Guerra da Coreia (1950–1953 ) “Um conflito que dividiu uma nação”
contexto histórico Após a rendição do Japão em 1945, a Península Coreana , que estava sob ocupação japonesa desde 1910, foi libertada. As potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial decidiram dividir o território no Paralelo 38 : Norte sob ocupação da União Soviética Sul sob ocupação dos Estados Unidos A divisão, inicialmente provisória, tornou-se permanente com a criação de dois Estados em 1948: Coreia do Norte (comunista, liderada por Kim Il- sung ) Coreia do Sul (capitalista, liderada por Syngman Rhee ) As tensões políticas e ideológicas aumentaram, preparando o cenário para o início da Guerra da Coreia em 1950.
o paralelo 38°N (linha tracejada), a DMZ (faixa sombreada com leve sinuoso, indicando que não coincide exatamente com o paralelo 38), as capitais Seul e Pyongyang , rótulos dos mares e países vizinhos, seta de Norte e aviso de que é esquemático (não em escala).
Início da Guerra (25 de junho de 1950) Na madrugada de 25 de junho de 1950 , cerca de 75 mil soldados norte-coreanos , apoiados por tanques e artilharia soviética, cruzaram o Paralelo 38 e avançaram rapidamente rumo ao sul. A ação pegou a Coreia do Sul despreparada, e em apenas três dias a capital, Seul , foi capturada. O ataque violava diretamente o cessar-fogo informal que mantinha a península dividida desde 1945. A Organização das Nações Unidas , liderada pelos Estados Unidos , condenou a invasão e autorizou o envio de tropas para apoiar o Sul. Esse movimento marcou o início oficial da Guerra da Coreia , transformando um conflito local em um campo de batalha da Guerra Fria .
Reação Internacional e Contra-ataques Logo após a invasão da Coreia do Sul em 25 de junho de 1950 , o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se de emergência e, com a ausência temporária da União Soviética, aprovou uma resolução autorizando o envio de tropas para auxiliar o Sul. Os Estados Unidos assumiram o comando das forças internacionais, reunindo contingentes de 16 países para compor a Força da ONU . No início, o avanço norte-coreano forçou a retirada das tropas aliadas até o Perímetro de Pusan , no extremo sudeste da península. Essa linha defensiva tornou-se o último bastião do Sul, resistindo por semanas sob forte pressão inimiga. A virada veio com a Operação Chromite , o desembarque anfíbio em Inchon (15 de setembro de 1950), planejado pelo general Douglas MacArthur . A manobra surpreendeu as forças norte-coreanas, cortando suas linhas de suprimento e permitindo a retomada de Seul .
: 🔴 Setas vermelhas → avanço do exército norte-coreano até o sul da península. 🔵 Círculo azul tracejado → o Perímetro de Pusan , última linha defensiva no sudeste. ⚓ Busan (porto) → ponto estratégico por onde chegaram reforços da ONU . 🌊 Rótulos dos mares e países vizinhos para situar a geografia.
Intervenção Chinesa e Impasse Em novembro de 1950 , a aproximação das tropas da ONU à fronteira chinesa, no rio Yalu , levou Mao Tsé-tung a intervir diretamente no conflito. O Exército de Voluntários do Povo , formado por centenas de milhares de soldados, lançou um ataque surpresa em meio ao inverno rigoroso, aproveitando-se do terreno montanhoso para cercar e pressionar as forças da ONU. A ofensiva causou pesadas baixas, forçou uma retirada em larga escala e permitiu que a Coreia do Norte reconquistasse Seul em janeiro de 1951. Após essa contraofensiva, as linhas de frente se estabilizaram próximas ao Paralelo 38 , marcando o início de um longo impasse militar, caracterizado por combates de posição e negociações diplomáticas que se arrastaram por dois anos.
🔵 Setas azuis → avanço da ONU até o Rio Yalu , na fronteira com a China. 🔴 Setas vermelhas → contraofensiva chinesa (Exército de Voluntários do Povo) descendo pelo norte. ⚔️ Recuo da ONU → perda de Seul em janeiro de 1951. ⚖️ Linhas estabilizadas → impasse próximo ao Paralelo 38 , onde a guerra virou combate de posição. 📍 Capitais marcadas: Seul , Pyongyang e o porto de Busan .
Armistício e Legado Após mais de dois anos de impasse, o Acordo de Armistício foi assinado em 27 de julho de 1953 , na aldeia de Panmunjom , encerrando os combates sem estabelecer um tratado de paz definitivo — as Coreias permanecem tecnicamente em guerra. A fronteira foi fixada próxima ao Paralelo 38 , com a criação da Zona Desmilitarizada (DMZ) . O conflito deixou milhões de mortos, destruição generalizada e famílias separadas. Seu legado inclui a divisão permanente da península, a presença militar dos EUA no Sul e a consolidação de um regime fechado e militarizado no Norte, mantendo tensões ativas até hoje. Um acordo de armistício é um pacto formal entre partes em guerra para suspender as hostilidades , geralmente como passo inicial para negociar a paz.
