Kapandji Vol 1

42,431 views 178 slides Jan 26, 2012
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Slide Content

FISIOLOGIAARTICULAR

Aminhamulher

A.I.KAPANDJI
Ex-InternodosHospitaisdeParis
Ex-ChefedeClínica-AuxiliardosHospitaisdeParis
MembrodaSociedadeFrancesadeOrtopedia
eTraurnatologia(S.O.F.C. O.T.)
MembrodaSociedadeFrancesadeCirurgiadaMão(GEM.)
FISIOLOGIAARTICULAR
ESQUEMAS COMENTADOS DEMECÂNICA HUMANA
VOLUMEI
5ªedição
MEMBRO SUPERIOR
I.-OOMBRO
11.-OCOTOVELO
111.-APRONAÇÃO-SUPINAÇÃO
IV.-OPUNHO
V.-AMÃO
Com550desenhosoriginaisdoautor
~
~r
MALOINE

Títulodooriginalemfrancês
PHYSIOLOGIE ARTICULAIRE. 1.MembreSupérieur
©ÉditionsMALOL'lE.27,Ruedel'ÉcoledeMédecine.75006Paris.
Traduçãode
EditorialMédicaPanamericanaS.A.
RevisãoCientíficaeSupervisãoporSorayaPachecodaCosta,fisioterapeuta
ISBN(dovolume):85-303-0043-2
ISBN(obracompleta):85-303-0042-4
©2000Éditions1\IALOINE.
27,ruedel'ÉcoledeMédecine.75006Paris.
CIP-BRASIL.CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATONACIONAL DOSEDITORESDELIVROS,
RJ.>
K26f
v.1
Kapandji,A.L(IbrahimAdalbert)
Fisiologiaarticular,volume1:esquemascomentadosde
mecânicahumana/A.LKapandji;comdesenhosoriginais
doautor;[traduçãoda5.ed.originaldeEditorialMédica
PanamericanaS.A.;revisãocientíficaesupervisãopor
SorayaPachecodaCosta].-SãoPaulo:Panamericana;Rio
deJaneiro:GuanabaraKoogan,2000
:550il.
Traduçãode:Physio1ogiearticulaire,1:membre
supérieur
Incluibibliografia
Conteúdo:V.l.Membrosuperior:Oombro-Ocotovelo­
Apronação-supinação-Opunho-Amão
ISBN85-303-0043-2
l.j\!ecânicahumana.2.Articulações-Atlas.3.
Articulações-Fisiologia-Atlas.LTítulo.
00-1623.
231100 241100
CDD612.75
CDU612.75
009947
Todososdireitosreservadosparaalínguaportuguesa.Excetuandocríticaseresenhascientífico-
literárias.nenhumapartedestapublicaçãopodeserreproduzida,armazenadaemsistemascomputadorizadosoutransmitida
denenhumaformaepornenhummeio,sejameletrônicos,mecânicos,fotocopiadoras,gravadorasouqualqueroutro,
semapréviapennissãodesteEditor
(MedicinaPanamericanaEditoradoBrasilLtda.)
MedicinaPanamericanaEditoradoBrasilLIDA.
RuaButantã,500-10ºAndar-CEP05424000-Pinheiros-SãoPaulo-Brasil
Distribuiçãoexc1usi\'aparaalínguaportuguesaporEditoraGuanabaraKooganS.A.
TravessadoOuvidor,11-RiodeJaneiro-RJ-20040-040
Te!.:21-2221-9621
Fax:21-2221-3202
www.editoraguanabara.com.br
DepósitoLegal:M-53.355-2001
ImpresoenEspana

ADVERTÊNCIA DOAUTORÀQUINTAEDIÇÃO
Apartirdesuaprimeiraedição,háseteanosatrás,estelivro,inspiradoprincipalmentepor
DuchennedeBoulogne,o"grandeprecursor"daBiomecânica,permâneceufielasimesmo,exceção
feitaporalgumaspequenascorreções.Nestemomento.naoportunidadedoaparecimentodaquinta
edição,achamosnecessárioincluirmodificaçõesimportantes.emespecialnoqueserefereàmão.De
fato,
orápidodesenvolvimentodacirurgiadamãoexigeumincessanteaprofundamentoquantoao
conhecimentodesuafisiologia.Esteé
omotivopeloqual,àlu:derecentestrabalhos,temosescritoe
desenhadonovamentetudorelacionadoaopolegareaomecanismodeoposição:afunçãodaarticu­
laçãotrapézio-metacarpeananaorientaçãoerotaçãolongitudinaldacolunadopolegarseexplicade
maneiramatemáticaapartirdateoriadasarticulaçõesdedoiseixostipocardan;assimmesmo,sees­
clareceafunçãodaarticulaçãometacalpofalangeanano"bloqueio"dapreensãodegrandesobjetos
e,enfim,afunçãodaarticulaçãointelfalangeanana"distribuição"daoposiçãodopolegarsobrea
polpadecadaumdosquatrodedos.Ariquezanavariedadedepreensãoepreensõesassociadasàs
açõesestáilustradacomnovosdesenhos.Temosapelfeiçoadoadefiniçãodasdistintasposiçõesfun­
cionaisedeimobilização.Porfim,com
oobjeti,'odeestabelecerumbalançofuncionalrápidodamão,
propõe-seumasériedeprovasdemovimentos,as"preensõesmaisação"que,melhordoqueasva­
loraçõesanalíticasdaamplitudedecadaumadasarticulaçõesedapotênciadecadamÚsculo,faci­
litamumaapreciaçãosintéticadovalordautilizaçãodamão.
Nofinaldolivrosuprimimosalgunsmodelosobsoletosouquenãooferecemmuitointeresse,
esubstituímosporummodelodamãoqueexplica.nestecasodemaneirasatisfatória,aoposiçãodo
polegar.
Emresumo,esteéumlivrorenovadoeenriquecidoemprofundidade.

1----
PREFÁCIO ÀEDIÇÃOEMPORTUGUÊS
Passarammaisdevinteecincoanosdesde omomentoemqueseescreveramestestrêsvolu­
mesdeEsquemasComentadosdeFisiologiaArticularobtendograndesucessoentre
osleitoresde
todotipo,estudantesdemedicinaefisioterapia,médicos,fisioterapeutasecirurgiões.
Ofatodeque
continueatualsedeveaoparticularcaráterdestasobras,cujoobjetivoé
oensinodofuncionamento
doAparelhoLocomotordemaneiraatrativa,privilegiandoaimagemdiantedotexto:
oprincípioé
explicarumaÚnicaidéiaatravésdodesenho,
oqualpermiteumamemorizaçãoeumacompreensão
definitims.
Ofatodequeesteslivrosnãotenhamcompetidorsériodemonstranitidamente oseuvalor
intrínseco.Naverdade,éaclarezadarepresentaçãoespacialdofuncionamentodosmÚsculosedas
articulações
oquefazcomquesejatãoevidente:estesesquemasnãointegramunicamenteastrês
dimensõesdoespaço,mastambémumaquartadimensão,adoTempo,porqueaAnatomiaFuncional
estávivae,conseqüentemente,móvel-istoé,inscritanoTempo.IstodiferenciaaBiomecânicada
Mecânicapropriamentedita,ouMecânicaIndustrial.ABiomecânicaéaCiênciadasestruturasevo­
lutivas,quesemod!ficámsegundo
oscontratemposeevolu,ememfunçãodasnecessidades,capazes
derenovar-seconstantementeparacompensar
odesuso.Eumamecânicasemeixomaterializado,
móvelinclusivenopercursodomovimento.Assuassupeifíciesarticularesintegramumjogomecâni­
coqueseriaporcompletoimpossívelnamecânicaindustrial,porémlheoutorgapossibilidadesadi­
clOnazs.
Eisaqui
oespíritoqueimpregnaestesvolumes,aomesmotempoquedeixaaportaabertaaos
outrosmétodosdeensinopara
ofuturo.Esteé,naverdade, osegredodasuaperenidade.
A.I.KAPANDJI

ÍNDICE
oOMBRO
FÍsiologiadoombro
Aflexão-extensãoeaadução
Aabdução
Arotaçãodobraçosobreoseueixolongitudinal
Movimentosdocotodoombronoplanohorizontal
Flexão-extensãohorizontal
Omovimentodecircundução
O"paradoxo"deCodman
Avaliaçãodosmovimentosdoombro
Movimentosdeexploraçãoglobaldoombro
Ocomplexoarticulardoombro
Assuperfíciesarticularesdaarticulaçãoescápulo-umeral
Centrosinstantâneosderotação
Acápsulaeosligamentosdoombro
Otendãodaporçãolongadobícepsintra-articular
Funçãodoligamentoglenoumeral
Oligamentocóraco-umeralnaflexão-extensão
Acoaptaçãomusculardoombro
A"articulação"subdeltóide
Aarticulaçãoescápulo-torácica
Movimentosdacinturaescapular
Osmovimentosreaisdaarticulaçãoescápulo-torácica
Aarticulaçãoestemocostoclavicular(Assuperfíciesarticulares)
Aarticulaçãoestemocostoclavicular(Osmovimentos)
Aarticulaçãoacrômio-clavicular
Funçãodosligamentoscóraco-claviculares
Músculosmotoresdacinturaescapular
Osupra-espinhaleaabdução
Fisiologiadaabdução
Astrêsfasesdaabdução
Astrêsfasesdaflexão
Músculosrotadores
Aaduçãoeaextensão
oCOTOVELO
Flexão-extensão
Ocotovelo:Articulaçãodeseparaçãoeaproximaçãodamão
12
14
16
18
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
42
44
46
48
50
52
54
56
58
62
64
68
70
74
76
78
80
82
84

8ÍNDICE
Assuperfíciesarticulares
Apaletaumeral
Osligamentosdocotovelo
Acabeçaradial
Atrócleaumeral
Aslimitaçõesdaflexão-extensão
Osmúsculosmotoresdaflexão
Osmúsculosmotoresdaextensão
Osfatoresdecoaptaçãoarticular
Aamplitudedosmovimentosdocotovelo
Asreferênciasclínicasdaarticulaçãodocotovelo
Posiçãofuncionaleposiçãodeimobilização
Eficáciadosgruposflexoreextensor
APRONAÇÃO-SUPINAÇÃO
Significado
Definição
Utilidadedapronação-supinação
Disposiçãogeral
Anatomiafisiológicadaarticulaçãorádio-ulnarsuperior
Anatomiafisiológicadaarticulaçãorádio-ulnarinferior
Dinâmicadaarticulaçãorádio-ulnarsuperior
Dinâmicadaarticulaçãorádio-ulnarinferior
Oeixodepronação-supinação
Asduasarticulaçõesrádio-ulnarsãoco-congruentes
Osmotoresdapronação-supinação:osmúsculos
Asalteraçõesmecânicasdapronação-supinação
Compensaçõeseposiçãofuncional
OPUNHO
Significado
Definiçãodosmovimentosdopunho
Amplitudedosmovimentosdopunho
Omovimentodecircundução
Ocomplexoarticulardopunho
Asarticulaçõesrádio-carpeanasemédio-carpeanas
Osligamentosdaarticulaçãorádio-carpeanaedamédio-carpeana
Funçãoestabilizadoradosligamentos
Adinâmicadocarpo
Oparescafóide-semilunar
Ocarpodegeometriavariável
86
88
90
92
94
96
98
100
102
104
104
106
106
108
110
112
114
116
118
122
124
128
132
134
136
138
140
142
144
146
148
150
152
154
158
162
164

Asalteraçõespatológicas
Osmúsculosmotoresdopunho
Açãodosmúsculosmotoresdopunho
AMÃO
Asuafunção
Topografiadamão
Arquiteturadamão
Omaciçodocarpo
Aescavaçãopalmar
Asarticulaçõesmetacarpofalangeanas
Oaparelhofibrosodasarticulaçõesmetacarpofalangeanas
Aamplitudedosmovimentosdasarticulaçõesmetacarpofalangeanas
Asarticulaçõesinterfalangeanas
Sulcosoucanaisebainhasdostendõestlexores
Ostendõesdosmúsculosflexoreslongosdosdedos
Ostendõesdosmúsculosextensoresdosdedos
Músculosinterósseoselumbricais
Aextensãodosdedos
Atitudespatológicasdamãoedosdedos
Osmúsculosdaeminênciahipotenar
Opolegar
Geometriadaoposiçãodopolegar
Aarticulaçãotrapézio-metacarpeana
Aarticulaçãometacarpofalangeanadopolegar
Ainterfalangeanadopolegar
Osmúsculosmotoresdopolegar
Asaçõesdosmúsculosextrínsecosdopolegar
Asaçõesdosmúsculosintrínsecosdopolegar
Aoposiçãodopolegar
Aoposiçãoeacontra-oposição
Ostiposdepreensão
Aspercussões-Ocontato
-=-Aexpressãogestual
Posiçõesfuncionaisedeimobilização
Asmãosficções
Amãodohomem
Modelosdemecânicaarticularparacortar
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE9
166
168
170
174
176
178
182
184
186
190
194
196
200
202
206
208
210
214
216
218
220
222
238
246
248
252
254
258
264
266
284
286
288
290
292
296

10FISIOLOGIAARTICULAR
\ -

Fig.1-1
1.MEBRO SUPERIOR11

12FISIOLOGIAARTICULAR
FISIOLOGIADOOMBRO
oombro,articulaçãoproximaldomem­
brosuperior(fig.1-1,pág.11),éamaismóvel
detodasasarticulaçõesdocorpohumano.
Possuitrêsgrausdeliberdade(fig.1-2),o
quepermiteorientaromembrosuperioremre­
laçãoaostrêsplanosdoespaço,graçasatrês
....
eixospnnClpals:
1)Eixotransverso,incluídonoplano
frontal:
PermitemovimentosdefIexão-exten­
sãorealizadosnoplanosagital(ver
figo1-3eplanoAdafigo1-9).
2)Eixoântero-posterior,incluídono
planosagital:
Permiteosmovimentosdeabdução(o
membrosuperiorseafastadoplanode
simetriadocorpo),adução(omembro
superiorseaproximaaoplanodesime­
tria)realizadosnoplanofrontal(ver
figs.1-4e1-5eplanoBdafigo1-9).
3)Eixovertical,determinadopelainter­
secçãodoplanosagitaledoplano
frontal:
Corresponde
àterceiradimensãodoes­
paço;dirigeosmovimentosdefIexãoe
deextensãorealizadosnoplanohori­
zontal,obraçoemabduçãode90°(ver
tambémfigo1-8eplanoCdafigo1-9).
Oeixolongitudinaldoúmero(4)permite
arotaçãoexternalinternadobraçoedomem-
brosuperior,deduasmaneirasdiferentes:
arotaçãovoluntária(tambémdeno­
minada"rotaçãoadjunta')queutiliza
oterceirograudeliberdadeenãoé
possívelse,nãoforemarticulaçõesde
trêseixos(asenartroses).Deve-se
à
contraçãodos.músculosrotadores;
arotaçãoautomática(tambémdeno­
minada"rotaçãoconjunta")queapa­
recesemnenhumaaçãovoluntárianas
articulaçõesdedoiseixos,ounasarti­
culaçõesdetrêseixosquandofuncio­
namcomoarticulaçõesdedoiseixos.
Maisadiantetrataremosoparadoxo
deCODMAN.
Aposiçãodereferênciaédefinidacomo
decrevemosaseguir:
Omembrosuperiorpendeaolongodo
corpo,verticalmente,demaneiraqueoeixo
longitudinaldoúmero(4)coincidecomoeixo
vertical(3).Naposiçãodeabduçãoa90°oei­
xolongitudinal(4)coincidecomoeixotrans­
versal(1).NaposiçãodefIexãode90°,coinci­
decomooeixoântero-posterior(2).
Portanto,oombroéumaarticulaçãocom
trêseixosprincipaisetrêsgrausdeliberdade;
oeixolongitudinaldoúmeropodecoincidir
comumdosdoiseixosousesituaremqual­
querposiçãointermédiaparapermitiromovi­
mentoderotaçãoexterna/interna.

2-4.-.,,-
II,
i/0I
,J\
(
I
(,
Fig.1-2
1.MEMBRO SUPERIOR 13

14FISIOLOGIAARTICULAR
AFLEXÃO-EXTENSÃO EAADUÇÃO
Osmovimentosdeflexão-extensão
(fig.1-3)serealizamnoplanosagital(plano
A,figo1-9),aoredordeumeixotransversal
(1,figo1-2):
a)extensão:movimentodeescassaampli­
tude,45a50°;
b)flexão:movimentodegrandeampli­
tude,180°;observarqueamesma
posiçãodeflexãoa180°podeser
definidatambémcomoumaabduçãode
180°,próxima
àrotaçãolongitudinal
(vermaisadianteoparadoxode
CODMAN).
Comfreqüênciaseutilizam,emborade
modoerrôneo,ostermosdeantepulsãoparase
referir
àflexãoeretropulsãoparaaextensão.
Istolevaaumaconfusãocomosmovimentos
do"coto"doombronoplanohorizontal(pág.
18)eporissoépreferívelnãoutilizá-losquan­
donosreferimosaosmovimentosdomembro
supenor.
Apartirdaposiçãoanatômica(máxima
adução),aadução(fig.1-4)noplanofrontalé
mecanicamenteimpossíveldevidoàpresença
dotronco.
Apartirdaposiçãoanatômica,nãoépos-
sívelaaduçãosenãoforassociadacom:
a)umaextensão:aduçãomuitoleve;
b)umaflexão:aaduçãoalcançade30a45°.
Apartirdequalquerposiçãodeabdução,a
adução,nestecasodenominada"aduçãorelati­
va",ésemprepossívelnoplanofrontal,atéa
posiçãoanatômica.

Fig.1-3
LMEMBRO SUPERIOR 15
b
a
Fig.1-4 b

16FISIOLOGIAARTICULAR
AABDUÇÃO
Aabdução(fig.1-5),movimentoque
afastaomembrosuperiordotronco,serealiza
noplanofrontal(planoB,figo1-9),aoredor
doeixoântero-posterior(fig.1-2,eixo2).
Aamplitudedaabduçãoalcançaos180°:
obraçoestáemposiçãoverticalporcimado
tronco(d).
Duasadvertências:
-apartirdos90°,aabduçãoaproximao
membrosuperioraoplanodesimetria
docorpo;tambémépossívelchegar
à
posiçãofinaldeabduçãode180°me­
dianteummovimentodeflexãode
180°;
-dopontodevistadasaçõesmusculares
edojogoarticular,aabdução,apartir
daposiçãoanatômica(a),passapor
trêsfases:
(b)abduçãode0°a60°,queunicamen­
tepodeserealizarnaarticulaçãoes­
cápulo-umeral;
(c)abduçãode60°a120°quenecessita
daparticipaçãodaarticulaçãoescá­
pulo-torácica;
(d)abduçãode120°a180°queutiliza,
alémdasarticulaçõesescápulo­
umeraleescápulo-torácica,aincli­
naçãodoladoopostodotronco.
Observarqueaabduçãopura,descritauni­
camentenoplanofrontal,éummovimentopou­
cocomum.Pelocontrário,aabduçãoassociada
comumafiexãodeterminada,istoé,aelevação
dobraçonoplanodaescápula,formandoum
ângulode30°emsentidoanteriorcomrelação
aoplanofrontal,éomovimentomaisutilizado,
principalmenteparalevaramãoatéanucaouà
boca.

.\
/
a
/\1/\
c
Fig.1-5
b
d
1.J\IEMBROSUPERIOR 17

18FISIOLOGIAARTICULAR
AROTAÇÃO DOBRAÇOSOBREOSEUEIXOLONGITUDINAL
Arotaçãodobraçosobreoseueixolongi­
tudinal(fig.1-2,eixo3)podeserrealizadaem
qualquerposiçãodoombro.Trata-sedarotação
voluntáriaouadjuntadasarticulaçõescomtrês
eixosetrêsgrausdeliberdade.Emgeral,esta
rotaçãosemedenaposiçãoanatõmicadobraço
quependeverticalmenteaolongodocorpo(fig.
1-6,vistasuperior).
a)Posiçãoanatômica,denominadarota­
çãoexterna/interna0°:paramediraam­
plitudedestesmovimentosderotação,o
cotovelodeveestarnecessariamentejle­
xionadoa90°demaneiraqueoantebra­
çoestejanoplanosagital.Senãotoma­
mosestaprecaução,
àamplitudedos
movimentosderotaçãoexterna/interna
dobraçosesomaria
àdosmovimentos
depronação-supinaçãodoantebraço.
Estaposiçãoanatõmica,oantebraçono
planosagital,seutilizademaneiratotal­
mentearbitrária.Naprática,aposição
departidamaisutilizada,porquesecor-.
respondecomoequilíbriodosrotadores,
éaderotaçãointernade30°comrelação
àposiçãoanatõmica,demaneiraquea
mãoficanafrentedotronco.Poder-se-ia
sedenominarposiçãodereferênciafi­
siológica.
b)Rotaçãoexterna:asuaamplitudeéde
80°,jamaisalcançaos90°.Estaamplitu­
detotalde80°normalmentenãoéutili­
zadanestaposição,comobraçovertical
aolongodocorpo.Pelocontrário,aro­
taçãoexternamaisutilizada,portantoa
maisimportantedopontodevistafun­
cional,éosetorcompreendidoentrea
posiçãoanatõmicafisiológica(rotação
externa-30°)eaposiçãoanatõmica
clássica(rotação0°).
c)Rotaçãointerna:asuaamplitudeéde
100a110°,Paraconseguirrealizaressa
rotação,oantebraçodevepassarne­
cessariamente.portrásdotronco,oque
exigeumcertograudeextensãodoom­
bro.Aliberdadedestemovimento
éin­
dispensávelparaqueamãopossache­
garatéascostas.
Éacondiçãoparase
poderrealizarahigieneperinealposte­
rior.Comrelaçãoaosprimeiros90
grausderotaçãointerna,éexigidane­
cessariamenteumaflexãodoombro
semprequeamãoestivernafrentedo
tronco.
Osmúsculosmotoresdarotaçãolongitudi­
nalserãoestudadosnapágina78.Noquesere­
fere
àrotaçãolongitudinaldebraçonasoutras
posiçõesquenãosejaaanatõmica,nãoépossí­
velmedirdemaneiraprecisasenãoformedian­
teumsistemadecoordenadaspolares(verpág.
26).Osmúsculosrotadoresintervêmdemanei­
radiferenteemcadaposição,unsperdemasua
açãorotadora,enquantooutrosaadquirem.Isto
éumexemplodaleidainversãodasaçõesmus­
cularessegundoaposição.
MOVIMENTOS DOCOTODOOMBRONOPLANOHORIZONTAL
Estesmovimentosdesencadeiamaação
daarticulaçãoescápulo-torácica(fig.1-7):
a)posiçãoanatômica;
b)retroposiçãodocotodoombro;
c)anteposiçãodocotodoombro.
Observarqueaamplitudedaanteposição
émaiordoqueadaretroposição.
Açãomuscular:
Anteposição:peitoralmaior,peitoralme­
nor,serrátilanterior.
Retroposição:rombóides,trapézio(por­
çãomédia),grandedorsal.

o
a
Fig.1-6
c
1.MEMBRO SUPERIOR 19
a
Fig.1-7
c

20FISIOLOGIAARTICULAR
FLEXÃO-EXTENSÃO HORIZONTAL
Éomovimentodomembrosuperiornopla­
nohorizontal(fig.1-8eplanoCdafigo1-9)ao
redordoeixoverticalou,maisexatamente,em
tomodeumasucessãodeeixosverticais,dado
queomovimentoserealizanãosónaarticula­
çãoescápulo-umeral(fig.1-2,eixo4),mastam­
bémnaescápulo-torácica(verfigo1-37).
Posiçãoanatõmica:omembrosuperior
estáemabduçãode90°noplanofrontal,oqual
provocaacontraçãodaseguintemusculatura:
-deltóide(principalmenteasuaporção
acromial,figo1-65,IIl),
-supra-espinhal,
-trapézio:porçõessuperior(acromiale
clavicular)einferior(tubercular),
-serrátilanterior.
Flexãohorizontal,movimentoqueassocia
aflexãoeaaduçãode140°deamplitude,ativa
osseguintesmúsculos:
deltóide(fascículosântero-intemoIe
ântero-extemoIIemproporçãovariá­
velentreelesecomofascículoIIl),
subescapular,
peitoraismaioremenor,
serrátilanterior.
Extensãohorizontal,movimentoqueas­
sociaaextensãoeaaduçãodemenoramplitude,
30-40°,ativaosseguintesmúsculos:
deltóide(fascículospóstero-extemos
IVeV,epóstero-intemosVIeVIIem
proporçãovariávelentreelesecomo
fascículoIIl), ,
supra-espinhal,
infra-espinhal,
redondosmaioremenor,
rombóides,
trapézio(fascículoespinhalqueseso­
maaosoutrosdois),
grandedorsal(emantagonismo-siner­
gismocomodeltóidequeanulaoim­
portantecomponentedeaduçãodo
grandedorsal).
Aamplitudetotaldestemovimentodefle­
xão-extensãohorizontalalcançaquaseos180°.
Daposiçãoextremaanterior
àposiçãoextrema
posteriorseativam,sucessivamente,comose
fosseumaescalamusicaldepiano,asdiferentes
porçõesdodeltóide(verpág.70),queéoprin­
cipalmúsculodestemovimento.

1.MEMBRO SUPERIOR 21
a
b
c
Fig.1-8

22FISIOLOGIAARTICULAR
oMOVIMENTO DECIRCUNDUÇÃO
Acircunduçãocombinaosmovimentos
elementaresaoredordetrêseixos(fig.1-9).
Quandoestacircunduçãoalcançaasuaamplitu­
demáxima,obraçodescrevenoespaçoumco­
neirregular:oconedecircundução.Estecone
delimita,naesferacujocentroéoombroecujo
raioéigual
àlongitudedomembrosuperior,um
setoresféricodeacessibilidade,emcujointerior
amãopodepegarobjetossemdeslocarotron­
co,paraeventualmentelevá-Ios
àboca.
Nesteesquema,acurvarepresentaabase
doconedecircundução(trajetóriadaextremida­
dedosdedos),percorrendoosdiferentessetores
doespaçodeterminadospelosplanosdereferên­
ciadaarticulação:
a)planosagital(ftexão-extensão),
b)planofrontal(adução-abdução),
c)planohorizontal(ftexãohorizontalou
extensãohorizontal).
Apartirdaposiçãodereferência-repre­
sentadaporumpontoespesso-acurvapassa
sucessivamente(paraomembrosuperiordirei­
to)pelossetores:
lU-abaixo,nafrentee
àesquerda;
II-acima,nafrentee
àesquerda;
VI-acima,atráse
àdireita;
V-abaixo,atráse
àdireita;
VIII- abaixo,atráse àesquerda,emum
trajetomuitocurto,porqueaextensão-adu­
çãotempoucaamplitude(noesquemaose­
tor
VIIIselocalizaporbaixodoplanoC,
portrásdosetor
IIIeàesquerdadosetor V.
OsetorVII,nãovisível,sesituaporcima).
Aseta,prolongamentodadireçãodobraço,
indicaoeixodoconedecircunduçãoeasua
orientaçãonoespaçosecorrespondelevemente
comadefinidacomoposiçãofuncional(verfigo
1-16),masnestecasoocotoveloseencontraem
extensão.OsetorVqueincluioeixodoconede
circunduçãoéo~etordeacessibilidadeprefe­
rencial.Aorientaçãoparaafrentedoeixodo
conedecircunduçãor.esponde
ànecessidadede
protegerasmãosquetrabalhamsobocontrole
visual.Ocruzamentoparcialeparafrentedos
doissetoresdeacessibilidadedosmembrossu­
perioresobedece
àmesmanecessidade,permi­
tindoqueambasasmãostrabalhemsimultanea­
mentesobcontrolevisual,cooperementresie,
sefornecessário,sesubstituamuma
àoutra;de
modoqueoconjuntodosdoissetoresesféricos
deacessibilidadedosmembrossuperioresécon­
troladopelocampovisualdosolhosatéseus
movimentosextremos,mantendoacabeçafixa
noplanosagital.Oscamposvisuaiseossetores
deacessibilidadedasmãossesuperpõemquase
completamente.
Énecessárioressaltarqueestadisposição
sóépossívelnopercursodafilogeniagraçasao
deslocamentoparabaixodoforameoccipitaL
permitindoassimqueasuperfíciepossasediri­
girparaafrenteequeoolharadoteumadire­
çãoperpendicularaoeixolongitudinaldocor­
po,enquantonosquadrúpedesoolharestádiri­
gidoemdireçãoaoeixodocorpo.

1.MEMBRO SUPERIOR 23
VI
V
I
IV
Fig.1-9
I
11
111
B

24FISIOLOGIAARTICULAR
o"PARADOXO" DECODMAN
Quando,apartirdaposiçãoanatômica(fig.
1-10,aeb),omembrosuperiorverticalaolon­
godocorpo,apalmadamãogiradaparaden­
tro,opolegarapontandoparaafrente(a),pedi­
mosaumsujeitoquerealize,comoseumem­
brosuperior,ummovimentodeabduçãode
+180°noplanofrontal(c),seguidoporummo­
vimentodeextensãorelativade
-180°noplano
sagital(d),omembrosuperiorseencontrano­
vamenteverticalaolongodocorpomascoma
palmadamãogiradaparaforae
opolegar
apontandoparatrás(e).
Tambémépossívelrealizarocicloinverso:
flexãode
180°e,aseguir,umaaduçãode 180°,
masossinaisestãoinvertidoseobtemosuma
rotaçãoexternade
180°.
Éfácilconstatarqueapalmadamãomodi­
ficaasuaorientação,provocandoummovimen­
toderotaçãolongitudinalde
180°.
Nesteduplomovimentodeabduçãosegui­
doporumaextensão,seproduzAUTOMATI­
CAMENTE umarotaçãointernade
180°:um
movimentosucessivoemtomodedoisdoseixos
doombrodirigemecanicamenteeinvoluntaria­
menteummovimentoaoredordoeixolongitu­
dinaldomembrosuperior.
ÉoqueMacConaill
denominourotaçãoconjunta,queaparecenum
movimentodiadocal,istoé,realizadosucessiva­
menteemtomodosdoiseixosdeumaarticula­
çãocomdoisgrausdeliberdade.Nesteexem­
plo,aarticulaçãodoombro,quepossuitrês
grausdeliberdade,
éutilizadacomoumaarticu­
laçãodedoiseixos.
Seutilizamosoterceiroeixopararealizar,
voluntáriaesimultaneamente,umarotaçãoinver­
sade
180°,destavez,amãoretomaàposiçãode
partida,opolegarapontandoparaafrente,depois
dedescreverumcicloergonômico;taisciclosse
utilizamcomfreqüêncianosgestosprofissionais
ouesportivosrepetidos,porexemplonanatação.
EstarotaçãolongitudinalvoluntáriaqueMacCo­
nailldenominarotaçãoadjunta,sóéviávelem
articulaçõescomtrêsgrausdeliberdadeeéindis­
pensávelduranteocicloergonômi€o.Istoficade­
monstradonaseguinteexperiência:apartirdapo­
siçãoanatômica,emrotaçãointerna,comapalma
damãogiradaparáforaeopolegarparatrás,ab­
duçãoatéos
180°,apartirdos 90°deabdução,o
movimentoficabloqueadoeénecessáriorealizar
umarotaçãoexternavoluntáriaparacontinuar.De
fato,causasanatômicas,tensãoligamentaremus­
cular,nãopermitemquearotaçãoconjuntaconti­
nuenosentidodarotaçãointernaeénecessário
recorreraumarotaçãoadjuntaexternaparaanular
arotaçãoconjuntainternaefinalizarocicloergo­
nômico.Istoexplicaanecessidadedeumaarticu­
laçãodetrêseixosnaraizdosmembros.
Emresumo,oombroécapazderealizar
doistiposderotaçãolongitudinal:arotaçãovo­
luntáriaouadjuntaearotaçãoautomáticaou
conjunta.Emtodomomentoestasduasrotações
sesomamalgebricamente:
-searotaçãovoluntária(adjunta)
énula,
arotaçãoautomática(conjunta)aparece
comclaridade:éo(pseudo)paradoxode
Codman,
-searotaçãovoluntáriatemamesmadi­
reçãoquearotaçãoautomática,elase
amplifica,
-searotaçãovoluntáriatemdireçãocon­
trária,estadiminuiouatémesmoanula
arotaçãoautomática:éocicloergonô­
mlCO.

1.MEMBROSUPERIOR25
c
+1800
b
a
d Fig.1-10
e

26FISIOLOGIAARTICULAR
AVALIAÇÃO DOSMOVIMENTOS DOOMBRO
Aavaliaçãodosmovimentosedasposi­
çõesnasarticulaçõescomtrêseixosprincipaise
trêsgrausdeliberdade,comooombro,repre­
sentaumadificuldade,porqueexistemambigüi­
dades.Porexemplo,sedemaneirageraldefini­
mosa
abduçãocomoummovimentodesepara­
çãodomembrosuperiordoplanodesimetria,
estadefiniçãosóéválidaatéos.90°,jáque,a
partirdaí,omembrosuperiorseaproximado
planodesimetriaporcimae,contudo,continua­
moscomadenominaçãodeabdução;paraava­
liararotaçãolongitudinaloproblemaéainda
maisárduo.
Emborasejasimplesavaliarummovi­
mentoquandoomembrosedeslocanoplanode
referência,frontalousagital,semdúvidasele­
cionadoarbitrariamente,aquestãoémaiscom­
plicadaquandonosreferimosaossetoresinter­
médios;sãonecessárias
pelomenosduascoor­
denadas
angularesqueutilizamumsistemade
coordenadasretangulares,ouumsistemade
coordenadaspolares.
Nosistemade
coordenadasretangula­
res
(fig.1-11),medimosopontodeprojeçãodo
eixolongitudinaldobraço,pelomenosemdois
dostrêsplanosdereferência:frontal,F,sagital,
Setrans\erso,T,localizandoo"centro"doom­
bronainterseçãoOdostrêsplanos.Aprojeção
dopontoPnoplanofrontalFemMenoplano
sagitalASemQpermitemediroân~ulodeabdu­
çãoSO?vleoângulodeflexãoSOQ.Observar
queaposiçãodopontoN,projeçãodePnoplano
transversoT,podeserdefinidosemambigüidade
apartirdomomentoemqueconhecemosMeQ.
Contudo,nestesistema,nãoexistenenhummodo
deavaliararotaçãosobreoeixolongitudinal
OP.
Nosistemadas coordenadaspolares
(fig.1-12)ouacimutais,sedefineadireçãodo
braçopelaposiçãoqueocupaocotoveloPnu­
maesferacujocentroéoombroOeoraioOP
equivale
àlongitudedoúmero.Domesmomo­
doquenogloboterráqueo,aposiçãodoponto
Psedefinemediantedoisângulos,alongitude
ealatitude.OpontoPselocalizanainterse­
cçãodeumgrandecírculocujalqngitudepas­
sapelosdoispólosedeumcírculopequenode
latitudecujoplanoéparaleloaodoEquador,
representadoaquiJ?elograndecírculodoplano
sagitalS.Alinhadospóloséainterseçãodo
planofrontalFedoplanotransversalT,ome­
ridianoOéosemicírculoinferiordoplano
frontalF.Mede-se
aflexãocomouma longitu­
de
contadaparaafrente,oucomooângulo
BÔL(Léaintersecçãodomeridianoquepas­
saporPedoEquador),ea
abduçãocomouma
latitude,istoé,oânguloAÔK,oumelhorain­
daoseusuplementarBÔK.Alémdissoéviá­
velavaliara
rotaçãolongitudinal doúmeroco­
moum
caboemrelaçãocomummeridiano
vertic~lBPAquepasseporP:estecaboéoân­
guloCdeterminadoapartirdeAP.
Portanto,estesistemadeavaliaçãoé
bemmaisprecisoecompletoqueoprimeiro;in­
clusiveéoúnicoquepermiterepresentaro
cone
decircundução
comoumatrajetóriafechadana
esfera,emboraseutilizemenosnapráticadevi­
do
àsuacomplexidade.
Apresentaumadiferençaimportantecomo
sistemadecoordenadasretangulares(fig.1-13):
seoângulodeflexãoBÔLéomesmo,oângu­
lodeabduçãoBÔKédiferentedeBÔM(em
coordenadasretangulares)eestadiferençaé
maisimportantequantomaisseaproximeafle­
xãoaos90°.Defato,paraumaflexãode90°o
pontoPsesituanomeridianohorizontalque
passaporE.OânguloBÔM,então,ésempre
iguala90°,enquantooânguloAÔKpodevariar
de
Oa90°.

