NADPH citocromo P450 redutase (EC 1.6.2.4), leva à formação de um
intermediário nitro radicalar (R-NO2
•-
) com subsequente formação de
hidroxilamina (R-NHOH).
27
No caso de 1, o radical reduz o oxigênio molecular
(O2) formando o íon superóxido (O2
•-
) e regenerando o grupo NO2 num processo
conhecido como ciclo redox (redox ciclyng).
27
O íon superóxido formado é
captado pela enzima superóxido dismutase (EC 1.15.1.1) gerando peróxido de
hidrogênio (H2O2) que, através da reação de Haber-Weiss na presença de íons
Fe
III
, forma o radical hidroxila (
•
OH).
28,29
A esta espécie tem sido atribuído o
efeito tripanocida por mecanismos complexos que envolvem ligação a lipídeos,
proteínas e ao DNA do T. cruzi.
27
Por outro lado, o fármaco 2 não atua através do
ciclo redox e não depende diretamente de espécies reativas de oxigênio (ROS -
reactive oxigen species).
27
O radical nitro formado em 2 estaria envolvido com
seu efeito tripanocida através da formação de ligações covalentes com
macromoléculas do T. cruzi (e.g., DNA e citocromo P450).
28
É descrito ainda
que 2 aumenta a fagocitose e lisa o T. cruziatravés de um mecanismo dependente
de interferon-gama (IFN-γ - interferon-gamma),
29
e inibe o crescimento do T.
cruzi através da enzima NADH-fumarato redutase (EC 1.3.1.6).
30
(DIAS, Luiz C. et al .
Quimioterapia da doença de Chagas: estado da arte e perspectivas no desenvolvimento de novos fármacos. Quím.
Nova, São Paulo , v. 32, n. 9, p. 2444-2457, 2009 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422009000900038&lng=en&nrm=iso>. access
on 15 Oct. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422009000900038)
15. Principais fármacos usados no tratamento da Leishmaniose
Os principais fármacos usados na leishmaniose visceral são os compostos
antimoniais pentavalentes, tais como estiboglioconato de sódio e o antiomoniato
de meglumina (não no Reino Unido), mas a resistência a estes agentes está
crescendo e sua toxicidade é alta. A anfotericina é um reforço útil, e o isetinoayo
de pentamidina também é usado na leishmaniose resistente ao antimônio. Em
alguns países, a miltefosina, originalmente desenvolvida como fármaco
antitumoral, foi utilizada com sucesso para tratar a doença.
16. Mecanismo de ação dos agentes antimoniais pentavalentes
O mecanismo de ação preciso do agentes antimoniais pentavalentes ainda é
incerto, mas parece ser um evento que envolve diversos aspectos do metabolismo
do parasita. Tem sido sugerido que algumas particularidades químicas na
composição destes fármacos podem contribuir para seus efeitos farmacológicos.
Por exemplo, os carboidratos, como o ácido glicônico (presente no Pentostan
®
ou
no Glucantime
®
), são capazes de formar complexos solúveis em água com o
átomo de antimônio, o que pode distribuir os agentes antimoniais para os
macrófagos infectados (Roberts et al., 1995; Sereno et al., 1998). Além disso,
como a forma pentavalente apresenta pouca toxicidade, é possível que esta forma
seja um pró-fármaco, que se converte na forma mais tóxica, trivalente, próxima de
seu local de ação, ou seja, no interior dos macrófagos ou próximo destas células.