22). É também a prova de que ele é o Cristo, apresentada aos discípulos de João Batista (7,22).
Lucas coloca os pobres em primeiro lugar nas felicidades proclamadas por Jesus (6,20). Segundo
Lucas, os pobres são os preferidos de Jesus, mas Jesus mostra que não exclui ninguém (cap. 14 e
16). Os ricos também são convidados a fazer o que Jesus fez: voltarem-se para os pobres, ter
carinho, repartir os bens com eles e assim entrar juntos o banquete da glória e da felicidade que
nunca se acaba. O caminho da salvação e da felicidade do rico passa pelo pobre (cap. 15). Outro
ponto forte em relação aos pobres é a exigência que Jesus faz a quem quiser ser seu discípulo. A
primeira coisa que pede é: Vende tudo que tens, distribui aos pobres e terás um tesouro nos
céus. A segunda é: Depois vem e segue-me (18,22). Novamente os pobres são o caminho
para seguir Jesus e não há outra proposta. Os pobres são o objeto da solicitude de Jesus:
pecadores e pecadoras, viúvas e crianças, publicanos, ladrões e penitentes, homens e mulheres
enfermos. Os pobres, no sentido concreto, aos que faltam bens materiais, são chamados bem-
aventurados (6,20) e os ricos são qualificados não de maus, mas de desventurados (6,24).
-Evangelho da valorização da mulher:
Lucas cita um número maior de mulheres do que os outros Sinóticos. Evangelista das
mulheres, porém nem sempre elas têm um papel profético, de fala... Dos 42 textos em Lucas que
falam de mulheres, 23 textos são só de Lucas: Maria: 1,26-38.39-45.46-56; 2,1-20.33-35.41-
50.51; Isabel:1,23-25.39-45.57-58.59-66; Ana: 1,36-38; viúva de Naim: 7,11-17; a pecadora:
7,11-17; discípulas: 8,1-3; Marta e Maria: 10,38-42; uma mulher anônima: 11,27-28; mulher
encurvada: 13,20-21; mulher que procura a moeda perdida: 15,8-10; mulheres no caminho da
cruz: 23,49.
Muitas mulheres serviam e seguiam desde a Galileia (8,1-13; 23,49). Discipulado de
homens e mulheres. Jesus cria um movimento novo, rompe com as estruturas de costumes
discriminatórios e marginalizadores que predominavam no mundo dos judeus. Contrário a prece
do varão que agradecia a Deus 3x ao dia por não tê-lo criado gentio, escravo, nem mulher, as
comunidades cristãs confirmavam a forma batismal de Gl 3,28. Eles são todos iguais, todos
eleitos e santos, porque adotados por Deus, todos sem exceção alguma: judeus, pagão, mulheres,
homens, escravos, libertos, pobres e ricos, os de status elevado e os que nada são aos olhos do
mundo. A casa da família de Deus é a nova família divina, onde todos sem exceção são irmãos.
-Evangelho do caminho:
O discipulado traz exigências radicais porque é o seguimento de Jesus no caminho da
Galileia a Jerusalém e na via dolorosa da Paixão e Morte que será coroada pela Ressurreição e
desembocará na Missão. Nesta caminhada, são fundamentais a oração (11,1-13), a prática da
misericórdia (10,29-37), a renúncia e o despojamento (9,57-62). O caminho da Igreja começa a
formar-se com judeus que abraçaram a fé. A virada para os pagãos, motivada pela recusa da
mensagem pelos judeus, é a ideia mestra das duas obras de Lucas. Essas duas fases são
consideradas como duas etapas de um caminho que avança em conformidade com o plano de
Deus e sob a direção do Espírito.
TEOLOGIA DE LUCAS
1. QUEM É JESUS?
Muitos olham para Jesus com os esquemas do paganismo. Lucas tem que corrigir isto.
Assim, apresenta Jesus como:
- O Salvador do mundo: Muitas religiões buscam a salvação, também os judeus. Lucas
quer mostrar Jesus como salvador do mundo pela:
-expulsão dos demônios (4,33-37.41; 7,21; 8,26-39; 9,37-43. O demônio pode ser visto
como sistema de Leis, sinagoga, Império.
-dirigindo-se a todos os excluídos: Zaqueu, samaritanos, leproso, a todas as nações (24,47).
Não é só dos judeus, mas de todas as pessoas, todos os povos.