Elis regina letras

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Slide Content

Elis
Regina
Todas as letras
                                      

Pesquisa, organização e diagramação:
Vladimir Araújo
Projeto gráfico:
Juliana Mesquita e Juliana Palezi

Elis
Regina
Todas as letras

Dá sorte
Eleu Salvador
Viva a Brotolândia – 1961
Dá sorte fazer o que eu digo
Dá sorte querer seu amor
Dá sorte cantar comigo
Cante então a canção que eu fiz para ser feliz
Cante então a canção que eu fiz para ser feliz
Creio no supremo poder
Gosto de quem gosta de mim
Serei tudo que quero ser
Sou feliz, tenho alguem que me quer e que eu quero bem
Sonhando (Dream)
B. de Vorzon/T. Ellis/Vs. Juvenal Fernandes
Viva a Brotolândia – 1961
Sonho
Eu sempre sonho
Que o amor irei buscar
Sigo
Uma alameda
E alquém é o meu par
Alguém que eu venero
Que tanto quero
Não sei quem é
Sonho
E no  meu sonho
Sigo com um certo alguém
Murmúrio
Djalma Ferreira/Luiz Antônio
Viva a Brotolândia – 1961
Vai nesta canção
Meu último adeus
Coração sonha em vão
Com os beijos seus
Foi esta canção
Que eu murmurei
Tu também longe amei
Murmuraste eu sei.
Há neste murmúrio huma saudade
A vontade louca de voltar
Ser como era antes mesmo por instantes
E depois morrer para não chorar
Tu serás
Ângela Martignoni/Othon Russo
Viva a Brotolândia – 1961
Tu serás a vida e o meu destino
Tu serás angústia e tormento
Tu serás a chama que ilumina
O eterno fogo de minha alma
E na noite escura,minha estrela
Tu serás… tu serás
Estrela que mostra o meu caminho
Tu serás… somente tu.
Vivo para amar-te e adorar-te
Pois és a razão dos meus desejos
E se em ti não penso a todo instante
Não posso acalmar o meu tormento
Samba feito para mim
Paulo Tito
Viva a Brotolândia – 1961
Pedi pra fazerem um samba para mim.
Pra desabafar meu coração.
Tenho tanta coisa pra dizer de mim.
Como eu gostaria de falar numa canção.
Sei que o mundo é mau, jamais vai entender,
Que este samba vive de hum sofrer
O tema é meu. Nasceu assim.
Era preciso fazerem um samba pra mim.
Amei alguém. Fui só de alguém.
O mundo não procurou compreender.
Então pedi para fazerem um samba assim.
E este samba foi feito todinho pra mim.
Fala-me de amor (Take me in your arms)
Markus/Rotter/Vs. Max Gold
Viva a Brotolândia – 1961
Fala-me de amor,
Mesmo que seja pra mentir
Fala-me de amor,
Se vais partir.
Um beijo louco
Para lembrar o que passou
Dura tão pouco
Mesmo que seja o fim
Aperta-me assim
E nos braços teus
Toda magia viverei
Beija-me assim
Depois adeus!
Eu queria sentir teu beijo
Com carinho e emocão
E guardar este amor tão puro
No fundo do coração
2

Baby face
Davis/Asket/Vs. Fred Jorge
Viva a Brotolândia – 1961
Baby face
Esse rostinho lindo
Baby face
Parece ingênuo
Não é isso não
Baby face
Que encontrei sorrindo e me deixou sonhando
Baby face
Esse seu modo estranho de olhar pra mim
Me faz acreditar
Que você sabe amar
Mentindo
Baby Face.
Dor de Covelo
João Roberto Kelly
Viva a Brotolândia – 1961
Beber pra esquecer é teimosia 
Hoje muito whisky, muita alegria,
Amanhã ressaca, saco de gelo 
O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo 
A dor pra curar não tem receita 
É corcunda que se deita 
Sem achar a posição 
E sentir saudade não faz mal 
Não é no fundo do copo 
Que você vai encontrar sua moral 
Beber pra esquecer...
Garoto último tipo (Puppy Love)
Paul Anka/Vs. Fred Jorge
Viva a Brotolândia – 1961
Hoje eu vi um tal brotinho
Que o meu coração
Foi logo conquistando
E eu nem disse não
Garoto último tipo
Broto sensação
Não sei porque
Dei meu coração
Saiu pra rua
Trânsito parou
E pra mim o olhar mandou
Que garotinho
Mas que tipão
E roubou meu coração
As coisas que eu gosto (My favorite things)
Hammerstein/Rodgers/Vs. Fernando César
Viva a Brotolândia – 1961
As coisas que eu gosto eu vou lhe dizer
São coisas bonitas que vêm de você
É o céu de um sorriso embriagador
E esses seus olhos lembrando o amor
Nem sei como pode você ser assim
E ter tudo, tudo que é bom para mim
Nem de encomenda eu ia achar
Outro igual a você para amar
Os seus olhos
Seu sorriso
Que bonitos são
Você não existe
Na certa sonhei
Quando inventei você
Mesmo de mentira
Carlos Imperial
Viva a Brotolândia – 1961
Diz mesmo de mentira
Que eu sou tudo pra você
Diz mesmo de mentira
Que ao seu lado eu vou viver
Diz.
Prefiro a mentira
Pois a verdade é ruim
Diz mesmo de mentira
Diz que você gosta de mim
Quero viver na ilusão
Pois afinal não machuca o coração
Se a verdade me faz mal
Eu não vou fazer da minha vida um carnaval
Mente
É melhor assim
Diz que você gosta de mim
Amor,amor (Love, love)
Bill Caesar/Vs. Carlos Imperial
Viva a Brotolândia – 1961
Amor,amor
Quero um amor que não tenha fim
Amor, amor
Quero um amor pra mim
Amor, amor
Quero um amor que me queira bem
Amor, amor
Eu reciso amar alguém
Vivo a sonhar
Que estou a beijar
O meu grande amor
Sempre a esperar
Quem me queira amar
O meu peito agora diz
Eu preciso de um amor
Só assim serei feliz
3

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Poema
Fernando Dias
Poema de Amor – 1962
Poema
É a noite cheia de amargura
Poema
É a luz que brilha lá no céu
Poema
É ter saudade de alguém
Que a gente quer e que não vem
Poema
É o cantar de um passarinho
Que vive ao leú, perdeu seu ninho
É a esperança de o encontrar
Poema
É a solidão da madrugada
Um ébrio triste na calçada
Querendo a lua namorar

Pororó-Popó
João Roberto Kelly
Poema de Amor – 1962
Bate bate bate constante
Pororó-popó
Dançando na festa, beijinho na testa e só
Seu telefone eu anotei
Cupido me laçou
E apertou o nó
Poró-poroporó
Todo dia eu discava
Poró-poroporó
Discava escondida da mamãe e da vovó
Tudo começou de brincadeira
E eu fiquei brincando a vida inteira
Dá-me um beijo
(Kiss me, Kiss me)
Trovajoli/Daniell/Vs. Romeu Nunes
Poema de Amor – 1962
Dá-me um beijo
Um só
Um só
Mata meu desejo
De mim
Tem dó
Pois num beijo só você poderá sentir
O que sinto é desejo sim de mim
Dá-me dá-me um beijo
Mais um
Só um
E vamos depois
Os dois
Os dois
Pela vida nos deixando com ardor
Para sempre
Sempre
Amor
Nos teus lábios
Haroldo Eiras/Ataliba Santos
Poema de Amor – 1962
Nos teus olhos
Vejo a luz com que sempre sonhei
Nos teus lábios
Sinto os beijos que as vezes roubei
Vem de novo
A saudade em meu peito apertar
E por isso eu canto
Nos teus olhos
As estrelas refletem o brilhar
Dos teus lábios
Beijos mil me fazem lembrar
Desde então
Não sonho e nem vivo
Porque, amor, só posso encontrar
Nos teus lábios e os teus olhos quero olhar.
Sim os teus olhos quero olhar
Vou comprar
um coração
Paulo Tito/Romeu Nunes
Poema de Amor – 1962
Vou comprar um coração
Para trocar por este meu
Porque sem ilusão não sei viver
E este meu coração cansou de amar
Com um novo coração
Vou repetir os erros meus
Fazer oque já fiz
Amar em vão
Ser infeliz mais uma vez.
Meu pequeno mundo de ilusão
(My little corner of the world)
Hilliard/Pockriss/Vs. José Mauro Pires
Poema de Amor – 1962
Ó vem meu doce bem
Ao meu pequeno mundo de ilusão
São teus os sonhos meus
No meu pequeno mundo de ilusão
Só tu então
Serás a inspiração
E neste mundo
Terás meu coração
E se, meu doce bem,
Vieres aplacar esta paixão
Serão somente teus
O meu pequeno mundo e a ilusão
Eu sempre quis
Contigo,coração,
Viver feliz
Em meu mundo de ilusão
5
Saudade é recordar
Renan França/Verinha Falcão
Poema de Amor – 1962
De que vale o que tenho
Só tristezas pra contar
E tristeza é ter saudade
Saudade é recordar
Tu cruzaste o meu caminho
Quando eu era a própria dor
Hoje deixo o teu carinho
Por amor ao teu amor

Las
secretárias
Pepe Luis/Vs. Martha Almeida
Poema de Amor – 1962
Cha Cha Cha
Para o secretário
Cha Cha Cha
Para estenodatilografar
Cha Cha Cha
Para o secretário
Cha Cha Cha
Cha Cha Cha
Como é bom bailar
Necessito secretário competente
Com experiência e boa apresentação
Solicito homem jovem e bonito
E com carta de recomendação
Que domine o idioma Italiano
O Francês e o Inglês com perfeição
Nao me importa seja loiro ou moreno
Mas que tenha bem alegre o coração
Quando formos de manhã para o trabalho
E a tarde na hora de regressar
Que beleza eu e o meu secretário
Caminhando e cantando o cha cha cha
Pizzicati
Pizzicato
Stern/Marnay/Vs. Fred Jorge
Poema de Amor – 1962
Quando eu ouvi tocar um doce pizzicati
Quase desandou
e quase parou
O pobre coração que só palpita por ti
E sempre te adorou
Em doce pizzicato o coração pulsou
E alegre saltou
E alegre cantou
E como um violino doido a suspirar
Sonhou… sonhou… sonhou…
Plum plum plum
Que delicioso
Plum plum plum
Maravilhoso
Minha cancão de amor nasceu no meu coração
Só para ti
Minha paixão
Em doce pizzicato eu vou levar-te a emoção
O meu amor sem fim
A canção que eu canto
É por ti meu bem
É um doce pizzicato
Sempre a saltitar
Plum plum plum
Canção
de enganar
despedida
Walter/Joluz
Poema de Amor – 1962
Teu olhar
Meu olhar
Nosso olhar
Tuas mãos
Minhas mãos
A emoção
A noite a se perder nos faz,
Meu amor,
Outra vez
Amar
Sonhar
É manhã
Na manhã do adeus
Repousa
Teus lábios nos meus
Um beijo irá fazer
Teu olhar
Meu olhar
Outra vez
Amar
Chorar
Confissão
Umberto Silva/Paulo Aguiar/Luiz Maranhão
Poema de Amor – 1962
Vai nesta cancão
A confissão
De alguém que hoje é feliz, feliz
Vai dizer também
Que só alguém
Que ninguém mais faz infeliz
O que passou, passou
Sei que não volta mais
Eis o consolo eneletivo dos meus ais
Pra que lembrança sem esperança?
Se um é pouco, dois é bom, três é demais
Podes voltar
Othon Russo/Nazareno de Brito
Poema de Amor – 1962
Deixa passar a incerteza que te afasta de mim
Quero pensar que ainda me queres como ontem, e assim
Quero guardar esta ilusão
Adormecer e contigo sonhar
Se tu soubesses que torturas em minha alma sem ti
Noites inteiras a pensar que havia outra qualquer
Mas mesmo assim haja o que houver
Podes voltar outra vez para mim
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A Virgem de
Macareña
(La Virgen de la Macareña)
B. B. Munterde/Calero/A. Bourget
Elis Regina – 1963
À noite quando me deito
Eu rezo à Virgem de Macareña
Assim sozinho em meu quarto
Falo à Virgem Santa todo o meu tormento
É de coração que eu peço
Que alguém um dia me queira
Que me abraçe com ternura
E me beije com doçura
Ó Virgem  Santa
Ó Virgem Santa porque sofro tanto
Ouvi o que pede
Ouvi o que pede a angústia do meu pranto
Porque,ó Santa querida,
Não encontro na vida alguém para meu amor?
Porque, ó Santa querida,
Não encontro na vida alguém para meu amor?
Alguém que seja ternura
E viva comigo os sonhos que sonhei
É de coração que eu peço
Que alguém um dia me queira
Que me abraçe com ternura
E me beije com doçura
Ouvi o que pede
Ouvi o que pede minha alma aflita
Minha Virgem Santa
Minha Virgem Santa de Macareña
Tango italiano
Malgoni/Baretta/Palessi/Romeo Nunes
Elis Regina – 1963
Um tango italiano
O nosso tango
Quero um dia dançar
E sonhar novamente
Um tango italiano
Um terno tango
Como aquele que viu começar
Nosso amor tão distante
E nos teus braços
Rodando ao compasso do tango a recordar
Nosso passado
E o amor esquecido veremos retornar
Um tango italano
E os teus braços
O meu corpo de novo estreitar
E teus olhos de novo encontrar
E no céu de teus olhos buscar
A aventura perdida
Dengosa
Castro Perret
Elis Regina – 1963
Eu sou dengosa
Gosto de carinho
Amor pra mim
Tem que ter denguinho
Eu sou assim
Dengosa para amar
Procuro aguém dengoso
Para ser meu par
Amar com dengo
Dá gosto da gente amar
Beijar com dengo
Dá gosto de se beijar
Amor com dengo
Torna mais gostoso o carinho
Mas para amar com dengo
É preciso ter jeitinho
Formiguinha triste
Joãozinho
Elis Regina – 1963
Era uma vez uma triste formiguinha
Que vivia tão sozinha tocando seu violão
Tão simplezinha era sua morada
Mas existia lugar pra mais alguém
Mas certo dia,como diz a lenda,
Tudo lá no quintal se iluminou
Formiguinha encontrou outra
Inverno sozinha não passou
Tristeza de carnaval
Bidú/Mutinho
Elis Regina – 1963
O carnaval
Sempre faz feliz alguém
As vezes traz tristeza
E a alegria foge
Tudo é quarta-feira
Tudo é sempre cinza
Pra quem amou foi muito bom
Pra quem perdeu chorou demais
Depois voltou o carnaval
Na fantasia de sol
E a esperança de encontrar
Um novo amor
No carnaval
No carnaval
No carnaval
Outra vez (Again)
Cochran/Newman
Elis Regina – 1963
Jamais
O meu amor tu terás
Não te darei novamente
A boca ardente, oh, não!
Verás
Que o sonho que se desfaz
Nem deixa rastro na alma
E acalma a ilusão de um coração
Eu não quero
De novo sofrer
Tal como eu já sofri
Eu não quero de novo viver
No amargor em que já vivi
O sonho que se desfez
Não deixou rastro em minha alma
Não sonharei outra vez
7

Silêncio
Túlio Paiva
Elis Regina – 1963
Silêncio!
Atenção!
O samba já tem outra marcação
O pandeiro já não faz o que fazia
Violão só é na base da harmonia
Silêncio!
Atenção!
Porque o samba já tem outra marcação
A roda do mundo sempre vai girando
Vai girando sem parar
Tudo nessa vida se renova
A bossa velha deu lugar à bossa nova
O samba já tem outra marcação
E essa é nova marcação
1,2,3,
balançou
Nazareno de Brito/Alcyr Pires Vermelho
Elis Regina – 1963
1, 2, 3, balançou
1, 2, 3, o meu samba quero assim
Requebra e vai por mim
1, 2, 3, vai não vai
1, 2, 3, ouve o prato a marcar
O nosso balançar
Faz um passo todo figurado
E segue o rebolado
A onda do balanço me enrolou
Eu não posso parar
Vejo o tempo correr sem me cansar
Você pode notar
Batam palmas para quem gostou
Do meu samba que a ninguem negou
De todo coração
Sensação enquanto balançou
À noite
Berstein/Roberto Côrte Real
Elis Regina – 1963
À noite, amor
Vou ver o meu amor
A lua há de brilhar
Pra nós dois
À noite, amor
Vou ver o meu amor
E pra nós as estrelas virão
E o sol que sabe que eu espero
Que só a noite eu quero
Compreende e já se vai
Ó Deus, fazei
Fazei que a noite seja
Sem fim pra mim
Ressurreicão
Marino Pinto/Pernambuco
Elis Regina – 1963
Ressurreição, meu amor do passado
Tu és a razão do meu porvir
Eu sonho em vão por que sonho acordada
Quisera saber o que há de vir
A chama que se apaga
Sempre mata a esperença
Minha chama de esperar-te
Não se cansa
Ressurreição, me levou ao passado
E curou de uma vez a minha dor
Milagre do amor
Flertei
Castro Perret
Elis Regina – 1963
Agora sim estou certinha com um só
Tanto brinquei que Cupido me acertou
Eu tive tantos mas a nenhum eu amei
E, no entanto, sem querer, gamei
Veja você,eu que nunca pensei em amar
Eu que flertava apenas para brincar
Mas fui brincar de amor quem soube entender meu coracão
E o flerte transformou-se em gamação
Adeus amor
Almeida Rêgo/Newton Ramalho
Elis Regina – 1963
Adeus amor
Eu tenho de partir
Eu sei que vou sentir
Uma saudade imensa de você
Que vai ficar
Sozinho como eu
A remoer lembranças do passado
Meu Deus como é que eu vou ficar
Sem ter você pra me abraçar?
Sem ter aqueles beijos que são meus?
Só meus
Adeus amor
Eu voltarei, querido,
pra recomeçar a nossa vida
8

Alô saudade
Paulo Aguiar/Umberto Silva
O Bem do Amor – 1963
Telefonei para a saudade
Dizendo a ela o que sentia
Como ela trouxe a solução
Meu coração logo esqueceu toda a paixão
Acreditei no que me foi prescrito
E em tudo o que eu não acreditava
Depois do tempo em que levei sofrendo assim
Felicidade voltou pra mim
Sem teu amor
Luiz Mauro
O Bem do Amor – 1963
Meu coração não pode mais viver assim
Sem teu amor
Meu coracão vive chorando triste assim
Sem teu amor
Tudo acabou
Fiquei sozinha
Sem teu querer
Tudo mudou
E, sem carinho,
Não sei viver
Meu coracão hoje só vive de ansiedade
Por você
Espero em vão o fim de toda essa saudade
De você
Vou esperar
Ó, meu querido,
Volte pr favor
Meu coracão
Não vai viver toda esta vida
Sem teu amor
Saudade e
carinho
Renan Franca/Verinha Maranhão
O Bem do Amor – 1963
Saudade e carinho
Ai que vontade de amar!
Todo amor tem o seu ninho
O meu amor, onde andará?
Tantos amores eu já tive
Quantos amores mais terei?
Nenhum, porém, comigo vive
Sozinha sempre viverei
Mania de gostar
Luis Mauro
O Bem do Amor – 1963
Mania boba é essa da gente de gostar de alguém. Alguém que nos faz um pouquinho feliz quando vem.
Alguém que quando vai não diz pra onde nem porque. Parte deixando saudade. Fazendo a gente sofrer.
Não vai outra vez meu amor, não vá pra longe de mim. Esse negócio de saudade não foi feito pra mim.
Com você aqui bem perto. Juntinho do meu coração. Não viverei mais nesta solidão.
Manhã de
AMOR
Sergio Malta/Joluz
O Bem do Amor – 1963
É manhã
Vem o sol
Vem trazer o calor
Que aquece a emoção
De um olhar
De um aperto de mão
Vem a chuva também
Vem chorar a alegria
Do retorno de alguém
De um amor
Numa terna ilusão
E se faz lá no céu
O enlace da chuva e do sol
A natureza sorri
É tão lindo o matiz do arrebol
Já se fez a manhã do amor
Já se pôs o arco-iris além
Vem a chuva
Vem o sol
Com eles, meu bem.
Se você quiser
Baden Powell/Mario Telles
O Bem do Amor – 1963
Você quer que eu te conte o que é o amor,
Feito para dois amar,
Feito de sorriso e flor?
Você quer.
Mas será que você quer?
Caminhar neste luar para eu te mostrar.
Vem.
Você quer ver na luz do meu olhar,
Como eu te quero bem,
Como eu te quero amar?
Eu não sei.
Eu não sei se você quer.
Eu posso te dar amor,
Se vocie quiser.
9

Há uma história triste
Othon Russo/Niquinho
O Bem do Amor – 1963
Há uma história triste pelo ar
História que não tem “era uma vez…”
Há uma história triste pra contar
História que começa com “talvez”
Foi, talvez, amor que acabou
Foi, talvez, um sonho que apagou
Restos de lembrança e amargura
Rugas de saudade e de ternura
Domingo em Copacabana
Roberto Faissal/Paulo Tito
O Bem do Amor – 1963
Copacabana cheia
Bom é domingo mesmo
Dias de sol vem alegrar o nosso amor
Mar azul
Onda azul
Vem beijar meus amores
Copacabana bela
Lua de luz acesa
Ando calçada cheia sem pensar
Ai, rio até sozinha
Da beleza do meu Rio
Da TV Rio até o Forte
Gente que passa sem ter norte
Copacabana eu vou sonhar junto de ti
Meus olhos
Sergio Napp
O Bem do Amor – 1963
Meus olhos
Saudades que eu trago
Do amor de você
Meus olhos
Silêncios na espera
De alguém que não vem
Ah, se você entendesse
A beleza de amar
Que eles trazem em si
Ah, se você compreendesse
O que escondem meus olhos
Voltaria pra mim
Retorno
Aécio Kauffmann
O Bem do Amor – 1963
Meu bem eu agora voltarei
Bem sei que estarás a me esperar
Deixei meu coração cheio de amor juntinho ao teu
E só me acompanhou a saudade em seu lugar
Agora voltarei novamente aos braços teus
E tu sempre estarás eternamente nos braços meus
Na estrada desta vida
Nunca mais
Nunca mais sozinha
Longe amor
Dos teus carinhos
10

É pra frente que se anda
Caminhando sem olhar pra trás
É pra frente que se anda
Caminhando sem olhar pra trás
É como a roda da história
Que nunca pode parar
Há um turbilhão de anseios
Despertando a nossa voz
Há um mundo de esperança
Esperando,
Esperado por nós
E a gente vai seguindo
Olhando só pra frente
Sem se voltar pra trás
Procurando nosso mundo
Mundo de paz
Túlio Paiva
O Bem do Amor – 1963
Mundo de paz
O bem do amor
Rildo Hora/Clóvis Mello
O Bem do Amor – 1963
Se você pensava
Bem no amor achar
O bem no amor encontrará
E quando você quiser
Vá buscar ternura
No amor que existe
Num lugar feito pra dois
Sim, vá buscar
Tem perfume a flor que nasce
No jardim ao sol
De ver tanto encanto na flor
Fui pedir a rosa viva e multicor
Perfume e cor
Fiz nosso amor
E o mundo prá nós dois
11

O MORRO NÃO TEM VEZ
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem voces, quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
ESSE MUNDO É MEU
(Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
Escravo no mundo em que sou
Escravo no reino em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amar
Mas acorrentado ninguém pode amar
FEIO NAO É BONITO
(Carlos Lyra/Gianfrancesco Guarnieri)
Feio, nao é bonito
O morro existe mas pede pra se acabar
Canta, mas canta triste
Porque tristeza é só o que tem pra cantar
Chora, mas chora rindo
Porque é valente e nunca se deixa quebrar
Ama, o morro ama
Amor bonito, amor aflito
Que pede outra história
SAMBA DO CARIOCA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Vamos, carioca,
sai do teu sono devagar
O dia já vem vindo aí
E o sol já vai raiar
Sao Jorge, teu padrinho,
te dê cana pra tomar
Xango, teu pai, te dê
muitas mulheres para amar
ESSE MUNDO É MEU
(Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
Saravá, Ogum, mandinga da gente continua
Cade o despacho pra acabá
Santo guerrero na floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigá
Se voce nao vem eu mesma vou brigá
A FELICIDADE
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Brilha tão leve, mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
SAMBA DE NEGRO
(Roberto Correa/Sylvio Son)
Subi lá no morro só pra ver
O que o nêgo tem
Pra cantar assim gostoso
E fazer samba como ninguém
VOU ANDAR POR AÍ
(Newton Chaves)
Vou andar por aí, perguntar por aí
Pra ver se eu encontro
A paz que perdi
O SOL NASCERÁ (A sorrir)
(Cartola/Elton Medeiros)
A sorrir eu pretendo levar a vida
Pois chorando eu vi a mocidade perdida
DIZ QUE FUI POR AÍ
(Zé Keti/H. Rocha)
Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando o violão debaixo do braco
Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
E se houver motivo, é mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se eu volto, diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
ACENDER AS VELAS
(Zé Keti)
Acender as velas, já é profissão
Quando nao tem samba, tem desilusão
Acender as velas, já é profissão
Quando nao sou eu, é Nara Leão
A VOZ DO MORRO
(Zé Keti)
Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei do terreiro
Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem leva alegria
Para milhões de corações brasileiros
O MORRO NAO TEM VEZ
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem voces
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
Vai cantar, vai cantar
Vai cantar, vai cantar
Pout Pourri
Dois na Bossa 1 – 1963 (Com Jair Rodrigues)
12

Preciso aprender a ser só
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Dois na Bossa 1 – 1965
Samba eu canto assim – 1965
Ah! se eu te pudesse fazer entender 
Sem teu amor eu não posso viver 
Que sem nós dois o que resta sou eu 
Eu assim tão só
E eu preciso aprender a ser só 
Poder dormir sem sentir teu amor 
A ver que foi só um sonho e passou 
Ah! o amor
Quando é demais ao findar leva a paz 
Me entreguei sem pensar 
Que a saudade existe e se vem é tão triste 
Vê,meus olhos choram a falta dos teus 
Esses teus olhos que foram tão meus 
Por Deus,entenda que assim eu não vivo 
Eu morro pensando no nosso amor 
Por Deus, entenda que assim eu não vivo 
Eu morro pensando no nosso amor 
Ah! o amor
Quando é demais ao findar leva a paz 
Me entreguei sem pensar 
Que a saudade existe e se vem é tão triste 
Vê,meus olhos choram a falta dos teus 
Esses teus olhos que foram tão meus 
Por Deus, entenda que assim eu não vivo 
Eu morro pensando no nosso amor 
Por Deus, entenda que assim eu não vivo 
Eu morro pensando no nosso amor
Arrastão
Edu Lobo/Vinícius de Morais
Dois na Bossa 1 – 1965
Eh... tem jangada no mar 
Eh, eh, eh... hoje tem arrastão
Eh... todo mundo pescar
Chega de sombra João
Jovi, olha o arrastão entrando no mar sem fim
Ê meu irmão me traz Yemanjá pra mim
Minha Santa Bárbara
Me abençoai
Quero me casar com Janaína
Eh... puxa bem devagar
Eh, eh, eh... já vem vindo o arrastão
Eh... é a Rainha do Mar
Vem, vem na rede João
Pra mim!
Valha-me Deus Nosso Senhor do Bonfim
Nunca, jamais se viu tanto peixe assim
Terra de
ninguém
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Dois na Bossa 1 – 1965
Saudade do Brasil – 1980
(Com Marcos Valle)
Segue nessa marcha triste
Seu caminho aflito
Leva só saudade
E a injustiça
Que só lhe foi feita
Desde que nasceu
Pelo mundo inteiro
Que nada lhe deu
Anda.Teu caminho é longo
Cheio de incerteza
Tudo é só pobreza
Tudo é só tristeza
Tudo é terra morta
Onde a terra é boa
O senhor é dono
Não deixa passar
Pára no final da tarde
Tomba já cansado
Cai um nordestino
Reza uma oração
Prá voltar um dia
E criar coragem
Prá poder lutar
Pelo que é seu
Mas...
O dia vai chegar
Que o mundo vai saber
Não se vive sem se dar
Quem trabalha é que tem
Direito de viver
Pois a terra é de
ninguém
13

