Primeira parte do Módulo Evaporação e Evapotranspiração, pertencente à disciplina de Hidrologia do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará (UFC). Disciplina ministrada pelo professor Francisco de Assis de Sousa Filho.
Size: 5.28 MB
Language: pt
Added: May 06, 2017
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EVAPORAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO
Tópicos Introdução - Situar no contexto da disciplina; - Relevância do estudo da Evaporação; - Nomenclatura Básicos; Evaporação Transpiração (Relação solo-água-planta) Evapotranspiração
Relevância da Evaporação e Transpiração
Relevância da Evaporação e Transpiração
Definição A evaporação e a evapotranspiração ocorrem quando a água líquida é convertida para vapor de água e transferida, neste estado, para a atmosfera.
Definição Evaporação (E) – Processo pelo qual se transfere água do solo e das massas líquidas para a atmosfera. No caso da água no planeta Terra ela ocorre nos oceanos, lagos, rios e solo. Transpiração (T) – Processo de evaporação que ocorre através da superfície das plantas. A taxa de transpiração é função dos estômatos, da profundidade radicular e do tipo de vegetação. Evapotranspiração (ET) – Processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera através da evaporação (E) e da transpiração (T)
Nomenclatura usual Evaporação: quando se refere a evaporação de superfícies d'água livre (espelhos d'água). Evaporação de solo nu: quando se refere a evaporação de solo sem vegetação. Evapotranspiração: quando se refere a evaporação de solos vegetados (soma da evaporação de solo nu, mais transpiração da plantas).
Definições Evapotranspiração Potencial (ETp): perda de água por evaporação e transpiração de uma superfície natural tal que esta esteja totalmente coberta e o conteúdo de água no solo esteja próximo à capacidade de campo.
Definições Evapotranspiração de Referência (ETo): segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) é a perda de água de uma extensa superfície cultivada com grama, com altura de 0,08 a 0,15 m, em crescimento ativo, cobrindo totalmente o solo e sem deficiência de água.
Definições Evapotranspiração Real ou Atual (ETr): perda de água por evaporação e transpiração nas condições reinantes (atmosféricas e de umidade do solo).
Mudança de Estado Evaporação é um fenômeno no qual átomos ou moléculas no estado líquido (ou sólido, se a substância sublima) ganham energia suficiente para passar ao estado vapor vencendo a tensão superficial. Condensação: Aqueles estão mudando do estado de vapor para o líquido. Calor Latente: Quantidade de Energia liberada ou absorvida na mudança de fase. Saturação do Ar: Quando a quantidade que muda do líquido para o sólido é a mesma que faz o caminho inverso, isto é, há equilíbrio.
Mudança de Estado
Mudança de Estado
Mecanismo de Evaporação A água, recebendo incidência de calor, inicia um processo de aquecimento até que seja atingido seu ponto de ebulição; Prosseguindo a cessão de calor, este não mais atua na elevação da temperatura, mas como calor latente de vaporização, convertendo a água do estado líquido para o gasoso; Este vapor d’água se liberta da massa líquida e passa a compor a atmosfera, situando-se nas camadas mais próximas da superfície; Caso a evaporação possa se processar livremente, sem restrições do suprimento de água, esta evaporação é dita EVAPORAÇÃO POTENCIAL.
