CENTRO EDUCACIONAL GUARANY
ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICA
Prof. Anderson Olivar Teixeira de Souza
Tabatinga – AM
2010
SISTEMA URINÁRIO
SISTEMA URINÁRIO
As atividades orgânicas resultam na
decomposição de proteínas, carboidratos e lipídeos,
acompanhada de liberação de energia e formação
de produtos que devem ser eliminados para o meio
exterior.
A urina é um dos veículos de excreção.
1. INTRODUÇÃO
•Conjunto de órgãos que têm como função a
eliminação de substâncias tóxicas
produzidas pelo metabolismo celular.
•É responsável pela eliminação de
substâncias elevadas no sangue
2. CONSTITUIÇÃO
•Rins
•Pelve renal
•Ureter comunicação entre rins e bexiga
•Bexiga urinária bolsa de paredes elásticas,
armazenar urina
•Uretra comunicação com o meio externo
eliminação da urina
RINS
•Partes do rim Cápsula, córtex, medula
•Localização no abdome, ao lado da coluna
vertebral, altura das duas vértebras dorsais e lombares.
•Formato de grão de feijão.
•Tamanho 12cm altura
6cm espessura
150 gramas
•Hilo renal artéria renal, veia renal e pelve renal
NÉFRONS
•Néfrons córtex dos rins (filtração do sangue)
•Cápsula de Bowman longo tubo, extremidade em forma de
taça
•Glomérulos de Malpighi capilares no interior da Cápsula
de Bowman
•Túbulos renais Proximal
Alça de Henle
Distal
Coletor
PELVE RENAL
•Forma grande funil dobrado para baixo.
saída de urina para os ureteres.
•Cálices pequenas bolsas que saem do
túbulo coletor e desembocam nos bacinetes.
•Bacinetes iniciam e constituem a pelve
renal.
URETERES
•Tubo de 25 cm comprimento.
•Partes do ureter porção abdominal
porção pélvica
óstio do ureter
•Se abre no assoalho da bexiga.
BEXIGA URINÁRIA
•Bolsa esférica e elástica.
•Armazenamento da urina.
•Capacidade média de 700 ml.
•Esfíncter interno.
•Esfíncter externo.
URETRA
•Tubo que liga a bexiga ao meio externo.
•Feminina
curta com 4cm de comprimento
estende-se do óstio interno ao externo (vulva).
•Masculina
20 cm de comprimento.
estende-se do óstio interno ao externo (pênis).
porções prostática (próstata)
membranácea (períneo)
esponjosa (pênis)
3. FISIOLOGIA RENAL
O rim possui 4 funções primordiais que irão assegurar a
homeostase dos líquidos orgânicos:
a) Filtração Glomérulo de Malpighi
b) Reabsorção túbulos proximais glicose, aa, água, sódio,
bicarbonato
túbulos distais água e sódio.
c) Secreção sódio e potássio
d) Excreção uréia, creatinina
3. FISIOLOGIA RENAL
•Sangue chega aos rins pelas artérias renais.
•Penetra nos néfrons pelas arteríolas aferentes.
•No Glomérulo de Malpighi(capilares), que é protegido pela
Cápsula de Bowman o sangue é filtrado, formando a urina
primária.
•Reabsorção de água, nutrientes e sais nos túbulos renais
(proximal, alça de Henle, distal e ducto coletor)
•Ducto coletor lança na pelve renal gotículas de urina.
•Pelve renal conduz a urina pelos ureteres até a bexiga.
•Sangue já filtrado deixa os néfrons pelas arteríolas eferentes,
retornando ao corpo pela veia renal.
ENFERMIDADES DO
TRATO URINÁRIO
URETRITE
A uretrite é a inflamação da uretra, que pode ser causada
por qualquer irritante em contato com a uretra.
Em homens, suas causas incluem principalmente doenças
sexualmente transmissíveis.
Nas mulheres, além das DSTs, a uretrite pode ser
decorrente do uso de desodorantes íntimos, papel higiênico
perfumado, vasos sanitários contaminados, geléias e
espermicidas, outras ITU e modificações do revestimento
mucoso vaginal.
URETERITE
Inflamação do ureter comumente associada à pielonefrite.
CISTITE
Definição e Fisiopatologia
Cistite é a inflamação da parede vesical, causada
habitualmente por bactérias ascendentes. Porém, o
termo cistite é freqüentemente utilizado para designar
uma ITU, infecção do trato urinário inferior sintomática.
As ITUs são um problema muito comum, sendo a
bexiga o local mais freqüente de infecções no trato
urinário.