Sem Deus com a família
César Roldão Vieira
Dois na Bossa 1 – 1965
Sapato de pobre é tamanco
A vida não tem solução
Morada da rico é palácio
E casa de pobre é barracão
Quem é pobre sempre sofre,
Vive sempre a trabalhar
Mas eu sofro só de dia,
De noite eu vivo pra sambar
A mulher de branco é esposa
E a esposa do preto é mulher
Mas minha mulher é só minha,
Do branco eu nem sei se só dele é
Branco fica atormentado
E nem tem tempo pra pensar
Mas o preto é mais que branco
pra mãe d’água Iemanjá 
A terra do dono é só dele
E ali ninguém pode mandar
Mas se eu não pegar na enxada
Não tem ninguém pra plantar
Eu semeio tanto milho e a colheita é do senhor
Mas o dia da igualdade tá chegando seu doutor.
Reza
Edu Lobo/Ruy Guerra
Dois na Bossa 1 – 1965
Samba eu canto assim – 1965
Por amor andei já
Tanto chão e mar
Senhor já nem sei
Se o amor não é mais
Bastante pra vencer
Eu já sei o que vou fazer
Meu Senhor
Uma oração
Vou cantar para ver se vai valer
Laia ladaia sabadana ave-maria
Laia ladaia sabadana ave-maria
Ah! meu santo defensor
Traga o meu amor
Laia ladaia sabadana ave-maria
Laia ladaia sabadana ave-maria
Se é praga ou oração
Mil vezes cantarei
Laia ladaia sabadana ave-maria
Laia ladaia sabadana ave-maria
Menino das
laranjas
Théo de Barros
Dois na Bossa 1 – 1965 (Com Jair Rodrigues)
Samba eu canto assim – 1965
Menino que vai pra feira
Vender sua laranja até acabar
Filho de mãe solteira
Cuja ignorância tem que sustentar
É madrugada,vai sentindo frio
Porque se o cesto não voltar vazio
A mãe arranja um outro prá laranja
E esse filho vai ter que apanhar
Compra laranja
Menino que vai pra feira
É madrugada vai sentindo frio
Porque se o cesto não voltar vazio
A mãe arranja um outro prá laranja
E esse filho vai ter que apanhar
Compra laranja doutor
Ainda dou uma de quebra pro senhor
Lá no morro a gente acorda cedo
Que é só trabalhar
Comida é pouca e muita roupa
Que a cidade manda pra lavar
De madrugada ele menino
Acorda cedo tentando encontrar
Um pouco pra comer,viver até crescer
E a vida melhorar
Compra laranja doutor
Ainda dou uma de quebra pro senhor
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Influência do Jazz
Carlos Lyra
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Pobre samba meu
Foi se misturando se modernizando, e se perdeu
E o rebolado cadê?, não tem mais
Cadê o tal gingado que mexe com a gente
Coitado do meu samba mudou de repente
Influência do jazz
Quase que morreu
E acaba morrendo, está quase morrendo, não percebeu
Que o samba balança de um lado pro outro
O jazz é diferente, pra frente pra trás
E o samba meio morto ficou meio torto
Influência do jazz
No afro-cubano, vai complicando
Vai pelo cano, vai
Vai entortando, vai sem descanso
Vai, sai, cai... no balanço!
Pobre samba meu
Volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu
Pra não ser um samba com notas demais
Não ser um samba torto pra frente pra trás
Vai ter que se virar pra poder se livrar
Da influência do jazz
Formosa
Baden Powell/Vinícius de Morais
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell e Ciro Monteiro)
Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos
No seu coração
A gente nasce, a gente cresce
A gente quer amar
Mulher que nega
Nega o que não é para negar
A gente pega,a gente entrega
A gente quer morrer
Ninguém tem nada de bom
Sem sofrer
Formosa mulher!
Discussão
Tom Jobim/Newton Mendonça
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com pery Ribeiro)
Se você pretende sustentar opinião
E discutir por discutir
Só prá ganhar a discussão
Eu lhe asseguro pode crer
Que quando fala o coração
As vezes é melhor perder
Do que ganhar,você vai ver
Já percebi a confusão
Você quer ver prevalecer
A opinião sobre a razão
Não pode ser,não pode ser
Prá quê trocar o sim por não
Se o resultado é a solidão
Em vez de amor
Uma saudade vai dizer quem tem razão
Samba do avião
Tom Jobim
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com lennie Dale)
Eparrê,
Aroeira beira de mar
Salve Deus e Tiago e Humaitá
Eta,costão de pedra dos home brabo do mar
Eh, Xangô, vê se me ajuda a chegar
Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudade
Rio, teu mar, praias sem fim
Rio,você foi feito pra mim
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de mar
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Aperte o cinto,vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós
Aterrar
Vem Balançar
Walter Santos/Tereza Souza
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Quem vem lá?
Quem vem lá?
Se é de samba pode se chegar
No meu samba tem sempre lugar
Prá quem vem balançando
Querendo sambar
Quem vem lá?
Quem vem lá?
Se é de samba pode se chegar
No meu samba tem sempre lugar
Prá quem vem balançando
Querendo sambar
Pra quem
Traga o samba redondinho,
bem certinho assim
todinho solto
Mas não venha contando mentira rapaz
Não ponha no meu samba tão fácil demais
Devagar com a louça
Luiz Reis/Haroldo Barbosa
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares)
Devagar com a louça que eu conheço a moça,
vai devagar moçinha,devagar ei.
Eu conheço a moça,devagar com a louça,
vai devagar, prá não errar.
Devagar com a louça que eu conheço a moça,
vai devagar.
E eu conheço a moça,devagar com a louça.
Vai, prá não errar.
Ela é mais enrolada do que linha em carretel,
ja viu,mais você nessa jogada,hehe, vira bola de papel.
Dê o fora dessa louça, peça logo o seu boné.
Você vai ficar de touca, quem avisa amigo é, pois é..'
15

Mulata
Assanhada
Ataulfo Alves
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Ataulfo Alves)
Ô, mulata assanhada
Que passa com graça
Fazendo pirraça
Fingindo inocente
Tirando o sossego da gente!
Ah! Mulata se eu pudesse
E se meu dinheiro desse
Eu te dava sem pensar
Esta terra, este céu, este mar
E ela finge que não sabe
Que tem feitiço no olhar!
Ai, meu Deus, que bom seria
Se voltasse a escravidão
Eu pegava a escurinha
E prendia no meu coração!...
E depois a pretoria
Resolvia aquestão!
Amor em paz
Tom Jobim/Vinícius de Moraes
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Eu amei
E amei, ai de mim, muito mais do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer e me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza aconteceu você
Encontrei
Em você a razão de viver e de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste quando se desfaz
Bocochê
Baden Powell/Vinícius de Moraes
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell)
Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai
Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai
Vou procurar o meu lindo amor
No fundo do mar
Vou procurar o meu lindo amor
No fundo do mar
Nhem, nhem, nhem
É onda que vai
Nhem, nhem, nhem
É onda que vem
Nhem, nhem, nhem
Tristeza que vai
Nhem, nhem, nhem
Tristeza que vem
Foi e nunca mais voltou
Nunca mais! Nunca mais
Triste, triste me deixou
Nhem, nhem, nhem
É onda que vai
Nhem, nhem, nhem
É a vida que vem
Nhem, nhem, nhem
É a vida que vai
Nhem, nhem, nhem
Não volta ninguém
Menina bonita, não vá para o mar
Menina bonita, não vá para o mar
Vou me casar com o meu lindo amor
No fundo do mar
Vou me casar com o meu lindo amor
No fundo do mar
Nhem, nhem, nhem
É onda que vai
Nhem, nhem, nhem
É onda que vem
Nhem, nhem, nhem
É a vida que vai
Nhem, nhem, nhem
Não volta ninguém
Menina bonita que foi para o mar
Menina bonita que foi para o mar
Dorme, meu bem
Que você também é Iemanjá
Dorme,meu bem
Que você também é Iemanjá
Agora Ninguém Chora Mais
Jorge Ben
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Jorge Bem Jor e Zinho)
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais,chora mais
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais
ô,ô,ô,ô
Chorava mãe, chorava pai
Na hora da partida
Mas era uma beleza
Em vez de tristeza
Mas era uma beleza
Em vez de tristeza
ô,ô,ô,ô
Chorava mãe, chorava pai
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Mas pois o menino voltou
Voltou homem, voltou doutor
Menino que é bom não cai
Pois já nasceu com a estrela
E sempre a mente sã
Menino que é bom não cai
Pois é protegido de Iansã
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora mais
Mas Que Nada
Jorge Ben
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Mas, que nada
Sai da minha frente
Que eu quero passar
Pois o samba está animado
E o que eu quero é sambar
Este samba
Que é misto de maracatu
É samba de preto velho
Samba de preto tu
Mas, que nada
Um samba como esse tão legal
Você não vai querer
Que eu chegue no final
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Falsa Baiana
Geraldo Pereira
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Wilson Simonal)
Baiana que entra no samba e só fica parada
Não samba, não dança, não bole nem nada
Não sabe deixar a mocidade louca
Baiana é aquela que entra no samba de qualquer
maneira
Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras
Deixando a moçada com água na boca
A falsa baiana quando entra no samba
Ninguém se incomoda, ninguém bate palma
Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba
Salve a Bahia, senhor
Mas a gente gosta quando uma baiana
Samba direitinho, de cima embaixo
Revira os olhinhos dizendo
Eu sou fiilha de São Salvador
Telefone
Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Os Cariocas)
Plém plém plém plém plém plém plém plém plém
Plém plém
Ocupado pela décima vez
Plém plém
Telefono e não consigo falar
Plém plém
Estou ouvindo há muito mais de um mês
Plém plém
Já começa quando eu penso discar
Eu já estou desconfiado
Que ela deu meu telefone prá mim
Plém plém
E dizer que a vida inteira esperei
Plém plém
Que dei duro e me matei prá encontrar
Plém plém
Toda a lista quase que eu decorei
Plém plém
Dia e noite não parei de discar
E só vendo com que jeito
Pedia prá eu ligar
Plém plém plém plém
Não entendo mais nada
Prá que é que eu fui topar?
Trimm trimm
Não me diga que agora atendeu
Será que eu… eu consegui? Agora encontrar?
O moço atendeu… alô!
Somewhere
Stephen Sondheim/Leonard Bernstein
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
There's a place for us
Somewhere a place for us
Peace and quiet and open air
Wait for us
Somewhere
There's a time for us
Some day a time for us
Time together and time to spare
Time to look, time to care
Someday
Somewhere
We'll find a new way of living
We'll find there's a way of forgiving
Somewhere
There's a place for us
A time and place for us
Hold my hand and we're halfway there
Hold my hand and I'll take you there
Somehow
Someday
Somewhere
There's a place for us
Hold my hand and we're halfway there
Hold my hand and I'll take you there
Somehow
Someday
Somewhere
Eu só queria saber
Miriam Ribeiro/Vera Brasil
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Claudete soares)
Eu só queria ser
Um só dos teus anseios
Eu só queria ser
Um só dos teus momentos
Eu só queria ser
Dentro de ti
A brisa que passou
Uma canção me trouxe
A brisa que passou
Passou e não me trouxe
O sol de um meigo olhar
Na escuridão
Só nesta solidão
Sofre o meu coração
Cativo da canção que passou
Eu só queria ser
Um só dos teus anseios
Eu só queria ser
Um só dos teus momentos
Eu só queria ser
Dentro de ti
Se acaso você chegasse
Felisberto Martins/Lupicínio Rodrigues
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares e Jair Rodrigues)
Se acaso você chegasse
No meu chatô e encontrasse
Aquela mulher
Que você gostou
Será que tinha coragem
De trocar nossa amizade
Por ela que já
Lhe abandonou?
Eu falo porque essa dona
Já mora no meu barraco
À beira de um regato
E um bosque em flor
De dia me lava a roupa
De noite me beija a boca
E assim nós vamos
Vivendo de amor
17

É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Chega de sofrer... Eh! Zambi gritou. Sangue a correr é a mesma cor É o mesmo adeus e a mesma dor.
É Zambi se armando, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Chega de viver na escravidão. É o mesmo céu. O mesmo chão. O mesmo amor. Mesma paixão.
Ganga-Zumba ei, ei, ei, vai fugir... Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi...
E Zambi gritou ei, ei, meu irmão... Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão.
Vem filho meu, meu capitão. Ganga-Zumba... Liberdade! Liberdade! Ganga-Zumba vem meu irmão.
É Zambi lutando, é lutador. Faca cortando, talho sem dor. É o mesmo sangue e a mesma dor.
É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí... Ganga-Zumba, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Zambi
Edu Lobo/Vinícius de Morais
O fino do fino – 1965
18

Canção do amanhecer
Edu Lobo/Vinícius de Morais
O fino do fino – 1965
Ouve 
Fecha os olhos, meu amor 
É noite ainda 
Que silêncio! 
E nós dois 
Na tristeza de depois 
A contemplar 
O grande céu do adeus 
Ah! 
Não existe paz 
Quando o adeus existe 
E é tão triste o nosso amor 
Ah! Vem  comigo 
Em silêncio 
Vem olhar 
Esta noite amanhecer 
Iluminar 
Os nossos passos tão sozinhos 
Todos os caminhos 
Todos os carinhos 
Vem raiando a madrugada 
Música no céu!
Esse mundo é meu
Sergio Ricardo/Ruy Guerra
O fino do Fino – 1965
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Esse mundo é meu
Esse mundo é meu
Fui escravo no reino e sou
Escravo no mundo em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amar
Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua
Cade o despacho pra acabá
Santo guerrero da floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigá
Se voce nao vem eu mesma vou brigá
Escravo do reino e sou
Escravo do mundo em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amar
Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua
Cade o despacho pra acabá
Santo guerrero da floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigá
Se voce nao vem eu mesma vou ficar
Resolução
Edu Lobo/Lula Freire
O fino do Fino – 1965
Samba eu canto assim – 1965
É,vou contar o que há.
É tempo de dizer quem sou
Sim.Eu cansei de lutar
E agora quero descansar
Tanto eu esperei para vencer
E agora vejo que perder
Nada mais é do que cansar
Eu cansei e perdi
Em tanta coisa acreditei
Se ninguém viu o que eu vi
Ninguém sabe mais do que eu sei
Mas se a esperança vai me deixar
E nem mais vou saber chorar
Nem sorrir sem amor para dar
Não. É preciso não morrer
É preciso decidir de uma vez
O que é pra fazer
Ou viver ou morrer
Há tanto para se fazer
Ou viver ou morrer
Há tanto para se fazer
Todas as canções que eu já cantei
Agora tem de me valer
E me fazer acreditar
Que é preciso viver
E o resto é só deixar pra lá
E,mesmo só,vou seguir
E nada me fará mudar
Té o sol raiar (Tempo feliz)
Baden Powell/Vinícius de Morais
O fino do Fino – 1965
Feliz o tempo que passou, passou 
Tempo tão cheio de recordações 
Tantas canções ele deixou,deixou
Trazendo paz a tantos corações 
Que sons mais lindos tinha pelo ar
Quanta alegria de viver
Ah, meu amor, que tristeza me dá 
Vendo o dia querendo amanhecer
E ninguem cantar
Mas meu bem
Deixa estar 
Tempo vai, tempo vem
E quando um dia esse tempo voltar
Eu nem quero pensar o que vai ser
Até o sol raiar
19

Sou sem paz
Adilson Godoy
Samba eu canto assim – 1965
Tento em mim seu amor
Nasceu como uma flor cantando bem
E ninguém jamais amou assim
Nunca assim
Sofro sem tudo em mim
É só tristeza e dor
É só você e a felicidade que se foi
Que se foi
Você fugiu de mim
E triste, amor, eu canto assim
E a saudade em mim
Volte então, sou sem paz
Com o seu amor e a felicidade que virá
Que virá
Amor demais
Silvio César/Ed Lincoln
O fino do Fino – 1965
A canção é o lamento do amor demais
Quem chorou
Quem sofreu
Quem perdeu a paz
Venho dizer
Na canção
O que chorou
Seu coração
Vem
A noite é linda
Vem cantar
Vem
Toda tristeza
Vai passar
Só assim tu terás
Amor sem fim
Amor demais
Chegança
Edu Lobo/Oduvaldo Vianna Filho
O fino do Fino – 1965
Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Trazendo na chegança
Foice velha, mulher nova
E uma quadra de esperança
E uma quadra de esperança
Ah, se viver fosse chegar
Ah, se viver fosse chegar
Chegar sem parar, parar pra casar
Casar e os filhos espalhar
Por um mundo num tal de rodar
Por um mundo num tal de rodar
Por um amor
maior
Francis Hime/Ruy Guerra
Samba eu canto assim – 1965
Vim,eu vim te dizer
Eu vim te lembrar
Que a vida não é só tristeza e dor
É pobre quem tem medo de falar
O mundo que quer
E depois não dá o amor que guardou
Sim, eu vim te dizer
Eu vim te falar
Que o amor pra ser bom
Pra não ser qualquer
Precisa gritar a força que tem
De tudo mudar
Vem, meu amor
Vem, que amar é vencer
Mas amar é também
Gente que vai e vem
Gente que também quer
Ver este mundo melhor
Que o povo é assim
E dá o que tem
É o povo que faz
A vida maior
João Valentão é brigão
Pra dar bofetão
Não presta atenção e nem pensa na vida
A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Mas tem seu momento na vida
É quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo pra noite chegar
É quando se ouve mais forte
O ronco das ondas na beira do mar
É quando o cansaço da lida da vida
Obriga João descansar
É quando a morena se enrosca
Do lado da gente
Querendo agradar
Se a noite é de lua
A vontade é de contar mentira
É de se espreguiçar
É de se deitar na areia da praia
Que acaba onde a vista
Não pode alcançar
E assim adormece esse homem
Que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo
Do que sua terra,não há
Dorival Caymmi
Samba eu canto assim – 1965
João Valentão
Maria do Maranhão
Carlos Lyra/Nelson L. de Barros
Samba eu canto assim – 1965
Maria, pobre Maria
Maria do Maranhão
Que vive por onde anda
E anda de pé no chão
Maria desceu escada
Atravessou o país
Procurava muito pouco
Muito pouco ser feliz
Nem feliz queria ser
Que feliz não pode ser
Quem anda pelas estradas
Atravessando o país
Maria,pobre Maria
Maria do Maranhão
Que vive por onde anda
E anda de pé no chão
Maria seguiu estrada
A estrada de uma estrela
Maria não viu a estrela
Maria é só na estrada
Mas muita gente seguiu
A estrela que ela não viu
E vai dizer pra maria
Que tudo tem solução
Até mesmo pra Maria
Maria do Maranhão
Que vive por onde anda
E anda de pé no chão
20

Consolação/Berimbau/Tem dó
Baden Powell/Vinícius de Morais
Samba eu canto assim – 1965
Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar

Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza camará

Ah! Tem  dó
Quem viveu junto não pode nunca viver só
Ah! Tem  dó
Mesmo porque você não vai ter coisa melhor
Não me venha achar ruim
Porque você me conheceu assim
Me diga agora,ora,ora
Não foi assim que você gamou?
Você sabe muito bem
Que mesmosendo louca,assim
Gamei também
Me diga agora,ora, ora
Será que alguém não foi quem mudou?
Aleluia
Edu Lobo/Ruy Guerra
Samba eu canto assim – 1965
Elis no Fino da Bossa – 1994 (Com Edu Lobo)
Barco deitado na areia
Não dá pra viver, não dá
Lua bonita sozinha
Não faz o amor, não faz
Toma decisão, aleluia!
Que um dia o céu vai mudar
Quem viveu a vida da gente
Tem que se arriscar
Amanhã é teu dia
Amanhã é teu mar, teu mar
E se o vento da terra
Que traz teu amor, já vem
Toma decisão, aleluia!
Lança o teu saveiro no mar
Beabá de pesca é coragem
Ganha o teu lugar
Mesmo com a morte esperando
Eu me largo pro mar, eu vou
Tudo o que sei é viver
E vivendo é que eu vou morrer
Toma decisão,tá na hora!
Que um dia o céu vai mudar
Quem não tem mais nada a perder
Só vai poder ganhar
Eternidade
Luiz Chaves/Adilson Godoy
Samba eu canto assim – 1965
Se ele é mais que céu
É mais que luz
É mais que amor
Sinto o infinito
Da paz que vem
Nascendo em mim
E sinto, enfim
Que é mais que tudo
É mais que o mundo
Me ensinou
Paz que eu tanto amei,chorando
Não, não se vá
Nossa eternidade
Que sempre sonhei
Nasceu no que sou
Sim, é mais que tudo
É mais que o mundo
Me ensinou
Último canto
Francis Hime/Ruy Guerra
Samba eu canto assim – 1965
Vou acender uma vela
Vou só cantar o meu canto
E vou cantar da maneira
A mais singela
E só depois
Vou te esquecer
E só depois
Vou te esquecer
Vou acender uma vela
Vou só chorar o meu pranto
E vou chorar da maneira
A mais singela
E só depois
Quero esquecer
Quando um amor acaba em pranto
É o mesmo que alguém morrer
Vou acender esta vela
Que é por mim e é por ela
Saveiros
Dory Caymmi/Nelson Motta
Compacto duplo – 1966
Nem bem a noite terminou
Vão os saveiros para o mar
Levam no dia que amanhece
As mesmas esperanças
Do dia que passou
Quantos partiram de manhã
Quem sabe quantos vão voltar
Só quando o sol descansar,
E se os ventos deixarem,
Os barcos vão voltar
Quantas histórias pra contar
E em cada vela que aparece
Um canto de alegria
De quem venceu no mar
21

Jogo de roda
Edu Lobo/Ruy Guerra
Compacto duplo – 1966
É ô lê, é hora
É ô lê, de roda
Jogo a vida
Jogo a tarde
Jogo a faca e a razão
Jogo o mundo à sua sorte
E a mentira eu jogo ao chão
A roda vai rodar
E eu jogo o meu amor então
E se eu puder
Entro na roda e vou rodar também
Gira a roda
Roda o tempo
Nasce um samba em minha mão
Olho a praia
Chamo o vento
Abro os braços e a canção
Eu sei aonde estou
E sei onde é que eu quero ir
E quem quiser
Entre na roda e vá rodar também
Ó,meu amor
O mundo assim não pode ser
É só tristeza e noite pra se ver
Sozinha estou num mundo
Em que o mal é rei
Mas o meu canto vem fora de lei
Ó, meu amor
Vem prá perto de mim cantar
Que nessa roda a dor vai se entregar
A minha voz é fraca
Mas em meu olhar
O novo mundo roda sem parar
Sem parar
Sem parar
A rodar
A rodar
A rodar
E assim tenho um norte
Tenho a vida
Tenho um samba de cordão
Tenho a noite já vencida
Na palma de minha mão
Meu samba já chegou
Tanta tristeza quer também
E o teu amor
Samba na roda do meu coração
Ensaio geral
Gilberto Gil
Compacto duplo – 1966
O Rancho do Novo Dia 
O Cordão da Liberdade 
E o Bloco da Mocidade 
Vão sair no carnaval 
É preciso ir à rua 
Esperar pela passagem 
É preciso ter coragem 
E aplaudir o pessoal 
O Rancho do Novo Dia 
Vem com mais de mil pastoras 
Todas elas detentoras 
De um sorriso sem igual 
O Cordão da Liberdade 
Ensaiado com carinho 
Pelo Zé Redemoinho 
Pelo Chico Vendaval 
Oh, que linda fantasia 
Do Bloco da Mocidade 
Colorida de ousadia 
Costurada de amizade 
Vai ser lindo ver o bloco 
Desfilar pela cidade 
Minha gente, vamos lá 
Nossa turma vai sair 
Nossa escola vai sambar 
Vai cantar pra gente ouvir 
Tá na hora,vamos lá 
Carnaval é pra valer 
Nossa turma é da verdade 
E a verdade vai vencer
Canto triste
Edu Lobo/Vinícius de Morais
Compacto duplo – 1966
Porque sempre foste a primavera em minha vida 
Volta pra mim 
Desponta novamente no meu canto 
Eu te amo tanto mais, te quero tanto mais 
Há quanto tempo faz partiste 
Como a primavera que também te viu partir 
Sem um adeus sequer 
E nada existe mais em minha vida 
Como um carinho teu,como um silêncio teu 
Lembro um sorriso teu tão triste 
Ah,Lua sem compaixão, sempre a vagar no céu 
Onde se esconde a minha bem-amada 
Onde a minha namorada 
Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço 
Peço apenas 
Que ela lembre as nossas horas de poesia 
Das noites de paixão 
E diz-lhe da saudade em que me viste 
Que estou sozinho e só existe 
Meu canto triste 
Na solidão
Rosa morena
Dorival Caymmi/Antônio de Almeida
Compacto simples – 1966
Rosa morena
Onde vais morena rosa
Com essa rosa no cabelo
E esse andar de moça prosa
Morena, morena rosa
Rosa morena o samba está esperando
Esperando p’rá te ver
Deixa de lado essa coisa de dengosa
Anda rosa, vem me ver
Deixa de lado essa pose
Vem pro samba, vem sambar
Que o pessoal está cansado de esperar
22

Canto de Ossanha
Baden Powell/Vinícius de Morais
Compacto simples – 1966
Dois na bossa 2 – 1966
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer
Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai... não vou!
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
a tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
na manhã de um novo amor
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer
Vai, vai, vai, vai, amar
Vai, vai, vai, sofrer
Vai, vai, vai, vai, chorar
Vai, vai, vai, dizer
due eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
a tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
na manhã de um novo amor
23

Poutpourride
introdução
Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
Louvação
Gilberto Gil/Torquato Neto
Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
Vou fazer a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Meu povo, preste atenção
Atenção, atenção
Repare se estou errado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
E louvo, pra começar, da vida o que é bem maior.
Louvo a esperança da gente na vida, pra ser melhor.
Quem espera sempre alcança. Três vezes salve a esperança!
Louvo quem espera sabendo que pra melhor esperar.
Procede bem quem não pára de sempre mais trabalhar.
Que só espera sentado quem se acha conformado.
Vou fazendo a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Quem 'tiver me escutando
Atenção, atenção
Que me escute com cuidado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
Louvo agora e louvo sempre o que grande sempre é.
Louvo a força do homem e a beleza da mulher.
Louvo a paz pra haver na terra. Louvo o amor que espanta a guerra.
Louvo a amizade do amigo que comigo há de morrer.
Louvo a vida merecida de quem morre pra viver.
Louvo a luta repetida. A vida pra não morrer.
Vou fazendo a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
De todos peço atenção
Atenção, atenção
Falo de peito lavado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
Louvo a casa onde se mora de junto da companheira.
Louvo o jardim que se planta pra ver crescer a roseira.
Louvo a canção que se canta prá chamar a primavera.
Louvo quem canta e não canta, porque não sabe cantar.
Mas que cantará na certa quando enfim se apresentar.
O dia certo e preciso de toda a gente cantar.
E assim fiz a louvação
Louvação, louvação
Do que vi pra ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Se me ouviram com atenção
Atenção, atenção
Saberão se estive errado
Louvando o que bem merece. Deixando o ruim de lado.
24
SAMBA DE MUDAR
(Geraldo Vandré)
Samba eu canto assim
Samba eu faço asism
Só quem sofreu
Quem chorou
Meu samba vai ouvir
Meu samba vai cantar
Só na tristeza e na dor
Alguém pode entender
Que a dor vai se acabar
E assim somente
NÃO ME DIGA ADEUS
(Paquito/L. Soberano/J. C. Silva)
Não
Não me diga adeus
Pense nos sofrimentos meus
VOLTA POR CIMA
(Paulo Vanzolini)
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
O NEGUINHO E A SENHORITA
(Noel Rosa/A. da Silva)
Eu gostei da filha da madame
Que nós tratamos de sinhá
A sinhazinha também gostou do neguinho
O crioulinho não tem dinheiro pra gastar
Mas a madame tem preconceito de cor
E DAÍ
(Miguel Gustavo)
Proibiram que eu te amasse
Proibiram que eu te visse
Proibiram que eu saisse
E perguntasse a alguém por ti
Proibiram tudo
Proibam muito mais!
Preguem avisos!
Fechem portas!
Ponham guizos!
Nosso amor perguntará,
E daí?
SAMBA DE MUDAR
(Geraldo Vandré)
Só quem sofreu
Quem chorou
Meu samba vai ouvir
Meu samba vai cantar
Só na tristeza e na dor
Alguém pode entender
Que a dor vai se acabar
E assim somente
ENQUANTO A TRISTEZA NÃO VEM
(Sérgio Ricardo)
Por isso canta, canta
Nasceu uma rosa na favela
Canta,canta
Nasceu uma rosa na favela
CARNAVAL
(D. Ferreira/Ataulfo Alves)
Lê lê lê
A rainha do samba chegou
Lê lê lê
O batuque do nêgo enfezou
NA GINGA DO SAMBA
(Ataulfo Alves)
É na ginga bonita que o samba tem
Quem não tem ginga, no samba não se dá bem
GUARDA A SANDÁLIA DELA
(Sereno/Germano Mathias)
Guarda a sandália dela
Que o samba sem ela não pode ficar
Diga também pra ela
Que a escola sem ela não pode sambar
SAMBA DE MUDAR
(Geraldo Vandré)
Porque o samba é o samba bom
O samba é meu
Da nossa dor
É um samba de sofrer
Samba de querer
Samba de...
Samba de mudar

Upa,neguinho
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Dois na bossa 2 – 1966
Compacto simples – 1968
Elis especial – 1968
Elis Regina in London – 1969
Montreaux Jazz Festival – 1982
Upa, neguinho na estrada
Upa, pra lá e pra cá
Virge, que coisa mais linda!
Upa, neguinho começando a andá
Começando a andá, começando a andá
E já começa a apanhá
Cresce, neguinho e me abraça
Cresce e me ensina a cantá
Eu vim de tanta desgraça
Mas muito te posso ensiná
Capoeira, posso ensiná
Ziquizira, posso tirá
Valentia,posso emprestá
Mas liberdade só posso esperá
Patá tá tri
Tri tri tri
Trá trá trá
Amor até o fim
Gilberto Gil
Dois na bossa 2 – 1966
Montreaux Jazz Festival – 1982
Amor não tem que se acabar
Eu quero e sei que vou ficar
Até o fim eu vou te amar
Até que a vida em mim resolva se apagar
O amor é como a rosa num jardim
A gente cuida, a gente olha
A gente deixa o sol bater
Pra crescer, pra crescer
A rosa do amor tem sempre que crescer
A rosa do amor não vai despetalar
Pra quem cuida bem da rosa
Pra quem sabe cultivar
Amor não tem que se acabar
Até o fim da minha vida eu vou te amar
Eu sei que o amor não tem, não tem que se apagar
Até o fim da minha vida eu vou te amar
Eu sei que o amor não tem que se apagar
Samba
em
paz
Caetano Veloso
Elis – 1966
O samba vai vencer
Quando o povo perceber
Que é o dono da jogada
O samba vai crescer
Pelas ruas vai correr
Uma grande batucada
Samba não vai chorar mais
Toda gente vai cantar
O mundo vai mudar
E o povo vai cantar
Um grande samba em paz
Pradizer adeus
Edu Lobo/Torquato Neto
Elis – 1966
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinha
Tão sozinha amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer
Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
Prá dizer adeus
Tristeza que
se foi
Adilson Godoy
Dois na bossa 2 – 1966
Toda tristeza já passou
E agora um novo amor
vem surgindo
Sorrindo
Por isso bem feliz eu sei que
Toda tristeza já passou
E que agora um novo amor
Vem surgindo
Sorrindo
Por isso vou
Vou cantando agora
Vou levando agora
A beleza de um novo amor
Que me nasceu
Vou cantando agora
Vou levando agora
Felicidade só
25

