No capítulo XI, da Bhagavad Gita, encontramos palavras idênticas: Krishna, o
Cristo oriental, a suprema encarnação humana de Brahman, afirma que ele é o
Creador do Universo, que tudo está nele, e ele está em tudo. Brahman, a
Divindade, o Espírito Universal, Eterno e Infinito, o Uno, se manifesta pelo
Verso, e a primeira e mais perfeita emanação individual do Espírito Universal, é
chamada o Lógos, isto é, a Razão. A Razão é a mais alta manifestação do
Espírito, da Divindade, da Brahman. Nos seres inferiores, a Razão se
manifesta como Inteligência, Noos em grego. Daí, em sentido descensional,
nascem a vida, a luz, a matéria.
No mundo físico, é a luz a mais alta Realidade, e a matéria a mais baixa.
Há cerca de 3.500 anos, Moisés escrevia o mesmo, por intuição: “No primeiro
yom, os Elohim fizeram a luz”.
Hoje, a nossa ciência sabe que os 92 elementos da química e seus derivados
são condensações da luz, são lucigênitos.
Ultimamente, os corifeus da Era atômica, de Princeton, elaboraram uma
síntese genial desta verdade, a que deram o nome de “Gnose”, palavra grega
para conhecimento intuitivo. Afirmam estes cientistas que o Universo se
assemelha a uma tapeçaria que, quando vista pelo lado direito, se chama
religião, e, quando visto pelo avesso, se chama ciência. Mas o Universo é um
só, Uno na sua causa Verso em seus efeitos.
***
Rachai a madeira e lá estou eu; erguei a pedra, e lá me achareis.
Essas palavras são a continuação de capítulos anteriores, frisando a
onipresença do Cristo-Lógos.
Para o homem-ego, para o profano, o não-iniciado, palavras como estas são
absurdas, ou então panteísticas. O homem empírico-analítico, que se guia
exclusivamente pelo testemunho dos sentidos e do intelecto, é incapaz de
compreender a onipresença do espírito; só conhece presenças parciais,
sucessivas, percebidas pelos órgãos físico-mentais. A presença total, porém, a
simultaneidade da onipresença, intuída pela razão espiritual, lhe é tão
impossível como um círculo quadrado, como uma brancura preta, como uma
doçura amarga. Quando o homem profano, empírico-analítico, tenta conceber a
onipresença simultânea do espírito, cai ele no erro de imaginar uma série de
presenças sucessivas, supondo uma existência individual de Deus em cada
creatura, chegando assim ao ridículo de um politeísmo caótico, ou de um
panteísmo ingênuo.
Somente nas alturas duma verdadeira intuição espiritual pode o homem
compreender a presença de Deus na madeira, na pedra, em toda parte. A