Mecanismo de Evaporação Taxa de Evaporação:
Evaporação (Balanço de Energia) Balanço de Energia por unidade de área: Rn = Hs + LE + G Rn – Radiação Líquida (onda curta e longa) Hs – Transferência Calor Sensível LE – TransferênciaCalor Latente G – Troca de Calor com a água LE= r .L v . E r – Massa Específica L v – Calor Latente E – Lâmina Evaporada
Razão de Bowen: Dificuldade de avaliar separadamente Razão de Bowen: – Constante psicometrica (0,66 mb/ C ) T – Temperatura, e – Perssão parcial de vapor s é superfície da água, a é ponto acima na atmosfera Evaporação (Balanço de Energia)
Evaporação (Transferência de Massa) Balanço de Massa: m – Massa evaporada r – Massa Específica A – Área E – Lâmina Evaporada Lei de Dalton (1802): E – Lâmina Evaporada e s – pressão parcial de vapor de saturação a temperatura da superfície da água e a – pressão parcial de vapor da atmosfera a certa altura f(u) – função da velocidade do vento horizontal
Evaporação (Transferência de Massa) C – Coeficiente que varia entre 0,50 para pequenos lagos a 0,36 para grandes lagos; W – velocidade do vento média diária a 25 ft de altura em milhas por hora Ar mais seco – mais evaporação Ar mais úmido – menos evaporação
Variáveis Meteorológicas que Interferem na Evaporação Os dois fatores principais que influenciam evaporação de uma superfície de água aberta são: a quantidade energia que proverá o calor latente de vaporização e a possibilidade de transportar o vapor para longe da superfície sobre a qual se dá a evaporação.
Variáveis Meteorológicas que Interferem na Evaporação Radiação solar é a fonte principal de energia. A habilidade para transportar vapor longe da superfície de evaporante depende: Velocidade do vento em cima da superfície e Gradiente de umidade específico sobre esta.
Variáveis Meteorológicas que Interferem na Evaporação Principais Variáveis Meteorológicas: Radiação Solar, Vento Pressão de vapor de água Temperatura do ar.
Fatores Intervenientes na Evaporação Vento A ação do vento consiste em deslocar as parcelas de ar mais úmidas encontradas na camada limite superficial, substituindo-as por outras mais secas. Umidade O ar seco tem maior capacidade de absorver vapor d’água adicional que o ar úmido, desta forma, a medida em que ele se aproxima da saturação, a taxa de evaporação diminui, tendendo a se anular, caso não haja vento para promover a substituição desse ar.
Fatores Intervenientes na Evaporação Temperatura O ar quente tem maior capacidade de conter umidade. Radiação Solar A energia necessária para o processo de evaporação tem como fonte primária o sol; a incidência de sua radiação varia com a latitude, clima e estação do ano.
Temperatura Quanto maior a temperatura, maior a pressão de saturação do vapor de água no ar, isto é, maior a capacidade do ar de receber vapor. Para cada 10 o C, P é duplicada. Temp. o C 10 20 30 P (atm) 0,0062 0,0125 0,0238 0,0431
Temperatura Curva da pressão de saturação de vapor em função da temperatura. Variação da saturação com a temperatura
Vento O vento renova o ar em contato com a superfície que está evaporando (superfície da água; superfície do solo; superfície da folha da planta). Com vento forte a turbulência é maior e a transferência para regiões mais altas da atmosfera é mais rápida, e a umidade próxima à superfície é menor, aumentando a taxa de evaporação. pouco vento muito vento
Radiação Solar Radiação solar - maior fonte de energia para a Terra, principal elemento meteorológico e um dos fatores determinantes do tempo e do clima. Além disso, afeta diversos processos: Físicos (aquecimento/evaporação) Bio-físicos (transpiração) e Biológicos (fotossíntese)
Tanques de Evaporação Rebaixamento do nível d’água 27 tipos enterrados, superficiais e flutuantes Tanque Classe A
Tanques de Evaporação Classe A A tina de evaporação, como o nome indica, mede a evaporação efetiva, isto é, a quantidade de água que uma massa liquida com exposição ao ar livre perde, através da sua superfície, e convertido em vapor, durante um certo período de tempo. O tanque de evaporação, propriamente dito, é o tanque de terra, classe "A" modelo standard do Weather Bureau. Forma cilíndrica, de 25,4 cm de profundidade e 120,7 cm de diâmetro, de construção metálica. O fundo está colocado sobre um bastidor a 1,5 cm do solo.