Lunik 9
Gilberto Gil
Elis – 1966
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva
Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural
Sei lá que mais
Ah, sim!
Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo
E em tudo o início dos tempos do além
Em cada consciência, em todos os confins
Da nova guerra ouvem-se os clarins
Guerra diferente das tradicionais,
Guerra de astronautas nos espaços siderais
E tudo isso em meio às discussões,
Muitos palpites,mil opiniões
Um fato só já existe que ninguém pode negar
7...6..5...4...3...2...1...já!
E lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi
Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi
Nos jornais,manchetes,sensação,reportagens,fotos, conclusão:
A lua foi alcançada afinal,
Muito bem, confesso que estou contente também
A mim me resta disso tudo uma tristeza só
Talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção
O que será do verso sem luar?
O que será do mar, da flor, do violão?
Tenho pensado tanto,mas nem sei
Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Meu povo, preste atenção 
Na roda que eu te fiz 
Quero mostrar a quem vem 
Aquilo que o povo diz 
Posso falar, pois eu sei 
Eu tiro os outros por mim 
Quando almoço, não janto 
E quando canto é assim 
Agora vou divertir 
Agora vou começar 
Quero ver quem vai sair 
Quero ver quem vai ficar 
Não é obrigado a me ouvir 
Quem não quiser escutar 
Quem tem dinheiro no mundo 
Quanto mais tem, quer ganhar 
E a gente que não tem nada 
Fica pior do que está 
Seu moço, tenha vergonha 
Acabe a descaração 
Deixe o dinheiro do pobre 
E roube outro ladrão 
Agora vou divertir 
Agora vou prosseguir 
Quero ver quem vai ficar 
Quero ver quem vai sair 
Não é obrigado a escutar 
Quem não quiser me ouvir 
Se morre o rico e o pobre 
Enterre o rico e eu 
Quero ver quem que separa 
O pó do rico do meu 
Se lá embaixo há igualdade 
Aqui em cima há de haver 
Quem quer ser mais do que é 
Um dia há de sofrer 
Agora vou divertir 
Agora vou prosseguir 
Quero ver quem vai ficar 
Quero ver quem vai sair 
Não é obrigado a escutar 
Quem não quiser me ouvir 
Seu moço, tenha cuidado 
Com sua exploração 
Se não lhe dou de presente 
A sua cova no chão 
Quero ver quem vai dizer 
Quero ver quem vai mentir 
Quero ver quem vai negar 
Aquilo que eu disse aqui 
Agora vou divertir 
Agora vou terminar 
Quero ver quem vai sair 
Quero ver quem vai ficar 
Não é obrigado a me ouvir 
Quem não quiser escutar 
Agora vou terminar 
Agora vou discorrer 
Quem sabe tudo e diz logo 
Fica sem nada a dizer 
Quero ver quem vai voltar 
Quero ver quem vai fugir 
Quero ver quem vai ficar 
Quero ver quem vai trair 
Por isso eu fecho essa roda 
A roda que eu te fiz 
A roda que é do povo 
Onde se diz o que diz... Onde se diz o que diz...
26 Roda
Gilberto Gil/João Augusto
Elis – 1966

Estatuinha
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Elis – 1966
Se a mão livre do negro tocar na argila
O que é que vai nascer?
Vai nascer pote pra gente beber
Nasce panela pra gente comer
Nasce vazinho, nasce parede
Nasce estatuinha bonita de se ver
Se a mão livre do negro tocar na onça
O que é que vai nascer?
Vai  nascer pele pra cobrir nossas vergonhas
Nasce tapete pra cobrir o nosso chão
Nasce caminha pra se ter nossa ialê
Nasce atabaque pra se ter onde bater
Se a mão liver do negro tocar na palmeira
O que é que vai nascer?
Nasce choupana prá gente morar
Nasce rede pra gente se embalar
Nasce esteira pra gente se deitar
Nasce os abanos pra gente abanar
Veleiro
Edu Lobo/Torquato neto
Elis – 1966
Ê... ô... tá na hora e no tempo
Vamos lá que esse vento traz
Recado de partir
Beira de praia
Não faz mal que se deixe
Se o caminho da gente vai pro mar
Eu vou, tanta praia deixando
Sem saber até quando eu vou
Quando eu vou,quando eu volto
Eu vou pra terra distante
Não tem mar que me espante
Não tem, não
Anda, vem comigo que é tempo
Vem depressa que eu tenho
Braço forte e o rumo certo
Aqui  o dia está perto
E é preciso ir embora
Ah! vem comigo nesse veleiro
Tá na hora e no tempo,ê...ô...
Vamos embora no vento ê...ô...
Boa palavra
Caetano Veloso
Elis – 1966
Aprendeu sozinho
Na areia, no chão
A brincar sozinho
Sem a mão de um irmão
Aprendeu com o vento
Que o sono passou
E acordou sozinho
No solo sem amor
Tava dormindo, acordei
Para acertar o namoro
Me deram o que de beber
Numa caneca de ouro
Não lhe deram nada
Não é seu este chão
Deita olhando o céu
Que o céu não tem dono, não
Como um passarinho
Aprende a voar
Solta o pensamento
Num braço de mar
Voou pra beira do rio
Pousou num poço dourado
Moça com seu namorado
Rico com seu empregado
Aprendeu sozinho
Deitado no chão
A esperar sozinho
Tempo de encontrar irmão
Inda a madrugada
Espera nascer
Não lhe deram nada
Mas não quer morrer
Boa palavra,rapaz
Boa palavra, rapaz
Boa palavra, rapaz
É assim que um homem faz
Sonho de Maria
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Elis – 1966
Tanta roupa pra lavar
Tanto barraco pra arrumar
Tanta coisa pra esperar
Todo o morro a sambar
Tanta gente pra invejar
Nenhum sonho pra sonhar
Maria parou de trabalhar
No ar uma voz chamou
Maria olhou o céu
Maria desejou o céu
A vida é uma canção para se cantar
Mas é tarde pra voltar
Maria deixou a criança chorar
Uma estrela deixou de brilhar
Chorou.
Chorou o céu.Chorou
E a lágrima do céu apagou
Tudo o que maria deixou
E maria pra sempre acabou
27

Tem mais samba
Chico Buarque
Elis – 1966
Tem mais samba no encontro que na espera
Tem mais samba a maldade que a ferida
Tem mais samba no porto que na vela
Tem mais samba o perdão que a despedida
Tem mais samba nas mãos do que nos olhos
Tem mais samba no chão do que na lua
Tem mais samba no homem que trabalha
Tem mais samba no som que vem da rua
Tem mais samba no peito de quem chora
Tem mais samba no pranto de quem vê
Que o bom samba não tem lugar nem hora
O coração de fora samba sem querer
Vem que passa teu sofrer
Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver
Tereza sabe sambar
Francis Hime/Vinícius de Morais
Elis – 1966
Chegou, chegou, sim senhor
Chegou sem anunciar
Fez um alô pro tiô
Fez um olá pra tiá
Depois dançou e dançou
Até o dia raiar
E não contente enturmou
Com as cabrochas de lá
E não contente enturmou
Com as cabrochas de lá
Salve, salve a Dona Tereza
Ela vai pro céu
Ela tem aquela nobreza
Que tinha Izabel
Branquinha igual assim não pode existir
Balanço igual eu juro que nunca vi
No carnaval nós vamos nos divertir
A turma tá que tá que não cabe em si
Porque Tereza  enturmou
Depois foi-se embora Tereza
Foi como um luar
Foi deixando tanta tristeza
Na turma de lá
A gafieira já fez “subiscrição”
Pra passar cera e dar uma caiação
A turma tá que tá que não sai de lá
Tereza um dia pode querer voltar
Porque Tereza  enturmou
Porque Tereza  enturmou
Voltou,voltou sim senhor
Voltou sem anunciar
Fez um alô pro tiô
Fez um olá pra tiá
Tereza é branca na cor
Mas isso diexa pra lá
Porque Tereza  enturmou
Porque ela sabe sambar
Tereza sabe sambar
Tereza sabe sambar
Carinhoso
Pixinguinha/João de Barro
Elis – 1966
Meu coração
Não sei porque
Bate feliz,quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem!..
vem!...vem!....vem!...
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz,bem feliz
Canção do sal
Milton Nascimento
Elis – 1966
Compacto simples – 1968
Trabalhando o sal
É amor, o suor que me sai
Vou viver cantando
O dia tão quente que faz
Homem ver criança
Buscando conchinhas no mar
Trabalho o dia inteiro
Pra vida de gente levar
Água vira sal lá na salina
Quem diminuiu água do mar?
Água enfrenta o sol lá na salina
Sol que vai queimando até queimar
Trabalhando o sal
Pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa
Encontrar a família a sorrir
Filho vir da escola
Problema maior é o de estudar
Que pra não ter meu trabalho
E vida de gente levar
28

Canção de não cantar
Sérgio Bittencourt
Festival dos festivais – 1966
Guardo o meu violão.
Já nos faltam canções.
São muitas as razões,
que temos pra cantar,
mas hoje, amor, melhor
é não cantar,
enquanto houver em nós
vontade de fugir de um canto
que na voz não vai saber mentir.
Meu canto para ser um canto certo,
vai ter que nascer liberto
e morar no assobio
do ocupado e do vadio
do alegre e do mais triste
só há canto quando existe
muito tempo e muito espaço
pra canção ficar se eu passo
e dizer o que eu não disse.
Ah que bom se eu ouvisse
o meu canto por ai.
Por isso o violão
prefere emudecer.
E vem pedir perdão
por não poder cantar
que hoje, amor, melhor
é não cantar.
Cantador
Dory Caymmi/Nelson Motta
Festival da Música Popular Brasileira Volume 2 – 1967
Amanhece, preciso ir
Meu caminho é sem volta e sem ninguém
Eu vou pra onde a estrada levar
Cantador, só sei cantar
Ah! eu canto a dor
Canto a vida e a morte
Canto o amor
Cantador não escolhe o seu cantar          
Canta o mundo que vê
E pro mundo que vi meu canto é dor        
Mas é forte pra espantar a morte           
Prá todos ouvirem minha voz
Mesmo longe
De que servem meu canto e eu
Se em meu peito há um amor que não morreu
Ah! se eu soubesse ao menos chorar
Cantador, só sei cantar
Ah! Eu canto a dor
De uma vida perdida sem amor
Imagem
Luiz Eça/Ronaldo Bôscoli
Dois na Bossa 3 – 1967
Bom
Ai, que bom é ver vocês
E cada vez que eu volto
É para dizer
Que sem ter vocês
Sem ver vocês
Não sou ninguém
Canta
Que a vida passa
E, se ela passa
Melhor cantar
É de vocês
O meu cantar
É só pra vocês
Nosso cantar
Enquanto a nossa meta não for atingida,
continuamos gritando o nosso canto.
Enquanto nossa música não voltar ao que é, nós lutamos.
Faz escuro, mas nós cantamos.
O amanhã está breve.
Vamos cantar, logo logo, o que é nosso.
Porque, mais que nunca, é preciso cantar o que é nosso. 
MANGUEIRA
(Assis Valente/Zequinha Reis)
Nao há, nem pode haver
Como Magueira não há
O samba vem de lá,alegria também
Morena faceira só Mangueira tem
FALA, MANGUEIRA!
(Mirabeau/Milton de Oliveira)
Fala, Mangueira, fala
Mostra a força da tua tradição
Com licença da Portela,
Favela Mangueira mora no meu coração
EXALTACÃO À MANGUEIRA
(Enéas Brites da silva/Aloisio A. Costa)
Mangueira teu cenário é uma beleza
Qua a natureza criou, ô ô
O morro com seus barracões de zinco
Quando amanhece, que esplendor!
Todo mundo te conhece ao longe
Pelo som do teu tamborim
E o rufar do teu tambor
Chegou ô ô a Mangueira,chegou!
MUNDO DE ZINCO
(Nássara/Wilson Batista)
Aquele mundo de Zinco que é Mangueira
Desperta com o apito do trem
Uma cabrocha e uma esteira
Um barracão de madeira
Qualquer malandro em Mangueira tem
Mangueira fica pertinho do céu, Elis
Mangueira vai assistir o meu fim
E deixa o nome na história
O samba foi minha glória
Eu sei que muitas cabrochas
Vão chorar por mim
LEVANTA MANGUEIRA
(Luiz Antonio)
Levanta, Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
Ai,mostra a sandália de prata da mulata
Acorda a cuíca  e o tamborim
Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim
Levanta Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
DESPEDIDA  DA MANGUEIRA
(Aldo Cabral/Bendito Lacerda)
Em Mangueira na hora da minha despedida
Todo mundo chorou, todo mundo chorou
Foi pra mim a maior emoção da minha vida
pois em Mangueira o meu coracao ficou
PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO
(Ary Barroso)
Ficou pra machucar meu coracao!
29
Pout-pourri
de Mangueira
Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)

Cruz de cinza,cruz de sal
Walter Santos/Teresa Souza
Dois na Bossa 3 – 1967
Compacto simples – 1968
Santa Clara clareai,
São Domingo alumiai 
Vai chuva, vem sol 
Vai chuva, vem sol 
Sol, vem sol, vem sol, vem sol 
Que o menino quer 
Brincar, brincar 
Tanto que chamou 
Vem sol, vem sol 
Tudo que já fez 
Cruz de cinza, cruz de sal,
Casca de ovo no quintal
Tudo que chamou
Vem sol, vem sol
Santa Clara clareai
Vem sol, vem sol
E a trizteza do menino
São Domingo alumiai
Vem sol,vem com tanto azul no céu 
Pra criança se perder de tanto rir 
Pro menino se alegrar e o céu cair 
Nessa rua onde o brinquedo é só você.
Sol, vem sol, vem sol, vem sol 
Que o menino quer 
Brincar, brincar 
Tanto que chamou 
Vem sol, vem sol 
Tudo que já fez 
Cruz de cinza, cruz de sal,
Casca de ovo no quintal
Manifesto
Guto/Mariozinho Rocha
Dois na Bossa 3 – 1967
A minha música não traz mensagem
E não faz chantagem ou guerra fria
E nem fala em ideologia
Eu vim apenas para lhes falar
De uma grande perda
Que nem sei se é da direita ou da esquerda
Que me importa se a censura corta
Pois eu gosto dela se é vermelha
Ou se é verde e amarela
Oh, camarada, companheiro, amigo
Ela foi embora
E o pior que foi contigo
Para mim foi um grande golpe
Não sei se de estado ou armado
Ou talvez de coração
Só sei dizer que a dor foi muito grande
E minha vida inteira transformou-se
Numa enorme agitação
Já que assim termina meu mandato
Pois eu fui cassado e deportado
Pra bem longe de você
Oh, minha amada, quero lhe dizer
Que sem o teu amor
Eu posso até morrer
MINHA NAMORAD A
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Meu amor eu hoje estou contente
Todo mundo, de repente,
Ficou lindo, ficou lindo de morrer
Hoje eu estou rindo
Nem eu mesma sei do quê
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você
Que diz assim:
Se você quer ser minha namorada
Oh, que linda namorada,
Você poderia ser!
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
De ninguém mais pode ser
EU SEI QUE VOU TE AMAR
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
Eu sei que vou te amar
Por toda minha vida vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
MINHA NAMORAD A
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Mas se em vez de minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada mais amada pra valer
Aquela amada
Pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a quel se quer morrer.
Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho seja triste pra você
A VOLTA
(Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli)
Mas quero que você me fale
Que você me cale
Caso eu perguntar
Se o que a faz tão linda
Foi tua pressa de voltar
Levanta e vem correndo
Me abraça e sem sofrer
Me beija longamente
O quanto a solidão precisa para morrer?
MINHA NAMORAD A
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Os seus olhos têm que ser
só dos meus olhos
Os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois
PRIMAVERA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Amor, eu lhe direi
Amor que eu tanto procurei
Ah, quem me dera eu pudesse ser
A tua primavera 
E depois morrer
Marcha de
quarta-feira de cinzas
Carlos Lyra/Vinícius de Morais
Dois na Bossa 3 – 1967
Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz
Pout-pourri romântico
Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
30

Yê-melê
Chico Feitosa/Luiz Carlos Vinhas
Compacto simples – 1968
Yê-melê ari ará
Yê-melê ará
Ye-melê ari ará
Canto de Yemanjá
Zauê zaua
Melê Mela
Indê olá
Onda do mar
A rainha mãe do mar
Traz o seu amor
Sua benção vem me dar
E eu dou uma flor
Zauê zaua
Melê Mela
Indê olá
Onda do mar
Algum dia vai chegar
Que eu vou ouvir
Esse canto de Yemanjá
Vai do mar sair
Zauê zaua
Melê Mela
Indê olá
Onda do mar
Lapinha
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Compacto simples – 1968
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Vai,meu lamento vai contar
Toda tristeza de viver
Ai,a verdade sempre trai
E às vezes traz um mal a mais
Ai,só me fez dilacerar
Ver tanta gente se entregar
Mas não me conformei
Indo contra lei
Sei que não me arrependi
Tenho um pedido só
Último talvez, antes de partir
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça,culote,palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Sai,minha mágoa
Sai de mim
Há tanto coração ruim
Ai, é tão desesperador
O amor perder do desamor
Ah, tanto erro eu vi, lutei
E como perdedor gritei
Que eu sou um homem só
Sem saber mudar
Nunca mais vou lastimar
Tenho um pedido só
Último talvez, antes de partir
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Adeus Bahia, zum-zum-zum
Cordão de ouro
Eu vou partir porque mataram meu besouro
Samba da
benção(Samba saravah)
Baden Powell/Vinícius de Moraes/Vs. Pierre Barouh
Compacto simples – 1968
Etre heureux c'est plus ou moins ce qu'on cherche
J'aime rire chanter et je n'empêche
Pas les gens qui sont bien d'être joyeux
Pourtant s'il est une samba sans tristesse
C'est un vin qui donne pas l'ivresse
Un vin qui ne donne pas l'ivresse
Non ce n'est pas la samba que je veux
J'en connais que la chanson incommode
D'autres pour qui ce n'est rien qu'une mode
D'autres qui en profitent sans l'aimer
Moi je l'aime et j'ai parcouru le monde
En cherchant ses racines vagabondes
C'est la chanson de samba qu'il faut chanter
On m'a dit qu'elle venait de Bahia
Qu'elle doit son rythme et sa poésie
À des siècles de danses et de douleur
Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Elle est blanche de forme et de rimes
Blanche de forme et de rimes
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Elle est blanche de forme et de rimes
Blanche de forme et de rimes
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Elle est blanche de forme et de rimes
Blanche de forme et de rimes
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Samba do perdão
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Elis especial – 1968
Mais uma vez amor
A dor chegou sem me dizer
Agora que existe a paixão
A hora não é de sofrer
Mas quem quer pedir perdão
Não deixa a tristeza saber
E no entando a tua falta
Vem vazar meu coração
Mas a vida ensina a crer e a perdoar
Quando um amor valer
E o nosso é tão grande que já nem sei
Tenha pena das penas que eu penei
Não despreze mais meu padecer
Afasta a melancolia e a solidão
Já não cabem mais no meu violão
Tanta mágoa, sim, que eu vou morrer
Soluço eterno, pedir do coração
Só quem morre de amor pede perdão
31

Tributo ao Tom Jobim
Tom Jobim
Elis especial – 1968
VOU TE CONTAR (WAVE)
Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
OUTRA VEZ
Outra vez sem você
Outra vez sem amor
Outra vez vou sofrer
Vou chorar
Até você voltar
VOU TE CONTAR (WAVE)
A primeira vez era a cidade
Da segunda, o cais e a eternidade
FOTOGRAFIA
Eu, você, nós dois
Aqui nesse terraço a beira-mar
O sol já vai caindo a o seu olhar
Parece acompanhar a cor do mar
Você tem de ir embora
A tarde cai em cores
Se desfaz
Escureceu
O sol caiu no mar
E aquela luz…
VOU TE CONTAR (WAVE)
So close your eyes…
Laralara…
…fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
Sozinho…
Sozinho…
Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
When I saw your first the time was half past three
When your eyes met mine it was eternity
Agora sei
Da onda que seguiu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver
De onde vens
Dory Caymmi/Nelson Motta
Elis especial – 1968
Ah, quanta dor vejo em teus olhos
Tanto pranto em teu sorriso
Tão vazias as tuas mãos
De onde vens assim cansada
De que dor, de qual distância
De que terras,de que mar
Só quem partiu pode voltar 
E eu voltei prá te contar
Dos caminhos onde andei
Fiz do riso amargo pranto
No olhar sempre teus olhos
No peito aberto uma canção
Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração
Saberias num momento quanta dor há dentro dele
Dor de amor quando não passa
É porque o amor valeu
Bom tempo
Chico Buarque
Elis especial – 1968
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
O pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Dou duro toda a semana
Senão pergunte à Joana
Que não me deixa mentir
Mas, finalmente é domingo
Naturalmente, me vingo
Eu vou me espalhar por aí
No compasso do samba
Eu disfarço o
cansaço
Joana debaixo
do braço
Carregadinha de amor
Vou que vou
Pelaestradaquedánuma
praia dourada
Que dánumtalde
fazer nada
Como a natureza mandou
V ou
Satisfeito, alegria batendo
no peito
O radinho contando
dir eito
A vitória do meu tricolor
Vou que vou
Lá no alto
Osolquente me leva
num salto
Pro lado contrário
do asfalto
Proladocontrárioda dor
Um marinheiro me contou
Queaboa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
Um pescador me confirmou
Queumpassarinholhecantou
Quevemaíbom tempo
Andocansado dalida
Preocupada, corrida,
surrada, batida
dos dias meus
Masumavezna vida
Eu vou viver a vida
que eu pedi a Deus
Da cor do pecado
Bororó
Elis especial – 1968
Esse corpo moreno,
Cheiroso e gostoso
Que você tem
É um corpo delgado,
Da cor do pecado,
Que faz tão bem
Esse beijo molhado,
Escandalizado,
Que você deu
Tem sabor diferente,
Que a boca da gente
Jamais esqueceu
E quando você me responde
Umas coisas com graça,
A vergonha se esconde
Porque se revela
A maldade da raça.
Esse corpo, de fato,
Tem cheiro de mato,
Saudade, tristeza,
Essa simples beleza.
Esse corpo moreno,
Morena enlouquece.
Eu não sei bem porque
Só sinto na vida
O que vem de você
32

Corrida de jangada
Edu Lobo/José Carlos Capinam
Elis especial – 1968
Aquarela do Brasil – 1969
Elis Regina in London – 1969
Meu mestre deu a partida
é hora, vamos embora
Pros rumos do litoral, vamos embora
Na volta eu venho ligeiro, vamos embora
Eu venho primeiro pra tomar seu coração
É hora,
É hora, vamos embora
É hora, vamos embora, é hora vamos embora
Vamos embora, ora vamos embora
É hora, vamos embora, é hora
vamos embora
Viração, virando vai
Olha o vento, a embarcação
Minha jangada não é navio, não
Não é vapor nem avião
Mas carrega tanto amor
Dentro do meu coração
Sou seu mestre, meu proeiro
Sou segundo, sou primeiro
Olha a reta de chegar, olha a reta de chegar
Mestre,proeiro, segundo, primeiro
Reta de chegar, reta de chegar
Meu barco é procissão
minha terra é minha igreja
Noiva é meu rosário
No seu corpo vou rezar
Minha noiva é meu rosário
No seu corpo vou rezar
Ora,
Ora vamos embora
Vamos embora,vamos embora
Vamos embora,vamos embora
É hora, vamos embora, é hora vamos embora
Nego, vamos embora
Velho, vamos embora, nego, vamos embora
Vamos, vamos embora, ora, vamos embora
É hora, vamos embora,é hora
vamos embora
Carta ao mar
Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis especial – 1968
Me multiplicando em sol
Tento uma canção pra você
Trago flores, girassóis
Não me importa mal me querer
O que vai de mim, vem
De um desejo imenso de ser outra vez
Um barco, um azul
Outra vez, de tarde, morrer
Céu sem naves espaciais
Flores, só naturais
Só nós dois e as coisas banais
Mas não, pra quê
Pra que mundo, segue o mundo
Sem o mar, sem amar
De que vale o som sideral
Ou a rima mais genial
Se o amor está aqui neste sal
Neste encontro franco e frontal
Nesse barco longe do mundo
Toda a nossa vida e um segundo
Pra dizer do amar que voltei
Que sou do mar
Sou do mar
Do mar
Sou viramundo virado
Nas rondas da maravilha
Cortando a faca e facão
Os desatinos da vida
Gritando para assustar
A coragem da inimiga
Pulando pra não ser preso
Pelas cadeias da intriga
Prefiro ter toda a vida
A vida como inimiga
A ter na morte da vida
Minha sorte decidida
Sou viramundo virado
Pelo mundo do sertão
Mas inda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
Virado será o mundo
E viramundo verão
O virador deste mundo
Astuto, mau e ladrão
Ser virado pelo mundo
Que virou com certidão
Ainda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
Tributo à Mangueira
Elis especial – 1968
MANGUEIRA
(Assis Valente/Zequinha  Reis)
Nao há, nem pode haver
Como Magueira não há
O samba vem de lá, alegria também
Morena faceira só Mangueira tem
FALA, MANGUEIRA!
(Mirabeau/Milton de Oliveira)
Fala, Mangueira, fala
Mostra a força da tua tradição
Com licença da Portela,
Favela Mangueira mora no meu coração
EXALTACAO À MANGUEIRA
(Enéias B. da Silva/Aloísio A. Costa)
Mangueira teu cenário é uma beleza
Qua a natureza criou, ô ô
O morro com seus barracões de zinco
Quando amanhece, que esplendor!
Todo mundo te conhece ao longe
Pelo som do teu tamborim
E o rufar do teu tambor
Chegou ô ô a Mangueira,chegou!
LEVANTA MANGUEIRA
(Luis Antonio)
Levanta, Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
Ai, mostra a sandália de prata da mulata
Acorda a cuíca  e o tamborim
Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim
Levanta Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
DESPEDIDA  DA MANGUEIRA
(Aldo Cabral/Benedito Lacerda)
Em Mangueira na hora da minha despedida
Todo mundo chorou, todo mundo chorou
Foi pra mim a maior emoção da minha vida
pois em Mangueira o meu coracao ficou
PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO
(Ary Barroso)
Ficou pra machucar meu coracao!
33
Gilberto Gil/José Carlos Capinam
Elis especial – 1968Vira
mundo

Qui êtes-vous?
Si tu m'aimes, tu dois deviner
Aujourd'hui tous les deux on se cache
Derrière nos masques
Pour se demander
Qui êtes-vous? Dites vite
Dis-moi à quel jeux tu m'invites
Je voudrais me fondre à ta suite
Je voudrais qu'on prenne la fuite
Moi, je vagabonde, poète et chanteur
J'ai perdu la ronde qui mène au bonheur
Moi, je cours les routes
Je reste chez moi
L'amour me déroute
Je n'y croyais pas...
Moi, dans la fanfare je porte un drapeau
Modestie à part, je joue bien du pipeau
Je suis si fragile
J'ai dix ans de trop
Je suis colombine
Je suis pierrot
Mais c'ést Carnaval et qu'importe aujourd'hui qui tu es
Demain tout redeviendra normal
Demain tout va finir, laissons le temps courir
Laisse au jour sa lumière
Aujourd'hui je suis ce que tu attends de moi
Si tu veux laissons faire, on verra
Peut-être que demain on se retrouvera
Peut-être que demain on se reconnaîtra
La, la, la, la...
Noite dos mascarados
(La nuit des masques)
Chico Buarque/Vs. Pierre Barouh
Elis Regina em Paris – 1968 (Com Pierre Barouh)
34
Noite dos Mascarados 
Chico Buarque
Quando o carnaval chegar – 1972 (Com Chico Buarque)
Ele:Quem é você? 
Ela:Adivinhe, se gosta de mim
Os dois: Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
Ele:Quem é você, diga logo
Ela: Que eu quero saber o seu jogo
Ele:Que eu quero morrer no seu bloco
Ela:Que eu quero me arder no seu fogo
Ele:Eu sou seresteiro
Poeta e cantor
Ela: O meu tempo inteiro
Só zombo do amor
Ele: Eu tenho um pandeiro
Ela:Só quero um violão
Ele:Eu nado em dinheiro
Ela:Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte
Não sei mais dançar
Ele:Eu, modéstia à parte
Nasci pra sambar
Ela: Eu sou tão menina
Ele:Meu tempo passou
Ela: Eu sou Colombina
Ele:Eu sou Pierrot
Os dois: Mas é carnaval
Não me diga mais quem é você
Amanhã, tudo volta ao normal
Deixe a festa acabar
Deixe o barco correr
Deixe o dia raiar
Que hoje eu sou
Da maneira que você me quer
O que você pedir
Eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser

Deixa
Baden Powell/Vinícius de Morais
Elis Regina em Paris – 1968
Deixa,
Fale quem quiser falar, meu bem.
Deixa,
Deixe o coração falar também,
Porque ele tem razão demais quando se queixa.
Então a gente deixa, deixa, deixa,
Deixa,
Ninguém vive mais do que uma vez.
Deixa,
Diz que sim prá não dizer talvez.
Deixa,
A paixão também existe.
Deixa,
Não me deixe ficar triste.
A noite do meu bem
(La nuit de mon amour)
Dolores Duran/Vs. Pierre Barouh
Elis Regina em Paris – 1968
Ce soir 
Je veux trouver la rose la plus belle 
Et la première étoile qui m'appelle 
Pour célébrer la nuit de mon amour 
Ce soir 
Je veux la paix des enfants qui s'endorment 
Je veux l'écho d'une vie qui se forme 
Pour célébrer la nuit de mon amour 
Ce soir 
Je veux la joie d'un voilier qui s'élance 
Et l'abandon d'une main qui s'avance 
Pour célébrer la nuit de mon amour 
Ce soir 
Je voudrais toute la beauté du monde 
Pour que ce soit la nuit la plus profonde 
Puisqu'elle sera la nuit de mon amour 
Pourtant 
Ces joies soudain me semblent incertaines 
Je ne peux croire qu'elle serait vaine 
Cette espérance qui me vient de toi 
Ah...
Mais cet amour tant me tarde à venir 
Que je ne sais plus comment retenir 
Cette tendresse 
Que je veux offrir...
Tristeza
Haroldo Lobo/Niltinho
Elis Regina em Paris – 1968
Tristeza,
Por favor vai embora,
Minha alma que chora,
Está vendo o meu fim,
Fez do meu coração a sua moradia,
Já é demais o meu penar,
Quero voltar àquela vida de alegria,
Quero de novo cantar.
La, ra, ra, ra,
La, ra, ra, ra, ra, ra,
La, ra, ra, ra, ra, ra,
Quero de novo cantar.
Aquarela do Brasil /
Nega do cabelo duro
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
Saudade do Brasil – 1980
AQUARELA DO BRASIL
(Ary Barroso)
Ô, ôi essas fontes murmurantes
Ôi onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincá
Ôi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!
Prá mim...prá mim...
NÊGA DO CABELO DURO
(Rubens Soares/David Nasser)
Nêga do cabelo duro,
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Quando tu entras na roda,
O teu cabelo serpenteia,
O teu cabelo está na moda,
Qual é o pente que te penteia ?
Um novo rumo
Artur Verocal/Geraldo Flach
I Festival Universitario da Musica Popular Brasileira (1968
Vou caminhando sem caminho
Em cada passo vou levando meu cansaço
O que me espera?
Uma terra, um desencontro
A cidade, a claridade
E essa estrada não tem volta
Lá se solta o fim do mundo
Um fim incerto que me assusta
Longe ou perto, se prepara
Ninguém para para pensar
Para olhar a dor que chora a morte
De um valente lutador
Quem fui, já não sou
Vou chegando à encruzilhada descobrir
Um caminho e uma nova direção
Onde piso vou deixando o que não sou
Vou para luta
Não paro não
Vou para luta, agora eu vou
Não paro não
Tem tanta gente que se vai
A imensidão do seu querer
Querendo vida sem a morte
Ser mais forte sem sofrer
E ter certeza sem buscar
Ganhar o amigo sem se dar
Sem semear, colher o amor
O amor ferido pela guerra
Quem na terra desconhece
Aparece sem valor
Ergo meu braço qual alguém
Que já caiu mas levantou
Quem fui, já não sou
Vou chegando à encruzilhada descobrir
Um caminho e uma nova direção
Onde piso vou deixando o que não sou
Vou para luta
Não paro não
Vou para luta, agora eu vou
Não paro não
35

O sonho
Egberto Gismonti
Elis,como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
Sinto que é hora
Salto
Meu foguete some queimando espaço
Tudo vejo e abraço
A vaidade
Estou morando em pleno céu
Namorando o azul
Ando no espaço louco
Meu foguete segue deixando traços
Entre estrelas vejo a liberdade
E fotografo todo o céu
E revelo paz
Busco cores e imagens
Faltam pássaros e flores
Coração na mão
Corpo solto
Estou entre estrelas
Vou deitar neste luar
Indo de encontro ao riso
Do quarto minguante
E o sol queimando
A pele branca
Despertando
Vejo a cama e meu amor
Acordado estou
Choro…
Choro…
Choro…
Vera Cruz
Milton Nascimento/Márcio Borges
Elis, como e porque – 1969
Hoje foi que a perdi
Mas onde, já nem sei
Me levo para o mar
Em Vera me larguei
E deito nesta dor
Meu corpo, sem lugar
Ah! quisera esquecer
A moça que se foi
De nossa Vera Cruz
E o pranto que ficou
Do norte que sonhei
Das coisas do lugar
Nos rios me larguei
Correndo sem parar
Buscava Vera Cruz
Nos campos e no mar
Mas ela se soltou
Pra longe se perdeu
Quero em outra mansidão
Um dia ancorar
E ao vento me esquecer
Que ao vento me amarrei
E nele vou partir
Atrás de Vera Cruz
Ah! quisera encontrar
A moça que se foi
Do lar de Vera Cruz
E o pranto que ficou
Do norte que perdi
Das coisas do lugar
Giro
Antonio Adolfo/Tibério Gaspar
Elis, como e porque – 1969
Elis Regina in London – 1969
Hoje a cidade inteira se enfeitou
Coberta de alegria,a noite serenou
A casa branca,praça e chafariz
Da rua principal à porta da matriz
Tem lua acesa clareando o chão
Tem moça pra dançar de saia de algodão
Tem violeiro violando o amor
Cantando em verso a paz, desponta um cantador
De ponta a ponta
Bandas e cordões
E a lua tonta
Gira os corações
No giro, dança
Quem quer se alegrar
Velho ou criança
Vem que tem lugar
Sobe o foguete acarinhando o céu
E a rua floresceu bandeiras de papel
A vida em festa num giro girou
Tristeza adormeceu e a noite serenou
O barquinho
Roberto menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
Elis Regina in London – 1969
Dia de luz festa de sol
E o barquinho a navegar 
No macio azul do mar
Tudo é verão o amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Sem intenção nossa canção
Vai saindo deste mar e o sol
Beija o barco e luz, dias tão azuis
Festa do mar, desmaia o sol
E o barquinho a deslizar 
E a vontade de cantar
Céu tão azul, ilhas do sul
E o barquinho coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz, tudo isso traz
Uma calma de verão e então
O barquinho vai, a tardinha cai
O barquinho vai
Andança
Danilo Caymmi/Edmundo Souto
Elis, como e porque – 1969
Vim.Tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa
Vagando em verso eu vim
Vestida de cetim
Na mão direita rosas vou levar
Me dá amor
Amor
Me leva amor
Por onde for quero ser seu par
Rodei de roda andei
Dança da moda eu sei
Cansei de se sozinha
Verso encantado usei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho onde andei
Me dá amor
Amor
Me leva amor
Por onde for quero ser seu par
Récit de Cassard
Michel Legrand/Jacques Deny
Elis, como e porque – 1969
Autrefois, j'ai aimé une femme
Elle ne m'aimait pas,
on l'appellait Lola
Autrefois.
Déçu, j'ai voulu l'oublier
Alors j'ai quitté la France,
je suis allé au bout du monde
je ne pense qu'à elle
j'ai voulu vous parler franchement
vous ne m'en voulez pas
il n'est pas question
d'influencer Genevieve,
Genevieve est libre
36

Memórias de Marta Saré
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Elis, como e porque – 1969
A casa lá da fazenda 
A lua clareando a porta 
Deixando o brilho claro 
Nas pedras dos degraus 
Cristal de lua 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro 
O rosário obrigatório 
A janta lá na cozinha 
Todo dia à mesma hora 
As estórias de Dorinha 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro, pra dentro 
A lanterna azul partida 
A dor, a palmatória, a raiva 
A cantiga mais sentida 
Um galope de cavalo 
Mestre severino 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro, pra dentro
Bate forte o coração 
Dor no peito magoado 
O sorriso mais sem jeito 
Do primeiro namorado 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro Marta Saré 
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro, pra dentro
Moço Severino 
Por do sol 
Pra dentro Marta Saré
Samba da Pergunta
Pingarrilho/Marcos Vasconcelos
Elis, como e porque – 1969
Ela agora mora só no pensamento
Ou então no firmamento
Em tudo que no ceu viaja
Pode ser um astronauta
Um passarinho
Pé de vento
Pipa de papel de seda
Quem sabe um balãozinho
Ou estar num asteróide
Na estrela Dalva que daqui se olha
Pode estar morando em Marte
Nunca mais se soube dela
Desapareceu
Wave
Tom Jobim
Aquarela do Brasil – 1969
Saudade do Brasil – 1980
Vou te contar,
Os olhos já não podem ver 
Coisas que só o coração pode entender 
Fundamental é mesmo o amor 
É impossível ser feliz sozinho 
O resto é mar,
É tudo que eu nem sei contar 
São coisas lindas que eu tenho pra te dar 
Vem de mansinho a brisa e me diz 
É impossível ser feliz sozinho 
Da primeira vez era a cidade 
Da segunda o cais e a eternidade 
Agora eu já sei 
Da onda que se ergueu no mar 
E das estrelas que esquecemos de contar 
O amor se deixa surpreender 
Enquanto a noite vem nos envolver
A volta
Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
Aquarela do Brasil – 1969
Elis Regina in London – 1969
Quero ouvir a sua voz
E quero que a canção seja você
E quero, em cada vez que espero
Desesperar, se não te vir
É triste a solidão
É longe o não te achar
Que lindo é o seu perdão
Que festa é o seu voltar
Mas quero que você me fale
Que você me cale
Caso eu perguntar
Se o que a faz tão linda
Foi sua pressa de voltar
Levanta e vem correndo
Me abraça e sem sofrer
Me beija longamente
O quanto a solidão precisa para morrer
A time for love
Webster/John Mandel
Elis Regina in London – 1969
A time for summer skies
For humming-birds and butterflies
For tender words that harmonize with love
A time for climbing hills
For leaning out of window sills
Admiring the daffodils above.
A time for holding hands together
A time for rainbow colored weather
A time of make believe that we've been draming of
As time goes drifting by
The willow bends and so do I
But oh, my friends, what ever sky above
I've known a time for spring, a time for fall
But best of all
A time for love
37

Minha
Francis Hime/Ruy Guerra
Elis no Teatro de Praia – 1970
Minha
Vai ser minha
Desde a hora
Que nasceste
Minha
Não te encontro
Só sei que estas perto
E tão longe
No silêncio
Noutro amor
Ou numa estrada
Que não deixa
Seres minha
Como sejas
Onde estejas
Vou te achar
Vou me entregar
Vou te amar
E é tanto, tanto amor
Que até pode assustar
Não temas essa imensa sede
Que ao teu corpo vou levar
Minha és e sou só teu
Sai de onde estás pra eu te ver
Pois tudo tem que acontecer
Tem de ser
Tem de ser
Vem para sempre
Para sempre
Irene
Caetano Veloso
Elis no Teatro de Praia – 1970
Eu quero ir, minha gente
Eu não sou daqui
Eu não tenho nada
Quero ver irene rir
Quero ver irene dar sua risada
Se você pensa
Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Elis Regina in London – 1969
Elis no Teatro de Praia – 1970
Se você pensa que vai fazer de mim
O que faz com todo mundo que te ama
Acho bom saber que pra ficar comigo vai ter que mudar
Você tem a vida inteira pra viver
E saber o que é bom e o que é ruim
Acho bom pensar depressa e escolher antes do fim
Daqui pra frente, tudo vai ser diferente
Você tem que aprender a ser gente
O teu orgulho não vale nada
Você não sabe
Nem nunca procurou saber
Que quando a gente ama pra valer
O bom é ser feliz e mais nada
Watch
what
happens
Norman Gimbel/Michel Legrand
Elis Regina in London – 1969
Let someone start believing in you,
Let him hold out his hand
Let him touch you and watch what happens
One someone who can look in your eyes,
And see into your heart
Let him find you and watch what happens
Cold, no I won't believe your heart is cold
Maybe just afraid to be broken again
Let someone with a deep love to give
Give that deep love to you,
And what magic you'll see
Let someone give his heart, someone who cares like me
Let someone give his heart who cares like me
How insensitive
(Insensatez)
Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Norman Gimbel
Elis Regina in London – 1969
How insensitive
I must have seemed
When he told me that he loved me
How unmoved and cold
I must have seemed
When he told me so sincerely
Why he must have asked
Did I just turn and stare in icy silence
What was I to say?
What can you say
When a love affair is over?
Why he must have asked
Did I just turn and stare in icy silence
What was I to do?
What can one do
When a love affair is over?
So now he's gone away
And I'm alone
With a memory of her last look
Vague and drawn and sad
I see it still
All the heartbreak in his last look
How he must have asked,
Could I just turn and stare in icy silence
What was I to do?
What can one do
When a love affair is over?
Perdão não tem
Edson Arantes do Nascimento
Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Não
Não vá embora não
Porque a saudade
Vai ficar em seu lugar
Não me faça sofrer
A sua ausência
Tenha paciiencia
Não vá embora
Não me deixes não
Quando você chegou
Foi recebida de braços abertos
Jurava me dar amor
Ser boazinha
E não falar em ir embora
Agora depois de tanto tempo
Quer partir sem dizer qual a razão
Não vá,meu bem
Porque depois, perdão não tem
Vexamão
Edson Arantes do Nascimento
Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Outro dia
Me pegaram de surpresa
Me deram um violão
E fizeram eu cantar
Eu todo desajeitado
Cantando tudo errado
Sem saber como parar
Foi um tremendo de um vexame
Mas o engraçado
É que eu cantava errado
E os “puxa” achava bom
Estava o rádio
Jornal e a televisão
E eu todo sem graça
Só fazia láralá
38

Aquele
abraço
Gilberto Gil
Elis no Teatro de Praia – 1970
Este samba vai para Dorival Caymmi,
João Gilberto e Caetano Veloso.
O Rio de Janeiro continua lindo,
O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro, fevereiro e março,
Alô, alô Realengo,
Aquele abraço,
Alô torcida do flamengo,
Aquele abraço!
Alô,Alô Realengo,
Aquele abraço,
Alô torcida do flamengo,
Aquele abraço!
Chacrinha continua balançando a pança,
E buzinando a moça e comandando a massa,
E continua dando as ordens no terreiro,
Alô, alô seu Chacrinha Velho Guerreiro,
Alô,alô Terezinha,Rio de Janeiro,
Alô,alô seu Chacrinha velho palha ço,
Alô, alô Terezinha,Aquele  abraço,
Alô moçada da favela, aquele abraço,
Todo mundo da Portela, aquele abraço,
Todo mês de fevereiro, aquele passo,
Alô Banda de Ipanema, aquele abraço,
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço,
A Bahia já me deu régua e compasso,
Quem sabe de mim sou eu,aquele abraço,
Pra você que me esqueceu,aquele abraço,
Alô Rio de Janeiro, aquele abraço!
Can’t take
my eyes
off you
B. Crewe/B. Gaudio
Elis no Teatro de Praia – 1970
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
You'd be like Heaven to touch.
I wanna hold you so much.
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
Pardon the way that I stare.
There's nothing else to compare.
The sight of you leaves me weak.
There are no words left to speak,
But if you feel like I feel,
Please let me know that it's real.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
I love you, baby,
And if it's quite alright,
I need you, baby,
To warm a lonely night.
I love you, baby.
Trust in me when I say:
Oh, pretty baby,
Don't bring me down, I pray.
Oh, pretty baby, now that I found you, stay
And let me love you, baby.
Let me love you.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
You'd be like Heaven to touch.
I wanna hold you so much.
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
I love you, baby,
And if it's quite alright,
I need you, baby,
To warm a lonely night.
I love you, baby.
Trust in me when I say:
Oh, pretty baby,
Don't bring me down, I pray.
Oh, pretty baby, now that I found you, stay.
Zazueira
Jorge Ben
Elis Regina in London – 1969
Elis no Teatro de Praia – 1970
Ela vem chegando (ela vem chegando)
E feliz vou esperando(e feliz vou esperando)
A espera é difícil (a espera é difícil
Mas eu espero sambando (eu espero sambando)
Menina bonita do céu azul
Ela é uma beleza
Menina bonita, você é demais
Alegria na minha tristeza
Zazueira
Zazueira
Zazueira
Ela vem chegando (ela vem chegando)
E feliz vou esperando (e feliz vou esperando)
A espera é difícil (a espera é difícil
Mas eu espero sonhando (eu espero sonhando)
Uma flor é uma rosa
Uma rosa é uma flor
É um amor esta menina
Esta menina é meu amor
Zazueira
Zazueira
Zazueira
39

Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Em pleno verão – 1970
Se você pretende saber quem eu sou eu posso lhe dizer.
Entre no meu carro e na estrada de Santos você vai me conhecer.
Você vai pensar que eu não gosto nem mesmo de mim.
E que na minha idade só a velocidade anda junto a mim.
Só ando sozinho e no meu caminho o tempo é cada vez menor.
Preciso de ajuda. Por favor me acuda. Eu vivo muito só.
Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo,
eu piso mais fundo, corrijo num segundo, não posso parar.
Eu prefiro as curvas da estrada de Santos onde eu tento esquecer
um amor que eu tive e vi pelo espelho na distância se perder
Mas se o amor que perdi eu novamente encontrar,
as curvas se acabam e na estrada de Santos eu não vou mais passar.
Não, não vou mais passar.
As curvas da Estrada
de Santos
40

Vou deitar
e rolar
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Em pleno verão – 1970
Não venha querer me consolar
Que agora não dá mais pé
Nem nunca mais vai dar
Também quem mandou se levantar
Quem levantou pra sair
Perde o lugar
E agora, cadê teu novo amor
Cadê que ele nunca funcionou
Cadê que nada resolveu
Quaquaraquaquá, quem riu
Quaquaraquaquá, fui eu
Quaquaraquaquá,quem riu
Quaquaraquaquá, fui eu
Ainda sou mais eu
Você já entrou na de voltar
Agora fica na tua
Que é melhor ficar
Porque vai ser fogo me aturar
Quem cai na chuva
Só tem que se molhar
E agora cadê, cadê você
Cadê que eu não vejo mais, cadê
Pois é quem te viu e quem te vê
Quaquaraquaquá,quem riu
Quaquaraquaquá, fui eu
Quaquaraquaquá, quem riu
Quaquaraquaquá, fui eu
Todo mundo se admira
Da mancada que a Terezinha deu
Que deu no pira
E ficou sem nada ter de seu
Ela não quis fazer fé
Na virada da maré
Breque!
Mas que malandro sou eu
Pra ficar dando colher de chá
Se eu não tiver colher?
Vou deitar e rolar!
O vento que venta aqui
É o mesmo que venta lá
E volta pro mandingueiro
A mandinga de quem mandigá
Bicho do mato
Jorge Ben
Em pleno verão – 1970
Bicho do mato 
Nego teve aí 
Bicho do mato 
Devagar pra não cair 
Bicho do mato 
Bicho bonito danado 
Bicho do mato 
Nego teve aí 
E disse assim:
Bicho do mato 
Quero você para mim 
Eu só vou embora 
Se você disser que sim
Mas eu só ponho o meu boné 
Onde eu posso apanhar 
Devagar se vai ao longe 
Devagar eu chego lá 
Bicho do mato 
Nego teve aí 
Bicho do mato 
Devagar pra não cair
Até aí morreu Neves
Jorge Ben
Em pleno verão – 1970
Se segura malandro
Pois malandro que é malandro não se estoura
Se segura malandro
Pois um dia há de chegar a tua hora
Vai cantar, vai brincar sem fantasia
Você vai chorar de alegria
Pois ela vai voltar pra alegrar o seu coração
Pois malandro que é malandro não se estoura não
Porque até aí morreu Neves
Até aí morreu Neves
Até aí morreu das Neves
Até aí morreu das Neves
Devegar malandro
Devagar, cuidado!
Afobado come cru
Devagar se vai ao longe
Frevo
Tom Jobim/Vinícius de Morais
Em pleno verão – 1970
Vem, vamos dançar ao sol 
Vem, que a banda vai passar
Vem, ouvir o toque dos clarins 
Anunciando o carnaval
E vão brilhando os seus metais 
Por entre cores mil
Verde mar, céu de anil
Nunca se viu tanta beleza 
Ai,meu Deus 
Que lindo o meu  Brasil!
Fechado pra
balanço
Gilberto Gil
Em pleno verão – 1970
Fechado pra balanço
Deve ser bom, deve ser bom
Tô fechado pra balanço
Meu saldo deve ser bom
Deve ser bom
Vou sambar de roda um pouco
Um xaxado bem guardado
E mais algum trocado
Se tiver gingado eu tô,eu tô, eu tô
Eu tô de corpo fechado, eu tô, eu tô
Deve ser bom, deve ser bom
Tô fechado pra balanço
Meu saldo deve ser bom
Um pouco da minha grana
Vais ter saudade, baiana
Ponho sempre por semana
Cinco cartas no correio
Gasto sola de sapato
Mas aqui custa barato
Cada sola de sapato
Custa um samba,um samba e meio
O resto...
O resto não dá despesa
Viver não me custa nada
Viver só me custa a vida
E a minha vida foi dada
41

Não tenha medo
Caetano Veloso
Em pleno verão – 1970
Tenha medo, não, tenha medo, não
Não tenha medo não, tenha medo, não
Nada é pior  do que tudo
Nada é pior  do que tudo
Nem um não, nenhum senão
Nem um ladrão, nem uma escuridão
Nada é pior  do que tudo
Que você já tem no seu coração mudo
Nem um cão,nem um dragão
Nem um avião, nem uma assombração
Nada é pior  do que tudo
Que você já tem no seu coração mudo
Nem um chão, nem um porão
nem uma prisão, nem uma solidão
Nada é pior  do que tudo
Que você já tem no seu coração mudo
These are the songs
Tim Maia
Em pleno verão – 1970 (Com Tim Mais)
These are the songs
I want to sing
These are the songs
I want to play
I will sing it every time
And I sing it every day
These are the songs
I want to sing and play
Esta é a canção que eu vou ouvir
Esta é a canção que eu vou cantar
Fala de você, meu bem
Do nosso amor também
Sei que você vai gostar
Comunicação
Edson Alencar/Hélio Matheus
Em pleno verão – 1970
(Roda, roda e avisa!)
Sigo o anúncio e vejo
Em forma de desejo o sabonete
Em forma de sorvete acordo e durmo na televisão.
Creme dental, saúde
E vivo num sorriso, paraíso
Quase que jogado, impulsionado, no comercial.
Só tomava chá
Quase que forcado vou tomar café
Ligo o aparelho, vejo o Rei Pelé
Vamos entao repetir o gol!
E na lua sou
Mais um astronauta-patrocinador
Chego atrasado perco o meu amor
Mais um anúncio sensacional!
Ponho um aditivo dentro da panela, gasolina
Passo na janela da cozinha tem mais um fogão
Tocam a campainha
Mais uma pesquisa e eu respondo
Que enlouquecendo, já sou fã do comercial!
(Na Brastel, tudo a preço de banana!
Quem não se comunica, se trumbica!
Tereeziiinha...!
Estamos pensando em bloco...
Conheça o Brasil pela Varig!
Ducal... meu nome é Gal!... Ducal!....)
Copacabana
velha de guerra
Joyce/Sérgio Flackman
Em pleno verão – 1970
Nós estamos por aí, sem medo
Nós, sem medo, estamos por aí
Qualquer sorte me espera
E a tarde talvez vá me mostrar
Treze ventos nas janelas
E as praças do mundo a me chamar
Sou mais um na multidão
Na vitrine dos magazines
Procurando uma camisa da cor do mar
Mão no bolso, riso lento
E a tarde passando devagar
Não me encontro na vitrine
Não ligo, é difícil me encontrar
Sou só eu na multidão
E eu queria me ver passar
Desfilando com a camisa da cor do mar
Olha eu lá!
Osanah
Tony Osanah
Compacto duplo – 1970
Sei prá onde vou
Agora eu sei quem sou
Sei do meu caminho
Eu sei com quem eu vou
Descubro riso
Invento a luz
Tudo é claro para quem quer ver
Osanah,Osanah, Osanah
Osanah, Osanah, Osanah
Pela vida afora eu vou jogando fora
As coisas que eu guardei por guardar
Um passo à frente
Ou volto atrás
Mas não fico no meusmo lugar
Osanah, Osanah, Osanah
Osanah, Osanah, Osanah
Não me importa o tempo
Eu fico aqui e agora
E quero tudo que houver prá querer
O que é passado nào volta mais
E o futuro ainda não chegou
Osanah, Osanah, Osanah
Osanah, Osanah, Osanah
Nada será como antes
Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
Compacto duplo – 1970
Elis – 1972
Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos
Que notícias me dão de você
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos
Que notícias me dão de você
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
42

A fia de Chico Brito
Chico Anysio
Compacto duplo – 1970
Sou filha de Chico Brito
Pai de oito filho maior
Nascida em Baturité
Criada a carne de sol
Sete homem e eu mulher
Oito filho prá criá
Sete homem prá peixeira
E a mulher prá…
Dos oito filho do velho
Tem sete que se casou
Os homem fez casamento
E cinco já procriou
Só eu é que tô sobrando
Na certa Deus se enganou
Acabo me abilolando
Porque meu caso é casar
E caso de quarquer jeito
Caso inté no…
Sou filha de Chico Brito
Pai de oito filho maior
Nascida em Baturité
Criada a carne de sol
Sete homem e eu mulher
Oito filho prá criá
Sete homem prá peixeira
E a mulher prá…
De tanto piscar o os olhos
Já tô ficando zarolha
De tanto chamar com a mão
Na mão já tenho inté bolha
Já fiz duzenta novena
Já me cansei de rezar
Meus cotovelo tá inchado
De no portão debruçar
Mas caso de quarquer jeito
Caso inté no…
Casa no campo
Zé Rodrix/Tavito
Compacto duplo – 1970
Elis 1972
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza 
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza 
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais
Ih! Meu Deus do céu!
Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza
Ela – 1971
Ih! Meu Deus do céu!
Estou rindo à toa
Ih! Meu Deus do céu!
Ela me afeiçoa
Espontaneidade
Eu sou, eu sou
Na mesticidade
Eu vou, eu vou
A sorte e a morte
Ocorrem subitamente
Estou diante dela
A felicidade
Exijo a parcela
Da cumplicidade
Lá vem o crime
Se anime
É hora de matar a saudade
43
Golden slumbers
John Lennon/Paul McCartney
Ela – 1971
Once there was a way to get back homeward
Once there was a way to get back home
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullaby
Golden slumbers fill your eyes
Smiles awake you when you arise
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullaby
Boy, you gonna carry that weigth
Carry that weight a long time

Falei e disse
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Ela – 1971
Mulher, se Deus não criasse você
Ele próprio custava a crer
Mas só que tem que não dá pé você
Ser a mulher de quem Vinícius falou
Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Eu avisei bem, não faça ingratidão
Porque eu também sei dançar
conforme a canção
E quem vai embora agora sou eu
Adeus pra quem já me esqueceu
Tá acabada essa parada
E agora cada qual no seu lugar
Não tem nada se a jogada dela 
É ver a lua em vez de um lar
Teresa é nome de mulher
Ah, que pena que me dá
Ela não ser mais Teresa mulher
Aviso aos navegantes
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Ela – 1971
Esse ano vai sobrar um
Quem falou já morreu
Quem sabe dele sou eu
A vida quem dá é Deus
Quem é malandro não dá
Vidinha boa à ninguém
Malandro traz no cantar
A pinta que o canto tem
Briga com quem sabe mais
Não dá camisa a ninguém
Olha, aqui você faz
Aqui mesmo vai entrar bem
Madalena
Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza
Ela – 1971
Oh, Madalena 
O meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu
Fique certa 
Quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
Eh Madalena
O que é meu não se divide
Nem tão pouco se admite
Quem do nosso amor duvide.
Até a lua se arrisca num palpite
Que o nosso amor existe
Forte ou fraco, alegre ou triste
Oh, Madalena, Madalena, Madalena, Madalena
Oh Ma, oh Mada, oh Madale
Oh Madale, le, le, le oh Ma, oh Mada
Black is beautiful
Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle
Ela – 1971
Hoje cedo na rua do Ouvidor
Quantos brancos horríveis eu vi
Eu quero esse homem de cor
Um Deus Negro do Congo ou daqui
Hoje cedo amante negro eu vou
Enfeitar o meu corpo no seu
Eu quero esse homem de cor
Um Deus Negro do Congo ou daqui
Que se integre no meu sangue europeu
Black is beautiful black is beautiful
Black beauty so beautiful
I wanna a black I wanna a beautiful
I wanna a black I wanna a beautiful
Que se integre no meu sangue europeu
Black is beautiful black is beautiful
Black beauty so beautiful
I wanna a black I wanna a beautiful
I wanna a black I wanna a beautiful
Cinema Olympia 
Caetano Veloso
Ela – 1971
Não quero mais
Essas tardes mornais, normais
Não quero mais
Video-tapes, mormaço, março, abril
Eu quero pulgas mil na geral
Eu quero a geral
Eu quero ouvir gargalhada geral
Quero um lugar para mim, pra você
Na matiné do cinema Olympia
Tom Mix, Buck Jones
Tela e palco
Sorvetes e vedetes
Socos e coladas
Pernas e gatilhos
Atilhos e gargalhada geral
Do meio-dia até o amanhecer
Na matiné do cinema Olympia
44

Mundo deserto
Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Ela – 1971
Num mundo deserto de almas negras
Me visto de branco
Me curo da vida sofrida, sentida
Que deram pra mim
Num mundo deserto de almas negras
Sorriso não nego
Mas vejo um sol cego
Querendo queimar o que resta de mim
Vivo num mundo deserto de almas negras
Na vontade da verdade eu quero ficar
E não acredito  no dito maldito
Que o amor já morreu
Tenho fé que o meu país
Ainda vai dar amor pro mundo
Um amor tão profundo, tão grande
Que vai reviver quem morreu
Vivo num mundo deserto de almas negras
Ela
César Costa Filho/Aldir Blanc
Ela – 1971
Ela sente a solidão do oitavo andar
Todo dia à hora triste do jantar
Só um copo, só um prato
E ao lado um só talher
Tudo é um em seu pequeno mundo
De mulher
Surge a esperança na vida
Ela que dança e convida alguém
Ao elevador do oitavo andar
Pro primeiro amor do oitavo andar
Ela e ele qualquer
Ela duela o pranto do amor
Com ele qualquer
Desce e se esquece no elevador
Com ele qualquer
Ela lembra a vida do interior
Ela na varanda espera seus irmãos
Mesa posta, luz de velas, canções
Ela brinca de princesa
E vem o carnaval 
Passa a Páscoa em paz consigo, no quintal
Os dias frios de junho
As rendas brancas nos punhos, balões
E um dia no teatro do local
Ela é a virgem no presépio de Natal
Ela e um dia qualquer
É na varanda, Páscoa, Natal
Com um ele qualquer
Ela duela o pranto do amor
Sozinha outra vez
No oitavo andar onde tudo é um
Os argonautas
Caetano Veloso
Ela – 1971
O barco, meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta 
O dia, o marco, meu coração
O porto, não 
Navegar é preciso, viver não é preciso
O barco, noite no céu tão bonito
Sorriso solto perdido 
Horizonte, madrugada 
O riso, o arco, da madrugada 
O porto, nada 
Navegar é preciso, viver não é preciso
O barco, o automóvel brilhante 
O trilho solto, o barulho 
Do meu dente em tua veia 
O sangue, o charco, barulho lento 
O porto silêncio
Navegar é preciso, viver não é preciso
45
Estrada do sol
Tom Jobim/Dolores Duran
Ela – 1971
Quero que você me dê a mão
Vamos sair
É de manhã, vem o sol,
Mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar,
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção.
Quero que você me dê a mão,
Vamos sair por aí
Sem pensar no que foi
que sonhei,
Que chorei, que sofri,
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer,
Me dê a mão,vamos sair prá ver o sol.

