SÃO VICENTE DE MINAS (MG) A CAXAMBU (MG).
Hoje, quando uma barreira cai, máquinas limpam tudo e a estrada não tem seu trajeto alterado. Durante as pesquisas
para realizar minha viagem, encontrei esse alerta em várias publicações acerca da Estrada Real. Eis o que diz Marcelo
Ribas em “A História do Caminho do Ouro em Paraty”, página 7, que adquiri na Casa da Cultura de Paraty, em junho
de 2006: “como resultado desse empenho na difícil busca de respostas às tantas
indagações que, em sua maioria, encontram-se até hoje em aberto com relação
ao traçado do caminho, ou dos caminhos, traçado que variou no espaço, no
tempo e nos descaminhos”.
Outra dificuldade para se estabelecer por onde passa (ou passou) o caminho dito “oficial” deve-se ao fato de o Brasil
ser um país sem memória histórica. Nação que não prima por registrar hoje o que será história amanhã. Esse
movimento de penetração do litoral para o interior em busca de riquezas talvez tenha sido o mais importante,
mudando definitivamente a cara do País, até então escassamente povoado em alguns trechos do litoral. Foi a grande
corrida provocada pela descoberta do ouro no sertão de Cataguás, atual Estado de Minas Gerais que, em ato sem
precedentes, interiorizou o povoamento do Brasil. Mas registros históricos acerca dessa interiorização, dessa corrida
do ouro e dos mapas da época, por exemplo, se perderam. Somos um país sem memória, haja vista o pouco que se
sabe sobre Tiradentes e muitos acreditam que Santos Dumont foi o inventor do avião. País que não cataloga sua
história, não sabe contá-la; e quando tenta contá-la, recheia-a de lendas e inverdades. Mas nem tudo está perdido,
afinal ganhamos cinco Copas do Mundo.
Após almoçar muito bem, encarei os 23 quilômetros finais até Caxambu sob um espetacular céu sem nuvens e a
esplendorosa Serra da Mantiqueira completando o cenário. Depois de 10 quilômetros, a BR-383 termina e
desemboca na BR-267, que segue para Caxambu, passando por Baependi. Eram 16h 30 quando cheguei à cidade das
águas minerais..
É uma cidade rica em águas minerais gasosas e medicinais. Caxambu se desenvolveu ao compartilhar suas dádivas. Através do Parque das Águas
com 12 fontes diferentes e do Balneário de Hidroterapia, inaugurado em 5 de Junho de 2010, Caxambu sempre ofereceu saúde e bem estar aos seus
visitantes. Outrora, os negros vindos de Baependy e da vizinhança, costumavam se reunir nas referidas Águas Minerais e aí celebravam batuques
memoráveis, ao som dos seus caxambus e, assim, do hábito do convite veio à tona “Vamos ao caxambu. Ficou o termo aplicado ao próprio sítio da
festa. Outra: as águas das fontes daqui, principalmente quando ainda um grande brejo ali dominava, produziam, borbulhando, um murmuro mais ou
menos violento e de certo modo comparável ao rufar do tambor dos escravos. Mas a explicação mais cabível faz derivar a designação da cidade de
“Caxambu” do morro existente, Morro de Caxambu como é conhecido hoje, de forma cônica e exuberante, exatamente como o instrumento africano,
o Caxambu. Fonte: descubracaxambu.com.br