Georges De La
Tour
Maria Madalena com Lamparina de Azeite
Quem foi?
Primeiro pintor francês importante
do século XVII
Especializou-se em cenas
nocturnas à luz de velas derivadas
de Caravaggio.
Simplificou todas as formas,
chegando a uma abstracção quase
geométrica, de modo que a luz
parece cair suavemente, sem
retracção. Esse efeito traz o
espectador para dentro do círculo
de luz, levando-o a participar do
clima de quietude e intimidade.
Nasceu em 1539 em Lorena (França) e morreu em 1652.
La Tour viveu sempre no luxo e podia exigir quantias
exorbitantes pelas suas oras. Estes factos são
supreendentes uma vez que o artista nunca saiu da sua
terra natal exceptuando uma ida a Paris e outra muito
duvidosa a Roma.
Apôs a sua morte logo caiu no esquecimento. Só nos anos
20 de 1900 foi redescoberto quando alguns artistas da
Nova Objectividade pensaram encontrar nele alguns
dos seus conceitos (ele foi visto como um predecessor).
Apenas 20 trabalhos dele chegaram aos nossos dias, as
cenas diurnas e as cenas nocturnas. Não assinava as
suas obras e sendo assim não se conhece a sua ordem
cronológica certa.
"Uma vela conquistou a noite
enorme"
Algumas Obras
•
O Recem nascido
Prestou menos atenção ao pormenor rigoroso (ao
contrário dos caravaggistas) Os seus estranhos
efeitos de luz, particularmente na sua produção
mais tardia, não cria formas indefinidas, antes
moldam os contornos.
As figuras, mesmo quando pouco e parcialmente
iluminadas são de uma plasticidade notável.
O sonho de S.José
São Sebastião Assistido por Santa Irene
O Batoteiro com o Ás de Ouros
O Batoteiro com Às de Ouros
Nesta pintura as personagens parecem
personificar uma incredibilidade que é ainda
sublinhada pela técnica pictórica opaca, como
se fosse esmaltada.
Mulher apanhando moscas
A penitencia de Madalena
Maria
Madalena e a
lamparina de
azeite
Expressão facial e corporal.
Nesta pintura arriscamo-nos a
interpretar o intenso estado de
reflexão de M.Madalena à
luz da lamparina. A
melancolia também ocupa
espaço nesta pintura e a
relação com a morte. Sobre o
crânio em seu regaço
Madalena apoia serena e
delicadamente a mão, como
um simples acto de aceitação
do fim e da condição humana.
Que segredo terrível possuí em
seu corpo! Nada deve ser
precipitado. Todas as acções
devem ser reflectidas e
ponderadas. À luz da chama
procura lucidez…
O Segredo
Neste detalhe podemos
constatar o actual
estado de Maria
Madalena, grávida,
possivelmente
carregando uma ,
jamais revelada filha
de Jesus (segundo
alguns historiadores)
Nos Evangelhos de Maria Madalena e de Felipe, encontra-se a nítida valorização da mulher,
pois em ambos se vê que Jesus fazia revelações privilegiadas a Maria Madalena por ser ela
quem mais estava em sintonia com os ensinamentos do Mestre. Mas, a ligação de Jesus e
Maria Madalena ia mais além, como se lê no Evangelho de Felipe, no seguinte trecho:
E a companheira do Salvador é Maria
Madalena. Cristo amava-a mais do que a
todos os discípulos e costumava beijá-la
com frequência na boca. O resto dos
discípulos ofendia-se com isso e expressava
sua desaprovação. Diziam a ele: Porque tu
amas mais do que a nós todos?
A Esperança e a Plenitude
A morte em todo o seu
simbolismo nas pálidas mãos
de Madalena, possui
também referências bíblicas:
Frente à morte insuperável (de
Jesus)e ao silêncio que Deus
guarda diante dela, a
palavra de Jesus é isso:
Esperança. A libertação que
ele anuncia, vencerá também
a “última inimiga”, a morte
(1Cor 15, 26).
A Revelação
A lamparina, a luz, é o símbolo
da descoberta, da essência, da
revelação.
O escuro do fundo representa o
passado, o inconsciente, o
oculto.
“Nenhum pintor, nem mesmo o Rembrandt,
sugere este vasto e misterioso silêncio: La
Tour é o único intérprete da participação
serena da escuridão.”
André Malraux,1951