Fábula da lebre e da tartaruga, uma história mal contada

jafroque1 5,826 views 34 slides Oct 06, 2012
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About This Presentation

Fábula com ilustrações originais.


Slide Content

João Alberto Roque (texto), Rute Freire e Alexandre Freire (ilustrações)

Aconselha-se a visualização seguinte:
Em ecrã inteiro - Rectângulo na barra acima à direita.

Há histórias que fazem parte do nosso imaginário
colectivo e que moldaram a nossa percepção da realidade.
A fábula da Lebre e da Tartaruga é uma dessas histórias.
E se La Fontaine foi induzido em erro ou foi cúmplice
de uma tramóia bem montada?
Os autores do presente texto, usando de ironia e
humor, vêm apresentar o resultado de uma aturada
investigação, onde demonstram que houve fraude e que,
afinal, a fábula da Lebre e da Tartaruga foi…

Uma história mal contada.

Dedico esta história – a verdadeira –
A todas as crianças que gostam de ler
E aos adultos com sentido de humor refinado.
La Fontaine, desculpa lá a brincadeira:
Adulterei a tua fábula, que é bonita a valer
E não tens culpa, porque foste enganado…
Agradeço às minhas fontes de inspiração:
Às socialites e a quem vai atrás do foguetório,
E, claro, aos jornalistas, juízes e advogados,
Aos políticos pouco sérios (felizmente excepção)
E aos homens do desporto que têm no repertório
Muitos modos diferentes de falsear resultados…

O caso que vos vou descrever
Passou-se há muitos e muitos anos
No estranho mundo dos animais…
Caso que nunca poderia acontecer
No mundo tão certo dos humanos
Onde ninguém engana os demais.

A Tartaruga, que tinha fama de ser lenta,
Queria mudar esse aspecto negativo:
Nada melhor do que desafiar a Lebre
O animal mais rápido da floresta
Mas um bicho assustadiço e esquivo
Que raramente saía do seu casebre.
Tudo começou numa entrevista:
A Tartaruga, mediática e famosa,
Contava, ao pormenor, a sua vida.
Além da foto, na capa da revista,
Havia uma frase curta e poderosa
«Desafio a Lebre para uma corrida».

A Lebre viu ali uma boa oportunidade
Por isso, como se sabe, aceitou o desafio
E declarou ao Papagaio jornalista:
«Ninguém me vence em velocidade».
Aprazaram a corrida, que seria junto ao rio,
Um local aprazível para servir de pista.
A Lebre viu ali uma boa oportunidade
Por isso aceitou o desafio, como se sabe,
E declarou ao Papagaio jornalista:

No dia previsto e à hora combinada,
Manhã cedo, já a Lebre aquecia
Os músculos das pernas e das costas.
Para ver a celebridade, a bicharada
Juntara-se onde a Tartaruga chegaria
E cada um fazia as suas apostas.
Como a sua especialidade é dar nas vistas
A Tartaruga nunca da pompa prescinde:
Pegou em dois copos que ela mesma encheu
- Há que evitar situações imprevistas -,
Deu um copo à Lebre e propôs um brinde:
«E que ganhe a melhor, ou seja… eu».

A bicharada ansiosa esperava as velocistas
- Àquele ritmo, a Lebre já devia ter chegado -
De olhos na meta, estranhavam a demora.
Deveras admirados estavam os jornalistas
E conjecturavam o que se teria passado,
Que a partida fora há mais de uma hora.
Após uma curta sessão de autógrafos,
O canto do galo deu o sinal de partida
- Sabem que os tiros assustam os animais.
Acompanhadas por jornalistas e fotógrafos,
Largaram. Claro que a Lebre saiu rápida
E a outra lenta – os seus estilos habituais.

Para a história ficou a fotografia
- Uma cena estranha e caricata -
Divulgada em revistas e jornais:
À sombra duma árvore, a Lebre dormia
E a Tartaruga passava rumo à meta
(E fotografias não mentem, são reais).

A façanha, a lenda, a bela história
Da Tartaruga correu mundo e encantou.
E ela - com um sorriso de orelha a orelha
Pois ficara muito bem na fotografia -
Sim, só ela sabia que a Lebre falhou
Sob o efeito da poção da amiga Abelha.
A multidão já aplaudia a bicha célebre.
Sob a algazarra, a outra despertou
E, ainda tonta, correu como uma seta.
Mas chegou demasiado tarde, a Lebre
- A bicharada toda em coro a assobiou -
Que a Tartaruga já tinha passado a meta.

Fraude perfeita? Não! Algo correu mal.
Um Ratito viu tudo e – finório – percebeu:
A Abelha a vender a poção para dormir;
A Tartaruga a deitá-la no copo da rival.
Esta bebeu e, durante a prova, adormeceu
E a outra, vagarosa, passou por ela a sorrir.

O Ratito, pensativo, até roía as unhas:
Para repor a justiça teria que acusar
Uma personagem com grande influência,
Sem quaisquer provas nem testemunhas.
Para divulgar o que vira, teria que usar
Toda a sua perspicácia e prudência.
Escrever uma carta anónima foi a solução…
Dirigida ao empenhado jornalista
A relatar o que vira, de forma precisa.
Este achou que, se não era só imaginação,
Havia ali assunto a não perder de vista
E começou a preparar a sua pesquisa.

O jornalista confrontou, com tais questões,
A Tartaruga que o olhava de soslaio.
A ilustre visada, ofendida, negou o facto.
Achando-se intocável, imune a suspeições,
Cometeu o erro de humilhar o Papagaio,
Chamando-lhe incompetente, fala-barato.
A notícia não tardou a vir a público
- a bicharada sedenta de emoções -
E descobriu-se uma vida escandalosa.
Desde que o credível Papagaio abriu o bico
Sucederam-se, em catadupa, as revelações.
Para começar houve uma ajuda preciosa:

Séria e tendo que manter a reputação
De especialista em doces e venenos,
A doutora Abelha, envolvida por abuso,
Revelou que a tartaruga pedira a poção
Porque andava a dormir bastante menos
E afirmara ser para seu próprio uso.
Tal como a Tartaruga corpulenta,
A mentira tem pernas curtas e baixo nível
E foi no tribunal que o caso foi disputado,
Mas, como a ré, a justiça é muito lenta
E tem uma carapaça quase intransponível
Se há alguém rico e poderoso implicado.

A Tartaruga sempre foi um animal
- não se esqueçam - muito influente,
Dá-se com bestas capazes do pior
E, claro, o caso prescreveu no tribunal.
A Tartaruga continua, indiferente
Na sua carapaça, a achar-se a maior.
É esta a única e verdadeira história,
Contada com todo o rigor e boa-fé
Sem quaisquer enfeites nem fantasias.
Conseguir contá-la é já uma vitória…
Estranhamente, quão diferente é
A versão que chegou aos nossos dias.

O caso que hoje vos descrevi
Passou-se há muitos e muitos anos
No estranho mundo dos animais…
Caso semelhante nunca eu vi
No mundo tão certo dos humanos,
Onde ninguém engana os demais.

A imprescindível Moral da História:
Cuidado! Que as aparências enganam.
Pensem por vós, sem ingenuidade,
E mesmo que pareça luta inglória,
- Mesmo quando muitos vos abandonam -
Escolham sempre o lado da verdade.

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