Fig.1-11
Fig.1-12
Fig.1-13
1.ME\IBROSUPERIOR 27

28FISIOLOGIAARTICULAR
MOVIMENTOS DEEXPLORAÇÃO GLOBALDOOMBRO
Primeiromovimentodeexploraçãoglo-
baldoombro(fig.1-14)
a)pentear-se;
b)levaramão ànuca.
Quandoestálivreeasuaamplitudeénor­
lal,estemovimentodirigeamãoemdireção
à
°elhaopostaedapartesuperiordaregiãoesca­
r'ularcontralateral.
Estemovimentorealizadocomocotovelo
emflexãoexploratantoaabdução
(120°)quan­
toarotaçãoexterna
(90°).
Segundomovimentodeexploraçãoglo­
baldoombro(fig.1-15)
Vestirumcasaco:
-obraçoqueseintroduznaprimeira
manga(braçoesquerdonafigura)rea­
lizaummovimentodeflexão-abdução;
-obraçoquevaiprocurarasegunda
manga(braçodireitonafigura)realiza
ummovimentodeextensão-rotaçãoin-
terna,amãoentraemcontatocomare­
giãolombar.
Quandoestálivreeasuaamplitudeénor­
mal,estemovimentodirigeamãoatéapartein­
feriordaregiãoescapularcontralateral.
Posiçãofuncionaldoombro(fig.1-16)
Oeixolongitudinaldobraçoestáemflexão
de
45°eabduçãode 60°,istoé,seencontrano
planoverticalformandoumângulodiedrode
45°comoplanosagital(oufrontal)eobraçoes­
táemrotaçãointernade
30-40°.
Estaposiçãosecorrespondecomoestado
deequilíbriodosmúsculosperiarticularesdo
ombro:porissoseutilizaestaposiçãoparaa
imobilizaçãodasfraturasdadiáfiseumeraljá
que,nestascondições,ofragmentoinferior,o
únicosobreoqualpodemosatuar,seencontra
noeixodofragmentosuperiorsobreoqual
atuamosmúsculosperiarticulares.
Corresponde-setambémcomoeixodoco­
nedecircundução(fig.1-9).

a
Fig.1-16
Fig.1-14
Fig.1-15
1.MEMBRO SUPERIOR 29

30FISIOLOGIAARTICULAR
oCOMPLEXO ARTICULAR DOOMBRO
oombronãoestáconstituídoporumaarti­
culação,masporcincoarticulaçõesqueconfor­
mamoCOMPLEXO ARTICULARDOOM­
BRO(fig.1-17),cujosmovimentoscomrelação
aomembrosuperioracabamosdeexplicar.Estas
cincoarticulaçõesseclassificamemdoisgrupos:
Primeirogrupo:duasarticulações:
1)Articulaçãoescápulo-umeral
Articulaçãoverdadeiradopontode
vistaanatômico(contatodeduassu­
perfíciescartilaginosasdedesliza­
mento)
Estaarticulaçãoéamaisimportante
dogrupo.
2)Articulaçãosubdeltóideou"segun­
daarticulaçãodoombro"
Dopontodevistaestritamenteanatô­
miconãosetratadeumaarticulação;
contudopodemosconsiderardopon­
todevistafisiológico,devidoser
compostaporduassuperfíciesque
deslizamumasobreaoutra.Aarticu­
laçãosubdeltóideestámecanicamente
unidaàarticulaçãoescápulo-umeral:
qualquermovimentonaarticulação
escápulo-umeralprovocaummovi­
mentonasubdeltóide.
Segundogrupo:trêsarticulações.
3)Articulaçãoescápulo-torácica
Nestecasosetrataoutravezdeuma
articulaçãofisiológicaenãoanatômi­
ca.
Éaarticulaçãomaisimportantedo
grupo,contudonãopodeatuarsemas
outrasduas,jáqueestámecanicamen­
teunidaaelas..
4)Articulaçãoacrômio-clavicular
Articulaçãoverdadeira,localizadana
porçãoexternadaclavícula.
S)Articulaçãoesternocostoclavicular
Articulaçãoverdadeira,localizadana
porçãointernadaclavícula.
Emgeral,ocomplexoarticulardoombro
podeseresquematizadodaseguintemaneira:
Primeirogrupo:
umaarticulaçãoverdadeiraeprinci­
pal:aarticulaçãoescápulo-umeral;
umaarticulação"falsa"eacessória:
aarticulaçãosubdeltóide.
Segundogrupo:
umaarticulação"falsa"eprincipal;
aarticulaçãoescápulo-torácica;
duasarticulaçõesverdadeiraseaces­
sórias:aacrômio-claviculareaes­
temo-costo-cIavicular.
Emcadaumdosgrupos,asarticulaçõeses­
tãounidasmecanicamente,istoé,atuamneces­
sariamenteaomesmotempo.Naprática,osdois
grupostambémfuncionamsimultanearnente,se­
gundoproporçõesvariáveisnopercursodosmo­
vimentos.Demaneiraquepodemosafirmarque
ascincoarticulaçõesdocomplexoarticulardo
ombrofuncionamsimultaneamenteeempro­
porçõesvariáveisdeumgrupoaooutro.

1.MEMBRO SUPERIOR 31

32FISIOLOGIAARTICULAR
ASSUPERFÍCIESARTICULARES DAARTICULAÇÃO ESCÂPULO-UMERAL
Superfíciesesféricas, característicasde
umaenartrosee,portanto,articulação
detrêsei­
xosecomtrêsgrausdeliberdade
(fig.1-18).
a)Cabeçaumeral
Orientadaparacima,paradentroetrás,po­
desercomparadacomumterçodeesferade30
mmderaio.Naverdade,estaesferaestálonge
deserregulardevidoa
seudiâmetroverticalser
3a
4mmmaior doqueoseudiâmetroântero­
posterior.Alémdisso,numcortevértico-frontal
(quadro)podemoscomprovarqueo
seuraiode
curvadiminuilevementedecimaparabaixo
e
quenãoexisteumúnicocentrodacurva,mas
umasériedecentrosdecurvaalinhadosaolon­
godeumaespiral.Portanto,quandoapartesu­
periordacabeçaumeralentraemcontatocoma
glenóide,aregiãodeapoioémaioreaarticula­
çãoémaisestável,quantomaistensosestejam
osfascículosmédioeinferiordoligamentogle­
noumeral.Estaposiçãodeabduçãode90°co­
rresponde
àposiçãodebloqueio ouclose-pac­
kedposition
deMacConaill.
Oseueixoformacomoeixodiafisárioum
ângulodenominado"inclinação"de135°e,com
oplanofrontal,umângulodenominado"decli­
nação"de30°.
Estáseparadadorestodaepífisesuperior
doúmeropelo
coloanatômico, cujoplanoestá
inclinado45°comrelação
àhorizontal(ângulo
suplementardoângulodeinclinação).
Contémduasproeminênciasnasquaisse
inseremosmúsculosperiarticulares:
-tuberosidademenoroutroquino,ante-
rior,
I
-tuberosidademaioroutroquino,externa.
b)Acavidad'eglenóidedaescápula
Localizadanoângulosuperior-externodo
corpodaescápula,seorientaparafora,paraa
frenteelevementeparacima.Écôncavaemam­
bosossentidos(verticaletransversal),masasua
concavidadeé
irregularemenosacentuadado
queaconvexidadedacabeça.Estárodeadapela
proeminentemargemglenóide,interrompidapela
incisuraglenóide nasuaparteântero-superior.A
suasuperfícieé
menorqueadacabeçaumeral.
c)Olábioglenóide
Trata-sedeum anelfibrocartilaginosolo­
calizadonamargemglenóide,demaneiraque
ocupaaincisuraglenóideeaumentaligeiramen­
teasuperfíciedaglenóide,embora,principal­
mente,acentuaasuaconcavidaderestabelecen­
doa
congruência(coincidência)dassuperfícies
articulares.
Triangular,quandoestáseccionado,apre­
sentatrêssuperfícies:
-umasuperfícieinternaqueseinsereno
contornoglenóide;
-umasuperfícieperiféricaondeseinse­
remalgumasfibrasdacápsula;
-umasuperfíciecentral(ouaxial)cuja
cartilageméumprolongamentodagle­
nóideósseaequeentraemcontatocom
acabeçaumeral.

1.MEMBROSUPERIOR33
Fig.1-18

34FISIOLOGIAARTICULAR
CENTROSINSTANTÂNEOS DEROTAÇÃO
ocentrodacurvadeumasuperfíciearticu­
larnãonecessariamentecoincidecomocentro
derotaçãoporque,alémdaformadasuperfície,
intervêmtambémojogomecânicodaarticula­
ção,atensãodosligamentoseacontraçãodos
músculos.
Noqueserefere
àcabeçaumeral,nãoexis­
te,comoseacreditavadurantemuitotempo
quandosecomparavaasuaformacomumapor­
çãodeesfera,umcentrofixoeimutáveldurante
omovimento,massim,comodemonstraramos
recentestrabalhosdeFischerecols.,umasérie
decentrosinstantâneosderotação(CIR)quese
correspondemcomocentrodomovimentorea­
lizadoentreduasposiçõesmuitopróximasentre
elas.Estespontossedeterminammediantea
análiseinformáticadeumasériederadiografias
suceSSivas.
Assimsendo,duranteo.movimentodeab­
duçãoconsideradoplano,istoé,mantendouni­
camenteocomponentederotaçãodeúmerono
planofrontal,existemdoisgruposdeCIR(fig.
1-19)dentreosquaisapareceumadescontinui­
dade(3-4)atéhojesemexplicaçãoviável.Opri­
meirogruposelocalizanum"círculodedisper­
são"
C1,situadopertodaparteinferior-interna
dacabeçaumeral,cujocentroéobaricentrodos
CIRecujoraioéamédiadasdistânciasdesdeo
baricentroatécadaumdosCIR.Osegundogru-
posesituaemoutro"centrodedispersão"
C2,
situadonametadesuperiordacabeça.Osdois
círculosestãoseparadospeladescontinuidade.
Comrelaçãoaomovimentodeabdução,
podemoscompararaarticulaçãoescápulo-ume­
ral(fig.1-20)comduasarticulações:
-noiníciodomovimentoatéos
500,aro­
taçãodacabeçaumeralserealizaaore­
dordeumpontosituadoemalgumlu­
gardocírculoCi;
-nofimdaabduçãoentre50e
900,ocen­
troderotaçãoselocalizanocírculo
C2;
-aoredordos 500,adescontinuidadedo
movimentoacontececujocentroselo­
calizaclaramenteporcimaepordentro
dacabeça.
Duranteomovimentodeflexão(fig.1-21,
vistaexterna)amesmaanálisedemonstraque
nãoexisteumagrandedescontinuidadenatra­
jetóriadosCIR,oquecorrespondeaumúnico
"círculodedispersão"centradonaparteinfe­
riordacabeça
àmesmadistânciadeambasas
margens.
Porúltimo,duranteomovimentoderota­
çãolongitudinal(fig.1-22,vistasuperior),ocír­
culodedispersãoselocalizaperpendicularmen­
teàcorticaldiafisáriainternaeàmesmadistân­
ciadasduasmargensdacabeça.

3-4
Fig.1-21
Fig.1-19
Fig.1-20 '00
Fig.1-22
1.MEMBRO SUPERIOR 35

36FISIOLOGIAARTICULAR
ACÁPSULAEOSLIGAMENTOS DOOMBRO
Assuperfíciesarticulareseabainhacap­
sular
(fig.1-23,segundoRouviere).
a)Acabeçawneral(vistainterna)
Rodeadapelacápsulacomosefosseuma
gorjeira(1)naqualsedistingue:
os"frenulacapsulae"(2)porbaixo
dopóloinferiordacabeça;trata-sede
pregassinoviaiselevadasporfibras
recorrentesdacápsula;
oengrossamentoformadopelofascí­
culosuperiordoligamentogle­
noumeral(3).
Dentrodacápsulapodemosverotendãosec­
cionadodaporçãolongadobíceps(4).
Porforadacápsulapodemosapreciarasec­
çãodomúsculosubescapular(5),pertodesuain­
serçãonatuberosidademenor.
b)Acavidadeglenóide(vistaexterna)
Comolábiog1enóide(1)quepassaporcima
daincisuraglenóideformandoumaponte(2)ecu­
jopólosuperiorservedeinserçãoparaasfibrasda
porçãolongadobíceps(intracapsular)(3),neste
casoseccionado.
Comacápsula(4)eosseusreforçosligamen­
tares:
raco-umeralfecha,napartedecima,
aincisuraintertuberositária,poronde
otendãodaporçãolongadobíceps
saidaarticulação:estepercorreosul­
cointertuberositário,convertidoem
canalpeloligamentoumeraltrans­
verso(8).
ligamentoglenoumeral, comosseus
trêsfascículos,
superiorsupragleno­
supra-umeral(9),
médiosuprag1eno­
pré-umeral(10)e
inferiorpré-g1e­
nossubumeral(11).
OconjuntoformaumZexpandidosobreasu­
perfícieanteriordacápsula.
Entreostrêsfascículosexistempontosfracos:
ForamedeWeitbrecht(12)eforamedeRou­
viere(13),porondeasinovialarticularpode-seco­
municarcomabolsaserosasubcoracóide.
-aporçãolongadotríceps(14).
Vistaposteriordaarticulaçãoescápulo­
umeral
(fig.1-24bis,segundoRouviere)
Naparteposteriordacápsula,abrimosuma
"janela"eacabeçaumeralfoiremovida(1).Alas­
sidãodacápsulapermiteseparar3cmdassuperfí­
ciesarticularesnocadáver,demaneiraquepode­
mosdistinguir:
osfascículosmédio(2)einferior(3)
doligamentoglenoumeral(vistosdes­
deasuasuperfícieprofunda);
ligamentocóraco-umeral(4),aoqual
estáunidooligamentocóraco-gle­
nóide(5),quenãopossuifunçãome­
cânica;
aparteintra-articulardaporçãolonga
dobíceps(6);
acavidadeglenóide(7)eolábiogle­
nóide(8);
doisligamentosquenãopossuemação
mecânica:oligamentocoracóide(9)eo
ligamentoespinho-g1enóide(10);
asinserçõesdostrêsmúsculospe­
riarticulares:osupra-espinhal(11),o
infra-espinhal(12)eoredondome­
nor(13).

4
3
5
Fig.1-23
1..\1E~'1BROSUPERIOR 37
8
14
Fig.1-24
.!
910
5
Fig.1-24bis
11
12
13

38FISIOLOGIAARTICULAR
oTENDÃODAPORÇÃOLONGADOBÍCEPSINTRA-ARTICULAR
Emcortefrontaldaarticulaçãoescápulo­
umeral(fig.1-25,segundoRouviere),podemos
observar:
-asirregularidadesdacavidadeglenóideós­
seadesaparecemnacartilagemglenóide;
-margemcotilóide(2)acentuaaprofundi­
dadedacavidadeglenóide;contudo,oen­
caixedestaarticulaçãonão
émuitocom­
pacto,oqualexplicaasfreqiientesluxa­
ções.Nasuapartesuperior(3)amargem
glenóidenãoestátotalmentefixa:asua
margemcentralcortanteficalivredentro
dacavidade,comosefosseummenisco;
-naposiçãoanatômica,apartesuperiorda
cápsula(4)estátensa,enquantoainferior
(5)apresentapregas:esta"elasticidade"
capsulareo"despregamento"dosfrenula
capsulae(6)possibilitamaabdução;
-tendãodaporçãolongadobíceps(7)se
inserenotubérculosubglenóideenopólo
superiordolábioglenóide.Parasairdaar­
ticulaçãopelaincisuraintertuberositária
(8)sedeslizaporbaixodacápsula(4).
Cortequemostraasconexõesdotendãocom
asinovial(quadro):
Nacavidadealticularotendãodaporçãolon­
gadobícepspodeestabelecerligaçõescomasi­
novialmediantetrêsposiçõesdiferentes:
1)aderidoàsuperfícieprofundadacápsula
(c)pelasinovial(s);
2)asinovialformaduaspequenaspontas
(fundosdesaco)entreacápsulaeoten­
dãoque,destamaneira,seuneàcápsula
medianteumfinoseptodenominado
me­
sotendão;
3)estandodois"fundosdesaco"unidosde
talmaneiraquedesaparecem,otendãofi­
caliberado,masenvolvidoporumape­
quenalâminasinovial.
Normalmente,estastrêsdisposiçõespo­
demobservar-sededentroparaforaàmedidaque
seafastamdainserçãotendinosa.Mas,emtodo
caso,otendão,emboraintracapsular,permanece
extra-sinovial.
Naatualidadesabemosqueotendãoda
porçãolongadobícepsdesempenhaumpapelim­
portantenafisiologiaenapatologiadoombro.
Quandoobícepssecontrai'paralevantar
umobjetopesado,assuasduasporçõesdesem­
penhamumpapelmuitoimportanteparamantera
coaptaçãosimultâneadoombro:aporçãocurta
e1e\"aoúmerocomrelação
àescápulaeseapóia
sobreoprocessocoracóide;assimsendo,junto
comosoutrosmúsculoslongitudinais(porção
longadotríceps,coracobraquial,deltóide),impe­
dealuxaçãodacabeçaumeralparabaixo.Simul­
taneamente,aporçãolongacoaptaacabeçaume­
ralnaglenóide;istoéexatamenteassimnocaso
daabduçãodoombro(fig.1-26),porqueaporção
longadobícepstambémformapartedosabduto­
res:quandosofrempturaaforçadaabduçãodimi­
nui29%.
Ograudetensãoinicialdaporçãolonga
dobícepsdependedalongitudedotrajetopercorri­
dopelaporçãohorizontalintra-articular(fig.1-27,
vistasuperior).Estalongitudeémáximaemposi­
çãointermédia(A)eemrotaçãoexterna(B):nes­
tecasoaeficáciadaporçãolongaémáxima.Pelo
contrário,emrotaçãointerna(C)otrajetointra-ar­
ticularéomaiscurtoeaeficáciadaporçãolonga
émínima.
Tambémpodemoscompreender,conside­
randoareflexodotendãodaporçãolongadobí­
cepsnaincisuraintertuberositária,quenestepon­
toelesofreumagrandefadigamecânica
àqual
nãopoderesistirseoseutrofismonãoéexcelen­
te,considerandoqueistotambémseacentuapelo
fatodenãocontarcomumsesamóidenestepon­
tocrítico.Se,comaidade,apareceadegeneração
dasfibrascolágenas,otendãoterminaserompen­
dopelasuaporçãointra-articular,naentradado
sulcooucanalbicipital,inclusivecomumesforço
mínimo,produzindoumquadroclínicocaracterís­
ticodasperiartritesescápulo-umerais.

8 74311
Fig.1-26
Fig.1-25
1.MEMBRO SUPERIOR 39
32Z//////~c
2~ S
~.:.I
B
Fig.1-27

40FISIOLOGIAARTICULAR
FUNÇÃO DOLIGAMENTO GLENOUl\:1ERAL
Duranteaabdução
(fig.1-28)
a)posiçãoanatõmica(asfranjastracejadas
representamosfascículosmédioeinfe­
riordoligamento);
b)duranteaabduçãopodemoscomprovar
comoestãotensososfascículosmédioe
inferiordoligamentoglenoumeral,en­
quantoofascículosuperioreoligamen­
tocóraco-umeral-nãorepresentadono
desenho-sedistendem.Atensãomáxi­
madosligamentos,associada
àmaior
superfíciedecontatopossíveldascarti­
lagensarticulares(oraiodacurvadaca­
beçaumeraléligeiramentemaioremci­
maqueembaixo)fazemdaabduçãoa
posiçãodebloqueiodoombro,
aclose­
packedpositiondeMacConaill.
Outrofatorlimitanteéoimpactodatu­
berosidademaiordoúmerocontraapartesupe-
riordaglenóideedamargemcotilóide.Arota­
çãoexternadeslocaatuberosidadedoúmero
paratrásnofimdaabdução,queseencontra
porbaixodaabóbadaacrõmio-coracóideeain­
cisuraintertuberositária,edistendeligeiramen­
teofascículoinferiordoligamentoglenoume­
raldemaneiraqueconsegueretardaroimpac­
to.Assimsendo,aamplitudedaabduçãoéde
90°.
Quandoaabduçãoserealizacomumafle­
xãode30°,noplanodocorpodaescápula,a
tensãodoligamentoglenoumeraléretardada,
permitindoqueaabduçãoatinjaumaamplitu­
dede
110°naarticulaçãoescápulo-umeral.
Durantearotação
(fig.1-29)
a)arotaçãoexternaprovocaatensãodos
trêsfascículosdoligamentog1enoume­
ral,
b)arotaçãointernaosdistende.

1.MEMBRO SUPERIOR 41
a
Fig.1-28
b
a
Fig.1-29
b

42FISIOLOGIAARTICULAR
oLIGAMENTO CÓRACO-UMERAL NAFLEXÃO-EXTENSÃO
Emvistaesquemáticaextema(fig.1-30)
podemosobservaratensãorelativadosdoisfascí­
culosdoligamentocóraco-umeral:
a)posiçãoanatômicamostrandooligamen­
tocóraco-umeralcomosseusdoisfascí­
culos(tuberosidademaiordoúmeropor
trásetuberosidademenordoúmeropela
frente);
b)tensãopredominantesobreofascículoda
tuberosidademenordoúmerodurante aex­
tensão;
c)tensãopredominantesobreofascículoda
tuberosidademaiordoúmerodurante
a
fiexão.
Arotaçãointemadoúmeroqueapareceno
fimdaflexãodistendeosligamentoscóra­
co-umeraleglenoumeral,possibilitando
umamaioramplitudedemovimento.

1.MEMBRO SUPERIOR 43
c
b
Fig.1-30
a

44FISIOLOGIAARTICULAR
ACOAPTAÇÃO MUSCULAR DOOMBRO
Osmúsculosperiarticularestransversais
(fig.1-31),verdadeirosligamentosativosdaar­
ticulação,proporcionamacoaptaçãodassuper­
fíciesarticulares:encaixamacabeçaumemlna
cavidadeglenóide:
a)vistaposterior,
b)vistaanterior,
c)vistasuperior.
Nestesesquemaspodemosobservarosse-
guintesmúsculos:
1)supra-espinhal,
2)subescapular,
3)infra-espinhal,
4)redondomenor,
5)tendãodaporçãolongadobíceps.Quan­
doestemúsculosecontrai,otendão,su­
jeitoaotubérculosupraglenóide,desloca
acabeçaparadentro.
Algunsautoresmencionamumpapel
coaptadordapressãoatmosférica,quenãoatua
naglenóide,masporbaixodacamadadosmÚs­
culosperiarticulares(vertambémfigs.1-33e1­
34).
OsmÚsculoslongitudinaisdobraçoeda
cinturaescapular(fig.1-32)impedem,median­
teasuacontraçãotônica,queacabeçaumeral
seluxeporbaixodaglenóidesobtraçãodeuma
cargamantidanamãoouoprópriopesodo
membrosuperior.Estaluxaçãoinferiorseob­
servanasíndromedo"ombrocaído"quando,
porqualquermotivo,osmÚsculosdobraçoedo
ombroseparalisam.Contudo,recentestrabalhos
eletromiográficosdemonstramquesóintervêm
ativamentequandoomembrosuperiorsuporta
grandescargas,desempenhandoopapeldesu­
porteemsituaçãonormalenão,comoseacre­
ditavaatéentão,ôligamentocóraco-umeral,
clássicafaixadefixaçãodeFarabeuf,masa
porçãoinferiordacáp·sula,comosedemonstra
nostrabalhosdeFischerecols.
Contudo,apresençadaabóbadaacrômio­
coracóideacolchoadapelaporçãofinaldosu­
pra-espinhalimpedeelimitaaluxaçãodacabe­
çaparacima,sobinfluênciadeumapotente
contraçãodestesmúsculoslongitudinais.
Quandoédestruídaestaabóbadaacolchoada
pelaterminaçãodosupra-espinhal,acabeça
umeralrealizaumimpactodiretocontraasu­
perfícieinferiordoacrômioedoligamento
acrômio-coracóide,eistoéacausadasdoresda
periartriteescápulo-umeralou,maisconcreta­
mente,dasíndromedarupturadabainharota­
tória.
a)vistaposterior,
b)vistaanterior.
Nosdesenhospodemosobservar:
(5')aporçãocurtadobíceps,
(6)ocóraco-braquial,
(7)aporçãolongadotríceps,
(8e8')fascículosdodeltóide,
(9)ofascículoclaviculardopeitoralmaior.
(Asetapretaindicaatraçãoparabaixo.)

1.MEMBRO SUPERIOR 45
c
Fig.1-31
Fig.1-32

46FISIOLOGIAARTICULAR
A"ARTICULAÇÃO" SUBDELTÓIDE
Articulaçãosubdeltóideaberta
(fig.1-33,
segundoRouviere)
Odeltóideestáseccionadohorizontalmen­
teedeslocadoparaumlado(1),permitindo,~
destamaneira,avistada"superfície"profunda
doplanodedeslizamentoanatômicosubdeltói­
de,constituídopor:
-extremidadesuperiordoúmero(2);
-bainhadosmúsculosperiarticulares:su-
pra-espinhal(3),infra-espinhal(4),re­
dondomenor(5).Osubescapularnão
estárepresentadonodesenho,contudo,
podemosclaramentedistinguirotendão
daporçãolongadobíceps(6)aosairdo
canalbicipital.
Entreasuperfíciedescritaeaabóbada
acrômio-coracóideformadapelasuperfícieinfe­
riordoacrômioedoligamentoacrômio-cora­
cóidequeseprolongapelafrenteaotendãodo
córaco-bíceps,oplanodedeslizamentoanatô­
micocelularadiposocontémumabolsaserosa
subdeltóide
(7),abertanodesenho.
Outrosmúsculosvisíveisnodesenhosão:o
redondomaior(8),aporçãolongadotríceps(9),
aporçãolateraldotríceps(10),ocóraco-bra­
quial(11),aporçãocurtadobíceps(12),opei­
toralmenor(13)eopeitoralmaior(14).
Emcortevertical-frontaldocotodoom­
bro
(fig.1-34),
a)comobraço
verticalaolongodocorpo
podemosdistinguir:osupra-espinhal
(1),quesedeslizaparabaixodaarticula­
çãoacrômio-clavicular(2)paraseinserir
natuberosidademaiordoúmero,eodel­
tóide(4)acimadoqualsesituaabolsa
serosasuldeltóide(5).
b)durantea
abdução:oinfra-espinhal(1)
deslocaatuberosidademaiordoúmero
(3)paracimaeparadentro,demaneira
que:
-ofundosuperiordabolsasedesloca
esesituadebaixodaarticulação
acrômio-clavicular(2),
-alâminaprofundadabolsasedes­
locaparadentrocomrelação
àlâ­
minasuperficial(6),queseenruga.
Destaforma,acabeçaumeralpode­
sedeslizarporbaixodaabóbada
acrômio-deltóide.
Poroutrolado,ofundodabolsainferiorda
articulaçãoescápulo-umeral(7)sedesdobrae
estátenso.
Porçãolongadotríceps(8).

7
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9
10
Fig.1-33
54 3
Fig.1-34
b

48FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO ESCÁPULO- TORÁCICA
Éfácilentenderaarticulaçãoescápulo-to­
rácicanumcortehorizontaldotórax(fig.1-35).
Na
metadeesquerdadocorte (posiçãoana­
tômica),podemosobservaras
duaszonas de
deslizamentodestafalsaarticulação:
1)
Zonaescápulo-serrática, compreendi­
daentre:
-portráseporfora:aescápulareco­
bertapelomúsculosubescapular;
-pelafrenteepordentro:acamada
musculardoserrátilanterior,quese
estendedamargeminternadaescápu­
Iaatéaparedeântero-Iateraldotórax.
2)
Zonatóraco-serráticaouparieto-ser­
rática,
compreendidaentre:
-pordentroepelafrente:aparedeto­
rácica(costelasemúsculosintercos­
tais);
-portráseporfora:oserrátilanterior.
Na
metadedireitadocorte (estruturafun­
cionaldacinturaescapular),podemoscompro­
varque:
-aescápulanãoselocalizanoplanofron­
tal,masno
planooblíquo dedentropa-
raforaedetrásparaadiante,formando
comoplanofrontalumângulodiedro
de30°,abertoparaforaeparaafrente;
-adireçãogeralda
clavículaéoblíqua
paraforaeatráseformacomoplanoda
escápulaumângulode60°abertopara
dentro.
I
Emvistaposteriordotórax(fig.1-36)é
possívellocalizaraéscápula.
Aescápula,emposiçãonormal,seestende
da
2aà7acostela.Comrelaçãoàlinhadospro­
cessosespinhosos(linhamédia):
-seuângulosuperior-internosecorres­
pondecomo1.°processoespinhosoto­
rácico;
-seuânguloinferiorao7.°ou8.°proces­
soespinhosotorácico;
-aporçãointernadaespinhadaescápula
(ânguloconstituídopelosdoissegmen­
tosdamargeminterna)ao3.°processo
espinhosotorácico.
Amargeminternaouespinhaldaescápula
sesituaa5ou6cmdalinhadosprocessoses­
pinhosos.

Fig.1-35
Fig.1-36

50FISIOLOGIAARTICULAR
MOVIMENTOS DACINTURAESCAPULAR
Moyimentosdedeslocamentolateral
daescápula(fig.1-37,corteesquemáticohori­
zontal)
1)Ladodireitodocorte: quandoaescápula
sedeslocaparadentro:
-tendeaorientar-se
noplanofrontal;
-acavidadeglenóideestádirigidamais
diretamente
parafora;
-aporçãoexternadaclavículasedirige
paradentroeatrás;
-ânguloentreaclavículaeaescápula
mostratendênciaa
abrir-se.
2)Ladoesquerdodocorte:
quandoaescápu­
Iasedeslocaparafora:
-tendeaseorientar
noplanosagital;
-aporçãoexternadaclavículaestádiri-
gidaparaforaeparafrenteeoseuei­
xolongitudinaltematendênciadees­
tarnoplanofrontal;assimsendo,o
diâmetrotransversaldosombroschega
atéasuamáximaamplitude;
-oânguloentreaclavículaeaescápula
tende
afechar-se.
Entreestasduasposiçõesextremas,oplano
daescápulaformaumângulodiedrode
40a45°,
quecorresponde àamplitudeglobaldamudança
deorientaçãodaglenóidenoplanohorizontal,
istoé,emtomodeumeixoverticalfictício.
Moyimentosdetranslaçãolateraldaes­
cápula(fig.1-38;vistasuperior)
1)Ladodireito:translaçãointerna(obser­
varumaligeirabasculação).
2)Ladoesquerdo:translaçãoexterna.
3)Aamplitudetotalentreestasduasposi­
çõesextremaséde
15cm.
I
Moyimentosdetranslaçãoyerticaldaes-
cápula(fig.1-39)
1)Ladodireito:descenso.
2)Ladoesquerd0:ascenso.
3)Amplitudetotal:
10a12cm.
Estesmovimentosverticaisvãoacompanha­
dos,necessariamente,de
umacertabasculação.
Moyimentosdenominados"sino"ou
basculaçãodaescápula(fig.
1-40)
Rotaçãodaescápulaaoredordeum eixo
perpendicular
aoplanodaescápulalocalizado
ligeiramenteporbaixodaespinha;
nãomuito
longedoângulosuperior-externo.
1)Ladodireito:rotação "parabaixo" (no
casodaescápuladireita,nosentidodospontei­
rosdorelógio):oânguloinferiorsedeslocapa­
radentro,oângulosuperioreexternoparabai­
xoeaglenóidetematendênciaasedirigirpara
baixo.
2)Ladoesquerdo:rotação
"paracima":
movimentoinverso,aglenóideéorientadamais
diretamenteparacimaeoânguloexternose
eleva.
3)Amplitudetotal:
60°.
4)Deslocamentodoânguloinferior:10a
12cm;doângulosuperior-externo:de5a
6
cm.

Fig.1-40
1.MEMBRO SUPERIOR 51
Fig.1-37
Fig.1-38
Fig.1-39

52FISIOLOGIAARTICULAR
OSMOVIMENTOS REAISDAARTICULAÇÃO ESCÁPULO-TORÁCICA
Antesexistiaumadescriçãodosmovi­
mentoselementaresdaarticulaçãoescápulo-to­
rácica,mas,naatualidade,sabemosquedurante
osmovimentosdeabduçãooudefiexãodo
membrosuperiorestesmovimentosdiferentes
elementaressecombinamemumgrauvariável.
Graçasaumasériederadiografias(fig.1-41)
realizadasnopercursodomovimentodeabdu­
ção,J.'{deIaCaffinierepôde,comparando-as
comfotografiasdaescápula"seca"emdiferen­
tesatitudes,estudaroscomponentesdoseumo­
vimentoreal;asvistasemperspectivadoacrô­
mio(fig.1-42),dacoracóideedaglenóide(fig.
1-43)permitemestabelecerque,duranteaabdu­
çãoativa,aescápularealizaquatromovimentos:
-um
ascensode8a10cmaproximada­
mentesemterassociado,comoclassica­
menteéafirmado,umdeslocamentopa­
rafrente.
-um
movimentodesino deprogressão
praticamentelinear,de38°quandoaab­
duçãodomembrosuperiorpassadeOa
145°.Apartirde120°deabdução,aro­
taçãoangularéigualnaarticulaçãoes­
cápulo-umeralenaescápulo-torácica.
-um
movimentodebasculaçc70 aoredor
deumeixotransversal,oblíquodeden­
troparaforaedetrásparadiante,deslo-
candoapontadaescápulaparaafrente
eparacima,enquantoaporçãosuperior
doossosedeslocaparatráseparabai­
xo,movimentoqueimitaodeumho­
meminclinadoparatrásparaolharoto­
podeumarranha-céus.Asuaamplitude
éde23°duranteaabduçãodeOa45°.
-um
movimentode"pÍvô" aoredorde
umeixoverticalcujacaracterísticaéa
deserdifásico:
•noprimeiromomento,duranteaabdu­
çãodeOa90°,aglenóidetendeparado­
xalmenteaorientar-separatrásseguin­
doumângulode10°,
•aseguir,apartirdos90°deabdução,a
glenóidetendearecuperaraorientação
paracimaseguindoumângulode6°;
emrealidade,nãorecuperaasuaorien­
taçãoinicialnoplanoântero-posterior.
Nopercursodaabdução,aglenóideso-
freumdeslocamentocomplexo,ascendendoe
aproximando-sedalinhamédia,aomesmo
tempoquerealizaumamudançadeorientação
detalmaneiraqueatuberosidademaiordo
úmero"escapa"pelafrentedoacrômioparase
deslizarparabaixodoligamentoacrômio-co­
racóide.

Fig.1-43
I
I
I
I
I
Fig.1-41
1.MEMBRO SUPERIOR 53
145
Fig.1-42

54FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO ESTERNOCOSTOCLAVICULAR
(Assuperfíciesarticulares)
Estasduassuperfíciesarticulares(fig.1­
44),representadasaquiemseparado,têm
afor­
madeumaselausadaparacavalgar
(superfície
"toróidenegativa",vermaisadiantequando
mencionarmosaarticulaçãotrapézio-metacar­
peana),comumacurvadupla,masnosentido
inverso;sãoconvexasnumsentidoecôncavas
nooutro.Dacurvacôncavaumeixo
perpendi­
cularnoespaço
correspondeaoeixodacurva
convexa;estesdoiseixosselocalizamemume
noutroladodasuperfíciecomformadesela.A
demenorsuperfície(1)éc1avicular,ademaior
superfície(2)éesternocostal.Naverdade,asu­
perfíciec1avicular(1),maisestendidahorizon­
talmentequeverticalmente,ultrapassapelafren­
tee,principalmente,paratrás,oslimitesdasu­
perfícieesternocostal(2).
Asuperfíciec1avicularencaixacomfacili­
dade(fig.1-45)nasuperfícieesternocostal,da
mesmamaneiraqueocavaleiroseadapta
àsela
eesta,porsuavez,aocavalo.Acurvacôncava
daprimeiraeacurvaconvexadasegundaencai­
xam-seperfeitamente.Osdoiseixosdecada
umadassuperfíciescoincidemdedoisemdois,
demaneiraqueosistemasópossuidoiseixos
perpendicularesnoespaço,representadosnode­
senhoemperspectiva:
-eixo1secorrespondecomaconcavi­
dadedasuperfíciec1avicularepermite
osmoviméntosc1a\'icularesnoplano
horizontal;
-eixo2secorrespondecomaconcavi­
dadedasuperfícieesternocostaleper­
miteosmovimentosc1avicularesno
planovertical.
Portanto,estaarticulaçãopossuidois
eixosedoisgrausdeliberdade.Oseumode­
lomecânicoéo"CARDÃO",Contudo,existe
ummovimentode
rotaçãolongitudinal (ver
pág.56).
Aarticulaçãoesternocostoc1aviculardirei­
taestárepresentadaabertanasuasuperfíciean­
terior(fig.1-46).
Aporçãointernadac1a\'ícula(1),cujasu­
perfíciearticularpodemosobservar(2),foire­
movidadepoisdasecçãodoligamentosuperior
(3),doligamentoanterior
(-1.)edoligamento
costoc1avicular(5),omaispoderoso.Sóse
conservaoligamentoposterior(6).Asuperfí­
cieesternocostal(7)sevênitidamentejunto
comassuasduascurvas:concavidadenosen­
tidoverticaleconvexidadenosentidoântero­
posterior.