Evaporímetro de Piché
Atmômetro (Evaporímetro de Piché) Nota da alula Disciplina ACA 221. Instrumentos Meteorológcos de Observação. Laboratório de Clima e Biosfera. Deparamento de Ciências Atmosféricas / IAG / USP. A medição do evaporímetro não representa bem a evaporação de uma superfície de água, pois o balanço energético de uma superfície livre de água. Evaporímetro ou atmômetro de Piche Albert Piche (1872) França - tubo de vidro (~30 cm, diâm. ~15mm) invertido (fechado em cima) com água bi-destilada dentro do abrigo - Filtro de papel circular (diâm. 30mm) preso na base do tubo) Mede a água evaporada de um filtro de papel - plenamente umidecido, em contato com o ar.
Evaporímetro de Piché O evaporímetro de Piché é constituído por um tubo cilíndrico, de vidro, de aproximadamente 30 cm de comprimento e um centímetro de diâmetro, fechado na parte superior e aberto na inferior. A extremidade inferior é tapada, depois do tubo estar cheio com água destilada, com um disco de papel de feltro, de 3 cm de diâmetro, que deve ser previamente molhado com água. Este disco é fixo depois com uma mola. A seguir, o tubo é preso por intermédio de uma argola a um gancho situado no interior do abrigo.
Plataforma Automática de Coleta de Dados
Equacionamento de Estimativa de Evaporação Método de Balanço de Energia; Método Aerodinâmico; Método combinado; Método de Priestley-Taylor; Equações Empíricas; Baseado no Tanque Classe A.
Método de Balanço de Energia Er = 0,0353Rn (mm/dia) Onde: Rn = Radiação (W/m 2 ) Ven Te Chow et all (1988)
Método do Balanço de Energia
Método do Balanço de Energia
Método do Balanço de Energia
Exemplo 2 (Aerodinâmico) Utilizando o método do balanço de energia, calcule a taxa de evaporação de uma superfície aberta de água, considerando a radiação de 200 W/m 2 e a temperatura do ar de 25°C, supondo que não existem fluxos de calor sensível e de calor do solo.
Solução do Exemplo 1 Solução: Da equação L v =2,50 – 2,36 . T Onde T = temperatura em ºC L v = calor latente de vaporização em kJ/kg Para o calor latente de vaporização a 25°C, temos: L v =2,50 – 2,36 . 25 = 2,441 kJ/kg. A densidade da água é de ρ = 997kg/m 3 . Substituindo na equação Onde: R = radiação em W/m 2 . L v = calor latente de vaporização em J/kg ρ = a densidade da água em kg/m 3 . Temos:
Método Aerodinâmico No método aerodinâmico, a evaporação é calculada conforme a seguinte equação: Onde: E a = Evaporação potencial (mm/dia); e s = Pressão de vapor saturado (Pascal; 1Pa = 1 N/m 2 ) e a = Pressão de vapor atual (Pascal) e a = U R . e s (onde: U R = umidade relativa = e/e s ) B = é um coeficiente obtido através da equação Onde: u = Velocidade do vento na altura z 2 (m/s); z 2 = Altura da medição da velocidade do vento (geralmente é adotado 2 m a partir da superfície); z 1 = Altura de rugosidade da superfície natural.
Método Aerodinâmico
Método Aerodinâmico
Método Aerodinâmico
Exemplo 2 (Aerodinâmico) Calcule a taxa de evaporação de uma superfície aberta utilizando o método aerodinâmico com uma temperatura de 25°C, uma umidade relativa de 40%, a pressão dor ar de 101,3kPa e uma velocidade do vento de 3m/s, todas medidas em a uma altura de 2m acima da superfície da água. Suponha a altura de rugosidade igual a z = 0,03cm.
Solução do Exemplo 2 O coeficiente de transferência de vapor B é dado por: A taxa de evaporação é dada por: E a = B.(e as – e a ) Utilizando e as = 3,167 Pa a 25°C retirado da tabela e considerando e s = R h .e as = 0,4.3,67 = 1,67 Pa, obtemos: E a = 4,54.10 -11 .(3,167 – 1,267) = 8,62.10 -8 m/s ou 7,54mm/dia.
