CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
Parte II: Transmissão
Renan Almeida Baptistini
Cachoeiro de Itapemirim
PROCESSO UNITÁRIO DE TRANSMISSÃO
Os módulos ou processos unitários referentes aos
mecanismos transmissíveis podem ser reduzidos a três
esquemas básicos:
ESQUEMA 1
ESQUEMA 1
Dois fatores vivos envolvidos na cadeia de transmissão:
Agente infeccioso;
Hospedeiro suscetível.
Neste caso, o agente infeccioso passa de um hospedeiro definitivo
infectado para o hospedeiro definitivo infectável, podendo ocorrer de
duas formas:
ESQUEMA 1
A: os indivíduos infectado e infectável são da mesma espécie.
Exemplo:
Transmissão do Treponema
Pallidum (sífilis) através de
contato sexual.
ESQUEMA 1
B: são duas espécies hospedeiras envolvidas.
O infectante pertence a uma
espécie suscetível e o
infectável a outra espécie
igualmente suscetível.
Exemplo:
Transmissão do vírus rábico
através da mordedura de cão
em humano.
ESQUEMA 1 (caso especial)
C: envolve, como hospedeiro definitivo, somente o indivíduo suscetível
Exemplos:
Micoses (fungos - habitantes
saprófitas do solo).
Clostridium tetani (tétano): os
indivíduos com ferimento na pele,
que são infectados por esporos
(veiculados por pregos, latas, terra,
etc) e acometidos de tétano, não se
tornam infectantes (o tétano não é
doença contagiosa).
ESQUEMA 1
RESUMO: Esquema 1
ESQUEMA 2:
Esquema 2A
Esquema 2B
ESQUEMA 2A
Três fatores vivos envolvidos na cadeia de transmissão:
Agente infeccioso;
Hospedeiro suscetível;
Hospedeiro intermediário (funciona como vetor).
Seu papel é o de intermediar o agente infeccioso entre indivíduos
da espécie hospedeira definitiva, isto é, entre o infectante e o
infectável.
O mecanismo de transporte do agente infeccioso pode ocorrer em duas
possibilidades:
ESQUEMA 2A
1ª: O vetor tem desempenho puramente mecânico (vetor mecânico).
O agente infeccioso não se
desenvolve nem se
multiplica no vetor, é apenas
transportado por ele.
Exemplo: tracoma.
A mosca pousa nos
exsudatos oculares, arrasta
em suas patas o material
contaminado (bactéria
Chlamydia trachomatis). Ao
pousar em partes próximas
ao globo ocular do indivíduo
sadio, deposita sua carga
infectante.
ESQUEMA 2A
2ª: O vetor, além de funcionar como veiculador do agente infeccioso,
também desempenha a função de abrigo biológico (o agente
infeccioso cumpre parte do seu ciclo vital no vetor) = vetor biológico
Exemplo: Plasmodium (agente etiológico da malária) passa parte do
seu ciclo vital no mosquito anopheles. O protozoário (plasmodium)
sugado com o sangue humano sofre transformações até a fase
adulta localizada nas glândulas salivares do vetor, de onde pode ser
injetado em novo hospedeiro.
ESQUEMA 2B
São ainda três fatores vivos envolvidos na cadeia de
transmissão:
Agente infeccioso;
Hospedeiro suscetível
Hospedeiro intermediário (não desempenha papel de vetor).
Desempenha somente o papel de ABRIGO BIOLÓGICO (ou seja, o
agente infeccioso cumpre parte de seu ciclo vital no hospedeiro
intermediário, mas não é transportado por ele para outro hospedeiro).
ESQUEMA 2B
Exemplo: esquistossomose.
Os caramujos que abrigam a
forma larvária do agente
infeccioso não funcionam
como vetor (ou seja, o agente
infeccioso não vai ser
transportado para o homem
pelo caramujo). A forma
larvária sai do caramujo, cai
no ambiente (lago, rio) e só
depois penetra no homem para
provocar a doença.
ESQUEMA 2
RESUMO: Esquemas 2A e 2B
ESQUEMA 3
ESQUEMA 3
Quatro fatores vivos envolvidos na cadeia de transmissão:
Agente infeccioso;
Hospedeiro suscetível (normal);
Hospedeiro intermediário;
Hospedeiro suscetível acidental;
O hospedeiro acidental é a espécie que foi incorporada ao
processo transmissivo após este já estar estabelecido e estabilizado.
ESQUEMA 3
Exemplo: febre amarela.
Hospedeiro normal da febre amarela silvestre: primatas (macacos)
Agente infeccioso: Vírus
Vetor (forma silvestre): mosquito (Haemagogus
e
Sabethes)
Hospedeiro acidental: ser humano.
O vírus existe normalmente no sangue de animais vertebrados silvestres e a cadeia de
transmissão é semelhante à do esquema 2 (animal – mosquito – animal).
Ocasionalmente, ao penetrar na floresta, o ser humano (hospedeiro acidental) poderá
infectar-se e passar a constituir o quarto fator desse esquema.
Perceba que, neste caso, o homem não é essencial para manter o ciclo biológico do
agente infeccioso (ou seja, não é essencial para acontecer a cadeia de transmissão da
doença entre os animais). Mesmo não sendo essencial, ele também pode adquirir a
doença, sendo um hospedeiro acidental, neste caso.
ESQUEMA 3
REFERÊNCIAS
ROUQUAYROL, M. Z.; VERAS, F. M. F.; TAVORA, L. G. F.
Aspectos epidemiológicos das doenças transmissíveis. In:
ROUQUAYROL, M. Z.; GURGEL, M. Epidemiologia e saúde. 7.
ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2013.