Os lugares da memória são restos; não há memória espontânea: cria-se
arquivos, datas comemorativas, celebrações, atas, etc., para serem
estudados;
2 A MEMÓRIA TOMADA COMO HISTÓRIA (p.14)
Trata-se de uma „memória arquivística‟: mais preciso no traço, mais material no
vestígio, mais concreto no registro, mais visível na imagem ; necessita-se de referências
tangíveis. A sociedade moderna é acumuladora de testemunhos devido aos meios
disponibilizados.
A materialização da memória „dilatou-se, desacelerou-se, descentralizou-se,
democratizou-se, ao contrário, quando apenas os antigos produtores de arquivos (poucas
famílias, Igreja, Estado) mantinham suas memórias. Atualmente todos estão autorizados a
„consignarem suas lembranças e escreverem suas memórias‟. O dever da memória faz de cada
um o „historiador de si mesmo‟, ou seja, uma multiplicação de memórias particulares. A
história-memória do passado era de fato presente e não passado. Existe uma clareza que
demonstra as diferenças substanciais entre a memória verdadeira, primitiva ,social,
globalizante, coletiva original, daquela que hoje é história, “vivida como dever” , presente nos
museus, bibliotecas depósitos, centros de documentação e finalmente bancos de dados.
3 OS LUGARES DE MEMÓRIA, UMA OUTRA HISTÓRIA
Os lugares de memória são : material, simbólico e funcional simultaneamente, ou seja,
coexistem. Ex.: depósito de arquivos, “ só é lugar de memória se a imaginação o investe de uma
aura simbólica. O ritual tem que se fazer presente.
Calendário Revolucionário (RF), lugar de memória e Calendário Gregoriano , perdeu
sua virtude de lugar de memória; O livro Le Tour de La France, documento para os
historiadores; “ todos os lugares de memória são objetos no abismo”. (p.24)
Entre os livros de história apenas são lugares de memória os livros fundamentados
„num remanejamento efetivo da memória ou que constituem os breviários pedagógicos”;
quanto aos acontecimentos, há dois tipos que são relevantes: um que parece medíocre, mas que,
o futuro „conferiu a grandiosidade das origens, a solenidade das rupturas inaugurais‟[...] o outro
diz respeito a uma comemoração antecipada, ou seja, se no momento ocorrido nada aconteceu,
“são imediatamente carregados de um sentido simbólico”. A memória localiza-se em
lugares, enquanto a história nos acontecimentos.
LUGARES MONUMENTAIS (ESTÁTUAS, OU MONUMENTOS) conservam s eu
significado em sua existência; LUGARES ARQUITETURAIS, depende da significação das
relações entre os seus elementos , ex: Palácio de Versalhes.
“Os lugares da memória são por eles mesmos referentes, ou sejam, em estado puro, fechado em
si mesmo, lugar de excesso, mas aberto `extensão de suas significações.”
4 REFERÊNCIA
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História,
n.10, p. 7-28, dez. 1993 .