Método Combinado O método combinado ou método de Penmam calcula a evaporação considerando os efeitos da radiação e do vento. Para isso, o método combinado combina as equações do método do balanço de energia e do método aerodinâmico. A combinação resulta na equação abaixo: Onde: E = Evaporação potencial (mm/dia); E r = Evaporação calculada pelo método do balanço de energia (mm/dia); E a = Evaporação calculada pelo método aerodinâmico (mm/dia); ∆ = Gradiente da curva de pressão de saturação de vapor: ∆ = 4098 . e s / (237,3 + T) 2 (Pa/°C); = Constante psicrométrica: = 66,8 Pa/°C; Ven Te Chow et all (1988)
Método Combinado
Método Combinado
Exemplo 3 (Combinado) Aplicar o método de combinação para calcular a taxa de evaporação a partir de uma superfície aberta de água sujeita uma radiação líquida de 200 W/m 2 , uma temperatura de 25 o C, uma humidade relativa de 40% e uma velocidade do vento de 3 m/s, todos registrados a uma altura de 2 m, e uma pressão atmosférica de 101.3 kPa.
Solução do Exemplo 3 Solução: Do exemplo feito pelo balanço de energia a taxa de evaporação correspondente a uma radiação líquida de 200 W/m 2 é E r = 7,10 mm/dia, e do exemplo feito pelo método aerodinâmico, temos E r = 7,45 mm/dia para uma temperatura do ar, umidade e condições de vento dado. O método de combinação requer valores para Δ e ɣ na equação abaixo: A constante psicométrica ɣ é dada por, usando C P = 1,005 J/kgK para ar, K h /K w = 1,00, e I v = 2,441 x 10 3 J/kg a 25°C, temos:
Solução do Exemplo 3 usando C P = 1,005 J/kgK para ar, K h /K w = 1,00, e I v = 2,441 x 10 3 J/kg a 25°C, temos: Δ é o gradiente da curva da pressão do vapor de saturação a 25°C, dado por: com e s = e as = 3,167 Pa para T = 25°C:
Solução do Exemplo 3 Então os pesos de poderação para a equação de combinação são ɣ (Δ + ɣ) = 67,1/(188,7 + 67,1) = 0,262 e Δ/(Δ + y) = 188,7/(188,7 + 67,1) = 738. A taxa de evaporação se calcula utilizando: Logo:
Método Pristley -Taylor Este método é baseado no fato de que em grandes áreas, as considerações do balanço de energia governam a evaporação. Portanto, no método de Priestley - Taylor, a evaporação é calculada conforme a seguinte equação: Onde: E = Evaporação potencial (mm/dia) E r = Evaporação calculada pelo método do balanço de energia (mm/dia); ∆ = 4098 . e s / (237,3 + T) 2 (Pa/°C) = 66,8 Pa/°C = 1,3
Método Pristley -Taylor Ven Te Chow et all (1988)
Exemplo 4 ( Priestley -Taylor) Utilizar o método de Priestley- Taylor para calcular a taxa de evaporação a partir de um corpo de água com uma radiação líquida de 200 W/m 2 e uma temperatura de 25°C.
Solução do Exemplo 4 O método de Priestley- Taylor aplica a equação: com E r = 7,10 mm/dia a partir do exemplo do balanço de energia Δ/ (Δ + y) = 0,738 a 25°C a partir do exemplo do método combinado e α = 1,3. Logo, A qual se aproxima do resultado do método de combinação mais complicado como mostrado no exemplo anterior.
