Na Toca 88, da Rua Despinhos, na cidade de Rapidópolis,
morava um coelho solitärio. Ele náo recebia visitas, nao tinha
amigos, nunca queria saber de conversa com ninguém.
Os vizinhos já estavam acostumados, diziam que ele vivia no
mundo da lua, que era distraído e desligado, e que tudo isso se
podia entender, pois ele era um poeta.
Ele era o famoso poeta e escritor Felpo Filva.
Felpo era assim solitário
desde os tempos de crianga,
quando os coleguinhas da es-
cola zombavam dele porque
ele tinha uma orelha mais
curta que a outra.
Essa diferenga sempre foi
um grande problema, e a si-
tuaçäo piorou ainda mais
quando resolveram que Felpo
deveria usar um aparelho para
esticar a orelha curta.
O aparelho se chamava Sti
corelia. Era grande, pesado e
difícil de usar. O pior de tudo
foi que de nada adiantou tánto sacrificio. Ninguém entendeu
porqué, maso aparelho, que funcionava tdo bem com os outros
filhotes, náo deu resul-
tado como Felpo. Ele con-
tinuou com uma orelha
mais curta que a outra.
Um certo dia, quando
Felpo já era um poeta fa-
moso, tomou uma deci
sao: ele iría contar para
todos a triste história de
sua vida. Iria escrevera sua
autobiografía.
Ocoelho poeta pegou umaxicara de café, sentou-se diante da
máquina de escrever e começou:
10
Felpo lembrou-se de um papel velho, que estava guardado na
gavetajá há muito tempo, e colocou-o em cima da escrivaninha,
ao lado da máquina de escrever. Era o manual do Sticorelia
Aquilo o fazia lembrar da sua infáncia.
Manual de uso
one
APRESENTACAO de
COSICOREUA SABE EREECTON Sous” fee
‘deve ser uilizodo por fihotes de to Ft
¿coelho que sofrem de desvio de
‘simetria auricular. O aporelho tem af
¡por objetivo esticar.a orelha menor
durante o crescimento do filhote. Deve
er usado por, no mínimo, 5 anos.
Fa tomar banho com o opareho, devese, depois, secar muito bem
(oral com Cotanates Rabi Perfcion”, poro nöo dor ogvoreie
AVISOS DE SEGURANÇA
Recomenda-se que o uso do aparelho ndo jogue futebol nem brinque
(de pegarpega ou exconde-esconde, sob 0 risco de machucar os coleguinhas.
Os Colao bite Pan gor com ASSISTENCIA TECNICA
es ei om gee en she Eon el
(al vim non modelos dro ex, tc om ne con 0 SAC =
an cono pomo mein [Siac Reins en con
Neste momento, seus pensa-
mentos foram interrompidos pela
campainha. Era o carteiro trazen-
do uma pilha enorme de cartas.
O poeta sempre recebia muitas,
mas nunca lia nenhuma. Nem as
abria. Elas iam todas fechadas
direto para 0 fundo do bau.
Neste dia, porém,
Felpo viu um envelope
diferente, grande, li-
lás, amarrado com um
lago de fita de cetim.
Aquilo chamou a sua
atençäo. Curioso, eleo
abriue leu:
"
Ropidepetin, 20 de forrsiner
Freyode Sanhor Folge Flea.
14
Quando Felpo acabou de ler, sua orelha direita (a mais curta)
comecou a tremer. Toda vez que ele ficava nervoso a orelha tre-
mia descontrolada. Infelizmente, além do encurtamento, ele
sofria de orelite tremulosa.
À carta tinha deixado Felpo bem nervoso. Um coelho famoso
como ele náo estava acostumado com pessoas que diziam
assim, com todas as letras, náo gostei do seu poema,
Quem era aquela Charló, que tinha
a coragem de falar com ele daquele
jeito? E ainda mais mudar o fim da
sua história? Felpo nao ia nem res-
ponder a tamanho atrevimento!
Amassou a carta e a jogou fora.
A carta foi para o lixo, mas o assunto nao. Felpo náo conse-
guia esquecer as palavras de Charló. Será que ela tinha razäo?
Será que ele era táo pessimista assim?
Pensou nos títulos de seus livros: A
cenoura murcha, A horta por trás das gra-
des, De olhos vermelhos, Um pé-de-coelho
azarado, Infeliz Péscoa.
