Imperialismo no século XIX e XX A Partilha da África
Revolução Industrial A maior parte da Europa, os EUA e o Japão participaram da Segunda Revolução Industrial.
A Primeira Revolução Industrial, iniciada em 1750, restringiu-se à Inglaterra e caracterizou-se pela utilização do carvão e do ferro. Na Segunda Revolução Industrial, outros países se igualaram a seu potencial industrial, ao explorar o aço, a eletricidade e o petróleo.
A concorrência tornou-se também cada vez mais acirrada, levando empresas a formarem grandes monopólios, que passaram a dominar os mercados.
Como a América Latina já possuía Estados nacionais praticamente consolidados e a Inglaterra e os EUA exerciam influência sobre ela, as potências europeias dirigiram seu imperialismo para a África e a Ásia.
Darwinismo Social Para dar legitimação ideológica a essa expansão imperialista, foi desenvolvido o chamado darwinismo social, que concebeu o mito da superioridade racial do homem branco. “Assumi o fardo do homem branco enviai os melhores dos vossos filhos condenai vossos filhos ao exílio para que sejam os servidores de seus cativos.” Rudyard Kipling, prêmio Nobel de Literatura em 1907
Portanto, a civilização europeia tinha como “missão sagrada” o pesado “fardo do homem branco” de levar a civilização aos “bárbaros e selvagens”. Estes povos “inferiores” tinham necessidade de uma orientação que a “raça superior tão bondosamente” se dispunha a oferecer aos cativos. Imbuídos de tais sentimentos que camuflavam as verdadeiras razões imperialistas, as empresas, a burguesia e os países passaram a disputar acirradamente áreas de influência e de exploração econômica na África e na Ásia.
A partilha da África
A dominação imperialista do século XIX recebeu o nome de neocolonialista devido à formação de novos impérios coloniais. Duas potências praticamente dominaram o continente africano: a França e a Inglaterra.
A África francesa A França foi o primeiro país a possuir domínios naquele continente. A partir de 1830, ela dominou a África Ocidental, a Argélia, a Tunísia, o Marrocos, o Madagascar e a Somália. A África inglesa A Inglaterra realizou o domínio vertical, controlando o continente desde o mar Mediterrâneo até o cabo da Boa Esperança. Os ingleses estabeleceram-se no Egito, na Costa do Ouro, na Nigéria, na Rodésia, em Serra Leoa, na África Oriental e na África do Sul.
A Conferência de Berlim Entre 1884 e 1885, catorze países europeus e os EUA se reuniram para organizar o espaço africano para as grandes potências, estabelecendo normas para a sua ocupação.
Mapa de África Colonial em 1913. Mapa de África Colonial em 1913. ██ Bélgica ██ França ██ Alemanha ██ Grã-Bretanha ██ Itália ██ Portugal ██ Espanha ██ Estados independentes
Causas: O declínio de potências européias: Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial A ascensão do nacionalismo asiático e africano Influência da Carta da ONU – direito a autodeterminação dos povos. Pan-Africanismo (Jomo Queniata) e Pan-Arabismo (Gamal Abdel Nasser). Guerra Fria – desejo dos EUA e URSS de ampliar sua influência.
A DESCOLONIZAÇÃO AFRICANA: 1956: três estados independentes (Libéria, Etiópia e África do Sul - minoria branca no poder). 1957 a 1962: 29 novos estados independentes Namíbia - 1990 e Eritréia - 1993: últimos países independentes. IDADE CONTEPORÂNEA DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA
Casos destacados – ÁFRICA: A) ARGÉLIA: Conflito violento (1 milhão de mortos). FLN (Frente de Libertação Nacional ) + massa de mulçumanos locais* X FRA + colonos franceses ( Pieds-noirs ou “pés pretos”) Batalha do Argel -1957 : maior confronto. 1962 - Armistício de Evian : França reconhece a independência da Argélia sob o comando da FLN (Ben Bella – líder).
