O que é Etnocentrismo
Desmembrando a palavra etnocentrismo, encontramos o prefixo etno, advindo de etnia, e centrismo,
que é ato de colocar algo no centro, ou seja, tornar algo fundamental ou principal. Enxergar o mundo
de maneira etnocentrista significa perceber o mundo, a sua diversidade e as suas peculiaridades
apenas com base em uma visão distorcida por aquilo que você acha que é culturalmente melhor ou
correto.
O etnocentrismo consiste, portanto, numa visão de mundo que privilegie os hábitos de nossa própria
cultura justamente por partirmos deles, o que faz com que nós mesmos coloquemos no
lugar central e olhemos o outro, o diferente, como o ridículo, o inferior, o errado, o pecador. Assim,
são as nossas próprias noções de mundo que servem de referência para o que seria uma análise de
mundo correta (isso ocorre na visão etnocentrista, mas não é verdadeiro), tornando o diferente algo
menor, causando estranhamento, preconceito, falsas justificativas de dominação e até mesmo a
hostilidade.
O etnocentrismo também está relacionado a outras formas de preconceito que, infelizmente, ainda
estão enraizadas em nossa cultura. Podemos achar relações estreitas do etnocentrismo com o
racismo, a xenofobia e a intolerância religiosa.
A antropologia é uma ciência que, apesar dos avanços e da importância social que tem hoje, fundou-
se sob pilares etnocentristas e racistas. Os primeiros estudos antropológicos levantados pelos
estudiosos ingleses Edward Burnett Tylor e Herbert Spencer tentavam demonstrar a inferioridade dos
habitantes dos continentes africanos e asiáticos em meio à dominação europeia do neocolonialismo.
Nesse sentido, fundaram-se teorias etnocentristas e racistas que mediam o que os antropólogos
chamavam de “nível de evolução humana” pelo “nível de evolução cultural e social”. O que esses
estudiosos fizeram foi, à primeira vista, analisar a cultura de outros povos de maneira completamente
etnocentrista, considerando a cultura européia branca como superior e melhor, para assinalar a
inferioridade daqueles outros povos e como que autorizar o domínio daquelas terras. A questão
racial, obviamente, estava entrelaçada nessa tendenciosa análise que apontava justamente os povos
negros como “inferiores” e os brancos como “superiores”.
Entre as formas de preconceito de origem etnocentrista, talvez a mais evidente seja a xenofobia. A
aversão aos estrangeiros dá-se de um modo a causar o estranhamento daquele que veio de fora e é
diferente justamente porque essa análise parte de alguém que vê o outro com base em si mesmo.
A cultura, o modo de ser, os trajes e os costumes dos estrangeiros somente são considerados ruins
porque há um parâmetro de medida que é a própria cultura da pessoa que analisa, o que, junto a
questões ideológicas e político-sociais, em situação de imigração, gera o preconceito xenofóbico.
Não há uma fórmula mágica que erradique de vez o etnocentrismo em toda uma sociedade. Talvez a
maior força combativa ao etnocentrismo e a qualquer tipo de preconceito seja o estudo. O incentivo
ao estudo e o investimento em educação são as principais armas para combater-se, gradativamente,
o preconceito enraizado na cultura de um povo.
Fonte: (Porfírio, 2024.)
Estudo Orientado sobre Cultura, Etnocentrismo e Xenofobia
- Leia e consulte o texto para responder a essas questões no seu caderno:
1 – Consiste numa visão de mundo que privilegia os hábitos da nossa cultura e torna o diferente algo
menor, sendo usado como falsa justificativa de dominação.