Ficou cheio de dúvidas, preocupa-
do. Pegou a carta do lixo, desamassou,
leu e releu umas
quinze vezes. Pen-
sando bem, aquela
sinceridade dela até
que era bacana. A
gente confia mais
nas pessoas que fa-
lam a verdade. Guardou a carta amarrotada
na gaveta da escrivaninha.
Felpo levou um bom tempo para esquecero assunto e, quan-
do conseguiu, chegou mais um envelope lilés. Ele leu a carta.
Nopdöpebn, 348 mei
Yraqader poda, ndo nova
Comer o seen nal mt nupendas eu
O rene
„ochsi BE UN
RU Tops
a e pes
À aim:
Mimo mans Lom ara.
ER Rite er
Limo car. ann carte
hs também.
Lima cara dam plane.
inks Sone
M me |
BSS
U oder hem & cin =
En loma à libadade de nancaner o mus poema
peldarde + pararimb € ele ficos dom ler:
PASSARINHO SEM GAioLA
Quem planta ovo colhe passarinho? Aquela Charló era malu-
ca! Ela tinha tido a ousadia de reescrever o seu poema e ainda
dizer que ele náo tinha imaginagáo!!! Agora ela tinha exagerado!
Felpo nao achou graga. Ficou indignado, indignadíssimo e res-
pondeu na mesma hora:
Assim que acabou de escrever, Felpo saiu e pôs a carta no cor-
reio. Voltou para casa todo satisfeito. Tinha dado uma resposta
merecida para aquela coelha atrevida!
18
Meiahora depois, porém, asua orelha
direita tremulou. Ele estava cheio de
dúvidas. Será que devia ter respondido
daquele jeito? Leu de novo a versáo dela
para o poema do passarinho. Hum, o
resultado náo estava táo mal assim... Ele
tinha que admitir que a Charló possuía um
certo talento para escrever e que tinha até
um certo senso de humor, era divertida.
Será que ela escrevia os seus próprios poemas? E qual seria a
opiniäo dela sobre o seu último livro, O ovo chocado?
Felpo passou diase dias se fazendo perguntas, mas náosoube
responder nem uma sequer. Até que depois de uma semana che-
gou um telegrama.
12/05
RAPIDOPOLIS
POETA VG SE VOCE ACHA QUE SOU ASSIM va
VENHA CONFERIR PT VENHA TOMAR CHA COM
BOLO DE CENOURA AQUI NA MINHA TOCA PT
VOCE PODE MARCAR O DIA PT PIOR CEGO €
AQUELE QUE NAO QUER VER A SUA PROPRIA
IMAGINAÇAO PT CHARLO
19
20
Diante daquele con-
vite ousado, a orelha di-
reita de Felpo recome-
ou a tremer. Ele ficou
muito nervoso. Nao sa-
bia o que era pior: sair
da toca, dizer a ela que
tinha gostado de seus
poemas, tomarchá com
uma desconhecida ou
comer bolo de cenoura,
que ele detestava.
Felponáo sabia o que
fazer. Ficou táo confuso
que teve uma crise de
orelite tremulosa agu-
da, agudíssima.
Pegou a caixa de re-
médios onde tinha todo
otipo de coisa para ore-
lite. Procurou um vidro
de Destremil, um xarope
para orelhas descontro-
ladas. Leu a bula trés
vezes. Ele tinha pavor de
efeitos colaterais. Felpo
tomou duas colheradas
doxarope e foi se deitar.
(A =
- DESTREMIL
APRESENTAGAO | cowmaspicacoes
ee. E meat o poa
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INFORMAQÓES AO PACIENTE 180 ône sudo Gran a rate.
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LABORATÓRIOS INTOX
Ramos Mapa Du Carc - Pero 1 49010
Fara do ia don de opto à remove nan
1
No dia seguinte, Felpojá estava bem mais calmo e a sua crise,
quase controlada. Quando criou coragem, pegou uma folha de
papel eescreveu:
22
Char18
Gostei muito da sua sinceridade. Eu tambén
quero ser sincero como vooß e 6 por isso que
You Ihe dizer logo que tenho muitos defeitos
(grandes e enormes). Para explicé-los, vou
contar uma fábula:
O COELHO E A TARTARUGA
Certo día, disse o coelho à tartaruga:
“tenho pena de voo®, que tem que levar a casa
As costas e näo pode pass:
dos inimigos.
A tartaruga, ao ouvir tais palavras, pensou
um pouco e a seguir respondeu: “Coelho, eu sou
lenta e posada, 6 verdade. Voo® 6 leve e ligei-
7, brincar ou correr
xo, nio nego. Mas pode guardar para si toda
sua compaixäo. Apostemos uma corrida e
vejamos quen chega primeiro, voc®@ on eu.