B) CONGO: Colônia belga. Rica em diamantes, ouro, cobre e outros minerais 1960: Bélgica concede a independência (pressões populares) Presidente: Joseph Kasavubu ; Primeiro Ministro: Patrice Lumunba (Movimento Nacional Congolês).
Guerra civil: Katanga e Kasai movimento separatista. (províncias ricas em minerais financiados por belgas). 1961: É assassinado Patrice Lumunba . 1965: General Mobuto Sese Seko (pró-EUA) torna-se ditador, e o país muda de nome para República do Zaire . 1997: Laurent Kabila depõe Mobuto e o país voltou a adotar o nome de República Democrática do Congo. KASAI KATANGA MOBUTO
C) ÁFRICA PORTUGUESA 1974: Revolução dos Cravos (POR) – movimento militar que derrubou a ditadura salazarista e implantou a democracia em POR. Fim da ditadura desarticula império colonial.
Angola (1975): 1975: Independência (Tratado de Alvor). 1975 – 1992: Guerra civil: MPLA* X UNITA X FNLA Socialista Agostinho Neto Etnia: Kimbundo Capitalista Jonas Savimbi Etnia: Ovimbundu Apoio: EUA e África do Sul Capitalista Dissolvido no fim dos anos 70. Etnia: Bakongo
José Eduardo dos Santos (MPLA) assume a presidência. Acordo de paz é desrespeitado pela UNITA e guerra civil prossegue até 2002. Infra-estrutura do país é completamente arrasada pela guerra. Condições de saneamento e higiene precárias. Expectativa de vida: 46 anos. Brasil manteve tropas de apoio a ações da ONU durante os anos 90.
Moçambique (1975): 1975: Independência (Acordo de Lusaka) 1975 – 1992: Guerra civil FRELIMO (socialista)* X RENAMO (capitalista) Samora Machel – líder da FRELIMO. Guerra civil devasta o país. Saída de mão de obra qualificada. Esgotamento da economia. Epidemias de fome, tifo e cólera . Símbolo da FRELIMO
E) NIGÉRIA Ex-colônia inglesa. 1960: independência concedida. Crescimento do nacionalismo. 1967 – 1970: Guerra de BIAFRA. Movimento separatista. Província rica (petróleo). Rivalidades étnicas: IBOS (Biafra) X HAUSSAS (etnia majoritária nigeriana)*. Aproximadamente 2 milhões de mortos. Unidade política precária prejudicada por rivalidades étnicas.
E) ÁFRICA DO SUL – A exceção 1910 – União Sul Africana: ingleses + africânderes (descendentes de holandeses, alemães e franceses). Leis segregacionistas (hegemonia dos brancos). 1948 – oficialização do APARTHEID (separação) Daniel Malan.
Criação dos Bantustões (divisão tribal e confinamento dos negros em 13% do território). = bantustões
CNA (Congresso Nacional Africano) – organização negra que liderou resistência ao Aparthaid ( Nélson Mandela – líder) 1950 – desobediência civil. 1960 – “Massacre de Sharpeville ” (69 negros mortos e 180 feridos). 1962 – ilegalidade do CNA (Mandela é preso).
1980 – Campanhas internacionais condenam o Aparthaid (sanções). 1984 – Revoltas populares intensificam-se (ampla repressão). 1989 – início da transição: Frederik de Klerk 1990 – CNA recupera a legalidade e Mandela é solto. 1994 – Revogação de leis racistas. Mandela é eleito presidente. De Klerk Mandela presidente
Consequências da ocupação
GUERRA FRIA DESCOLONIZAÇÃO AFRICANA
As “várias Áfricas” são consequências do processo de colonização europeia, que dividiu o continente de acordo com seus interesses, destruindo as culturas locais, juntando tribos inimigas, desestruturando as formas de produção vigentes e impondo sistemas de produção com base no latifúndio monocultor exportador. Portanto, a colonização europeia contribuiu para que a instabilidade política, as divergências tribais e a fome estivessem constantemente ligadas à história atual dessas “várias Áfricas”.