Alô,alô.
Taí Carmem Miranda
Heitor/Maneco/Wilson Diabo
Os maiores sambas enredos de todos os tempos – 1971
Uma pequena notável 
Cantou muito samba 
É motivo de carnaval 
Pandeiro, camisa listrada 
Tornou a baiana internacional 
Seu nome corria chão 
Na boca de toda gente 
Que grilo é esse? 
Vou embarcar nessa onda 
É o Império Serrano que canta 
Dando uma de Carmem Miranda 
Cai, cai, cai, cai 
Quem mandou escorregar 
Cai,cai,cai,cai 
É melhor se levantar, oi
Tiradentes
Décio Antonio Carlos/Penteado/Estanislau Silva
Os maiores sambas enredos de todos os tempos Volume 2 – 1972
Joaquim José da Silva Xavier
Morreu a 21 de abril
Pela independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
A inconfidência de Minas Gerais
Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes
Foi sacrificado pela nossa liberdade
Esse grande herói pra sempre deve ser lembrado
20 anosblue
Sueli Costa/Vitor Martins
Elis – 1972
Hoje de manhã quando acordei
Olhei pra vida e me espantei
Eu tenho mais de vinte anos
Eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
Estou ligada num futuro blue
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos
Pelas veias de um jornal
Eu não te quero, eu te quero mal
Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei
Eu tenho mais de vinte anos
Eu quero as cores e os colírios
Meus delírios
Estou ligada num futuro blue
Bala
com
bala
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1972
A sala cala
E o jornal prepara
Quem está na sala
Com pipoca e bala
E o urubu sai voando
Manso
O tempo corre
E o suor escorre,
Vem alguém de porre
E há um corre-corre
E o mocinho chegando
Dando
Eu esqueço sempre nesta hora,
Linda,loura
Minha velha fuga em todo impasse
Eu esqueço sempre nesta hora,
Linda, loura
Quanto me custa dar a outra face
O tapa estala
No balacobaco
E é bala com bala
E é fala com fala
E o galã se espalhando
Dando
No rala-rala
Quando acaba a bala
É faca com faca
É rapa com rapa
Eu me realizando
Bambo
Quando a luz acende é uma tristeza
Trapo, presa
Minha coragem muda em cansaço
Toda fita em série que se preza
Dizem, reza
Acaba sempre no melhor pedaço
Mucuripe
Fagner/Belchior
Elis – 1972
As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vou levar as minhas mágoas
Pras águas fundas do mar
Hoje à noite namorar
Sem ter medo de saudade
Sem vontade de casar
Calça nova de riscado
Paletó de linho branco
Que até o mês passado
Lá no campo 'inda era flor
Sob o meu chapéu quebrado
O sorriso ingênuo e franco
De um rapaz novo encantado
Com vinte anos de amor
Aquela estrela é dela
Vida, vento, vela leva-me daqui.
46

Olhos abertos
Zé Rodrix/Guttenberg Guarabyra
Elis – 1972
Atravessando uma ponte, de noite 
No meio da chuva 
Cercada pelo silêncio 
Daquela cidade do interior 
Depois da ponte, uma estrada de terra 
Molhada de chuva 
Cercada pelo silêncio 
E sem nenhum pedaço de amor 
Vendo os olhares desertos 
De tantas pessoas antigas 
Tantas pessoas amigas 
Querendo um cigarro e um carinho 
Gente que puxa uma briga na estrada 
Com os olhos brilhando 
Precisa só de um abraço 
Bem forte e bem dado 
E eu quero encontrar as pessoas 
De mãos e de olhos abertos 
Sem me preocupar 
Com dinheiro e posição 
Eu preciso encontrar as pessoas 
Ficar de mãos dadas com elas 
Conversar com a boca 
E os olhos do coração
Vida de bailarina
Américo Seixas/Dorival Silva
Elis – 1972
Quem descerrar a cortina
Da vida da bailarina
Há de ver cheio de horror
Que no fundo do seu peito
Abriga um sonho desfeito
Ou a desgraça de um amor
Os que compram o desejo
Pagando amor a varejo
Vão falando sem saber
Que ela é forçada a enganar
Não vivendo pra dançar
Mas dançando pra viver
Atrás da porta
Francis Hime/Chico Buarque
Elis – 1972
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei 
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito,teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho,sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Só pra provar que inda sou tua
Cais
Milton Nascimento/Ronaldo Monteiro
Elis – 1972
Para quem quer se soltar
Invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento a lua nova a clarear
Invento o amor
E sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir
Eu quero mais
Tenho o caminho que sempre quis
E um saveiro pronto prá partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar
47

Águas de março
Tom Jobim
Elis – 1972
Elis & Tom – 1974 (Com Tom Jobim)
Montreaux jazz Festival – 1982
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mao, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manha, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
48

Me deixa em paz
Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza
Elis – 1972
Paz!
Que eu já não aguento mais
Me deixa em paz
Sai de mim
Me deixa em paz
Vai!
Hoje o fogo se apagou
Nosso jogo terminou
Vai prá onde Deus quizer
Já é hora de
De voce partir
Não adianta mais ficar
Boa noite,amor
Maria José de Abreu/Francisco Matoso
Elis – 1972
Boa noite amor 
Meu grande amor 
Contigo sonharei 
E a minha dor esquecerei 
Se eu souber que o sonho teu 
Foi o mesmo sonho meu 
Boa noite, amor 
E sonhe enfim 
Pensando sempre em mim 
Na carícia de um beijo 
Que ficou no desejo 
Boa noite,meu grande amor.
Oriente
Gilberto Gil
Elis – 1973
Se oriente, rapaz 
Pela constelação do Cruzeiro do Sul 
Se oriente, rapaz 
Pela constatação de que a aranha 
Vive do que tece 
Vê se não se esquece 
Pela simples razão de que tudo merece 
Consideração 
Considere, rapaz 
A possibilidade de ir pro Japão 
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão 
Pela curiosidade de ver 
Onde o sol se esconde
Vê se compreende 
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação 
Determine,rapaz 
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol 
Sorridente,rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
49
Doente
morena
Gilberto Gil/Duda
Elis – 1973
Luz das Estrelas – 1984
De manhã cedo ela sai
Leva a chave
Me deixa trancado
O dia inteiro
Não ligo
Deito sobre os trilhos
E vejo o trem passar
Entre brinquedos, cigarros
O Tesouro da Juventude
Em não sei quantos volumes
E quando canto
Deixo a imaginação voar
Mas ontem à noite
A mão sobre meus cabelos
Ela me disse:
"Meu bem, não tenha medo
No verão que vem
Nós vamos à praia"

Meio de campo
Gilberto Gil
Elis – 1973
Prezado amigo Afonsinho
Eu continuo aqui mesmo
Aperfeiçoando o imperfeito
Dando tempo,dando um jeito
Desprezando a perfeição
Que a perfeição é uma meta
Defendida pelo goleiro
Que joga na seleção
E eu não sou Pelé,nem nada
Se muito for eu sou um Tostão
Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu irmão
Entrou de bola, e tudo!Cabaré
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1973
Na porta lentas luzes de neon
Na mesa flores murchas de crepon
E a luz grená filtrada entre conversas
Inventa um novo amor, loucas promessas
De tomara-que-caia surge a crooner do norte
Nem aplausos, nem vaias: um silêncio de morte
Ah, quem sabe de si nesses bares escuros
Quem sabe dos outros, das grades, dos muros
No drama sufocado em cada rosto
A lama de não ser o que se quis
A chama quase morta de um sol posto
A dama de um passado mais feliz
Um cuba-libre treme na mão fria
Ao triste strip-tease da agonia
De cada um que deixa o cabaré
Lá fora a luz do dia fere os olhos
Ah, quem sabe de si nesses bares escuros
Quem sabe dos outros
O caçador de
esmeralda
João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei
Elis – 1973
Verde que te quiero oro
Bandeiras removendo a terra
Esmeralda que aguarda agora
No riacho além de Tordesilhas
E Fernão se apaixonou como um selvagem
Pela sereia do sertão
Na água, imagem virgem
Miragem esverdeada
No mel das abelhas e nos frutos
O gosto dela, febre da paixão
Fernão se esmerava na conquista
De esmeralda, inferno de Fernão
E um dia no Fusca duas portas, dois amantes
Fernão louco,Esmeralda desvairada
O enleio dos delirantes
No Recreio dos Bandeirantes
Agnus sei
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1973
Faces sob o sol, os olhos na cruz
Os heróis do bem prosseguem na brisa na manhã
Vão levar ao reino dos minaretes
A paz na ponta dos arietes
A conversão para os infiéis
Para trás ficou a marca da cruz
Na fumaça negra vinda na brisa da manhã
Ah, como é difícil tornar-se herói
Só quem tentou sabe como dói
Vencer Satã só com orações 
Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê
Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê
Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não! 
Dominus dominium juros além
Todos esses anos agnus sei que sou também
Mas ovelha negra me desgarrei
O meu pastor não sabe que eu sei
Da arma oculta na sua mão
Meu profano amor eu prefiro assim
À nudez sem véus diante da Santa Inquisição
Ah, o tribunal não recordará
Dos fugitivos de Shangri-Lá
O tempo vence toda a ilusão
Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê
Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê
Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não!
50

Ladeira da Preguiça
Gilberto Gil
Elis – 1973
Essa ladeira 
Que ladeira é essa? 
Essa é a Ladeira da Preguiça 
Preguiça que eu tive sempre 
De escrever para a família 
E de mandar contar pra casa 
Que esse mundo é uma maravilha 
E pra saber se a menina já conta as estrelas 
E sabe a segunda cartilha 
E pra saber se o menino já canta cantigas 
E já não bota mais a mão na barguilha 
E pra falar do mundo, falar uma besteira 
Formenteira é uma ilha 
Onde se chega de barco, mãe
Que nem lá 
Na Ilha do Medo 
Que nem lá 
Na Ilha do Frade 
Que nem lá 
Na Ilha de Maré 
Que nem lá 
Salina das Margaridas 
Essa ladeira 
Que ladeira é essa? 
Essa é a Ladeira da Preguiça 
Ela não é de hoje 
Ela é desde quando 
Se amarrava cachorro com linguiça
Folhas secas
Nélson Cavaquinho/Guilherme de Brito
Elis – 1973
Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da minha Estação Primeira
Não sei quantas vezes
Subi o morro cantando
Sempre o sol me queimando
E assim vou me acabando
Quando o tempo avisar
Que eu não posso mais sambar
Sei que vou sentir saudade
Ao lado do meu violão
Da minha mocidade
Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da minha Estação Primeira
Não sei quantas vezes
Subi o morro cantando
Sempre o sol me queimando
E assim vou me acabando
E assim vou me acabando
E assim vou me acabando
Comadre
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1973
Em tudo o que me acontecer
O dedo da comadre tá
Na corda quando escurecer
Anágua da comadre lá
Branco de doer
Me convidando a imaginar
Se o vento bater
A ginga que a comadre dá
E a ginga da comadre tá
Em tudo que me acontecer
No copo que eu me embriagar
Se relampejar
Se eu adoecer
Se a febre aumentar
A comadre vem
Na palha que eu adormecer
Nas águas em que eu me lavar
E na pitanga que eu morder
Na arapuca que eu armar
Onde eu me esconder
Em tudo quanto eu pude olhar
No que ouvi dizer
A ginga da comadre tá
No samba que eu me exceder
No doce que eu me lambuzar
Na hora que eu endoidecer
Se o sangue espirrar
Se a ferida arder
Se a boca chupar
A comadre vem
É com esse que eu vou
Pedro Caetano
Elis – 1973
É com esse que eu vou
Sambar até cair no chão
É com esse que eu vou
Desabafar na multidão
Se ninguém se animar
Eu vou quebrar meu tamborim
Mas se a turma gostar
Vai ser pra mim
Eu quero ver
O ronca ronca da cuíca
Gente pobre, gente rica
Deputado, senador
Quebra,quebra
Quero ver uma cabrocha boa
No piano da patroa
Batucando
É com esse que eu vou
51

Conversando no bar
Milton Nascimento/Fernando Brant
Elis – 1974
Saudade do Brasil – 1980
Lá vinha o bonde no sobe e desce ladeira
E o motorneiro parava a orquestra um minuto
Para me contar casos da campanha da Itália
E de um tiro que ele não levou
Levei um susto imenso nas asas da Pan Air
Descobri que as coisas mudam
E que o mundo é pequeno nas asas da Pan Air
E lá vai menino xingando padre e pedra
E lá vai menino lambendo podre delícia
E lá vai menino senhor de todo fruto
Sem nenhum pecado, sem pavor
O medo em minha vida nasceu muito depois
Descobri que a minha arma
É o que a memória guarda dos tempos da Pan Air
Nada existe que não se esqueça
Alguém insiste e fala ao coração
Tudo de triste existe que não se esquece
Alguém insiste e fere o coração
Nada de novo existe neste planeta
Que não se fale aqui na mesa de bar
E aquela briga e aquela fome de bola
E aquele tango e aquela dama da noite
E aquela mancha e a fala oculta
Que no fundo do quintal morreu
Morri a cada dia dos dias que vivi
Cerveja que tomo hoje
É apenas em memória dos tempos da Pan Air
A primeira Coca-Cola foi,
Me lembro bem agora, nas asas da Pan Air
A maior das maravilhas foi
Voando sobre o mundo nas asas da Pan Air
Em volta dessa mesa velhos e moços lembrando o que já foi
Em volta dessa mesa existem outras falando tão igual
Em volta dessas mesas existe a rua vivendo o seu normal
Em volta dessa rua uma cidade sonhando seus metais
Em volta da cidade... 
Na batucada da vida
Ary Barroso
Elis – 1974
No dia em que eu apareci no mundo
Juntou uma porção de vagabundo
Da orgia
De noite, teve samba e batucada
Que acabou de madrugada
Em grossa pancadaria
Depois do meu batismo de fumaça
Mamei um litro e meio de cachaça
Bem puxado
E fui adormecer como um despacho
Deitadinha no capacho na porta dos enjeitados
Cresci olhando a vida sem malícia
Quando um cabo de polícia
Despertou meu coração
E como eu fui pra ele muito boa
Me soltou na rua à toa
Desprezada como um cão
E hoje que eu sou mesmo da virada
E que eu não tenho nada, nada
E por Deus fui esquecida
Irei cada vez mais me esmulambando
Seguirei sempre cantando
Na batucada da vida
Travessia
Milton Nascimento/Fernando Brant
Elis – 1974
Quando você foi embora 
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha 
E nem é meu este lugar
Estou só e não tem resisto
Muito tenho pra falar
Solto a voz nas estradas,já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar?
Sonho feito de brisa vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida 
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo 
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver
Ponta de areia
Milton Nascimento/Fernando Brant
Elis – 1974
Montreaux Jazz Festival – 1982
Ponta de areia, ponto final
Da Bahia à Minas, estrada natural
Que ligava Minas ao porto, ao mar
Caminho do ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu boné
Lembra o povo alegre que vinha cortejar
Maria Fumaça, não canta mais
Para moças, flores, janelas e quintais
Na praça vazia,um grito um ai
Casas esquecidas, viúvas nos portais
O mestre-sala
dos mares
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1974
Luz das estrelas – 1984
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar apareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar,na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração
Do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava, então:
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias,
Glória à farofa, à cachaça, às baleias,
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais.
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
52

Dois
prá lá,
dois
prá ca
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1974
Sentindo frio em minh'alma
Te convidei pra dançar
A tua voz me acalmava
São dois pra lá, dois pra cá
Meu coração traiçoeiro
Batia mais que o bongô
Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor
Minha cabeça rodando
Rodava mais que os casais
O teu perfume gardênia
E não me pergunte mais
A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rondaram
As minhas noites vazias
No dedo um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante
Band-aid no calcanhar
Eu hoje me embriagando
De whisky com guaraná
Ouvi tua voz sussurrando
São dois pra lá, dois pra cá.
Maria Rosa
Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves
Elis – 1974
Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancos
Vestindo farrapos calçando tamancos
Pedindo nas portas pedaços de pão ?
A conheci quando moça era um anjo de formosa
Seu nome: Maria Rosa, seu sobrenome: Paixão
Os trapos de suas vestes não é só necessidade
Cada um,para ela,representa uma saudade
Ou de um vestido de baile, ou de um presente , talvez
Que algum dos seus apaixonados lhe fez
Quis certo dia Maria por a fantasia de tempos passados
Por em sua galeria uns novos apaixonados
Esta mulher que outrora a tanta gente encantou
Nenhum olhar teve agora, nenhum sorriso encontrou
E então dos velhos vestidos que foram outrora sua predileção
Mandou fazer essa capa de recordação
Vocês Marias de agora,amem somente uma vez
Prá que mais tarde esta capa não sirva em vocês.
Caça à raposa
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1974
O olhar dos cães
A mão nas rédeas 
E o verde da floresta
Dentes brancos, cães 
A trompa ao longe, o riso 
Os cães, a mão na testa
O olhar procura, antecipa 
A dor no coração vermelho 
Senhorita e seus anéis, corcéis
E a dor no coração vermelho
O rebenque estala, um leque aponta: foi por lá 
Um olhar de cão
As mãos são pernas 
E o verde da floresta 
Oh,manhã entre manhãs 
A trompa em cima, os cães 
Nenhuma fresta
O olhar se fecha,uma lembrança 
Afaga o coração vermelho 
Uma cabeleira sobre o feno 
Afoga o coração vermelho 
Montarias freiam, dentes brancos: terminou 
Línguas rubras dos amantes 
Sonhos sempre incandescentes 
Recomeçam desde instantes 
Que os julgamos mais ausentes 
Ah! recomecar, recomecar 
Como canções e epidemias
Ah! recomeçar como as colheitas 
Como a lua e a covardia 
Ah! recomeçar como a paixão e o fogo 
E o fogo, e o fogo...
O compositor me disse
Gilberto Gil
Elis – 1974
Compositor me disse que eu cantasse distraidamente essa canção.
Que eu cantasse como se o vento soprasse pela boca vindo do pulmão.
E que eu ficasse ao lado pra escutar o vento, jogando as palavras pelo ar.
O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento,sem ligar pras coisas que ele quis dizer.
Que eu não pensasse em mim nem em você.
Que eu cantasse distraidamente como bate o coração.
E que eu parasse aqui.
Assim..
53

Só tinha de ser com você
Tom Jobim/Chico Buarque
Elis & Tom – 1974
É... só eu sei quanto amor eu guardei
Sem saber que era só pra você
É. Só tinha de ser com você
havia de ser prá você
Senão era mais uma dor
Senão não seria o amor
Aquele que o mundo não vê
O amor que chegou para dar
O que ninguém deu pra você
É. Você que é feita de azul
Me deixa morar nesse azul
Me deixa encontrar minha paz
Você que é bonita demais
Se ao menos pudesse saber
Que eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mim
Modinha
Tom Jobim/Vinícius de Morais
Elis & Tom – 1974
Não
Não pode mais meu coração
Viver assim dilacerado
Escravizado a uma ilusão
Que é só
Desilusão
Ah, não seja a vida sempre assim
Como um luar desesperado
A derramar melancolia em mim
Poesia em mim
Vai, triste canção, sai do meu peito
E semeia a emoção
Que chora dentro do meu coração
Coração
Triste
Tom Jobim
Elis & Tom – 1974
Luz das estrelas – 1984
Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber que ninguém pode 
Viver de ilusão
Que nunca vai ser
Nunca vai dar 
O sonhador tem que acordar
Tua beleza é um avião
Demais pra um pobre coração
Que para pra te ver passar 
Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão
Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber que ninguém pode 
Viver de ilusão
Que nunca vai ser
Nunca vai dar
O sonhador tem que acordar.
Corcovado
Tom Jobim
Elis & Tom – 1974
Montreaux Jazz Festival – 1982
Um cantinho, um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê se o Corcovado
O Redentor, que lindo
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente desse mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade, meu amor
Pois é
Tom Jobim/Chico Buarque
Elis & Tom – 1974
Pois é... Fica o dito e o redito por não dito. E é difícil dizer que foi bonito. É inútil cantar o que perdi.
Taí.. Nosso mais-que-perfeito está desfeito. E o que me parecia tão direito. Caiu desse jeito sem perdão.
Então... Disfarçar minha dor eu não consigo. Dizer: – somos sempre bons amigos, é muita mentira para mim
Enfim... Hoje na solidão ainda custo a entender como o amor foi tão injusto pra quem só lhe foi dedicação.
Pois é... e então ...
54

O que tinha de ser
Tom Jobim/Vinícius de Morais
Elis & Tom – 1974
Porque foste na vida 
A última esperança 
Encontrar-te me fez criança 
Porque já eras meu 
Sem eu saber sequer 
Porque és o meu homem 
E eu tua mulher
Porque tu me chegaste 
Sem me dizer que vinhas 
E tuas mãos foram minhas com calma 
Porque foste em minh'alma 
Como um amanhecer 
Porque foste o que tinha de ser
Retrato em branco e preto
Tom Jobim/Chico Buarque
Elis & Tom – 1974
Já conheço os passos dessa estrada,
Sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor.
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar tanto pior,
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto, evito tanto
E que no entanto volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retratos eu teimo em colecionar.
Lá vou eu de novo como um tolo,
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer.
Novos dias tristes, noites claras,
Versos,cartas,
Minha cara,ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado,
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão.
Vou colecionar mais um soneto,
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração.
Brigas nunca mais
Tom Jobim/Vinícius de Morais
Elis & Tom – 1974
Chegou, sorriu,
Venceu, depois chorou.
Então fui eu
Quem consolou sua tristeza,
Na certeza de que o amor
Tem dessas fazes más,
Que é bom para fazer as pazes
Mas depois fui eu
Quem dela precisou,
E ela então me socorreu.
E o nosso amor
Mostrou que veio pra ficar
Mais uma vez, por toda a vida.
Bom é mesmo amar em paz,
Brigas, nunca mais Por toda minha vida
Tom Jobim/Vinícius de Morais
Elis & Tom – 1974
Meu bem-amado
Quero fazer-te um juramento uma canção
Eu prometo, por toda a minha vida
Ser somente tua e amar-te como nunca
Ninguém jamais amou,ninguém
Meu bem-amado
Estrela pura aparecida
Eu te amo e te proclamo
O meu amor
O meu amor
Maior que tudo quanto existe
Oh, meu amor
55
Inútil
paisagem
Tom Jobim/Aloysio de Oliveira
Elis & Tom – 1974
Mas pra que?
Pra que tanto céu?
Pra que tanto mar, pra que?
De que serve esta onda que quebra e o vento da tarde?
De que serve a tarde?
Inútil paisagem
Pode ser que nao venhas mais
Que não voltes nunca mais
De que servem as flores que nascem pelos caminhos
Se o meu caminho sozinho é nada?