O coelho achou muita graga na aposta
e aceitou na mesma hora. Combinaram o local
da largada e da chega
Assim que a corrida comegou, a tartaruga se
pós a caminho. O coelho, vendo como ela andava
Jerda o pesada, pós=se a rir, saltar e zombar.
Enquanto isso, a tartaruga ia se adiantando com
ais:
‚Ihe o coelho rindo,
“Häo corra tanto! Wao se canse assim! Olha, vou
até dormir um booadinho.” E para zombar ainda
24
Pronto. Foi dificil, mas Felpo conseguiu escrever e foi sincero.
Abriu o seu coraçäo, contou tudo, mesmo achando que depois
daquela carta a Charló nao iria mais querer saber dele.
E agora que o assunto estava encerrado, ele podia voltar a
escrever o seu livro.
Felpo tentou. Uma, duas, trés, diversas vezes, mas náo conse-
guiu. Seus pensamentos náo se concentravam na tarefa. Só pen-
sava na Charló e no que ela iria pensar dele depois daquela carta.
Em vez de trabalhar no seu livro, Felpo passou dias escreven-
do outras coisas: poemas, textos, frases. E, no meio disso tudo,
sem querer, saiu algo bem diferente do que ele costumava criar,
um conto de fadas.
UMA HISTÓRIA UM POUCO
ESQUISITA
Era una vez um prinei-
pe diferente dos outros.
Ele era um pouco feio, um
Pouco estranho, um poco
torto e um pouco azarado
tambén.
Un dia, esse principe
oi preso na torre por
uma princesa horrorosa,
chata, mandona e feia
de doer. 0 coitado £icou
Se sentindo muito mal,
pior que um sapo perdido
na areia do deserto.
25
26
Por sorte, uma bruxa mito interessante,
bonita, alegre e engragada ficou sabendo da
terrível malade. Wio perdeu tempo, montou
o ot costas e correu para lá.
do ni
Chegando, gritou: “6 príncipe amado,
joga-ne tuas trangas! Eu vin te salvar!”
O príncipe ficou tio feliz com
a ohegada dela qu
pulou 14 de oima. Caiu no cavalo,
‚m pensar,
quebrou uma perna, dois dentes da
frente, toroeu as costelas, ras-
gou toda a roupa e, como se näo
bi
O que acontecen com O pobre cava-
tasse, perdeu a peruca tambén.
lo ninguén sabi
O principe se azrebentou
inteiro, mas a bruxa, que o
anava, cuidou tdo bem dele que o mogo ficou
bonzinho, só um pouco mais torto do que antes.
A bruxa e o principe mudaram para long:
bem mais bonita que
para una terra distante
aquela, e compraran un castelo antigo, lindo,
que ficava no alto de una montanha. E af
acontecen, de verdade, o que ninguén acreditava
que fosse acontecer; eles viveran juntinhos
para
apre, felizes, cheios de amor.
su
jothinnos
Spocse malvada
sabia queizar
Felpo estava muito satisfeito com o resultado, Ns
chegando a se divertir bastante enquanto escrevia e
isso era uma grande novidade. Ficou provado que ele
era capaz de criar coisas engragadas e otimistas. Deu vontade
de mandaro conto para a Charló. E, enquanto juntava coragem
para enviar, chegou outra carta dela.
Nopidepolis, 23 de mais
Poda.
a am
He ae ak.
presente is
Ta imagine wei Jene am cell em Alma de ara?
ictal dilado que diy: nba sf, quand ca
sn e sim seua anar.
Bam, €
een ET.
cena aná mile bom wind,
Adene cojo à deconhea 6 belrhes de.
EE ma Ve A neu)
Bajo
halo
27
Felpo leu a carta. Sentiu a orelha esquerda tremendo, Fazia
muito tempo que isso nao acontecia. A direita tremia quando ele
estava nervoso (com isso ele estava acostumado), masaesquerda
só tremelicava quando ele estava felize isso já era bem mais raro.
Depois, passou pela cozinha, apanhou o caderno de receitas.
Sentou-se na escrivaninha e escreveu:
Felpo foi correndo por a
cartano correio. Voltou feliz
da vida. Meia hora depois,
porém, ficou nervoso. Ele
tinha esquecido de dizer
uma porçäo de coisas que
gostaria de ter dito.
