Observa-se hoje que o desenho do Setor Sul permanece em grande parte inalterado. A
utilização de seus espaços, entretanto, não corresponde ao que foi intencionado. Os amplos
espaços públicos nos interiores das quadras não são de forma alguma utilizados, ou o são para
trânsito de acesso às casas que foram cnstruídas nos desmembramentos dos lotes originais.
Gradativamente, e facilitado pelo traçado generoso das avenidas, a cidade foi se
esparramando pelo território, ocupando os espaços com novos loteamentos em direção sul.
Novos bairros e loteamentos reproduziram o conceito de centro em "asterisco", com o
parcelamento em lotes e quadras convencionais dentro de um traçado de tabuleiro de xadrez.
O crescimento do número de automóveis ocorrido na década de 80, trouxe novos problemas
urbanos, para uma cidade interiorana, embora capital, passando então por vários Planos de
Reordenamento.
Como a cidade não é dotada de um transporte coletivo eficiente, exclusivamente atendida
por ônibus convencional, a população se utiliza potencialmente do automóvel particular. O
tráfego inicialmente se fazia de certa forma organizado por rótulas nos cruzamentos, estas
rótulas estão sendo substituídas por sinais luminosos colocados após o cruzamento que,
consideradas as dimensões das avenidas, tornam-se extremamente perigosos, e não garante a
travessia de pedestres.
Na década de 70 foram introduzidas modificações no sistema de transporte coletivo, com
assessoria ao arquiteto Jaime Lerner, estabelecendo dois eixos principais de transporte, norte-sul
e leste-oeste, proposta não desenvolvida integralmente e sem a necessária atualização.
Goiânia foi planejada para ser uma cidade jardim, cuja proposta inicial permite uma perfeita
convivência entre o cidadão e o meio ambiente. Quando o homem é considerado como parte
integrante da natureza ¾ e isto está subsumido na concepção original da capital do Estado de
Goiás ¾ e por alguma forma esta relação é alterada, a cidade devolve aos seus habitantes, às
vezes em forma de solidão, às vezes em forma de violência, as agressões que contra ela são
praticadas. A cidade que é edificada para o carro, dificilmente terá como prioridade o homem.
A cidade construída para o homem, jamais terá o carro como prioridade. Uma capital, como
Goiânia, concebida para uma convivência planejada e harmoniosa entre ambos, nunca
aceitará impune, a predominância de um sobre o outro. Felizmente, a atual administração
municipal, dentro de um processo de revitalização do Centro de Goiânia, toma algumas
medidas para resgatar parte da história arquitetônica da capital.
Com a aprovação do Novo Plano Diretor de Goiânia, através da lei complementar nº 171, foi
criada a Região de Desenvolvimento Integrado de Goiânia, na forma de microrregiões
compostas por sete municípios: Bela Vista, Bonfinópolis, Braz Abrantes, Caturaí, Inhumas, Nova
Veneza e Terezópolis de Goiás. Muitos dos parâmetros de funcionamento e atribuições dessas
região estão ainda em discussão pelo Governo e definidos em lei ordinária.
É necessário que outras medidas continuem sendo tomadas para que Goiânia – uma cidade
erigida sob a égide de um batismo cultural, e construída para que os seus habitantes tivessem
uma vida salubre, próspera e feliz, possa permitir que todos tenham o direito de usufruir das
condições ambientais e de progresso planejados, fundamentos alegados para a mudança da
antiga capital.
Apesar de ainda não ter decolado, parece existir a possibilidade de se pensar o país a médio e
longo prazo, ou seja, de se resgatar o planejamento estruturante, tanto para as cidades como
para as áreas metropolitanas e para a economia em geral.
Nesta perspectiva, espera-se que no plano estadual e municipal o planejamento de visão larga
passe a ser um instrumento necessário e indispensável para se alcançar objetivos concretos de
justiça social, de desenvolvimento sustentável.
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