Fotografia
Tom Jobim
Elis & Tom – 1974
Eu, você, nós dois
Aqui neste terraço à beira-mar
O sol já vai caindo
E o seu olhar
Parece acompanhar a cor do mar
Você tem que ir embora
A tarde cai
Em cores se desfaz,
Escureceu
O sol caiu no mar
E aquela luz
Lá em baixo se acendeu
Você e eu
Eu, você, nós dois
Sozinhos neste bar à meia-luz
E uma grande lua saiu do mar
Parece que este bar já vai fechar
E há sempre uma canção
Para contar
Aquela velha história
De um desejo
Que todas as canções
Têm pra contar
E veio aquele beijo
Aquele beijo
Aquele beijo
Sonetode
Tom Jobim/Vinícius de Morais
Elis & Tom – 1974
De repente do riso fez-se o pranto 
Silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fez-se a espuma 
E das mãos espalmadas fez-se o espanto 
De repente da calma fez-se o vento 
Que dos olhos desfez a última chama 
E da paixão fez-se o pressentimento 
E do momento imóvel fez-se o drama 
De repente, não mais que de repente 
Fez-se de triste o que se fez amante 
E de sozinho o que se fez contente 
Fez-se do amigo próximo, distante 
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente
separação
Chovendo na roseira
Tom Jobim
Elis & Tom – 1974
Olha, está chovendo na roseira
Que só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luísa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém
Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento
Olha, um tico-tico mora ao lado
E, passeando no molhado,
Adivinhou a primavera
Olha,que chuva boa,prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa,criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que traz o azul
Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento
Olha,um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera
Olha, o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança embaixo do rio de águas calmas
Ah… você é de ninguém
Cadeiravazia
Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves
Lupiscinio Rodrigues na Interpretacao de: – 1974
Entra meu amor fica a vontade
E diz com sinceridade
O que desejas de mim
Entra podes entrar a casa é tua
Já que cansaste de viver na rua
E teus sonhos chegaram ao fim
Eu sofri demais quando partiste
Passei tantas horas triste
Que nem devo lembrar esse dia
Mas de uma coisa podes ter certeza
Que teu lugar aqui na minha mesa
Tua cadeira ainda está vazia
Tu és a filha pródiga que volta
Procurando em minha por ta
O que o m undo não te deu
E faz de conta que sou o teu paizinho
Que tanto tempo aqui fiquei sozinho
A esperar por um carinho teu
Voltaste, estás bem, estou contente
Só que me encontraste muito diferente
Vou te falar de todo o coração
Não te darei carinho nem afeto
Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto
Prá te alimentar podes comer meu pão
56

Alto da Bronze
Paulo Coelho/Foquinha
Música popular do sul – 1975
Alto da Bronze,
Cabeça quebrada,
Praça querida
Sempre lembrada
A praça 11 da molecada
Praça sem branco
Do rato branco e do futebol
Da garotada endiabrada
Das manhãs de sol
Guardo a eterna lembrança
Do tempo feliz em que eu era criança
Do tempo em que a vida era
Da minha infância a grande quimera
Hoje eu, pobre profano,
Me lembro  de ti e dos meus desenganos
Ó,meu Alto da Bronze dos meus oito anos
Boi barroso
Folclore
Música popular do sul – 1975
Eu mandei fazer um laço do couro do jacaré
Pra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré
Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
O teu lugar, ai, é lá na canga
Eu mandei fazer um laço do couro da jacutinga
Pra laçar o boi barroso, lá no alto da restinga
Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
O teu lugar, ai, é lá na canga
Homens de preto
Paulo Ruschel
Música popular do sul – 1975
Os homens de preto trazendo a boiada
Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Os homens de preto trazendo a boiada
Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
E o bicho coitado não pensa em nada
Só vai pela estrada direto a charqueada
Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Os homens de preto trazendo a boiada
Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Os homens de preto trazendo a boiada
Vêm rindo,cantando,dando gargalhada
E o bicho coitado não pensa em nada
Só vem pela estrada, vem, berrando, berrando,
vem berrando
O gado coitado,nasceu,foi marcado
Aí vai condenado na estrada berrando
A querência deixando
Os homens marvado empurrando e gritando
Toca boi,toca boi
O gado coitado,nasceu foi marcado
Aí vai condenado direto a charqueada
Mas manda a poeira no rumo de Deus
Berrando pra ele dizendo pra Deus
Deus,Deus,Deus,Deus,Deus,você fez
Os homens de preto,empurrando a boiada
Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Deus,Deus,Deus,Deus,Deus,você fez
57

Como nossos pais
Belchior
Falso brilhante – 1976
Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado pra nós
Que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantado com uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estação
Eu sei de tudo da ferida viva no meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento e gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não se enganam, não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que tou por fora
Ou então que tou inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem deu me deu a idéia
De uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por Deus
Contando o vil metal
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais
Velha roupa colorida
Belchior
Falso brilhante – 1976
Voce não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo e jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer 
Nunca mais seu pai falou "She's leaving home"
E meteu o pé na estrada  "Like a Rolling Stone..."
Nunca mais você buscou sua menina
Para correr no seu carro
Loucura, chiclete e som
Nunca mais você saiu a rua em grupo reunido
O dedo em V
Cabelo ao vento
Amor e flor
Que é do cartaz
No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais
Como Poe, poeta louco americano,
Eu pergunto ao passarinho blackbird, o que se faz?
E raven, never, raven, never, raven 
Blackbird me responde: 
"Tudo ja ficou pra trás"
E raven, never, raven, never, raven
Assum preto me responde:
"O passado, nunca mais!"
58

Los hermanos
Atahualpa Yupanqui
Falso brilhante – 1976
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle, la montaña
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
Con la esperanza delante
Con los recuerdos detrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Gente de mano caliente
Por eso de la amistad
Con un lloro pa' llorarlo
Con un rezo pa' rezar
Con un horizonte abierto
Que siempre esta mas allá
Y esa fuerza pa' buscarlo
Con tesón y voluntad
Cuando parece mas cerca
Es cuando se aleja mas
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
Nos perdemos por el mundo
Nos volvemos a encontrar
Y así nos reconocemos
Por el lejano mirar
Por las coplas que mordemos
Semillas de inmensidad.
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
Y en nosotros nuestros muertos
Pa' que nadie quede atrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y una hermana muy hermosa
Que se llama libertad
Um por todos (Versão 1)
João Bosco/Aldir Blanc
Falso brilhante – 1976
Do ventre chão da terra mãe
Nasce o herói improvisado
Querido filho pranteado da fortuna e do acaso
Avante! Um por todos e todos por um!
Ficam, das lutas ao longe,
Duas medalhas pregadas
Em peito de bronze
E as bandeirinhas e as rifas
O foguetório e a fanfarra
Meio velório, meio farra
O sentimento dos teus pares
Heróis dos escolares e das lavadeiras
Oh! Deus das mocas solteiras
Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira
Eu te conheço
Sei preço da fama e nao esqueço
Que deitei em tua cama, em teu berço
Eu sei teu preço
Eu te conheço
Meu oportuno herói
Eu lavo as mãos
Pôncio cônscio pilhado em flagrante
Lavo as mãos e prossigo adiante
Eu por mim mesma
Todos por mim
Meu oportuno herói
Um por todos (Versão 2)
João Bosco/Aldir Blanc
Do ventre chão da terra mãe
Nasce o beato improvisado
Querido filho pranteado da fortuna e do acaso
Avante! Um por todos e todos por um!
Ficam, das lutas de um homem,
Bustos de bronze e histórias
Que as horas consomem
E as bandeirinhas e as rifas
O foguetório e a fanfarra
Meio velório, meio farra
O sentimento dos teus pares
Senhor dos escolares e das lavadeiras
Oh! Deus das moças solteiras
Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira
Eu te conheço
Sei preço da fama e nao esqueço
Que deitei em tua cama, em teu berço
Eu sei teu preço
Eu te conheço
Meu milagroso irmão
Eu lavo as mãos
Pôncio cônscio pilhado em flagrante
Lavo as mãos e prossigo adiante
Eu por mim mesma
Todos por mim
Meu milagroso irmão
Fascinação
F. D. Marchetti/M. de Feraudy/Vs. Armando Louzada
Falso brilhante – 1976
Transversal do tempo – 1978
Quero ver o sol atrás do muro
Quero um refúgio que seja seguro
Uma nuvem branca, sem pó nem fumaça
Quero um mundo feito sem porta, vidraça
Quero uma estrada que leve à verdade
Quero a floresta em lugar da cidade
Uma estrela pura de ar respirável
Quero um lago limpo de água potável
Quero voar de mãos dadas com você
Ganhar o espaco em bolhas de sabão
Escorregar pelas cachoeiras
Pintar o mundo de arco-íris
Quero rodar nas asas do girassol
Fazer cristais com gotas de orvalho
Cobrir de flores campos de aço
Beijar de leve a face da lua
59
Quero
Thomas Roth
Falso brilhante – 1976
Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelos ergui
E no teu olhar, tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas vivi
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende
Me enebria, entontece
És fascinação amor

Jardins da infância
João Bosco/Aldir Blanc
Falso brilhante – 1976
É como um conto de fadas
Tem sempre uma bruxa pra apavorar
O dragão comendo gente
A bela adormecida sem acordar
Tudo o que o mestre mandar
E a cabra cega roda sem enxergar
E você se escondeu
E você esqueceu
Pique-papos tem distância
Pés pisando em ovos,veja você
Um tal de pular fogueira,
Pistolas,morteiros, vejam vocês
Pega malhação de judas
E quebra-cabeças, vejam vocês
E você se escondeu
E você não quis ver
Olha o bobo na berlinda
Olha o pau no gato
Polícia e ladrão
Tem carniça e palmatória bem no teu portão
Você vive o faz de conta
Diz que é de mentira
Brinca até cair
Chicotinho tá queimando, mamãe posso ir
Pique-papos tem distância
Pés pisando em ovos, bruxa, dragão
Um tal de pular fogueira
E a cabra cega vai de roldão
Pega malhação de judas
E um passarinho morto no chão
E você conheceu
E você aprendeu
Gracias a la vida
Violeta Parra
Falso brilhante – 1976
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dio dos luceros, que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el oído que, en todo su ancho
Graba noche y día grillos y canarios
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro
"Madre,", "amigo," "hermano," y los alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazón, que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro al bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa, y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
60
O cavaleiroe
os moinhos
João Bosco/Aldir Blanc
Falso brilhante – 1976
Acreditar na existência dourada do sol
Mesmo que em plena boca
Nos bata o açoite contínuo da noite
Arrebentar a corrente que envolve o amanhã
Despertar as espadas
Varrer as esfinges das encruzilhadas
Todo esse tempo foi igual a dormir num navio
Sem fazer movimento
Mas tecendo o fio da água e do vento
Eu, baderneiro, me tornei cavaleiro
Malandramente pelos caminhos
Meu companheiro tá armado até os dentes
Já não há mais moinhos como os de antigamente
Tatuagem
Chico Buarque
Falso brilhante – 1976
Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega, mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo te alucina,salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo em carne viva
Corações de mães, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes...

Colagem
Claudio Lucci
Elis – 1977
Se você com muita calma usar sua raça
Vai surpreender 
A surpresa para muitos é uma arma 
Pra se esconder
Se esconder não é tão bom
Pra viver, pra morrer
Se você lembrar que tudo é relativo
Vai compreender
Mas a compreensão por vezes tão sensata
Vai lhe conter
Se conter não é tão bom
Pra viver, pra morrer
Se você tentar despir essa colagem
Vai se perder
E a perda de si próprio é quase um passo
Pra conceder
Conceder não é tão bom
Pra viver, pra morrer, pra nascer
Somos homens sem lugar
Homens velhos com raça
À espera de algum descuido
E com cuidado gozamos paz
Somos homens bons demais
Sufocados pelo mal
Só queremos acreditar
Que isso tudo pode acabar
Vecchio novo
Claudio Lucci/José Maria Pereira
Elis – 1977
Amor sem pé nem cabeça
Que vive dentro de nós
Explode tão facilmente
E sem mais nos esquece só
Quantos e tantos presságios
Que, por instantes, nos faz
Sentir ser forte, moleque
E estranhamente encarar
Um belo poema novo
Vecchio de tanto amor
Amar
Vecchio em canto novo
Sempre aqui onde está
Ah, se eu pudesse abarcar
A força da alma vadia
Como um costume leal
Eu até que não brincaria
Como um poema novo
Vecchio de tanto amor
Amar
Vecchio em canto novo
Sempre aqui onde está
Amor sem pé nem cabeça
Que vive dentro de nós
Explode tão Sutilmente
E, maroto, nos deixa só
Qualquer dia
Ivan Lins/Vítor Martins
Elis – 1977
Nessa calma sertaneja
De quem sabe o que fareja
Eu te encontro qualquer dia
Eu te encontro qualquer dia
Já conheço os teus rastros
Já comi no teu prato
Já bebi tua cerveja
Eu conheço o teu cheiro
Eu te encontro qualquer dia
Ah! Eu te encontro qualquer dia
Logo quem me julgava morto
Mas esquecendo a qualquer custo
Vai morrer de medo e susto
Quando abrir a porta
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Cartomante
Ivan Lins/Vítor Martins
Elis – 1977
Transversal do tempo – 1978
Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos
Não ande nos bares, esqueça os amigos
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida
Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço
Já está escrito,já está previsto
Por todas as videntes,pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias
Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai,não fica nada

Caxangá
Milton Nascimento/Fernando Brant
Elis – 1977 (Com Milton)
Trem azul – 1982
Sempre no coração, haja o que houver
A fome de um dia poder moder a carne dessa mulher
Veja bem meu patrão como pode ser bom
Você trabalharia no sol e eu tomando banho de mar
Luto para viver, vivo para morrer
Enquanto minha morte não vem eu vivo de brigar contra o rei
Em volta do fogo todo mundo abrindo o jogo
Conta o que tem pra contar
Casos e desejos, coisas dessa vida e da outra
Mas nada de assustar
Quem não é sincero sai da brincadeira correndo
Pois pode se queimar
Queimar!!!
Saio do trabalho e... volto para casa e...
Não lembro de canseira maior
Em tudo é o mesmo suor
Morro velho
Milton Nascimento
Elis – 1977
No sertão da minha terra
Fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força
Parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada de viola em vez de enxada
Filho do branco e do preto
Correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos
Sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada conta histórias prá moçada
Filho do senhor vai embora
Tempo de estudos na cidade grande
Parte, tem os olhos tristes
Deixando o companheiro na estação distante
Não esqueça, amigo, eu vou voltar
Some longe o trenzinho ao deus-dará
Quando volta já é outro
Trouxe até sinhá mocinha prá apresentar
Linda como a luz da lua
Que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor
E agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada já não brinca mais, trabalha
62

Romaria
Renato Teixeira
Elis – 1977
É de sonho e de pó, o destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó,de gibeira o jiló,
Dessa vida cumprida a sol
Sou caipira,Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
O meu pai foi peão, minha mãe solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
Em busca de aventuras
Descasei, joguei, investi, desisti
Se há sorte eu não sei, nunca vi
Me disseram porém que eu viesse aqui
Pra pedir em romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar, só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar
A dama do apocalipse
Natan Marques/Crispin del Cistia
Elis – 1977
Branco por cima e o negro de um sorriso herói
Trancam-me a mente e eu nego o quanto a dor destrói
Rasgam-me o sonho e o mal me põe na vida
E a vida me faz sem medo
Nos diademas,pragas,anjos de neon
Nos holocaustos trompas,flexas,megatons
Rasgam-me a terra e o fogo traz a vida
E a vida não traz segredo
Fecha-se o ar e o sol se nega
Nega-se o pão e a paz
E o amor me cega
Sete rajadas correm,somem
E uma mulher
Se entrega e se impõe ardente
Constante,serpente,vulgar
Rasga-se o sonho e o corpo sente a dor crescer
Abre-se a mente e o cego vê a luz nascer
Trava-se a guerra e o fogo faz a vida
E a vida não tem segredo
Sentimental eu fico
Renato Teixeira
Elis – 1977
Sentimental eu fico
Quando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado carente
De cerveja e velhos amigos
Na costura da minha vida mais um ponto
No arremate do sorriso mais um nó
Aqui pra nós cantar não tá pra peixe
Tem coisa transformando a água em pó
E apesar de estar no bar caçando amores
Eu nego tudo e invento explicações
Amigo velho amar não me compete
Eu quero é destilar as emoções
Sentimental eu fico
Quando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado carente
De cerveja e velhos amigos
E os projetos todos tolos combinados
Perecerão nas margens da manhã
Uma tontura solta na cabeça
Um olho em Deus e outro com satã
E quando o sol raiar desentendido
Eu vou ferir a vista na manhã
E olharei pra quem vai pro trabalho
Com os olhos feito os olhos de uma rã
Transversal do tempo
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1977
As coisas que eu sei de mim são pivetes da cidade. Pedem, insistem e eu me sinto pouco à vontade.
Fechada dentro de um táxi, numa transversal do tempo. Acho que o amor é a ausência de engarrafamento.
As coisas que eu sei de mim tentam vencer a distância. E é como se aguardassem feridas numa ambulância.
As pobres coisas que eu sei podem morrer, mas espero. Como se houvesse um sinal sem sair do amarelo.
63

Sinal Fechado
Paulinho da Viola
Transversal do tempo – 1978
– Olá, como vai?
– Eu vou indo, e você, tudo bem?
– Tudo bem, eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro.E você?
– Tudo bem,eu vou indo em busca
De um sono tranqüilo, quem sabe?
– Quanto tempo…
– Pois é, quanto tempo…
– Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios.
– Oh! não tem de quê
Eu também só ando a cem
– Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
– Pra semana,prometo, talvez nos vejamos
– Quem sabe?
– Quanto tempo…
– Pois é, quanto tempo…
– Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
– Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
– Por favor, telefone, eu preciso beber
Alguma coisa, rapidamente
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai  abrir...
– Prometo, não esqueço
– Por favor, não esqueça
– Adeus,
– Não esqueço, adeus.
Deus lhe pague
Chico Buarque
Transversal do tempo – 1978
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir 
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir 
Por me deixar respirar, por me deixar existir 
Deus lhe pague 
Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí" 
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir 
Um crime pra comentar e um samba pra distrair 
Deus lhe pague 
Por essa praia,essa saia, pelas mulheres daqui 
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir 
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi 
Deus lhe pague 
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir 
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir 
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair 
Deus lhe pague 
Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir 
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir 
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir 
Deus lhe pague 
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir 
E pelas moscar-bicheiras a nos beijar e cobrir 
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir 
Deus lhe pague
João Bosco/Aldir Blanc
Transversal do tempo – 1978
Os boias-frias
Quando tomam umas biritas
Espantando a tristeza
Sonham com bife à cavalo, batata-frita
E a sobremesa
É goiabada cascão
Com muito queijo
Depois café, cigarro
E um beijo de uma mulata
Chamada Leonor ou Dagmar
Amar
O rádio de pilha
O fogão jacaré
A marmita
O domingo
O bar
Onde tantos iguais
Se reúnem contando mentiras
Pra poder suportar
Ai,são pais-de-santo,paus-de-araras são passistas
São flagelados, são pingentes, balconistas
Palhaços,marcianos,canibais,lírios,pirados
Dançando,dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria
Dos faraós embalsamados
Construção
Chico Buarque
Transversal do tempo – 1978
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
O rancho da goiabada
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Boto
Tom Jobim/Jararaca
Transversal do tempo – 1978
A praia de dentro tem areia
A praia de fora tem o mar
Um boto casado com sereia
Navega num rio pelo mar
O corpo dum bicho deu na praia
E a alma perdida quer voltar
Caranguejo conversa com arraia
Marcando a viagem pelo ar
Ainda ontem vim de lá do Pilar
Ontem vim de lá do Pilar
Com vontade de ir por aí
Na ilha deserta o sol desmaia
Do alto do morro vê-se o mar
Papagaio discute com Jandaia
Se o homem foi feito pra voar
Inhambu cantou lá na floresta
E o velho Jereba fêz-se ao ar
Sapo querendo entrar na festa
Viola pesada pra voar
Ainda ontem vim de lá do Pilar
Ontem vim de lá do Pilar
Com vontade de ir por aí
Camiranga, urubu, mestre do vento
Urubu caçador, mestre do ar
Urutau cantando num lamento
Pra lua redonda navegar
Cão sem dono
Sueli Costa/Paulo César Pinheiro
Transversal do tempo – 1978
É nas noites que eu passo sem sono
Entre o copo, a vitrola e a fumaça
Que ergo a torre do meu abandono
E que caio em desgraça
É nas horas em que a noite faz frio
E a lembrança ao castigo me arrasta
Solidão é o carrasco sombrio
E a saudade a vergasta
Se eu cantar a alegria sai falsa
Se eu calar a tristeza começa
E eu prefiro dançar uma valsa
Que ouvir uma peça
E eu recuo, eu prossigo e eu me ajeito
Eu me omito, eu me envolvo e eu me abalo
Eu me irrito, eu odeio, eu exito
Eu reflito e me calo
Saudosa maloca
Adoniran Barbosa
Transversal do tempo – 1978
Se o sinhô não tá lembrado, dá licença de contar.
Ali onde agora está este adifício arto, era uma casa véia, um palacete assobradado.
Foi aqui seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca, construimo nossa maloca.
Mais um dia – nóis nem pode se alembrá – veio os home co’as ferramenta e o dono mandô derrubá.
Peguemos todas nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição.
Que tristeza que nóis sentia. Cada táuba que caía doía no coração.
Matogrosso quis gritar, mas por cima eu falei: – Os home tá co'a razão. Nóis arranja outro lugar.
Só se conformemo quando o Joca falou: – Deus dá o frio conforme o cobertor.
E hoje nóis pega paia nas grama do jardim. E pra esquecer nóis cantemos assim:
– Saudosa maloca...maloca querida! Dim dim donde nóis passemo os dias feliz da nossa vida.
Querelas do Brasil
Maurício Tapajós/Aldir Blanc
Transversal do tempo – 1978
O Brazil não conhece o Brasil
O Brasil nunca foi ao Brazil
Tapi, jabuti, iliana, alamandra, alialaúde
Piau, ururau, aquiataúde
Piau, carioca, moreca, meganha
Jobim akarare e jobim açu
Oh, oh, oh
Pererê, camará, gororó, olererê
Piriri, ratatá, karatê, olará
O Brazil não merece o Brasil
O Brazil tá matando o Brasil
Gereba, saci, caandra, desmunhas, ariranha, aranha
Sertões, guimarães, bachianas, águas
E marionaíma, ariraribóia
Na aura das mãos do jobim açu
Oh, oh, oh
Gererê,sarará,cururu,olerê
Ratatá, bafafá, sururu, olará
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Tinhorão, urutú, sucuri
O Jobim,sabiá,bem-te-vi
Cabuçu, cordovil, Caxambi, olerê
Madureira, Olaria e Bangu, olará
Cascadura, Água Santa, Pari, olerê
Ipanema e Nova Iguaçu, olará
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
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Meio-termo
Lourenço Baeta/Cacaso
Transversal do tempo – 1978
Ah! como eu tenho me enganado...
Como tenho me matado por ter demais confiado nas evidências do amor.
Como tenho andado certo... como tenho andado errado...
Por seu carinho inseguro... por meu caminho deserto...
Como tenho me encontrado... como tenho descoberto
a sombra leve da morte passando sempre por perto.
E o sentimento mais breve rola no ar e descreve a eterna cicatriz.
Mais uma vez... mais de uma vez...
Quase que fui feliz.
A barra do amor é que ele é meio êrmo.
A barra da morte é que ela não tem meio-termo.
Corpos
Ivan Lins/Vítor Martins
Transversal do tempo – 1978
Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você.
Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você.
Procure saber... procure em você... procure em mim.
Procure em todos... na lama, no lodo, na febre, no fogo.
Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você.
Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você.
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Noves fora
Fagner/Belchior
Elis especial – 1979
Meu Deus!
O que é que eu faço?
Tua beleza tá me carregando pelo braço
Da laranja eu quero um gomo
Do limão quero um pedaço
E da menina mais bonita
Eu quero um beijo e um abraço
É tudo ou nada
Noves fora nada
É tudo ou nada
Noves fora nada
Ja rezei até pro meu santo
Na terra Canindé
Que me dê amor bem grande
Que pequeno não dá pé
É tudo ou nada
Noves fora nada
É tudo ou nada
Noves fora nada
A tua falta somada
A minha vida tão diminuida
Com esta dor multiplicada
Pelo fator despedida
Deixou minha alma muito dividida
Em frações tão desiguais
E desde a hora
Em que você foi embora
Sou um zero e nada mais
Um, dois, três
Ene infinito
Do meu lado esquerdo
É você que é demais
João Bosco/Aldir Blanc
Elis especial – 1979
Vivia entre bordados
Pensativa Violeta
A branca adolescente
De raro encanto e mão frias
Mão fria, coração quente
Quem te botou quebranto
Vivia triste no canto
Passando as contas do terço
São José tirando a barba
Me lembra alguém que eu conheço
Um dia um menino cego
Tocou Violeta e viu
E depois o surdo ouviu
Chagas sumiram, curou-se o coxo
Por obra e graça
De santa Violeta de Belfort Roxo
E,milagre dos milagres
Sem jamais haver provado
O leito nupcial
Violeta deu à luz
Um  bebê de vitral, em meio ao "É hoje só"
Da terça de carnaval
O alentado rebento
Vai se chamar Juvenal
Por sinal o mesmo nome
De um sargento do local
Ou bola ou búlica
João Bosco/Aldir Blanc
Elis especial – 1979
É tanto nem se discute no meio, tou meia tantã, lélé.
Mas ninguém fica pra sempre na frente de "vejo amanhã" pois é.
Barba, cabelo, bigode, na marra você me arrancou, mas quem
tem cabelinho na venta, não senta, não vai nesse andor, morou?
Chega, já foi tempo do "tá louca"
Chega, dá o fora que eu tou nas bocas
Chega, eu nunca mais dormi de touca
Chega eu nunca mais, nunca mais
Selo, carimbo, estampilha no centro da cuca eu levei, calei.
Mas sou marraio no jogo, no tronco ferido eu sou rei, falei.
Tempo há pro tabibitati sotaque só falta engasgar, porque
é bola ou búlica, é fogo esse jogo, não dá pra enganar, nêga.
Dá o fora sua louca.
Eu nunca mais vou dormir de touca.
Credo
Milton Nascimento/Fernando Brant
Elis especial – 1979
Caminhando pela noite de nossa cidade
Acendendo a esperança e apagando a escuridão
Vamos, caminhando pelas ruas de nossa cidade
Viver derramando a juventude pelos corações 
Tenha fé no nosso povo que ele resiste
Tenha fé no nosso povo que ele insiste
E acorda novo, forte, alegre, cheio de paixão
Vamos,caminhando de mãos dadas com a alma nova
Viver semeando a liberdade em cada coração
Tenha fé no nosso povo que ele acorda 
Tenha fé em nosso povo que ele assusta
Caminhando e vivendo com a alma aberta
Aquecidos pelo sol que vem depois do temporal
Vamos, companheiros pelas ruas de nossa cidade
Cantar semeando um sonho que vai ter de ser real
Caminhemos pela noite com a esperança
Caminhemos pela noite com a juventude
Dinorah, Dinorah
Ivan Lins/Vítor Martins
Elis especial – 1979
Quando a turma reunia alguém sempre pedia
Ah, Dinorah, Dinorah
E o malandro descrevia e logo já se via
É, Dinorah, Dinorah
E até que ela chegasse a um motel de classe
Ui, Dinorah, Dinorah
Dava um frio na barriga e pé pra muita briga
Ui, Dinorah, Dinorah
E nos espelhos ela se despe
Dança nos olhos uma chacrete
E o pessoal na pior: repete!
Mas o verdadeiro fato está dentro do quarto
Ui, Dinorah, Dinorah
Ele abre o seu armário e vê no calendário
É, Dinorah, Dinorah
E se abraça em frente a ela, o terno, o corpo dela
Ui, Dinorah, Dinorah
Desenhando na lapela a boca, o beijo dela
Ah, Dinorah, Dinorah
Violeta de Belford Roxo
67

Joana francesa
Chico Buarque
Elis especial – 1979
Tu ris, tu mens trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dance dans mes bras
Vem, moleque me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise
Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Bodas de prata
João Bosco/Aldir Blanc
Elis especial – 1979
Luz das estrelas – 1984
Você fica deitada de olhos arregalados
Ou andando no escuro de peignoir
Não adiantou nada
Cortar os cabelos e jogar no mar
Não adiantou nada o banho de ervas
Não adiantou nada o nome da outra
No pano vermelho pro anjo das trevas
Ele vai voltar tarde cheirando à cerveja
Se atirar de sapatos na cama vazia
E dormir na hora mormurando: "Dora"
Mas você é Maria
Você fica deitada com medo do escuro
Ouvindo bater no ouvido
O coração descompassado
É o tempo,Maria,te comendo feito traça
Num vestido de noivado
Entrudo
Carlos Lyra
Elis especial – 1979
Vem, oh minha amada
Desce a estrada de rainha
Num passo de rancho corre o manto
No medo e espanto morre minha alegria
Vem, oh, fantasia
Arrasta a saia, rasga o dia
Meu passo é o compasso na avenida
Teu riso que dança,trança, triste e sofrido
Se meu abandono
Em cinzas frias amanhece
Mas o sangue não se cansa
Não se esquece de chamar
E eu abro alas, jogo lanças
Serpentinas de cores feridas
E rompo estandartes na avenida em dor
Sem céu, sem luz, sem sol, sem cor
Mas vem, ou tudo ou nada
Meu entrudo, minha espera
Meus campos de guerra,vem amada
De tanto que eu chamo,canto,peço e preciso
Bonita
Tom Jobim/Gene Lees/Ray Gilbert
Elis especial – 1979
What can I say to you Bonita 
What magic words would capture you 
Like a soft evasive mist you are Bonita 
You fly away when love is new 
What do you ask of me Bonita 
What part do you want me to play 
Shall I be the clown for you Bonita 
I will be anything you say 
Bonita 
Don't run away Bonita 
Bonita 
Don't be afraid to fall in love with me 
I love you 
I tell you I love you,
Bonita 
If you love me 
Life will be beautiful 
Bonita,Bonita
68

Valsa rancho
Francis Hime/Chico Buarque
Elis especial – 1979
Valsa, rancha
Me faz esquecer
Esperar
Em mil lágrimas
Mil lágrimas
Mil lágrimas
Valsa, rancha
Me faz responder
Transbordar
Em mil lágrimas
Mil lágrimas
Mil lágrimas
Mil abraços
Mil fracassos
Meu delírio
Teus pedaços
Teu calor
Seja feito
Teu desejo
Seja um beijo
Seja como for
Quantos braços
Mil regaços
Mil e um noites
Faz um outra vez
Como se ainda fosse
Como é doce
Como você fez
Me valsa
Me rancha
Me faz
Me deixa
Que criança
Que esperança
Que prazer
Que saudade
Que maldade
Piedade
Que fartura
Que loucura
Que cruel tortura
Nos carinhos teus
Minha santa criatura
Diz que jura
Pela mãe de Deus
Valsa, rancha
Me faz desfazer
Descansar
De mil lágrimas
Mil lágrimas
Mil lágrimas
Valsa rancha
Me faz duvidar 
Delirar
Prometer
Desatar
Responder
Transbordar
Devolver
Me acabar
Devagar
Desmaiar
Com você
Deixa o mundo e o sol entrar
Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle
Elis especial – 1979
De repente, vejo bem
Eu sou alguém com medo de viver
Sou prisioneiro das coisas que eu amei
Mas não tem sentido estar na vida
Preso a quem não quero mais
De outro lado está você
Nessas promessas vou, quase sem ver
Que esse amor aflito, guardado só pra nós
De tão grande já não dá no quarto
Pede o mundo e a luz do sol
Meu passado já morreu
Quem veio dele, sei, vai me entender
Que o amor existe enquanto há paixão
Siga minha amiga pela vida
E que eu viva um novo amor
De outro lado estamos nós
Sem compromissos, vem, sem lar, sem lei
Siga minha amante enquanto houver amor
Abre as portas todas deste quarto
Deixa o mundo e o sol entrar
Cai dentro
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Essa mulher – 1979
Montreaux Jazz Festival – 1982
Até que eu vou gostar 
Se de repente combina da gente se cruzar 
Ora, veja só, pois é, pode apostar 
Se você gosta de samba, encosta e ve se dá
Vem
Pode chegar 
Que vai ter 
De balancear 
De bambolear 
E aqui no mocó 
Tem que dizer no gogó
Pois é, vem 
Tem que dar nó, vem 
Rebolar, remexer, requebrar, vem 
Bota a baiana pra rodar 
De cima em baixo eu quero ver 
Não sossego o facho até acabar 
Diz que isso é com você 
Quaquaquá-quará-quaquá 
Tem nêgo querendo lhe gozar 
E logo prá cima de “moi”
E é por isso que nao tem colher de chá... Não dou 
Nem vem na cola,que se entrar de sola vai dançar 
E é prá nunca mais você poder falar
Que dá na bola porque na bola você não dá.Viu?
69

