da população itálica continuou a ser
alimentada pela produção local de
cereais, o que sustentou a pequena
propriedade camponesa em muitas
partes da Itália, especialmente no
norte, até a época imperial. Nesse tipo
de propriedade, a terra era cultivada
por mão-de-obra livre, pelo proprietário, seus familiares e alguns escravos, desenvolvendo-se
lavouras de subsistência.
Embora o trigo oferecesse um rendimento baixo, os pequenos lavradores, que não podiam ser
proprietários de viliae ou
criadores de gado, continuaram a se dedicar ao cultivo desse cereal.
A partir do século II a.C., os escravos tornaram-se a principal fonte de trabalho produtivo na
economia romana.
Mas eles não formavam uma massa homogênea, pois suas condições de vida eram muito
diversas, já que eram usados
nas minas, nas villae, trabalhavam como capatazes e até no serviço público. Nos centros
urbanos trabalhavam como
artesãos especializados, ao lado de homens livres e libertos. Nas residências dos mais
abastados, as tarefas domésticas
eram desempenhadas por escravos. Havia ainda escravos desempenhando funções
intelectuais: eram médicos,
pedagogos, secretários. A situação dos escravos urbanos geralmente era melhor do que a dos
que trabalhavam no
campo e nas minas. Nas viliae as possibilidades de resistência contra seus donos eram
escassas. Em muitas
propriedades os escravos eram mantidos sob severa vigilância, por vezes acorrentados e com
poucas chances de se
comunicarem entre si.
Aos poucos desenvolveu-se um novo costume entre os romanos: confiar a escravos a gestão
de propriedades
ou bens do senhor, permitindo que ficassem com uma parte dos ganhos. Embora legalmente
os bens fossem do senhor,
na prática o escravo acumulava um peculium, que podia incluir até a posse de outros escravos.
Com suas economias,
ele ainda podia comprar sua liberdade. Muitas vezes, para estimular o rendimento no trabalho,
os senhores prometiam a
liberdade como recompensa.
Muitos escravos eram provenientes da Grécia ou do Oriente helenizado. Tinham cultura
elevada, conhecimentos
comerciais e de línguas, capacidade técnica; outros eram hábeis artesãos. Esses escravos
instruídos tinham maiores
possibilidades de serem libertados.
Os libertos, isto é, os escravos que recebiam a manumissão, formavam um importante grupo
social em Roma, pois o
liberto de um cidadão também tornava-se um cidadão, e não um meteco (estrangeiro), como
ocorria na Grécia. Apesar
disso, sofriam algumas limitações, pois tinham certas obrigações em relação a seu ex-dono (o
patrono) e eram excluídos
das magistraturas. Mas os filhos dos libertos já não tinham essas limitações, integrando-se na
sociedade. O poeta
Horácio, por exemplo, era filho de liberto. Percebemos, portanto, que esse novo costume foi
instituindo certa mobilidade
social, desconhecida em outras sociedades da Antiguidade.