29
Durante a semana, ele fez uma lista com os assuntos que näo
queria esquecer na carta seguinte:
Diariamente, ele conferia se tinha algum envelope lis.
Finalmente, num dia de muita chuva, chegou um cartéo-
postal todo encharcado.
Ao ler aquelas terriveis palavras, Felpo nao pensou em nada.
Olhou o endereco da toca de Charl6 e saiu correndo, sem capa e
sem guarda-chuva. Asorteera que ela nao morava muito longe dali.
a
32
Correu o mais que pode. Imaginou que ela devia estar muito
engasgada, passando mal, precisando urgentemente da sua
ajuda. Ele, Felpo Ruan Rolhas Filva, o poeta, estava lé para salvá-
la de umtrágico fim!
Chegou como um furacáo, entrou sem bater, quase derru-
bando a porta. Estava enlameado, imundo e sem fölego, de chi-
nelo e bermuda velha. Atropelou uma cadeira e se estatelou
esparramado aos pés dela, que estava sentada no sofá. La de
baixo, do cháo, ele olhou para cima.
—Charlö? ae)
— Felpo?
Ela estava com um creme verde nas axilas e nas canelas e um
creme cinza nas sobrancelhas e nas orelhas. Charló estava tin-
gindo os pélose fazendo depilaçäo. Vestiauma camiseta furada,
suja de tinta.
Elacorreu paraesconder-se tras do sofa. Felpoiria acharque
ela era uma coelha horrorosa, relaxada e mal-vestida e ficaria
sabendo que ela tingia os pélos e depilava as canelas. Gritou de
lá de trás:
— Felpo, vocé veio sem avisar?
— Ha... Recebi um postal seu pedindo socorro... Vocé nao
engoliu um piano? Vim... salvä-la... ...Veja, está escrito aqui
Felpo esticou-lhe o cartáo molhado e ela o apanhou. Depois
de um certo siléncio, a Charló teve um acesso de riso tao forte
que nao conseguia se conter. Esquecendo-se dos cremes, saiu de
trás do sofá.
34
Felpo ficou pálido. Havia algo errado. Ela náo tinha engolido
um piano! E ele tinha entrado na casa dela como um louco insa-
no. Ela devia pensar que ele era maluco. Crise total, a orelha
direita tremia. Preparou-se para fugir, mas a Charló nao deixou.
Agarrou-o pelo brago, tirou o aparelho de dentes na frente dele
mesmo e explicou, com lágrimas nos olhos de tanto rir, que a
água da chuva tinha borrado algumas palavras e a mensagem
tinha ficado completamente diferente da original, que dizia:
“Espero que vocé venha tomar ché comigo
equeseja logo. Fiza receita da sua avée
adorei! Praticamente engolios bolinhos
de chocolate de uma vez 6.
Eu escrevo poemas, mas só de vez em
‘quando, Na verdade toco piano e com-
ponho cangöes. E se algum dia voce
vier tomar chá comigo, espero que
possa me ajudar a escrever versos
para as minhas melodias.”
Felpo Filva, ao ouvir aquilo, também teve um acesso de riso.
Ficaram os dois gargalhando por um bom tempo, contorcendo-
se de tanto rir.
Neste dia, náo teve nem cha nem bolinho, mas no dia seguinte
teve. Ele veio todo arrumado e perfumado, e ela, entáo, estava
chique, chiquérrima.
O poeta saiu da toca diversas vezes para visitar a Charlô.
Depois de muitos chás, muitos bolinhos de chocolate e mui-
tos poemas, ele comecou a se sentir em casa na toca dela.
Um dia, juntaram os seus talentos e fizeram uma cangäo.
35
36
ena ORELHAS > wisicn. conned Tasmarı
en LETRA. FU TO FIVA
Jas BD .
LS bn fal
= ==
aS
mn
er
E
en
es
Be
CRE
pee
Num outro dia, Felpo levou de presente para a Charló um
conto que tinha sido escrito especialmente para ela: Doi coelhos
numa s6 caixa-d’ägua.
Quando a Charló acabou de ler estava emocionada, com
lágrimas nos olhos. Ela deu um beijo em Felpo eo pediu em casa-
mento. Na hora ele desmaiou e teve uma crise de orelite tremulo-
sa pavorosa na orelha esquerda, de tanta felicidade.
Depois da crise, ele se deu em casamento para a Charló, com
muito amor.
37
P.5.*
— A história acabow?
