Geografia Política Precursor: Friedrich Ratzel , que lançou as bases científicas e sistematizadoras dessa ciência com a publicação, em 1897, da obra Geografia Política . Para Ratzel , a força do Estado estava intimamente ligada ao espaço, à sua posição e ao sentido (ou espírito) do povo. Essas ideias , entendidas de maneira simplista e distorcida, ficariam conhecidas como "determinismo geográfico".
Determinismo Geográfico É a concepção segundo a qual o meio ambiente define ou influencia fortemente a fisiologia e a psicologia humana, de modo que seria possível explicar a história dos povos em função das relações de causa e efeito que se estabeleceriam na interação natureza/homem. Como esse tipo de pensamento já existe desde a Antiguidade Clássica, o mais correto é designá-lo pela expressão determinismo ambiental, posto que a geografia só se constituiu como ciência no século XIX. Essas idéias seriam, mais tarde, aproveitadas pelos cientistas da Alemanha Nazista .
Geografia Política Ratzel , influenciado por experiências pessoais de Darwin, refletia sobre a necessidade do "espaço vital", já que o Estado, considerado como um organismo vivo, estava submetido às mesmas leis da sobrevivência e da evolução. Ratzel aplicou essas ideias à espécie e sua vida em sociedade. Os seres humanos, raças/etnias mais aptos venceriam e dominariam os povos considerados inferiores.
o Estado seria a sociedade organizada para construir, defender ou expandir o seu território. Também considerava que essa era uma forma de organização que aconteceria de forma natural em qualquer sociedade avançada. A partir dessa concepção, elaborou o conceito de espaço vital , que seria as condições espaciais e naturais para a manutenção ou consolidação do poder do Estado sobre o seu território.
Espaço Vital Seriam as condições naturais disponíveis para o fortalecimento de uma dada sociedade ou povo. Tal noção foi fundamental diante do contexto histórico da Alemanha, que havia acabado de passar pelo seu processo de reunificação e necessitava de uma base para justificar e se afirmar enquanto Estado, com capacidade de crescimento, expansão e dominação. Apesar de ser considerado o “pai da Geopolítica”, Ratzel jamais utilizou essa expressão, que foi elaborada por um de seus discípulos, o pensador sueco Rudolf Kjellen .
Geopolítica O termo Geopolítica foi usado, a primeira vez, pelo geógrafo sueco Rudolph Kjéllen , em 1905, num artigo denominado "As grandes potências". Em 1916, ele reafirmaria as bases da Geopolítica em seu livro O Estado como forma de vida , no qual sua preocupação fundamental é a de estudar o Estado enquanto organismo geográfico. Como suas teses eram inspiradas nas ideias de Ratzel , Kjéllen se preocupou em estabelecer as diferenças entre as duas formas de conhecimento.
Estariam baseadas, principalmente, na forma de abordagem. A Geografia Política deveria ser compreendida como um conjunto sistemático de estudos restritos às relações entre o território (relações de poder) e o Estado (posição, situação, características das fronteiras, etc.). A Geopolítica caberia a formulação de teorias e estratégias políticas voltadas à obtenção de poder, soberania de um Estado sobre outro.
O Estado é apenas um distribuidor de direito, isto é, um protetor que garante o uso apropriado dos direitos individuais. O Estado passa a ser uma espécie de supervisor com a função específica de “ fazer justiça ”; Tal fato conduz a um alto prestígio do Judiciário e transforma-o numa espécie de superpoder , como ocorre em alguns regimes democráticos.
Reconhecendo que essa limitação das atividades do Estado constitui uma verdadeira deformação, Kjellen passou ao exame das oito grandes potências (Inglaterra, França, Alemanha, Austro-Hungria , Rússia, Itália, Japão e EUA) a fim de que pudesse verificar como se processa, na prática, a vida estatal. De sua análise tirou as seguintes conclusões:
Vive-se como se o Estado não existisse e até, as coisas só se complicam quando o Poder Público entra em ação (Imaginário Popular). Todavia, quando a ordem social é perturbada, o Poder Público aparece para forçar o restabelecimento da ordem preestabelecida e, desta forma, proteger e garantir o cidadão;
2) O Estado também atua sobre o indivíduo pelo imposto, pelo serviço militar obrigatório e de várias outras maneiras;
3) O Estado é, cada vez mais, um realizador de obras públicas (estradas, portos, usinas etc ), de educação, de serviços públicos (correios, transporte, água, luz) etc. Conclusão: O Estado além de suas atividades jurídicas, também exerce atividades econômicas e sociais.
Kjellen - Estado como “ser vivo tão real quanto os indivíduos orgânicos, apenas enormemente maior e mais poderoso em desenvolvimento. Estados existem em sociedade, mantendo-se em boas relações ou se hostilizando, isto é, guerreiam-se, odeiam-se ou mantêm relações amistosas, auxiliam-se ou se destroem. Cada pessoa (Estado) se apresenta com individualidade, com seu caráter especial, seus sentimentos, seus interesses, objetivos e ações.
