(v 18] Efésios 4
Efésios 4 18.19]
ordinária como seres humanos nada é senäo uma imagem
vazia de vida, náo só porque ela rapidamente passa, mas
também porque, enquanto vivemos, nossas almas, näo
aderindo a Deus, estáo mortas. Sabemos que há trés graus de
vida neste mundo. A primeira é a vida universal, que consiste
só de impulso e sensibilidade, a qual compartilhamos com
os animais: A segunda é a vida humana, aqual possuímos como
filhos de Addo: E a terceira é aquela vida supernatural, a qual
só os crentes obtém. E todas clas sáo de Deus, de sorte que
se pode chamar a cada uma vida de Deus. Quanto á primeira,
Paulo, em seu sermäo em Atos 17.28, diz: “Porque nele
vivemos, e nos movemos, e existimos.” E o Salmo 104.30:
“Envias o teu Espírito, e sao criados; e assim renovas a face
da terra.” Quanto à segunda, temos J6 10.12: “Vida e
misericórdia me tens concedido, ¢ a tua providéncia me tem
conservado o espírito.”
A regeneragäo dos crentes, porém, é aqui chamada, par
excellence, a vida de Deus, visto que, cntäo, Deus vive
propriamente em nós e desfrutamos sua vida, quando ele nos
governa mediante seu Espírito. De tal vida, todos os homens
mortais que nao se tornam novas criaturas cm Cristo, Paulo
declara que estäo destituídos. Enquanto, pois, permanecemos
na carne, isto é, em nós mesmos, quäo miserável será nossa
condigáo! Desse fato podemos avaliar todas as virtudes
morais, como sáo chamadas; pois, que sorte de agdes
produzirá essa vida que Paulo afirma náo sera vida de Deus?
Antes que o bem possa proceder de nós, devemos, antes de
tudo, ser renovados pela graca de Cristo. Esse será o inicio
de uma genuína, por assim dizer, vida vital.
É mister que atentemos para a razáo que é imediatamente
adicionada: Por causa da ignoráncia. Porque, como o
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conhecimento de Deus é a genuína vida da alma, assim, ao
contrário, ajgnoráncia é a sua morte. E para que näo se cresse
que a ignoráncia é um mal acidental (como os filósofos
julgam que os erros vém de outra fonte), Paulo mostra que
suas raizes esto na cegueira do coraçäo humano; e assim
cle sugere que a cegueira habita em sua propria natureza. A
primeira cegueira, pois, que ocupa a mente humana, é ©
castigo do pecado original; porque Adio, após sua rebeliño,
ficou privado da verdadeira luz divina, na auséncia da qual
nada há senáo tremenda escuridäo.
19, Os quais, tendo se tornado insensíveis. Havendo
discutido sobre os pecados naturais, o apóstolo agora traz a
lame o pior de todos os males, engendrado nos homens por
seus próprios males que, tendo-se embrutecido e a
sensibilidade extinta de suas conscióncias, entregaram-se a
todo género de inigüidade. Somos por natureza corruptos e
inclinados ao mal; náo só isso —somos totalmente devotados
ao mal! Aqueles que vivem destituídos do Espírito de Cristo
säo complacentes consigo mesmos e tém as rédeas frouxas,
até que, de ofensa cm ofensa, atraem sobre si mesmos a ira
de Deus. Nao obstante o Senhor ferretoar suas consciéncias,
nfo alcanga éxito algum; antes, elas se tornam cada vez mais
insensíveis ante toda e qualquer admoestagäo. A vista de tal
obstinaçäo, merecem ser irremediavelmente rejeitados por
Deus.
O sinal dessa rejeicäo está na insensibilidade que já
mencionamos. Inatingíveis por qualquer temor de juízo,
quando ofendem a Deus, prosseguem trangüilos, c,
itimoratamente, se deleitam, se regalam e se gabam. Näo
sabem o que é pudor; näo sabem o que € cuidar de sua propria
honra. O tormento de uma consciéncia culposa, torturada pelo
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