— Acabo. D «ye ter nas
próximas Páginas So 56 ons
— fofoca sobre of Perfonagens?
— Seria bor se foste, mas
no 6. E um comentário sobre
of tipos de texto da história. |
— E pra ye im?
— No sei, no Ai eu
se invente.
— Fo que a gente th
Farendo aqui, ento?
— Sei lá. Me mandaram
vir pra ch falar iso, es vie.
39
40
— Ah 0 PS. & algo que
se escreve depois que a
carta acabo?
— Parece que &
— Mas ento este nome
está errado, Porque a história
do Livre wo & uma carta...
— Isso & verdade.
— dwi dizer que esa
parte ia chamar meiquinhofe.
— Meiqsinhofo? 0 qye
$ isso?
— Nio sei näo. Parece
sobrenome de pevsonager
ruso, Ivanoviche Meigsinhofe.
— En estos achando que
parece mais äqsele prato
de comida, Meiqinhofe
cor arroz e batata frita.
7
0
% COMENTA, ra
— Wände ev crefcer vos escrever
uma chatobigrafia, a história de um chato.
— E es vor escrever om mentirografia,
ura histéria chela de mentiras
— E eu vow inventar ur bológrafo,
que é um aparelho de escrever en bolos.
— Eo ev vos ter um altomével.
— Mas o fev altomével é pra andar
os pra guardar as coisas?
— bom mével alto qye anda.
a
42
— Tartanga, esto
preocupado com à minha
fama. Depois daquela Fábula
Fiqyei muito malfalado.
— Weed deveria parar de se
preocupar cam o que of outros
Vio pensar e cuidar mais do
seu astodesenvolvimento,
— Autodesenvolvimento?
) Por qye voc® win asiste
à palestra qye ev vow dar
amanhi? Será sobre a diferenga
entre Lentidio e pregvisa.
Ah, e depois do intervalo
vai ter uma performance
sensacional do bicho-preguiga!
po — Human
FÁBULA
Fábulas säo histórias que tém a intengäo de ensinar
algo sobre a moral e o comportamento. Muitas vezes,
no final delas, encontramos uma frase que € a moral da
história, ou seja, o resumo da liçäo. Seus personagens
costumam ser animais que falam e se relacionarh
como seres humanos. Essas histórias mostram que a
bondade, a honestidade, a prudencia, o trabalho sáo
_qualidades que superam 0 egoísmo, a maldade, a
inveja, a ganancia.
EURE
— Conte de Fada & o mesmo qye conto da carrocinha.
— Ub, eu ponsei qye fosse conto da carschinhal
— Voc’ ainda & muito pequeno, vo sabe de nada.
É conto da carrocinha, aquela ave prende of cachorros...
— Goitadinhos! E ayer & ge val salváclos?
— Vai, a fada-cachorro.
— E existe Fada-cachorro?
— É claro que existe, & que nem fada-coelho...
— Harman.
— Es acho qye a Charls devia ter
andado pro felpo quelo ditado qye diz
“Quem wio deve wie treme”.
— Ai, que horror! Como vecé € malvado!
— Eu wie! Malvado & aqyele ditado que diz
“Mais vale vm pássaro ma ro do que dois voande'!
— Isso & verdade, o pessoal dos Direitos dos
Pássaros devia proibir esse provérbio.
— devia mesmo!
=
PASSARINHOS
— Eu wo entende por qye certos
Pastarinhos vio para a cadeia sem ter
cometido crime nankum. Vocó entendo?
— ba má
— E sabe me explicar por qye no poema
da Charl8 pastarinho com oso & mai Livre?
No entendi essa passager.
ss
— be também wie, SS
ar &
45
— Estos muito triste porye
o “Avesso da torre” foi cortado
do livre. É o melhor poema dele...
— Came era mesmo este poema?
— Vow recitar:
— É lindo, mesmo com rima pobre!
— Quem 6 a Rima meine?
É aquela garota orelhuda
da Toca 18?
46
— Ch entre nôf, ainda
bem qye o Livre mío tem
for, Porque à desafinacío do
Felpo cantando aquela cangio
das orelhas foi lamentável.
Aâf, todo o que ele far é
sapito. Vocós mio acham?
CA
— Tom erros graves nessa história. Ev acho que o
carteiro deveria ser vm pombo-correio e no um coelho.
— Mas o carteire ficov muito bem na ilustragio,
— Pair ev acho qye esse coelho carteiro mío deveria
ter ganhado ua ilustragio to grande! TA errado.