1.MEMBRO SUPERIOR 55
Fig.1-44
2
423
Fig.1-45
Fig.1-46

56FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO ESTERNOCOSTOCLAVICULAR
(Osmovimentos)
Vistacompostadaarticulaçãoesternocosto­
clavicular(fig.1-47,segundoRouviere).
-Metadedireita:
cortevértico-frontalno
qualpodemosobservar:
-ligamentocostoclavicular(1)que,apar­
tirdesuainserçãonasuperfíciesuperior
daprimeiracostelasedirigeparacimae
parafora,emdireção
àsuperfícieinfe­
riordaclavícula;
-comfreqüência,asduassuperfíciesarti­
cularesnãotêmosmesmosraiosdecur­
va;
ummenisco (3)reestabeleceacon­
cordância,comoaselaentreocavaleiro
eocavalo.Estemeniscosubdivideaar­
ticulaçãoem
duascavidadessecundá­
rias,
quepodemounãosecomunicar
entreelas,dependendoseomeniscoes­
táounãoperfuradonasuapartecentral;
-ligamentoestemoc1avicular(4),ligamento
superiordaarticulação,estárecobertopor
cimapeloligamentointerclavicular(5).
-Metadeesquerda:
"istaanteriorquemostra:
-ligamentocostoc1avicular(1)eomúscu-
losubclávio(2);
-eixoX,horizontalelevementeoblíquo
paraafrenteeparafora,secorresponde
comosmovimentosdaclavículanopla­
novertical.Amplitude:elevação10cm;
descenso3cm;
-oeixoY,localizadonoplanovertical,
oblíquoparabaixoelevementeparafo­
ra,passandopelapartemédiadoliga­
mentocostoclavicular,secorresponde
comosmovimentosdaclavículanopla­
nohorizontal.Amplitude:
•anteposiçãodaporçãoexternadacla­
vícula:10cm;
•retroposiçãodaporçãointernadacla­
vícula:3cm.
Dopontodevistaestritamentemecânico,o
verdadeiroeixo(Y')destemovimentoéparalelo
aoeixo
Y;masestásituadopor dentrodaarticula­
ção(vereixo1,figo1-45).
-tambémexisteumterceiromovimento,
arotaçãolongitudinaldaclavículade
30°deamplitude.Atéagoraacreditava­
sequeissoerapossívelgraçasao
jogo
mecânico
daarticulação,devidoàlassi­
dãoligamentar.Porem,émaisquepro­
vávelque,comotodasasarticulaçõesde
doisgrausdeliberdade,aesternocos­
toclavicularrealizeuma
rotaçãocon­
junta
durantearotaçãoaoredordedois
eixos.Istoseconfirmapelofatodeque,
naprática,
árotaçãolongitudinaldacla­
vículajamaisapareceisoladaforadeum
movimentodeélevação-retroposiçãoou
descenso-anteposição.
Movimentosdaclavículanoplanohori­
zontal
(fig.1-48,vistasuperior)
-posiçãomédiadaclavícula(traçoescuro);
-opontoY'secorrespondecomoeixo
mecânicodomovimento;
-asduascruzesrepresentamasposições
extremasdainserçãoclaviculardoliga­
mentocostoclavicular.
Noquadro:cortenoníveldoligamento
costoclavicularmostrandosuatensãonasposi­
çõesextremas.
-aanteposiçãoestálimitadapelatensãodo
ligamentocostoclavicularedoligamento
anterior(1);
-aretroposiçãoestálimitadapelatensãodo
ligamentocostoclavicularedoligamento
posterior(2).
Movimentosdaclavículanoplanofrontal
(fig.1-49,vistaanterior)
-acruzsecorrespondecomoeixoX;
-quandoaporçãoexternadaclavículase
eleva(traçoescuro),suaporçãointernase
deslizaparabaixoeparafora(setabran­
ca).Omovimentoestálimitadopela
ten­
sãodoligamentocostoclavicular
(faixa
tracejada)epelotônusdomúsculosub­
clávio(setagrandeestriada);
-quandoaclavículadescende,asuaporção
internaseeleva.Omovimentoestálimi­
tadopelatensãodoligamentosuperiore
pelo
contatodaclavícula comasuperfí­
ciesuperiordaprimeiracostela.

Fig.1-48
Fig.1-47
1.MEMBRO SUPERIOR 57
2
y'
Fig.1-49

58FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO ACRÔMIO-CLA VICULAR
Emvistapóstero-externadaarticulação
acrômio-clavicular(fig.l-50)estãoseparados
artificialmenteaescápulaeaclavícula,umada
outra.Detalmodoquepodemosobservar:
-aespinhadaescápula(1)prolongada
paraforapeloacrômio(2)quepossui
umasuperfíciearticularplanaeligeira­
menteconvexanasuamargemântero­
interna-estaarticulaçãoéumaartró­
dia~orientadaparaafrente,paraden­
troeparacima;
-aclavícula(3),cujaporçãoextemaestá
seccionada
àcustadesuasuperfíciein­
feriorporumasuperfíciearticular(5)
planaouligeiramenteconvexa"orienta­
da"parabaixo,paratráseparafora;
-dabasedoprocessocoracóide(6)par­
temdoispotentesligamentos:
•oligamentoconóide
(7)queseinsere
nasuperfícieinferiordaclavículano
tubérculoconóide,próximoasuamar­
gemposterior;
•oligamentotrapezóide(8)quesediri­
geobliquamenteparacimaeparafora,
emdireção
àtuberosidadecoracóide,
zonamgosaetriangularqueprolongao
tubérculoconóideparaafrenteepara
fora,nasuperfícieinferiordaclavícula;
-fossasupra-espinhal(9)ecavidadegle­
nóide(10).
OplanoverticalPseccionaaarticulação
acrômio-clavicularpelasuapartemédia.Este
corterepresentadonoquadropermitelocalizar
osdiferenteselementosjádescritose,alémdis­
so,observar:
-aexistênciadeumacápsulareforçada
porcimaporumpotenteligamento
acrômio-clavicular(15);,
-apresença-numterçodoscasos-de
umafibrocártilageminterarticular
(11)
querestabeleceacongruênciadassu­
perfíciesarticulares.Éexcepcionalque
estafibrocartilagemchegueaconstituir
umme'niscocompleto;
-aobliqÜidadedoplanoarticular:aclaví­
culaestácomo"pousada"sobreoacrô­
nuo.
Avistaanteriordoprocessocoracóidedirei­
to(fig.l-51)permiteobservarligamentoscóraco­
c1aviculares.
-oligamentoconóide(C),queseinsere
novérticedadobradoprocessocoracói­
de,comformadelequedevérticeinfe­
rior,situadonoplanofrontal;
-oligamentotrapezóide(T),queseinsere
namargemintemadosegmentohorizon­
taldoprocesso,dirigindo-separacimae
parafora,lâminafibrosacomformade
quadrilátero,orientadaobliquamentede
talmaneiraqueasuasuperfícieântero-in­
temaestejadirigidaparadentro,paraa
frenteeparacimaeasuasuperfíciepóste­
ro-externaparatrás,paraforaeparabaixo.
Amargemposteriordoligamentotrapezóide
fazcontatocomoligamentoconóidee,emgeral,
noníveldesuamargemexterna.
Estesligamentosestãodispostosemdois
planosmaisoumenosperpendiculareseformam
umângulodiedroabertoparaafrenteepara
dentro.

58FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO ACRÔMIO-CLA VICULAR
Emvistapóstero-externadaarticulação
acrômio-cIavicular(fig.l-50)estãoseparados
artificialmenteaescápulaeaclavícula,umada
outra.Detalmodoquepodemosobservar:
-aespinhadaescápula(I)prolongada
paraforapeloacrômio(2)quepossui
umasuperfíciearticularplanaeligeira­
menteconvexanasuamargemântero­
interna-estaarticulaçãoéumaartró­
dia-orientadaparaafrente,paraden­
troeparacima;
-aclavícula(3),cujaporçãoexternaestá
seccionada
àcustadesuasuperfíciein­
feriorporumasuperfíciearticular(5)
planaouligeiramenteconvexa"orienta­
da"parabaixo,paratráseparafora;
-dabasedoprocessocoracóide(6)par­
temdoispotentesligamentos:
•oligamentoconóide(7)queseinsere
nasuperfícieinferiordaclavículano
tubérculoconóide,próximoasuamar­
gemposterior;
•oligamentotrapezóide(8)quesediri­
geobliquamenteparacimaeparafora,
emdireção
àtuberosidadecoracóide,
zonarugosaetriangularqueprolongao
tubérculoconóideparaafrenteepara
fora,nasuperfícieinferiordaclavícula;
-fossasupra-espinhal(9)ecavidadegle­
nóide(10).
OplanoverticalPseccionaaarticulação
acrômio-clavicularpelasuapartemédia.Este
corterepresentadonoquadropermitelocalizar
osdiferenteselementosjádescritose,alémdis­
so,observar:
-aexistênciadeumacápsulareforçada
porcimaporumpotenteligamento
acrômio-cIavicular(15);,
-apresença-numterçodoscasos-de
umafibrocdrtilageminterarticular
(11)
querestabeleceacongruênciadassu­
perfíciesarticulares.
Éexcepcionalque
estafibrocartilagemchegueaconstituir
umme·niscocompleto;
-aobliqÜidadedoplanoarticular:aclaví­
culaestácomo"pousada"sobreoacrô­
mIO.
Avistaanteriordoprocessocoracóidedirei­
to(fig.l-51)permiteobservarligamentoscóraco­
claviculares.
-oligamentoconóide(C),queseinsere
novérticedadobradoprocessocoracói­
de,comformadelequedevérticeinfe­
rior,situadonoplanofrontal;
-oligamentotrapezóide(T),queseinsere
namargeminternadosegmentohorizon­
taldoprocesso,dirigindo-separacimae
parafora,lâminafibrosacomformade
quadrilátero,orientadaobliquamentede
talmaneiraqueasuasuperfícieântero-in­
temaestejadirigidaparadentro,paraa
frenteeparacimaeasuasuperfíciepóste­
ro-externaparatrás,paraforaeparabaixo.
Amargemposteriordoligamentotrapezóide
fazcontatocomoligamentoconóidee,emgeral,
noníveldesuamargemexterna.
Estesligamentosestãodispostosemdois
planosmaisoumenosperpendiculareseformam
umângulodiedroabertoparaafrenteepara
dentro.

1.MEMBRO SUPERIOR 59
Fig.1-50
c
T
Fig.1-51

60FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR
(continuação)
Emvistapóstero-externadaarticulação
acrômio-claviculardireita(fig.1-52,segundo
Rouviere)
-oplanosuperficialdoligamentoacrô­
mio-clavicular(11)estáseccionado
paramostraroseuplanoprofundoque
reforçaacápsula;
-alémdosligamentosconóide(7)etra­
pezóide(8),podemosobservaroliga­
mentocóraco-clavicularinterno(12),
tambémdenominadoligamentobicor­
nedeCALDANI;
-oligamentoacrômio-coracóide(13),
quenãotemaçãomecânica,contribui­
paraformarocanaldosupra-espinhal
(verfig.1-49);
-superficialmenteselocalizaa camada
aponeuróticadodeltóideedotrapézio,
nãorepresentadanodesenho,constituí­
daporfibrasaponeuróticasqueunemas
fibrasmuscularesdodeltóideedotrapé­
zio.Estaformaçãorecentementedescri­
tadesempenhaumpapelimportantena
coaptaçãodaarticulação,eéoúnicofa­
torlimitantedaamplitudedaluxação
acrômio-clavicular.
Aclavículaaparece"emlaço"nasuapor­
çãointerna(fig.l-53,vistainferior-externa,se­
gundoRouviere).Podemosobservarnovamen­
teoselementosantesdescritoseoligamento
coracóide(14)queseestendedeumamargem
aoutradaincisuracoracóide,carentedeação
mecânica.

Fig.1-52
1.MEMBRO SUPERIOR 61
Fig.1-53

62FISIOLOGIAARTICULAR
FUNÇÃODOSLIGAiVIENTOSCÓRACO-CLAVICULARES
Vistasuperioresquemáticadaarticulação
acrômio-clavicular(fig.1-54)quemostraafun­
çãodoligamentoconóide:
-empontilhado,aescápulavistadesde
Cima;
-emtraçosdescontínuos,asilhuetadacla­
vículaemposiçãodepartida;
-emtraçoscontínuos,posiçãoextremada
clavlcula.
Estedesenhomostracomoquandooângulo
formadopelaclavículaeaescápulaseabre,oli­
gamentoconóide(asduasfaixastracejadasrepre­
sentamasuasduasposiçõessucessivas)estáten­
soelimitaomovimento.
Umavistasemelhante(fig.l-55)mostraa
funçãodoligamentotrapezóide.
Quandooânguloformadopelaclavículaea
escápulasefecha,oligamentotrapezóideestáten­
soelimitaomovimento.
Omovimentoderotaçãoaxialnaarticu­
laçãoacrômio-clavicular(fig.1-56)sevêcom
clarezanestavistaântero-intema:
-acruzrepresentaocentroderotaçãoda
articulação;
-ostraçoscontínuos,aposiçãoinicialda
escápula(cujametadeinferiorfoiremo­
vida);
-asuperfícietracejadarepresentaaposi­
çãofinaldaescápu1aapósterosciJado
naextremidadedaclavícula,comono
casodeurnapádedebulhadeiranoex­
tremodocabo.
Podemoscó'mprovaratensãodosliga­
mentosconóide(faixatracejada)etrapezóide
(pontilhado).Aamp1itudedestarotação(30°)
sesorna
àrotaçãode30°daarticulaçãoester­
nocostoclavicularparapossibilitaros60°de
amplitudedosmovimentosde"sino"daescá­
pula.
UmestudorecenterealizadoporFischere
co1s.demonstra,graçasaumasériedefotogra­
fias,acomplexidadedosmovimentosdaarti­
culaçãoacrômio-clavicular,artródiadebilmen­
teencaixada.
Duranteaabdução,tornandocomoponto
dereferênciafixoaescápula,podemoscom­
provar:
-urnaelevaçãode10°daporçãointerna
daclavícula;
-urnaaberturaaté70°doânguloescápu­
lo-clavicular;
-eurnarotaçãolongitudinalde45°da
clavículaparatrás.
Duranteaflexãoosmovimentoselemen­
taressãosemelhantes,emboraumpoucome­
nosacentuadosnoquedizrespeito
àabertura
doânguloescápulo-clavicular.
Duranteaextensão,oânguloescápulo­
clavicularsefecha10°.
Durantearotaçãointerna,oânguloescá­
pulo-clavicularsóseabre13°.

Fig.1-56
I.MEMBRO SUPERlOR 63
Fig.1-54

64FISIOLOGIAARTICULAR
MÚSCULOS MOTORES DACINTURAESCAPULAR
Nesteesquemadotórax(fig.l-57)ameta­
dedireitarepresentaumavistaposterior:
1)Trapézio:divididoemtrêsporçõescu­
jasaçõessãodiferentes:
Porçãosuperior(1);acrômio-clavicular.
Ação:
-elevaocotodoombro,evitaasua
quedasobopesodeumacarga;
-hiperlordosecervical+rotaçãodaca­
beçaparaoladocontrário,quando
estefascículotomaoombrocomo
pontofixo.
Porçãomédia(1');espinhal.Direção
transversal.Ação:
-aproximade2a3cmamargeminter­
nadaescápula
àlinhadosprocessoses­
pinhosos,encaixaaescápulanotórax;
-deslocaocotodoombroparatrás.
Porçcioinferior(1").Direçãooblíqua
parabaixoeparadentro.Ação:
-deslocaaescápulaparabaixoepara
dentro.
Contraçãosimultâneadastrêsporções:
-deslocaaescápulaparadentroeparatrás;
-giraaescápulaparacima(20°):desem-
penhaummodestopapelnaabdução,
emboraimportantenahoradelevarcar­
gaspesadas;
-impedeaquedadobraçoeodescola­
mentodaescápula.
2)Rombóide:direçãooblíquaparacimae
paradentro.Ação:
-deslocaoânguloinferiorparacimae
paradentro,demaneiraque:
•elevaaescápula;
•giraaescápulaparabaixo:aglenóide
ficaorientadaparabaixo;
•fixaoânguloinferiordaescápulacon­
traascostelas;asuaparalisiaprovoca
um"descolamento"dasescápulas.
3)Angular:direçãooblíquaparacimae
paradentro.Ação(parecida'comados
rombóides):
-deslocaoângulosuperiorinternopa­
racima(2a3cm)eparadentro(ação
delevantarosombros).Contrai-se
quandoseguramosalgopesado.A
paralisiadestemúsculoprovocaa
quedadocotodoombro;
-leverotaçãodaglenóideparabaixo.
4)Serrátilanterior:(Yerfigol-58).
Ametadeesquerda(fig.l-57)representa
umavistaanterior.
5)Peitoralmenor:direçãooblíquapara
baixo,parafrenteeparadentro.Ação:
-descendeocotodoombro,deslocan­
doaglenóideparabaixo.Estaaçãoé
exercida,porexemplo,nosmovi­
mentosquerealizamosnasbarras
paralelas;
-deslizaaescápulaparaforaeparaa
frente,descolandoasuamargempos­
terior.
6)Subclávio:direçãooblíquaparabaixoe
paradentro,quaseparalela
àclavícula.
Ação:
-descendeaclavículae,portanto,o
cotodoombro;
-encaixaaporçãointernadaclavícula
contraomanúbrioesternaldemanei­
raquecoaptaaarticulaçãoester­
nocostoclavicular.

Fig.1-57
1.l\IEMBROSUPERIOR 65

66FISIOLOGIAARTICuLAR
MÚSCULOS MOTORES DACINTURAESCAPULAR
(continuação)
Noesquemadotóraxvistodeperfil(fig.
l-58),podemosobservarcomnitidezomús­
culoserrátilanteriorcomassuasduaspor­
ções:
-porçãosuperior:direçãogeralhorizon­
talparafrente.Ação:
odirigeaescápulade12a15cmparaa
frenteeparafora,aomesmotempoque
aimpedederetrocederquandoempurra­
mosumobjetopesadoparaafrente
(provadeparalisia:aorealizarestaação
amargeminternase"descola");
-porçãoinferior:direçãogeraloblíqua
paraafrenteeparabaixo.Ação:
•realizaabasculaçãodaescápulaparaci­
ma:aglenóidetematendênciaase
orientarparaafrente.Estaaçãointer­
vémnaflexão,naabdução,notranspor-
tedecargaspesadas,massóquandoa
abduçãodobraçoultrapassaos30°(éo
casodetransportedeumbaldecheiode
água).
Nestecortehorizontaldotórax(fig.l-59),
podemosobservar:
-doladoesquerdo:açãodosmúsculos
trapézio(porçãomédia),angular,rom­
bóides,todoselesadutoresdaescápula:
aaproximamdalinhamédia.Também
são,emconjunto(comexceçãodapor­
çãoinferiordotrapézio),elevadoresda
escápula;
-doladodireito:açãodosmúsculosser­
rátilanteriorepeitoralmenorcomoab­
dutoresdaescápula:aafastamdalinha
média.Poroutrolado,opeitoralmenor
eosubc1áviodescendempelacinturaes­
capular.

Fig.1-58
I.MEMBRO SUPERIOR 67
Fig.1-59

68FISIOLOGIAARTICULAR
oSUPRA-ESPINHAL EAABDUÇÃO
ocanaldosupra-espinhal(representado
porumaestrela)comunicaafossasupra-es­
pinhalcomaregiãosubdeltóide(fig.1-60,vista
externadaescápula)eestálimitada:
-portrás,pelaespinhadaescápulaedo
acrômio;
-pelafrente,peloprocessocoracóide;
-porcima,peloligamentoacrômio-cora-
cóide.Acrômio,ligamentoecoracóide
constituemumaabóbadaósteo-liga­
mentar:aabóbadaacrômio-coracóide.
Estecanaldosupra-espinhalformaumanel
rígidoesempossibilidadedeestender;seoten­
dãodomúsculoaumentaemvolume,devidoa
umacicatrizouumprocessoinflamatório,jánão
pode-sedeslizarpelocanalesebloqueia.Seo
nóduloconseguevenceradificuldade,omovi­
mentodeabduçãopodecontinuarcomumres­
salto:éofenômeno,nãomuitofreqüente,do
ombroemressalto.
Nasperfuraçõesdabainharotatória,oten­
dãodosupra-espinhaldegeneradoerotojánão
seinterpõeentreacabeçaumeraleaabóbada.O
contatodiretodacabeçaumeraledaabóbada
acrômio-coracóideduranteaabdução
é,para
muitosautorescontemporâneos,acausadasdo­
resda"síndromederupturadabainha".
Emvistaântero-superiordaescápula(fig.
1-62),podemosobservarcomoosupra-espinhal,
queseestendedafossasupra-espinhalatéatu­
berosidademaiordoúmero,sedeslizaporbaixo
doligamentoacrômio-coracóide.
Osquatromúsculosresponsáveisdaab­
dução,esquematizados(fig.1-61)numavista
posteriordaescápulaedoúmero,sãoos
seguintes:
•odeltóide;
•osupra-espinhal;estesdoismúsculosfor­
mamumparfuncional,motordaabdu­
çãodaarticulaçãoescápulo-umeral;
•oserrátilanterior;
•otrapézio;estesdoismúsculosformam
umparfuncional,motordaabduçãoda
articulaçãoescápulo-torácica.
Semrepresentarnoesquema,masnãopor
issomenosúteisparaaabduçãosegundocon­
ceitosrecentes,participamtambémosmúsculos
subescapular,infra-espinhaleredondomenor.
Deslocamacabeçaumeralparabaixoe·para
dentro,formandojuntocomodeltóideumse­
gundoparfuncionalresponsávelpelaabdução
daarticulaçãoescápulo-umeral.
Porúltimo,otendãodaporçãolongadobí­
cepsétambémmotordaabdução,jáqueasua
rupturaproduzumaperdade20%daforçada
abdução.

J
I
I
I
I
I
I
I
I
I
1~
I
Fig.1-59
Fig.1-58
1.MEMBRO SUPERIOR 67

68FISIOLOGIAARTICULAR
oSUPRA-ESPINHAL EAABDUÇÃO
ocanaldosupra-espinhal(representado
porumaestrela)comunicaafossasupra-es­
pinhalcomaregiãosubdeltóide(fig.1-60,vista
externadaescápula)eestálimitada:
-portrás,pelaespinhadaescápulaedo
acrômio;
-pelafrente,peloprocessocoracóide;
-porcima,peloligamentoacrômio-cora-
cóide.Acrômio,ligamentoecoracóide
constituemumaabóbadaósteo-liga­
mentar:aabóbadaacrômio-coracóide.
Estecanaldosupra-espinhalformaumanel
rígidoesempossibilidadedeestender;seoten­
dãodomúsculoaumentaemvolume,devidoa
umacicatrizouumprocessoinflamatório,jánão
pode-sedeslizarpelocanalesebloqueia.Seo
nóduloconseguevenceradificuldade,omovi­
mentodeabduçãopodecontinuarcomumres­
salto:éofenômeno,nãomuitofreqÜente,do
ombroemressalto.
Nasperfuraçõesdabainharotatória,oten­
dãodosupra-espinhaldegeneradoerotojánão
seinterpõeentreacabeçaumeraleaabóbada.O
contatodiretodacabeçaumeraledaabóbada
acrômio-coracóideduranteaabduçãoé,para
muitosautorescontemporâneos,acausadasdo­
resda"síndromederupturadabainha".
Emvistaântero-superiordaescápula(fig.
1-62),podemosobservarcomoosupra-espinhal,
queseestendedafossasupra-espinhalatéatu­
berosidademaiordoúmero,sedeslizaporbaixo
doligamentoacrômio-coracóide.
Osquatromúsculosresponsáveisdaab­
dução,esquematizados(fig.1-61)numavista
posteriordaescápulaedoúmero,sãoos
seguintes:
•odeltóide;
•osupra-espinhal;estesdoismúsculosfor­
mamumparfuncional,motordaabdu­
çãodaarticulaçãoescápulo-umeral;
•oserrátilanterior;
•otrapézio;estesdoismúsculosformam
umparfuncional,motordaabduçãoda
articulaçãoescápulo-torácica.
Semrepresentarnoesquema,masnãopor
issomenosúteisparaaabduçãosegundocon­
ceitosrecentes,participamtambémosmúsculos
subescapular,infra-espinhaleredondomenor.
Deslocamacabeçaumeralparabaixoe·para
dentro,formandojuntocomodeltóideumse­
gundoparfuncionalresponsávelpelaabdução
daarticulaçãoescápulo-umeral.
Porúltimo,otendãodaporçãolongadobí­
cepsétambémmotordaabdução,jáqueasua
rupturaproduzumaperdade20%daforçada
abdução.

Fig.1-60
Fig.1-62
1.MEMBRO SUPERIOR 69
Fig.1-61
----------~----

70FISIOLOGIAARTICULAR
FISIOLOGIADAABDUÇÃO
Àprimeiravista,afisiologiadaabdução
parecesimples:éoresultadodaaçãodedois
músculos,odeltóideeosupra-espinhal.Contu­
do,nãoexisteumaopiniãounânimesobreopa­
pelquedesempenhacadaumdeles,nemsobre
assuasaçõesrecíprocas.Recentesestudosele­
tromiográficosrealizadosporJ.J.ComteteY.
Auffray(1970)aportamumanovavisãoares­
peito.
Papeldodeltóide
ParaFick(1911)podemosdistinguirsete
porçõesfuncionaisnodeltóide(fig.1-65,corte
esquemáticohorizontal,parteinferior):
-fascículoanterior,clavicular,inclui
dois:IelI;
-fascículomédio,acromial,sóum:III;
-fascículoposterior,espinhal,quatro:IV,
V,VIeVII.
Considerandoestasporçõescomrelação
à
sualocalizaçãoemfunçãodoeixodeabdução
puroAA'(fig.1-63,vistaanteriorefigo1-64,
vistaposterior),podemoscomprovarquealgu­
masdelassãoemprincípioabdutoras,comoéo
casodetodoofascículoacromial(III),aparte
maisexternadaporçãoIIdofascículoclavicular
eaporçãoIVdofascículoespinhal,porquees­
tãosituadasporforadoeixo(fig.1-65).Pelo
contrário,asoutrasrestantes(I,V,VIeVII)são
adutorasquandoomembrosuperiorpendeao
longodocorpo.Porisso,estasporçõesdodel­
tóidesãoantagonistasdasprimeiras.Elasvão,
seconvertindoemabdutoras
àmedidaqueo
movimentodeabduçãoasdeslocaparaforado
eixosagital.Demaneiraque,noquesereferea
estasporções,podemosverumainversãodesua
açãodependendodaposiçãodeiníciodomovi­
mento.Detodasasmaneiras,algumaspermane­
cemcomoadutoras(VIeVII)sejaqualforo
graudeabdução.
Emlinhasgerais,Strasser(1917)estáde
acordocomesteconceito,emboraressalteque,
nocasodaabduçãorealizadanoplanodaescá-
pula,istoé,comumaflexãode30°aoredorde
umeixoBB'(fig.1-65)perpendicularaoplano
daescápula,quasetodoofascículoclavicularé,
deaferência,abdutora.
Osestudoseletromiográficosdemons­
tramqueasdiferentesporçõesatuamsucessiva­
mente
àmedidaqueaabduçãoprogride,com
umintervalodetempomaiorquantomaisadu­
torassejamnoiníciodomovimento,comose
fossemdirigidaspôrumquadrodecomandos.
Porisso,asporçõe.sabdutorasnãoestão
restringidaspelasantagonistas.Nestecasose
tratadeumexemplodofenômenodeinervação
recíprocadeSherrington.
Duranteaabduçãopura,aordemdeen­
tradaemaçãoéaseguinte:
-fascículoacromialIII;
-porçõesIVeVquaseimediatamentede-
pOIS;
-porúltimo,aporçãoIIapartirdos20-30°.
Duranteaabduçãoassociadaaumafle­
xãode30°:
-asporçõesIIIeIIatuamimediatamente;
-asporçõesIVeVcadavezmaistarde.
comoaporçãoL
Quandoarotaçãoexternadoúmerose
associacomaabdução:
-aporçãoIIsecontraidesdeoprimeiro
momento;
-asporçõesIVeVnemsequerintervêm
nofimdaabdução.
Quandoarotaçãointernadoúmerose
associacomaabdução:
-seobservaomecanismoinverso.
Emresumo,odeltóide,ativodesdeoiní­
ciodaabdução,poderealizaraabduçãosozinho
atéasuamáximaamplitude.Asuaatividade
máximaseestabeleceaoredordos90°deabdu­
ção.ParaInman,suaforçaseriaequivalentea
8,2vezesopesodomembrosuperior.

Fig.1-63
1.MEMBRO SUPERIOR 71
Fig.1-64
Fig.1-65

72FISIOLOGIAARTICULAR
FISIOLOGIADAABDUÇÃO
(continuação)
I
Papeldosmúsculosrotadores
Depoisdefazercomqueasinergiadeltói­
desupra-espinhaldesempenheumpapelimpor­
tante,inclusivefundamental,pareceagoraque
osoutrosmúsculosdabainhasãoindispensáveis
paraaeficáciadodeltóide(Inman).
Defato,duranteaabdução(fig.1-66),ade­
composiçãodaforçadodeltóideDprovocaa
apariçãodeumcomponentelongitudinalDr,
que,diminuídodocomponentelongitudinalPr
dopesoPdomembrosuperior(atuandosobreo
centrodegravidade),seaplicacomoforçaRao
centrodacabeçaumeral.Contudo,estaforçaR
pode,porsuavez,sedecomponeremumaforça
Rcqueencaixaacabeçanaglenóide,eemoura
forçaRi,maispotente,quetematendênciade
provocarumaluxaçãoparacimaeparafora.Se
osmúsculosrotadores(infra-espinhal,subesca­
pular,redondomenor)secontraemnestepreci­
somomento,asuaforçaglobalRmseopõedi­
retamenteaocomponentedeluxaçãoRieaca­
beçanãopodeluxar-separacimaeparafora
(quadroemdestaque).Destamaneira,aforça
descendenteRmdosmúsculosrotadorescria,
comaforçadeelevaçãoDtdodeltóide,umpar
derotaçãoquedáorigem
àabdução.Aforçados
músculosrotadoresémáximaaos60°deabdu­
ção.Aeletromiografia(Inman)confirmaditaati­
vidademáximanocasodoinfra-espinhal.
Papeldosupra-espinhal
Atéentão,omúsculosupra-espinhalera
consideradocomooiniciadordaabdução(o
"abductorstarter"dosautoresanglo-saxões).A
"deixadadeescanteio"dosupra-espinhalme­
diantebloqueioanestésicodonervosupra-esca­
pular(B.VanLingee
l.D.Mulder)possibilita
demonstrarqueelenãoéindispensávelpara
realizaraabdução,nemsequerparainiciá-la
isoladamenteabdução;odeltóidenãoésufi­
cienteparaobterumaabduçãocompleta.
Contudo,eaocontrário,osupra-espinhalé
capazderealizarumaabduçãodamesmaam­
plitudequeadodeltóide(experiênciadeexcita­
çãoelétricadeDuchennedeBoulogneeobser­
vaçõesclínicasda:earalisiaisoladadodeltóide).
Aeletromiografiademonstraqueelesecon­
traiaolongodetodaaabduçãoequeasuaativi­
dademáximaapareceaos90°deabdução,como
nocasododeltóide.
Noiníciodaabdução(fig.1-67)oseucom­
ponentetangencialEtéproporcionalmentemais
fortequeododeltóideDt,emboraoseubraçode
alavancasejamaiscurto.Oseucomponentera­
dialErencaixacomforçaacabeçaumeralsobre
ag1enóideecontribuivigorosamenteparaevitara
sualuxaçãoparacimaesobaçãodocomponente
radialDrdodeltóide.Assimsendo,desempenha
umpapelcoaptadoridênticoaodosmúsculosro­
tadores.Deigualmaneira,provocaatensãoda
partesuperiordacápsulaeseopõe
àsubluxação
inferiordacabeçaumeral(DautryeGosset).
Dessemodo,osupra-espinhalésinérgico
dosoutrosmusculosdabainha,osmúsculosro­
tadores.Ajudacomforçaeeficáciaaodeltóide
que,quandoatuaisoladamente,sefatigacomra­
pidez.
Emresumo,asuaaçãoéaomesmotempo
qualitativasobreacopataçãoarticular,equanti­
tativasobrearesistênciaepotênciadaabdução.
Asuafisiologia,bastantesimples,seopõe
àdo
deltóide,jácomplexaporsimesma.Semdaro
títulodeabductor-starterqueteveatéhoje,po­
demosafirmarqueéútileeficienteprincipal­
mentenoiníciodaabdução.

3.TRONCOECOLUNAVERTEBRAL 71
Fig.2-27
4
5
13
2
5
3
6
10
11
12
4
2
3
4

72FISIOLOGIAARTICULAR
INFLUÊNCIA DAPOSIÇÃOSOBREASARTICULAÇÕES DACINTURAPÉLVICA
Emposiçãoortostáticasimétrica,asarti-
.culaçõesdacinturapélvicasãosolicitadaspelo
pesodocorpo.Omecanismodestaspressõesse
podeanalisaremumavistalateral(fig.2-29),na
qualoossoilíaco,supostamentetransparente,
permiteverofêmur.Oconjuntoformadopelaco­
lunavertebral,sacro,ossoilíacoemembrosinfe­
rioresconstituium
sistemaarticulado: porumla­
do,naarticulaçãocoxofemorale,poroutro,naar­
ticUlaçãosacroilíaca.O
pesodotronco (setaP),
aorecairsobreafacesuperiordaprimeiravérte­
brasacral,tematendênciadedeslocaropromon­
tórioparabaixo.Portanto,osacroésolicitadono
sentidodanutação(NJEstemovimentoérapi­
damentelimitadopelosligamentossacroilíacos
anteriores,ofreiodenutação,eprincipalmente,
pelosdoisligamentossacrociáticos queimpedem
aseparaçãodovérticedosacrocomrelaçãoàtu­
berosidadeisquiática.
Simultaneamente,a
reaçãodochão (setaR),
transmitidapelosfêmureseexercidanoníveldas
articulaçõescoxofemorais,forma,comopesodo
corposobreosacro,um
parderotação, quetem
atendênciadebascularoossoilíacoparatrás(se­
taNJEstaretroversãodapelveacentuamaisa
nutaçãonasarticulaçõessacroilíacas.
Emboraestaanálisetratedosmovimentos,
naverdade,deveriareferir-seàsforçasqueos
provocam,vistoqueosmovimentossãoquase
nulos;setratamaisdetendênciademovimentos,
doquemovimentospropriamenteditos,porque
ossistemasligamentaressãoextremamentepo­
tenteseimpedemimediatamentequalquerdeslo­
camento.
Emapoiomonopodal(fig.2-30),eemcada
passoduranteamarcha,areaçãodochão(seta
R),transmitidapelomembroquesuportaopeso,
levantaaarticulaçãocoxofemoralcorresponden­
te,enquantodooutrolado,opesodomembroem
suspensãotematendênciadefazerdesceracoxo­
femoraloposta.Istoprovocauma
compressãoem
cisalhamento
dasínfisepúbicaqueapresentaa
tendênciadelevantaropúbisdoladoquesuporta
,opeso(A)eadesceropúbisdoladoemsuspen­
são(B).Normalmente,asolidezdasínfisepúbica
impedequalquerdeslocamentonestaarticulação,
porémquandoestádeslocada,sepodevercomo
apareceumdesnível(d)namargemsuperiorde
cadaumdospúbisduranteamarcha.Domesmo
modo,sepodeentenderqueasarticulaçõessacro­
ilíacassesolicitemdeformaopostaemcadapas­
so.Asuaresistênciaaosmovimentossedeve
à
forçadosseusligamentos,masquandoumadas
sacroilíacasestálesadaporumdeslocamento
traumático,aparecemmovimentosqueprovocam
doremcadapasso.Asolidezmecânicadoanel
pélvicocondicionaassimtantoaposiçãoortostá­
ticaquantoamarcha.
Emdecúbito,asarticulaçõessacroilíacasse
solicitamdediferentemaneira(fig.2-33)depen­
dendoseosquadrisestãoemflexão(A)ouem
extensão(B).
Quandoosquadrisestãoestendidos(fig.
2-32),atraçãosobreosmúsculosflexores(seta
branca)basculaapelveemanteversão,aomes­
motempoemqueovérticedosacroestáimpul­
sadoparaafrente.Produz-seumadiminuçãoda
distânciaentreovérticedosacroeatuberosida­
deisquiáticae,simultaneamente,umarotaçãona
sacroilíacanosentidoda
contranutação(aseta2
indicaomovimentodoossoilíacoaoredordoei­
xodenutação).Estaposiçãocorresponde
aoiní­
ciodoparto
eacontranutação,quealargaaaber­
turasuperiordapelve,favorecea
descidadaca­
beçaletal
emdireçãoàescavaçãopélvica.
Quandoosquadrisestãoflexionados(fig.
2-31),atraçãodosmúsculosísquio-tibiais(setaI)
tematendênciadebascularapelveemretrover­
sãocomrelaçãoaosacro.Istoconstitui,então,um
movimentode
nutação(aseta1indicaomovi­
mentodoossoilíacocomrelaçãoaosacro);este
movimentodiminuiodiâmetroântero-posterior
daaberturasuperiordapelveeaumentaosdois
diâmetrosdaaberturainferiordapelve.Estaposi­
çãoadotadaduranteo
momentoexpulsivo dopar­
tofavorece,assim,a
saídadacabeçaletal duran­
teasuapassagempelaaberturainferiordapelve.
Duranteamudançadeposiçãoentreaexten­
sãoeaflexãodascoxas,aamplitudemédiado
deslocamentodopromontórioéde5,6mm.As
mudançasdeposiçãodascoxasmodificam,nota­
velmente,asdimensõesdaescavaçãopélvicapa­
rafacilitarapassagemdofetoduranteoparto.

1-
Pr
1.MEMBRO SUPERIOR 73
Fig.1-67

74FISIOLOGIAARTICULAR
ASTRÊSFASESDAABDUÇÃü
Primeirafasedaabdução(fig.1-68):de O
a90°
Osmúsculosmotoresdestaprimeirafase
sãoprincipalmente:
-deltóide(1);
-supra-espinhal(2).
Estesdoismúsculosformamopardaabdu­
çãodaarticulaçãoescápulo-umeral.Defato,nes­
taarticulaçãoéondeseiniciaomovimentode
abdução.Estaprimeirafasefinalizapertodos
90°,quandoaarticulaçãoescápulo-umeralse
bloqueiadevidoaoimpactodatuberosidade
maiordoúmerocontraamargemsuperiorda
glenóide.Arotaçãoexterna,etambémumaligei­
raftexão,deslocaatuberosidademaiordoúme­
roparatráseatrasaditobloqueio.ComSteind­
ler,podemosconsiderarqueaabduçãoassociada
comumaftexãode30°noplanodocorpodaes­
cápulaéaverdadeiraabduçãofisiológica.
Segundafasedaabdução(fig.1-69):de
90a150°
Comaarticulaçãoescápulo-umeralblo­
queada,aabduçãosópodecontinuargraças
à
participaçãodacinturaescapular:
-movimentopendulardaescápula,rota­
çãonosentidoinversoaosponteirosdo
relógio(nocasodaescápuladireita)que
dirigeaglenóidemaisdiretamentepara
cima;sabemosqueaamplitudedeste
movimentoéde60°;
-movimentoderotaçãolongitudinal,do
pontodevistamecânico,dasarticula­
çõesesternocostoclaviculareacrômio­
clavicular,cujaamplitudedemovimen­
toéde30°cadauma;
-osmúsculosmotoresdestasegundafase
são:
•otrapézio(3e4);
•oserrátilanterior(5).
Constituemopar~bdutordaarticulaçãoes­
cápulo-torácica.
Omovimentoestálimitadopertodos150°
(90°+60°deamplitudedomo\"imentopendular
daescápula)pelaresistênciadosmúsculosadu­
tores:grandedorsalepeitoralmaior.
Terceirafasedaabdução(fig.1-70):de
150°a180°
Énecessárioqueacolunavertebralparti­
cipedestemovimentoparachegar
àvertical.
Sesóumbraçorealizaaabdução,basta
umainclinaçãolateralsobaçãodosmúsculos
espinhaisdoladocontrário(6).
Seosdoisbraçosrealizamaabdução,não
podemestarparalelossenãoestiverememfte­
xãomáxima.Parachegar
àverticalénecessária
umahiperlordoselombar,tambémsobdepen­
dênciadosmúsculosespinhais.
Estadescriçãodaabduçãoemtrêsfasesé,
naturalmente,esquemática:emrealidade,as
participaçõesmuscularesestãointer-relaciona­
dase"encadeadasintimamente";éfácilcom­
provarqueaescápulacomeçaum"giro"antes
queomembrosuperiorchegueaumaabdução
de90°.Igualmente,acolunavertebralcomeçaa
seinclinarantesdechegaraumaabduçãode
150°.
Nofimdaabdução,todososmúsculosmo­
toresdaabduçãoestãocontraídos.

