Capítulo 1 - Fundamentos do Funcionamento de Motores
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O ciclo de um motor de dois tempos é mostrado na Fig. 1.3. A combustão da mistura ar-
combustível acima do pistão produz um rápido aumento na pressão e temperatura,
empurrando o pistão para baixo, produzindo potência (a). Abaixo do pistão, a janela de
admissão induz ar da atmosfera para o cárter, devido ao aumento de volume do cárter reduzir
a pressão a um valor inferior à atmosférica. O cárter é isolado ao redor do eixo de manivelas
para assegura a máxima depressão em seu interior.
A janela de exaustão, então, se abre (b), permitindo a saída do gás de exaustão. A área da
janela aumenta com o giro do eixo de manivelas, e a pressão no cilindro se reduz. O processo
de exaustão está quase se completando e, com ambas as janelas desobstruídas pelo pistão, o
cilindro se conecta diretamente ao cárter através do duto de admissão (c). Se a pressão no
cárter for superior à pressão no cilindro, então uma mistura fresca entra no cilindro e se inicia
os processos de admissão e lavagem. O pistão então se aproxima do ponto de fechamento da
janela de exaustão e o processo de lavagem se completa (d). Após a janela de exaustão estar
totalmente fechada, o processo de compressão se inicia até que o processo de combustão
novamente ocorra.
A distância entre o ponto morto superior e o ponto morto inferior e o diâmetro do cilindro
determinam o volume da mistura ar-combustível admitida pelo motor a cada ciclo. Este volume
é comumente chamado cilindrada do motor. A cilindrada é medida em litros (l) ou centímetros
cúbicos (cc ou cm³). Assim, um motor 1.0l e um motor 1000cc têm a mesma cilindrada. A
cilindrada está intimamente relacionada ao desempenho do motor. De uma maneira geral,
quanto maior for a cilindrada, maior será a potência e o consumo de combustível. A razão
entre o volume da mistura no cilindro com o pistão no ponto morto inferior e seu volume com o
pistão no ponto morto superior é denominada razão de compressão.
Os motores de combustão interna têm, normalmente, quatro, seis ou oito cilindros. Motores
de um, três, cinco, dez e doze cilindros também encontram aplicação, em menor escala.
Motores de dez e doze cilindros são, em geral, empregados em veículos de competição.
Motores de um único cilindro são comumente utilizados para testes de laboratório, veículos de
duas rodas, ou para outros equipamentos, como cortadores de grama. Os cilindros de um
motor podem ser arranjados em linha, opostos ou em configuração V, conforme mostra a
Fig. 1.4. Figuras 1.5 e 1.6 mostram um motor em configuração V e um motor em linha,
respectivamente. Figura 1.7 mostra uma vista em corte de um motor monocilíndrico de dois
tempos.
Figura 1.4- Arranjo dos cilindros (A- em linha, B- em V, C- opostos).