Interpretar fonte
Esta seção propõe a análise de fonte
histórica escrita ou não escrita,
estimulando a interpretação e a
reflexão. Procura aproximar os
estudantes do ofício do historiador.
Em destaque
Esta seção apresenta
textos que ampliam os
assuntos estudados e/ou
que apresentam diferentes
versões históricas. Em
muitos casos, os textos são
acompanhados por imagens
contextualizadas.
Oficina de História
Localizada ao final de cada capítulo, reúne
diferentes tipos de atividades que visam promover
a autonomia e o pensamento crítico dos
estudantes. As atividades estão agrupadas em:
Vivenciar e refletir – propõe atividades de
pesquisa, experimentação e debate.
Diálogo interdisciplinar – propõe atividades
que realizam diálogos entre a História e outros
componentes curriculares.
De olho na universidade – apresenta questões
de vestibulares de diferentes regiões do país e do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
No último capítulo de cada unidade, o Para
saber mais indica livros, sites e filmes relacionados
a conteúdos trabalhados na unidade. As
indicações são acompanhadas de atividades.
Projeto temático
Encontra-se ao final do volume e propõe atividades experimentais e/ou
interdisciplinares, que trabalham com procedimentos de pesquisa. Pode ser
desenvolvido no decorrer do ano e está relacionado a assuntos abordados ao
longo do livro.
este livro n?o ? consum?vel.
Fa?a todas as atividades
em seu caderno.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
FA‚A NO
Oficina de História
Vivenciar e refletir
1. Leia um trecho do documento chamado “Carta de
Jamaica”, escrito por Simón Bolívar em 1815.
Os acontecimentos de Terra Firme nos
provaram que as instituições verdadeira-
mente representativas não são adequadas
ao nosso caráter, costumes e conhecimen-
tos atuais. Em Caracas, o espírito de parti-
do teve sua origem nas sociedades, assem-
bleias e eleições populares, e estes partidos
nos levaram à escravidão. Assim como a
Venezuela tem sido a república america-
na que mais tem aperfeiçoado suas insti-
tuições políticas, também tem sido o mais
claro exemplo da ineficácia da forma de-
mocrática e federal para nossos nascentes
Estados. [...] Enquanto nossos compatrio-
tas não adquirirem os talentos e as vir-
tudes políticas que distinguem os nossos
irmãos do norte, temo que os sistemas
inteiramente populares, longe de nos se-
rem favoráveis, venham a ser nossa ruína.
Infelizmente estas qualidades, na medida
requerida, parecem estar muito distantes
de nós; pelo contrário, estamos dominados
pelos vícios que se contraem sob a direção
de uma nação como a espanhola, que ape-
nas se tem sobressaído em crueldade, am-
bição, vingança e cobiça.
BOLÍVAR , Simón. “Carta de Jamaica”.
In: Simón Bolívar: política. São Paulo: Ática, 1983. p. 84.
a) Pela leitura do texto, Bolívar era favorável à im-
plantação de sistemas inteiramente populares
na América Espanhola? Como Bolívar justifica
sua posição?
b) A quem Bolívar se refere com a expressão “ir-
mãos do norte”?
2. No texto seguinte, a historiadora Maria Ligia Prado
analisa as diferentes concepções de liberdade dos di-
versos agentes que participaram das independências:
Liberdade [...] não é um conceito en-
tendido de forma única; tem significados
diversos, apropriados também de formas
particulares pelos diversos segmentos da
Diálogo interdisciplinar
4. Observe acima a escultura Mão, do arquiteto Oscar
Niemeyer (1907-2012) e responda:
a) Descreva a escultura, atentando-se para todos
os detalhes. Procure responder: O que seria essa
forma em vermelho que se encontra no meio da
obra e vai até o chão?
b) Segundo Niemeyer, “suor, sangue e pobreza
marcaram a história desta América Latina tão
desarticulada e oprimida. Agora urge reajustá-la
num monobloco intocável, capaz de fazê-la inde-
pendente e feliz”. (Disponível em: <http://www.
memorial.sp.gov.br/memorial/AgendaDetalhe.
do?agendaId=1897>. Acesso em: 10 dez. 2015.)