Kjellen , levando em consideração cinco elementos formadores do Estado – Território, Povo, Economia, Sociedade e Governo – dividiu a Política em cinco ramos diferentes que “são como os dedos da mão que trabalha na paz e luta na guerra” (O dedo polegar corresponde à Geopolítica, fica separado dos demais, que se referem aos ramos da Política correspondente ao homem):
5 Ramos do Estado 1º) Geopolítica – que tem por objetivo de investigação do território como organização política. 2º) Demopolítica – que estuda o povo e as raças, não como faria a etnografia, mas nas suas relações políticas como nação. 3º) Ecopolítica – que tem como propósito o estudo da atividade econômica, ou seja, “a vida da nação em trabalho”. 4º) Sociopolítica – que tem por finalidade o estudo da sociedade dentro da nação. 5º) Cratopolítica – para tratar das questões de governo e de administração, isto é, das questões relativas ao regime político e às manifestações de soberania.
É importante observar que, enquanto o termo geopolítica passava a ser mundialmente conhecido, os demais caíam no esquecimento. A Geopolítica foi, por sua vez, subdividida nas seguintes partes: Topolítica – política oriunda da situação geográfica; Morfopolítica – política do território, isto é, do espaço ocupado pelo país; Fisiopolítica – política do domínio, isto é, daquilo que o território encerra em riquezas naturais exploráveis.
Geopolítica como ciência aplicada O almirante norte-americano Alfred Mahan jamais usou em seus escritos o termo "geopolítica", entretanto, utilizou em sua obra mais conhecida, A influência do poder marinho sobre a história , em 1890. Compreensão de que a chave para a hegemonia mundial estaria no controle das rotas marinhas. Inspirado nas teses de Ratzel , Mahan acreditava que o fortalecimento dos EUA se daria pelas rotas marinhas;
EUA ( Séc XX) - Construção do Canal do Panamá. Rudolf Kjellén (novamente) desdobra da proposta de Ratzel para formular a Geopolítica. Se apresenta como uma corrente dedicada ao estudo da dominação dos territórios. Tratando da relação entre Estado e Espaço geográfico, muitas vezes desenvolvendo teorias que legitimavam o imperialismo.
Nesta mesma linha, destacam-se dois autores, Mackinder e Karl Haushofen . Mackinder se aprofundou em teorias sobre os domínios das rotas marítimas e das áreas de influência de um país. Haushofen deu à Geopolítica um sentido bélico, uma visão própria de militares.
Ideias de Haushofer influenciaram Hitler - e ele pode ser considerado o inspirador do pacto de não agressão russo-alemão, assinado em 1939. Dois anos mais tarde, Hitler decidiu romper com seu conselheiro geopolítico e, por conseguinte, invadiu a União Soviética. Depois da guerra, Haushofer tira a própria vida
Geopolítica Francesa Paul Vidal de La Blache , precursor da Escola Francesa, formulador do possibilismo geográfico e da Geografia Humana, partindo do pressuposto da existência da possibilidade do homem intervir no meio. O ser humano passa a ser ativo, com a utilização dos “gêneros de vida”. Defesa do colonialismo francês e contra o expansionismo alemão.
Novas abordagens Depois do nazismo a Geopolítica passou a ser conhecida como "ciência maldita". Até praticamente meados da década de 1970, ela viveu uma espécie de ostracismo teórico (confinada aos setores militares). Posteriormente, suas teses passaram a ser renovadas. Seu ressurgimento ocorreu em 1976, pelo geógrafo francês Yves Lacoste , que lançou o livro A Geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. A Geopolítica não aparece mais como uma ciência a serviço do Estado, e sim, como uma proposta de realizar uma geografia crítica e comprometida com a questão social.
“A Geopolítica é um saber estratégico a serviço dos Estados, mas também é ferramenta para a compreensão mais profunda e refinada das relações entre a política e a Geografia. A investigação geopolítica do espaço geográfico descortina formas inusitadas de enxergar o mundo.” (Demétrio Magnoli) A palavra Geopolítica tornou-se moda! Hoje ela é usada para se referir a qualquer discussão política e econômica a nível internacional. E algumas escolas chegaram a incluí-la nos seus currículos para discutir os temas da “atualidade.”
Críticas das novas abordagens A partir de então, a Geopolítica passaria a se preocupar com questões relativas ao poder em geral e às suas mais variadas formas de manifestação. Deixando de se preocupar apenas com o poder estatal em sua escala nacional, essas ciências passaram a multiplicar suas análises, ocupando-se de várias escalas do território (regional, local, no bairro, etc.), analisando o poder exercido e/ou apropriado pelos mais diversos agentes: (multinacionais, shopping centers , associações de bairro, sindicatos, traficantes ou milícias nos morros e favelas das grandes cidades, grupos terroristas, etc.).
Analisa o poder territorializado nas mais diversas escalas e práticas sociais do cotidiano, como: controle; domínio; luta; resistência.
José Wiilian Vesentini e Wanderley Messias da Costa criticam o uso da Geopolítica. Passado maléfico Geografia Política como geradora da nomenclatura é esquecida