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3 A Filosofia
A Filosofia em geral e como conhecemos no Brasil, ministrada na forma
de Curso Superior nas Faculdades, está indissociavelmente vinculada à Grécia
Antiga, especialmente ao período do século V a.C.
Certamente já ouvimos falar de Sócrates, Platão e Aristóteles. Antes deles,
porém, existiram vários outros filósofos, os chamados pré-socráticos. A
localização geográfica desses pensadores pode ser Mileto ou Éfeso (atual
Turquia), Samos ou Atenas (atual Grécia), Abdera (atual Itália), porém existiam
duas características que os identificavam. Pode-se dizer que o objeto de estudo e
a forma como eles estudavam eram um ponto comum entre todos. O objeto de
estudo estava em torno de compreender a natureza ou o cosmos, ou seja, de que
é feita a realidade? Os quatros elementos, terra, ar, água e fogo? Ou penas de
fogo? Quem sabe de números? Não importa a resposta, a questão estava em dar
respostas em como a natureza era. O segundo ponto comum era a forma como
eles se reunião ou estudavam essas questões. A forma de congregarem era
através de Escolas Filosóficas. Pode-se dizer que a “teoria estava ligada a uma
prática de vida” ou práxis, conceito que designa o fazer propriamente humana,
em oposição à poíses.
O próprio Platão, como expoente do século V a.C. ao lado do mestre
Sócrates e discípulo Aristóteles, também erigiu sua Escola Filosófica, que a
denominou de Academia, em homenagem a herói Akademos. Porém, sua
proposta tem características novas. Segunda Marilena Chaui:
“Ao contrário das primeiras escolas filosóficas, que, embora leigas,
tinham como modelo as seitas religiosas dos mistérios, a Academia foi
o primeiro instituto de investigação filosófica do Ocidente. Era uma
escola que pretendia, em todos os campos do saber, realizar o ideal
socrático da autonomia da razão e da ação contra a heteronomia em
que se comprazia o sofista. Por isso, a Academia rivalizava e combatia
a Escola de Retórica, do sofista Isócrates, fundada na mesma época. O
ideal da educação autônoma significa, em primeiro lugar ensinar o
livre espírito de pesquisa, o compromisso do pensamento apenas com
a verdade e, em segundo, estimular a autodeterminação ética e
política. Em vez de transmitir doutrinas, a Academia ensinava a pensar
ou, como lemos no Mênon, “o dever de procurar o que não sabemos”.
Em vez de transmitir valores éticos e políticos, a Academia ensinava a
criá-los, isto é, a propô-los a partir da reflexão e da teoria. Nela
prevaleceu o espírito socrático: a discussão oral e o desenvolvimento