Embriologia da Face

Resumo: Embriologia da Face
Dr.Brunno Rosique
Cirurgião Plástico

1. Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto
Dr Brunno Rosique Lara

Embriologia da Face

FO RMAÇÃO DA FACE

A característica típica do desenvolvimento da face e do pescoço é a formação do aparelho branquial, que aparece entre a
quarta e quinta semana de vida intra-uterina. É constituído por arcos branquiais, bolsas faríngeas, sulcos branquiais e membranas
branquiais.
No período inicial são constituídos por tecido mesenquimal, no final do período embrionário essas estruturas se reorganizam
e se adaptam a novas funções. As mal-formações congênitas da cabeça e do pescoço se originam durante a transformação do
aparelho branquial em derivados adultos.

Arcos Branquiais e Seus Derivados

Começam a se desenvolver no início da quarta semana, à medida que as células da crista neural migram para a futura região
da cabeça e do pescoço. Estas células iniciam um movimento de migração no sentido póstero-anterior em direção à futura face.
Nessa fase as células da crista neural irão formar a totalidade do mesênquima dos processos nasofrontal, e maxilar, e parcialmente
o mesênquima dos processos mandibulares e hióideos.Ao final da quarta semana, 4 pares de arcos branquiais bem definidos são
visíveis externamente. O 5°. e o 6°. arcos são rudimentares e não podem ser vistos na superfície do embrião. Os arcos são
separados por nítidas fendas ou sulcos branquiais. Eles sustentam as paredes laterais da porção craniana do intestino ou faringe
primitiva. No início a boca aparece como uma leve depressão do ectoderma superficial, chamado estomadeo ou boca primitiva.
Um arco branquial típico contém uma artéria, uma cartilagem, um componente muscular e um nervo.

1º. Arco (Arco Mandibular)

Desenvolve duas proeminências, a maior forma a mandíbula e a menor forma a maxila, o osso zigomático e a porção
esponjosa do osso temporal.
A extremidade dorsal da cartilagem do primeiro arco (cartilagem de Meckel) está relacionada com o desenvolvimento
do ouvido (martelo e bigorna).
Nervo: Ramo mandibular e maxilar do NC –V, corda do tímpano;
Músculos: mm. da mastigação (m pterigóideo lateral e medial, masseter e temporal); ventre anterior do digástrico,
milohióideo, tensor do palato e tensor do tímpano;
Processo Mandibular. Processo Maxilar – maxila, zigoma, ossos palatinos e porção escamosa do osso temporal

2°. Arco (Arco Hióide)

Forma o osso hióide e regiões adjacentes do pescoço.
Durante a quinta semana, este arco cresce sobre o 3°. e 4°. arcos formando uma depressão chamada seio cervical.
Gradativamente os sulcos branquiais, do 2°. ao 4°. arcos, e o seio cervical são obliterados.
Isto ocorre quando o 2°. arco se funde com a eminência cardíaca dando o contorno liso ao pescoço.
A extremidade dorsal da cartilagem do 2°. arco (cartilagem de Reichert) forma o estribo do ouvido médio e o processo
estilóide do osso temporal.
Nervo: Facial
Músculos: mm da mímica (bucinador, auriculares, occipto-temporais, platisma, estapédio e estilohióide), ventre posterior do
digástrico.
Cartilagem hióide;
Ossos: processo estilóide do osso temporal, corno menor do osso hióide e parte superior do corpo do osso hióide;

3°. Arco(Tirohioeideo)

Nervo: NC – IX
Músculos: Estilofaríngeo;
Ossos: corno maior e parte do corpo do osso hióide;

2. 4°., 5°. e 6°. Arcos:

Nervo: NC : Vago
Músculos: mm. da laringe, mm. remanescentes da faringe e palato mole.
Cartilagens: tireóide, cricóide, aritenóide, cuneiforme e anéis da traquéia.


Desenvolvimento da Face

Os cinco primórdios faciais aparecem em torno do estomodeu no início da quarta semana. O desenvolvimento da face ocorre
principalmente entre a quinta e oitava semana.

Quarta Semana

A mandíbula é a primeira parte a se formar, resultado da fusão das extremidades dos dois processos mandibulares. Nesta fase
surgem espessamentos do ectoderma superficial, bilaterais e de forma oval (placódios nasais).

