supremo regedor dos homens e dos numes, a promessa de que fará
pagar caro a afronta feita ao herói. Com efeito, Agamemnon, enganado
por sonho falaz de Zeus, se apronta para desfechar sem Aquiles o
ataque decisivo. Antes de tudo, tenta, pouco oportunamente, as
disposições do exército, onde, por pouco, alastra a revolta, sofreada
graças a Ulisses, que fustiga o insolente e rebelde Tersites e lembra o
oráculo dado por Calcas em Áulis, segundo o qual Tróia devia cair após
dez anos de sítio. Abalando os dois exércitos adversos para o campo da
luta, Heitor, herói principal dos Troianos, propõe que a sorte da guerra
seja decidida mediante um duelo entre seu irmão, o formoso Páris,
raptor de Helena, e o rei de Esparta e irmão de Agamemnon, Menelau,
que, para reaver a esposa, coligara contra a Ásia todas as forças da
Grécia. Neste imponente cenário, aparece o venerando rei de Tróia,
Príamo que, ladeado dos filhos Heitor e Páris e da própria Helena,
contempla do alto de uma torre o exército grego e cada um de seus
chefes, apontados por Helena. O duelo, no entanto, não leva ao
desempate operado porque Páris, no momento de sucumbir, é
arrebatado, envolto em nuvem, por sua protetora Afrodite e um
frecheiro aliado dos Troianos, Pândaro, fere traiçoeiro a Menelau com
uma frecha. Então se desencadeia furiosa batalha (cantos V-VII).
Sente-se que os Troianos, culpados de traição, devem levar a pior. Estão
para vencer os Aqueus, dentre os quais especialmente Diomedes,
amparado por Atena, faz prodígios, chegando mesmo a ferir Afrodite e
Ares, protetora de Tróia. Heitor corre por um instante à cidade para
ordenar à sua mãe Hécuba e às demais mulheres que tentem com preces
aplacar a adversa Atena, e, junto às portas Ceias, se encontra com sua
mulher Andrômaca e o filhinho Astianax — encontro comovedor todo
impregnado de trágicos presságios: sente-se que o herói deve sucumbir,
que a sorte de Tróia está selada. Voltando ao campo da luta, Heitor
suspende as hostilidades, desafiando a combate singular os heróis
gregos. Ajax é escolhido. Mas tão pouco este duelo é decisivo, porque,
antes de ele terminar, sobrevém a noite e é concluído um armistício. Os
Aqueus aproveitam-se dele para sepultar os seus mortos e erguer um
baluarte ao redor das tendas. E logo, de súbito, ao romper da aurora,
reacende-se nova batalha, que dura o dia todo (canto VIII) e termina
desastradamente para os Aqueus, pois, desamparados de suas
divindades, têm que acolher-se ao baluarte. Os Troianos, de tarde,
acampam, ameaçadores, a pouca distância na planura. Assim, por entre
vicissitudes, vem-se cumprindo a promessa de Zeus; os Aqueus são
castigados da ofensa feita a Aquiles.