Um comentário a respeito do filme de muita sensibilidade. Tão lindo quanto o filme.
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Language: pt
Added: Jan 17, 2008
Slides: 26 pages
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Fernão Capelo GaivotaFernão Capelo Gaivota
Escrito por Wanderlino Arruda
Na superfície do azul brilhante do céu, tentando a custo manter as asas numa
dolorosa curva, Fernão Capelo Gaivota levanta o bico a trinta metros de altura.
E voa.
Voar é muito importante, tão ou mais
importante que viver, que comer, pelo
menos para Fernão, uma gaivota que
pensa e sente o sabor do infinito.
E verdade, que é caro pensar
diferentemente do resto do bando,
passar dias inteiros só voando, só
aprendendo a voar, longe do comum
dos mortais, estes que se contentam
com o que são, na pobreza das
limitações.
Para Fernão é diferente, evoluir é necessário, a vida é o desconhecido e o
desconhecível. Afinal uma gaivota que se preza tem de viver o brilho das estrelas,
analisar de perto o paraíso, respirar ares mais leves e mais afáveis.
Viver é conquistar, não limitar o ilimitável. Sempre haverá o que aprender.
Sempre.
Olhar de frente, alcançar a perfeição,
gostar muito, muitíssimo, do que se faz,
eis o segredo de Fernão Capelo Gaivota.
Só porque existem gaivotas que não
pensam com os mesmos pensamentos,
que não raciocinam com o mesmo
raciocínio, não é problema para Fernão.
Mesmo sendo apenas um entre um milhão,
mesmo tendo de percorrer um caminho quase
infinito, Fernão sabe, é intuito, de que na vida há
algo mais do que comer, ter posição importante,
ser amado ou criticado: viver é lutar.
Uma, cem, mil vidas, dez mil!
Até chegar à perfeição, à vitória da eterna aprendizagem, porque nenhum número
é limite. A ninguém é permitido deixar de aprender, e para nada além de
"vontade" e de "amor" haverá significação sincera.
Passa o tempo, passam os lugares,
passam ou não passam os
semelhantes, Fernão Capelo vai em
frente, voa, aprende, treina, paira sobre
o comum do comum viver.
O destino é o infinito, o caminho é nas
alturas! Tudo espontâneo, natural, pois
quem se ilumina cumpre a missão da
luz, que vale para si e para todas as
criaturas.
A grande maravilha do amor é o seu profundo
contágio. O que vale para Fernão valerá para
todas as gaivotas. O sentimento é o santuário,
e a sua paz reflete e flui incessante. A fé
testemunhada no esforço evolutivo é a bênção
de dádivas de amor.
Ela aclara e edifica e melhorando-se, melhora os que Ihe percebem a trajetória.
Interessante, mesmo para uma gaivota
voadora!
Quanto mais Fernão treinava os seus
exercícios de bondade, quanto mais
trabalhava para compreender a natureza
do amor, mais desejava regressar à
terra, estar entre os seus, ser rodeado
pelos do seu bando, por aqueles que
não vêem nem a ponta das próprias
asas!
O que vale é mostrar-lhes o paraíso!
Um depois do outro, muitos, todos, um dia
chegarão a voar. Todos voarão porque voar é
muito bom. Francisco Coutinho Gaivota,
Martinho Gaivota, velhos hoje, novos amanhã,
não importa, o que vale é caminhar para o
infinito, iluminar-se com a luz que ilumina a
própria luz!
Excelente experiência a leitura do livro "FERNÃO CAPELO GAIVOTA", leitura de
letras e leitura de imagens, pois volume mais ilustrado não há.
Enquanto eu lia e voava com Fernão,
enquanto eu sentia o friozinho das
alturas e a transparência de infinitude
dos espaços, lembro-me porque os
chineses colocam os homens tão
pequenos em suas pinturas,
principalmente nos panoramas. É que é
preciso limitar o seu valor diante da
natureza, fazê-lo ver a sua pequenez no
pano de fundo da vida.
Subir uma montanha, ou voar, limpa o
humano peito de uma multidão de ambições
tolas e desnecessárias. Sentindo-se pequeno,
tornar-se-á grande, na grandeza da humildade.
. .
Comentário subtraído do site http://www.wanderlino.com.br/cronicas