Estudos mostram que 25% de todas as mulheres são
acometidas por ITUs alguma vez no decorrer de suas vidas. Isso
porque a uretra feminina é curta, reduzindo a distância entre a
bexiga e o meio externo e devido à localização do meato uretral,
muito próximo ao ânus e intróito vaginal (E.coli).
Homens raramente desenvolvem ITUs antes dos 50 anos
devido ao comprimento da uretra e das propriedades
antibacterianas do líquido prostático.
A resistência da mucosa vesical a infecções é devida
às suas propriedades antibacterianas e da presença de
células produtoras de mucina, que contribui para a
manutenção da integridade da mucosa.
Além disso, a micção remove microorganismos do
trato urinário inferior, ajudando a prevenir infecções.
Tudo o que destrói estas defesas pode ocasionar
infecções no trato urinário, como a perda da integridade do
revestimento mucoso e a retenção e estagnação urinária.
Etiologia
Os principais microorganismos causadores de ITU
são Escherichia coli (90%), Enterobacter, Pseudomonas e
Serratia, os quais são normalmente encontrados no trato
gastrointestinal e contaminam a urina em virtude da
proximidade entre o orifício uretral e o ânus, principalmente
em mulheres.
Candida é outra causa cada vez mais freqüente de
ITU, associado a outras morbidades como diabetes, câncer,
imunossupressão, ITU persistente.
Fatores de risco para as mulheres: roupas íntimas
de tecidos sintéticas, calças justas, relacionamento
sexual, uso de diafragmas, geléias, espermicidas,
gravidez (compressão mecânica e alterações hormonais
causam modificações no trato urinário, ocasionando
estase urinária e refluxo), menopausa (alterações
hormonais modificam pH e diminuem lubrificação
vaginal), uso de desodorantes íntimos, absorventes e
papel higiênico perfumados, banhos de espuma.
Fatores de risco em homens após 50 anos: uropatia
obstrutiva, perda das propriedades bactericidas
prostáticas, enfraquecimento da musculatura
vesical, prostatite.
A presença de cateteres vesicais é responsável pela
maioria absoluta das infecções nosocomiais.
Manifestações Clínicas
Os principais sintomas da cistite são:
disúria, lombalgia, dor abdominal, nos flancos e/ou
supra-púbica, polaciúria, urgência em urinar,
hematúria, urina turva, mal-estar, febre, calafrios,
náuseas, vômitos.
Tratamento
O tratamento consiste na eliminação do agente
etiológico.
Inicialmente, utilizam-se antibióticos de largo
espectro, até resultados de antibiograma e cultura,
sendo então adotados antibióticos específicos.
Cuidados de Enfermagem
Orientar clientes para evitar fatores de risco.
Adoção de rigorosa assepsia durante cateterismos
vesicais, além de manutenção dos adequados cuidados
com o cateter e genitália.
Adequada higienização íntima.
GLOMERULONEFRITE
Definição e Fisiopatologia
Termo que engloba uma ampla variedade de
doenças, a maioria das quais é causada por reações
imunológicas que, por sua vez, que causam modificações
proliferativas e inflamatórias na estrutura glomerular.
Como a função primária do glomérulo é a filtração
sangüínea, a maioria dos casos resulta do aprisionamento
de complexos antígeno-anticorpo circulantes dentro do
glomérulo.
Tal fato acarreta dano inflamatório, dificultando a
função glomerular e diminuindo a permeabilidade seletiva
de sua membrana.
É 2 vezes mais comum em homens que em
mulheres e não existem fatores de risco para esta doença
por tratar-se de um distúrbio imunológico.
Etiologia
As glomerulonefrites têm como causa
infecções bacterianas, virais ou parasitárias em foco
distante, classicamente infecções estreptocócicas
beta-hemolíticas.
Manifestações Clínicas
O surgimento da glomerulonefrite aguda pode ser
insidioso ou brusco.
Os sintomas clássicos incluem hematúria com
cilindros hemáticos e proteinúria, além de cefaléia,
hipertensão, dor abdominal ou no flanco, oligúria, anúria,
urina cor de coca-cola, febre, calafrios, palidez, anorexia,
náuseas, vômitos, edema generalizado, podendo evoluir
para derrame pleural, ascite, ICC e insuficiência renal.
Tratamento
A intervenção destina-se a eliminar os antígenos,
diminuir as alterações imunológicas e minimizar o processo
inflamatório, prevenindo maiores danos renais e preservando a
função renal.
Utiliza-se em muitos casos plasmaférese e
imunossupressão, removendo-se os anticorpos circulantes ou os
mediadores da resposta inflamatória.