JI)
Fig.1-68
Fig.1-70
(
/
Fig.1-69
1.MEMBRO SUPERIOR 75

76FISIOLOGIAARTICULAR
ASTRÊSFASESDAFLEXÃO
Primeirafasedaflexão(fig.1-71):de0°a
50-60°
Osmúsculosmotoresdestaprimeirafasesão:
-fascículoanterior,c1avicular,dodel­
tóide(1);
-córaco-braquial(2);
-fascículosuperior,clavicular,dopeito-
ralmaior(3).
Estafiexãoestálimitadanaarticulaçãoes­
cápulo-umeralpordoisfatores:
-atensãodoligamentocóraco-umeral
(verfigo1-30,c);
-aresistênciadosmúsculosredondome­
nor,redondomaioreinfra-espinhal.
Segundafasedaflexão(fig.1-72):de
60°a120°
Funçãodacinturaescapular:
-rotaçãodaescápula60°medianteum
movimentopendularqueorientaagle­
nóideparacimaeparaafrente;
-rotaçãoaxial,dopontodevistamecâni­
co,dasarticulaçõesesternocostoc1avi-
culareacrômio-clavicular,cujaampli­
tude
éde30°cadauma.
Osmúsculosmotoressãoosmesmosque
participamdaabdução:
-trapézio(4e5);
-serrátilanterior.
Estaflexãoescápulo-umeralestálimitada
pelaresistênciadomúsculograndedorsaleda
porçãoinferiordopeitoralmaior.
Terceirafasedaflexão(fig.1-73):de
120°a180°
Omovimentodeflexãoestábloqueadope­
laarticulaçãoescápulo-umeraleaintervenção
dacolunavertebralnaescápulo-torácicaéne­
cessária.
Seaflexão
éunilateral,épossívelfinalizar
omovimentorealizandoumaabduçãomáxima
dobraçoe,aseguir,umainclinaçãolateralda
coluna.
Seaflexão
ébilateral,ofimdomovimen­
to
éidênticoaodaabduçãoassociadaauma
hiperlordoseporaçãodosmúsculoslombares
(7).

I
Fig.1-71 Fig.1-72
1.J\'lEMBROSUPERIOR 77
Fig.1-73

78FISIOLOGIAARTICULAR
MÚSCULOS ROTADORES
a)Vistasuperioresquemática(Fig.1-74)
daarticulaçãoescápulo-umeral,quemostraos
músculosrotadores;
b)Rotadoresinternos(desenho):
1)grandedorsal;
2)redondomaior;
3)subescapular;
4)peitoralmaior.
c)Rotadoresexternos(desenho):
5)infra-espinhal;
6)redondomenor.
Diantedaquantidadeedapotênciadosrota­
doresinternos,osrotadoresexternossãofracos;
contudo,sãoindispensáveisparaacorretautiliza­
çãodomembrosuperior,porquesóelespodem
afastaramãodasuperfícieanteriordotronco,
deslocando-aparaafrenteeparafora;estemovi­
mentodamãodireitadedentroparaforaé
im­
prescindívelparaaescritura.
Observe-seque,emboraestesdoismúsculos
possuamumnervodiferente(nervosupra-escapu­
larnocasodoinfra-espinhalenervocircunflexo
nocasodoredondomenor),ambososnervostêm
origemnamesmaraiz(Cs)doplexobraquial,de
maneiraquepodemparalisar-sesimultaneamente
nosalongamentosdoplexobraquialnasquedas
sobreocotodoombro(acidentedemotocicleta).
Masarotaçãodaarticulaçãoescápulo­
umeralnãoésuficienteparacompletaramáxi­
marotaçãodomembrosuperior:
énecessário
acrescentarmodificaçõesnaorientaçãodaescá­
pula(edaglenóide)duranteosmovimentosde
translaçãolateraldaarticulação(verfigo1-37);
estamudançadeorientaçãode40°a45°aumen­
ta.namesmamedida,aamplitudedarotação.
Osmúsculosmotoressão:
-nocasodarotaçãoexterna(aduçãoda
escápula):rombóideetrapézio;
-nocasodarotaçãointerna(abduçãodaes­
cápula):serráti1anteriorepeitoralmenor.

,
I
b
2
Fig.1-74
1.MEMBRO SUPERIOR 79
5
6
c

80FISIOLOGIAARTICULAR
AADUÇÃO EAEXTENSÃO
Osmúsculosadutoressãorepresentados
emvistaanterior(fig.1-75)eemvistapóstero­
externa(fig.1-76).
Númeroscomunsparaambasasfiguras:
(1)redondomaior;
(2)grandedorsal;
(3)peitoralmaior;
(4)rombóide.
Noquadro:esquemasqueexplicamofun­
cionamentodosdoisparesmuscularesdaadução:
a)parrombóide(1)redondomaior(2)
Aaçãosinérgicadestesdoismúsculosé
indispensávelparaaadução.Defato,se
oredondomaiorsecontraisozinho,o
membrosuperiorresiste
àaduçãoeaes­
cápulagiraparacimasobreoseueixo
(representadoporumacruz).
Acontraçãodorombóideevitaestarota­
çãoepossibilitaaaçãoadutoradore­
dondomaior.
b)parporçãolongadotríceps(4)grande
dorsal(3)
Acontraç~odograndedorsal,músculo
adutormuitopotente,tendealuxaraca­
beçaumeralparabaixo(setapreta);
Aporçãolongadotríceps,queéligeira­
menteadutora,quandosecontraisimul­
taneamente,seopõeaestaluxaçãoeele­
vaacabeçaumeral(setabranca).
Osmúsculosextensoresestãorepresenta­
dosemvistapóstero-extema(fig.1-77).
Extensãodaarticulaçãoescápulo-wne-
ral:
-redondomaior(1);
-redondomenor(5);
-porçãoposterior,espinhal,dodeltóide(6);
-grandedorsal(2).
Extensãodaarticulaçãoescápulo-toráci­
ca,poraduçãodaescápula:
-rombóide(4);
-porçãomédia,transversal,dotrapézio
(7);
-grandedorsal(2).

Fig.1-75
Fig.1-76

82FISIOLOGIAARTICULAR
FLEXÃO-EXTENSÃO
AnatomicamenteOcotovelosócontém
umaarticulação:defato,sóexisteumacavidade
articular.
Contudo,afisiologiapermitedistinguir
duasfunçõesdiferentes:
-apronação-supinação,queenvolvea
articulaçãorádio-ulnarsuperior;
-af1exão-extensão,queprecisadaação
deduasarticulacões:
•aarticulaçãoúmero-ulnar;
•aarticulaçãoúmero-radial.
Nestecapítulo,seráanalisadaúnIcae
exclusivamenteafunçãodaFLEXÃO­
EXTENSÃO.

1.MEMBRO SUPERlOR 83

84FISIOLOGIAARTICULAR
oCOTOVELO: ARTICULAÇÃO DESEPARAÇÃO EAPROXIMAÇÃO DAMÃO
ocotoveloéaarticulaçãointermédiado
membrosuperior:aorealizarauniãomecânica
entreoprimeirosegmento-obraço-eosegun­
do-oantebraço-domembrosuperior,possi­
bilita,orientadonostrêsplanosdoespaço
graçasaoombro,deslocarmaisoumenoslonge
docorpoasuaextremidadeativa:amão.
Ohomempodelevarosalimentos àboca
graçasàflexãodocotovelo.Quandopegamos
umalimentocomextensão-pronação(fig.2-1),
esteélevado
àbocamedianteummovimento
deflexão-supinação;assimsendo,podemos
afirmarqueobícepséomúsculodaalimen­
tação.
ocotoveloconstituijuntocomobraçoeo
antebraçoumcompasso(fig.2-2,a)quepossi­
bilitaaaproximação,atéquasetocar,dopunho
Paoombro
O(adistânciaqueosseparaéoque
medeopunho),demaneiraqueamãochega
comfacilidadeaoombroe
àboca.Namon­
tagemtelescópica(fig.2-2,
b)amãonãopode
alcançarabocaporqueocomprimentomínimo
éasomadalongitudeLdeumsegmentoeda
coaptaçãonecessáriaparamanterarigidezda
montagem.NocasodocotO\elo,asoluçãotipo
"compasso"émaislógicaemelhoremcom­
paraçãocomadotipo"telescópico",supondo
queestaúltimasejaviável.

1.11EMBROSUPERIOR 85
Fig.2-1
a
Fig.2-2.
b

86FISIOLOGIAARTICULAR
ASSUPERFÍCIESARTICULARES
(asexplicaçõessãoasmesmasparatodasasfiguras)
Noníveldaporçãoinferiordoúmero:
duassuperfíciesarticulares(figo2-3,segundo
Rouviere):
-atrócleaumeral(2),emformadepolia
oudiabolô(fig.2-3,a),comurnagargan­
taqueselocalizanoplanosagital,entre
duas"superfíciesarticulares"convexas;
-côndiloumeral,superfícieesférica(3),
situadaporforadatróclea.
Podemoscompararoconjuntocôndilo-tró­
eleacomaassociação(figo2-4)deumdiabolôe
dewnabola,atravessadosporummesmoeixo.
Esteeixorepresenta-numaprimeiraaproxima­
ção-oeixodeflexão-extensãodocotovelo.
Sãonecessáriasduasobservações:
-ocôndilonão
éumaesferacompleta,
massimumahellliesfera(ametadean­
teriordaesfera)"localizada"pelafrente
daporçãoinferiordoúmero.Conse­
qÜentemente,ocôndilo,aocontrárioda
tróclea,nãoexistenaparteposterior;se
interrompenaextremidadeinferiordo
ossosemascenderparatrás;
-noespaço(4)situadoentreocôndiloea
tróc1ea(figo2-4),existeurnazonade
transição,asuperfícieoucanalcôndilo­
trodear(figo2-3),comformadecone
cujabasemaiorseapóianasuperfície
articularexternadatróclea.Maisadian­
teesclareceremosautilidadedestazona
côndilo-troclearo
Noníveldaporçãosuperiordosdoisos­
sosdoantebraço,duassuperfíciescorrespon­
dentes:
-agrandecavidadesigmóidedaulna
(fig.1-3)quesearticulacomatróc1ea,
demodoqueasuaconformaçãoéin­
versa,istoé,queapresentaurnacrista
rombalongitudinal(10)quefinaliza,
porcima,comobicodoolécrano(11),
porbaixoepelafrentecomobicodo
processocoronóide(12);acadaladoda
crista,.quesecorrespondecomagar­
gantadatróclea,selocalizamduasver­
tentescôncavas(13),quesecorrespon­
demcomas"superfíciesarticulares"
trocIeares.Aformageraldestasuperfí­
ciearticularé_,comparáve1(fig.2-4,b)
à
superfíciedeurnapranchadeferroon­
dulada,daquesó.tomamosumelemen­
to(setabranca):umanervura(10)e
doiscanais(11).
-aabóbadaradial(fig.1-3),superfíciesu­
periordacabeçaradial,cujaconcavidade
(14)possuiamesmacurvaqueocôndilo
(3)sobreaqualseadapta.Estálimitada
porumamargem(verpág.93)quesear­
ticulacomazonacôndilo-troclear.
Estasduassuperfíciesconstituemumcon­
juntoúnicograçasaoligamentoanular(16).
Asfiguras2-5e2-6mostramoencaixedas
superfíciesarticulares.Figura2-5,vistaante­
rior(ladodireito)com:afossetacoronóidea(5)
porcimadatróclea,eafossetasupracondilar
(6),aepitróclea(7)eoepicôndilo(8).Figura2­
6,vistaposterior(ladoesquerdo),quetambém
mostraafossetaolecraniana(17)receptorado
bicodoolécrano(20).
Nasecçãovértico-frontaldaarticulação
(fig.2-7,segundoTestut),podemosobservarco­
rnoacápsula(17)constituisóurnacavidadearti­
cularparaduasarticulaçõesfuncionais:(fig.2~8,
corteesquemático)aarticulaçãodeflexão-exten­
são(traçosverticais)comainterlinhatrócleo-ul­
nar(18)(fig.2-7)eainterlinhacôndilo-radial(19)
eaarticulaçãorádio-ulnarsuperior(traçoshori­
zontais)nocasodapronação-supinação.Também
podemosdistinguirobicodoolécrano(11)que,
naextensão,ocupaafossetaolecraniana.

Fig.2-5
b
Fig.2-4
12
13
Fig.2-3
14
15
16
2
8
Fig.2-6
\1
~~
8
3
17
14
"'('111.·':~,i~~.ltlflUJJ//~20
19
Fig.2-8
18

88FISIOLOGIAARTICULAR
APALETAUMERAL
Denomina-sepaletaumeral
àporçãoinfe­
riordoúmero(fig.1-12,vistaanteriorefigo2­
13,vistaposterior),planadedianteparatráse
emcujamargeminferiorselocalizamassuper­
fíciesarticulares,trócleaecôndilo.
Éimportanteconheceraestruturaeaforma
destapaletaumeralparacompreenderafisiolo­
giadocotovelo.
1)apaletaumeralpossuiaestruturade
umaforquilhaquesuportaentreosseus
doisramosoeixodassuperfíciesarticu­
lares(fig.2-14),comosefosseumafor­
quilhadebicicleta.
Defato,nasuapartecentral,apaletaume­
ralapresentaduascavidades:
-pelafrente,afossetasupratroclear,re­
ceptoradobicodoprocessocoronóide
duranteaflexão(fig.2-11);
-portrás,afossetaolecraniana,recep~
toradoolécranoduranteaextensão
(fig.2-9).
Estasduasfossetassãoimprescindíveispa­
raqueocotovelotenhaumadeterminadaampli­
tudedeflexão-extensão:atrasamomomentoem
queosbicosdacoronóideoudoolécranoim­
pactamcontraapaleta.Semelas,agrandecavi­
dadesigmóideadaulna,querealizaumarcode
180°,sópercorreriaumtrajetomuitocurtosobre
atróclea,aoredordaposiçãomédia(fig.2-10).
Emalgumasocasiões,ditasfossetassãotão
profundasqueafinalâminaósseaqueassepara
seperfura:nestemoementoéquandoentramem
contatoentresi.
Sejacomofor,asólidaestruturadapaleta
selocalizaacadaladodasfossetas,conforman­
dodoispilaresdivergentes(fig.1-13)quefinali­
zampordentrodaepitróclea,porforadoepi­
côndiloeque,noseuintervalo,contêmocon-
juntoarticularcôndilo-troclear.Estaestmtura
emforquilhaéaquefazareduçãotãodelicada
e,principalmente,acorretaimobilizaçãodas
fraturasdaporçãoinferiordoúmero.
2)apaletaumeral,emconjunto,seencon­
tradeslocadaparaafrente(fig.2-15,
a).Oplanodapaletaformaumângulo
deaproximadamente45°comoeixoda
diáfise.Esta..configuraçãotemumacon­
seqüênciamecânica:todaatrócleasesi­
tuapelafrentedoeixodiafisário.
Igualmente,agrandecavidadesigmóide
dau/na,orientadaparafrenteeparacimase­
guindoumeixoinclinado45°sobreahorizontal
(a),tambémsesituatotalmentepelafrentedo
eixodiafisáriodaulna.Istoestáesquematizado
em(b).
Odeslocamentodassuperfíciesarticulares
parafrentejuntocomsuaorientaçãode45°fa­
voreceaflexãopordoismotivos(e):
I)oimpactodobicocoronóidenãoocorre
atéqueosdoisossosestejamparalelos
(flexãoteórica:80°);
2)inclusiveemflexãomáxima,persiste
umaseparação(setadupla)entreosdois
ossos,oquepermitepaIparasmassas
musculares.
Seestasduascondiçõesmecânicasnão
existissem(f),éfácilentender:
-queaflexãoestarialimitadaa90°devi­
doaoimpactocoronóide(g);
-e,supondoquenãoexistissetalimpac­
to(comoseriaocasodeumaperfura­
çãoimportantedapaleta),osdoisos­
sosentrariamemcontatoduranteafle­
xãosemdeixarlugarparaasmassas
musculares(h).

Fig.2-9
Fig.2-13
Fig.2-10
Fig.2-11
1.MEMBRO SUPERIOR 89
Fig.2-14
Fig.2-12
a b c d e
Fig.2-15
9
o
h

90FISIOLOGIAARTICULAR
OSLIGAMENTOS DOCOTOVELO
(asexplicaçõessãoasmesmasparatodasasfiguras)
Osligamentosdaarticulaçãodocotovelo
têmafunçãode
manterassuperfíciesarticitla­
resemcontato.
Sãoautênticostensores,dispos­
tosacadaladodaarticulação:oligamentolate­
ralinterno(fig.2-16,segundoRouviere)eoli­
gamentolateralexterno(fig.2-17,segundoRou­
viere).
Emconjunto, têmaformade umlequefi­
broso
queseestendedecadaumadasduasproe­
minênciaspara-articulares-epicôndiloporfora,
epitróc1eapordentro-,ondeovérticedoleque
sefixanumpontoquesecorresponde,aproxi­
madamente,comoeixoxx'deflexão-extensão
(fig.2-18,segundoRouviere),atéocontornoda
grandecavidadesigmóidedaulnaondeseinse­
reaperiferiadoleque.
Porisso,podemosimaginar
omodelo
mecânicodocotovelo
comovemosaseguir
(fig.2-19):
-napartesuperior,aforquilhadapaleta
umeral,suportedapoliaarticular;
-naparteinferior,umsemi-anel(agran­
decavidadesigmóide)unidoaobraço
dealavancaantebraquialequeseencai­
xanapolia;
-osistemaligamentarestárepresentado
pordoistensoresunidosao"talo"que
simulaoantebraço,equesearticula
comosdoisextremosdoeixodapolia.
Éfácilentenderque estes"tensores"late­
raisdesempenhemumduplopapel
(fig.2-20,a):
-manterosemi-anelencaixadonapolia
(coaptaçãoarticular);
-impedirqualquermovimentodelatera­
lidade.
Basta(fig.2-20,b)arupturadeumdosten­
sores,porexemploointerno(setabranca),para
quepossaproduziromovimentodelateralidade
paraoladooposto(setapreta)eparaqueassu­
perfíciesarticularespercamcontato:éo
meca­
nismohabitualdaluxaçãodocotovelo,
quenu­
maprimeirafase,éumaentorsegravedocoto­
velo(rupturadoligamentolaterali~terno).
Particularidades:
-oligamento~ lateralinterno (LU)está
constituídoportrêsfascículos(fig.2-16):
•umfascículoanterior (1),cujasfibras
maisanterioresreforçam(fig.2-17)o
ligamentoanular(2);
•umfascículomédio (3),omaispotente;
•umfascículoposterior (4),ouliga­
mentodeBardinet,reforçadopelas
fibrastransversaisdoligamentode
Cooper(5).
Alémdisso,nesteesquemapodemosdis­
tinguir:aepitróc1ea(6),deondesaioleque
doLU,oolécrano(7),acordadeWeit­
brecht(8),otendãodobíceps(9)quesein­
serenatuberosidadebicipitaldorádio.
-oligamentolateralexterno (LLE),
constituídotambémportrêsfascículos
(fig.1-17):
•umfascículoanterior (10),querefor­
çaoligamentoanularpelafrente;
•umfascículomédio (11),quereforça
oligamentoanularportrás;
•umfascículoposterior (12).Epicôn­
dilo(13).
-a
cápsulaseencontrareforçada,pela
frente,peloligamentoanterior(14)eo
ligamentooblíquoanterior(15).Por
trás,estáreforçadaporfibrastransver­
saisúmero-umeraiseporfibrasúmero­
olecranianas.

1.MEMBRO SUPERIOR 91
b
a
X'
15
Fig.2-17Fig.2-16
Fig.2-19
Fig.2-18
Fig.2-20

92FISIOLOGIAARTICULAR
ACABEÇARADIAL
Aformadacabeçaradialestátotalmente
condicionadapelasuafunçãoarticular:
-funçãoderotaçãoaxial(vercapítulo
IIl:pronação~supinação):écilíndrica;
-funçãodeflexão-extensãoemtomoao
eixoxx'docôndilo:
•emprimeirolugar,acabeçaradialde­
ve-seadaptar(fig.2-21)àformaesfé­
ricadocôndiloumeral(A):porisso,
a
suasuperfíciesuperior(B) écôncava,
éaabóbadaradial.Paraqueisto
aconteçabastaremover(C)umcas­
queteesférico,cujoraiodecurvaseja
igualaodocôndilo;demodoquedu­
ranteapronação-supinaçãoaabóbada
radialpossapivotarsobreocôndilo
umeralsejaqualforograudeflexão­
extensãodocotovelo;
•porémocôndiloumeralseencontra
limitado(fig.2-22),pordentro,por
umasuperfícietroncocônica,azona
côndilo-troclear(A).Destaforma,du­
ranteaflexão-extensão,paraquepos­
samosrealizaraadaptaçãodacabeça
radial,énecessárioqueuma"esqui­
na"(C)docontornointernodelade­
sapareça,comoseumplano(B)tan­
genteaotroncodoconetivessesepa-
radoumaporçãodamargemdaabó­
bada;
•porúltimo,afunçãodacabeçaradial
nãoconsist_~unicamenteemsedesli­
zarsobreocôndiloeazonacôndilo­
trocleargirandoemtomoaoeixoxx',
maspodegiraraomesmotempoem
tomodeseueixoverticalyy',durante
apronação-supinação(B);asecção
praticadanocontornodaabóbada(C)
seestendesobreumaporçãodesua
circunferência,comose,nopercurso
destarotação(B),umanavalhativesse
recortadoumalâminaespiralnobor­
do
(fig.2-23).
Ligaçõesarticularesdaabóbadaradial
nasposiçõesextremas(fig.2-24):
-emextensãomáxima(a),sóametadean­
teriordaabóbadasearticulacomocôndi­
10;defato,asuperfíciecartilaginosado
côndiloseinterrompenolimiteinferior
dapaletaumeralenãoascendeparatrás;
-emjlexãomáxima(b),
Ocontornodaca­
beçaradialultrapassa,porcima,asuper­
fíciedocôndiloeseintroduznafosseta
supracondilar(verfigo2-5),muitome­
nosprofundaqueafossetasupratroclear
oucoronóide.

A
B
x
1.MEMBRO SUPERIOR 93
c
Fig.2-21 Fig.2-22 Fig.2-23
b
a
Fig.2-24

94FISIOLOGIAARTICULAR
ATRÓCLEA UMERAL
(variações)
Aprimeiravista,afirmamosanteriormente
(pág.86)queagargantadatrócleaselocalizano
planosagital.Arealidadeébastantemaiscom­
plexa.
Defato,
agargantadatrócleanão éverti­
cal,mas
éoblíqua;alémdisso, estaobliqÜidade
variasegundo
osujeito.Afigura2-25éumre­
sumodestassituaçõesdiferenteseassuascon­
seqüênciasdopontodevistafisiológico:
1)Casomaisfreqüente (fileirasuperior)
Defrente(a),agargantadatróclea
éverti­
cal:portrás,aparteposteriordagarganta(b:vis­
taposterior)é
oblíquaparabaixoeparafora.
Emconjunto(c),agargantadatróclease
enrola
emespiralemtomodoeixo.Asconse­
qüênciasfisiológicassãoasseguintes:
-emextensão(d)(esquemainspiradoem
Roud),aparteposteriordagargantafaz
conexãocomacavidadesigmóidea;de
modoqueasuaobliqüidadeprovocaa
doantebraço;portanto,oantebraçose
posicionalevementeoblíquoparabaixo
eparaforaeoseueixonãoprolongao
dobraço,porqueformacomeleumân­
guloobtusoabertoparafora,claramen­
tedefinidonamulheredenominado
val­
gofisiológico
(fig.2-26);
-emftexão,éaparteanteriordagargan­
taaquedeterminaadireçãodoantebra­
çoe,comoestapartedagargantaéver­
tical,duranteaftexão(e),oantebraço
acaba-se
projetandoexatamentepela
frentedobraço.
2)Casomenosfreqüente (fileirainter­
média)
Defrente(a),agargantadatrócleaé
oblí­
quaparacimaeparafora.
Aparteposteriordagarganta(b) éoblíqua
parabaixoeparafora.
Emconjunto(c),agargantadescreveuma
autênticaespiral emtomodoeixo.
Duranteaextensão(d),oantebraçofica
oblíquoparabaixoeparafora:éaulnaemval­
gofisiológico,comonocasoanterior.
Duranteaftexão(e),aobliqüid~dedaparte
anteriordagargantadeterminaaobliqüidadedo
antebraço:esteúltimo
seprojetalevementepor
foradobraço.
3)Casomuito rar~(fileirainferior)
Defrente(a),agargantadatrócleaé
oblí­
quaparacimaeparadentro.
Aparteposteriordagarganta(b)é oblíqua
parabaixoeparafora.
Emconjunto(c),agargantadatrócleades­
creveum
círculo,cujoplanoéoblíquoparabaixo
eparafora,ouumaespiralmuitofechadaeincli­
nadaparadentro.Conseqüênciasfisiológicas:
-naextensão(d):valgofisiológico;
-naftexão(e):oantebraço
seprojetapor
dentrodobraço.
OutraconseqüênciadestafOffi1aemespiral
dagargantaéquenãoexiste
umeixodatróclea,
masumasérie
deeixosinstantâneos entreduas
posiçõesextremas(fig.2-27):
-umeixonaflexão (traçocontínuo):éper­
pendicular
àdireçãodoantebraçoftexio­
nado(apareceilustradoocasomaisfre­
qüente:verI);
-umeixonaextensão (traçodescontínuo):
éperpendicularaoeixodoantebraçoes­
tendido.
Adireçãodoeixodeftexão-extensão
varia
continuamenteentreduasposiçõesextremas,
duranteosmovimentosdeftexão-extensãodo
cotovelo,diz-sequeoeixoé
evolutivo.Afigura
2-28ilustraestasduasposiçõesextremasnoes­
queleto.

1.MEMBRO SUPERIOR 9S
a
d
'''\
\\
\\
\\
\\
~
II
II
II
L._J
111
-•..•.
lU
Fig.2-28
/';9.2-27
~
\
Fig.2-26
\\
b
c
a
d
'"
e
II
Fig.2-25

96FISIOLOGIAARTICt:LAR
ASLIMITAÇÕES DAFLEXÃÜ-EXTENSÃü
Alimitaçãodaextensão(fig.2-29)se
deveatrêsfatores:
1)oimpactodobicoolecranianonofundo
dafossetaolecraniana;
2)atensãodaparteanteriordacápsula
articular;
3)aresistênciaqueopõemosmúsculos
flexores(bíceps,braquialanteriore
braquirradial).
Seaextensãocontinua.umdosmenciona­
dosji-eiosserompe:
~fraturadoolécrano(1)(fig.2-30),segui­
dadedesganecapsular(2);
-oolécrano(1)resiste(fig.2-31),masa
cápsula(2)eosligamentosserompem,
eseproduzumaluxaçãoposterior(3)
docotovelo.Osmúsculos,emgeral,
p<.:rmanecemintatos.Contudo,aartéria
umeralpoderomper-seou,pelomenos,
sofrerumacontusão.
Alimitaçãodaflexãoédiferente,depen­
dendodeserumaflexãoativaoupassiva.
Seaflexão
éatim(fig.2-32):
-oprimeirofatordelimitaçãoéocon­
tatodasmassasmusculares(1)do
compartimentoanteriordobraçoedo
antebraço,endurecidapelacontração.
Estemecânismoexplicaqueaflexão
ativanãopC!deultrapassaros145°,
fatoqueseacentuaquantomaismus­
culosoéoindivíduo.
-osoutrosfatores,impactoósseo(2)
etensãocapsular(3),quasenãointer­
vêm.
Seaflexão
épassiva(fig.2-33)pelaação
deumaforça(setapreta)que"fecha"aarticu­
lação:
-asmassasmuscularessemcontrair(1)
podem-seachatarltmacontraaoutra
demodoqueaflexãopossaultrapassaros
145°;
-nestemomentoaparecemosoutros
fatoreslimitantes:
•impactodacabeçaradialcontraafosse­
tasupracondíleaedoprocessocoro­
nóidecontraafossetasupratroclear(2);
•tensãodaparteposteriordacápsula(3);
•tensãopassivadotrícepsbraquial(4).
Nestascondições,aflexãopodealcançaros
160°.

1
Fig.2-29
Fig.2-32
1.MEMBRO SUPERIOR 97
Fig.2-31
Fig.2-33

98FISIOLOGIAARTICULAR
OSMÚSCULOS MOTORES DAFLEXÃO
Osmúsculosmotoresdaftexãodocotove­
losãoessencialmentetrês:
-obraquialanterior(1)queseestende
dotubérculodoprocessocoronóideda
ulnaatéasuperfícieanteriordoúmero
(fig.2-34):monoarticular,éexclusiva­
menteftexordocotovelo;éumdosraros
músculosdocorpoquerealizarpuma
únicafunção;
-obraquiorradial(2)queseestendedo
processoestilóidedorádioatéamar­
gemexternadoúmero(fig.2-34):asua
funçãoprincipaléafiexãodocotovelo.
Comomúsculoacessórioesónaprona­
çâomáximaseconverteemsupinador,
igualmenteépronadornasupinaçãomá­
XIma;
-obícepsbraquial (3)éo fiexorprinci­
pal(fig.2-35).Asuainserçãoinferiorse
localizanatuberosidadebicipitaldorá­
dio.Assuasinserçõessuperioresnãose
situamnoúmero(setratadeummúscu­
lobiarticular),masnaescápulamedian­
teduasporções:
•(Iporçãolonga(3')notubérculosu­
praglenóideapósteratravessadoaar­
ticulação(vercapítuloI:oombro);
•aporçâocurta(3")nobicodopro­
cessocoracóide.
Medianteassuasduasinserçõessuperiores,
omúsculobícepscoaptaoombroesuaporção
longaoabduz.
Asuaaçãoprincipaléaftexãodocotovelo.
Asuaaçãosecundária,porémimportante,é
asupinação(vercapítuloIII:apronação-supina­
ção),máximaquandoocotoveloestáfiexionado
a90°.
Comocotovelofiexionado,obícepstende
aluxarorádio(verpág.102).
Aeficáciadosmúsculosfiexoresémáxima
comocotovelofiexionadoa90°.
Defato,quandoocotoveloestáestendido
(fig.2-36),adireçãodaforçamuscularéquase
paralela(setabranca)
àdireçãodobraçodeala­
vanca.Ocomponentecentrípeto
çdirigidoao
centrodaarticulaçãoépreponderante,masine­
ficaz.Ocomponentetangencialoutransversal
T,
oúnicorealmenteéncaz,érelativamenteinsig­
nificante,quasenulo.
Contudo,nasemifiexão(fig.2-37),aforça
muscularestáperpendicular
àdireçãodobraço
dealavanca(setabranca:bíceps,setapreta:bra­
quirradial),ocomponentecentrípetoseanulae
ocomponentetangencialseconfundecoma
própriaforçamuscular:assim,todaaforçamus­
cularseutilizanaftexão.
Esteângulodemáximaeficáciasesituaen­
treos80e90°nocasodobíceps.
Comrelaçãoaobraquirradial,a90°aforça
muscularnãoseconfundecomocomponente
tangencial;issonãoseapresentaatéos100­
II0°,istoé,numafiexãomaisacentuadaquea
dobíceps.
Aaçãodosmúsculosfiexoresserealizase­
gundooesquemadasalavancasdeterceirogê­
nero:demodoquefavoreceaamplitudeeara­
pidezdosmovimentosaexpensasdesuapotên­
CIa.
Músculosftexoresfundamentalmenteaces­
sórios:
-extensorradial
(RI):debaixodobra­
quirradial(fig.2-37);
-pronadorredondo:suaretração,provo­
cadapelasíndromedeVolkmann,cons­
tituiumacordaqueimpedeaextensão
completadocotovelo.

1.MEMBRO SUPERIOR 99
Fig.2-35
Fig.2-37
T
Fig.2-34
Fig.2-36

100FISIOLOGIAARTICULAR
OSMÚSCULOS MOTORES DAEXTENSÃO
Aextensãodocotovelosedeve àaçãodesó
ummúsculo:otrícepsbraquial(fig.2-38);defa­
to,aaçãodoancôneo(A),emboranotávelpara
DuchennedeBoulogne,nãovaleapenatratarno
planofisiológicodevido
àdebilidadedoseumo­
mentodeação.
°trícepsbraquialestáconstituídoportrês
corposcarnososquefinalizam
numtendãoco­
mum
queseinserenoolécrano.
Ostrêscorposmuscularesdotrícepstêm
umainserçãosuperiordiferente:
-acabeça(ouporção)medial
(1)sefixa
nasuperfícieposteriordoúmero,para
baixodocanalousulcodonervoradial;
-acabeça(ouporção)lateral (2)sefixa
sobreamargemexternadadiáfiseume­
ral,principalmenteporcimadocanaldo
nervoradial;
Portanto,estasduasporçõessãomonoarti­
culares.
-aporçãolonga (3),quenãoseinsereso­
breoúmero,massobreaescápula,notu­
bérculosubglenóide:demodoqueesta
porçãoéummúsculobiarticular.
Aeficáciadotrícepsédiferentedependen­
dodograudeflexãodocotovelo:
-emextensãocompleta(fig.2-39),aforça
muscularsedecompõeem:
•umcomponentecentrífugoC,queten­
dealuxaraulnaparatrás;
•umcomponentetangencialoutransver­
salT,oúnicoeficazepredominante;
-emligeiraflexão(fig.2-40),entre20e
30°,ocomponenteradial(anteriormente
centrífugo)seanula,eocomponenteefi­
cazseconfundecomaforçamuscular:é
aposiçãonaqualomúsculodesenvolve
asuamáximaeficácia;
-emconseqüência(fig.2-41),quantomais
aumentaaflexãomaisdiminuiocompo­
nenteeficazTembenefíciodocompo­
nentecentrípetoC;
-naflexãocompleta(fig.2-42),otendãotri­
cipitalserefletenasuperfíciesuperiordo
olécrano,
comosefosseumapolia, oque
contribuiacompensarasuaperdadeefi­
cácia.Poroutrolado,comasfibrasmuscu­
laresem
máximatensão, asuapotênciade
contraçãoémáximademopoquesetrans­
formaemoutrofatordecompensação.
Aeficáciadaporçãolongadotríceps
e,
conseqüentementé,todoomúsculo,tambémde­
pendeda
posiçãodoombro: estefatoderivade
suanaturezabiarticulâr(fig.2-43).
Éfácilcomprovarqueadistânciaquesepa­
raosdoispontosdeinserçãodaporçãolongado
trícepsémaiornaposiçãodeflexãode90°que
naposiçãoverticaldobraço(ocotoveloperma­
necenomesmograudeflexão).Defato,oscen­
trosdosdoiscírculos"traçados"peloúmero(1)
epelaporçãolongadotríceps(2)estãosepara­
dos.Sealongitudedotrícepsnãovaria,sesitua­
riaemO',mascomooolécranoseencontraem
02'necessariamente,omúsculosealongapassi­
vamenteumadistância
0'02'
Demodoqueaforçadotrícepsémaior
quandooombroestáflexionado. Aporçãolonga
dotrícepsreforçaumapartedapotênciadosmús­
culosflexoresdoombrocomocotoveloestendi­
do(fascículosclavicularesdopeitoralmaioredo
deltóide);esteéumexemplodopapelquedesem­
penhamosmúsculosbiarticulares.Tambémé
maiorparaomovimentoqueassocia
aextensão
docotoveloeaextensãodoombro
(apartirdapo­
siçãodeflexãode90°),comoéocasodomovi­
mentodolenhadoraobatercomomachado.
Pelocontrário,aforçadotrícepsémenor
quandoomovimentoqueassociaaextensãodo
cotovelocomaflexãodoombro,comopor
exemplodarumsocoparaafrente(aporção
longadotrícepsfica"cercada"entredoisimpe­
rativoscontraditórios:alongar(flexão),encurtar
(extensãodocotovelo).
Ébomlembrarqueaporçãolongadotríceps
constituijuntocomograndedorsalumparadu­
tordoombro(verpág.80).

