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boa parte de seu legado espiritual assimilado pelos astecas, que o moldaram consoante suas necessidades e o contexto histórico vigente. Tais
adaptações empreendidas pelos astecas sobre os mitos daqueles com os quais entraram em contato, contribuiu para o enriquecimento de
seus cultos, uma vez que a eram incorporados elementos condizentes com sua própria vivência, culminando na formação de uma nova visão
do mundo e do Universo.
Os Asteca primavam pela crença em diversas divindades, sendo seu panteão incrementado a cada nova conquista territorial e assimilação
cultural dos povos sedentários,embora, a princípio, a espiritualidade asteca tenha sido marcada quase que totalmente pelo culto astral.
Outros aspectos religiosos podem ser salientados, dentre eles o animismo, segundo o qual todas as formas da natureza, os elementos do
Cosmos, os seres vivos, e os fenômenos naturais são dotados de um princípio vital denominado “ânima”, que pode ser entendido como
energia, espírito ou alma, segundo as visões cosmocêntrica, antropocêntrica e teocêntrica, respectivamente, e lhes confere sentimentos,
emoções, vontades, intenções e, até mesmo, sapiência. A mitologia asteca possui um forte caráter dualista representado pelos deuses que
se manifestam de maneiras distintas, e por vezes opostas.
O mundo, segundo a crença asteca, era fruto da ação conjunta de deuses celestes e terrestres que atuaram em prol da criação e manutenção
dos astros, da vida e do homem, o que é possível verificar a partir do estudo de sua cosmogonia. Segundo o imaginário mesoamericano, o
mundo que hoje é habitado foi precedido por quatro outros mundos ou sóis, conhecidos como Sol de Tigre, Sol de Vento, Sol de Chuva ou
Fogo e Sol de Água, sendo o mundo atual, o quinto sol, denominado Sol de Movimento. De acordo com a tradição, todos os sóis foram alvo de
diferentes transformações geológicas, muitas delas desastrosas, e que simbolicamente remetem às diversas tentativas feitas pelos deuses de
criar um sol estável, capaz de acolher a humanidade, tendo em vista que a cada cataclismo há uma posterior evolução com relação ao sol
anterior, e em direção ao progresso. Outra interpretação para as consecutivas destruições está pautada na disputa entre os deuses
Tezcatlipoca e Quetzalcóatl para alcançar a supremacia, repercutindo posteriormente em seus cultos, nos quais os devotos de deuses rivais
travavam disputas sob a forma de honrarias, a fim de determinar a superioridade bélica ou espiritual.
Os Quatro Sóis do Astecas
Primeiro Sol ou Sol de Tigre: Esta era, que durou aproximadamente 676 anos, marca o início do calendário asteca, quando o deus
Tezcatlipoca converteu-se em sol. O mundo fora então povoado por gigantes, que não sabendo plantar, alimentavam-se das árvores, de seus
frutos e raízes. O fim do primeiro sol, segundo o mito, aconteceu quando Quetzalcóatl, enciumado pelo irmão ter sido escolhido para ser o sol