parar!” Bem, com isso, a única coisa que consegue é fortificar, pois, completamente, os eus da ira, do amor
próprio, do orgulho, etc. É, também, o caso de uma pessoa que, no princípio, nos desagrada: “É que me
parece tão antipática essa pessoa...!” Porém, uma coisa é que, no princípio, nos desagrade, e outra coisa é
que nós estejamos pondo objeções, que estejamos protestando contra essa pessoa: “Porém é que tal pessoa
me parece antipática esta pessoa é um problema”, e que estejamos buscando subterfúgios para apunhalá-la,
para eliminá-la. Com as objeções, a única coisa que conseguimos é multiplicar a antipatia em nós,
robustecer o eu do ódio, robustecer o eu do egoísmo, o eu da violência, do orgulho, etc.
Como fazer, neste caso, em que uma pessoa não nos é grata? É que todos devemos conhecer a nós mesmos,
para ver por que não nos é grata essa pessoa. Poderia acontecer que essa pessoa esteja exibindo alguns dos
defeitos que nós possuímos. Alguém tem, interiormente, o eu do amor próprio e, se outro exibe algum desses
defeitos interiores, pois, obviamente, esse outro “nos parece antipático”. De maneira que, em vez de estarmos
pondo objeções sobre essa pessoa, protestando, brigando, devemos melhor nos auto-explorar, para conhecer
qual esse “elemento psíquico” que temos interiormente e que origina essa antipatia. Pensemos que se nós
descobrimos tal “elemento” e o dissolvemos, a antipatia cessa. Porém, se nós, em vez de investigarmos a nós
mesmos, ponhamos objeções, protestemos, “trovejemos”, “relampejemos” contra essa pessoa, robustecemos
o ego, o eu, isso é indubitável.
Dentro do mundo do intelecto, não há dúvida de que sempre estamos pondo objeções. Isto produz a divisão
intelectual: divide-se a mente entre tese e antítese, converte-se em um campo de batalha que destrói o cérebro.
Observem como essas pessoas que se dizem “intelectuais” estão cheias de estranhas manias - alguns deixam o
cabelo irreverente, se “coçam” espantosamente, etc., fazem cinqüenta mil palhaçadas; claro produto de uma
mente mais ou menos deteriorada, destruída pelo batalhar das antíteses.
Se a todo conceito pomos objeções, nossa mente termina brigando sozinha. Como conseqüência, vêm as
enfermidades ao cérebro, as anomalias psicológicas, os estados depressivos da mente, o nervosismo, que
destrói órgãos muito delicados, como o fígado, coração, pâncreas, baço, etc. Porém se nós aprendemos a não
estar fazendo objeções, mas que cada um pense como lhe venha na vontade, que cada um diga o que quiser,
estas lutas acabarão dentro do intelecto e, em sua substituição, virá a paz verdadeira.
A mente da pobre gente está lutando a toda hora: luta, espantosamente, entre si, e isso nos conduz por um
caminho muito perigoso, caminho de enfermidades do cérebro, de enfermidades de todos os órgãos, destruição
da mente, muitas células são queimadas inutilmente. Há que viver em santa paz, sem pôr objeções; que cada
um diga o que quiser e pense o que venha na vontade. Nós não devemos pôr objeções, pois assim, marcharemos
como deve ser: conscientemente.
Dessa maneira, há que aprender a viver. Desgraçadamente, não sabemos viver, estamos dentro da Lei do
Pêndulo. Agora, sim, que reconheço - conversando, aqui, com vocês - que não é coisa fácil pôr objeções.
Saímos daqui, pegamos nosso “carrinho”; de imediato, mais adiante, alguém nos ultrapassa pela direita, nos
cruza. Bem, se não dizemos nada, pelo menos buzinamos em sinal de protesto. Ainda que seja buzinando, mas
protestamos. Se alguém nos diz algo - em um momento em que “abandonamos a guarda” - e asseguro que
protestamos, opomos objeções. E muito difícil, espantosamente difícil, não objetarmos. No mundo oriental, já
se tem refletido profundamente sobre isto; no mundo ocidental, também. Eu creio que, às vezes, há necessidade
de se apelar a um poder que seja superior a nós, se é que queiramos nos libertar dessa questão das objeções.
Em certa ocasião, em que ia um monge budista caminhando, lá por essas terras do mundo oriental, em um
inverno espantoso, cheio de gelo e de neve e de animais selvagens - claro, isto ocasionava sofrimentos ao pobre
monge, naturalmente, protestava, punha suas objeções. Porém teve sorte: quando estava desmaiando, em
meditação lhe aparece Amitaba, isto é, Amitaba, na realidade, é o Deus Interno de Gautama, o Buda, Sakya-
Muni, e lhe entregou um mantra para que pudesse, pois, manter-se forte e sem fazer objeções; algo que lhe
ajudasse para não ficar protestando, a todo momento, contra si mesmo, contra a neve, contra o gelo, contra o
mundo. Esse mantra é utilíssimo: vou vocalizar bem para que o gravem em sua memória e para que fique
gravado também nestas fitas que vocês trazem, aqui, em seus gravadores: GAAATEEE, GAAATEEE,
GAAATEEE. É melhor que o soletre: G-A-T-E. Entendi que esse mantra permitiu àquele monge budista abrir o
Olho de Dangma, e isso é interessante. Relaciona-se com a iluminação interior profunda e com o vazio
iluminador... Houve necessidade dessa ajuda, porque não é fácil deixar de pôr objeções a tudo: à vida, ao
dinheiro, à inflação, ao frio, ao calor, etc.,etc., etc. Muitos protestam porque está fazendo frio, protestam
porque está fazendo calor, protestam porque não têm dinheiro, protestam porque um mosquito os picou - por
tudo estão protestando -, porém quando alguém, na realidade, vive sempre opondo objeções se prejudica
horrivelmente, porque o que tem ganhado por um lado, dissolvendo o ego, por outro lado, o está destruindo
com as objeções. Se está lutando para não sentir ira, porém, se está opondo objeções, pois, obviamente, o