1.MEMBRO SUPERIOR 101
Fig.2-38 b
T
0'\
I
I
Fig.2-40
c
Fig.2-39
\
\
\
Fig.2-41
Fig.2-42

102FISIOLOGIAARTICULAR
OSFATORESDECOAPTAÇÃO ARTICULAR
Acoaptaçãolongitudinalimpedequea
articulaçãodocotoveloemextensãosedeslo­
que:
•tantoquandoseexerceumaforçapara
baixo(fig.2-44,vistaexternaefigo2A5,
vistainterna),comoquandotransporta­
mosumbaldedeágua;
•quantoquandoexercemosumaforça
pa­
racima(figs.2-47e2-48),comoacon­
tecenaquedacomasmãosparaafrente
eoscotovelosemextensão.
1)Resistênciaàtraçãolongitudinal
Ofatodequeagrandecavidadesigmóide
nãoultrapasseos180°dearcofazcomqueatró­
cleanãofiquefixamecanicamentedevido
àau­
sênciadepartesmoles.Acoaptaçãoéassegura­
dapor:
-ligamentos:
LU(1)eLLE(2);
-osmúsculos:nãounicamenteosdobra-
ço:tríceps(3),bíceps(4),braquial(5),
mastambémosdoantebraço:braquirra­
dial(6),músculosepicondilares(7),
músculosepitrocleares(8).
Emmáximaextensão,obicodoolécrano
seenganchaporcimadatrócleanafossetaole­
craniana,oqualproporcionaàarticulaçãoúme­
ro-ulnarcertaresistênciamecânicaemsentido
longitudinal.
Contudo,éprecisoressaltarqueaarticula­
çãocôndi10-radialestámaldispostapararesis­
tiràsforçasdetração:acabeçaradialseluxa
parabaixocomrelaçãoaoligamentoanular:éo
mecanismodesencadeadonocasoda"pronação
dolorosadascrianças".Oúnicoelementoanatô­
micoqueimpedeo"descenso"dorádiocomre­
lação
àulnaéamembranainteróssea.
2)Resistênciaàpressãolongitudinal
,
Sóaresistênciaósseaintervémmecanica­
mente:
-norádio:éacabeçaaquetransmiteas
forçasdepressãoeaquesefratura
(fig.2-47);
-naulna,éoprocessocoronóideoque
transmiteaspressões,daívemadeno­
minaçãoprocessoconsoladorqueode­
raHenle.Sefraturaporefeitodoimpac­
to,permitealuxaçãoposteriordaulna.
Devidoaisso,aluxaçãoéirredutível
(fig.2-48).
Coaptaçãoemflexão(fig.2-46)
Naposiçãodeftexãode90°,aulnaéper­
feitamenteestável(a)porqueagrandecavidade
sigmóideestálimitadapelasduaspotentesinser­
çõesmuscularesdotríceps(3)edobraquialan­
terior(5)quemantêmocontatoentreassuperfí­
ciesarticulares.
Contudo(b),orádiotendeaseluxarpara
cimasobatraçãodobíceps(4).Somenteoliga­
mentoanularevitaestaluxação.Quandooliga­
mentoserompe,aluxaçãodorádioparacimae
paraafrenteacontececomamenortentativade
flexãodocotovelo(contraçãodobíceps).

Fig.2-44 Fig.2-45
1.MEMBRO SUPERIOR 103
a
Fig.2-46

104FISIOLOGIAARTICULAR
AAMPLITUDE DOSMOVIMENTOS DOCOTOVELO
Aposiçãodereferência (fig.2-49)édefi­
nidadaseguintemaneira:oeixodoantebraçose
localizanoprolongamentodoeixodobraço.
A
extensãoéomovimentoquedirigeo
antebraçoparatrás.Aposiçãodereferência
correspondeàextensãocompleta(fig.2-49);
pordefinição,nãoexisteamplitudenocasoda
extensãodocotovelo,menosemalgunssujei­
tosquepossuemumagrandelassidãoligamen­
tar,comoasmulhereseascrianças,quepodem
alcançarde5a10°dehiperextensãodocotove­
lo(fig.2-50,
z).
Contudo,aextensãorelativasempreéviá­
velemqualquerposiçãodeflexãodocotovelo.
Quandoaextensãoéincompletasemede
negativamente;porexemplo,umaextensãode
-40°correspondeaumdéficitdeextensãode
40°,estandoocotoveloflexionadoem40°quan­
dotentamosestenderomesmocompletamente.
Nesteesquema(fig.2-50),odéficitdeex­
tensãoé-y,aflexão
+x(Dfrepresentaentãoo
déficitdeflexão)eaamplitudeútildeflexão-ex­
tensãoé
x-y.
Aflexãoéomovimentoquedirigeoante­
braçoparadiante,detalmaneiraqueasuperfí­
cieanteriordoantebraçoentraemcontatocom
asuperfícieanterior.dobraço.
Aamplitudedafiexãoativaéde145°(fig.
2-51).
Aamplitudedafiexãopassivaéde160°(a
distânciaentreocotodoombroeopunhocorres­
ponde
àmedidadelimamãofechada:opunho
nãoentraemcontatocomoombro.
ASREFERÊNCIAS CLÍNICASDAARTICULAÇÃO DOCOTOVELO
\
Ostrêspontosdereferência,visíveisepal­
páveis,docotovelosão:
-oolécrano (2),proeminênciadocoto-
velo,nalinhamédia;
-aepitróclea (1),pordentro;
-oepicôndilo (3),porfora.
Emposiçãodeextensão(fig.2-52),estes
trêspontosdereferênciaestãoalinhadosnaho­
rizontal.Entreoolécrano(2)eaepitróclea(1)
selocalizaocanalepitrócleo-olecraniano,por
ondepassaverticalmente(setatracejada)oner­
voulnaroucubital:umimpactoviolentoneste
pontoprovocaumadordetipoelétricoquese
irradiaportodaazonaulnar(bordainternada
mão).Noladoexterno,porbaixodoepicôndilo,
podemospalparogirodacabeçaradialdurante
osmovimentosdepronação-supinação.
Emposiçãodeflexão(fig.2-53),estestrês
pontosdereferênciaformamumtriânguloeqÜi­
látero(b),situadonoplanovértico-frontaltan­
gente
àsuperfícieposteriordobraço(a).
Nasluxaçõesdecotoveloestasconexõesse
alteram:
-emextensão,oolécranoascendeporci­
madalinhaepicôndilo-epitroclear(lu­
xaçãoposterior);
-emflexão,oolécranorecuaparatrásdo
planofrontal(luxaçãoposterior).

Fig.2-51
Fig.2-52
Fig.2-50
Fig.2-53

~/ 3
1.MEMBRO SUPERIOR lOS
1
./
Fig.2-49
3

106FISIOLOGIAARTIClJLAR
POSIÇÃOFUNCIONAL EPOSIÇÃODEIMOBILIZAÇÃO
Aposiçãofuncionaldocotoveloeasuapo­
siçãodeimobilizaçãosedefinemcomosegue
(fig.2-54):
-fiexãode90°;
-pronação-supinaçãoneutra(mãonopla-
novertical;vercapítuloIlI).
EFICÁCIADOSGRUPOSFLEXOREEXTENSOR
lU
Emconjunto,osflexoressãoumpouco
maiseficazesqueosextensores:emposiçãode
relaxamento,braçopendenteaolongodocorpo,
ocotOl'eloligeiramentefiexionado,proporcio­
nalmentemaisflexionadoquantomaismusculo­
sosejaoindivíduo.
Aforçadosflexores
édiferentedependen-
dodaposiçãodepronação-supinação:
-aforçadeflexãoempronaçãoémaiorque
-aforçadeflexãoemsupinação.
Defato,obícepsestámaisalongadoe,por­
tanto,émaiseficazquandooantebraçoestáem
pronação.
Arelaçãoentreambasaspotências
éde:
5 (Fempronação)
3 (Femsupinação)
Porúltimo,aforçadosgruposmusculares
édiferente,dependendodaposiçãodoombro:
istosesintetizanoesquemadafigura2-55:
1)
Braçoverticalporcimadoombro (O)
-aforçadeextensão(seta1),comonoca­
sodolevantamentodepesos,
éde43kg;
-aforçadeflexão(seta2),comoquan­
doelevamosumcorpoemsuspensão,é
de83kg.
2)Braçoemflexãode90° (AV):
-aforçadeextensão(seta3),comoquan­
doempurramosumobjetopesadopara
frente,éde37kg;
-aforçadefiexão(seta4),comoquando
remamos,
éde66kg.
3)
Braçoverticalaolongodocorpo (B):
-aforçadefiexão(seta5),comoparale­
vantarumobjetopesado,éde52kg;
-aforçadeextensão(seta6),comoaque
realizamosaolevantarmosparacima
embarrasparalelas,
éde51kg.
Demodoqueexistemposiçõespreferen-
ciaisnasqueaeficáciadosgrupos
émáxima:
-nocasodaextensão,parabaixo(seta6);
-nocasodafiexão,paracima(seta2).
Istosignificaqueamusculaturadosmem­
brossuperioresestátotalmenteadaptadapara
trepar(fig.2-56).

Fig.2-54
1..MEMBROSUPERIOR 107
Fig.2-56

108FISIOLOGIAARTICULAR
SIGNIFICADO
Apronação-supinaçãoéomovimentode
rotaçc7odoantebraçoaoredordoseueixolon­
gitudinal.
Estemovimentoprecisadaintervençãode
DUASARTICULAÇÕES MECANICAMEN­
TEUNIDAS(fig.3-1):
-aarticulaçc70rádio-ulnarsuperior
(RUS),quepertenceanatomicamenteà
articulaçãodocotovelo;
-aarticulaçc70rádio-ulnarinferior
(RUI)queédiferenteanatomicamente
daarticulaçãorádio-carpeana.
Estarotaçãolongitudinaldeantebraçoin­
troduzumterceirograudeliberdadenocom­
plexoarticulardopunho.Destemodo,amão,
como"extremidaderealizadora"domembrosu­
perior,pode-sesituaremqualquerângulopara
poderpegarousegurarumobjeto.Serefletimos
corretamente,apresençadeumaarticulaçãoti­
poenartrosecomtrêsgrausdeliberdadenopu­
nho,complicariaextraordinariamenteosproble­
masmecânicos:nestecasoserianecessário"ins-
talar"naextremidademóvel,ocarpoporexem­
plo,proeminênciasapofisiáriasquepudessem
serÚrcomobraçodealavancaaosmúsculosro­
tadores;alémdisso,seriamecanicamenteim­
possívelqueostendõesdosmúsculosdoante­
braço"franqueassem"opunho,devido
àtorção
querealizariasobresimesmodurantearotação
aoredordoseueixolongitudinal;conseqüente­
menteamaiorpartedosmúsculosextrínsecosse
encontrariamnamãodetalmaneiraqueasua
potênciadiminuiriaeamãoseriapesadaevolu­
mosa.
Estarotaçãolongitudinalnoantebraço
éa
soluçãológicaeelegante,cujaúnicaconseqüên­
ciaécomplicarumpoucooesqueletodesteseg­
mento,introduzindoumsegundoosso,orádio,
quesuportaamãoeaulnagiraaoseuredor,gra­
çasàsduasarticulaçõesrádio-ulnares.
Estaestruturadosegundosegmentodo
membroapareceunafilogeniaa400milhõesde
anosatrás,quandoalgunspeixesabandonaramo
marecolonizaramaterraseconvertendoeman­
fíbiostetrápodes.

Fig.3-1
1.MEMBRO SUPERlOR 109

110FISIOLOGIAARTICULAR
DEFINIÇÃO
Sóépossívelanalisarapronação-supina­
çãocomocotoveloflexionadoa90°eencosta­
donocorpo.Defato,seocotoveloestáestendi­
do,oantebraçoseencontranoprolongamento
dobraçoenarotaçãolongitudinaldoantebraço
seacrescentaarotaçãodobraçoaoredordoseu
eixolongitudinal,graçasaosmovimentosdero­
taçãoexternaeinternadoombro.
Comocotoveloemflexãode90°:
-aposiçãodesupinação(fig.3-2)se
realizaquandoa
palmadamãosedirige
paracima como polegarparafora;
-aposiçãodepronação(fig.3-3)serea­
lizaquandoa
palmadamão"seorienta"
parabaixo eopolegarparadentro;
-aposiçãointermédia(fig.3-4)édeter­
minadapeladireçãodopolegarparaci­
maedapalmaparadentro,ouseja,nem
pronação,nemsupinação.
Asamplitu­
desdosmovimentosdepronação-supi­
naçãosemedemapartirdestapósição
intermédiaouposiçãozero.
Defato,quandoobservamosoantebraçoe
amãoalinhadosedefrente,querdizer,nopro­
longamentodoeixolongitudinal:
-amãoemposiçãointermédia(fig.3-5)se
situanoplanovertical,paralelaaoplano
sagital,planodesimetriadocorpo;
-amãoemposiçãodesupinação(fig.3-6)
sesituanoplanohorizontal;assimsendo,
aamplitudedemm'imentodesupinação
éde90°.
-amãoemposiçãodepronação(fig.3-7)
sóchegaatéoplanohorizontal;
aampli­
tudedepronaçãoéde85°(
maisadian­
tepoderemosverporquenãochegaaté
os90°)
Emresumo,aamplitudetotaldaverdadei­
rapronação-supinação,istoé,quandounica­
menteparticipaarotaçãoaxialdoantebraço,é
deaproximadamente180°.
Quandotambémparticipam osmovimentos
derotaçãodoombro,
comocotoveloemexten­
sãototal,estaamplitudetotalalcança:
-360°quandoomembrosuperiorestá
verticalaolongodotronco;
-360°quandoomembrosuperiorestáem
abduçãode90°;
-270°emflexãode90°eemextensão
de90°;
-ultrapassaumpoucoos180°quandoo
membrosuperiorestávertical,emposi­
çãodemáximaabdução.Istoconfirma
queoombrotemumaamplitudedero­
taçãoaxialquasenulaemabduçãode
180°.

.1.MEMBROSUPERIOR111
Fig.3-4
Fig.3-7
Fig.3-3
1
Fig:--3-5Fig.3-6
Fig.3-2

112FISIOLOGIAARTICULAR
UTILIDADEDAPRONAÇÃO-SUPINAÇÃO
r--
Dossetegrausdeliberdadequecomportaa
cadeiaarticulardomembrosuperior,começan­
dopeloombroeterminandonamão,aprona­
ção-supinaçãoéumdosmaisimportantes,
porqueéindispensávelparaocontroledaatitu­
dedamão.Defato,estecontrolepermitequea
mãoestejaperfeitamentecolocadaparaalcançar
umobjetonumsetoresféricodeespaçocentra­
lizadonoombroelevá-Io
àboca(funçãodeali­
mentação).Tambémpermitequeamãochegue
aqualquerpontodocorpocomafinalidadede
proteçãoouhigiene(funçãodelimpeza).Além
disso,apronação-supinaçãodesempenhaum
papelessencialemtodasasaçõesdamão,prin­
cipalmenteduranteotrabalho.
Graças
àpronação-supinação,amãopode
(fig3-8)segurarumabandejaouumobjeto,em
supinação,oucomprimirumobjetoparabaixoe
inclusiveseapoiarempronação.
Tambémpermitequeserealizeummovi­
mentoderotaçãonaspreensõescentradasero­
tativas,comonocasoemqueutilizamosuma
chavedefenda(fig.3-9)naqualoeixodouten­
síliocoincidecomoeixodepronação-supina­
ção.Porcausadaobliqiiidadedapreensãocom
todaapalmadamãoemcontatocomocabo
(fig.3-10),apronação-supinaçãomodificaa
orientaçãodaferramentaatravésdomecanismo
darotaçãocônica:comoconseqüênciadaassi­
metriadamão,ocabopode-sesituarnoespaço
sobreumsegmentodeconecentralizadopelo
eixodepronação-supinação,demodoqueo
martelobatenopregosobumaincidênciaregu­
lável.
Nestecaso,podemoscomprovarumdos
aspectosdoencaixefuncionalentreapronação­
supinaçãoeaarticulaçãorádio-carpeana,onde
podemosobservaroutroexemplonavariaçãoda
abdução-aduçãodopunhoemfunçãodaprona­
ção-supinação:aatitudenormaldamãoempro­
naçãoouemposiçãointermédiaéodesvioulnar
que"centraliza"apinçatridigitalsobre
oeixo
dapronação-supinação,enquantonasupinação
amãosecolocamaisemdesvioradial,favore­
cendoapreensãodesustentação,comoquando
carregamosumabandeja.
Esteencaixefuncionalobrigaaintegração
fisiológicadaarticulaçãorádio-ulnarinferior
comadopunho,emboramecanicamenteesteja
unida
àarticulaçãorádio-ulnarsuperior.

1.MEMBROSUPERIOR113
Fig.3-8
Fig.3-9
Fig.3-10

114FISIOLOGIAARTICULAR
DISPOSIÇÃO GERAL
Emposiçãodesupinação(figs.3-11,3-12
e3-13ediagramasaeb,figo3-17):
Aulnaeorádioestãoumaoladodooutro,
aulnapordentroeorádioporfora.Osseusei­
xoslongitudinaissãoparalelos(fig.3-17,a).Po­
demosobservar:
-noesquemafrontal(fig.3-11),ondeve­
mos:
•amembranainteróssea,comacamada
superior(1)cujasfibrassãooblíquas
parabaixoeparadentroesuacamada
posterior(2)deobliqüidadeinversa,
realizaoprincipaldaligaçãomecâni­
caemsentidolongitudinaletransver­
sal:impedeodeslocamentodorádio
parabaixo,porqueodeslocamentopa­
racimaébloqueadopelocôndiloume­
ral,einclusiveapósumasecçãodosli­
gamentosdasduasarticulaçõesrádio­
ulnares,éporsimesmasuficientepara
manterosdoisossosemcontato.De
modoqueéagrandedesconhecidado
antebraço;
•acordadeWeitbrecht(3),elementofi­
broso;
•oligamentoanteriordaarticulaçãorá­
dio-ulnarinferior(4).
Estestrêselementosestãoemten­
sãoduranteasupinaçãoealimitam;
•oligamentoanular(5),reforçadopelo
•fascículoanteriordoligamentolateral
externodocotovelo(6)(LLE)epelo
•fascículoanteriordoligamentolateral
internodocotovelo(7)(LLI);
•ligamentotriangular(8)vistoemsec­
ção;
-noesquemadorsal(fig.3-11):
•amembranainteróssea(1)comsuas
duascamadas;
•ligamentoposteriordaarticulaçãorá­
dio-ulnarposterior(2);
•ligamentoanular(3)reforçadopelofas­
cículomédiodoLLEdocotovelo(4);
-emvistaexterna(fig.3-13)orádioocul­
taemparteaulna,epodemoscompro­
varqueháumaleveconcavidadeante­
riordorádio,acentuadanodesenhoe
esquematizadanodiagramabdafigura
3-17.
Emposiçãodepronação(figs.3-14,3-15
e3-16ediagramasceddafigo3-17):
Aulnaeorádionãoestãoparalelos,mas
estãocruzados:istopodeserapreciadotantono
esquemafrontal(fig.3-14)quantonodorsal
(fig.3-15),eestáesquematizadonodiagrama
dafigura3-17.Empronação(fig.3-17,d)orá­
dioestá:
-porcima,externocomrelação
àulna,e
-porbaixo,internocomrelaçãoàulna.
Emvistadeperfilexterno(fig.3-16)pode­
mosobservarqueorádioédeslocadopelafren­
tedaulna.Asuaconcavidade,dirigidaparatrás,
lhepermite"cavalgar"literalmentesobreaul­
na.Veresquemadodiagramacdafigura3-17.
Assimsendo,podemosentenderqueapro­
naçãosópode~seaproximarde90°deamplitu­
de,semconseguiralcançarestacifra,graças
à
curvadorádionoplanosagital.Tambémpode­
mosentenderqueosmúsculosflexores,quese
localizampelafrentedoesqueletonasupinação
(fig.3-18,a),seinterpõementreorádioeaul­
na(fig.3-18,b)duranteapronação,paracons­
tituir,aofinaldesta(fig.3-18,c),um"colchão"
queamorteceocontatoentreambososossos.
Simultaneamenteamembranainterósseaseen­
rolaaoredordaulna,demodoque,juntocom
o"acolchoado"muscular,deslocaaulnapor
trásdorádio,produzindoasubluxaçãoposte­
riordacabeçaulnarnofimdapronação.

1.MEMBRO SUPERIOR 115
Fig.3-16
Fig.3-13
4
3
d
I
b c
Fig.3-17
Fig.3-12
2
Fig.3-15
Fig.3-14
7
a
Fig.3-18

116FISIOLOGIAARTICULAR
ANATOMIA FISIOLÓGICADAARTICULAÇÃO RÁDIO-ULNAR SUPERIOR
(osnúmerosdasexplicaçõessecorrespondememtodasasfiguras)
A,articulaçãorádio-ulnarsuperioréuma
TROCOIDE,assuassuperfíciessãocilíndricas
epossuisóumgraudeliberdade:rotaçãoaore­
dordoeixodosdoiscilindrosencaixados.Pode­
moscomparar,emmecânica,comumsimples
amortecedorou,melhorainda,comumverda­
deirorolamentodebolas(fig.3-20).
Portanto,estáconstituídaporduassuperfí­
ciescilíndricas:
-acabeçaradial(fig.3-21)comoseu
contornocilíndrico(1)preenchidode
cartilagem,maisamplapelafrenteepor
dentroequesecorrespondecomoanel
central(1)doamortecedorourolamen­
todebolas.Outrasparticularidades:
•aabóbada(2),côncava,quesearticula
(fig.3-25,secçãosagital)comocôndilo
umeral(9).Dadoqueocôndilonãose
expandeparatrás,aabóbadaentraem
contatocomeleduranteaextensãosó
pelametadeanteriordasuasuperfície;
•obiseI(3)docontorno(verfigo3-21).
-umanelosteofibroso,claramentevisí­
velnafigura3-19(segundoTestut),no
qualacabeçaradialestáremovida.Se
correspondecomoanelperiférico(5e
6)dorolamentodebolas(fig.3-20)ees­
táconstituídopor:
•pequenacavidadesigmóidedaulna
(6)preenchidadecartilagem,côncava
dedianteparatrás,separadadagrande
cavidade(8)porumacristaromba(7):
•ligamentoanular(5),intatonafigura
3-19eseccionadonafigura3-21.Fai­
xafibrosainseridanasmargensante­
rioreposteriordapequenacavidade
sigmóide,asuasuperfícieinternaestá
preenchidaporumacartilagem,pro­
longamentodapequenacavidadeque
aomesmotempoé:
*ummeiodeunião:rodeiaacabeçara­
dialeaencaixacontraapequenacavi­
dadesigmóide;
*umasuperfíciearticular:searticula
comocontornodacabeçaradialeao
revésdapequenacavidadesigmóide,
sedeforma.
OligamentoquadradodeDénucé(4),
segundomeiodeunião,estáseccionadonafi­
gura3-21,intatonafigura3-22(ligamento
anularseccionadoerádiodeslocado,segundo
Testut)enafigura3-23(vistasuperior,olécra­
noeligamentoanularseccionados,segundo
Testut).
Éumafaixafibrosaqueseinserena
margeminferiordapequenacavidadesigmóide
daulnaenabasedocontornointernodacabe­
çaradial(fig.3-24,secçãocentral).Estasduas
margensestãoreforçadas(figs.3-21e3-22)
porfibrasoriginadasdamargemsuperiordoli­
gamentoanular.
Oligamentoquadradorepresentaumrefor­
çodaparteinferiordacápsula;orestodesta(10)
uneasarticulaçõesdocotoveloemumconjunto
anatômico.

1.MEMBRO SUPERIOR 117
6
Fig.3-232
Fig.3-21
Fig.3-25
Fig.3-22
5
Fig.3-20
5-6
1
5
Fig.3-19
2
1

118FISIOLOGIAARTICULAR
ANATOMIA FISIOLÓGICADAARTICULAÇÃO RÁDIO-ULNAR INFERIOR
(estruturaeconstituiçãomecânicadaporçãoinferiordaulna)
Comoaarticulaçãorádio-ulnarsuperior,a
articulaçãorádio-ulnarinferiortambéméuma
trocóide:assuassuperfíciessãocilíndricaseso­
mentepossuiumgraudeliberdade,ouseja,a
rotaçãoemtomoaoeixodosdoiscilindrosen­
caixados.
Aprimeiradestassuperfíciescilíndricas
(tig.3-26)estápresapelacabeçadaulna.Pode­
mosconsiderarqueaporçãoinferiordaulnaes­
táformada(a)pelapenetraçãodeumcilindro
diatisário(1)numconeepitisário(2).Mas,éne­
cessárioressaltarqueoeixodoconeestádeslo­
cadoparaforacomrelaçãoaodoconedocilin­
dro.Porcimadestasólidacomposição(b),o
planohorizontal(3)desprendeumtroncodeco­
ne(c)eformaasuperfícieinferior(4)dacabe­
çadaulna.Aseguir(d),umsegundocilindrose­
cante(5)desprendeumameia-luasólida(6)e
determina(e)aformaçãodasuperfíciecilíndri­
ca(7)dacabeçadaulna.
Énecessáriodestacar
queocilindrosecante(5)nãoéconcêntricoao
cilindrodiatisário(1),nemaoconeepitisário
(2),estandodeslocadoparafora.Istoexplicaa
formadasuperfíciearticular:umameia-lua"en-
rolada"numcilindro,comumahastepelafren­
teeoutraportrás,que"limitam"oprocessoes­
tilóidedaulna(8),deslocado-aemdireçãopós­
tero-internadaepítise.Naverdade,estasuperfí­
cienãoétotalmentecilíndrica(tig.3-27)jáque
oseugeradorestálevementeconvexoparafora,
oquelhedáumaformadebarrilÚnhoinclinado
parabaixoeparadentro,emboraestejainscrita
numconedevérticeinferiorcujoeixoéparale­
loaoeixodiatisáriodaulnad.Asuperfícieperi­
féricadacabeçadaulna(A,vistadeperfil,B,
vistaanterior)apresentaumaalturamáxima(h)
parafrenteelevementeparafora.
Asuperfícieinferiordacabeçadaulna(D)
apresentaumasuperfíciesemilunarcujalargu­
ramáximacorrespondecomopontodemáxi­
maaltura(h)dasuperfícieperiférica.Desta
maneira,sobreoplanodesimetria(seta)estão
alinhados:ainserçãodoLUdarádio-ulnar
(quadrado)sobreoprocessoestilóide,ainser­
çãoprincipaldovérticedoligamentotriangu­
lar(estrela),ocentrodacurvadasuperfíciepe­
riférica(cruz)eopontodemáximaalturado
contorno.

1.MEMBRO SUPERIOR 119
\
8~
c
Fig.3-26
B
A
Fig.3-27

120FISIOLOGIAARTICULAR
ANATOMIA FISIOLÓGICADAARTICULAÇÃO RÁDIO-ULNAR INFERIOR
(continuação)
(asexplicaçõessãoasmesmasparatodasasfiguras)
Asegundasuperfície,acavidadesigmóide
dorádio(3),estápresapelaepífisedorádio
(figs.3-28e3-29),ondeestáincluídanosramos
dedesdobramentodamargeminterna(2).Esta
superfície(3)está"orientada"paradentro(fig.
3-29),écôncavadedianteparatrás,planaoule­
vementecôncavadecimaparabaixo,estáins­
critanasuperfíciedeumconedevérticeinferior
(fig.3-27,c).Asuamáximaalturaselocalizana
partemédiaesearticulacomasuperfíciecilín­
drica(4)dacabeçaradial.
Nasuamargeminferiorseinsereoliga­
mentotriangular(5)situadonoplanohorizon­
tal(fig.5-30,secçãofrontal).Oseuvérticesein­
serepordentro,emtrêsníveis:
-afossalocalizadaentreoprocessoes­
tilóideeasuperfícieinferiordacabeça
daulna;
-asuperfícieexternadoprocessoestilói­
dedaulna;
-asuperfícieprofundadoLUdaarticu­
laçãorádio-carpeana.
Assimsendo,oligamentotriangularocupa
oespaçoentreacabeçadaulnaeopiramidal,
constituindouma"almofadaelástica"quese
comprimenocursodaaduçãodopunho.Assuas
margensanterioreposteriorsãomaisespessas,
apesardeasecçãoserbicôncava(fig.3-29,vis­
taântero-superiorinterna).Asuasuperfíciesu­
perior,preenchidadecartilagem,prolongaaca­
vidadeglenóidedorádio(8)paradentro,limita­
daporforapeloprocessoestilóideradial(1),e
searticulacomocôndilocarpeano(13).
Destaforma,oligamentotriangularao
mesmotempoé:
-ummeiodeuniãodaarticulaçãorádio­
ulnarinferior;
-umasupeifíciearticular;acimasearti­
culacomacabeçaulnareabaixocomo
côndilocarpeano.Devemosressaltar
queacabeçaulnarnãosearticulacom
ocôndilocarpeano;
-umseptoentreaarticulaçãorádio-ulnar
inferior(acima)eaarticulaçãorádio­
carpeana(abaixo)(fig.3-30),quesão
anatomicamentediferentes,menosnos
casosemque:
•oligamentotriangular,muitobicônca­
vo,estejaperfuradonoseucentro;
•ainserçãodasuabaseestejaincomple­
ta(figs.3-28e3-29)e.deixeumape­
quenafenda(6),maisfreqüentecoma
idade,oque,paraalgunsautores,seria
aprovadesuaorigematrófica.
Formaumacavidadereceptora(fig.
3-29)
paraacabeçaradialjuntocomacavidadesig­
móidedorádio.Partedestacavidadereceptora
temapropriedadedesedeformar.
Funcionandocomoumautêntico"menisco
suspenso"entreaarticulaçãorádio-cubitalinfe­
riorearádio-carpeana,oligamentotriangular
estásubmetidoaimportantesforças(fig.3-31):
tração(setahorizontal),compressão(setasverti­
cais),movimentodeziguezague(setashorizon­
tais)Freqüentemente,estasforçassecombinam.

Fig.3-28
1.MEMBRO Sl.JPERIOR121
5
Fig.3-29
Fig.3-31
Fig.3-30

122FISIOLOGIAARTICULAR
DINÂMICADAARTICULAÇÃO RÁDIO-ULNAR SUPERIOR
(nasfiguras3-32,3-33,3-34e3-35,afileirasuperior(a)correspondeàsupinação,ainferior(b)àpronação;
osnúmerosdasexplicaçõessãoosmesmos)
omovimentoprincipal(fig.3-32)éum
movimentoderotaçãodacabeçaradial(1),ao
redordoseueixoxx',nointeriordeumanel(2)
osteofibroso,ligamentoanular-pequenacavida­
desigmóide.
Estemovimentoestálimitado(fig.
3-33)pelatensãodoligamentoquadradodeDé­
nucé(3)que,destaforma,atuacomofreio.
Poroutrolado,nãoécilíndrica,masleve­
menteovalada:oseueixomaior(fig.3-34,a),
oblíquodedianteparatrás,mede28mm,em
comparaçãocomos24mmdoeixomenor.Isto
explicaqueoanelqueapertaacabeçaradialnão
podeserósseo,rígido.Estáconstituído,nas
suastrêspartes,peloligamentoanular,flexível,
oquepermitequesedeforme,aomesmotempo
queproporciona
àcabeçaradialumafixação
permanente.
Osmovimentossecundáriossãoquatro:
1)abóbadaradial(1)giraaocontatodo
côndiloumeral(fig.3-36);
2)obiselradial(2)(verpág.92)sedesliza
porbaixodacabeçaconóide(fig.3-36);
3)oeixodacabeçaradialsedeslocapara
foraduranteapronação(fig.3-35).Este
fatosedeve
àforma"ovalada"dacabe­
çaradial:napronação(b)oeixomaior
daabóbadaestátransversal,deslocando
oeixoxx'parafora,aumadistância(e)
igualàmetadedadiferençaentreosdois
eixosdaabóbadaeequivalentea2mm.
Aimportânciadestedeslocamentome­
cânicoéprimordial:permitequeorádio
seafastedaulnanomomentoidealpara
queatuberosidadebicipitalpossapas­
sarpelafossasupinadora(nelaseinse­
reomúsculosupinador).Asetabranca
dafigura3-32,b,indicaestainsinuação
datuberosidadebicipital"entre"orádio
eaulna.
4)oplanodasuperfíciedacabeçaradial
seinclinaparabaixoeparafora,duran­
teapronação(fig.3-37).Istosedeveao
movimentoderotaçãodorádioaoredor
daulnaduranteapronação:
-noiníciodomovimento,emsupina­
ção(a),oeixodiafisáriodorádioé
verticaleparaleloaodaulna;
-nofimdomovimento,empronação
(b),oeixodorádioéoblíquopara
baixoeparadentro:oplanodaabó­
badaradial,queéperpendicularaes­
teeixo,seinclinaparabaixoepara
foraeformaumângulo
(y)como
planohorizontal.
Nestemovimento,oeixodiafisáriodorá­
dio"varre"umaporçãodasuperfíciecônicacu­
joeixo(pontilhadofino)éoeixocomumparaas
duasarticulaçõesrádio-ulnares.
Observamostambémqueaulnavalga(ver
tambémfigo3-26,pág.95)que,emsupinação
aparececlaramente(c),podedesaparecerem
pronação(d)devido
àmudançadeobliqüidade
doeixodiafisáriodorádio:empronação,oeixo
globaldoantebraçoselocalizanoprolonga­
mentodoeixodobraço.

1.MEMBROSUPERIOR123
a
~ b
Fig.3-35
a
Fig.3-34
2
b
b
Fig.3-37
Fig.3-33
X'
Fig.3-32
2

124FISIOLOGIAARTICULAR
DINÂMICADAARTICULAÇÃO RÁDIO-ULNAR INFERIOR
PodemoscomeçarpensandoqueanIna
permanecefixaequesóorádioémóvel.Nes­
tecaso(fig.3-38),oeixodepronação-supina­
çãonamãoselocalizanoníveldoladoulnare
doquintodedo(oeixoestáindicadoporuma
cruzpreta).Istoacontecequandooantebraço,
apoiadosobreumamesa,realizamovimentosde
pronação-supinaçãosemperderocontatocoma
mesa.
Oprincipalmovimento(fig.3-39)éuma
translaçãocircunferencialdaporçãoinferiordo
rádioaoredordaulna.
-supinação:rádioeulnavistosdebaixo
apósablaçãodocarpoedoligamento
triangular.Amplitudede90°.
-pronação:amplitudede85°.
Estemovimentodetranslaçãocircunferen­
cialficaexplícitoquandoorádioécomparadoa
umamanivela(figs.3-40e3-41):atrajetóriade
umramo(ooutropermanecefixo)éumatrans­
laçãocircunferencial:
-odeslocamentocircular(setatracejada,
figo3-40,manivelaemsupinação)em
tornodeumcilindro,quecorresponde
à
cabeçaulnar;
-rotaçãosobresimesma,manifestadape­
lamudançadedireçãodasetabranca
(fig.3-41):oprocessoestilóideradial
"seorienta"paraforaduranteasupina­
çãoeparadentroduranteapronação.
Quandoorádiogiraaoredordaulna,pas­
sandodasupinação
àpronação,acongruência
articular(concordânciageométricadassuperfí­
cies)varia.
Istoédevidoa:
-porumlado,assuperfíciesarticulares
nãosãosuperfíciesderevolução;oseu
raiodecurvavaria:émaiscurtonocen­
troquenasextremidades;
-poroutrolado,oraiodecurvadacavi­
dadesigmóideélevementemaiorqueo
dacabeçaulnar.

SUPINAÇÃO PRONAÇÃO
Fig.3-39
1.1-lEMBROSUPERIOR 125
Fig.3-38
Fig.3-40
I-­
I
Fig.3-41

126FISIOLOGIAARTICULAR
DINÂMICADAARTICULAÇÃO RÁDIO-ULNAR INFERIOR
(continuação)
Portanto,existemposiçõesincongruen­
tes(fig.3-42),emsupinação(B),acabeçaulnar
sóentraemcontatocomacavidadesigmóide
atravésdeumapequenapartedasuasuperfície
eosraiosdecurvasãopoucoconcordantes,daí
vemestaescassacongmência;eemmáxima
pronação(C),estáagravadaporumaverdadeira
subluxaçãoposteriordacabeçaulnar,eumapo­
siçãodemáximacongruênciaque,emgeralse
correspondecomaposiçãointermédiaouposi­
çãozero(nula):amáximaalturadasuperfície
periféricacoincidecomaalturamáximadaca­
vidadesigmóidedemaneiraque,simultanea­
mente,ocontatoentreassuperfíciesémáximo
enquantocoincidamosraiosdacurva.
Duranteosmovimentosdepronação-su­
pinação,oligamentotriangular"varre"literal­
menteasuperfícieinferiordacabeçaulnar(fig.
3-43)comosefosseumlimpadordepára-brisas,
masoqueprovocaadescentralizaçãodoseu
pontodeinserçãoulnaréoqueproporcionaa
notávelvariaçãodoseuestadodetensão:
-atensãoémínimaemmáximassupina­
çãoepronação(BeC);
-pelocontrário,atensãoémáximana
posiçãodemáximacongruência,quese
correspondecomamaioralturadasu­
perfícieperiféricadacabeçaulnar,
porqueoligamento"percorre"ocami­
nhomaislongoentreasuainserçãoeo
contornodacabeça(D).
Demaneiraquepodemosnosreferirauma
posiçãodeestabilidademáximadaarticulação
rádio-ulnarinferior,quesecorresponde,emge­
ral,co~aposiçãointermédiadepronação-supi­
nação.Eoquedenominamos"c1ose-packedpo­
sition"deMacConai11:congmênciamáxima
dassuperfíciesassociadacomtensãoligamentar
máxima.Nestecasonãoéumaposiçãodeblo­
queiointermédio,emborapossamosobservara
distribuiçãodefunçõesentreoligamentotrian­
gulareamembranainteróssea:
-emmáximaspronaçãoesupinação,oli­
gamentotriangularestáestendido,po­
rémamembranainterósseaestátensa.
Observamosqueosligamentosanterior
eposteriordaarticulaçãorádio-ulnarin­
ferior,pequenosespessamentoscapsu­
lares,nãodesempenhamnenhumafun­
çãonemnacoaptação,nemnalimitação
dosmovimentos;
-emposiçãodeestabilidademáxima,
pertodaposiçãointermédia,oligamen­
totriangularestátensoeamembrana
interósseaestádistendida,amenosque
osmúsculosqueseinseremnelaprovo­
quemasuatensãonovamente.
Emresumo,podemosafirmarqueacoapta­
çãodaarticulaçãorádio-ulnarinferiorestáfixa
porduasformaçõesanatômicasdesconhecidas
freqüentementenotratamentodaslesõestrau­
máticasdestazona:amembranainteróssea,cu­
jafunçãoéprimordial,eoligamentotriangular.
Apronaçãoestálimitadapeloimpactode
rádiocontraaulna,daívemaimportânciadale­
veconcavidadedadiáfiseradialparafrente,de
maneiraqueatrasaocontato.
Asupinaçãoestálimitadapeloimpactodo
extremoposteriordacavidadesigmóidecontrao
processoestilóideulnaratravésdotendãodoex­
tensorulnardocarpo.Nenhumligamentopode
deterestemovimentoque,apesardisso,consegue
amortecerotônusdosmúsculospronadores.