Que relações podemos estabelecer entre essa
frase e a escultura? Comente.
c) Inspirado nas imagens do capítulo, crie uma re-
presentação artística (desenho, música, escultu-
ra, montagem com fotografias etc.) sobre a in-
dependência das colônias espanholas e do Haiti.
De olho na universidade
5. (UFJF) A respeito do processo de independência na
América espanhola, é incorreto afirmar que:
a) a invasão da Espanha pelas tropas napoleônicas
levou à reorganização do comércio das colônias,
favorecendo a desarticulação do pacto colonial e
a implantação de práticas comerciais mais livres.
b) a Inglaterra ofereceu apoio à independência das
colônias espanholas, pois via na região uma pos-
sibilidade de ampliação dos mercados para seus
produtos industrializados.
c) os índios lutaram contra a independência e para
a manutenção do trabalho forçado, pois viam
no sistema colonial a única maneira de preser-
vação de suas atividades econômicas.
d) os criollos pretendiam romper o exclusivo colo-
nial, mas não pretendiam encaminhar uma alte-
ração na estrutura social das colônias.
e) a emergência de uma revolução liberal na Espa-
nha dificultou o envio de tropas para as colô-
nias, favorecendo o processo de independência.
sociedade. Para um representante da classe
dominante venezuelana, Simón Bolívar, li-
berdade era sinônimo de rompimento com
a Espanha, para a criação de fulgurantes
nações livres que seriam exemplos para o
resto do universo. Mas, principalmente,
nações livres para comerciar com todos
os países, livres para produzir, única pos-
sibilidade, segundo essa visão, do desabro-
char do Novo Mundo.
Já para Dessalines, o líder da revolução
escrava do Haiti [...], a liberdade, antes de
tudo, queria dizer o fim da escravidão, mas
também carregava um conteúdo radical de
ódio aos opressores franceses. [...]
Para outros dominados e oprimidos,
como os índios mexicanos, a liberdade pas-
sava distante da Espanha e muito próxima
da questão da terra. Na década de 1810, os
líderes da rebelião camponesa mexicana
[...] clamavam por terra para os deserda-
dos. Seus exércitos [...] lutaram para que a
terra, inclusive a da Igreja, fosse dividida
entre os pobres.
PR ADO, Maria Ligia . A formação das nações
latino-americanas. São Paulo:
Atual, 1997. p. 13-14.
De acordo com a interpretação de Maria Ligia Pra-
do, qual era o significado de “liberdade” para Simón
Bolívar? E para Dessalines? E para os indígenas mexi-
canos? Compare as diversas concepções e indique as
semelhanças e as diferenças entre elas.
3. Pesquise em diferentes meios de comunicação
imagens de um mesmo movimento popular. Apre-
sente e debata com seus colegas a maneira como
o movimento popular que você escolheu foi re-
presentado em cada órgão de imprensa. Em segui-
da, com base no que estudamos neste capítulo e
nos anteriores, reflita sobre o seguinte tema:
“Os papéis das elites dominantes (políticas e econô-
micas) e dos movimentos populares nos processos
históricos. Qual é a diferença?”.
Depois, participe de um debate sobre o assunto, ou-
vindo a opinião dos colegas e expressando a sua visão.
Escultura Mão, de Oscar Niemeyer, localizada no Memorial da
América Latina, em São Paulo (SP). Fotografia de 2009.
G. EVANGELISTA/OPÇÃO BRASIL IMAGENS
Para saber mais
Na internet
• A história da energia: https://www.youtube.com/
watch?v=U3-OsY4C39o
Vídeo-documentário da série Ordem e desordem, produzida
pela BBC. Narra as descobertas e invenções relacionadas ao
conceito de energia.
Em grupos, elaborem um relatório sobre o vídeo destacando os
usos e aplicações da energia a partir da Revolução Industrial.
(Acesso em: 10 dez. 2015.)
Nos livros
• FORTES, Luiz R. Salinas. O Iluminismo e os reis filó-
sofos. São Paulo: Brasiliense, 1993.
