João Alves, primeiramente o corpo da pequena imagem de Nossa
Senhora, e depois, mais abaixo, sua cabeça1
Isso será um sinal? Católicos zelosos que eram, guardaram na
canoa o precioso achado, e continuaram lançando as redes.
Surpresos, viram repetir-se o fato dezoito séculos atrás no mar da
Galiléia: a canoa se encheu de tanto peixe que quase afundou! Os bons
ribeirinhos logo atribuíram essa pesca milagrosa à presença da imagem
de Nossa Senhora da Conceição, em boa hora aparecida no rio, na altura
do Porto de Itaguaçu.
O que ocorreu "em todas as condições para ser a descrição de um
fato real, um milagre (...) É certo que, para aqueles pescadores,
acontecera algo de extraordinário, tanto assim que recolheram os dois
pedaços da imagem e os guardaram. Sem dúvida, houve um sinal visível de Deus e os pescadores acreditaram nele.
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O milagre das velas e outros prodígios
Felipe Pedroso, por ser o mais velho, levou para casa a imagem , diante da qual ele e a família começaram a rezar, dando início a
uma sequência de fatos extraordinários que se repetiram até hoje.
O primeiro milagre atribuído à imagem se deu numa noite serena e silenciosa: enquanto a família e vizinhos "cantavam o terço",
duas velas se apagaram sem que ninguém as soprasse, e se acenderam sem que pessoa alguma colocasse fogo nelas.
A luz daquelas velas, que se reacenderam miraculosamente naquela noite, iluminou seus corações e despertou neles grande amor e
devoção para com Nossa Senhora.
Era costume, naquela época de robusta fé, as famílias vizinhas se reunirem aos sábados para rezar o terço e outras orações, e
entoar cânticos em louvor da Imaculada Conceição de Maria. Nessas reuniões familiares, além do relatado acima, houve várias
manifestações extraordinárias: o nicho com a imagem passou a tremer, esta quase caiu e as velas se apagaram; no móvel onde se
encontrava a imagem, várias pessoas ouviram estrondos, repetidas vezes.
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Tesouro para o povo brasileiro
Além dos três pescadores já citados, há outras pessoas muito relacionadas com os primeiros fatos da devoção à imagem, e são
citados em documentos daquele tempo: Silvana da Rocha Alves, esposa de Domingos, mãe de João e irmã de Felipe; Atanásio Pedroso,
filho de Felipe, e Lourenço de Sá. Todos eles viviam na região do
encontro da imagem, e com suas famílias, foram os primeiros a lhe
prestar culto.
A imagem peregrinou durante bom tempo pelas casas dos
pescadores, até se fixar em Itaguaçu, lugar do seu encontro, na
residência de Atanásio Pedroso, que construiu-lhe um oratório e um
altar de madeira, onde, todos os sábados, grupos de famílias iam rezar
o terço. Era a maneira de a devoção popular mostrar seu amor e
gratidão à excelsa Mãe e suplicar-Lhe proteção. Concomitantemente
foram aparecendo adornos na imagem, como mantos e coroas, cada vez
mais elaborados à medida que aumentavam os devotos.
Em Itaguaçu, Atanásio Pedroso recebeu de seu pai a imagem
como legado da família. Percebe, no entanto, anos depois, que ela não
mais lhe pertencia (...) Ao lhe construir um oratório e um altar, Atanásio
mal se dava conta que estava entregando seu tesouro para o povo
brasileiro. Daí em diante a imagem não seria objeto de uma devoção
familiar apenas, mas sim do culto de uma Nação. Devoção esta que
marcaria profundamente sua religiosidade e contribuiria para conservar a fé e sua fidelidade à Igreja.
A imagem representa a Imaculada Conceição, é de terracota, medindo 38cm., mas nunca se soube ao certo qual sua origem. Sendo
uma escultura artesanal, tem nos lábios um discreto sorriso, no queixo uma covinha; flores prendem-lhe os cabelos, e um diadema com
três pérolas enfeita-lhe a testa. A seus pés a meia lua e a cabeça de um anjo, na descrição de Mafalda Boing.
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A capelinha
Os milagres reforçaram enormemente a nova devoção popular, já com a invocação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
As casas ficaram pequenas para os muitos devotos, e com o apoio decisivo do Padre José Alves Vilela, Pároco da Paróquia de Santo
Antônio, de Guaratinguetá, foi construído uma capelinha, Era situada no Itaguaçu, à beira da estrada, num importante entroncamento por
onde passavam constantemente caravanas de viajantes. Isso favoreceu a divulgação dos prodígios, aumentando rapidamente o número de
devotos.
Mas o fator decisivo mesmo era o lenitivo espiritual. "Formou-se a religiosidade dum povo, que invocando-a sentiu que a chama de
sua fé, à semelhança da chama das velas do primitivo oratório, sempre se reacendia novamente com as graças e os dons recebidos".
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Correntes da escravidão se estatelam no chão
Assim como São Pedro na prisão teve as correntes arrebentadas e foi libertado (At 12, 3-7), no final do século dezoito "um escravo
fugitivo, qie estava sendo conduzido de colta à fazenda pelo patrão, ao passar diante da capela, pediu-lhe que permitisse subir até à
igreja para fazer oração. Enquanto estava em oração diante da imagem, as correntes se soltaram de seu pescoço e de seus pulsos, caindo
por terra. Comovido com o sucedido, o fazendeiro o resgatou, depositando no altar o preço do escravo, e o conduziu para casa como um
homem livre"
A queda das pesadas correntes que prendiam o escravo Zacarias pelo pescoço e pelos pulsos é um eloquente testemunho do poder
de intercessão de Maria Santíssima para desatar das prisões do pecado as pessoas arrependidas.