Quinta Semana

Os processos maxilares se desenvolvem e se aproximam um do outro e dos processos mediais dos placódios nasais. Os processos
laterais são separados dos processos maxilares por uma fenda (sulco naso-lacrimal).Ao final da quinta semana, os olhos situam-se
ligeiramente para frente e a formação do ouvido externo se inicia.Nesta época, cada processo maxilar funde-se com o processo
nasal lateral ao longo da linha do sulco naso-lacrimal.

Sexta a Oitava Semana

Os processos nasais mediais fundem-se um com o outro e com os processos maxilares, formando o segmento
intermaxilar.
Este segmento dá origem à porção média do lábio superior com sua gengiva associada e o palato primário.
As porções laterais do lábio superior, a maior parte da maxila e o palato secundário formam-se a partir dos processos
maxilares.
A eminência frontonasal, forma a fronte, o dorso e a ponta do nariz.
As asas nasais são derivadas dos processos nasais laterais.
Os processos mandibulares dão origem ao lábio inferior, queixo e região inferior das bochechas.
No desenvolvimento final da face, o encéfalo cresce, criando uma testa proeminente, os olhos deslocam-se medialmente, e as
orelhas sobem.

3. Fig. 1 - Embrião de quatro semanas (vista frontal e lateral)




Fig. 2 - Embrião de cinco semanas (vista frontal e lateral);

4. Fig. 3 – Embrião de 6 a 10 semanas.
Palato Primário

União dos processos maxilares (4°. a 7°. Semana);
No final da quarta semana surgem nas extremidades laterais, da margem inferior, do processo frontonasal,
espessamentos ectodérmicos, que constituem os placódios nasais. No centro dos placódios nasais identificam-se os orifícios
olfatórios primitivos.
Nessa fase do desenvolvimento embrionário o processo frontonasal tem acentuado crescimento no sentido crânio-caudal
enquanto os placódios nasais, em sua borda inferior, sofrem alteração involutiva, assumindo o aspecto de uma ferradura, com
conseqüente formação dos processos nasais lateral e medial, que delimitam os sulcos nasais primitivos do lado esquerdo e do lado
direito.
Os processos nasais mediais crescem tanto no sentido crânio-caudal quanto em direção à linha mediana, aonde irão se
fundir constituindo o segmento intermaxilar. As extremidades livres do segmento intermaxilar crescem latero-lateralmente até
encontrarem e se fundirem com os processos maxilares.
Na face posterior do segmento intermaxilar, exatamente no ponto de fusão dos processos nasais mediais, destaca-se uma
excrescência que é o esporão nasal, cujo crescimento no sentido antero-posterior culminará com a formação do septo nasal,
dividindo a câmara nasal em cavidades nasais direita e esquerda.
Os processos nasais laterais crescem no sentido antero-posterior, em direção ao sulco nasolacrimal e no sentido crânio-
caudal até fundir-se com os processos maxilares; concomitantemente se adelgaçam e acentuam sua curvatura até que venham
formar futuramente, as asas nasais e os sulcos nasais laterais direito e esquerdo.
Dessa forma ao final da sexta semana identificamos o esboço nasal, e o palato primário está completo, sendo
formado pelo lábio superior, septo nasal, arcada alveolar e parte anterior do palato duro.

5. Fig. 4 – Desenvolvimento do Palato Primário;








Palato Secundário

A formação do palato secundário ocorre a partir das cristas palatinas, existentes em ambos os arcos maxilares em relação aos
quais crescem perpendicularmente, no sentido crânio-caudal, dando origem aos processos palatinos.
Tais processos palatinos sofrem um movimento em dobradiça e horizontalizam-se sobre a superfície lingual.
Nessa situação as margens livres dos processos palatinos crescem em direção a linha mediana até se encontrarem e
fundirem-se entre si e com a parte anterior do palato duro, sendo que nesse ponto de fusão se delimita um orifício, denominado
forâmen incisivo anterior.( 7 -12 semanas)
Dessa forma, por volta da sétima semana ou início da oitava semana de gestação está concluído o palato secundário, que
é formado pelo palato duro posterior ao forâmen incisivo e todo o palato mole.

6. Fig. 5 – Desenvolvimento do Palato Secundário.