frutos do camu-camu são pequenas esferas do tamanho de cerejas, de casca mais
resistente do que a acerola, lembrando a jabuticaba: sua casca, ao se romper na boca,
deixa escapar o caldo da polpa, que fica envolto em uma semente única. Apresentam
uma cor avermelhada que, à medida que vão amadurecendo, passam a um roxo
enegrecido.
Muitas vezes, as frutinhas são encontradas em tamanha quantidade, que o colorido que
dão à margem das águas amazônicas chama a atenção de qualquer pessoa. Em Roraima
onde ela pode ser encontrada em profusão, há até mesmo um bairro da cidade de
BoaVista que tomou emprestado da fruta o nome de caçari pelo qual é mais conhecido
na região. Apesar de tanta abundância, o brasileiro nativo ainda não aprendeu a
aproveitar de toda a generosidade dessa planta.
Quando muito, o camu-camu é utilizado como passatempo e tira-gosto pelos pescadores
nas longas horas em que permanecem à beira d'água, próximos aos arbustos repletos. Na
pescaria, a fruta é também utilizada como isca para o tambaqui, um dos melhores e mais
comuns peixes amazônicos. Atualmente, é na Amazônia peruana onde vamos buscar
algumas lições para a utilização desta fruta.
Ali, o camu- camu é pouco consumido in natura. Por ser bastante ácido, apesar de
doce, é fruta preterida para o preparo de refrescos, sorvetes, picolés, geléias, doces ou
licores, além de acrescentar sabor e cor a diferentes tipos de tortas e sobremesas
confeccionadas à base de outras frutas. Em todos os casos, a casca deve ser acrescentada
juntamente com a polpa suculenta da fruta, pois, é ela que concentra a maior parte de
seus teores nutritivos e que carrega sua bonita e atraente coloração vermelho- arroxeada.
O camu-camu é uma espécie tipicamente silvestre, mas com um grande potencial
econômico capaz de colocá-lo no mesmo nível de importância de outras frutíferas
tradicionais da região amazônica, tais como o açaí e o cupuaçu. Mas não é apenas ali
que o camu-camu tem futuro: em São Paulo, no Vale do Ribeira, região de mangues e
de clima quente e úmido semelhante ao da Amazônia, a planta já começou a ser
cultivada com sucesso.
Cupuaçu
As sementes de cupuaçu, por seu alto teor de gordura, prestam-se à fabricação de
chocolate e já foram utilizadas para esse fim, em lugar das sementes de cacau. Por esse
emprego, o cupuaçu recebeu no passado nomes como cacau-do-peru e cacau-de-caracas.
Pertencente à família das esterculiáceas e ao mesmo gênero do cacau-verdadeiro, o
cupuaçu (Theobroma grandiflorum) é uma árvore de porte médio, nativa da Amazônia,
que passou a ser cultivada em quase todo o Brasil, exceto nos estados do sul.
Os galhos são longos e grossos, mas flexíveis. As folhas, muito grandes, chegam às
vezes a cinqüenta centímetros de comprimento. As flores, de coloração vermelho-
escura, brotam dos galhos e se dispõem em panículas ou cachos compostos.
O fruto do cupuaçu mede cerca de 15cm de comprimento por dez de diâmetro. Tem a
casca marrom, lenhosa e enrugada, e encerra numerosas sementes envoltas em polpa
branca, muito utilizada na produção de refrescos, sorvetes e doces, comuns em vários