Além disso, são administrados antibióticos, corticóides,
imunossupressores, diuréticos e anti-hipertensivos e adota-se
restrição hídrica e de sódio.
Cuidados de Enfermagem
Orientar o paciente e familiares sobre doença e
tratamento.
Monitorizar SSVV freqüentemente, atentando para
valores da PA, padrão respiratório e hipertermia.
Observar sinais e sintomas rigorosamente (edema,
dor, diurese).
Adequação e orientação nutricional: restrição hídrica
e sódica.
Glomerulonefrite Crônica
A glomerulonefrite aguda pode evoluir para um
estado crônico, caracterizado pela substituição do tecido
renal por tecido fibroso e cicatricial decorrentes do processo
inflamatório, levando à insuficiência renal.
Apresenta início muito lento, com progressão dos
sintomas de acordo com a evolução da lesão renal.
Uma vez detectada a insuficiência renal, o
tratamento consistirá em diálise ou transplante renal.
PIELONEFRITE
Definição e Fisiopatologia
Inflamação da pelve renal causada por infecção
bacteriana.
São mais freqüentes em diabéticos, hipertensos,
gestantes e clientes com cálculos renais crônicos e cistite crônica.
Ocorre quando bactérias entram na pelve e causam uma
reação inflamatória, a qual acarreta edema no tecido afetado. À
medida que a infecção é tratada e a inflamação regride, pode
haver formação de fibrose e tecido cicatricial. Se as infecções
recidivam, pode haver então perda da função renal.
Existem 2 tipos de pielonefrite:
A pielonefrite aguda ocorre freqüentemente após
cistites ou contaminação durante procedimentos invasivos,
como cistoscopia e está associada a abscessos renais.
A pielonefrite crônica apresenta maior
probabilidade de ocorrer após distúrbios crônicos,
caracterizada pela combinação de anormalidades nos
cálices e fibrose cortical, o que pode levar à insuficiência
renal.
Etiologia
A maioria das infecções renais representa
prolongamentos de processos infecciosos em outros locais,
principalmente cistites, onde as bactérias percorrem o
ureter até o rim, podendo também ser causada pelo refluxo
ureteral e obstruções.
Manifestações Clínicas
Pielonefrite aguda: rins aumentados, abscesso
parenquimatoso, febre, calafrios, náuseas, dor no flanco do
lado afetado, cefaléia, dor muscular, prostração, disúria,
urgência, hematúria, urina turva, fétida e com aumento de
leucócitos.
Pielonefrite crônica: não apresenta sintomas
específicos, sendo por isso diagnosticada freqüentemente
quando da investigação de hipertensão, manifestação mais
comum da doença.
Tratamento
Pielonefrite aguda: uso de antibióticos e tratamento
dos sintomas (analgésicos e antitérmicos).
Pielonefrite crônica: antibioticoterapia, controle da
hipertensão e qualquer outra intervenção dependente do
dano renal.
INSUFUCIÊNCIA RENAL AGUDA
Definição e Fisiopatologia
Refere-se à perda brusca da função renal. Em poucos dias,
a taxa de filtração glomerular decresce, sendo acompanhada pela
elevação nos níveis séricos de creatinina e nitrogênio uréico.
Acredita-se que a lesão tubular ativa o sistema renina-
angiotensina, que diminui o fluxo sangüíneo, reduzindo a filtração
glomerular e o fluxo tubular, culminando em oligúria.
A evolução clínica da IRA caracteriza-se por:
- a fase inicial : evento desencadeante até surgimento dos
sintomas – imediato ou até 1 semana após o evento;
- fase oligúrica-anúrica ou não oligúrica : de 1 a 8 semanas,
podendo ser utilizada terapia dialítica – quanto maior este
período, pior o prognóstico;
- fase diurética : retorno da filtração glomerular;
- fase de recuperação : de 3 a 12 meses, na qual o cliente
retorna ao nível de atividade pré-IRA.
Etiologia
As numerosas causas da IRA podem ser classificadas em 3
áreas: pré-renal, renal e pós-renal.
CAUSAS PRÉ-RENAIS
Interferem na perfusão renal, o que diminui a TFG :
- depleção do volume circulante em decorrência de diarréia,
vômito, hemorragia, uso excessivo de diuréticos, queimaduras;
- desvios volêmicos ocasionados por sepses e vasodilatação;
- diminuição do débito cardíaco em situações de tamponamento
pericárdico e embolia pulmnar aguda;
- maior resistência vascular, causada por anestesia e síndrome
hepatorrenal;
- obstrução vascular, devido a aneurisma dissecante ou oclusão
bilateral da artéria renal.