Equações Empíricas
Método Tanque Classe A Para grandes lagos usar 0,80 Coeficiente (K) para reservatórios Situação Superfície do espelho d'agua (hectares) 0 - 5 5 - 10 10 - 20 20 - 50 > 50 Normal 0,9 0,85 0,8 0,75 0,7 Bem protegida 0,81 0,77 0,72 0,68 0,63
Tanque Classe A Dados de evaporação do tanque classe A A tabela seguinte fornece os valores mensais médios da evaporação do tanque classe A para alguns Municípios. Município J F M A M J J A S O N D TOT PATOS (PB) 319 254 236 203 219 221 247 298 316 354 337 331 3334 CRUZETA (RN) 316 257 233 211 193 209 242 289 314 354 340 341 3299 PETROLINA (PE) 270 243 224 203 223 217 242 268 299 337 311 314 3151 OURICURI (PE) 229 191 190 169 163 184 205 261 308 314 312 270 2796 IRECÊ (BA) 227 223 212 187 200 197 223 261 293 304 282 249 2858 BARBALHA (CE) 218 175 174 174 186 186 218 271 288 281 275 258 2704 SUMÉ (PB) 289 231 234 220 192 167 188 228 254 291 300 298 2892 TAUÁ (CE) 266 235 236 314 208 220 252 277 296 326 306 311 3146 FLORÂNIA (RN) 267 217 208 181 179 181 210 267 287 306 293 287 2884 CAICÓ (RN) 300 232 234 205 213 211 240 266 314 326 314 328 3182 SOUZA (RN) 268 203 194 173 178 185 218 267 294 317 314 326 2936
Fim
Definições Processo de Transpiração no Sistema Solo Planta Atmosfera. A transpiração ocorre desde as raízes até as folhas, pelo sistema condutor, pelo estabelecimento de um gradiente de potencial desde o solo até o ar. Quanto mais seco estiver o ar (menor Umidade Relativa), maior será esse gradiente.
Teoria de Dixon ou Coesão Tensão Transpiração
Teoria de Dixon : coesão-adesão-sucção-tensão Sucção: decorrente da transpiração e da fotossíntese; Coesão: entre as moléculas de água; Adesão: parede do vaso atrai a água; Tensão: a sucção gera a tensão, já que há coesão.
Adesão-Coesão Coesão e adesão das moléculas de água
Coesão-adesão-sucção-tensão
Ponto de Mucha Permanente Em solos muito secos, o Yw pode cair até o conhecido valor do ponto de murcha permanente, quando não existe mais água disponível para as plantas . Neste ponto, o Yw do solo é tão baixo que a planta não pode manter a turgescência, mesmo que toda a transpiração seja parada. A planta permanece murcha mesmo à noite, quando a transpiração cessa quase inteiramente. Isso significa que o Yw do solo é igual ao Ys da folha (neste caso Yp = 0 e Yw = Ys ). Em muitos estudos considera-se o valor de – 1,5 MPa para o potencial hídrico do solo, correspondente ao ponto de murcha permanente. No entanto, visto que o Ys varia com a espécie vegetal, o ponto de murcha permanente (PMP) depende não apenas do solo, mas, também, da espécie em estudo.
Ponto de Mucha Permanente PMP é a situação em que o Yw do solo = Yw da folha = Ys da folha
Capacidade de Campo A capacidade de campo é o conteúdo de água do solo após ele ter sido saturado com água e o excesso ter sido drenado pela ação da gravidade. É maior em solos argiloso, solos que possuem alto conteúdo de húmus e muito menor nos solos arenosos.
Fim
Definições Evapotranspiração (ET) – Processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera através da evaporação (E) e da transpiração (T) Em solos com cobertura vegetal é praticamente impossível separar o vapor d’água proveniente da evaporação do solo daquele originado da transpiração. Neste caso, a análise do aumento da umidade atmosférica é feita de forma conjunta, interligando os dois processos num processo único, denominado de evapotranspiração. ET = E + T
Definições Evapotranspiração Potencial (ETP) – quantidade de água transferida para a atmosfera por evaporação e transpiração, em uma unidade de tempo, de uma superfície extensa, completamente coberta de vegetação de porte baixo e bem suprida de água (Penman, 1956). Evapotranspiração real (ETR) – quantidade de água transferida para a atmosfera por evaporação e transpiração, nas condições reais (existentes) de fatores atmosféricos e umidade do solo. A ETR é igual ou menor que a evapotranspiração potencial (Gangopadhyaya et al, 1968).
