O sintoma, para além da significação Profª Alessandra H enriques Esquema de apresentação baseado no texto de Maria Cristina Ocariz In:FUKS, Lúcia B. FERRAZ, Flávio C. ( orgs ). A clínica conta histórias. SP:Escuta, 2000
“Não penso que realmente possa se dizer que os neuróticos sejam enfermos mentais. Os neuróticos são aquilo que a maioria é . Felizmente eles não são psicóticos. O que se chama um sintoma neurótico é simplesmente algo que lhes permite viver. Eles vivem uma vida difícil e nós (os analistas) tratamos de aliviar seu desconforto . Às vezes damos-lhes a sensação de que são normais. Graças a Deus, nós não os fazemos suficientemente normais como para que terminem psicóticos. Este é o ponto que devemos ser prudentes. Alguns deles têm realmente a vocação de levar as coisas até o limite. Desculpem-me se o que estou dizendo parece audacioso – mas não o é. Posso só testemunhar daquilo que minha prática me provê. Uma análise não tem que ser levada longe demais . Quando o analisante pensa que ele é feliz em viver, é suficiente.” Lacan (1975) na Conferência de 24 de novembro de 1975, na Universidade de Yale
SINTOMA e SOFRIMENTO HUMANO SINTOMA – aquilo que incomoda, molesta, machuca, provoca desprazer e dor. Razão pela qual se procura psicoterapia Sinal de que algo não está funcionando Não é só patológico Não só fonte de sofrimento Pode ser SAÍDA na SAÚDE Garante certa ordem no sujeito
SINTOMA SINTOMA – necessário para o funcionamento do psiquismo “Não existe nenhuma diferença qualitativa entre as condições de saúde e a neurose. As pessoas sadias enfrentam a mesma luta para dominar a libido, só que são mais bem sucedidas” Freud (1912) – Sobre os tipos de aquisição da neurose
Constituição do aparelho psíquico Repertório de mecanismos e recursos defensivos Construção de sintomas saudáveis ou doentios Concepção freudiana do SINTOMA Marca o início da Psicanálise Ruptura com a clínica psiquiátrica
MEDICINA – SINAIS E SINTOMAS Ex: febre SINTOMA – dimensão subjetiva EQUÍVOCO, ENGANO, SIMULAÇÃO, MENTIRA PSICANÁLISE O sintoma está articulado a uma verdade (Freud) Verdade que o sujeito desconhece
HISTERIA – sofrimento singular MENTIRA DO CORPO VERDADE DO SUJEITO “A Psicanálise oferece palavras às histéricas; só isso já possui efeito terapêutico” (Freud, 1890)
TRATAMENTO DO SINTOMA TRATAMENTO – posição ativa Compromisso Responsabilidade pelos atos É necessário que o paciente deseje fazer algum tipo de transformação em si mesmo (não simplesmente “nos outros”) para que o tratamento aconteça O DESEJO É FUNDAMENTAL
Compromisso com o sintoma – um dos princípios éticos da Psicanálise É indispensável que uma parte do sujeito deseje parar de sofrer com seus sintomas SINTOMA – fenômeno subjetivo Diferente de doença Expressão de um conflito inconsciente
PARA A CLÍNICA – SINTOMA Quebra da harmonia Homeostase Ponto de equilíbrio Ruptura que produz sofrimento
Freud (1900) – Carta a Fliess “E concluiu, por fim, sua carreira como meu paciente com um convite para jantar em casa. Seu enigma está quase totalmente resolvido; sente-se perfeitamente bem, e seu caráter mudou por completo, embora dos sintomas ainda subsista um resto. Começo a compreender que a aparente interminabilidade do tratamento é um traço inerente ao mesmo e vinculado à transferência. Espero que essas manifestações residuais não prejudiquem o êxito prático. Estava em minhas mãos continuar o tratamento, mas vislumbrei que este é um compromisso entre a saúde e doença , compromisso que os próprios enfermos desejam , e por isso o médico não deve entrar nele . A conclusão assintótica do tratamento, embora no fundo me resulte indiferente, é uma defraudação para os leigos que olham o processo de fora. Em todo caso manterei um olho atento sobre este homem...”