Gênero textual: Narrativa Prof. Cristiane Teixeira
A narrativa é um texto que trata de acontecimentos e ações realizadas por personagens fictícios ou reais . Na Literatura, ela aparece principalmente em romances, novelas, fábulas, contos e crônicas . Ela também é a base de muitas peças de teatro e dos filmes produzidos pelo cinema. A narrativa começa com a introdução , que é seguida pelo desenvolvimento e o clímax . Finalmente, a história termina com uma conclusão ou desfecho , que coloca um ponto final nas aventuras do personagem e nas expectativas do leitor. Vamos falar de cada uma delas a seguir. Estrutura da narrativa
É a parte do texto que apresenta as personagens e mostra ao leitor onde elas se localizam em relação ao tempo e espaço. Introdução
Nesse trecho, o autor conta as ações da personagem. A ideia é formar uma trama com os acontecimentos, mostrar a ocorrência de um problema ou complicação com objetivo de criar algum tipo de suspense que vai conduzir ao clímax da história. Desenvolvimento
Trata-se do final da história. Na maioria das vezes, os autores concluem encerrando a trama com um desfecho favorável ou não para o problema . Conclusão
Elementos da narrativa
ENREDO TEMPO ESPAÇO PERSONAGENS NARRADOR
O enredo é um elemento fundamental para a narrativa. Trata-se do conjunto de fatos que acontecem, ligados entre si, e que contam as ações dos personagens. Ele é dividido em algumas partes: Situação inicial : é quando o autor apresenta os personagens e mostra o tempo e o espaço em que estão inseridos, geralmente logo na introdução; Estabelecimento de um conflito : um acontecimento é responsável por modificar a situação inicial dos personagens, exigindo algum tipo de ação; Desenvolvimento : ao longo desta seção, o autor conta o que os personagens fizeram para tentar solucionar o conflito; Clímax : depois de diversas ações dos personagens, a narrativa é levada a um ponto de alta tensão ou emoção, uma espécie de “encruzilhada literária” que exige uma decisão ou desfecho; Desfecho : é a parte da narrativa que mostra a solução para o conflito. Enredo
Espaço é o lugar em que a narrativa acontece . Ele é importante não só para situar o leitor quanto ao local, mas principalmente porque contribui para a elaboração dos personagens. Afinal, o espaço onde as pessoas (mesmo que fictícias) vivem interfere na sua aparência, vestimenta, costumes, oportunidades, atividades e até mesmo sua personalidade. Espaço
O tempo da narrativa diz respeito ao desencadear das ações, e pode ser dividido em : Cronológico Está relacionado a passagem das horas, dos dias, meses, anos etc. Psicológico Está relacionado às lembranças da personagem e aos sentimentos vivenciados por ele. Assim como espaço, ele é muito importante para definir características das personagens, principalmente as psicológicas. Afinal, pessoas que vivem em épocas diferentes costumam ter visões de mundo, atitudes, pensamentos e situações também diferentes. Tempo
Envolve tudo que as personagens fazem na narrativa. Inclui não só os movimentos , mas também aquilo que falam e pensam no decorrer da história . Ação
Tipos de narrador
Neste caso, o narrador participa da história , e por isso o texto é escrito em primeira pessoa do singular ou plural (eu, nós). Narrador personagem
“Era eu que cuidava dos altares e ajudava a missa dos santos padres da igreja de S. Tomé, do lado ao poente do grande rio Uruguai. Sabia bem acender os círios, feitos com a cera virgem das abelheiras da serra; e bem balançar o turíbulo, fazendo ondear a fumaça cheirosa do rito; e bem tocar a santos, na quina do altar, dois degraus abaixo, à direita do padre; e dizia as palavras do missal; e nos dias de festa sabia repicar o sino; e bater as horas, e dobrar a finados... Eu era o sacristão . Um dia na hora do mormaço, todo o povo estava nas sombras, sesteando; nem voz grossa de homem, nem cantoria das moças, nem choro de crianças: tudo sesteava. O sol faiscava nos pedregulhos lustrosos, e a luz parecia que tremia, peneirada, no ar parado, sem uma viração. Foi nessa hora que eu saí da igreja, pela portinha da sacristia, levando no corpo a frescura da sombra benta, levando na roupa o cheiro da fumaça piedosa. E saí sem pensar em nada, nem de bem nem de mal; fui andando, como levado... Todo o povo sesteava, por isso ninguém viu.”
Também existe a possibilidade de o narrador não participar da história . Ele observa a situação de fora, o que faz o texto ser escrito em terceira pessoa (ele, ela, eles, elas). Narrador observador
Rubião é que não perdeu a suspeita assim tão facilmente. Pensou em falar a Carlos Maria, interrogá-lo, e chegou a ir à Rua dos Inválidos, no dia seguinte, três vezes; não o encontrando, mudou de parecer. Encerrou-se por alguns dias; o Major Siqueira arrancou-o à solidão. Ia participar-lhe que se mudara para a Rua Dois de Dezembro. Gostou muito da casa do nosso amigo, das alfaias, do luxo, de todas as minúcias, ouros e bambinelas. Sobre este assunto discorreu longamente, relembrando alguns móveis antigos. Parou de repente, para dizer que o achava aborrecido; era natural, faltava-lhe ali um complemento . — O senhor é feliz, mas falta-lhe aqui uma coisa; falta-lhe mulher. O senhor precisa casar. Case-se, e diga que eu o engano.
É aquele que sabe de todos os fatos, mesmo que não participe da história. Sua compreensão costuma ir além dos acontecimentos. Ele consegue narrar até mesmo os pensamentos e sentimentos dos personagens , como se tivesse um conhecimento sobrenatural. Pelo falo desse narrador conhecer muito os personagens, bem como seus pensamentos, sentimentos, ideias , atitudes, etc , ele pode opinar sobre tais comportamentos ao longo da narrativa. Narrador onisciente
“Depois de casado viveu dois ou três anos da fortuna da mulher, comendo bem, levantando-se tarde, fumando em grandes cachimbos de porcelana, só voltando para casa à noite, depois do espectáculo , e frequentando os cafés. O sogro morreu e deixou pouca coisa; ele indignou-se com isso, montou uma fábrica, perdeu nela algum dinheiro e retirou-se para o campo, onde pretendeu desforrar-se. Mas, como não entendia mais de agricultura do que de chitas, e porque montava os cavalos em vez de os pôr a trabalhar, bebia sidra às garrafas em vez de a vender em barris, comia as melhores aves da capoeira e engraxava as botas de caçar com o toucinho dos porcos, não tardou a aperceber-se de que mais valia abandonar toda a especulação.” ( Madame Bovary, Gustave Flaubert)
Tipos de personagens
Protagonistas : são destaques da narrativa, ocupam o lugar principal da história; Antagonistas : são os adversários dos protagonistas, aqueles que vão criar ou alimentar o conflito, dificultando a vida dos principais; Secundários : são personagens menos importantes na história, mas que de alguma forma contribuem para a sequência de fatos do enredo. Os personagens podem ser divididos entre:
Discurso Direto - no discurso direto, a própria personagem fala. Tipos de Discurso Narrativo
- no discurso indireto o narrador interfere na fala da personagem. Em outras palavras, é narrado em 3ª pessoa uma vez que não aparece a fala da personagem. Discurso Indireto
- no discurso indireto livre há intervenções do narrador e das falas dos personagens. Nesse caso, funde-se o discurso direto com o indireto Discurso Indireto Livre