João Bosco/Aldir Blanc
Essa mulher – 1979
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A lua, tal qual a dona de um bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens, lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil
Meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora a nossa pátria,mãe gentil
Choram Marias e Clarices
No solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar
Essa mulher
Joyce/Ana Terra
Essa mulher – 1979
De manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah, como essa santa não se esquece
De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão
Depois sorri meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz
De tardezinha essa menina se namora
Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia,qualquer dia, entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah,como essa louca se esquece 
Quanto os homens enlouquece nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em quem esbarro a toda hora no espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz que acha tudo natural
Basta de clamares inocência
Cartola
Essa mulher – 1979
Basta de clamares inocência
Eu sei todo o mal que a mim você fez
Você desconhece consciência
Só deseja o mal a quem o bem te fez
Basta! Não ajoelhes, vá embora
Se estás arrempedido
Vê se chora
Quando você partiu
Me disse chora
Não chorei
Caprichosamente fui esquecendo
Que te amei
Hoje me encontras tão alegre e diferente
Jesus não castiga um filho que está inocente
Basta não ajoelhes, vá embora 
Se estás arrependida 
Vê se chora
Beguine dodói
João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei
Essa mulher – 1979
Olha, meu bem
O que restou daquele grande herói
Sem ter amor,enlouqueci e ando dodói
Como Tarzan depois da gripe,
De emplastro sabiá
Tomando cana nos botequins
Eu vou me acabar
Espremo cravos defronte ao espelho
Lembrando você
Faço novena, tomo gemada
Ah, não dá mais!
Julio Lousada que me socorra
Nessa aflição mortal
Maracujina já não resolve
Ao recordar
Meias fumê, ligas vermelhas e um olhar fatal
Minha Dalila, volta depressa
Que o teu Sansão tá mal
70
O bêbado e a equilibrista

Eu,heim,Rosa!
João Nogueira/Paulo César Pinheiro
Essa mulher – 1979
Eu, hein, rosa!
Se manca, segura essa banca de escrupulosa
Eu, hein, rosa!
O meu jogo é na retranca, área muito perigosa
Você parece que nem lembra mais de tempos atrás
A tua figura era vergonhosa
Eu me reparti querendo reconstituir
A quem hoje me vira o rosto assim
Mas eu nem me abalo
Você vai cair do cavalo
Quando precisar de mim
Eu, hein, rosa!
Vem mansa porque a contradança é mais audaciosa
Eu, hein, rosa!
Apela pra ignorancia é coisa indecorosa
Acho que estou é forçando demais as cordas vocais
Você naõ merece um dedo de prosa
E pra resumir,faço questão de conferir
Se se quebra ou não um vaso ruim
Saia no pinote
Senão vai ser de camarote
Que eu vou assistir seu fim
Altos e baixos
Sueli Costa/Aldir Blanc
Essa mulher – 1979
Foi, quem sabe, esse disco
Esse risco de sombra em teus cílios
Foi ou não meu poema no chão
Ou talvez nossos filhos
As sandálias de saltos tão altos
O relógio batendo, o sol posto, o relógio
As sandálias, e eu bantendo em teu rosto
E a queda dos saltos tão altos
Sobre os nossos filhos
Com um raio de sangue no chão
Do risco em teus cílios
Foram discos demais, desculpas demais
Já vão tarde essas tardes e mais tuas aulas
Meu táxi, whisky, Dietil, Diempax
Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos
O amor quando traz tanta vida
Bolero
de
satã
Guinga/Paulo César Pinheiro
Essa mulher – 1979
Você penetrou como o sol da manhã
E em nós começou uma festa pagã
Você libertou em você a infernal cortezã
E em mim despertou esse amor
Atormentado e mal de Satã
Você me deixou como o fim da manhã
E em mim começou esse angústia, esse afã
Você me plantou a paixão imortal e mal sã
Que se enraizou e será meu maldito final amanhã
E agora me aperta a aflição
De chorar louca e só de manhã
É a seta do arco da noite
Sangrando-me agora
São lágrimas, sangue, veneno
Correndo no meu coração
Formando-me dentro esse pântano de solidão
Tunai/Sérgio Natureza
Essa mulher – 1979
Saudade do Brasil – 1980
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
Se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas
São o alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam,aos que odeiam e aos que amam
Poque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve,cobrindo a pele,vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer,não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer,senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor
71
As aparências enganam

Pé sem cabeça
Danilo Caymmi/Ana Terra
Essa mulher – 1979
Você me fez sofrer
Ninguém me faz sofrer assim
O que era tanta beleza
Num pé sem cabeça, você transformou
Mas você onde está
Não me viu, não será?
Que teu sono vai ter paz
Se meu rosto se acender, brilhar
Se teu olho te trair, não vai durar
Seu porto seguro, seu lugar comum
Você navegando pra lugar nenhum
Quem sabe de tudo
Não sabe o seu fim
Mas eu não me quero fugindo daqui
Também não te deixo zombando de mim
Quem sabe de tudo não sabe seu fim
Rebento
Gilberto Gil
Elis – 1980
Vento de maio – 1981
Montreaux Jazz Festival – 1982
Rebento, substantivo abstrato
O ato, a criação e o seu momento
Como uma estrela nova e o seu barato
Que só Deus sabe lá no firmamento
Rebento, tudo que nasce é rebento
Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra
Rebento raro, como flor na pedra
Rebento farto, como trigo ao vento
Outras vezes rebento simplesmente
No presente do indicativo
Como a corrente de uma cão furioso
Com as mãos de um lavrador ativo
Ás vezes mesmo perigosamente
Como acidente em forno radioativo
Ás vezes só porque fico nervosa 
Eu Rebento 
Ou necessariamente só por que estou vivo
Rebento, a reação imediata 
A cada sensação de abatimento 
Eu Rebento,o coração dizendo bata 
A cada bofetão do sofrimento 
Eu Rebento, como um trovão dentro da mata 
E a imensidão do som desse momento
No céu da vibração
Gilberto Gil
1980
Os homens são mortais
Todos os animais
Os vegetais também o são
Como será
Não ser assim?
Não precisar
O começo, o meio, o fim
A encarnação, Deus?
Como será
Não estar aqui nem lá
E tão somente andar ao léu
No céu da vibração?
Para os olhos,fez-se a cor
Para os ouvidos, o som
Para os corações,o fogo do amor
E para os puros, o que é bom
Só me resta agradecer
E aguardar a ocasião
De tão somente andar ao léu
No céu da vibração
72

O medo de amar é o medo de ser livre
Beto Guedes/Fernando Brant
Elis – 1980
Vento de maio – 1981
Trem azul – 1982
O medo de amar é o medo de ser 
Livre para o que der e vier 
Livre para sempre estar onde o justo estiver 
O medo de amar é o medo de ter 
De a todo momento escolher 
Com acerto e precisão a melhor direção 
O sol levantou mais cedo e quis 
Em nossa casa fechada entrar 
Prá ficar 
O medo de amar é não arriscar 
Esperando que façam por nós 
O que é nosso dever: recusar o poder 
O sol levantou mais cedo e cegou 
O medo nos olhos de quem foi ver 
Tanta luz
Aprendendo a jogar
Guilherme Arantes
Elis – 1980
Vento de maio – 1981
Trem azul – 1982
Vivendo e aprendendo a jogar
Vivendo e aprendendo a jogar
Nem sempre ganhando
Nem sempre perdendo
Mas, aprendendo a jogar
Água mole em pedra dura
Mas vale que dois voando
Se eu nascesse assim pra lua
Não estaria trabalhando
Mas em casa de ferreiro
Quem com ferro se fere é bobo
Cria a fama, deita na cama
Quero ver o berreiro na hora do lobo
Quem tem amigo cachorro
Quer sarna para se coçar
Boca fechada não entra besouro
Macaco que muito pular quer dançar
Só Deus é quem sabe
Guilherme Arantes
Elis – 1980
Vento de maio – 1981
Não, não sei guardar ressentimeto
Eu hoje lembro com ternura cada momento
Promessas de nós dois naqueles dias
O tempo transformou-as em palavras vazias
Ás vezes a paixão nos traiu
Ás vezes foi a voz que mentiu
Mas nada disso importa
O que vale é o que sorte escreveu
Só Deus é quem sabe do amor
Eu não sei nada 
Só sei que a vida nos prepara cada cilada
E é inútil se tentar fugir da longa estrada
O trem azul
Lô Borges/Ronaldo Bastos
Elis – 1980
Vento de maio – 1981
Trem azul – 1982
Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento tem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar
Você pega o trem azul
O sol na cabeça
Você pega o trem azul
Você na cabeça
O sol na cabeça
Sai dessa
Natan Marques/Ana Terra
Elis – 1980
Vento de maio – 1981
Trem azul – 1982
Sonhei que existia uma avenida
Sem entrada e sem saída pra gente comemorar
Toda hora, todo dia, toda vida
Na tristeza e na alegria, sem platéia e sem patrão
Hoje eu sonhei que cerveja sai da bica
No banheiro não tem fila nem existe contramão
Que o trabalho é ali na nossa esquina
E depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão
Sonhei,como faço todo dia
Como você não sabia, meu senhor não levo a mal
A beleza,o amor, a fantasia
O que tece e o que desfia não se aprende no jornal
Hoje eu sonhei, mas não vou pedir desculpas
E nem vou levar a culpa de ser povo e ser artista
Sem essa, moço, por favor não crie clima
Seu buraco é mais embaixo,nosso astral é mais em cima
Nova estação
Luiz Guedes/Thomas Roth
Elis – 1980
Vento de maio – 1981
Nova esperança
Bate coração
Renascer cada dia com a luz da manhã
Despertar sem medo
Enganar a dor
Disfarçar essa mágoa que anda solta no ar
Ter que acreditar no regresso da estação
Como o sol volta a brilhar, como as chuvas de verão
Ter que acreditar só pra ter razão
De sonhar mais uma vez
Nova esperança
Bate coração
Renascer cada dia com a luz da manhã
Semear a terra
Certo de colher da semente o fruto
Depois descansar
73

Vento de maio
Telo Borges/Márcio Borges
Elis – 1980 (Com Lô Borges)
Vento de maio – 1981 (Com Lô Borges)
Trem azul – 1982
Vento de raio
Rainha de maio
Estrela cadente
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio, valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
Rainha de maio valeu a viagem
Agora já não dá mais
Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção
(Vento solar e estrela do mar…)
Sol, girassol, e meus olhos ardendo de tanto cigarro
E quase que eu me esqueci
Que o tempo não pára, nem vai esperar
Vento de maio
Rainha dos raios de sol
Vá no teu pique estrela cadente até nunca mais
Não te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez
Nem lembro teu nome nem sei
Estrela qualquer lá no fundo do mar
Vento de maio
Rainha dos raios de sol
Rainha de maio, valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
74

75
Pra que que eu fui lembrar dos óio dele
Jabuticaba madura
Coração cabeça-dura
Teima, bate até que fura
Desconjura e negaceia
Feito lobo em lua cheia
Na cadeia desse olhar
Que arrepia, esfria e me dá
Taquicardia, falta de ar
É o coração que desde pro calcanhar de aquiles
Doce suplício do amor
Faquires tiram partido da dor 
Que bate, come e repinica
Feito fome de lumbriga
Na barriga da miséria
Coração cabeça velha
Me virando do avesso
Inventei qualquer pretexto
Fui pedir para voltar
Cheguei no prédio, errei de andar
No elevador um gordo me dá
Um pisão no calo que me enxotou de lá
Mancando
Sei que esse amor vai ficar sangrando 
No peito e no calcanhar de aquiles 
Doce suplício do amor 
Faquires tiram partido da dor 
Que dá lembrar dos olhos dele
Alô, alô marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down no high society!
Alô, alô marciano
A crise tá virando zona
Cada um por si, todo mundo na lona
E lá se foi a mordomia
Tem muito rei aí pedindo alforria porque
Tá cada vez mais down no high society!
Alô, alô marciano
A coisa tá ficando ruça
Muita patrulha, muita bagunça
O muro começou a pichar
Tem sempre um aiatolá prá atolá,Aláh!
Tá cada vez mais down no high society!
Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas agüenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria,Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de 7 chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção
Que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
Calcanhar
de Aquiles
Jean Garfunkel/Paulo Garfunkel
Elis – 1980
Vento de maio – 1981
Maria
Maria
Milton Nascimento
Saudade do Brasil – 1980
Trem azul – 1982
Montreaux Jazz Festival – 1982
Alô alô
marciano
Rita Lee/Roberto de Carvalho
Saudade do Brasil – 1980
Trem azul – 1982 Canção da
América
Milton Nascimento/Fernando Brant
Saudade do Brasil – 1980
Trem azul – 1982

Sueli Costa/Abel Silva
Saudade do Brasil – 1980
Quero cantar pra você
Segunda-feira de manhã
Pelo seu rádio de pilha tão docemente
E te ajudar a encarar esse dia mais facilmente
Quero juntar minha voz matinal
Aos restos dos sons noturnos
E aos cheiros domingueiros que ainda boiam
Na casa e em você
Para que junto com o café e o pão se dê
O milagre de ouvir latir o coração
Ou quem sabe algum projeto, uma lembrança
Uma saudade à toa
Venha nascendo com o dia numa boa
E estar com você na primeira brasa do cigarro
No primeiro jorro da torneira
Nos primeiros aprontos de um guerreiro de manhã
Para que saias com alguma alegria bem normal
Que dure pelo menos até você comprar e ler
O primeiro jornal
Juca Chaves
Saudade do Brasil – 1980
Bossa Nova mesmo é ser Presidente
Desta terra descoberta por Cabral,
Para tanto basta ser tão simplesmente
Simpático, risonho, original.
Depois desfrutar da maravilha
De ser o Presidente do Brasil,
Voar da velha capta Brasília
Ser alvorada e voar de volta ao rei.
Voar, voar, voar,
Voar, voar pra bem distante
A que versales onde duas mineirinhas valsinhas
Dançam como duas debutantes, interessante...
Mandar parente a jato pro dentista,
Almoçar com o tenista campeão,
Também poder ser um grande artista exclusivista
Tomando com Dilermando umas aulinhas de violão.
Isto é viver como se aprova,
É ser um Presidente Bossa Nova,
Bossa Nova,muito nova,nova mesmo,ultranova.
Fátima Guedes
Saudade do Brasil – 1980
Montreaux Jazz Festival – 1982
Por engano, vingança ou cortesia
Tava lá morto e posto,um desgarrado
Onze tiros fizeram a avaria
E o morto já tava conformado
Onze tiros e não sei porque tantos
Esses tempos não tão pra ninharia
Não fosse a vez daquele um outro ia
Deus o livre morrer assassinado
Pro seu santo não era um qualquer um
Três dias num terreno abandonado
Ostentando onze fitas de Ogum
Quantas vezes se leu só nesta semana
Essa história contada assim por cima
A verdade não rima
A verdade não rima
A verdade não rima
Onze fitas
Agora tá
O primeiro jornal
Tunai/Sérgio Natureza
Saudade do Brasil – 1980
Montreaux Jazz Festival – 1982
Já que tá aí
Pela metade, mas tá
Melhor cuidar pra peteca não cair
Pra não deixar escapulir
Como água no ralo
Aquilo que já fez calo
Doeu feito joanete
Castigou nosso cavalo
Cortou como canivete
Feriu, mexeu, mixou
Nunca comeu melado
Vai lambuzar
Se vacilar pode cantar pra subir
Porque não dá pra começar
Todo rolo de novo
Se o bolo fica sem ovo
Se a massa não tem fermento
Se não cozinhar por dentro
Vai tudo por água abaixo
Eu acho,acho,acho que agora tá
Quase no ponto tá
No ponto de provar
Eu acho que agora tá
No ponto de solar
Acho que agora tá
pra lá de pronto tá
acho que agora tá
acho que agora tá
já que tá aí
76
Presidente
bossa nova

Jerônimo Jardim/Ivaldo Roque
Saudade do Brasil – 1980
Quando te prendo na cadeia dos abraços
E te torturo, e te sufoco em meus braços
E te fuzilo com os olhos do desejo
Te mordendo no gosto do  meu beijo
Quando te arranho, te lanho de ternura
Vertendo sangue do teu corpo de malícia
Quando te xingo com palavras obcenas
Como jurasse as juras mais serenas
Quando me vingo dos males que me fazes
Com frazes de maldade e veneno
Sinto, meu amor, que o amor é isso
Essas coisas muito fora de juízo
Marambaia
Henricão/Rubens Campos
Saudade do Brasil – 1980
Eu tenho uma casinha lá na Marambaia
Fica na beira da praia só vendo que beleza
Tem uma trepadeira que na primavera
Fica toda florescida de brincos de princesa
Quando chega o verão eu sento na varanda
Pego o meu violão e começo a cantar
E o meu moreno fica sempre bem disposto
Senta ao meu lado e começa a cantar
Quando chega a tarde um bando de andorinhas
Voa em revoada fazendo verão
E lá na mata o sabiá gorjeia
Linda melodia pra alegrar meu coração
Às seis horas o sino da capela
Toca as badaladas da Ave-Maria
A lua nasce por detrás da serra
Anunciando que acabou o dia
Menino
Milton Nascimento/Fernando Brant
Saudade do Brasil – 1980
Quem cala sobre teu corpo
Consente na tua morte
Talhada a ferro e fogo
Nas profundezas do corte
Que a bala riscou no peito
Quem cala morre contigo
Mais morto que estás agora
Relógio no chão da praça
Batendo, avisando a hora
Que a raiva traçou no tempo
No incêndio repetido
O brilho do teu cabelo
Quem grita vive contigo
Mundo novo
Luiz Gonzaga Jr.
Saudade do Brasil – 1980
Vou buscar um mundo novo, vida nova
E ver se dessa vez faço um final feliz
Deixar de lado aquela velha história
O verso usado, o canto antigo
Vou dizer adeus
Fazer de tudo e todos mera lembrança
Deixar de ser só esperança
E por minhas mãos lutando
Me superar
Vou rasgar no tempo
O meu próprio caminho
E, assim, abrir meu peito ao vento
Me libertar
De ser somente aquilo que se espera
Em forma, jeito, luz e cor
E vou...
Vou pegar um mundo novo,vida nova
Vou buscar um mundo novo,vida nova
Vida nova
77
Moda de sangue

Aos nossos filhos
Ivan Lins/Vítor Martins
Saudade do Brasil – 1980
Perdoem a cara amarrada
Perdoem a falta de abraço
Perdoem a falta de espaço
Os dias eram assim
Perdoem por tantos perigos
Perdoem a falta de abrigo
Perdoem a falta de amigos
Os dias eram assim
Perdoem a falta de folhas
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha
Os dias eram assim
E quando passarem a limpo
E quando cortarem os laços
E quando soltarem os cintos
Façam a festa por mim
Quando lavarem a mágoa
Quando lavarem a alma
Quando lavarem a água
Lavem os olhos por mim
Quando brotarem as flores
Quando crescerem as matas
Quando colherem os frutos
Digam o gosto pra mim
Sabiá
Tom Jobim/Chico Buarque
Saudade do Brasil – 1980
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Cantar uma sabiá
Vou voltar,
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra de uma palmeira
Que já não há
Colher a flor que já não dá
E algum amor, talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos de me enganar
Como fiz enganos de me encontrar
Como fiz estradas de me perder
Fiz de tudo e nada de te esquecer
O pequeno exilado
Raul Ellwanger
Raul Ellwanger – 1980
Navegas, navegas, navegas
Lá do outro lado do oceano
Na palma da mão já carrega
Vinte m il léguas de sonhos
Seguingo teu pai que te leva
A bordo dos teus nove anos
Pequeno exilado sem pátria
Navegas teu barco de enganos
Navegas teus olhos molhados
Na capital dos franceses
Carregas teus olhos chorados
Contando dias e meses
Menino crescido sem terra
Teu único plano primeiro
É ver terminar tanta espera
É ser cidadão brasileiro
Guerreiro do bairro da Glória
Doende do bairro Floresta
Vem cá conhecer nossa história
Malandros, calçadas e festas
Só quero te ver na cidade
Cantando em bom Português
Canções de gritar liberdade
Daquela que usa o Francês
Vou me embora vou me embora…
78

Luiz Gonzaga Jr.
Saudade do Brasil – 1980
Como se fora brincadeira de roda     memória
Jogo do trabalho na dança das mãos     macias
O suor dos corpos na canção da vida     história
O suor da vida no calor de irmãos     magia
Como um animal que sabe da florestamemória
Redescobrir o sal que está na própria pele,macia
Redescobrir o doce no lamber das línguasmacias
Redescobrir o gosto e o sabor da festamagia
Vai o bicho homem fruto da semente     memória
Renascer da própria força, própria luz e fé     memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós     história
Somos a semente, ato, mente e voz     magia
Não tenha medo, meu menino bobo,memória
Tudo principia na própria pessoabeleza
Vai como a criança que não teme o tempomistério
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dormagia
Como se fora brincadeira de roda     memória
Jogo do trabalho na dança das mãos     macias
O suor dos corpos na canção da vida     história
O suor da vida no calor de irmãos     magia
Redescobrir
79

O que foi feito devera (de Vera)
Milton Nascimento/Fernando Brant
Clube da Esquina 2 – 1978 (Com Milton Nascimento)
Saudade do Brasil – 1980
Vento de maio – 1981 (Com Milton Nascimento)
Trem azul – 1982
O que foi feito,amigo,de tudo que a gente sonhou?
O que foi feito da vida,o que foi feito do amor?
Quisera encontrar
Aaquele verso menino que escrevi
Há tantos anos atrás
Falo assim com saudade,falo assim por saber
Se muito vale o já feito,mas vale o que será
Mas vale o que será
E o que foi feito é preciso conhecer
Para melhor prosseguir
Falo assim sem tristeza,falo por acreditar
Que é cobrando o que fomos que nós iremos crescer
Nós iremos crescer
Outros outubros virão,outras manhãs
Plenas de sol e de luz
Alertem todos alarmas que o homem que eu era voltou
A tribo toda reunida,ração dividida ao sol
De nossa Vera Cruz
Quando o descanso era luta pelo pão
E aventura sem parar
Quando o cansaço era rio e rio qualquer dava pé
E a cabeça rodava num gira-girar de amor
E até mesmo a fé
Não era cega nem nada
Era só núvem no céu e raiz
Hoje essa vida só cabe na palma da minha paixão
Devera nunca se acabe,abelha fazendo o seu mel
No pranto que criei
Nem vá dormir como pedra
E esquecer o que foi feito de nós
Outro cais
Marilton Borges/Duca Leal
Os Borges – 1980
Vento de maio – 1981
Me atraiu o teu canto
Respirei o teu ar
Te arranquei do teu cais
Me lancei no teu mar
Te cobri com meu manto
Descansei nessas ondas
Misturamos nosso sangue
Juntos fomos dançar
Na baixa do sapateiro
Ary Barroso
Montreaux Jazz Festival – 1982
Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um dia
O moreno mais folgado da Bahia
Pedi-lhe um beijo, não deu
Um abraço, sorriu
Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu
Bahia,terra da felicidade
Moreno, eu ando louca de saudade
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outro moreno igualzinho pra mim
Oh! amor, ai
Amor bobagem que a gente não explica, ai ai
Prova um bocadinho, ô
Fica envenenado, ô
E pro resto da vida é um tal de sofrer
Ôlará, ôlerê
Ô Bahia
Bahia que não me sai do pensamento
Faço o meu lamento, ô
Na desesperança, ô
De encontrar nesse mundo
Um amor que eu perdi na Bahia, vou contar
Ô Bahia
Bahia que não me sai do pensamento
Tiro ao álvaro
Adoniran Barbosa/Oswaldo Moles
Adoniran e convidados – 1980
Vento de maio – 1981
De tanto levar frechada do teu olhar
Meu peito até parece, sabe o que? 
Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar 
Teu olhar mata mais do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais 
Que atropelamento de automóver
Mata mais que bala de revórver 
80

Se eu quiser falar com Deus
Gilberto Gil
Vento de maio – 1981
Trem azul – 1982
Se eu quiser falar com Deus 
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós dos sapatos
Da gravata
Dos desejos
Dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus 
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão 
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão dos palácios
Dos castelos suntuosos dos meus sonhos
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus 
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus 
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas
Caminhar decidido 
Pela estrada que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada,nada,nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Cobra criada
João Bosco/Paulo Emílio
Montreaux Jazz Festival – 1982
Suco de sururucu
Diga lá jacu
Cutia comadre
Posta de pirarucu
Diga lá caju
Barata cascuda
Gruta de veiúva negra
Caranguejeira
Saúva coruja
Rastro de jararucu
Jararacoral
Piranha calunga
Diaba de banda retrai
De carataí
Traíra de dente de dá
E cada dentada que dá
Cascudo cará
Purús juruá
Mordida no maracujá
De cobra criada no mar
Chocalha no cadê você
Sussurra no bote que dá
Curare de cobra suga e sai
Picada de cobra amor não dói
A corujinha
Toquinho/Vinícius de Morais
A arca de noé – 1980
Corujinha, corujinha 
Que peninha de você 
Fica toda encolhidinha 
Sempre olhando não sei que 
O teu canto de repente 
Faz a gente estremecer 
Corujinha, pobrezinha 
Todo mundo que te vê 
Diz assim, ah! coitadinha 
Que feinha que é você 
Quando a noite vem chegando 
Chega o teu amanhecer 
E se o sol vem despontando 
Vais voando te esconder 
Hoje em dia andas vaidosa 
Orgulhosa com quê 
Toda noite tua carinha 
Aparece na TV 
Corujinha, corujinha 
Que feinha que é você!
81

Garota de Ipanema
Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Ing. Norman Gimbel
Montreaux Jazz Festival – 1982
Olha, que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela, menina, que vem e que passa
Num doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado
É mais que um poema
É a coisa mais linda
Que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah,por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor
Girl from Ipanema
Tall and tan and young and lovely
The girl from ipanema goes walking
And when she passes, each one she passes goes – ah
When she walks, she’s like a samba
That swings so cool and sways so gentle
That when she passes, each one she passes goes – ooh
(ooh
How can I tell her I love her
Yes I would give my heart gladly
But each day, when she walks to the sea
She looks straight ahead,not at me
Tall, (and
The girl from ipanema goes walking
And when she passes, I smile – but she doesn’t see (doesn’t see)
(she just doesn’t see, she never sees me,...)
Asa branca
Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira
Montreaux Jazz Festival – 1982
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a meu Deus do Céu
Porque tamanha judiação
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Entonce eu disse:“Adeus Rosinha,
Guarda contigo meu coração”
Fé cega,faca amolada
Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
Montreaux Jazz Festival – 1982
Agora eu não pergunto mais aonde vai a estrada 
Agora eu não espero mais aquela madrugada 
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser, faca amolada 
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada 
Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranqüilo 
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranqüilo 
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, faca amolada 
Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada 
Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia 
Beber o vinho e renascer na luz de cada dia 
A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada 
O chão, o chão, o sal da terra o chão, faca amolada 
Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia 
Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia 
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranqÄilo 
Um brilho cego de paixão e fé,faca amolada
82

Me deixas louca
Armando Manzanero/Vs. Paulo Coelho
Trem azul – 1982
Quando caminho pela rua lado a lado com você
Me deixas louca
E quando escuto o som alegre do teu riso
Que me dá tanta alegria, me deixas louca
Me deixas louca quando vejo mais um dia
Pouco a pouco entardecer
E chega a hora de ir pro quarto escutar
As coisas lindas que começas a dizer
Me deixas louca
Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague
Me deixas louca
Quando transmites o calor de tuas mãos
Pro meu corpo que te espera
Me deixas louca
E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço
Você me abraça,a noite passa
E me deixas louca
Sinto os teus braços se cruzando em minhas costas
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
E me deixas louca
Lança perfume
Rita Lee/Roberto de Carvalho
Trem azul – 1982
Lança,lança perfume
Lança, lança perfume
Lança menina
Lança todo este perfume
Desbaratina
Não dá pra ficar imune
Ao seu amor
Que tem cheiro de coisa maluca
Vem cá meu bem
Me descola uma carinho
Eu sou néném
Só sossego com beijinho
E ve se me dá
O prazer de ter prazer comigo
Me aqueça
Me vira de ponta cabeça
Me faz de gato e sapato e
Me deixa de quatro no ato
Me enche de amor ,de amor 
Lança,lança pefume
oh oh oh oh lança, lança perfume
Lança perfume
Mancada
Gilberto Gil
Montreaux Jazz Festival – 1982
O dinheiro que eu lhe dei 
Pro tamborim 
Não vá gastar 
Depois jogar a culpa em mim 
O dinheiro que eu lhe dei 
Não é meu, não 
É da escola 
Por favor, não mete a mão 
Você lembra muito bem 
No outro carnaval 
Você chorou porque não pôde desfilar 
A fantasia que eu mandei você comprar 
Não ficou pronta
Porque o dinheiro que eu lhe dei pra costurar 
Você (hum,hum)...
Eu nem vou dizer pra não lhe envergonhar 
Samba dobrado
Djavan
Montreaux Jazz Festival – 1982
Vai ser pior ainda quando amanhecer
Tudo que se tem pra cantar
Não pra embalar nem pra devolver
O direito de escolher
A música melhor para se dançar
Quem faz parte dessa cena pode rodar
Pra cumprir a mesma pena
Não é preciso ensaiar
Tá combinado
Basta aprender a sambar dobrado
Valsa de Eurídice
Vinícius de Morais
Trem azul – 1982
Tantas vezes já partiste
Que chego a desesperar
Chorei tanto, estou tão triste
Que já nem sei mais chorar
Oh, meu amado, não parta
Não parta de mim
Oh, uma partida que não tem fim
Não há nada que conforte
A falta dos olhos teus
Pensa que a saudade
Pode matar-me
Adeus
83

