HTLV e gestação Mônica Bay Médica Infectologista Mestre em S a úde Coletiva Professora do Departamento de Infectologia UFRN
Vírus HTLV Vírus linfotrópico de células T humanas Retrovírus RNA D escrito em 1980 – paciente com linfoma cutâneo HLTV 1 e 2 – distribuição mundial
Epidemiologia do HTLV no Brasil Poucos estudos avaliando prevalência no Brasil Cerca de 800.000 pessoas infectadas pelo HTLV-1 no país Uma das maiores áreas endêmicas do vírus e de doenças a ele associadas em todo o mundo A prevalência da infecção é maior em mulheres negras / pardas , com menor escolaridade , e aumenta com a idade As regiões Norte e Nordeste apresentam as maiores prevalências em gestantes , sendo do estado da Bahia a taxa mais elevada (1,05%)
Patogênese do HTLV Infecta células dendríticas , macrófagos , monócitos , linfócitos T CD4+ e CD8+ Linfócitos T CD4+ funcionam como reservatórios para o virus Pode permanecer latente por um longo período DNA proviral se integra ao genoma da célula hospedeira HTLV-1 mais associado ao desenvolvimento de alterações clínicas que o HTLV-2
Transmissão Contato direto entre célula hospedeira e célula infectada - requer a transferência de linfócitos T infectados Transfusão de sangue contaminado Amamentação prolongada Sexo desprotegido Uso de drogas intravenosas O HTLV é menos contagioso que o HIV A transmissão vertical ocorre com maior frequência pela amamentação (15,4% a 30%), do que pela via transplacentária , ou canal do parto (5%)
Manifestações clínicas Estima -se que em torno de 2% a 10% dos portadores do HTLV-1 desenvolverão eventos clínicos graves, após período de incubação de cerca de 20 a 30 anos Variações genéticas do hospedeiro são associadas à resposta imune à infecção e progressão e doença Antígeno leucocitário humano (HLA) Receptores Killer semelhantes à imunoglobulina (KIR) Interleucinas 6, 10, 28, Fas e ligante Fas IFN- γ, TNF- α
Manifestações clínicas Podem envolver o SNC, olhos , pele , pulmão , articulações , intestino , bexiga , tireoide e coração , dentre outros Leucemia / linfoma de células T do adulto M ielopatia associada ao HTLV-1 (HAM) – paraparesia espástica tropical Uveíte , polimiosite , artrite e dermatite infecciosa , ocorrem principalmente em crianças Síndrome de Sjögren , tireoidites , artropatias , polimiosites Infecções como estrongiloidíase , escabiose , tuberculose e Hanseníase
Mielopatia Associada ao HTLV-1 (HAM) Manifestação neurológica mais comum do HTLV-1 A média de idade do início de sintomas é dos 40 aos 50 anos Mais frequente em mulheres Risco de desenvolver a doença em estudos no Brasil pode chegar a 5,3% O risco de surgimento de doença neurológica entre infectados parece guardar forte relação com a carga proviral de HTLV-1 no sangue
Mielopatia Associada ao HTLV-1 (HAM) Manifesta -se clinicamente por uma paraparesia espástica Fraqueza e aumento de tono nos membros inferiors Exacerbação de reflexos profundos Bexiga neurogênica Poucos sinais sensitivos objetivos ( quando presentes , estes se expressam predominantemente pela diminuição da sensibilidade profunda) Alguns pacientes referem lombalgia e/ ou dores com características neuropáticas ( queimação , choques , agulhadas ) nos membros inferiores . Evolução crônica , curso é lentamente progressivo , não estando sujeito , ao contrário das doenças desmielinizantes como a esclerose múltipla , a surtos agudos de exacerbações e melhoras espontâneas
Diagnóstico laboratorial Baseia -se na detecção de anticorpos específicos contra o virus Os ensaios de triagem rotineiros detectam anticorpos contra o HTLV-1 e o HTLV-2 sem capacidade discriminatória entre essas infecções Confirmação do resultado por ensaios de alta especificidade , capazes de distinguir a infecção causada pelo HTLV-1, responsável pelas principais sínromes clínicas A sorologia para a infecção por HTLV-1/2 tornou -se obrigatória em bancos de sangue no Brasil em 1993, e em receptores e doadores de órgãos ou tecidos em 2009
Diagnóstico laboratorial
Diagnóstico laboratorial
HTLV e gestação Recomenda -se a testagem no primeiro trimestre de gestação , uma vez que é necessária a realização de exame confirmatório em pacientes reagentes no teste de triagem e acolhimento e aconselhamento às gestantes soropositivas antes do parto . A infecção pelo HTLV, apesar de não interferir no curso da gravidez , está associada a elevadas taxas de transmissão vertical Não há tratamento medicamentoso nem vacina disponível para a infecção pelo HTLV A triagem sorológica da infecção e a suspensão da amamentação para mães soropositivas reduz a incidência da transmissão vertical e, consequentemente , do desenvolvimento de doenças relacionadas ao virus
HTLV e gestação A transmissão de mãe para filho ocorre primariamente pelo aleitamento materno Fatores como elevada carga proviral e tempo de aleitamento influenciam no risco de transmissão do vírus , que pode chegar a mais de 30% quando o aleitamento materno ocorre por um período superior a seis meses Esse risco é reduzido para 2,5% quando há substituição de leite materno por fórmula láctea infantil Até o momento , não existem informações conclusivas que demonstrem a necessidade de parto cesárea em mulheres vivendo com HTLV-1/2 Evitar o contato de sangue materno com o sangue fetal durante o Nascimento
HTLV e gestação No Brasil , é contraindicado o aleitamento materno por mães vivendo com o HTLV-1/2 Nesses casos , recomenda -se o uso de inibidores de lactação e o provimento de fórmulas lácteas infantis cabergolina 1mg, VO, em dose única ( dois comprimidos de 0,5mg), administrada antes da alta hospitalar
HTLV e gestação Caso a testagem para HTLV-1/2 não tenha ocorrido durante a gestação , sugere -se a realização do exame no momento do parto O aleitamento materno pode ser oferecido até a obtenção do resultado do teste, uma vez que o risco de transmissão do HTLV-1/2 é reduzido quando o aleitamento materno ocorre por até 3 meses