Definições Evapotranspiração Potencial ou de Referência (ETO): termo definido por Thornthwaite e posteriormente por Penman (1948), traduzindo a perda d'água de uma superfície coberta com grama batatais (Paspalum notatum L.), em fase de crescimento ativo, hem suprida de umidade, no centro de uma área tampão irrigada, suficientemente grande para que os transportes horizontais de vapor d'água sejam negligíveis. Se a área tampão não for suficiente, os balanços de energia laterais incrementarão a perda d'água da superfície e a evapotranspiração decorrente receberá o nome de evapotranspiração de oasis (ETO).
Definições Evapotranspiração Real (ETR): Refere-se à perda de água por evapotranspiração de uma superfície em quaisquer condições de vegetação e suprimento de água.
Definições Evapotranspiração Máxima (Etm): Evapotranspiração máxima (ou demanda climática ideal, como preferimos) refere-se à perda de água observada por evapotranspiração por uma superfície vegetada (OU cultura) qualquer, em um estágio de desenvolvimento qualquer, desde que se observem condições ideais (não restritivas) de umidade do solo, para o desenvolvimento das plantas. Para uma cultura, tem um valor mínimo na ocasião da emergência, assumindo um valor máximo, no estágio de maior índice de área fpliar (m 2 de folhas/rn 2 de terreno), que ocorre usualmente no fim do desenvolvimento vegetativo, início da floração. Convém observar que a evapotranspiração ideal somente ocorrerá quando a água no solo não for limitante .
Fatores que Afetam a Evapotranspiração Fatores Ambientais - Radiação Solar - Temperatura do ar - Umidade relativa do ar - Vento Fatores fisiológicos
Fatores Ambientais que Afetam a Evapotranspiração Radiação solar (Rs) - da radiação solar absorvida pelas folhas das plantas, de 1 % a 5 % são usadas no processo de fotossíntese, e de 75 % a 85 % são utilizadas no processo de aquecimento das folhas e do ar atmosférico logo acima do dossel da cultura (fluxo de calor sensível), e, também, no processo de evapotranspiração (fluxo de calor latente). Um aumento na Rs aumenta a demanda atmosférica e a temperatura do ar. O requerimento de água das culturas (ET) é um processo que envolve energia, como já foi destacado. Essa energia é proveniente da radiação solar global (Rs).
Fatores Ambientais que Afetam a Evapotranspiração A Figura ilustra o balanço de energia de uma superfície coberta por vegetação, salientando as principais formas de fracionamento do saldo radiação.
Fatores Ambientais que Afetam a Evapotranspiração Temperatura do ar (Ta) - o efeito da temperatura do ar sobre a capacidade de retenção de umidade do ar é ilustrado na Figura. O aumento da temperatura do ar aumenta a capacidade de retenção de umidade do ar, o que resulta em maior demanda atmosférica. Pela Figura, verifica-se que, se o ar, a 50 % de umidade relativa e a 43 °C, for resfriado a uma temperatura abaixo de 30 °C (ponto de orvalho), não pode armazenar mais umidade (água), acarretando condensação.
Fatores Ambientais que Afetam a Evapotranspiração Umidade relativa do ar (UR) - O aumento da temperatura torna maior a quantidade de vapor d´água que pode estar presente no mesmo volume de ar. Assim, quanto maior temperatura, maior es (maior a capacidade do ar conter água) e menor UR pois: Onde: ea = a pressão de vapor do ar (medida em pascal). es = a pressão de vapor do ar obtida em condições de equilíbrio ou saturação.
Fatores Ambientais que Afetam a Evapotranspiração Vento - o processo de transpiração ocorre quando há difusão do vapor d'água através dos estómatos. O vento modifica a camada de ar vizinha à superfície, substituindo uma camada muitas vezes saturada por uma com menor conteúdo de vapor d’água. Na camada em contato com a superfície (aproximadamente 1 mm), o movimento de vapor é por moléculas individuais (difusão molecular), mas acima dessa camada limite superficial, o responsável é o movimento turbulento do ar (difusão turbulenta).
Fatores Ambientais que Afetam a Evapotranspiração O efeito do vento sabre a transpiração estomática e a abertura estomatal encontra-se ilustrado na Figura. Observa-se que, para pequenas aberturas estomatais, não há grandes diferenças na taxa de transpiração quando se comparam as diferentes condições de vento. Essa diferença aumenta abruptamente com o aumento da abertura dos estomatos para a condição de velocidade de vento.