Imagino-te já idosa,
Frondosa toda a folhagem,
Multiplicada a ramagem
De agora.
Tendo tudo transcorrido,
Flores e frutos da imagem
Com que faço essa viagem
Pelo reino do teu nome,
Oh, Flora!
Imagino-te jaqueira
Prostrada à beira da estrada
Velha, forte, farta, bela
Senhora.
Pelo chão, muitos caroços,
Como que restos dos nossos
Próprios sonhos devorados
Pelo pássaro da aurora,
Oh, Flora!
Imagino-te futura,
Ainda mais linda, madura,
Pura no sabor de amor e
De amora.
Toda aquela luz acesa
Na doçura e na beleza,
Terei sono, com certeza,
Debaixo da tua sombra,
Oh, Flora!
84 Flora
Gilberto Gil
Trem azul – 1982

Aqui é o país do futebol
Milton Nascimento/Fernando Brant
Trem azul – 1982
Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
olha o sambão aqui é o país do futebol
No fundo desse país
Ao longo das avenidas
Nos campos de terra e grama
Brasil só é futebol
Nestes noventa minutos 
De emoção e alegria
Esqueço a casa e o trabalho
A vida fica lá fora
A fome fica lá fora
Dinheiro fica lá fora
A cama fica lá fora
Família fica lá fora
A vida fica lá fora
E tudo fica lá fora...
(Texto de Fernando Faro)
“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim...
Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas.
Um quadro de impulsos, um processamento de sinais.
E assim – dizem – recontam a vida.
Agora retiram de mim a cobertura da carne.
Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos.
E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.
Um rascunho...
Um forma nebulosa, feita de luz e sombra.
Como uma estrela...
Agora eu sou uma estrela! ”
Amante à moda antiga
(trecho)
Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Trem azul – 1982
Eu sou aquele amante à moda antiga
Dio tipo que ainda manda flores
Apesar do velho tienis e da calça desbotada
Ainda chamo de querida a namorada
A minha namorada…
Começar de novo(trecho)
Ivan Lins/Vítor Martins
Trem azul – 1982
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Ter me rebelado
Ter me consumido
Ter me machucado
Ter sobrevivido
Menino do Rio(trecho)
Caetano Veloso
Trem azul – 1982
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no espaço
Calção, corpo aberto no estpaço
Coração
De eterno flerte
Adoro ver-te
Menino vadio
Tesão flutuante do Rio
Eu peço pra Deus proteger-te
85

Velho arvoredo
Hélio Delmiro/Paulo César Pinheiro
Luz das estrelas – 1984
Eu te esqueci muito cedo
Pelo tempo que passou
Tal como um velho arvoredo
Que o vento não derrubou
Tronco mudado em rochedo
Pedra transformada em flor
E eu fui ficando sozinho no pó do caminho
Me desenganando, sofrendo e chorando
E mantendo em segredo
Essa minha ilusão
Que me escapou de entre os dedos
Pra não sei que outras mãos
E eu me tornei o arremedo
De tudo aquilo que eu não sou
Mas eu jamais retrocedo
O que passou passou
Já superei, mas só eu sei
O mesmo jamais eu serei
Feito a madeira o machado inclinando
Eu por fora estou cicatrizando
E por dentro sangrando, afastado do medo
Mas sozinho,tal como o velho arvoredo
Que não serve ao tempo nem ao lenhador
E o vento abandonou
Para Lennon
& McCartney
Lô Borges/Márcio Borges/Fernando Brant
Luz das estrelas – 1984
Por que vocês não sabem do lixo ocidental?
Não precisam mais temer
Não precisam da solidão
Todo dia é dia de viver
Por que você não verá meu lado ocidental?
Não precisa medo não
Não precisa da timidez
Todo dia é dia de viver
Eu sou da América do Sul
Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais
Por que vocês não sabem do lixo ocidental?
Não precisam mais temer
Não precisam da solidão
Todo dia é dia de viver
Eu sou da América do Sul
Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais
No dia em que eu
vim-me embora
Caetano Veloso/Gilberto Gil
Luz das estrelas – 1984
No dia em que eu vim-me embora
Minha mãe chorava em ai
Minha irmã chorava em ui
E eu nem olhava pra trás
No dia que eu vim-me embora
Não teve nada de mais
Mala de couro forrada
Com pano forte, brim cáqui
Minha vó já quase morta
Minha mãe até a porta
Minha irmã até a rua
E até o porto meu pai
O qual não disse palavra
Durante todo o caminho
E quando eu me vi sozinho
Vi que não entendia nada
Nem de pro que eu ia indo
Nem dos sonhos que eu sonhava
Senti apenas que a mala
De couro que eu carregava
Embora estando forrada
Fedia, cheirava mal
Afora isto ia indo,atravessando, seguindo
Nem chorando nem sorrindo
Sozinho pra Capital
Nem chorando nem sorrindo
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
86

A bancado
distinto
Billy Blanco
Luz das estrelas – 1984
Não fala com pobre,
Não dá mão a preto,
Não carrega embrulho.
Para quê tanta posse doutor? 
Para que esse orgulho? 
A bruxa que é cega esbarra na gente,
A vida estanca.
O enfarte te pega Doutor ! 
Acaba essa banca !
A vaidade é assim,
Põe o tonto no alto, retira a escada.
Fica por perto, esperando sentada,
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão.
Mais alto o coqueiro maior é o tombo do coco
Afinal todo o mundo é igual
Quando o tombo termina,
Com terra por cima e na horizontal.
Corsário
João Bosco/Aldir Blanc
Luz das estrelas – 1984
Meu coração tropical está coberto de neve
Mas ferve em seu cofre gelado, a voz vibra e a mão escreve: Mar
Bendita a lâmina grave que fere a parede
E traz as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais
Roseirais
Nova Granada de Espanha
Por você, eu, teu corsário preso
Vou partir a geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar
Procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos e as rosas partindo o ar
Nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar
Golanulado
João Bosco/Aldir Blanc
Luz das estrelas – 1984
Quando você gritou: Mengo!
No segundo gol do Zico
Tirei sem pensar o cinto
E bati até cansar
Três anos vivendo juntos
E eu sempre disse contente:
Minha preta é uma rainha
Porque não teme o batente
Se garante na cozinha
E ainda é Vasco doente
Daquele gol até hoje o meu radio está desligado
Como se radiasse o silencio de um amor terminado
Eu aprendi que a alegria de quem está apaixonado
É como a falsa euforia de um gol anulado
87

General 
da banda
José Alcides/Satiro de Melo/Tancredo Silva
Chegou general da banda ê ê
Chegou general da banda ê a
Chegou general da banda ê ê
Chegou general da banda ê a
Mourão, mourão
Vara madura que não cai
Mourão, mourão, mourão
Catuca por baixo que ele vai
Mourão,mourão
Vara madura que não cai
Mourão, mourão, mourão
Catuca por baixo que ele vai
Chegou general da banda ê ê
Chegou general da banda ê a
Chegou general da banda ê ê
Chegou general da banda ê a
Porto 
dos casais
Jaime Lewgoy Lubianca
É sempre bom lembrar coisas passadas
Rever os lampiões,os ancestrais
Singrando o Guaíba, apareceram
Os velhos fundadores coloniais
Chegaram tão alegres,alegres por demais
Fundaram este Porto dos Casais
É porto, Porto Alegre, antigo Dos Casais
Saudades dos tempos que não vêm mais
Lembre-se
Sergio Natureza/Tunai
Longe
Sombras desenhadas no horizonte
Cavalos cobertos de ouro e bronze
Vassalos de um rei de não sei onde
Cavaleiros estrangeiros
A bandeira do invasor
Noite
E um tropel atravessa a fumaça
Tropas
Tropeçando num céu de fogo e prata
O mundo acabou de repente
Quando a manhã começava
A dor começou com o chicote
Com as esporas com as espadas
Terror
Das legiões das ambições e praças
Chagas
No seio de uma terra abençoada
O céu desabou de repente
Quando a gente levantava
O pó levantou sufocando
Quem vivia respirava
Passou
O tempo mas não apagou a marca
Marcou
Nos corações nas mentes e nas praças
Hoje
Na memória viva de uma raça
Um pavor latente e uma ameaça
E um canto maior que todo medo
Espalhando amor por onde passa88

My Funny
Valentine
Rodgers/Hart
My funny valentine
Sweet comic valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable
Unphotographable
Yet youÕre my favourite work of art
Is your figure less than greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?
But donÕt change a hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine stay
Each day is valentineÕs day
Is your figure less than greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?
But donÕt you change one hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine stay
Each day is valentineÕs day
Yesterday
John Lennon/Paul McCartney
Yesterday
All my troubles seemed so far away
Now it looks as though they're here to stay
Oh, I believe
In yesterday
Suddenly
I'm not half the man I used to be
There's a shadow hanging over me
Oh, yesterday
Came suddenly
Why she
Had to go I don't know
She wouldn't say
I said
Something wrong now I long
For yesterday
Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe
In yesterday
Why she
Had to go I don't know
She wouldn't say
I said
Something wrong now I long
For yesterday
Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe
In yesterday
Dindi
Tom Jobim/Aloysio de Oliveira/Ray Gilbert
Céu, tão grande é o céu
E bandos de nuvens que passam ligeiras
Prá onde elas vão
Ah! eu não sei, não sei
E o vento que fala nas folhas
Contando as histórias
Que são de ninguém
Mas que são minhas
E de você também
Ah! Dindi
Se soubesses do bem que eu te quero
O mundo seria, Dindi, tudo, Dindi
Lindo Dindi
Ah! Dindi
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindi
Fica, Dindi, olha Dindi
E as águas deste rio aonde vão eu não sei
A minha vida inteira esperei, esperei
Por você, Dindi
Que é a coisa mais linda que existe
Você não existe, Dindi
Olha, Dindi
Adivinha,Dindi
Deixa,Dindi
Que eu te adore, Dindi... Dindi
89

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando andas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos,bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras felenas
Mas no fim da noite,aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos,só têm presságios
Lindas sirenas
Morenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos,heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro,se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos,orgulho e raça de Atenas
90
Mulheres
de Atenas
Chico Buarque

San Vicente
Milton Nascimento/Fernando Brant
Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
A espera da fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade, suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
Jesus Cristo
Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui... (bis
Olho pro céu e vejo uma nuvem branca que vai passando
Olho pra terra e vejo uma multidão que vai caminhando
Como essa nuvem branca essa gente não sabe aonde vai
Quem poderá dizer o caminho certo é você meu pai
Toda essa multidão tem no peito amor e procura a paz
E apesar de tudo a esperança não se desfaz
Olhando a flor que nasce no chão daquele que tem amor
Olho pro céu e sinto crescer a fé no meu Salvador
Em cada esquina eu vejo o olhar perdido de um irmão
Em busca do mesmo bem nessa direção caminhando vem
É meu desejo ver aumentando sempre essa procissão
Para que todos cantem com a mesma voz essa oração
Sá Marina
Antonio Adolfo/Tiberio Gaspar
Descendo a rua da ladeira
Só quem viu que pode contar
Cheirando a flor de laranjeira
Sá Marina vem pra cantar
De saia branca costumeira
Gira o sol que parou pra olhar
Com seu jeitinho tão faceira
Fez o povo inteiro cantar
Roda pela vida afora
E põe pra fora, essa alegria
Dança que amanhece o dia pra se cantar
Dança que essa gente aflita
Se agita e segue, no seu passo
Mostra toda essa poesia no olhar
Deixando os versos na partida
E só cantigas pra se cantar
Naquela tarde de domingo
Fez o povo inteiro cantar
E fez o povo inteiro cantar
E fez o povo inteiro cantar
E fez o povo inteiro cantar
91

Índices

93
1, 2, 3, balançou 8
20 anos blue 46
A banca do distinto 87
A corujinha 81
A dama do apocalipse 63
A fia de Chico Brito 43
À noite 8
A noite do meu bem 
(La nuit de mon amour)35
A time for love 37
A Virgem de Macareña (La Virgen de la Macareña)7
A volta 37
Adeus amor 8
Agnus sei 50
Agora ninguém chora mais 16
Agora tá 76
Águas de março 48
Aleluia 21
Alô alô marciano 75
Alô saudade 9
Alô, alô, taí Carmen Miranda 46
Alto da Bronze 57
Altos e baixos 71
Amante à moda antiga 85
Amor até o fim 25
Amor demais 20
Amor em paz 16
Amor, amor 
(Love, love) 3
Andança 36
Aos nossos filhos 78
Aprendendo a jogar 73
Aquarela do Brasil 35
Aquele abraço 39
Aqui é o país do futebol 85
Arrastão 13
As aparências enganam 71
As coisas que eu gosto 
(My favorite things)3
As curvas da estrada de Santos 40
Asa branca 82
Até aí morreu Neves 41
Atrás da porta 47
Aviso aos navegantes 44
Baby Face 3
Bala com bala 46
Basta de clamares inocência 70
Beguine dodói 70
Bicho do mato 41
Black is beautiful 44
Boa noite, amor 49
Boa palavra 27
Bocochê 16
Bodas de prata 68
Boi barroso 57
Bolero de satã 71
Bom tempo 32
Bonita 68
Boto 65
Brigas nunca mais 55
Cabaré 50
Caça à raposa 53
Cadeira vazia 56
Cai dentro 69
Cais 47
Calcanhar de Aquiles 75
Can't take my eyes off you 39
Canção da América 75
Canção de enganar despedida 6
Canção de não cantar 29
Canção do amanhecer 19
Canção do sal 28
Cantador 29
Canto de Ossanha 23
Canto triste 22
Cão sem dono 65
Carinhoso 28
Carta ao mar 33
Cartomante 61
Caso no campo 43
Caxangá 62
Chegança 20
Chovendo na roseira 56
Cinema Olympia 44
Cobra criada 81
Colagem 61
Comadre 51
Começar de novo 85
Como nossos pais 58
Comunicação 42
Confissão 6
Consolação/Berimbau/Tem dó 21
Construção 64
Conversando no bar 52
Copacabana velha de guerra 42
Corcovado 54
Corpos 66
Corrida de jangada 33
Corsário 87
Credo 67
Cruz de cinza, cruz de sal 30
Da cor do pecado 32
Dá sorte 2
Dá-me um beijo (Kiss me,kiss me) 5
De onde vens 32
Deixa 35
Deixa o mundo e o sol entrar 69
Dengosa 7
Deus lhe pague 64
Devagar com a louça 15
Dindi 89
Dinorah, Dinorah 67
Discussão 15
Índice
geral

94
Doente morena 49
Dois prá lá, dois prá cá 53
Domingo em Copacabana 10
Dor de Covelo 3
É com esse que eu vou 51
Ela 45
Ensaio geral 22
Entrudo 68
Essa mulher 70
Esse mundo é meu 19
Estatuinha 27
Estrada do sol 45
Eternidade 21
Eu só queria saber 17
Eu, heim, Rosa! 71
Fala-me de amor 
(Take me in your arms) 2
Falei e disse 44
Falsa Bahiana 17
Fascinação 59
Fé cega,faca amolada 82
Fechado pra balanço 41
Flertei 8
Flora 84
Folhas secas 51
Formiguinha triste 7
Formosa 15
Fotografia 56
Frevo 41
Garota de Ipanema 
(Girl from Ipanema) 82
Garoto último tipo (Puppy Love) 3
General da banda 88
Giro 36
Glden slumbers 43
Gol anulado 87
Gracias a la vida 60
Há uma história triste 10
Homens de preto 57
How insensitive 
(Insensatez) 38
Ih! Meu Deus do céu! 43
Imagem 29
Influência do jazz 15
Inútil paisagem 55
Irene 38
Jardins da infância 60
Jesus Cristo 91
Joana francesa 68
João valentão 20
Jogo de roda 22
Ladeira da preguiça 51
Lança perfume 83
Lapinha 31
Las secretárias 6
Lembre-se 88
Los hermanos 59
Louvação 24
Lunik 9 26
Madalena 44
Mancada 83
Manhã de amor 9
Mania de gostar 9
Manifesto 30
Marambaia 77
Marcha de quarta-feira de cinzas 30
Maria do Maranhão 20
Maria Maria 75
Maria Rosa 53
Mas que nada 16
Me deixa em paz 49
Me deixas louca 83
Meio de campo 50
Meio-termo 66
Memórias de Marta Saré 37
Menino 77
Menino das laranjas 14
Menino do Rio 85
Mesmo de mentira 3
Meu pequeno mundo de ilusão
(My little corner of the world) 5
Meus olhos 10
Minha 38
Moda de sangue 77
Modinha 54
Morro velho 62
Mucuripe 46
Mulata assanhada 16
Mulheres de Atenas 90
Mundo de paz 11
Mundo deserto 45
Mundo novo vida nova 77
Murmúrio 2
My funny valentine 89
Na baixa do sapateiro 80
Na batucada da vida 52
Nada será como antes 42
Não tenha medo 42
Nêga do cabelo duro 35
No céu da vibração 72
No dia em que eu vim-me embora86
Noite dos Mascarados 34
Noite dos Mascarados 
(La nuit des masques)34
Nos teus lábios 5
Nova estação 73
Noves fora 67
O barquinho 36
O bêbado e a equilibrista 70
O bem do amor 11
O caçador de esmeralda 50
O cavaleiro e os moinhos 60
O compositor me disse 53
O medo de amar é o medo de ser livre 73
O mestre-sala dos mares 52
O pequeno exilado 78
O primeiro jornal 76
O que foi feito devera (de Vera) 80
O que tinha de ser 55
O rancho da goiabada 64

O sonho 36
O trem azul 73
Olhos abertos 47
Onze fitas 76
Oriente 49
Os argonautas 45
Osanah 42
Ou bola ou búlica 67
Outra vez 
(Again) 7
Outro cais 80
Para Lennon & McCartney 86
Pé sem cabeça 72
Perdão não tem 38
Pizzicati pizzicato 6
Podes voltar 6
Poema 4
Pois é 54
Ponta de areia 52
Por toda minha vida 55
Por um amor maior 20
Pororó-Popó 5
Porto dos casais 88
Pout Pourri 
(2 na bossa) 12
Pout Pourri de introcução (2 na Bossa 2) 24
Pout Pourri de Mangueira 29
Pout Pourri Romântico 30
Prá dizer adeus 25
Preciso aprender a ser só 13
Presidente bossa nova 76
Qualquer dia 61
Querelas do Brasil 65
Quero 59
Rebento 72
Récit de Cassard 36
Redescobrir 79
Resolução 19
Ressurreição 8
Retorno 10
Retrato em branco e preto 55
Reza 14
Roda 26
Romaria 63
Rosa morena 22
Sá Marina 91
Sabiá 78
Sai dessa 73
Samba da benção 
(Samba saravah) 31
Samba da pergunta 37
Samba do avião 15
Samba do perdão 31
Samba dobrado 83
Samba em paz 25
Samba feito para mim 2
San Vicente 91
Saudade e carinho 9
Saudade é recordar 5
Saudosa maloca 65
Saveiros 21
Se acaso você chegasse 17
Se eu quiser falar com Deus 81
Se você pensa 38
Se você quiser 9
Sem Deus com a família 14
Sem teu amor 9
Sentimental eu fico 63
Silêncio 8
Sinal fechado 64
Só Deus é quem sabe 73
Só tinha de ser com você 54
Somewhere 17
Soneto de separação 56
Sonhando 
(Dream) 2
Sonho de Maria 27
Sou sem paz 20
Tango italiano 7
Tatuagem 60
Té o sol raiar 19
Telefone 17
Tem mais samba 28
Tereza sabe sambar 28
Terra de ninguém 13
These are the songs 42
Tiradentes 46
Tiro ao álvaro 80
Transversal do tempo 63
Travessia 52
Tributo à Mangueira 33
Tributo a Tom Jobim 32
Tristeza 35
Tristeza 54
Tristeza de carnaval 7
Tristeza que se foi 25
Tu serás 2
Último canto 21
Um novo rumo 35
Um por todos 59
Upa, neguinho 25
Valsa de Eurídice 83
Valsa rancho 69
Vecchio novo 61
Veleiro 27
Velha roupa colorida 58
Velho arvoredo 86
Vem balançar 15
Vento de maio 74
Vera Cruz 36
Vexamão 38
Vida de bailarina 47
Violeta de Belford Roxo 67
Viramundo 33
Vou comprar um coração 5
Vou deitar e rolar 41
Watch what happens 38
Wave 37
Yê-melê 31
Yesterday 89
Zambi 18
Zazueira 39
95

Principais compositores
96
Adoniran Barbosa
Saudosa maloca 65
Tiro ao álvaro 80
Aldir Blanc
Agnus sei 50
Altos e baixos 71
Bala com bala 46
Beguine dodói 70
Bodas de prata 68
Cabaré 50
Caça à raposa 53
Comadre 51
Corsário 87
Dois prá lá, dois prá cá 53
Ela 45
Gol anulado 87
Jardins da infância 60
O bêbado e a equilibrista 70
O caçador de esmeralda 50
O cavaleiro e os moinhos 60
O mestre-sala dos mares 52
Ou bola ou búlica 67
Querelas do Brasil 65
Transversal do tempo 63
Um por todos 59
Violeta de Belford Roxo 67
Ana Terra
Essa mulher 70
Pé sem cabeça 72
Sai dessa 73
Ary Barroso
Aquarela do Brasil 35
Na baixa do sapateiro 80
Na batucada da vida 52
Baden Powell
Aviso aos navegantes 44
Bocochê 16
Cai dentro 69
Canto de Ossanha 23
Consolação/Berimbau/Tem dó 21
Deixa 35
Falei e disse 44
Formosa 15
Lapinha 31
Samba da benção (Samba saravah) 31
Samba do perdão 31
Se você quiser 9
Té o sol raiar 19
Vou deitar e rolar
41
Belchior
Como nossos pais 58
Mucuripe 46
Noves fora 67
Velha roupa colorida 58
Caetano Veloso
Boa palavra 27
Cinema Olympia 44
Irene 38
Menino do Rio 85
Não tenha medo 42
No dia em que eu vim-me embora 86
Os argonautas 45
Samba em paz 25
Carlos Lyra
Entrudo 68
Influência do jazz 15
Marcha de quarta-feira de cinzas 30
Maria do Maranhão 20
Chico Buarque
Atrás da porta 47
Bom tempo 32
Construção 64
Deus lhe pague 64
Joana francesa 68
Mulheres de Atenas 90
Noite dos Mascarados 34
Noite dos Mascarados (La nuit des masques)34
Pois é 54
Retrato em branco e preto 55
Sabiá 78
Só tinha de ser com você 54
Tatuagem 60
Tem mais samba 28
Valsa rancho 69

97
Claudio Lucci
Colagem 61
Vecchio novo 61
Dory Caymmi & Nelson Motta
Cantador 29
De onde vens 32
Saveiros 21
Dorival Caymmi
João valentão 20
Rosa morena 22
Edu Lobo
Aleluia 21
Arrastão 13
Canção do amanhecer 19
Canto triste 22
Chegança 20
Corrida de jangada 33
Estatuinha 27
Jogo de roda 22
Memórias de Marta Saré 37
Prá dizer adeus 25
Resolução 19
Reza 14
Upa,neguinho 25
Veleiro 27
Zambi 18
Francis Hime
Atrás da porta 47
Minha 38
Por um amor maior 20
Tereza sabe sambar 28
Último canto 21
Valsa rancho 69
Fred Jorge
Baby Face 3
Garoto último tipo (Puppy Love) 3
Pizzicati pizzicato 6
Gilberto Gil
Amor até o fim 25
Aquele abraço 39
Doente morena 49
Ensaio geral 22
Fechado pra balanço 41
Flora 84
Ladeira da preguiça 51
Louvação 24
Lunik 9 26
Mancada 83
Meio de campo 50
No dia em que eu vim-me embora 86
No céu da vibração 72
O compositor me disse 53
Oriente 49
Rebento 72
Roda 26
Se eu quiser falar com Deus 81
Viramundo 33
Guilherme Arantes
Aprendendo a jogar 73
Só Deus é quem sabe 73
Ivan Lins
Aos nossos filhos 78
Cartomante 61
Começar de novo 85
Corpos 66
Dinorah,Dinorah 67
Ih! Meu Deus do céu! 43
Madalena 44
Me deixa em paz 49
Qualquer dia 61
João Bosco
Agnus sei 50
Bala com bala 46
Beguine dodói 70
Bodas de prata 68
Cabaré 50
Caça à raposa 53
Cobra criada 81
Comadre 51
Corsário 87
Dois prá lá, dois prá cá 53
Gol anulado 87
Jardins da infância 60
O bêbado e a equilibrista 70
O caçador de esmeralda 50
O cavaleiro e os moinhos 60
O mestre-sala dos mares 52
O rancho da goiabada 64
Ou bola ou búlica 67
Transversal do tempo 63
Um por todos 59
Violeta de Belford Roxo 67

98
Jorge Ben
Agora ninguém chora mais 16
Bicho do mato 41
Mas que nada 16
Zazueira 39
Lupicínio Rodrigues
Cadeira vazia 56
Maria Rosa 53
Marcos & Paulo Sérgio Valle
Black is beautiful 44
Deixa o mundo e o sol entrar 69
Preciso aprender a ser só 13
Sonho de Maria 27
Terra de ninguém 13
Milton Nascimento
Aqui é o país do futebol 85
Cais 47
Canção da América 75
Canção do sal 28
Caxangá 62
Conversando no bar 52
Credo 67
Fé cega, faca amolada 82
Maria Maria 75
Menino 77
Morro velho 62
Nada será como antes 42
O que foi feito devera (de Vera) 80
Ponta de areia 52
San Vicente 91
Travessia 52
Vera Cruz 36
Paulo César Pinheiro
Aviso aos navegantes 44
Bolero de satã 71
Cai dentro 69
Cão sem dono 65
Eu,heim,Rosa! 71
Falei e disse 44
Lapinha 31
Samba do perdão 31
Velho arvoredo 86
Vou deitar e rolar 41
Renato Teixeira
Romaria 63
Sentimental eu fico 63
Rita Lee
Alô alô marciano 75
Lança perfume 83
Roberto & Erasmo Carlos
Amante à moda antiga 85
As curvas da estrada de Santos 40
Jesus Cristo 91
Mundo deserto 45
Se você pensa 38
Roberto Menescal
& Ronaldo Bôscoli
A volta 37
Carta ao mar 33
O barquinho 36
Telefone 17
Ruy Guerra
Aleluia 21
Esse mundo é meu 19
Jogo de roda 22
Minha 38
Por um amor maior 20
Reza 14
Último canto 21

Sueli Costa
20 anos blue 46
Altos e baixos 71
Cão sem dono 65
O primeiro jornal 76
Tom Jobim
Águas de março 48
Amor em paz 16
Bonita 68
Boto 65
Brigas nunca mais 55
Chovendo na roseira 56
Corcovado 54
Dindi 89
Discussão 15
Estrada do sol 45
Fotografia 56
Frevo 41
Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82
How insensitive (Insensatez) 38
Inútil paisagem 55
Modinha 54
O que tinha de ser 55
Pois é 54
Por toda minha vida 55
Retrato em branco e preto 55
Sabiá 78
Samba do avião 15
Só tinha de ser com você 54
Soneto de separação 56
Tributo a Tom Jobim 32
Tristeza 54
Wave 37
Torquato Neto
Louvação 24
Prá dizer adeus 25
Veleiro 27
Tunai
Agora tá 76
As aparências enganam 71
Vinícius de Moraes
A corujinha 81
Amor em paz 16
Arrastão 13
Bocochê 16
Brigas nunca mais 55
Canção do amanhecer 19
Canto de Ossanha 23
Canto triste 22
Consolação/Berimbau/Tem dó 21
Deixa 35
Formosa 15
Frevo 41
Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82
How insensitive (Insensatez
Marcha de quarta-feira de cinzas 30
Modinha 54
O que tinha de ser 55
Por toda minha vida 55
Samba da benção (Samba saravah) 31
Soneto de separação 56
Té o sol raiar 19
Tereza sabe sambar 28
Valsa de Eurídice 83
Zambi 18
Walter Santos & Tereza Souza
Cruz de cinza, cruz de sal 30
Vem balançar 15
Zé Rodrix
Caso no campo 43
Olhos abertos 47
99

“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim...
Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas.
Um quadro de impulsos, um processamento de sinais.
E assim – dizem – recontam a vida.
Agora retiram de mim a cobertura da carne.
Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos.
E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.
Um rascunho...
Um forma nebulosa, feita de luz e sombra.
Como uma estrela...
Agora eu sou uma estrela!”
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