Escrito por um filósofo brasileiro especialista no pensamento
de Jean-Jacques Rousseau, o livro analisa os significados e o
alcance do Iluminismo, bem como sua influência na política
no século XVIII.
Em grupos, elaborem um breve texto dissertativo relacionan-
do as ideias de um pensador iluminista a um dos temas abor-
dados nesta unidade.
Nos filmes
• Libertador. Direção de Alberto Arvelo. Venezuela/
Espanha, 2014, 123 min.
Filme sobre a vida do líder militar e político Simón Bolívar.
Assista ao filme procurando analisar algumas características
atribuídas ao protagonista. Em seguida, debata com seus
colegas: Simón Bolívar foi representado como um “herói
nacional”?
158 159UNIDADE 2 Súdito e cidadão CAPÍTULO 12 Independências na América Latina
O mural A Guerra da Independência do México foi criado pelo artista Diego Rivera em 1910. Em
suas obras, Rivera procurava representar os indígenas e as pessoas mais pobres como protagonistas e
não apenas como espectadores de sua história.
Na parte superior do mural, há uma faixa com o lema “Tierra y Libertad” (Terra e Liberdade), que
foi usado por camponeses e indígenas tanto nas lutas pela independência como na Revolução Mexica-
na de 1910. Com isso, o artista estabeleceu relações entre as lutas do passado e as lutas de sua época.
Na parte inferior do mural, há uma grande águia, que simboliza a fundação de Tenochtitlán. Essa
cidade era sede do império asteca e sobre ela foi construída a atual Cidade do México.
Interpretar fonteA Guerra da Independência do México
Detalhe do afresco A Guerra da Independência do México, que se encontra no Palácio Nacional, na
Cidade do México.
THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE BRASIL
• Com suas palavras, explique a frase: “Rivera procurava representar os indígenas e as pessoas mais pobres
como protagonistas e não apenas como espectadores de sua história”.
154UNIDADE 2 Súdito e cidadão
OCEANO
ATLÂNTICO
50º O
10º S
Em 1500
Em 2008
Atual divisão política do Brasil
Limites atuais do Brasil
0 328 km
Em destaqueDevastação ambiental
A devastação do meio ambiente começou cedo no território do país onde vivemos. Teve início
com a extração de pau-brasil, logo nos primeiros anos de colonização. Como resultado da intensa
extração, em poucas décadas o pau-brasil começou a escassear. O mesmo destino tiveram muitas
árvores frutíferas, derrubadas sem preocupação com o replantio. Para a historiadora Laima Mesgravis,
[...] o maravilhoso patrimônio da natureza, onde os índios viviam em harmonia com seu
espaço e que tanto deslumbrou os primeiros observadores, incentivou, até certo ponto, a
crença da abundância fácil, sem trabalho, infindável.
MESGR AVIS, Laima. O Brasil nos primeiros séculos. São Paulo: Contexto, 1989. p. 62.
Atualmente, temos consciência
de que, apesar de imensos, os recur-
sos florestais brasileiros não são ines-
gotáveis. Calcula-se que, em 1500, a
mata Atlântica ocupava uma faixa de
1 milhão de quilômetros quadrados.
Atualmente, restam apenas 8% dessa
área, espalhados em matas que, em
boa parte, se localizam em proprieda-
des particulares.
Estima-se que somente no século
XVI tenham sido derrubados aproxi-
madamente 2 milhões de árvores, de-
vastando cerca de 6 mil quilômetros
quadrados da mata Atlântica.
Depois [da extração do pau-
-brasil] vieram cinco séculos de
queimada. A cana, o pasto, o
café, tudo foi plantado nas cin-
zas da Mata Atlântica. Dela saiu
a lenha para os fornos dos en-
genhos de açúcar, locomotivas,
termelétricas e siderúrgicas.
CORREIA , Marcos Sá. In: Ve j a. São Paulo: Abril,
n. 51, 24 dez. 1997. p. 81. Suplemento Especial.
Fonte: Mapas SOS Mata Atlântica.
Disponível em: <http://mapas.sosma.org.br>.