Fatores Ambientais que Afetam a Evapotranspiração Variação segundo a disponibilidade de água no solo e as condições de clima O requerimento de água das culturas, ou ET, geralmente aumenta à proporção que aumenta a demanda evaporativa da atmosfera, desde que ocorram condições de elevada umidade do solo. A Figura ilustra a variação da ET de uma cultura de acordo com a disponibilidade de água no solo e a demanda da atmosfera em diferentes condições de clima. A disponibilidade de água no solo para as culturas é estabelecida pelo conteúdo de umidade retida pelo solo entre a capacidade de campo (CC) e o ponto de murcha permanente (PMP) de cada cultura.
Fatores Fisiológicos que Afetam a Evapotranspiração Os fatores relacionados às plantas interferem, definem e modificam a taxa de evapotranspiração, afetando diretamente as resistências ao movimento da água do solo para a atmosfera. Entre eles, destacam-se: Fechamento estomatal - Praticamente a totalidade da transpiração ocorre através dos estômatos por causa da relativa impermeabilidade da cutícula. Quase nenhuma transpiração ocorre quando os estômatos estão fechados. A medida que a abertura dos estômatos aumenta, uma maior quantidade de vapor d'água pode ser transportada para a atmosfera. Entre os fatores que influenciam a abertura e o fechamento dos estômatos, estão a luz e o nível de umidade nas folhas.
Fatores Fisiológicos que Afetam a Evapotranspiração Tamanho e numero dos estômatos - A maioria das folhas de várias espécies de plantas, produtivas comercialmente, apresenta estômatos em ambas as faces. Quantidade de folhas - Quanto maior a área foliar de uma determinada espécie, maior será a evapotranspiração. Enrolamento e dobramento das folhas - Muitas plantas têm mecanismos nas suas folhas que favorecem a redução da taxa de transpiração quando a disponibilidade de água no solo torna limitante .
Fim
Medição de Evapotranspiração Lisímetro - Peso - Medir chuva - Coletar água percolada - Coletar água escoada - Superfície homogênea Medições Micrometeorólogicas
Lisímetro
Medições Micrometeorológicas
Fim
Determinação da Evapotranspiração de Referência Existem métodos diretos para determinação e métodos indiretos para a estimativa da evapotranspiração; e cada metodologia apresenta características próprias.
Determinação da Evapotranspiração de Referência Métodos diretos: 1. Lisímetros. 2. Parcelas Experimentais no Campo. A obtenção da evapotranspiração por meio de parcelas experimentais, depende de vários fatores. Este método só deve ser utilizado para a determinação da ET total, durante todo o ciclo da cultura, e nunca a ET diária ou semanal, pois, nestes casos, os erros seriam grandes. A água necessária, durante todo o ciclo da cultura, é calculada pela soma da quantidade de água aplicada nas irrigações, precipitações efetivas, mais a quantidade de água armazenada no solo antes do plantio, menos a quantidade de água que ficou retida no solo após a colheita.
Determinação da Evapotranspiração de Referência Métodos indiretos: São aqueles que não fornecem diretamente a evapotranspiração e, para estimá-la, é preciso se utilizar de um fator (K), a ser determinado para cada região e para cada método indireto. De acordo com os princípios envolvidos no seu desenvolvimento, os métodos de estimativa podem ser agrupados em cinco categorias: 1. Empíricos: Estes métodos foram desenvolvidos experimentalmente, sendo que na seleção destes métodos deve-se observar para quais condições ambientais foram desenvolvidos e fazer os ajustes regionais. 1.1) Evaporímetros 1.2) Método de Blaney-Criddle
Determinação da Evapotranspiração de Referência Métodos indiretos: 2. Aerodinâmico: Este é um método micrometeorológico , com embasamento físico-teórico da dinâmica dos fluidos e transporte turbulento . 3. Balanço de Energia 4. Método de correlação de turbilhões