O Cristo Cósmico, quando encarnou na pessoa humana de Jesus de Nazaré,
continuou a ser o Cristo; e, depois de regressar às regiões cósmicas, não
deixou de ser homem, O Cristo Cósmico era um encarnando, e Jesus, depois
da encarnação e ascensão, é um Jesus cristificado e cosmificado.
O corpo cosmificado continua a ser corpo, embora não material. Corpo é
individuação. O corpo não é necessariamente material, como atualmente, mas
continua a ser corpo, isto é, individuação, em qualquer forma de corporeidade,
mesmo depois da sua desmaterialização. O corpo cosmificado não está ligado
por tempo e espaço; pode estar presente em toda a parte, segundo as palavras
do Cristo: “Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos...
Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles.”
Quanto mais nítida se tornar num espírito a consciência da sua essência divina,
tanto mais se alarga a sua presença corpórea. Nos seres altamente evolvidos
há uma espécie de pluri-presença simultânea, e não apenas sucessiva, porque
para eles o tempo e o espaço, o quando e o onde, não representam
obstáculos, como para a presença material, que é necessariamente limitada,
uni-local e uni-temporal.
Quando o espírito encarnado está em baixa evolução pode ele iluminar
unilateralmente o corpo material, assim como uma luz ilumina uma tábua opaca
por um lado, enquanto o outro lado continua escuro. Mas, quando o espírito
encarnado adquire alta potência de evolução, não somente ilumina
unilateralmente o corpo, mas o lucifica onilateralmente, penetra-o totalmente,
como a luz penetra e permeia um cristal. Neste caso, o corpo diáfano do cristal
não é mais um impecilho para a luz, e sim um auxílio e veículo para ela.
Através de um cristal, ou prisma, pode a luz incolor dispersar-se em luzes
multicores.
De modo análogo, pode o espírito lucificar um corpo a tal ponto que este se
transforma num maravilhoso prisma, fazendo aparecer o espírito incolor na
dispersão multicolor da creatura espiritualizada.
A encarnação, o espírito divino em forma de homem, é uma nova fase da
creatividade do Espírito Universal; é, por assim dizer, uma cosmificação
multicolor da Divindade incolor a monarquia do Creador se manifesta numa
cosmocracia creatural.
Esta espiritualização da matéria é possível, porque o pleni-consciente do
espírito tem poder sobre o semi-consciente ou inconsciente da matéria.
No primeiro século, escreveu Paulo de Tarso que o corpo podia assumir muitos
aspectos, o aspecto material e também o aspecto espiritual, e muitos outros.
Em pleno século XX da Era Atômica e Cosmonáutica ensina Einstein que a
matéria é energia congelada, e que a energia é luz condensada, assim como a