A
1.MEMBROSUPERIOR127
B
Fig.3-42
c
B
D
A
Fig.3-43

128FISIOLOGIAARTICULAR
oEIXODEPRONAÇÃO-SUPINAÇÃO
Atéagoratratamosafisiologiadaarticula­
çãorádio-ulnarinferior(RUI)isoladamente,
maséfácilcompreenderqueexisteumparfun­
cionalentreaarticulaçãorádio-ulnarinferiorea
superior,porqueestasduasarticulaçõesestão
mecanicamenteunidasdemaneiraqueumanão
podefuncionarsemaoutra.
Esteparfuncionalseencontraemdoisní­
veis:odoseixoseodacongruência.
Asduasarticulaçõesrádio-ulnaressãoco­
axiais:oseufuncionamentonormalnecessitade
queoeixodeumasejaoprolongamentodoeixo
daoutra(fig.3-44)sobreumamesmaretaXX'
queconstituiacharneiradepronação-supinação
epassapelocentrodascabeçasulnareradial.
Duranteoseumovimentocomrelaçãoàul­
na,aoredordesteeixo,orádiosedeslocasobre
umsegmentodesuperfíciecônica,abertopor
trás,debaseinferiorecujovérticesesituanoní­
veldaarticulaçãocôndilo-radial.
Estandoacabeçaulnarfixa,apronação-su­
pinaçãoserealizaporrotaçãodaepífiseradial
inferioraoredordoeixodaarticulaçãorádio-ul­
narinferiorquetambéméodarádio-ulnarsupe­
rior.Estasituaçãoéaúnicaemqueoeixode
pronação-supinaçãoseconfundecomachernei­
radepronação-supinação.
Asduasarticulaçõesrádio-ulnaressãoco­
axiaisigualàsduasdobradiçasdeumaporta
(fig.3-45):osseuseixosestãosobreumames­
mareta.Nestecasoaportapode-seabrirsemdi­
ficuldade(a).
Quandoestasduasarticulaçõesdeixamde
serco-axiais,devidoaumafraturamalreduzi­
dadeumoudeambososossos,apronação-su­
pinaçãoseencontracomprometidadadoque
nãoexistemduascharneirasparaomesmo
segmentomóvel:éocasodeumaportacujas
dobradiçasdeixamdeestaralinhadasequene­
cessitariasepartiremduasparapoderabrirto­
talmente.
Seapronação-supinaçãoserealizaaore­
dordeumeixoquepassapelacolunadopole­
gar,orádiogiraaoredordoprocessoestilóide
radial(fig.3-46),aoredordeumeixoquenão
éacharneiradapronação-supinação,eaextre­
midadeinferiordaulnasofreurnatranslação
seguindoumsemicírculoqueadeslocapara
baixoeparafora,semdeixardepermanecer
paralelaasimesma.Ocomponentevertical
destemovimentopode-seexplicarporummo­
vimentodeextensãoseguidoporummovi­
mentodeflexãonaarticulaçãoúmero-ulnar.
Comrelaçãoaodeslocamentoparafora,pare­
cedifícil,emvistadasuaamplitude(quase
duasvezesaamplitudedopunho)explicar,co­
mofazemosatéagora,porummovimentode
lateralidadenumaarticulaçãotrocleartãofe­
chadaquantoadaúmero-ulnar.M.C.Dbjay
propôsrecentementeumaexplicaçãomaisme­
cânicaesatisfatória:arotaçãoexternaasso­
ciadacomoúmerosobreoseueixolongitudi­
nal(fig.3-47)queprovocaodeslocamentoex­
ternodacabeçaulnar(A)enquantoorádiogi­
rasobresimesmo(B).

1.MEMBRO SUPERIOR 129
Fig.3-46
B
Fig.3-45
A
Fig.3-44

130FISIOLOGIAARTICULAR
oEIXODEPRONAÇÃO-SUPINAÇÃO
(continuação)
Paraconfirmarestahipóteseseriamneces­
sáriasradiografiasprecisasouregistroseletro­
miográficosdosrotadores,paraserobjetivos,
demonstrandoqueasuaamplitudeéde5°a20°.
Seaexperiênciaaconfirmasse,estahipóteseso­
menteseriaválidanocasodapronação-supina­
çãocomocotoveloflexionadoemumângulo
reto,quandoalcançaasuaamplitudemáxima
(supinaçãode90°epronaçãode80-85°).Como
cotoveloemextensãototal,aulnaestáimobili­
zadadevidoaoencaixedoolécranonasuafossa
eseocotoveloforimobilizadocomfirmezapo­
demoscomprovarqueapronaçãoéquasenula,
enquantoasupinaçãosemantémintataemtoda
asuaamplitude.Apronaçãoperdidaécompen­
sadaporumarotaçãointernadoúmero.Nocur­
sodaextensãodocotoveloexistiriaum"ponto
detransição"noqualarotaçãoassociadacomo
úmeroserianula.
Quepodemosdizersobrealimitaçãoda
pronaçãoem45°comocotovelocompletamen­
tetlexionado?Parecequeoúmeronãopodegi­
rarsobreoseueixolongitudinal,demaneiraque
énecessárioumdeslocamentoparaforadaca­
beçaulnarmedianteummovimentodelaterali­
dadeexternanatróc1eadocotovelo.
Entreosdoiscasosextremos,emqueoei­
xodepronação-supinaçãopassapeloladoulnar
oupeloladoradialdopunho,apronação-supi­
naçãonormalbaseadanapreensãotridigital
(fig.3-48)serealizaaoredordeumeixointer­
mediárioquepassapelaepífiseinferiordorádio,
pertodacavidadesigmóide(fig.3-49):orádio
girasobresimesmoaproximadamente180°ea
ulnadesloca,semnenhumarotação,poruma
trajetóriaemarcodecírculodeigualcentro,in­
tegrandoumcomponentedeextensãoEeum
componentedelateralidadeexternaL.
Oeixodepronação-supinaçãoZZ',sem
materializar,énaverdadetotalmentediferente
dacharneiradepronação-supinação(fig.3-50)
que,deslocadodeXX'paraYY'pelacabeçaul­
nardescreveumsegmentodesuperfíciecônica
cujacavidadeestá"orientada"parafrente.
Definitivamente,nãoexisteumapronação­
supinação,masváriaspronações-supinações,
dasquaisamaiscomumserealizasobreumei­
xoquepassapelorádioeaoredordoqual"gi­
ram"osdoisossos.Oeixodepronação-supina­
ção,geralmentediferentedacharneiradepro­
nação-supinação,éumeixosemmaterializar,
variáveleevolutivo.
Ofatodequeesteeixodepronação-supina­
çãoestejasemmaterializarenãoestejafixonão
significadejeitonenhumquenãoexista;neste
casotambémnãoexistiriaoeixoderotaçãoda
Terra.Ofatodequeapronação-supinaçãoseja
umarotaçãopermitededuzirexatamentequeo
eixodepronação-supinaçãoexiste,realembora
imaterial,equeseconfundecomachameirade
pronação-supinaçãoexcepcionalmente,masa
suaposiçãocomrelaçãoaoesqueletodepende
tantodotipodepronação~supinaçãoquantodo
seuestadoemcadainstante.

Fig.3-48
L
~111111111111111111111111111111l~
i 1
I I
I ,
I
I
I
I
I
Fig.3-49
1.MEMBRO SUPERIOR 131
s
Y' Z''f p
Fig.3-50

132FISIOLOGIAARTICULAR
ASDUASARTICULAÇÕES RÁDIO-ULNAR SÃOCO-CONGRUENTES
oparfuncionaldasarticulaçõesrádio-ul­
narsedestacapelasuacongruênciasimultânea:
aposiçãodeestabilidademáximadaarticulação
rádio-ulnarinferior(RUI)eadaarticulaçãorá­
dio-ulnarsuperior(RUS)seconseguecomo
mesmograudepronação-supinação(fig.3-51).
Ouseja,quandoacabeçadaulnasesituanasua
alturamáxima(h)naéavidadesigmóidedorá­
dio,ocontornodacabeçaradialtambémalcan­
çaasuaalturamáxima(y)napequenacavidade
sigmóidedaulna.Oplanodesimetriadacavi­
dadesigmóidedorádio(s)eodacabeçaradial
(T),quepassampelopontodemaioralturado
contorno,formamumângulodiedroparadentro
eparafrenteouumângulodetorçãodorádio
igualaoângulodetorçãodaulnadeterminado
damesmamaneirapeloplanodesimetriadaca­
beçaulnar(passandopelopontodemaioraltura
docontorno)epelodapequenacavidadesig­
móidedaulna.
Porém,esteângulovariadependendode
cadapessoa(fig.3-52).Paraseconvencerésu­
ficienteobservarumaulna"emescapada"pela
suaextremidadeinferior.
Dependendodaposiçãodoestilóideulnare
dopontodemáximaalturanocontornodacabe­
ça,podemaparecertrêscasos:
a)oprocessoestilóideestásituadoexata­
menteportrás:oplanodesimetria(S)
dacabeçaulnarcoincidecomoplanosa­
gital(F),quecontémacristarombada
grandecavidadesigmóide.Nãoexiste
nem"avanço"nem"atraso"paraapro-
naçãoeaposiçãodeestabilidademáxi­
macoincidecomaposiçãointermédia
depronação-supinação;
b)oprocessoestilóideestásituadoportrás
elevementeparadentro:oplanodesi­
metriadacabeçaulnar(S)formaumân­
guloabertoparafrenteeparaforade20°
comoplanosagital(F).Seavaliaem
-20°esedizqueexisteum"atrasode
20°dapronação".Aposiçãodeestabili­
dademáximanãocoincidecomaposi­
çãointermédia.Estáemsupinaçãode
20°demaneiraqueapronaçãocompleta
émenosamplaquenocasoanterior;
c)oprocessoestilóideestásituadoportrás
elevementeparafora:destavezexiste
umângulode"avançodapronação",
porexemplode15°,avaliado+15°,ea
posiçãodeestabilidademáximaéade
15°depronação,eaamplitudedapro­
naçãomáximaémaiorquenosdoisca­
sosanteriores.
Paracadaumdostrêscasosexisteumân­
gulodiferentedetorçãodaulna,sendomais
agudoquantomaisacentuadosejao"avançoda
pronação".Emboraemtodososcasosoângulo
detorçãodaulna(u)sejaigualaoângulodetor­
çãodorádio(r),oquedeterminaacongruência
simultâneadasduasarticulaçõesrádio-ulnares.
Umestudoestatísticosobrenumerososca­
sospermitiria,semdúvida,conhecerasvaria­
çõeseasdistribuiçõesdosângulos.

B
B
t)
A
Fig.3-51
SnF
A
Fig.3-52
1.MEMBRO SUPERIOR 133
Fn+150
c

134FISIOLOGIAARTICULAR
OSMOTORES DAPRONAÇÃO-SUPINAÇÃO: OSMÚSCULOS
Parapodercompreenderaformadeatuar
dosmúsculosrotadoresdevemosanalisar,desde
umpontodevistamecânico,a
formadorádio
(fig.3-53).
Esteossoestáconstituídoportrêssegmen­
toscujauniãorepresenta,demaneiraaproxima­
da,uma
manivela.
-ocolo(segmentosuperior,oblíquopara
baixoeparadentro)formacomoseg­
mentomédio(porçãomédiadadiáfise,
oblíquaparabaixoeparafora)umângu­
loobtusoabertoparafora,cujovértice
(seta1)estáocupadopelatuberosidade
bicipital,inserçãodobíceps.Estesdois
segmentosdescrevem,emconjunto,a
"curvasupinadora" dorádio;
-osegmentomédioconstitui,comoseg­
mentoinferior(oblíquoparabaixoepa­
radentro),umânguloobtusoabertopa­
radentro,cujovértice(seta2)
éoponto
deinserçãodopronadorredondo.Am­
bosossegmentosdescrevem,emcon­
junto,a
"curvapronadora" dorádio.
Éprecisoressaltarquea"manivelaradial"
é
oblíquacomrespeitoaoseueixo(esquemape­
queno):defato,esteeixoxx',queéoeixode
pronação-supinação,passapelosextremosdos
ramosenãopelosprópriosramos.Demaneira
queosvérticesdasduascurvasselocalizama
umladoeaoutrodoeixo.
Oeixoxx'écomumparaasduasarticula­
çõesrádio-ulnares;
estacoincidênciadosdoisei­
xoséindispensável
parapoderrealizaraprona­
ção-supinação.Istorequerqueosdoisossoses­
tejamíntegros,semfraturas,sejaemconjuntoou
emseparado.
Existemduasformasdemoveressamani­
vela(fig.3-54):
-"desenrolar"umtracionadorenroladoem
umdosramos(seta1);
~puxardovérticedeumadascurvas(seta
2).
Estaéaformadeatuardosmúsculosprona­
dores-supinadores.
Osmúsculospronadores-supinadoressão
quatro,associadosdedoisemdois.Paracadaum
dosmovimentosexistem:
,-ummúsculocurtoeplano,cujaaçãoéa
de"desenrolar"(verseta1);
-ummúsculolongoqueseinserenovérti­
cedeumacurva(verseta2).
Músculosmotoresdasupinação (figs.
3-55e3-56;secções,ladodireito,vistadofrag­
mentoinferior).Sãoosseguintes:
1)
osupinador(1),enroladoemtomodoco­
lodorádio(fig.3-56,a):atuaao"desenro­
lar-se";
2)o
bíceps(2),queseinsereno vérticeda
curvasupinadora
noníveldatuberosidade
bicipital(fig.3-56,b):atuaportraçãoe
mostraasuamáximaeficáciaquandooco­
toveloestáemftexãode
900•Eomúsculo
maispotentedetodososqueintervêmna
pronação-supinação,oqueexplicaquese
enrolecomoumparafuso"supinando",
comocotoveloftexionado.
Músculosmotoresdapronação (figs.
3-57e3-58).Sãoosseguintes:
1)
opronadorquadrado (1),enroladoaore­
dordaextremidadeinferiordaulna:atua
"desenrolando"aulnacomrelaçãoaorá­
dio(fig.3-58,vistainferior,ladodireito);
2)opronadorredondo (2),queseinsereno
vérticedacurvapronadora,atuaportra­
ção,masoseumomentodeação
éfraco,
especialmentecomocotoveloemexten­
são.
Os
músculospronadoressãomenospotentes
queossupinadores:
natentativadedesaparafusar
umparafusobloqueado,
énecessáriaaajudada
pronaçãoobtidamedianteaabduçãodoombro.
Apesardoseunome,obraquiorradialnãoé
supinador,masftexordocotovelo.Nãoésupina­
dorinclusivenaposiçãozero,anãoserapartirda
pronaçãocompleta.Paradoxalmente,apartirda
supinaçãocompleta,épronadoratéaposiçãozero.
Existesomenteumnervoparaapronação:o
mediano.Doisnervosparaasupinação:oradialé
omúsculo-cutâneo(nocasodobíceps).

Fig.3-54 Fig.3-56
1.tvfEMBROSUPERIOR 135
Fig.3-57
Fig.3-58

136FISIOLOGIAARTICULAR
ASALTERAÇÕES MECÂNICAS DAPRONAÇÃO-SUPINAÇÃO
Fraturasdosdois ossosdoantebraço(figs.
3-59e3-60,segundoMerleD'Aubigne).
Odeslocamentodosfragmentosédiferente
dependendodalocalizaçãodaslinhasdefratura;
estácondicionadopelasaçõesmusculares.
1)sealinhadefraturaradialselocaliza
noterçosuperior(fig.3-59),separa
fragmentossobreosqueatuammúscu­
loscomamesmafunção:supinadoresno
fragmentosuperior,pronadoresnofrag­
mentoinferior.Nestecaso,odesloca­
mento(rotaçãodosfragmentosumcom
relaçãoaooutro)serámáximo:ofrag­
mentosuperiorestaráempronaçãomá­
ximaeoinferioremsupinaçãomáxima;
2)sealinhadefraturaradialselocalizana
porçãomédia(fig.3-60),odeslocamento
seránormal.Defato:
-apronaçãodofragmentoinferioré
realizadaexclusivamentepeloprona­
dorquadrado;
-asupinaçãodofragmentosuperioré
moderadapelopronadorredondo.
Odeslocamentoficareduzidopelame­
tade.
Areduçãodevecorrigirodesvioangulare
tambémrestabelecerascurvasdeambososossos,
principalmentedorádio:
-curvanoplanosagital,deconcavidade
anterior.Sedesapareceouficainvertida,a
pronaçãoémenosampla;
~curvasnoplanofrontal,napráticaa
CUI­
vapronadora,semaqualapronaçãofi­
calimitadapelaineficáciadopronador
redondo.
Luxaçõesdasarticulaçõesrádio-ulnares
1)luxaçãodaarticulaçãorádio-ulnarinferior
Podeocorrerdeformaisoladaouassocia­
dacomumafraturadadiáfiseradial.O
seutratamentoécomplicado
epodepro­
vocararessecçãodacabeçaulnar(opera­
çãodeDarrach)ouasuareposição.
Somentepodemosreporefixarcompara­
fusoseprovocamosumapseudo-artrose
intencionadaporressecçãosegmentária
daulna,pelapartedecima(fig.3-61)
(operaçãodeM.KapandjieSauvé);
2)luxaçãodacabeçaradial
Associa-secomfreqüência(fig.3-62)a
umafraturaporimpactodireto(setabran­
ca)daulna(fraturadeMonteggia).Alu­
xaçãodacabeçaradialparacima(seta
preta)seproduzquandoobícepssecon­
trai(setatracejada):pararealizaraopo­
nênciadestaaçãoluxantedobíceps,éne­
cessárioreconstruircirurgicamenteumli­
gamentoanular.
Fraturasdaporçãoinferiordorádio
Duranteasfraturasdaporçãoinferiordorá­
dio(fig.3-63),abasculaçãoexternadaepífisera­
dial(A)provocaumaincongruênciadaarticula­
çãorádio-ulnarinferioreumatensãoexagerada
doligamentotriangular.Senãoreduzimosodes­
locamentocomprecisãoeseaconsolidaçãose
realizacomumcalovicioso,apronação-supina­
çãopodeestargravementealterada.
Quandootraumatismoésuficientementein­
tensoparaarrancaroligamentotriangular,fato
queobservamosemradiografias,oresultadoéo
mesmo.
Emalgunscasos(B),oligamentotriangular
arrancaasuainserçãointerna,istoé,aestilóidera­
dial(fraturadeGerard-Marchant).Istoprovoca
duasconseqüências:
-umaluxaçãodaarticulaçãorádio-ulnar
inferiorcomdiástase,limitadaunicamen­
tepelamembranainteróssea;
-umaentorsegravedoligamentolateral
internodaarticulaçãorádio-carpeana.
Abasculaçãoposteriordasfraturasdaporção
inferiordorádio(fig.3-64)tambémprejudicaa
pronação-supinação:
a)emestadonormaloseixosdassuperfícies
radialeulnarseconfundem;
b)quandoofragmentoepifisárioinferiordo
rádiorealizaabasculaçãoparatrás,oeixo
dasuperfícieradialformacomodasuper­
fícieulnarumânguloabertoparabaixoe
paratrás:acongruênciadassuperfíciesar­
ticularesdesaparece.

Fig.3-61
Fig.3-62
Fig.3-63
p
.•..••..•"1
I
,
f
I
I
I
I
I
I
I
s
Fig.3-59

138FISIOLOGIAARTICULAR
COMPENSAÇÕES EPOSIÇÃOFUNCIONAL
"Asupinaçãoserealizacomoantebra­
ço"(fig.3-65)
Defato,comoaposiçãonormaldomembro
superioréaolongodocorpocomocotovelofle­
xionado,nãoexisteoutrapossibilidadedereali­
zarasupinaçãosenãofornasarticulaçõesrádio­
ulnaresexclusivamente:verdadeirasupinação.
.Éomovimentoqueserealizaquandoabri­
mosumafechaduracomchave.
Ofatodequeoombronãointervémnasupi­
naçãoexplicaadificuldadeparacompensarapara­
lisiadasupinação.Contudo,istoseatenuaporque
aparalisiacompletadasupinaçãoérara,porqueo
bícepspossuiumainervaçãodiferente(nervomús­
culo-cutâneo)dadosupinador(nervoradial).
"Apronaçãoserealizacomoombro"
(fig.3-66)
Porém,nocasodapronação,aaçãodos
músculospronadorespurospode-seampliar
comrelativafacilidadeoupode-secompensar
comumaabduçãodoombro.
ÉOmovimento
realizadoparaviraroconteúdodeumapanela.
Posiçãofuncional
Estaposiçãosesituaentre:
-aposiçãointermédia(fig.3-67)utilizada,
porexemplo,parasegurarummartelo;
-eaposiçãodesemi-pronação(figs.3-68
e3-69):segurarumacolherouescre­
ver.
Aposiçãofuncionalcorrespondeaumes­
tadodeequilíbrionaturalentreosgrupos
muscularesantagonistase,portanto,comomí­
nimogastomuscularpossível.
Omovimentodepronação-supinaçãoé
im­
prescindívelparalevarosalimentos àboca.De
fato,quandopegamosumalimentodeumplano
horizontal(umamesaouochão),amãorealizaa
suaaproximaçãoempronação,parapegaroob­
jetoporcimaeocotoveloseestende.Paralevar
oalimentoatéabocaénecessárioflexionaroco­
toveloaomesmotempoqueseapresentaoali­
mentorealizandoummovimentodesupinaçâo.
Énecessáriofazerduasadvertências:
-asupinação"poupa"aflexãodoco­
tovelo:sefossenecessáriolevaro
mesmoobjetoatéabocamantendo
umaatitudedepronação,pararealizar
estegestoprecisamosdeumamaior
flexãodocotovelo;
-obíceps
éomúsculoquemelhorse
adaptaaestemovimento"alimen­
tar",jáqueéflexordocotoveloesu­
pinador.

1.MEMBRO SUPERIOR 139
Fig.3-68
~.
Fig.3-69
Fig.3-66
Fig.3-67

140FISIOLOGIAARTICULAR
SIGNIFICADO
opunho,articulaçãodistaldomembrosu­
perior,permitequeamão-segmentorealiza­
dor-secoloquenumaposiçãoótimaparaa
preensão.
Defato,ocomplexoarticulardopunho
possuidoisgrausdeliberdade.Comaprona­
ção-supinação,rotaçãodoantebraçosobreoseu
eixolongitudinal,amãopode-seorientarem
qualquerânguloparapegarousegurarumob­
jeto.
Ocomplexoarticulardopunhocompreen­
deduasarticulações:
-arádio-carpeana,quearticulaaglenóide
antebraquialcomocôndilocarpeano;
-amédio-carpeana,quearticulaentreelas
asduasfileirasdosossosdocarpo.

1.MEMBROSUPERIOR141

142FISIOLOGIAARTICULAR
DEFINIÇÃODOSMOVIMENTOS DOPUNHO
Osmovimentosdopunho(fig.4-1)serea­
lizamemtornodedoiseixos,comamãoempo­
siçãoanatômica,istoé,emmáximasupinação:
-.-umeixoAA',transversal,quepertence
aoplanofrontal(tracejadovertical).Es-
teeixocondicionaosmovimentosde
ftexão-extensãoqueserealizamnopla­
nosagital(tracejadohorizontal):
•flexão(seta1):asuperfícieanteriorou
palmardamãoseaproximadasuper­
fícieanteriordoantebraço;
•extensão(seta2):asuperfícieposte­
rioroudorsaldamãoseaproximada
superfícieposteriordoantebraço.
É
preferívelnãoutilizarostermosfte­
xãodorsale,commaiormotivo,fte­
xãopalmar,portratar-sedeumatau­
tologia.
-umeixoBB',ântero-posteriorqueper­
tenceaoplanosagital(tracejadohori­
zontal).Esteeixocondicionaosmovi­
mentosdeadução-abduçãoquesereali­
zamnoplanofrontal(tracejadoverti­
cal):
•aduçãooudesvioulnar(seta3):amão
seaproximadoeixodocorpoeoseu
ladointerno-ouladoulnar(dodedo
mínimo)-,forma,comoladointerno
doantebraço,umânguloobtusoaber­
toparadentro;
•abduçãooudesvioradial(seta4):a
mãoseafastadoeixodocorpoeoseu
ladoexterno-ouladoradial(dopo~
legar)-,forma,comoladoexterno
doantebraço,umânguloobtusoaber­
toparafora.

1.MEMBROSUPERIOR143
f\g.4-"\
----------
\-- _--.-- ~._---~-~------------~-

144FISIOLOGIAARTICULAR
AMPLITUDE DOSMOVIMENTOS DOPUNHO
I
Movimentodeabdução-adução(fig.4-2)
Aamplitudedosmovimentosémedidaa
partirdaposiçãodereferência(a):oeixoda
mão,representadopeloterceirometacarpeanoe
terceirodedo,selocalizanoprolongamentodo
eixodoantebraço.
Aamplitudedomovimentodeabduçãoou
desvioradial(b)nãoexcedeos
150•
Aamplitudedeaduçãooudesvioulnar(c)
éde
450,quandomedimosoângulonalinhaque
uneocentrodopunhocomaporçãodistaldo
terceirodedo(linhatracejada).
Contudo,estaamplitudeédiferentedepen­
dendodoqueconsideramos:
-oeixodamão:emcujocasoéde
300;
-oeixododedomédio:emcujocasoéde
550•
Istosedeveaqueaaduçãodamãoseasso­
ciacomaaduçãodosdedos.
Todavia,naprática,podemosconsiderar
queaamplitudedaaduçãoéde
450•
Devemosressaltarváriosfatos:
-odesvioulnarédeduasatrêsvezesmais
amplodoqueodesvioradial;
-odesvioulnarémaisamploemsupina­
çãoqueempronação(SterlingBunnel),
quandonãoultrapassaos
25-300;
-emgeral,aamplitudedosmovimentos
deadução-abdução
émínimaemflexão
forçadaouemextensãodopunho,posi­
çõesnasquaisosligamentosdocarpo
estãotensos.
Émáximanaposiçãode
referênciaouemleveflexão,porqueos
ligamentossedistendem.
Movimentosdeflexão-extensão(fig.4-3)
Aamplitudedosmovimentosémedidaa
partirdaposiçãodereferência(a):punho
alinhado,superfíciedorsaldamãonopro­
longamentodasuperfícieposteriordoante­
braço.
Aamplitudedaflexão(b)éde
850,istoé,
quenãoalcançaos
900•
Aamplitudedaextensão(c),incorreta­
mentedenominada"flexãodorsal",tambémé
de
850,demodoquetambémnãoalcançaos
900•
Comonocasodosmovimentoslaterais,a
amplitudedosmovimentosdependedograude
distensãodosligamentosdocarpo:
-aflexão-extensãoémáximaquandoa
mãonãoseencontranememabdução
nememadução;
--aflexão-extensãoédemenoramplitude
quandoopunhoestáempronação.

b
a
Fig.4-2
1.MEMBRO SUPERIOR 145
c
b a
Fig.4-3
c

146FISIOLOGIAARTICULAR
oMOVIMENTO DECIRCUNDUÇÃO
omovimentodecircunduçãosedefineco­
moa
combinaçãodosmovimentosdeflexão-ex­
tensãocom
osmovimentosdeadução-abdução.
Então,éummovimentoqueserealiza,si­
multaneamente,comrelaçãoaosdoiseixosdaar­
ticulaçãodopunho.
Quandoomovimentodecircunduçãoalcan­
çaasuamáximaamplitude,oeixodamãodes­
creveumasuperfíciecônicanoespaço,denomi­
nada
"conedecircundução" (fig.4-4).
EsteconetemumvérticeO,localizadono
"centro"dopunho,eumabase,representadana
figurapelospontosF,R,E,C,quedescrevema
trajetóriaquesegueapontadodedomédioduran­
teomovimentodemáximacircundução.
Alémdisso,ocitadoconenãoéregular,a
suabasenãoécircular.Istosedeveaqueaam­
plitudedosdiferentesmovimentoselementares
nãoésimétricacomrelaçãoaoprolongamentodo
eixodoantebraço
00'.
Sendoaamplitudemáximanoplanosagita!
FOEemínimanoplanofrontalROC,oconeé
achatadonosentidotransversal
epodemoscom­
pararasuabasecomumaelipse
(fig.4-5,c)com
umeixomaiorântero-posteriorFE.
Inclusiveestádeformadapelaparteinterna
C,devidoàmaioramplitudedodesvioulnar.Por
conseguinte,o
eixodoconedecircundução OA
nãoseconfundecom
00',masqueseencontra
emdesvioulnarde15°.Poroutrolado,aposição
damãoemaduçãode15°corresponde
àposição
deequilíbrioentreosmúsculosquedirigemo
desvio.
ÉumelementodaposiçãofuncionaL
Afigura4-5mostraapartedabasedoco­
nedecircundução(c):
-ocortedoconepeloplanofrontal(a)
comaposiçãodeabduçãoR-aduçãoC
eoeixodoconedecircunduçãoOA;
-ocortedoconepeloplanosagital(b)
comaposiçãodeflexãoFeaposição
deextensãoE.
Aamplitudedosmovimentosdopunhoé
menorempronaçãodoqueemsupinação,de
modoqueoconedecircunduçãoémenos
"aberto"empronação.
Contudo,
graçasaosmovimentosasso­
ciadosdepronação-supinação,
oachatamento
doconedecircunduçãopode-secompensarde
certomodo,eo
eixodamãopodeocuparto­
dasasposições
nointeriordeumconecujo
ângulodeaberturaéde160a170°.
Alémdisso,comoemtodasasarticula­
çõescomdoiseixosedoisgrausdeliberdade,
domesmomodoquevamosexpormaisadian­
teaofalardaarticulaçãotrapézio-metacarpea­
na,ummovimentosimultâneoousucessivo
emtornodedoiseixosocasionauma
rotação
automática
ouinclusiveuma rotaçãoconjunta
(MacConaill)emtornodoeixolongitudinal
dosegmentomóvel,amão,queorientaapal­
maemdireçãooblíquacomrelaçãoaoplano
dasuperfícieanteriordoantebraço.Istonão
estáclaro,salvonasposiçõesdeextensão-adu­
çãoedeflexão-adução,emboranãotenhaa
mesmaimportânciafuncionalquenocasodo
polegar.

r
R
o
a
/

/O'
c
R
E
Fig.4-5
1.MEMBRO SUPERIOR 147
Fig.4-4
E
E

148FISIOLOGIAARTICULAR
oCOMPLEXO ARTICULAR DOPUNHO
ocomplexoarticulardopunho(fig.4-6)
inclui
duasarticulações:
1)aarticulaçãorádio-carpeana entrea
porçãoinferiordorádioeosossosdafi­
leirasuperiordocarpo;
2)
aarticulaçãomédio-carpeana entrea
fileirasuperioreafileirainferiordo
carpo.
Aarticulaçãorádio-carpeana
Aarticulaçãorádio-carpeanaéuma articu­
laçãocondilar
(fig.4-7):asuperfíciedocôndi­
10carpeano,consideradacomoumbloco,apre­
senta
duascurvasconvexas:
-uma curvatransversal (seta1),deraio
RecujoeixoBB'éântero-posterior:es­
tacurvasecorrespondecomosmovi­
mentosde
adução-abdução;
-uma curvaântero-posterior (seta2),
deraior(menorqueR)ecujoeixoAA'
étransversal:estacurvasecorresponde
comosmovimentosde
flexão-extensão.
Noesqueleto:
-eixoAA'def1exão-extensãopassa
pela
interlinhasemilunar-ossocapitato;
-eixoBB'deadução-abduçãopassa pela
cabeçadoossocapitato,
pertodesua
superfíciearticular.
Osligamentosdaarticulaçãorádio-car­
peana
seorganizamem doissistemas:
Osligamentoslaterais
(fig.4-8):
1)oligamentolateral
externo,queseesten­
dedoprocessoestilóideradialatéoesca­
fóide;
2)oligamentolateral
interno,queseesten­
dedoprocessoestilóideulnaraopirami­
daleaopisiforme.
Ainserçãoinferiordestesdoisligamentos
selocaliza,aproximadamente,nopontode"iní­
cio"doeixoAA'deflexão-extensão.
Osligamentosanterioreposterior (fig.
4-11,vistaexternaesquemática)queserãoestu­
dadoscomdetalhemaisadiante:
3)oligamento
anterior(oumelhor,sistema
ligamentaranterior)seinserenoladoan­
teriordaglenóideradialedocolodoosso
capitato;
4)oligamento(oucomplexoligamentar)
posterior,quetambémconstituiumafaixa
posterior.
Osdoisligamentosanterioreposteriorsefi­
xamnocarponospontosde"início"doeixoBB'
deabdução-adução.
Sempreconsiderando,numaprimeiraapro­
ximação,queocarpoconstituiumblocoúnico,o
queestálongedeserverdadecomoveremosmais
adiante,a
entradaemaçãodosligamentosda
rádio-carpeana
sedecompõedaseguintemanei­
ra:
-nos
movimentosdeadução-abdução
(figs.4-8,4-9e4-10,vistasanteriores),
sãoosligamentosanteriores osquetra­
balham.
Partindodaposiçãoderepouso
(fig.4-8),podemosobservarque:
-duranteaadução(fig.4-9),oliga­
mentoexternoestátensoeointerno
estádistendido;
-duranteaabdução(fig.
4-10),sepro­
duzofenômenoinverso.
Oligamentoanterior,fixopertodocentrode
rotação,participapouco.
Nos
movimentosdeflexão-extensão (figs.
4-11,4-12e4-13,vistaslaterais),são,
principal­
mente
osligamentosanterior eposteriorosque
maistrabalham.
Partindodaposiçãoderepouso
(fig.4-11),podemosobservarque:
-oligamentoposteriorestátensodurantea
f1exão(fig.4-12);
-oligamentoanteriorestátensodurantea
extensão(fig.4-13).
Osligamentoslateraisparticipampouco.

A
Fig.4-7
A'
Fig.4-9
I
Fig.4-13
Fig.4-11
4~4J.·L3
....-
....-....=
Fig.4-12

150FISIOLOGIAARTICULAR
ASARTICULAÇÕES RÁDIO-CARPEANAS EMÉDIO-CARPEANAS
Assuperfíciesarticularesdarádio-carpeana
são(figs.4-14e4-15):ocôndilocarpeanoeagle­
nóideantebraquial.
Navistaanteriordocarpo(fig.4-15),pode­
mosobservarcomoocôndilocarpeanoéformado
pelajustaposiçãodasuperfíciesuperiordostrêsos­
sosdafileirasuperiorquesão,deforaparadentro:
--oescafóide(1),osemilunar(2),opirami­
dal(3),unidosentresipelosligamentos
escafo-Iunar(el)epiramido-Iunar(pl).
Observarqueopisiforme(4)nãoparticipada
formaçãodocôndilocarpeano,ecommaisrazão
osossosdafileirainferior,otrapézio(5),otrape­
zóide(6),ocapitatoougrande(7)eohamatoou
ganchoso(8),unidosentresipelostrêsligamentos
trapézio-trapezóideo(tt),trapézio-ossocapitato
(toc)ehamato-ossocapitato(hoc).
Asuperfíciesuperiordoescafóide,dosemilu­
naredopiramidaltemumacamadadecartilagem,
igualaosligamentosqueunemestestrêsossosen­
tresi,formandoumasuperfíciecontínua.
Numavistadaarticulaçãoaberta(fig.4-14,se­
gundoTestut),podemosobservar,alémdocôndilo
carpeanocomassuperfíciesarticularesdoescafóide
(1),dosemilunar(2)edopiramidal(3),asuperfície
côncavadaglenóideantebraquialconstituídapor:
-porçãoinferiordorádio(9),porfora,cu­
jasuperfícieinferior,côncavaecoberta
comcartilagemficadivididaporumacris­
tarombaemduassuperfíciesarticulares
quesecorrespondemaproximadamente
comoescafóide(10)eosemilunar(11);
-superfícieinferiordoligamentotriangular
(12),côncavoecobertocomcartilagem,o
seuvérticeseinserenoprocessoestilóide
ulnar(13);acabeçaulnar(14)oultrapas­
salevementepelafrenteeportrás;algu­
masvezes,asuabasenãoseinseretotal­
mente,provocandooaparecimentode
umapequenafenda(15)quecomunicaa
rádio-carpeanacomarádio-ulnarinferior.
Acápsula(16),desenhadaintatanasuaparte
posterior,uneocôndilocomaglenóide.Amédio­
carpeana(fig.4-16,segundoTestut:representada
,abertaporsuasuperfícieposterior),situadaentre
asduasfileirasdoossosdocarpo,compreende:
-asuperfíciesuperior,emvistapóstero­
inferior.Estáconstituídadeforaparaden­
tropor:
•escafóide,com:duassuperfíciesarticu­
laresinferiores,levementeconvexas,
uma(1)paraotrapézio,outra(2),por
dentro,paraotrapezóide;umasuperfície
articularinterna(3),deconcavidade
acentuada,paraoossocapitato;
•superfíciearticularinferiordosemillllzar
(4),côncavaabaixo,quesearticulacom
acabeçadoossocapitato;
•superfíciearticularinferiordopiramidal
(5),côncavaabaixoeparafora,quese
articulacomasuperfíciesuperiordoos­
sohamato.
Opisiforme,articuladosobreasuperfíciean­
teriordopiramidal,nãoparticipanaformaçãoda
interlinhamédio-carpeana.
-asuperfícieinferior,emvistapóstero-su­
perior.Estáconstituídadeforaparadentro
por:
•superfíciearticularsuperiordotrapé:.:io
(6)edotrapezóide(7);
•cabeçadoossocapitato(8),quesearti­
culacomoescafóideeoossocapitato;
•superfíciesuperiordoossohamato(9),sua
maiorpartesearticulacomopiramidaLe
umapequenasuperfíciearticular(I
O)que
entraemcontatocomosemilunar.
Considerandoquecadaumadasfileirasdo
carpoformamumbloco,podemoscomprovarque
ainterlinhamédio-carpeanaestáconstituídapor
duaspartes:
-umaparteexterna,formadaporsuperfí­
ciesarticularesplanas(trapézioetrape­
zóidesobreabasedoescafóide),articula­
çãotipoartródia;
-umaparteinterna,constituídapelasuper­
fícieconvexa,emtodosossentidos,daca­
beçadoossocapitatoedoossohamato,que
seencaixanasuperfíciecôncavadostrês
ossosdafileirasuperior:éumaarticulação
condilar.
Osmovimentosnumaarticulaçãodestetipo
estãocondicionadospelamaioroumenorelastici­
dadedosligamentosquepermiteumdeterminado
'jogo"mecânico.Sãoosmovimentosdeflexão-ex­
tensão,dedesviolateralederotaçãoemtomodo
eixolongitudinal.Maisadiantepoderemosestudá­
losmaisdetalhadamente.