Acesso em: 27 out. 2015.
Distribuição da mata Atlântica
(1500-2008)
SIDNEI MOURA
1. De acordo com o texto, quais foram as principais consequências da exploração econômica indiscrimina-
da realizada pelos europeus nas áreas litorâneas do Brasil?
2. Identifique, no mapa, as regiões que apresentavam áreas cobertas pela mata Atlântica em 1500 e as que
não possuem mais essa cobertura.
14UNIDADE 1 Trabalho e sociedade
Projeto temático
Dimensões do trabalho
280 281
Nos projetos temáticos, vocês irão realizar atividades experimentais que problema-
tizam a realidade e ajudam a pensar historicamente.
O tema deste projeto é o trabalho e suas dimensões. Para desenvolvê-lo, propõe-se
a elaboração de uma revista sobre as dimensões do trabalho no Brasil.
Reúnam-se em grupos e leiam as orientações a seguir.
1. A revista deve contar com seis seções: capa, matéria, entrevista, charge, resenha de
filme e editorial.
2. Utilizando as sugestões de pesquisa encontradas nas próximas páginas, redijam uma
matéria (texto jornalístico) sobre um dos temas listados a seguir:
• alguns marcos dos direitos trabalhistas no Brasil, como o surgimento da Consoli-
dação das Leis Trabalhistas (CLT);
• o ingresso dos jovens no mercado de trabalho – possibilidades e dificuldades;
• as mulheres no mercado de trabalho;
• formas de trabalho escravo no mundo contemporâneo;
• a escolha da profissão e a construção da identidade.
4. Criem uma charge inspirando-se em uma cena de trabalho da sua cidade.
5. Escrevam uma resenha sobre um filme que aborde o tema do trabalho. Há diversas
sugestões de vídeos e filmes nas páginas 282 e 283. Para elaborar a resenha:
• apresentem uma ficha técnica do filme contendo título, local e ano de produção,
diretor, atores principais, livro em que o roteiro se baseou (se for o caso), entre
outras informações;
• analisem como o mundo do trabalho foi representado no filme. Procurem obser-
var elementos como personagens, cenários e trilha sonora, caso se trate de ficção,
ou entrevistas e imagens de arquivo, se for um documentário.
6. Elaborem um editorial inspirando-se nas seguintes questões:
• qual é a visão de vocês a respeito do mundo do trabalho?;
• por que é importante refletir sobre o mundo do trabalho?
7. Criem uma capa com os seguintes elementos: nome da revista, manchete e imagem
que atraia a atenção do leitor para um de seus conteúdos.
8. Montem a revista reunindo capa, editorial e miolo (matéria, entrevista, charge e
resenha do filme).
9. Apresentem a revista aos colegas e expliquem o que vocês aprenderam com esse
projeto.
Feirante trabalhando na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 2006.
ISABEL SÓ/OPÇÃO BRASIL IMAGENS
Três advogados se reúnem para examinar documentos.
CAIAIMAGE/GETTY IMAGES
3. Entrevistem uma pessoa adulta que já tenha alguma
experiência no mercado de trabalho e explorem a
compreensão da relação das pessoas com o mundo
do trabalho. As perguntas abaixo podem ser utiliza-
das como roteiro para a entrevista:
• qual é seu nome, sua idade, sua nacionalidade e sua
escolaridade?;
• você trabalha ou já trabalhou? Com o quê? Você
sempre quis trabalhar com isso?;
• quando você começou a trabalhar? Por quê?;
• você já ficou desempregado? Por quanto tempo?
Como se sentiu nessa época?;
• como costuma passar seu tempo livre? Gostaria de
ter mais tempo livre? Por quê?;
• você se sente feliz com seu trabalho? Você se sente va-
lorizado em seu ambiente de trabalho? Exemplifique.;
• além do seu sustento, o que esse trabalho pode
proporcionar para você?;
• que conselho você daria para um jovem que vai co-
meçar a trabalhar?;
• você já pensou na aposentadoria? O que pretende
fazer quando se aposentar?;
• que história relacionada ao seu trabalho você con-
sidera marcante?
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