Entrevista Motivacional A entrevista motivacional é uma intervenção centrada no paciente, com o intuito de aumentar a motivação para a mudança do comportamento – problema, a resolução e exploração da ambivalência, a supressão de comportamentos disfuncionais e o desenvolvimento de padrões mais adaptativos.
Entrevista Motivacional O objetivo da EM é ajudar a resolver a ambivalência e colocar a pessoa em movimento no caminho da mudança. É uma maneira de estar com os pacientes Impulso motivacional breve Cria “abertura para a mudança”, “desperta” a pessoa, dá a partida no processo de mudança
Entrevista Motivacional Desenvolvida no início dos anos 80 para contribuir com a mudança de comportamento de bebedores de álcool. Pode ser associada a outras abordagens teóricas (ex.: prevenção à recaída) e adaptada para diferentes ambientes de tratamento Todos os profissionais da área da saúde podem ser treinados para aplicá-la
Características da EM Busca identificar e mobilizar os valores e objetivos intrínsicos do paciente para, a partir destes, estimular uma mudança de comportamento A mudança é evocada no paciente, nunca imposta de fora (a mudança vem de dentro). Terapeuta tem papel não autoritário
Características da EM Resistência e negação fazem parte do processo de mudança, sendo consideradas um sinal de que a estratégia motivacional não está funcionando e deve ser modificada Relação terapeuta-paciente é de parceria e respeito pela autonomia do usuário
Cinco princípios gerais da EM Expressar empatia Desenvolver a discrepância Evitar a argumentação Acompanhar a resistência Promover a auto eficácia
Expressar empatia Aceitação empática Escuta reflexiva habilidosa Terapeuta busca compreender os sentimentos e as perspectivas do paciente sem julgar, criticar ou culpar Aceitar não é concordar!!!! Aceitar as pessoas como elas são as liberta para o processo de mudança
Expressar empatia Aceitação empática constrói aliança terapêutica e estimula a auto estima Então: A aceitação facilita a mudança A escuta reflexiva habilidosa é fundamental A ambivalência é normal
Desenvolver a discrepância Criar e ampliar, na mente do paciente, uma discrepância entre o comportamento presente e as metas mais amplas Discrepância entre “onde se está” e “onde se quer chegar” Quando um comportamento é visto como conflitante com metas pessoais importantes, como a saúde, sucesso, felicidade da família, é provável que a mudança aconteça
Ambivalência: conflito de aproximação/ evitação Quando a EM é bem sucedida, ela muda as percepções do paciente sem criar uma sensação de pressão ou coerção Então: A conscientização das consequências é importante A discrepância entre o comportamento presente e as metas importantes motivará a mudança O paciente deve apresentar os argumentos para a mudança
Evitar a argumentação O terapeuta evita argumentação e confrontos diretos Evita abordagens que gerem resistência Não é necessário se preocupar com rótulos diagnósticos Então: A argumentação é contraproducente Defender gera atitudes de defesa A resistência é um sinal para a mudança de estratégia A rotulação é desnecessária
Acompanhar a resistência O problema é decisão do paciente A relutância e a ambivalência não são combatidas, mas sim reconhecidas como naturais e compreensíveis pelo terapeuta. Acompanhar a resistência permite incluir o paciente ativamente no processo de solução do problema
Acompanhar a resistência Então: A força pode ser usada em beneficio próprio As percepções podem ser alteradas Novas perspectivas são oferecidas, mas não impostas O paciente é um recurso valioso na busca de soluções para os problemas
Promover a auto-eficácia Crença de uma pessoa na sua capacidade de realizar e ter sucesso em uma tarefa específica Elemento chave na motivação para a mudança “esperança de mudança” Aumentar as percepções do paciente quanto à sua capacidade de enfrentar obstáculos e de ter êxito na mudança
Promover a auto-eficácia Ênfase na responsabilidade pessoal “você é capaz de fazer isso” “se você quiser, eu posso ajudá-lo a modificar-se” Importante: depoimento de pessoas que tiveram sucesso no tratamento Então: A crença na possibilidade de mudança é um motivador importante O paciente é responsável por decidir e realizar mudanças pessoais Há esperança na gama de abordagens disponíveis
Metodologia da EM P perguntas abertas A afirmar – reforço positivo R refletir R resumir
Entrevista Motivacional Técnica não confrontativa Estratégias para lidar com a resistência e ambivalência Crítica ao modelo moral e baseado na empatia Profecia auto-realizável Toda mudança passa por estágios motivacionais
Modelo de Mudança (Prochaska & DiClemente,1984) Mudança de comportamento é um processo (envolve alguns estágios) A motivação está relacionada ao estágio em que se encontra o indivíduo:
Espiral da mudança
Pré contemplação Não está consciente que seu comportamento está causando problemas Acredita estar imune as consequências adversas Resiste ou nega as consequências trazidas por seu comportamento N ão respondem a conselhos de mudança Resistentes a qualquer orientação Estratégia: fornecer informações para encorajá-los para a mudança
Contemplação Ambivalência em relação ao consumo Percebem coisas boas e menos boas Reconhece o problema, cogita a necessidade de mudar, mas também valoriza os efeitos positivos da droga e o quanto gosta e precisa dela. Estratégias: Ajudar o paciente a reconhecer sua força e habilidade de mudança Sugerir estratégias para parar ou diminuir (menu de opções)
Preparação Reconhece o problema, mas se sente incapaz de resolvê-lo sozinho e pede ajuda Fase passageira, momento do encaminhamento
Ação Interrompe o consumo e começa o tratamento. Ambivalência presente durante todo o processo. Estratégias: Estimular a percepção de que seus problemas têm solução Estimular a crença na capacidade de mudar Negociar objetivos e metas para a mudança Sugerir estratégias para a mudança Ajudar a identificar situações de risco e desenvolver plano de ação (reduzir/parar)
Manutenção Estágio mais difícil Reorganização do estilo de vida Sempre colocada em xeque pela ambivalência Estratégias: Prevenção à recaída Ter consciência da possibilidade da recaída (com a recaída eles voltam a um dos estágios anteriores) Realizar a mudança passo a passo
Recaída Lapso: retorno pontual ao consumo dentro de uma situação de abstinência Recaída: retorno ao consumo após um período considerável de abstinência. Não é voltar à estaca zero!!!! Aprender com os erros para evitar recaídas futuras
Referências bibliográficas: Diehl , A., Cordeiro, D., Laranjeira, Ronaldo. Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto Alegre: Artmed , 2011. Miller , W. R. e Rollnick , S. Entrevista motivacional: preparando as pessoas para a mudança de comportamentos aditivos. Porto Alegre: Artmed , 2001. Ribeiro, M e Laranjeira, R. O tratamento do usuário de crack . 2.ed. Porto Alegre: Artmed , 2012.