Fig.4-14
Fig.4-16
.10
I
Fig.4-15
14
1.MEMBROSUPERIOR151

152FISIOLOGIAARTICULAR
OSLIGAMENTOS DAARTICULAÇÃO RÁDIO-CARPEANA
EDAMÉDIO-CARPEANA
UsamoscomoreferênciaaN.Kuhlmann(1978)pa­
raressaltaroselementosnovosnadescriçãodosligamen­
tosdaarticulaçãorádio-carpeanaedamédio-carpeana.
Comopoderemosvermaisadiante,esteconceitomoder­
nodoaparelholigamentarpenniteexplicarmuitomelhor
opapelquedesempenhanaestabilidadedocarpae,na
verdade,nasuaadaptaçãoàsalteraçõesquederivamdos
movimentosdopunho.
Emvistaanterior(fig.4-17),sedistinguem:
-osdoisligamentoslateraisdarádio-carpeana:
•oligamentolateralinterno,queseoriginano
processoestilóideulnareseentrelaçacoma
inserçãodotriangular(1),noníveldeseuvér­
tice.Aseguir,sedividenumfascículoposte­
riorestilopiramidal(2)eumfascículoante­
riorestilo-pisiforme(3);
•oligamentolateralexterno,tambémconstituí­
dopordoisfascículosqueseoriginamnopro­
cessoestilóideradial:umfascículoposterior
(4),queseexpandedovérticedoprocessoesti­
lóideatéasuperfícieextemadoescafóidepara
inserir-seporbaixodasuperfíciearticularsupe­
rior,eumfascículoanterior(5),muitoespesso
eresistentequeseestendedoladoanteriordo
processoestilóideatéotubérculodoescafóide;
-oligamentoanteriordarádio-carpeana,consti­
tuídopordoisfascículos:
•porfora,ofascículorádio-lunaranterior(6),
queseestendeobliquamenteporbaixoepor
dentrodoladoanteriordaglenóideradialatéo
hasteanteriordosemilunar;daívemadenomi­
naçãodefreioanteriordolunar;
••pordentro,ofascículorádio-piramidalanterior
(7),recentementeindividualizadoporN.Kuhl­
mann;suasinserçõessuperioresocupamame­
tadeinternadoladoanteriordaglenóideetodo
oladoanteriordacavidadesigmóidedorádio,
ondeseentrelaçacomasinserçõesradiaisdoli­
gamentoanterior(8)darádio-ulnarinferior;es­
teligamento,deformatriangular,forteeresis­
tente,sedirigeparabaixoeparadentroparain­
serir-senasuperfícieanteriordopiramidal,por
foradasuasuperfíciearticularjuntocomopisi­
forme;constituiaparteanteriorda"tiradopira­
midal",quevoltaremosavermaisadiante;
-osligamentosdamédio-carpeana:
•oligamentorádio-capital(9),queseestende
obliquamenteporbaixoepordentrodaparte
externadoladoanteriordaglenóideatéasu­
perfícieanteriordoossocapitato.Estáincluído
nomesmoplanofibrosoque9sfascículosrá­
dio-lunarerádio-piramidal.Eumligamento
anteriordarádio-carpeanaedamédio-carpea­
naaomesmotempo;
•oligamentolunatocapital(10),queseestende
verticalmentedesdeohasteanteriordosemilu-
naràsuperfícieanteriordocolodoossocapita­
to,prolongaparabaixooligamentorádio-lunar;
•oligamentotriqueto-capital(11),queseesten­
deobliquamenteporbaixoeporforadasuper­
fícieanteriordopiramidalaocolodoossocapi­
tatoondeconstitui,comosdoisligamentospre­
cedentes,umautênticoaparelholigamentar;
•oligamentotrapézio-escaf6ide(12),curto,
maslargoeresistente,uneotubérculodoesca­
fóidecomasuperfícieanteriordotrapézio,por
cimadasuacristaoblíqua;
•oligamentotriqueto-ganchoso(outriqueto-ha­
mata!)(13),verdadeiroligamentolateralinter­
nodamédio-carpeana;
•finalmente,osligamentospisiunciforme(14)e
pisimetacarpeano(15),esteúltimoparticipana
articulaçãocarpometacarpeana.
Emvistaposterior(fig.4-17bis),podemoslocalizar:
-oligamentolateralexternodarádio-carpeana,
peloseufascículoposterior(4);
-oligamentolateralinternodarádio-carpeana,
tambémpeloseufascículoposterior(2),cujas
inserçõesestãoentrelaçadascomovérticedoli­
gamentotriangular(1);
-oligamentoposteriordarádio-carpeana
constituídopordoisfascículosoblíquospara
baixoeparadentro:
•ofascículorádio-lunarposterior(16),oufreio
posteriordolunar;
•ofascículorádio-piramidalposterior(17), cu­
jasinserçõessãomaisoumenossimétricascom
asdoseuhomólogoanterior,incluídaasua
uniãocomaterminaçãodoligamentoposterior
darádio-ulnarinferior(18)sobreoladoposte­
riordacavidadesigmóidedorádio:estefascí­
culoposteriorcompletaa"tiradopiramidal";
-asduasfaixastransversaisposterioresdocarpo:
•afaixadaprimeirafileira(19),queseesten­
detransversalmentedasuperfícieposterior
dopiramidalatéadoescafóide,paraseinse­
rirnohasteposteriordolunareenviando
umaexpansão(20)aoligamentolateralex­
ternoeumaexpansão(21)aoligamentorá­
dio-piramidalposterior;
•afaixadasegundafileira(22)queseestende
obliquamenteporforaelevementeporbaixo
dasuperfícieposteriordopiramidalàdotrape­
zóide(23)eadotrapézio(24),passandopor
trásdoossocapitato;
-porúltimo,oligamentotriqueto-hamatal(13),
cujaparteposteriorseinserenasuperfícieposte­
riordopiramidalque,detalformadesempenha,
paraaparteposteriordocarpa,opapeldesegu­
raroligamentoatribuídoaocolodoossocapita­
tonasuasuperfícieanterior.

Fig.4-17
6
9
4
5
10
12
8
1.MEMBROSUPERIOR153
I -
Fig.4-17bis

154FISIOLOGIAARTICULAR
FUNÇÃOESTABILIZADORA DOSLIGAMENTOS
Estabilizaçãonoplanofrontal
Aprimeirafunçãodosligamentosdo
punhoéadeestabilizarocarponosdoisplanos
frontalesagita!.
Noplanofrontal, opapelquedesem­
penhamosligamentosénecessário,devidoà
orientaçãodaglenóideantebraquial(fig.4-18,
vistaanterioresquemática)que"seorienta"para
baixoeparadentro,detalmodoquepodepare­
cer,noseuconjunto,comumplanooblíquode
cimaparabaixoededentroparafora,formando
comahorizontalumângulode25a30°.Soba
pressãodasforçasmusculareslongitudinais,o
carpoalinhadotendeadeslizarparacimaepara
dentro,nosentidodasetabranca.
Contudo,(fig.4-19)seocarposeaduz
aproximadamente30°,aforçadacompressãode
origemmuscularseexerceperpendicularmente
aoplanodedeslizamentodescritoanteriormen­
te,oqueestabilizaecentralizanovamenteo
côndilocarpeanonaglenóide.Alémdisso,esta
posiçãoemleveaduçãoéaposiçãonaturaldo
punho,aposiçãofuncional,quecoincidecoma
suamáximaestabilidade.
Pelocontrário(fig.4-20),quandoocarpo
seabduz,porescassaquesejaaabdução,acom-
pressãodeorigemmuscularacentuaainstabili­
dadeeacarretaurnatendênciaaodeslocamento
docôndilocarpeanoparacimaeparadentro.
Osligamentoslateraisdarádio-carpeana
nãosãosuficientespara"atrapalhar"estemovi­
mentodevidoàsuadireçãolongitudinal.Corno
odemonstraraN.Kuhlmann,estafunçãoépró­
pria(fig.4-21)dosdoisligamentosrádio-pira­
midaisanterioreposteriorcujadireçãooblíqua
paracimaeparaforapermitecentralizardeno­
voedemaneirapermanenteocôndilocarpeano
demodoqueevitaoseudeslocamentopara
dentro.
Emvistapóstero-interna(fig.4-22)dapor­
çãoinferiordorádio,apóstersidoremovidaa
porçãoinferiordaulna,demodoquepodemos
observaracavidadesigmóidedorádio(1)eo
piramidal(2),acompanhadopelopisiforme(3),
eremovidostambémosoutrosossosdocarpo,
seobservaqueopiramidalseunecomorádio
medianteosdoisligamentosrádio-piramidalan­
terior(4)eposterior(5).Constituememconjun­
touma
"faixaligamentar" quedirigeperma­
nentementeopiramidalparacimaeparadentro.
Tambémdesempenham,comoveremosmais
adiante,urnafunçãoimportantenamecânicain­
ternadocarpoduranteaabdução.

Fig.4-18
Fig.4-20
3
1.MEMBRO SUPERIOR 155
Fig.4-19

156FISIOLOGlAARTICULAR
FUNÇÃOESTABILIZADORA DOSLIGAMENTOS
(continuação)
Estabilizaçãonoplanosagital
Noplanosagital,ascondiçõessãomuito
parecidas.
Devido
àorientaçãoparabaixoeparadian­
tedaglenóide(fig.4-23,vistaesquemáticade
perfil),ocôndilocarpeanotematendênciade
"escapar"paracimaeparafrente,nadireçãoda
setabranca),deslizando-sesobreo"plano"da
glenóidequeformaumângulode20a25°com
ahorizontal.
Aflexãodopunhode30a40°(fig.4-24)
orientaodeslocamentoósseo,sobpressãodas
forçasmusculares,perpendicularmenteao"pla­
no"daglenóide,oqueestabilizaecentralizano­
vamenteocôndilocarpeano.
Assimsendo,afunçãodosligamentos(fig.
4-25)sereduzrelativamente:osligamentosan­
teriores,distendidos,nãointervêm;pelocontrá­
rio,ofreioposteriordolunareafaixatransver-
saldaprimeirafileiraseencontramtensos,oque
coaptaosemilunarnaglenóideradial.
Emposiçãodealinhamento(fig.4-26),a
tensãodosligamentosanterioreseposterioresse
equilibra,estabilizandoocôndilonaglenóide.
Pelocontrário,emextensão(fig.4-27),a
tendênciaaqueocôndilocarpeanoescapepara
cimaeparadiantesereforça.
Afunçãodosligamentos(fig.4-28)éessen­
cial,nãotantoadosligamentosposteriores,que
permanecemdistendidos,masadosanteriores,
cujatensãoéproporcionalaograudeextensão.
Pelasuasuperfícieprofunda,comprimemose­
milunareacabeçadoossocapitatoparacimae
paratrás,produzindoaomesmotempoaestabi­
lizaçãoearecentralizaçãodocôndilocarpeano;
oquecorrespondeàposiçãodetensãoligamen­
taredemáximacompressãoarticular,outam­
bém"closepackedposition"deMacConaill.

Fig.4-24
Fig.4-23
Fig.4-26
1.MEMBRO SUPERIOR 157
Fig.4-28

158FISIOLOGIAARTICULAR
ADINÂMICADOCARPO
I
Colunadosemilunar
Seéconveniente,numaprimeiraaproxima­
ção,consideraromaciçodocarpacomoumblo­
coimutável,osrecentestrabalhosdeanatomia
funcionalmostramqueesteconceitomonolítico
jánãocorresponde
àrealidade:émelhorterem
menteumcarpodegeometriavariávelnoqual
seproduzem,poraçãodepressõesósseasede
resistênciasligamentares,movimentosrelativos
dosossosnointeriordocarpaquemodificam
sensivelmenteasuaforma.
N.Kuhlmannestudourecentementeestes
movimentoselementares,principalmentenoque
serefereàcolunamédiadosemilunaredoosso
capitato,alémdacolunaexternadoescafóidee
dopartrapézio-trapezóide.
Adinâmicadacolunamédiadependeda
formaassimétricadosemilunar,maisavultado,
maisespessopelafrentequeportrás:depen­
dendodoscasos,acabeçadoossocapitatoestá
cobertaporumcapuzfrígio(fig.4-29),umbo­
nédecossaco(fig.4-30)ouumturbante(fig.4­
31);éraroqueestejacobertoporumbicorne
"primeiroimpério"(fig.4-32)simétricoeneste
caso,acabeçadoossocapitatoéassimétrica,
maisoblíquapelafrente.Aproximadamentena
metadedoscasos,o"capuzfrigia"secolocaen­
treoossocapitatoeaglenóideradial,comose
fosseumacunhacurva.Conseqüentemente,esta
distânciaútilentreacabeçadoossocapitatoea
glenóideradialvariadependendodograudefle­
xão-extensãodopunho.
Emposiçãodealinhamento(fig.4-33),a
distânciaútilcorresponde
àespessuramédiado
semilunar.
Naextensão(fig.4-34)estadistânciaútil
diminuijáquecorrespondeàmenorespessura
dosemilunar.
Pelocontrário,estaaumentanaflexão(fig.
4-35),jáqueseinterpõeamaiorespessurada
,cunhalunar.
Contudo,aobliqüidadedaglenóidese
combinacomestavariaçãodadistânciaútil,o
queanula,emparte,osefeitos:destemodo,em
alinhamento,ocentrodacabeçadoossocapita­
toéomaisafastadodofundodaglenóide,no
sentidodoeixolongitudinaldorádio.Emex­
tensão(fig.4-34),a"subida"docentrodacabe­
çadoossocapitatoseanulaempartepela"des­
cida"doladoposteriordaglenóide.Emflexão
(fig.4-35),suadescidaseanula,emparte,pela
"subida"doladoanteriordaglenóide.Porém,o
centrodacabeçadoossocapitatoselocaliza,
emambososcasos,aproximadamentenomes­
monívelhporcimadesuaposiçãodealinha­
mento.
Poroutrolado,emflexão(fig.4-35),este
centrosesubmeteaumdeslocamentoanteriora
igualamaisdeduasvezesaretrocessão
rasso­
ciada
àextensão(fig.4-34),oquemodificaao
contrárioograudetensãoeomomentodeação
dosflexoresemrelaçãoaosextensores.
Tradicionalmente,aflexãoémaiornará­
dio-carpeana(50°)quenamédio-carpeana(35°),
eaocontrário,aextensãoémaiornamédio-car­
peana(50°)quenarádio-carpeana(35°).Istoé
corretoparaasamplitudesextremas,masnos
setoresdeescassaamplitude,ograudeflexãoou
deextensãoémaisoumenosomesmoemcada
umadasarticulações.
Aassimetriadosemilunarfazcomquea
estáticadocarposejamuitosensível
àsuaposi­
çãorelativanacadeiaarticular.Se,apartirda
posiçãodealinhamento(fig.4-36)quecorres­
pondeaumadosamentonormaldosemilunar
pelosseusdoisfreiosanterioreposterior,sein­
troduz,semnenhumaflexão-extensãodoosso
capitatocomrelaçãoaorádio,umabasculação
dolunarparafrente(fig.4-37),ouumabascula­
çãoparatrás(fig.4-38),podemosconstatarque
ocentrodacabeçadoossocapitatosedesloca
paracima(e)erespectivamenteparatrás(c)ou
parafrente(b):ainstabilidadelocalizadadose­
mil~tnar,porrupturaoudistensãodofreioante­
rior(fig.4-37)oudofreioposterior(fig.4-38),
repercute,medianteoossocapitato,emtodoo
carpa.

1.MEMBRO SUPERIOR 159
I
Fig.4-34
c
VFig.4-30VFi9.4-31
a
Fig.4-36
b
VFí9.4-32
Fig.4-35
Fig.4-38

160FISIOLOGIAARTICULAR
ADINÂMICADOCARPO
(continuação)
Colunadoescafóide
Adinâmicadacolunaexternadependeda
formaeorientaçãodoescafóide.
Deperfil(fig.4-39),oescafóidepossuiuma
silhuetarenifonne, ouemformadefeijão,aparte
maisalta,arredondada,corresponde
àsuperfície
superiorconvexa,articuladacomaglenóidera­
dial,aparteinferiorrepresentaapartealtadotu­
bérculoescafóide,emcujasuperfícieinferiorse
articulamotrapezóideeotrapézio;sóesteúltimo
estárepresentadoaqui;situa-seclaramentemais
parafrentequeotrapezóideeoossocapitato,já
que,comele,seiniciaaanteposiçãodacolunado
polegarcomrelaçãoaoplanodamão.
Destemo­
do,oescafóide
ficaintercaladoobliquamenteen­
tre
orádioeotrapézio, emboraestaobliqüidade
estejamaisoumenosacentuadadependendoda
suaforma.Assimsendo,podemosencontrar
esca­
fóidesrenifonnes"deitados"
(fig.4-39),escafói­
des
dobrados"sentados" (fig.4-40)e escafóides
quaseerguidos"empé"
(fig.4-41).Nosesque­
masestárepresentadooescafóide"deitado"por
tratar-sedomaisfreqüente.
Aformaalongadadoescafóidepermiteob­
servardoisdiâmetros(fig.4-42),os
diâmetros
maioremenor,
queaparecem,dependendodapo­
sição,emcontatocomaglenóideradialeasuper­
fíciearticularsuperiordotrapézio;istodetermina
asvariaçõesdo"espaçoútil" entreestesdoisos­
sos.
Em
posiçãoneutra oude"alinhamento"(fig.
4-43)équandoadistânciaémaiorentreorádioe
otrapézio;ocontatoentreoescafóideeaglenói­
deradialselocalizanosdoispontoscorrespon­
dentesa
aea',eentreopontocentral gdasuper­
fíciesuperiordotrapézioeoescafóideem
b.
Emextensão
(fig.4-44),adistânciaútildimi­
nuienquantooescafóidese"ergue"eotrapézio
sedeslocaparatrás;ocontatoentreaglenóideeo
escafóideseproduznospontoshomólogoscec',
eentreotrapézioeoescafóidenospontosde
g.
Emfiexão
(fig.4-45),adistânciarádio-trapé­
ziotambémdiminuiquandooescafóideestátotal­
mentedeitadoeotrapéziosedeslocaparafrente;
ospontosdecontatosesituamem
e,e'eJ,g.
Istoenvolvetrêsobservações:
1)os
pontosdecontato sedeslocamsobrea
glenóideradialeoescafóide(fig.4-46):
-naglenóideradial, ocontatoemex­
tensãoc'selocalizapelafrentedopon-
todecontatoemposiçãodealinha­
mento
a',eestesdoisúltimospelafren­
tedopontodecontatoemflexão
e';
-noescafóide:
•nonívelda supeifíciesuperior, o
contatoemflexão
eéanterior,o
contatoemextensãocéposterior,e
ocontatoemposiçãodealinhamen­
toaentreambos;
•nonívelda
supeifíGieinferi 01;aor­
demdospontoscorrespondentes
f
paraaflexão, dparaaextensão, b
paraaposiçãodealinhamentoéa
mesma
(jparadiante,dparatráse b
entreambos).
2)osdiâmetrosúteisnoescafóideab,cde
eJ,quecorrespondemrespectivamente à
posiçãodealinhamento, àdeextensãoe
àdeflexão,sãoquaseparaleloseprati­
camenteiguais:
-cdeefsãoparalelos;
-abeefsãoiguais,cdélevementemais
curto.
3)deslocamentodotrapéziocomrelaçâoao
rádio
(fig.4-47)
AsposiçõesdealinhamentoA,deflexão
FedeextensãoE,serealizampratica­
mentenumcírculoconcêntricocomcurva
ântero-posteriordaglenóideradial,en­
quantootrapéziorealizaumarotaçãoso­
bresimesmo,aproximadamenteigualao
ângulodoarcoquedescreve:ditodeoutra
forma,asuasuperfíciearticularsuperior
sedirigeparaocentrodocírculoC.
Todaestadinâmicaserefereaosmovimentos
simultâneosdoescafóideedotrapézio.Mais
adianteexporemosoresultadodosmovimentos
isoladosdoescafóide.

1.MEMBROSUPERIOR161
Fig.4-44 Fig.4-43
Fig.4-45

162FlSIOLOGIAARTICULAR
oPARESCAFÓIDE-SEMILUNAR
\
Nosmovimentosdeflexão-extensãodo
punho,N.Kuhlmanndistinguequatrosetores
(fig.4-48):
-osetordeadaptaçãopennanente
(I)até
20°:asamplitudesdosdeslocamentos
elementaressãoescassasedifíceisde
apreciar;osligamentosestãodistendi­
doseapressãosobreassuperfíciesarti­
culares
émínima.Osmovimentosmais
..
comunsequepreCIsamnecessanamen-
terestabelecerasuamobilidadeapós
umaintervençãocirúrgicaoutraumatis­
moserealizamnestesetor;
-osetordemobilidadecomum(lI)até
40°;ojogoligamentarcomeçaasema­
nifestareaspressõesarticularesseno­
tam.Atéesteponto,asamplitudesna
rádio-carpeanaenamédio-carpeana
sãoquaseiguais;
-osetordealteraçãofisiológicamo­
mentânea(IlI)até80°;astensõesliga­
mentareseaspressõesarticularesal­
cançamoseupontomáximo,pararea­
lizarnofimdotrajetoaposiçãodeblo­
queiooudosepackedposition(Mac
Conaill);
-Osetordealteraçãopatológica (IV)su­
perioraos80°:apartirdesteponto,a
continuaçãodomovimentoocasiona
obrigatoriamenteumàrupturaouuma
distensãoligarnentarque,lamentavel­
mente,passadespercebidacomfreqüên­
Cia,provocandoumainstabilidadedo
carpo,ouumafraturaouluxação,como
veremosmaisadiante.
Ofatodeserepetiraidéiadobloqueioar­
ticularfoinecessárioparaesclareceroassincro­
nismodobloqueioemextensãodascolunasdo
semilunaredoescafóide.
Defato,obloqueioemextensãodacoluna
doescafóide(fig.4-49),causadopelatensão
máximadosligamentosrádio-escafóide(1)e
trapézio-escafóide(2),provocaumautênticoen­
caixamentodoescafóideentreotrapézioeagle­
nóideradial,queaconteceantesdobloqueioem
extensãodacolunadosemilunar(fig.4-50):
nestebloqueiointervêmnãosóatensãodosli­
gamentosrádio-lunaranterior(3)elunatocapital
(4),mastambémoimpactoósseodasuperfície
posteriordocolodoossocapitatocontraolado
posteriordaglenóide;demodoqueomovimen­
todeextensãocontinuanacolunadosemilunar,
enquantojáestáparadonadoescafóide.
Separtirmosdaposiçãodeflexão(fig.4-51)
(vistaconjuntadeperfildosemilunaredoesca­
fóide),numprimeiromomento(fig.4-52),aex­
tensãoarrastasimultaneamenteoescafóideeo
semilunar,aseguir(fig.4-53)oescafóidesede­
tém,enquantoosemilunarcontinuaasuabascu­
laçãoanterior30°mais,graçasàelasticidadedo
ligamentointerósseoescafolunar.Assimsendoa
amplitudetotaldomovimentodosemilunaré
30°maiorqueadoescafóide.

Fig.4-48
Fig.4-51
1.MEMBRO SUPERIOR 163
3
Fig.4-50

164FISIOLOGIAARTICULAR
oCARPODEGEOMETRIA VARIÁVEL
Aabdução-adução
Maisquecomoumblocomonolítico,ocarpodevesercon­
sideradoumabolsadebolinhasdegude,principalmentenoquese
refereaosmovimentosdeabdução-aduçãonopercursodosquaisa
suaformasemodificasobpressõesósseasetensõesligamentares.
Oestudominuciosodasradiografiasfrontaisemabduçãoeem
aduçãopermiteconstatá-lo:osesquemasdestapáginacorrespon­
demaesteestudo.
Duranteaabdução(fig.4-54),numprimeiro
momento,ocarpogiraemconjuntoemtomodeum
centrosituadonacabeçadoossocapitato,afileira
superiorsedesloca(seta1)paracimaeparadentro
detalmaneiraqueametadedosemilunarsesitua
abaixodacabeçaulnareopiramidal,noseumovi­
mentoparabaixo,aumentaoespaçoqueosepara.
Masatensãodoligamentolateralinterno(LU)e
principalmentea"faixa"dopiramidal(C)detêm
muitocedoestedeslocamento,transformandoopi­
ramidalnumblococontraoqualimpactaosemilu­
nar.Comoaabduçãocontinua,asegundafileiraéa
únicaquecontinuaoseumovimento:
-otrapézioeotrapezóideascendem(seta2),
diminuindooespaçoútilentreotrapézioe
orádio,porefeitodacompressãoentreo
trapézio(2)eorádio(3),oescafóideperde
asuaaltura"encostando-se"porflexão(f)
narádio-carpeana(fig.4-56),enquantoa
médio-carpeanaseestende(e);
-oossocapitato"desce"(seta4),aumentando
oespaçoútildosemilunar;retidopeloseu
freioanterior.demodoquepodebascular
(fig.4-57)paratrásporflexão(f)narádio­
carpeana,apresentandoasuamaiorespessu­
ra;simultaneamente,oossocapitatoseaco­
pIa(e)namédio-carpeana;adiminuiçãoda
alturadoescafóidepermiteumdeslizamen­
torelativodoossocapitatoedoossohama­
toporbaixodaprimeirafileira(setaspretas):
opiramidal,retidopelosseustrêsligamen­
tos,"sobe"pelarampadoossohamatoem
direção
àcabeçadoossocapitato.Comoos
movimentosrelativosdosossosdocarpaes­
tãoesgotados.oconjuntoconstituiumbloco
travadoemabdução(closepackedposition).
Duranteaadução(fig.4-55),numprimeiro
momento,ocarpogiraemconjunto,masdestavez,
aprimeirafileirasedeslocaparabaixoeparafora,
demodoqueosemilunarsedeslizatotalmentepor
baixodorádio,enquantootrapézioeotrapezóide
descem(seta1)aumentandooespaçoútilparaoes­
cafóide.Este,deslocadoparabaixopeloligamento
trapézio-escafóide,seendireita(fig.4-58)emexten­
são(e)darádio-carpeana,demodoqueganhaaltura
epreencheoespaçoqueestavavaziodebaixodorá­
dio.Simultaneamente,otrapéziosedeslizaemfle­
xão(f)damédio-carpeanadebaixodoescafóide;
quandoadescidadoescafóide(seta2)ficainter­
rompidapeloligamentolateralexterno(LLE),aab­
duçãocontinuanasegundafileira;provocandoum
deslizamentorelativoemrelação
àprimeirafileira
(setaspretas):acabeçadoossocapitatoseafundana
superfíciecôncavadoescafóide,osemilunarsedes­
lizasobreacabeçadoossocapitatoetocaoossoha­
mato,opiramidal"desce"pelarampadoossohama­
to.Aomesmotempo,opiramidalsobe(seta3)em
direção
àcabeçaulnarqueconstituiumtopo,me­
dianteoligamentotriangular,transmitindoasforças
queprovêmdoantebraçoparaosdoisraiosinternos
damão;oossocapitatoascende(seta5)reduzindoo
espaçoútilparaosemilunar,oqual,graçasàdisten­
sãodoseufreioanteriorpodebascularparafrente
(fig.4-59)emextensão(e)narádio-carpeana,de
modoqueapresentaasuamenorespessura,enquan­
tooossocapitatoseflexiona(f)namédio-carpeana.
Tambémnestecaso,porteresgotadotodosos
movimentosrelativosdosossosdocarpo,oconjun­
toconstituiumblocotravadoemadução(close
packedposition).
Emresumo,secompararmos(esquemaemdetalhe)opar
escafóide-semilunaremabdução(corcinza)eemadução(corcla­
ra),podemoscomprovarquecadaumdosdoisossossetransforma
aocontrário:emabdução,oescafóidediminuidesuperfícieeose­
milunaraumenta;emaduçãoocorreocontrário.Esta"metamorfo­
se"sedeveaosmovimentosdef1exão-extensãonasduasarticula­
çõesdocarpo:
-emabdução(figs.4-56e4-57),af1exãonarádio-carpea­
nadesaparecedevidoàextensãonamédio-carpeana;
-emadução(figs.4-58e4-59),aocontrário,aextensãona
rádio-carpeanasecompensapelaf1exãonamédio-car­
peana.
Porlógica,seconsiderarmosapropostarecíproca,podemos
afirmarque:
-af1exãodepunhoseassociacomumaabduçãodarádio­
carpeanaeumaaduçãodamédio-carpeana;
-aextensãodepunhoprovocaumaaduçãodarádio-car­
peanaeumaabduçãodamédio-carpeana.
Destemodo,seconfirmaomecanismodescritoporHenke.

Fig.4-58
Fig.4-54
UFig.4-57
Fig.4-56
1.MEMBRO SUPERIOR 165
Fig.4-55

166FISIOLOGIAARTICULAR
ASALTERAÇÕES PATOLÓGICAS
Osdoismovimentoscujoesforçomáximo
geramaisdesgastesanatômicossãoaabduçãoe
aextensão,comfreqüênciaassociados.
Aabduçãolevadaalémdaposiçãodeblo­
queiopodeprovocardoistiposdelesões:
-umafratllradaporçãoinferiordorádio
(fig.4-60):apressãodoescafóidesobre
aSALIÊNCIAexternadaglenóidera­
dialfraturaaepífisemaisfrágildevido
à
osteoporosedoindivíduodeidadeavan­
çada;odeslocamentoserealizaparafo­
raeseassociacomumabasculaçãopos­
teriorpelaextensãodopunho(fig.4-61).
Estetipodefraturapermitenotararesis­
tênciadoescafóide,semdúvidabem
protegidoquandoestá"ftexionado"(fig.
4-61),situadototalmentedebaixodo
processoestilóideradial;tambémindica
aresistênciadosligamentosanteriores;o
processoestilóideulnarsobtraçãoasso­
ciadadoligamentotriangularedoliga­
mentolateralinternodarádio-carpeana
sefraturacomfreqüêncianasuabase;
-ou
umafraturadoescafóide (fig.4-62):
oescafóide,destavezseencontraem
extensãoeselocaliza,emtodaasua
longitude,debaixodasaliênciadagle­
nóideradial;porconseguinte,oproces­
soestilóideradialimpactacontraasu-
perfícieexternadocorpodoossoquese
fraturanestepontodevidoaocisalha­
mento.
Aextensãoexageradaacarreta,commuita
freqüência,como'acabamosdecomentar(fig.4­
61),umafraturadePouteau-Colles.Muitopou­
casvezesprovocadesgastesligamentarescujo
primeiromomentoéarupturadoligamentolu­
natocapital;emsegundolugarpodemexistir
duaspossibilidades:
-oossocapitatoascendeemextensãoea
suacabeçaseencaixaportrásdahaste
posteriordosemilunarquepermanece
nolugar:éa
lllxaçãoretrollll1ardocar­
po
(fig.4-64):
-ofreioposteriordosemilunar,solicitado
pelahiperextensãoeacabeçadoosso
capitato,sedesprende,provocandoa
enucleaçãoparafrentedolunarque,ao
ficarfixopelasuahasteanterior,realiza
umarotaçãosobresimesmode90a
120°emtomodeumeixotransversal,
demodoqueasuasuperfícieinferiorse
dirigeparacima;então,acabeçadoos­
socapitatoascendeporbaixodaglenói­
de,deslocandoolunarparafrentenoca­
nalcarpeanoondecomprimeonervo
mediano.
Éalllxaçãoanteriordosemi­
lunar
(fig.4-65).
-------

1.MEMBRO SUPERIOR 167
Fig.4-64
~
Fig.4-63.
Fig.4-60
~-------

168FISIOLOGIAARTICULAR
OSMÚSCULOS MOTORES DOPUNHO
I
Emvistaanteriordopunho(fig.4-66),
podemosobservar:
-opalmarmaior(1)que,apósterper­
corridoumcanalespecialporbaixodo
ligamentoanularanteriordocarpa,se
inserenasuperfícieanteriordabasedo
segundometacarpeanoe,demaneira
acessória,notrapézioebasedotercei­
rometacarpeano;
-opalmarmenor(2),menospotente,
entrelaçaassuasfibrasverticaiscomas
fibrastransversaisdoligamentoanular
anteriordocarpoeenviaquatrofaixas
pré-tendíneasqueseinseremnasuperfí­
cieprofundadadermisdapalmada
mão;
-oflexorulnardocarpo(3)que,após
terpassadopelafrentedoprocessoesti­
lóideulnar,seinserenopólosuperior
dopisiformee,demaneiraacessória,no
ligamentoanular,ossohamatoeoquar­
toequintometacarpeanos.
Paranãosobrecarregaresteesquema,não
desenhamosostendõesflexoresdosdedosque
passampelocanalcarpeanojuntocomonervo
mediano:
-osquatrotendõesflexoresprofundos;
-osquatrotendõesflexoressuperficiais;
-oflexorlongoprópriodopolegar.
Estãorepresentadosnocorte(fig.4-71).
Emvistaposteriordopunho(fig.4-67),
podemosobservar:
-oextensorulnardocarpo(4)que,
apóspassarportrásdoprocessoestilói­
deulnar,seinserenasupeifícieposte­
riordabasedoquintometacarpeano;
-osdoisextensoresradiaislongoecur­
todocarpo(5e6)que,apóspercorrer
apartesuperiordatabaqueiraanatômi-
ca,seinserem,oprimeiro(6)nabasedo
segundometacarpeanoeosegundo(5)
nabasedoterceirometacarpeano.
Parasimplificar,nestavistaposteriornãose
representaram:
-osquatrotendõesextensorescomuns;
-otendãodoextensorp~ópriododedoin-
dicador;
-otendãodoextensorprópriododedo
mínimo.
Poderemosvermaisadiantenocorte(fig.
4-71).
Numavistadoladointernodopunho
(fig.4-68),podemosobservarostendões:
-doflexorulnardocarpo(3),asuain­
serção,deslocadaparafrentepelopisi­
forme,aumentaasuaeficácia;
-doextensorulnardocarpo (4).
Estesdoistendõesdelimitamlateralmente
oprocessoestilóideulnar.
Numavistadoladoexternodopunho
(fig.4-69),podemosobservarostendões:
-doextensorradiallongo(6)ecurto(5)
docarpo;
-doabdutorlongodopolegar(7),que
seinserenaparteexternadabasedo
primeirometacarpeano;
-doextensorcurtodopolegar(8),que
seinserenasuperfíciedorsaldabaseda
primeirafalangedopolegar;
-doextensorlongodopolegar(9),que
seinserenasegundafalangedopolegar.
Tantoosextensoresradiaisquantoosmús­
culosdopolegardelimitamoprocessoestilóide
radial.Otendãodoextensorlongodopolegar
constituiolimiteposteriordatabaqueiraanatô­
mim.Ostendõesdoabdutorlongoedoextensor
curtodopolegarconstituemoseulimiteanterior.