Linha tracejada preta → indica o Paralelo 38 , que foi a linha original de divisão entre Norte e Sul após a Segunda Guerra Mundial. Linha vermelha → mostra a localização da Zona Desmilitarizada (DMZ) , estabelecida no armistício, que não coincide exatamente com o Paralelo 38. DMZ → uma faixa de aproximadamente 4 km de largura, altamente militarizada, mas considerada “neutra” em termos de combate direto. Pyongyang → capital da Coreia do Norte. Seoul → capital da Coreia do Sul. Texto lateral → marca o local e a data do armistício (27 de julho de 1953, em Panmunjom ). Escala (canto inferior esquerdo) → dá noção da distância, mostrando que a península tem cerca de 1.000 km de norte a sul. Mares → Mar Amarelo ( Yellow Sea) a oeste e Mar do Japão (Sea of Japan ) a leste.
Impacto Humano e Casualidades : A Guerra da Coreia (1950–1953) teve um custo humano devastador. Estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas tenham morrido, a maioria civis. Milhões ficaram feridos ou desaparecidos, e aproximadamente 10 milhões de coreanos foram separados de suas famílias devido à divisão da península. Cidades e vilarejos foram destruídos, deixando milhões de desabrigados. O fluxo de refugiados se tornou constante, com pessoas fugindo de zonas de combate e da repressão política. O trauma da guerra marcou profundamente as gerações seguintes, deixando cicatrizes sociais, econômicas e culturais que ainda influenciam a vida na Coreia do Norte e na Coreia do Sul. O conflito também resultou em milhares de mortos entre soldados da ONU, da China e da Coreia do Norte, reforçando seu caráter internacional e o peso global de suas consequências.
Crimes de Guerra Durante a Guerra da Coreia, ambos os lados cometeram atos considerados crimes de guerra de acordo com as convenções internacionais. Houve execuções sumárias de prisioneiros de guerra, massacres de civis e uso de tortura. Em algumas regiões, aldeias inteiras foram destruídas como represália, deixando populações inteiras desabrigadas ou mortas. Investigações históricas documentaram episódios como o Massacre de No Gun Ri (1950), no qual centenas de civis sul-coreanos foram mortos por tropas dos EUA, e as execuções de prisioneiros e opositores políticos por forças norte-coreanas e chinesas. Bombardeios indiscriminados realizados pela aviação da ONU destruíram centros urbanos e infraestrutura civil, causando milhares de mortes entre não combatentes. Essas atrocidades contribuíram para ampliar o sofrimento da população, alimentaram a propaganda de ambos os lados e deixaram feridas profundas que ainda afetam a memória coletiva e as relações políticas na península coreana.
Conclusão e Legado A Guerra da Coreia (1950–1953) marcou profundamente a história do século XX, sendo o primeiro grande conflito armado da Guerra Fria. Embora o armistício de 1953 tenha encerrado os combates, ele não trouxe uma paz formal, deixando as duas Coreias tecnicamente em guerra até hoje. O conflito consolidou a divisão da península no Norte socialista , apoiado pela China e pela União Soviética, e no Sul capitalista , apoiado pelos Estados Unidos e aliados da ONU. Essa separação moldou identidades nacionais distintas e gerou tensões políticas, militares e ideológicas que persistem há mais de 70 anos. No cenário global, a guerra demonstrou a capacidade destrutiva dos confrontos indiretos entre grandes potências e influenciou a forma como o mundo lidaria com crises subsequentes durante a Guerra Fria. O legado humano — milhões de mortos, famílias separadas e cicatrizes emocionais profundas — permanece vivo na memória coletiva, sendo um lembrete do alto custo da guerra e da importância da diplomacia para evitar novos conflitos.
Referências Cumings , Bruce. The Korean War: A History . Modern Library, 2010. Stueck , William. Rethinking the Korean War: A New Diplomatic and Strategic History . Princeton University Press, 2004. Hastings, Max. The Korean War . Pan Books, 2010. Millett , Allan R. The War for Korea, 1950–1951: They Came from the North . University Press of Kansas, 2010. Ministério da Defesa Nacional da República da Coreia. History of the Korean War . Seul, 2015. Arquivos Nacionais dos EUA – Coleção fotográfica sobre a Guerra da Coreia. ONU – Korean War Armistice Agreement , 1953 . Cruz Vermelha Internacional – Relatórios sobre crimes de guerra na Coreia (1950–1953). Integrantes: julia sofia ; hadassa , diogo enzio ; isa v.; giovanna victoria ; thamara .