LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
O SINAL DE APRENDIZ
A compreensão do significado do sinal de Apr.'. é de suma importância para entender a
postura correta que o Apr.'. M.'. deve ter em Loja. Além disso, alguns autores encontram
significados místicos nesse sinal. O sinal de Apr.'., também conhecido como sinal gutural,
compreende dois gestos: o sinal de ordem e o sinal propriamente dito. “Colocar-se em ordem”,
respondendo ao chamado do Ven.'. Mestr.'., “de pé e à Ordem, meus IIrm.'.”, significa colocar a mão
direita estendida na altura da garganta, com os dedos da mão cerrados, formando um esquadro com
o dedo polegar que fica afastado e voltado na direção da garganta. A mão esquerda permanece
abaixada ao lado do corpo. O braço direito deve ficar perfeitamente na horizontal, formando o braço
e o antebraço um esquadro com o corpo. Ao mesmo tempo, os pés devem estar unidos pelos
calcanhares em esquadro. “Descarregar o sinal” consiste em mover a mão direita, na posição
descrita, levando-a até o ombro direito e depois faze-la voltar a posição normal ao longo do lado
direito do corpo.
O sinal de Apr.'. é feito para reafirmar o compromisso com a nossa Ordem, relembrando o
juramento feito, que diz: “Que eu prefiro ter a garganta cortada a revelar os segredos da
Maçonaria”. O sinal é feito sobre a garganta, pois essa é a sede da fala, o que significa que a
postura do Apr.'. é de silêncio sobre os segredos da Ordem. O Apr.'. não é ausente de fala, mas deve
treinar sua Vontade para o silêncio, pois sua fase de Apr.'. é uma preparação para o correto uso da
palavra e a maestria. O poder do Verbo não está ausente no Apr.'. M.'., mas cabe a ele aprender a
usa-lo corretamente. Assim, o Apr.'. deve cultivar o silêncio, abstendo-se de falar em Loja (quando
da Palavra ao Bem da Ordem). Quando em Ordem, o Apr.'. forma três esquadros, um com os dedos
da mão direita, outro com o braço e o antebraço e o último com os pés. Isso significa que o Apr.'.
deve ter uma vida reta, assentada sobre o emblema do esquadro. O braço, antebraço e peito formam
um triângulo, símbolo de perfeição e equilíbrio.
Muitos estudiosos argumentam que a mão sobre a garganta é uma referência ao signo
zodiacal de Touro, que rege a garganta. Touro é o símbolo da impulsividade passional, característica
da vida profana ainda presente no Apr.'. M.'. O trabalho do Apr.'. sobre si próprio deve transmutar
esta impulsividade, afastando-a de seus aspectos bestiais e dirigindo sua força para fins superiores,
colocando-a a serviço da humanidade. As emoções violentas, os desejos grosseiros são forças que,
apesar de negativas e destrutivas, podem ser canalizadas pela Vontade e pela Inteligência, para a
obtenção de qualidades como coragem, firmeza e amor.
Por outro lado, para alguns o sinal de Apr.'. também faz referência ao quinto chakra do
sistema da Ioga Indiana. Segundo este sistema esotérico, o corpo humano possui sete centros
energéticos sutis, ao longo de três canais chamados Ida, Pingala e Sushumna, chamados de
chakras: 1) Muladhara, associado ao ânus e aos órgãos genitais, e ao elemento terra, de cor
amarela; 2) Svadhisthana, acima dos órgãos genitais e atrás do corpo, elemento água, cor branca; 3)
Manipura, na altura do umbigo, fogo, cor vermelha; 4) Anahata, coração, ar, cor escura ou morena;
5) Vishuda, garganta, éter, cor branca; 6) Ajana, entre as duas sobrancelhas, todos os elementos, cor
lunar; e 7) Sahasrara, no alto da cabeça, todos os elementos, cor brilhante. Assim, o sinal de Apr.'.
corresponde ao chakra Vishuda e ao éter, o quinto elemento nos sistemas filosóficos antigos.
Segundo o Ioga Indiano, a abertura deste chakra forneceria ao iniciado o domínio sobre passado,
presente e futuro. Sua cor é o branco, que era a cor usada na túnica dos candidatos a iniciação na
Roma antiga (“branco” em latim é candida, daí se originando a palavra “candidato”). Finalmente,
na Cabala judaica, a garganta corresponde à Sefirá Daat, que é a síntese das Sefirót Chokmá e Biná,
associada à fala e correspondendo ao ponto em que a Vontade e a Inteligência começam a ser postos
em ação (a Cabala judaica será tema a ser abordado mais ao final deste livro).
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