (mais cómicas) Segréis : músicos mais bem sucedidos
Cantigas de amigo
Cantigas de amigo – origem peninsular (autóctone) Composição poética dirigida a um amigo por um sujeito lírico feminino, a amiga. Linguagem simples Temas :
Maior originalidade , mais espontaneidade e sinceridade ( expressão de sentimentos mais credíveis , sem o exagero das cantigas de amor. Ambiente: rural (casa, campo, praia, fonte, rio, ermida, capelinhas, romarias, …
O que é o paralelismo? É a técnica de elaboração das cantigas de amigo assente num esquema de repetições, que permite construir uma composição de seis estrofes e dezoito versos com apenas quatro versos completamente diferentes e um refrão. O paralelismo implica a presença de um refrão. O paralelismo pode ser perfeito ou imperfeito. É perfeito se existir “ leixa-pren ” (o segundo verso da estrofe ímpar repete-se com o primeiro verso da estrofe ímpar seguinte, acontecendo o mesmo com as estrofes pares) Refrão : é um verso ou um conjunto variável de versos que se repete no final de cada estrofe ou copla . Nota : Cantigas de mestria são cantigas sem refrão.
Qual a função do paralelismo? Intensificar a expressão das emoções através das repetições (reforço de ideias , temáticas e sentimentos), acentua a musicalidade e torna-se mais agradável As repetições denunciam o carácter popular (fácil memorização) Refrão – facilita a memorização e acentua a musicalidade, além de atribuir mais ritmo.
Simbolismos Mar – símbolo de separação e meio de reencontro dos apaixonados; Cervo (veado novo) – figura masculina, masculinidade, virilidade, presença do amigo; Água – fertilidade; / Águas turvas/ agitadas – confusão; Alva (alvorecer) – inocência, pureza, princípio de algo, desenvolvimento do sentimento amoroso; Flores – delicadeza, feminilidade e beleza; Árvore – símbolo nupcial, fertilidade; Aves – sedução, enamoramento; Vento – inquietações ou fecundidade; Luz – deslumbramento do amor; Noite (longa, escura, silenciosa e misteriosa) – incerteza do amor, tumulto interior Fonte – origem da vida, local de encontros; Lavar os cabelos – sensualidade, sedução, disponibilidade para o encontro amoroso; Banho – encontro amoroso Baile – sedução, convite ao amor;
Cantigas de amor
Cantigas de amor – origem provençal (ambiente palaciano) Composição poética dirigida a uma “senhor”, dama de condição superior, por um sujeito lírico ou poético masculino, baseado numa relação de vassalagem (a mulher é um ser superior, que o trovador deve respeitar e a quem deve jurar fidelidade e obediência); Temas mais frequentes: A coita de amor (sofrimento); Elogio de amor cortês (relação de vassalagem).
O que é a coita de amor? É a expressão de um sentimento amoroso doloroso provocado pela não correspondência, por parte da senhor, ao amor confessado pelo homem apaixonado. Está, frequentemente, associada à morte por amor. O que é o elogio de amor cortês? É um louvor de natureza física e psicológica à senhor: ela é uma mulher única, a mais perfeita de todas em tudo. A mulher é tratada com “mesura” (distância, respeito e discrição)
Em síntese
Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizer A cantiga de escárnio é uma cantiga de motivo satírico cuja crítica é feita indiretamente (velada). Já na cantiga de maldizer a crítica é feita de uma forma direta e clara. Recorte caricatural Valor documental histórico-social