Ele no tem a menor importáncia na história.
— É, pode ser...
— E também acho uma bobayem essa tal de carta-padráo.
— E como 6 qye voce escrevo uma carta?
— Eu comese pela despedida e escrevo o resto no PS
I
° o PoMgo-coRREID E À conus!
CARTA
Enviar uma carta € um jeito muito antigo de se mandar
uma mensagem. Ela pode serescrita das mais variadas
maneiras, mas, seja qual foro seutipo, a carta costuma
seguir um modelo tradicional. Normalmente,
mos com o nome da cidade e a data. Em seguida, colo-
camos o nome da pessoa para quem vamos escrever e,
depois, o assunto da carta, que termina com uma des-
pedida e a assinatura do remetente.
‘Quem entrega grande parte das cartas é a Empresa de
Correios e Telégrafos, que criou algumas regras para
organizar faci
TELEGRAMA
Telegrama é uma mensagem transmitida por telégrafo,
que chega rapidamente ao destinatärio. Antigamente,
quando se queria mandar uma mensage com urgen-
cia urgentissima, mandava-se um telegrama, pois uma
carta comum demorava muito para chegar. Ainda se
mandam telegramas, e até chique, mas, além dele,
hoje existem muitas outras maneiras dese mandar uma
y como, porexemplo, o e-mail.
— Você sabe o que 3
significa CEP? $
— Nie... | ad Ss
— Será que fo E
Coisas Estranhas Porat?
— bs disse pra voce ler o ramal antes
de usar essas calgas térmicas, no disse?
Mas voc8 6 teimafo... ndo quis me escutar...
— És fo timide e modesto,
mas como sei qye tem evita gente >
querendo me Conhecen, vim até e
agi me apresentar Sov o Dr. Beto
Caroteno. Farmacóvtico responsävel
da Intox. Acabei de publicar a
minha autobiografía, “Una vida
de injegses”. Já está à venda
nas melhores Farmácias, Là ev
explico como fei que ev me tomei
um homem de Suceso, rico, joven,
bonito e muito bem-casade com
bra, Beta Carsten.
st
52
— fiz a receita da vovó felma,
— E des certo?
— Na hora dev, mas depois teve
um problersinka.
3 — ql?
5 — As bolinhas qrudaram no aparelho
2 de dentes do Zvelito e ele ficos meia
A hora ericoateguiriabrip‘a'bica:
a
%
€
RECEITA CULINÁRIA
Uma receita culinária explica como é que se deve
prepararum alimento. Ela comega com alista de ingre-
dientes e as quantidades a ser utilizadas. As medidas
sio dadas por peso, volume, unidade, tamanho ou
também pordedinhos, pitadas etc. Asegunda parte é0
modo de preparo, em que se , passo a passo,
‘como preparar a receita. Geralmente, no final dela,
‘existe algum comentário sobre a maneira de servir 0
rato e a quantas pessoas serve.
Quando ev crescen quero ser um Coelho da
Páscoa. Eu já oui dizer qye, pra ser vm bor
Coelho da Páscoa, no se pode entregar of ovos
errados, Tem qye fer dircitinho, de acordo com
05 pedidos, Um bor Coelho da Páscoa fem evitas
listras de pedidos. Eu ainda nio entendi mito
ben essa parte das listras de pedidos, Vos ter
que Perguntar pro mes Pal, ov Será qye a zebra
entendo mais de listras do qe ele?
|
0 FILHO DO CARTERO
ss
56
2.2.0,
Na história do Felpo foram usados diversos tipos de
texto, e nós achamos interessante falar sobre isso no
PS. ou making off (meiquinhofe).
Muitasvezes, um texto tem uma intengo. Por exemplo,
uma carta tem a finalidade de enviar uma mensagem;
uma biografía vai contar a história de uma vida; uma
bula vai informar ao consumidor sobre um determi-
nado produto. Dependendo daintengäo, a maneira de
‘escrever vai ter um jeito préprio. E € desse jeito proprio
que o pessoal do PS. deveria ter falado.
Mas como os coelhos e os passarinhos foram total-
menteirresponsäveis, endo explicaram coisanenhuma,
só nos resta pedir aqui mil desculpas por esse papeläo
que eles fizeram
‘Aproveitamos também para agradecer ás pessoas que
colaboraram comidéias e sugestóes, Claudia, Paulo,
que feza cançäo, Marcia Ligia Guidin e Ángela Prado de
Melo Aranha, a madrinha do Felpo.