CAUSAS RENAIS
Modificações parenquimatosas induzidas por doenças
ou substâncias nefrotóxicas, sendo a necrose tubular aguda a
causa mais freqüente de IRA, causada pela redução da perfusão
renal ou por nefrotoxinas (antibióticos, metais pesados,
venenos, anestésicos, corantes, solventes, quimioterápicos e
outras drogas como heroína).
CAUSAS RENAIS
Além disso, a necrose tubular pode ser causada
pela presença de pigmentos do componente heme, como
mioglobina e hemoglobina, liberados pela lesão do tecido
muscular (traumatismos, esmagamentos, choques
elétricos, queimaduras).
Outras causas renais da IRA incluem
glomerulonefrite, pielonefrite, trombose, vasculite, invasão
tumoral.
CAUSAS PÓS-RENAIS
Originadas pela obstrução de qualquer local do trato
urinário decorrente de hipertrofia prostática, cálculos,
tumores, acidentes cirúrgicos e fibrose retroperitoneal.
Manifestações Clínicas
Os efeitos da IRA são generalizados: desequilíbrio
hidroeletrolítico, acidose, maior suscetibilidade a infecções,
anemia, disfunção plaquetária, complicações
gastrointestinais (náuseas, vômitos, anorexia, diarréia ou
constipação, estomatite), maior incidência de pericardite,
encefalopatia urêmica,caracterizada por déficit na memória
recente, disartria, tremores, convulsões e coma.
Tratamento
Geralmente em Unidades de Terapia Intensiva, o
tratamento da IRA objetiva a manutenção do equilíbrio
hidroeletrolítico e preservar a nutrição.
A diálise é necessária em casos de sobrecarga
volêmica significativa, hipercalemia (potássio) descontrolada
ou acidose, uremia progressiva, disfunções do SNC e
pericardite.
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
Definição e Fisiopatologia
Representa a redução progressiva do
funcionamento renal, irreversível, a qual pode instalar-se
insidiosamente ou como resultado de um episódio de IRA.
Ocorre a deterioração e destruição progressiva
dos néfrons, o que acarreta diminuição da filtração
glomerular e da reabsorção de eletrólitos pelos túbulos
renais, com consequente aumento dos níveis séricos de
creatinina e notrogênio uréico. Ou seja, os rins
gradualmente perdem a capacidade de concentração
urinária, eliminando grande quantidade de urina diluída.
Á medida que o dano renal avança e o número de
néfrons diminui, a filtração sanguínea e a reabsorção de
eletrólitos decrescem e o corpo torna-se incapaz de livrar-
se da água, sal e outros produtos metabólicos, os quais
permanecem no sangue, resultando em uremia e
progressiva intoxicação orgânica.
Etiologia
As causas mais comuns de IRC incluem
diabetes, hipertensão arterial, glomerulonefrite,
pielonefrite, IRA, nefrotoxinas.
Manifestações Clínicas
- desequilíbrio hidroeletrolítico: hiponatremia inicial e
hipernatremia subseqüente, causando hipertensão e
ICC, hipocalcemia, hiperfosfatemia, aumento do ácido
úrico sérico;
- alterações metabólicas: intolerância a carboidratos
(redução de insulina), hiperlipidemia, acidose
metabólica;
- alterações hematológicas: anemia (eritropoese
reduzida), hemólise, distúrbios de coagulação,
ocasionando hemorragias;
- alterações musculoesqueléticas: reabsorção óssea
(osteoporose, fraturas e deformidades), depósitos
calcificados subcutâneos, musculares e viscerais, dor
óssea e muscular generalizada, câimbras;
- alterações tegumentares: prurido intenso, pele
desidratada, presença de equimoses, púrpuras, petéquias,
palidez cutânea, alteração da coloração da pele
(esverdeada-cinzenta), cabelos quebradiços e com queda
freqüente;
- alterações endócrinas: diminuição da insulina,
estimulação da secreção de paratormônio, que estimula
mobilização óssea de cálcio, alterações nos níveis de
hormônios hipofisários;
- alterações neurológicas: neuropatia periférica,
encefalopatia, espasmos, convulsões, irritabilidade,
alteração sensorial, depressão do SNC e coma.
- alterações psicossociais: alterações de
personalidade e emocionais, depressão, agitação,
alucinação, psicose.
- alterações no metabolismo dos medicamentos.
Tratamento
Diálise
Transplante renal
Tratamento da sintomatologia