1.MEMBROSUPERIOR169
Fig.4-68
Fig.4-69

170FISIOLOGIAARTICULAR
AÇÃODOSMÚSCULOSMOTORESDOPUNHO
Nasuperfícieposteriordopunho,osten­
dõesextensorespassamporbaixodoligamento
anulardorsaldocarpo(fig.4-70;asexplicações
sãoasmesmasparaafiguraseguinte)porseis
túneisosteofibrososacompanhadosdeseis
bainhassinoviais.Sãodedentroparafora:
-otúneldoextensorulnardocarpo;
-odoextensorprópriododedomínimo;
-odosquatroextensorescomunseodo
extensorprópriododedoindicador;
--odoextensorprópriodopolegar;
-odosdoisextensoresradiais;
-odoabdutorlongoeodoextensorcur-
todopolegar.
Oligamentoanulareostúneisosteofibro­
sosconstituemparaostendõespoliasderefle­
xãoquandoopunhoseencontraemextensão.
Tradicionalmente,osmúsculosmotores
dopunhoseclassificamemquatrogrupos.O
esquema4-71representaestaclassificaçãoem
relaçãoaosdoiseixosdopunho:
-oeixoAA':flexão-extensão;
-oeixoBB':adução-abdução.
(Oesquemarepresentaumcortedopunho
direito,parteinferiordocorte,peloqualB'na
frente,Bportrás,A'porforaeApordentro.Os
tendõesassombreadossãoosmotoresdopunho,
osbrancossão osmotoresdosdedos.)
1.0grupo:ofiexorulnardocarpo(1)é:
-flexordopunho(localizadoparadian­
tedoeixoAA')e
-adutor(localizadoparadentrodoeixo
BB'),masemmenorgrauqueoextensor
ulnardocarpo.Exemplodeflexão-adu­
ção:mãoesquerdatocandooviolino.
2.°grupo:oextensorulnardocarpo(6)é:
-extensordopunho(localizadoportrás
doeixoAA');
-adutor(localizadopordentrodoeixo
BB').
3.°grupo:ospalmares,omaior(2)eomenor
(3),são:
-flexoresdopunho(localizadospelafrente
doeixoAA');
-abdutores(localizadosporforadoeixo
BB').
I
4.°grupo:osextensoresradiaisdocarpo,o
longo(4)eocurto(5),são:
-extensóresdopunho(localizadosportrás
doeixoAA');
-abdutoresdopunho(localizadosporfora
doeixoBB').
Pelasuasituaçãocomrelaçãoaosdoiseixos
darádio-carpeana,nenhumaaçãodosmúsculos
motoresdopunhoépura,oqualsignificaque
pa­
raobterumaaçãopuraserásemprenecessáriaa
açãosimultâneadedoisgruposparaanularum
componente:esteéumexemploderelaçãoanta­
gonismo-sinergiamuscular.
-Flexão(a):
1.0(flexorulnardocarpo)e3.°
grupos(palmares);
-Extensão(b):2.°(extensorulnardocarpo)
e4.°grupos(radiais);
-Adução(c):1.°(flexorulnardocarpo)e2.°
grupos(extensorulnardocarpo);
-Abdução(d):3.°(palmares)e4.°grupos
(radiais).
Naverdade,estasaçõesestãomaismatiza­
das.AsexperiênciasdeexcitaçãoelétricadeDu­
chennedeBoulogne(1867)demonstraramque:
-sóoextensorradiallongo(4)éextensor­
abdutor;oextensorradialcurto
édireta­
menteextensor,daívemasuaimportân­
ciafisiológica;
-palmarmenorédiretamenteflexor;opal­
marmaiorétambémdiretamenteflexor;e
tambémflexionaosegundometacarpeano
sobreocamodemaneiraquepronaamão.
Portanto,opalmarmaiorexcitadodema­
neiraisoladanão
éabdutor,esesecon­
traiduranteadesvioradial,éparacontra­
balançarocomponenteextensordoradial
longo,principalmotordaabdução.
---------------------------

r
Fig.4-70
4
1.MEMBRO SUPERIOR 171

172FISIOLOGIAARTICl.JLAR
AÇÃODOSMÚSCULOS MOTORES DOPUNHO
(continuação)
-Osmúsculosmotoresdosdedosnãopo­
demmoveropunhosenãoforemdeter­
minadascondições:
Osflexoresdosdedos,flexorescomuns
profundos(7),flexorescomunssuperfi­
ciais(12)eoflexorlongoprópriodopo­
legar(13)sósãoflexoresdopunhosea
flexãodosdedossedetémantesdoque
otrajetodostendõesseesgote:por
exemplo,seamãoseguraumobjetovo­
lumoso,comoumagarrafa,aflexãodo
punhopodeserajudadacomaflexão
dosdedos.
Assimsendo,osextensoresdosdedos,
osextensorescurtos(8),oextensorpró­
priododedomínimo(14)eoextensor
própriododedoindicador(15)partici­
pamnaextensãodopunhoquandoa
mãoestáfechada.
-Oabdutorlongo(9)eoextensorcurto
dopolegar(10)seconveriememabdu­
toresdopunhoseasuaaçãonãoécon­
trabalançadapeladoextensorulnardo
carpo.Seoextensorulnardocarpose
contraisimultaneamente,aabduçãoiso­
ladadopolegarserealizaporaçãodo
abdutorlongo.Demodoqueaaçãosi­
nérgicadoextensorulnardocarpoéin­
dispensávelparaaabduçãodopolegar.
Nestecaso,podemosinclusiveafirmar
queoextensorulnardocarpoestabiliza
opunho.
-Oextensorlongodopolegar(11),que
realizaumaextensãoeumaretropulsão
dopolegar,podeacarretarumaabdução
eumaextensãodopunhoseoflexorul­
nardocarpoestádistendido.
-Outroestabilizadordopunho,oexten­
sorradiallongodocarpo(4),éimpres­
cindívelparamanterumaposiçãocorre­
tadamão:asuaparalisiaprovocaum
desvioulnarpemwnente.
Aaçãosinérgicaeestabilizadorados
músculosdopunho(fig.4-72):
-osmúsculosextensoresdopunhosão
sinérgicosdosflexoresdosdedos
(a):
aoestenderopunho,osdedosseflexio­
namautomaticamente,paraestenderos
dedosnestaposição,énecessáriauma
açãovoluntária.
Alémdisso,nestaposiçãodeextensão
dopunho,osflexorespossuemasuamá­
ximaeficácia,porqueostendõesflexo­
ressãorelativamentemaiscurtosquena
posiçãodealinhamentodopunhoe,con­
seqüentemente,emflexãodopunho:
a
forçadosfiexoresdosdedos,medidacom
odinamômetroé,emfiexãodopunho,a
quartapartedaquedesenvolvememex­
tensão.
-osmúsculosflexoresdopunhosãosi­
nérgicosdosextensoresdosdedos(b):
quandoseflexionaopunho,aextensão
daprimeirafalangedosdedoséauto­
mática;énecessáriaumaaçãovoluntá­
riaparaflexionarosdedossobreapal­
madamãoeestaflexãocarecedefor­
ça.Assimsendo,atensãodosflexores
dosdedoslimitaaflexãodopunho;é
suficienteestenderosdedosparaquea
flexãodopunhoaumente10°.
Estedelicadoequilíbriomuscularpode­
sealterarcomfacilidade:adeformação
deumafraturadePouteau-Collessem
reduzirnãosódeterminaumamudança
deorientaçãodaglenóideantebraquial,
mastambémprovocaumalongamento
relativodosextensoresdopunho,demo­
doquerepercutenaeficáciadosflexores
dosdedos.
Aposiçãofuncionaldepunho(fig.4-73)
secorrespondecomamáximaeficáciadosmús­
culosmotoresdosdedos,esobretudo,dosflexo­
res.Estaposiçãofuncionalédefinidacomo:
-leveextensãodopunho,de40-45°;
-leveadução(desviou1nar),de15°.
Nestaposiçãodopunhoéqueamãose
adaptamelhorpararealizarapreensão.

1.MEMBRO SUPERIOR 173
I.
Fig.4-72
Fig.4-73

174FISIOLOGIAARTICULAR
ASUAFUNÇAO
Amãodohomeméumaferramentamara­
vilhosa,capazdeexecutarinumeráveisacões
graçasàsuafunçãoprincipal:apreensão.E"o
instrumentodosinstrumentos"comodisseAris­
tóteles.
Estádotadadeumagranderiquezafuncio­
nalquelheproporcionaumasuperabundância
depossibilidadesnasposições,nosmovimentos
enasações.
Estafunçãodepreensãopode-seencontrar
desdeapinçadocaranguejoàmãodosímio,
masemnenhumoutroser,quenãosejaoho­
mem,alcançaestegraudeperfeição.Istosede­
veàposiçãopeculiarqueapresentaopolegarde
poderopor-seatodososoutrosdedos.Emma­
cacosavançados,opolegaréoponente,masa
amplitudedestaoposiçãojamaisalcançaado
polegarhumano.
Aomesmotempo,aausênciadeespeciali­
zaçãodamãodohomemé
umfatordeadapta­
bilidadeedecriatividade.
Dopontodevistafisiológico,amãorepre­
sentaa"extremidaderealizadora"domembro
superiorqueconstituioseusuporteelhepermi-
teadotaraposiçãomaisfavorávelparauma
açãodeterminada.Porém,amãonãoéunica­
menteumórgãodeexecução,tambémé
umre­
ceptorfuncionalextremamentesensívelepreci­
so,cujosdadossãoimprescindíveisparaasua
própriaação.Porúltimo,graçasaoconheci­
mentodaespessuraedasdistânciasquelhe
proporcionaocórtexcerebral,amãoéaeduca­
doradavisão,permitindo-lhecontrolareinter­
pretarasinformações:semelaanossavisãodo
mundoseriaplanaesemrelevo.Elaconstituia
basedestesentidotãoespecíficoqueéaeste­
reognosia,conhecimentodorelevo,daforma,da
espessura,emresumo,doespaço.Tambéméa
educadoradocérebrodevidoàsnoçõesdesu­
perfície,pesoetemperatura.
Écapaz,porsi
mesma,dereconhecerumobjeto,semsequerre-
correràvista.
I
Portanto,amãoconstituijuntocomocére­
broumparfuncionalindissociável,ondecada
termoreagelogicamentesobreooutro,eégra­
çasàproximidadedestainter-relaçãoqueoho­
mempodemodificaranaturezasegundoosseus
desígniosesersuperioratodasasespéciesterres­
tresviventes.
------~-----------~--------~- ---------

1.MEMBRO SUPERIOR 175

176FISIOLOGIAARTICULAR
TOPOGRAFIA DAMÃO
Podemosestudaratopografiadasduassuperfícies
damão:apalmareadorsal.
Asuperfíciepalmar(fig.5-1),ouanteriordamão,
constadeduaspartespossíveisdedescrever:apalmae
asuperfíciepalmardosdedos.
Assimsendo,apalmadamãoincluitrêspartes:
-nocentro,apalmapropriamentedita(1),o
"oco"damão,quecorrespondeàcelapalmar
médiacomostendõesflexores,osvasoseos
nervos,limitadaporduaspregastransversais:
apregapalmarinferior(2),quesecorrespon­
decomastrêsúltimasarticulaçõesmetacar­
pofalangeanaseapregapalmarmédia(3),
quecorresponde,porfora,comametacarpo­
falangeanadodedoindicador;
-porfora,umazonaespecialmenteconvexa,car­
nosa,contíguaàbasedopolegar,aeminência
tenar(4),limitadapordentropelapregapalmar
superior(5),tambémdenominadapregadeopo­
siçãodopolegar,incluiosmúsculostenaresque
sãomotoresintrínsecosdopolegar;nasuapor­
çãosuperior,apalpaçãoindicaaproeminência
ósseaduradotubérculodoescafóide(1);
-pordentro,aeminênciahipotenar(7),menos
proeminentequeaanterior,incluiosmúsculos
hipotenares,quesãomotoresintrínsecosdo
dedomínimo:apalpaçãopermitelocalizarna
suapartesuperioraproeminênciaduradopisi­
forme(8),lugardeinserçãodacordatendínea
doulnaranterior.
Acimadapalma,opunhosecorrespondecomo
maciçodocarpo,aarticulaçãorádio-carpeananonível
dapregadefiexãodopunho(9),sobreoqualfinalizam
perpendicularmenteotendãodopalmarmaior(10);que
limitapordentroocanaldopulso(11),oligamentoanu­
laranteriordocarpoqueformaumseptotransversal
nestazonaeaporçãosuperiordapalma.
Asupeifíciepalmardosdedostemorigemnapre­
gadígito-palmar(12)localizadade10a15mmabaixo
dametacarpofalangeana.Osquatroúltimosdedosestão
separadosentresipelasegunda,terceiraequartacomis­
suras(13),menosprofundasquenasuperfíciedorsal.A
pregadefiexãodainteifalangenaproximal(14)édupla
esesituaumpoucoacimadasuaarticulação;separaa
primeirafalange(15)dasegunda(16);apregadefiexão
dainteifalangeanadistalésimples(17),tambémlocali­
zadaumpoucoacimadasuaarticulação;constituioli­
mitesuperiordapolpadodedo(18),superfícieanterior
daterceirafalange.Opolegar,situadonabasedolado
externodamãoestáseparadopelaprimeiracomissura
(19),amplaeprofunda;estáunidoàeminênciatenar
medianteduaspregasdefiexãodopolegarcomapalma
(20)queestãoaoredordasuametacarpofalangeana;a
primeirafalange(21)estáseparadadapolpadopolegar
(22),superfícieanteriordasegundafalange,pelaprega
dainteifalangeana(23)localizadaumpoucoacimada
suaarticulação.
Asuperfíciedorsal(fig.5-2),ouposteriorda
mão,tambémcompreendeduasregiões,asuperfície
dorsaldamãoeadosdedos.
Asupeifíciedorsaldamão,cobertacomumapele
finaemóvel,percorridapelaredevenosaquedrenatodo
osanguedamãoedosdedos,elevadapelostendõesex­
tensores(24),estálimitadaporbaixoportrêseminências
durasearredondadas,qu·ecorrespondemàscabeçasdos
metacarpeanos(25),epelastrêscomissurasinterdigitais
(26)profundamentemarcadasnasuperfíciedorsal.
Pordentro,obordoulnardamão(27)estáacol­
choadopeloadutordodedomínimo.
Porfora(fig.5-3),selocalizamaprimeiracomis­
sura(19)eatabaqueiraanatômica(28);estaúltimali­
geiramentecôncava,situadanauniãodopunhocomo
polegar,estálimitadapelostendõesdoabdutorlongo
adosadoaodoextensorcurto(29)epelodoextensor
longodopolegar(30);nofundodatabaqueiraanatômi­
casesituamdecimaparabaixooprocessoestilóidera­
dial,aarticulaçãotrapézio-metacarpeana(31)eaarté­
riaradial;ostendõesconvergemsobreasuperfíciedor­
saldoprimeirometacarpeano(32)noníveldametacar­
pofalangeanadopolegar(33).
Naparteinternadasuperfíciedorsaldopunhoapa­
rece,sónapronação,aproeminênciaduraearredonda­
dadacabeçaulnar(34).
Asuperfíciedorsaldosdedosestáindicadapelas
pregasdeextensãodainteifalangeanaproximal(35)
quecorrespondemàsuaarticulação.Aúltimaeterceira
falangecontémaunha,inseridanolimboperiungueal
(37).Azonasituadaentreaunhaeaspregasdainterfa­
langeanadistalcobreamatrizungueal(38).
Atopografiafuncional(fig.5-4)permite~ividira
mãoemtrêspartesdependendodasuautilização:
Opolegar(I)querepresentaporsimesmoquase
todasasfunçõesdamão,graçasàsuapropriedadede
oposiçãoemrelaçãoaosoutrosdedos;
Odedoindicadoreomédio(lI)queconstituem
juntocomopolegaraspreensõesdeprecisão,aspinças
dopolegarcomosdedos,bidigitaisoutridigitais;
Oanulareodedomínimo(III)que,comores­
todamão,sãoindispensáveisparaaspreensõespalma­
res,porquebloqueiamaspreensõesdoscabosdasfer­
ramentaspeloladoulnar,mantendo,dessaforma,afir­
mezadopunho.

Fig.5-1
Fig.5-2
1.MEMBRO SUPERIOR 177
Fig.5-4

178FISIOLOGIAARTICULAR
ARQUITETURA DAMÃO
Parapegarobjetosamãodeveadaptara
suaforma.
Numasuperfícieplana,umvidropor
exemplo(fig.5-5),
amãoseestendeeseaplai­
na,
entrandoemcontato(fig.5-6)comaeminên­
ciatenar(1),aeminênciahipotenar(2),acabeça
dosmetacarpeanos(3)easuperfíciepalmardas
falanges(4).Sóaparteinferior-externadapalma
permanece
àdistância.
Quandodesejamospegarumobjetovolu­
moso,
amãoseescava eseformamunsarcos
orientadosemtrêsdireções:
-no
sentidotransversal (fig.5-7):oarco
docarpoXOYquecorresponde
àconca­
vidadedomaciçodocarpo.Prolonga-se
parabaixomedianteoarcometacarpea­
DO,noqualsealinhamascabeçasmeta­
carpeanas.Oeixolongitudinaldocanal
docarpopassapelosemilunar,oossoca­
pitatoeoterceirometacarpo;
-no
sentidolongitudinal (figs.5-7e5-8):
osarcoscarpometacarpofalangeanos
queassumemumaposiçãoradiadado
maciçodocarpoeestãoconstituídos,em
cadadedo,pelometacarpeanoeasfalan­
gescorrespondentes.Aconcavidadedes­
tesarcosseorientaparaafrentedapalma
ea
chavedaabóbadaselocalizanaarti­
culaçãometacarpofalangeana:
umdese­
quilíbriomuscularnestepontoprovoca
umarupturadacurva(verfigo5-98,b,
pág.215).Osdoisarcoslongitudinais
maisimportantessão:
•arcododedomédio OD3(fig.5-7),arco
axial,porqueprolongaoeixodocanal
docarpo,eespecialmente
•arcododedoindicador OD2(fig.5-8)
queéoqueseopõecommaiorfre·
qüênciaaodopolegar;
-no
sentidooblíquo (figs.5-7,5-8e5-9).
osarcosdeoposiçãodopolegarcom
osoutrosquatrodedos:
•o
maisimportante destesarcosoblí­
quosuneéopõeopolegareodedoin­
dicador:
D1-D2(fig.5-8);
•maisextremo dosarcosdeoposição
passapelopolegareodedomínimo:
D-D(figs.5-75-8e5-9)
1 s ' .
Emconjunto,quandoamãose"escava",
formaumcanaldeconcavidadeanterior,cujas
margensestãolimitadasportrêspontos:
-opolegar(D),queconstituiporsimes­
moasuperfícieexterna;
-odedoindicador(D
2)eodedomínimo
(Ds)'quelimitamasuperfícieinterna.
Osquatroarcosoblíquosdeoposiçãose
localizamentreambasassuperfícies.
Adireçãogeral,oblíqua,deste
canalpal­
mar-
representadopelasetaenormequeman­
témamão(figs.5-8e5-9)-estácruzadacomre­
laçãoaosarcosdeoposição:selocalizaemuma
linhaqueseestendedabasedaeminênciahipo­
tenar(X)(fig.5-7)-ondepodemospalparopi­
siforme-
àcabeçadosegundometacarpo(2)
(fig.5-7).Estadireçãoseobtém,napalmada
mão,pelapartemédiadapregadeoposiçãodo
polegar("linhadavida").Tambéméadireção
quesegueumobjetocilíndricoseguradocomto­
daamão,comoporexemploocabodeumins­
trumento.

Fig.5-7
Fig.5-9
1.MEMBROSUPERIOR179
2Fig.5-6

180FISIOLOGIAARTICULAR
ARQUITETURA DAMÃO
(continuação)
Quandoosdedosseseparam,vollmtaria­
mente(fig.5-10),oeixodecadaumdelescon­
vergecomabasedaeminênciatenar,numponto
quecOlTespondeaproximadamenteaotubérculo
doescafóide,fácildepalpar.Namão,osmovi­
mentosdosdedosnoplanofrontalnormalmente
nãoserealizamcomrelaçãoaoplanodesimetria
docorpo(movimentosdeadução-abdução),mas
simemrelaçãoaoeixodamão,constituídopelo
terceirometacarpeanoeodedomédio;assim
sendonosreferimosaosmovimentosdesepara­
ção(fig.5-10)edeaproximação(fig.5-12)dos
dedos.Duranteestesmovimentos,odedomédio
permanecepraticamenteimóvel.Porém,épossí­
velquerealizemovimentosvoluntáriosparafora
(verdadeiraabdução,emrelaçãoaoplanodesi­
metria)eparadentro(autênticaadução).
Quandoseaproximamvoluntariamenteos
dedosunsdosoutros(fig.5-12),oseixosdosde­
dosnãosãoparalelos,masconvergemnumpon­
tobastanteafastado,queselocalizaforadaex­
tremidadedamão.Istosedeveaofatodequeos
dedosnãosãocilíndricos,sendodecalibrede­
crescentedabaseatéaponta.
Quandopermitimosqueosdedosassu­
mamumaposiçãonatural(fig.5-11)-posi­
çãoapartirdaqualpodemosrealizarosmovi­
mentosdeseparaçãoouaproximação-ficam
ligeiramenteafastadosentresi,masosseusei­
xosnãoconvergemtodosnumúnicoponto.No
exemploqueseexpõe,existeumparalelismo
entreostrêsúltimosdedoseumadivergência
entreostrêsprimeiros,sempreconsiderando
queomédioconstituioeixodamãoeservede
zonadetransição.
Quandofechamosamãocomasarticula­
çõesinterfalangeanasdistaisestendidas(fig.
5-13),oseixosdasduasúltimasfalangesdos
quatroúltimosdedoseoeixodopolegar,me­
nosasuaúltimafalange,convergemnum
pontosituadonaparteinferiordocanaldopul­
so.Observe-sequedestavez,oeixolongitudi­
naléododedoindicador,enquantooseixos
dostrêsúltimosdedossãomaisoblíquos
quantomaisseafastamdodedoindicador.
Maisadiantepoderemosver(pág.198)auti­
lidadeeomotivodestaflexãooblíquados
dedos.

Fig.5-11
\.'''-.~
\\-~\Fig.5-10
Fig.5-13
Fig.5-12
1.':'IEMBROSUPERIOR 181

182FISIOLOGIAARTICULAR
oMACIÇODOCARPO
omaciçodocarpoconstituiumcorredor
deconcavidadeanteri07;convertidaemcanal
peloligamentoanularanteriordocarpo,quese
estendedeladoaladodocorredor.
Estadisposiçãoemformadesulcooucanal
podeserapreciadacombastanteevidência
quandoobservamosoesqueletodamão,como
punhoemhiperextensão(fig.5-14).Nestaposi­
ção,adireçãodoolharseencontraexatamente
noeixodocanaldocarpo,cujasmargenspode­
mosdistinguirfacilmente:
-porfora:otubérculodoescafóide
(1)e
acristadotrapézio;
-pordentro:opisiforme(3)eoprocesso
unciformedoossohamato(4)(estas
anotaçõeslevamamesmanumeração
nasfigurasseguintes).
Umaradiografiaespecialpermitetantoob­
servaromesmoaspectoemsulcoquantoencon­
trarasmesmasreferências.
Doiscorteshorizontaisconfirmamestafor­
maemsulco:
-oprimeiro(fig.5-15)passapelafileira
sllperi07;nívelA(fig.5-13):sedistin­
guem,deforaparadentro,oescafóide
(1),acabeçadoossocapitato(5),limi­
tadapelosdoiscomasdosemilunar,o
piramidal(7)eopisiforme(3);
-osegundo(fig.5-16)passapelafileira
inferior,nívelB(fig.5-13):deforapara
dentroselocalizamotrapézio(2),otra­
pezóide(6),oossocapitato(5)eoosso
hamato(4).
Nestesdoiscortes,oligamentoanularante­
riordocarpoestárepresentadoporumalinha
tracejada.
Duranteosmovimentosde"escavaçãoda
palmadamão",aconcavidadedotúneldocar-
poseaumentaligeiramentegraçasaospequenos
movimentosdedeslizamentonasartródiasque
selocalizamentreosdiferentesossosdocarpo.
Acavidadeglenóidedoescafóidesedeslizaso­
breaconvexidadedacabeçadoossocapitato
nummovimentode"parafuso"parabaixoepa­
rafrente;opiramidaleoosso):1amatosedeslo­
camsimetricamenteparafrente,eespecialmen­
teotrapezóideeotrapéziosedeslizamsobreas
duassuperfíciesarticularesinferioresdoesca­
fóide:otrapézio,emparticular,percorrepara
frenteeparadentrodasuperfíciearticularde
formacilíndricaqueseestendeatéasuperfície
inferiordotubérculodoescafóide.Osmotores
destesmovimentossãoosmúsculostenares(se­
taX)ehipotenares(setaY)cujasinserçõessu­
perioresprovocamatensãodoligamentoanular
(fig.5-16),demodoqueosdoisladosseaproxi­
mam(representaçãoempontilhado).
Nosentidolongitudinal,podemosconside­
rarqueomaciçodocarpo(fig.5-17)estácons­
tituídoportrêscolunas(fig.5-18):
-acolunaexterna(a)(traçosverticais):
amaisimportante,porsetratardaco­
lunadopolegardeDestot.Estáconsti­
tuídapeloescafóide,otrapézioeopri­
meirometacarpo;
-acolunamédia(b)(traçosoblíquos):
constituídapelosemilunar,oossocapi­
tatoeoterceirometacarpo,eforma,
comomencionadoanteriormente,oei­
xodamão;
-acolunainterna(c)(traçoshorizon­
tais):desembocanosdoisúltimosde­
dos.Estáconstituídapelopir~midaleo
ossohamato,quesearticulacomo
quartoeoquintometacarpeanos.Opi­
siformesedeslocapelafrentedopira­
midal,demodoquenãointervémna
transmissãodeforças.

I
3
Fig.5-17
~A
3
1.MEMBRO SUPERIOR 183
Fig.5-16

184FISIOLOGIAARTICliLAR
AESCAVAÇÃO PALMAR
Aescavaçãodapalmasedeveprincipal­
menteaosmovimentosdosquatroúltimosmeta­
carpeanos(porenquantoseexcluioprimeiro
metacarpeano)emrelaçãoaocarpo.Estesmovi­
mentos,realizadosnasarticulaçõescarpometa­
carpeanas,consistememmovimentosdefle­
xão-extensãodeescassaamplitude,como
acontececomtodasasartródias.Porém,dita
amplitudevaiaumentandodosegundoaoquin­
tometacarpo:
-quandoamãoestáplana,ascabeças
dosquatroúltimosmetacarpeanoses­
tãoalinhadasnumamesmaretaAB
(fig.5-20:mão"empé");
-quandosetorna"oca",acabeçadostrês
últimosmetacarpeanos"vãoparafren­
te"(fig.5-19),quantomaisseaproxima
doquintometacarpeano.Assimascabe­
çasdosmetacarpeanossedispõemao
longodeumalinhacurvaA'B(fig.5-20):
oarcotransversalmetacarpeano.
Énecessáriosalientarduasobservações:
a)acabeçadosegundometacarpeanoB
quasenãoavança:osmovimentosde
fie­
xão-extensãonaarticulaçãotrapez.óide­
segundometacarpeanosão,praticamen­
te,inexistentes;
b)acabeçadoquintometacarpeanoA,do­
tadadomovimentomaisamplo,sedeslo­
canãosomenteparafrente,mastambém
ligeiramenteparafora,atéaposiçãoA'.
Istoconduzaoestudodaarticulaçãoosso
hamato-quintometacarpeano:
Trata-sedeumaartródia(fig.5-22)cujassu­
perfíciessãoligeiramentecilíndricasecujoeixo
XX'apresentaumaduplaobliqüidade.Estadupla
obliqüidadeexplicaosdeslocamentosdacabeça
dometacarpeanonosentidolateralexterno.
I)quandoseobservaasuperfícieinferior
domaciçodocarpo(fig.5-21),oeixo
XX'dasuperfíciearticularinterna(indi­
cadocomumacruz)doossohamatoes-
táclaramenteoblíquoemrelaçãoao
planofrontal(traçopreto):estáoblíquo
deforaparadentroedetrásparadiante.
Qualquermovimentodeflexãoaoredor
desteeixodesloca,logicamente,acabe­
çadoquintometacarpeanoparafrentee
parafora(direçãodasetabranca);
2)oeixoXX'destaarticulaçãonãoéestri­
tamente~perpendicularaoeixodiafisário
OAdoquintometacarpeano,masforma
umânguloXOAumpoucomenorqueo
ânguloreto(fig.5-18).Estadisposição
tambémcontribuiparadeslocaracabeça
doquintometacarpoparafora,pelome­
canismoderotaçãocônica:
-quandoumsegmentoOA(fig.5-23)gi­
raaoredordeumeixoperpendicular
YY',opontoAdescreveumcírculode
centro
0,incluídonoplanoPperpendi­
cularaoeixoYY'(rotaçãoplana);
-apóscertograuderotação,opontoAse
situaemA';
-seestesegmentoOAgiraaoredorde
umeixoXX'nãoperpendicular,jánão
descreveumcírculo,esimumconede
vértice
0,tangencialaoplanoPemre­
laçãoaosegmentoOA.Apósomesmo
grauderotação,opontoAselocaliza
numpontoA'dabasedocone(rotação
cônica),eestepontoA'sesitua,emre­
laçãoaoplanoP,domesmoladoqueo
ânguloagudoqueformamoeixoXX'e
osegmentoOA.
Setransportarmosestademonstraçãogeo~
métricaaoesquemadaarticulação(fig.5-22),en­
tendermosqueacabeçadometacarpeanosaido
planosagitalparasituar-seligeiramenteparafora.
Estemovimentodoquintometacarpopara
frenteeparaforaaomesmotempoquerealiza
umaligeirasupinaçãoporrotaçãolongitudinal
automáticapodesersemelhanteaumaoposição
emdireçãoaopolegar,participandonaoposição
simétricadoquintodedo.

1.MEMBRO SUPERIOR 185
~XI
Fig.5-20
XI
X
XI
Fig.5-21
Fig.5-22
Fig.5-19

186FISIOLOGIAARTICULAR
ASARTICULAÇÕES METACARPOFALANGEANAS
Asarticulaçõesmetacarpofalangeanassão
de
tipocondilar (fig.5-24).
Possuem
doisgrausdeliberdade:
-fiexão-extensão,
noplanosagital,em
tomodoeixotransversal
yy';
-desviolateral, noplanofrontal,emtor­
nodoeixoântero-posteriorxx'.
A
cabeçadometacarpeano possuiuma
superfíciearticularA,ocôndilo,
convexaem
ambos
ossentidosemaisextensaelargapela
frentequeportrás.
A
basedaprimeirafalange está"escava­
da"porumasuperfícieB,acavidadeglenóide,
côncavaemambos ossentidos,demenorsuper­
fíciequeacabeçadometacarpeano.Prolonga-se
pelafrentemedianteumasuperfíciede"apoio":
afibrocartilagemglenóide (2),pequenalingüeta
fibrosainseridanobordoanteriordabasefalan­
geana,comumapequenaincisura(3)quelhe
serve
decharneira.
Defato(fig.5-25),naextensão(a),asuper­
fícieprofundaecartilaginosadafibrocartilagem
seencontraemcontatocomacabeçadometa­
carpo.Enquantonaflexão(b),afibrocartilagem
ultrapassaacabeça e,pivotandoemtomoda
suachameira,
deslizasobreasuperfícieanterior
dometacarpeano,
oqueépossívelgraças àsua
flexibilidade.Afibrocartilagempermiteconci­
liardoisimperativosaparentementecontraditó­
rios:umasuperfíciedemáximocontatoentreas
duasextremidadesósseaseaausênciadepico,
limitandoomovimento.Aliberdadedemovi­
mentodaflexão-extensão
épossívelgraças à
pontaarredondadaposterior(4)eanterior(5)da
cápsula.
AprofImdidadedapontaarredondada
anterioréindispensávelpara
odeslizamentoda
fibrocartilagemgle.nóide.
Naparteposteriorda
basefalangeana,seinserealingüetaprofunda
(6)dotendãoextensor.
Acadaladodaarticulaçãoseestendem
doistiposdeligamentos:
-um ligamentometacarpoglenóide (ver
maisadiante)quecontrolaosmovimen­
tosdafibrocartilagemglenóide;
-um
ligamentolateral, mostradonum
corte(1)dafigura5-24.Osdoisliga­
mentoslateraismantêmassuperfícies
articularesemcontatoelimitamosmo­
vimentos.
Nacabeçametacarpeana(fig.5-26,segun­
doDubousset),ainserçãoproximalAdoliga­
mentolateralnãosesituanocentrodacurvaar­
ticular,estando
claramenteportrás; poroutro
lado,existetoda
umasériedecentrosdeCllrra
queformamumaespiral,oqueindicaavariação
doraiodecurvadacabeçametacarpeana.Deste
modo,adistânciaentreopontodeinserçãopro­
ximalAeopontodeinserçãodistalBnapri­
meirafalangeemextensãoeB'emflexãopassa
de27mma34mm.Porconseguinte,oligamen­
tolateral
sedistendenaextensãoeestátensona
jlexão.

2
3
Fig.5-24
6
A
X'
5
Fig.5-26
6
4
1.MEMBRO SUPERlOR 187
Fig.5-25 a

188FISIOLOGIAARTICULAR
ASARTICULAÇÕES METACARPOFALANGEANAS !
(continuação)
r
Assimsendo,éfácilentender(fig.5-27,
cortefrontal)quenaextensão(a)adistensãodos
ligamentoslateraispermiteosmovimentosde
lateralidade(b):umestátenso,enquantoooutro
sedistende.
Porisso,aestabilizaçãodametacarpofa­
langeanasemantémnaflexãopelosligamentos
lateraisenaextensãopelosmúsculosinterós­
seos.
Outraconseqüênciaimportantedestacon­
sideraçãoéqueasmetacarpofalangeanasja­
maisdevemimobilizar-seemextensão anão
seremcasoderigidezquaseimpossíveldere­
cuperar:adistensãodosligamentoslaterais
permiteasuaretração,algoquenãopodeacon­
tecernaflexão.
Aformadascabeçasmetacarpeanas(figs.
5-28,5-29,5-30e5-31,cabeçasdosmetacar­
peanos
lI,IlI,IVeVdoladodireito)ealongi­
tudedosligamentos,bemcomoasuadireção,
desempenhamumpapelessencial,porumapar­
te,naflexãooblíquadosdedos(vermaisadian-
te)e,poroutraparte,segundoR.Tubiana,no
mecanismodasinclinaçõesulnaresduranteo
seuprocessoreumático.
AcabeçadoIImetacarpeano(fig.5-28)é
claramenteassimétricadevidoàsuagrandesu­
perfícieposterior-internaeaoseuaplainamento
externo;oligamentolateralinternoémaisgros­
soemaislongoqueoexternocujainserçãoé
maisposterior.
Acabeçado
IIImetacarpeano(fig.5-29)
possuiumaassimetriasimilar
àdoIImetacarpo.
emboramenosacentuada;osseusligamentos
possuemcaracterísticasidênticas.
AcabeçadoIVmetacarpeano(fig.5-30)é
maissimétricacomsuperfíciesdorsaisiguais:os
ligamentoslateraissãodeespessuraeobliqüida­
deidênticos,sendooexternoligeiramentemais
longo.
AcabeçadoVmetacarpeano(fig.5-31)
possuiumaassimetriainversa
àdodedoindica­
doreàdomédio;osligamentoslateraisseapre­
sentamcomoosdaIVcabeça.

Fig.5-27
Fig.5-28
Fig.5-30
1.MEMBROSUPERIOR189
Fig.5-29
Fig.5-31

190FISIOLOGIAARTICULAR
oAPARELHO FIBROSODASARTICULAÇÕES METACARPOFALANGEANAS
Osligamentoslateraisdametacarpofalangea­
naseintegramnumaparelhofibrosomaiscom­
plexoquelevantae"centra"ostendõesextensores
eftexores.
Numavistaemperspectivaposterior,superiore
lateraldaarticulação(fig.5-32),podemosobservar
osseguintestendões:
-oextensorcomum(1),que,nasuperfície
dorsaldacápsuladirigeasuaexpansão
profunda(a)paraabasedaprimeirafalan­
genaqualseinsere;aseguir,otendãose
dividenumafaixamédia(b)eduasfaixas
laterais(c),querecebemasexpansõesdos
interósseos(nãorepresentadasnasfigu­
ras).Poucoantesdaseparaçãodaexpan­
sãoprofunda,podemosobservarcomose
desprendemdasmargenslateraisdoexten­
sorumasfaixassagitais(d),supostamente
transparentesnosdesenhos,queatra­
vessamasmargenslateraisdaarticulação
parainserir-senoligamentotransversoin­
tercarpeano(4);destemodo,otendãoex­
tensorsemantémnoeixosobreasuperfí­
ciedorsalconvexadacabeçametacarpea­
na,nopercursodaftexãodaarticulação;
-osflexores,oprofundo(2)eosuperficial
(3),seintroduzemnapoliametacarpeana
(5)quetemorigemnafibrocartilagemgle­
nóide(5)eseprolonga(5)sobreasuperfí­
ciepalmardaprimeirafalange:nesteponto,
oftexorsuperficialsedivideemsuasduas
faixas(3')antesqueotendãodoftexorpro­
fundooperfure(2).
Tambémpodemosobservaroaparelhocápsu­
lo-ligamentar:
-acápsulaarticular(7)reforçadapor:
•ligamentolateralqueseinserenotubér­
culolateral(8)dacabeçametacarpeana,
deslocadaportrásdalinhadoscentrosde
curva(verantes)esedivideemtrêspartes:
-umfascículometacarpofalangeano(9)oblí­
quoparabaixoeparafrenteemdireçãoàba­
sedaprimeirafalange;mencionadoanterior­
mente;
-ofascículometacarpoglenóide(10),quese
dirigeparafrenteparainserir-senasmargens
dafibrocartilagemglenóide(6)queoadapta
contraacabeçademetacarpeanodemodoa
manterasuaestabilidade;
-ofascículofalangoglenóide(11)maisfino,
querealizaa"chamada"dafibrocartilagem
glenóideduranteaextensão;
•ligamentotransversointermetacarpea­
no(4)seinserenasmargensadjacentes
dasfibrocartilagensglenóidesvizinhas,de
talformaqueassuasfibrasseestendemde
umládoaooutrodamão,noníveldasar­
ticulaçõesmetacarpofalangeanascomas
quedelinlitamtúneisosteofibrososporcu­
jointeriorpassamostendõesdosinterós­
seos(semrepresentaçãonasfiguras);pela
frentedoligamentotransversosedeslizao
tendãodomúsculolumbrical(semrepre­
sentaçãonasfiguras).
Destemodo,apoliametacarpeana(5),quese
inserenassuperfícieslateraisdafibrocartilagem,fica
literalmentesuspensanacabeçametacarpeaname­
dianteofascículometacarpoglenóideoeafibrocarti­
lagemglenóide.
Estedispositivodesempenhaumpapelmuito
importanteduranteaflexãodametacarpofalan­
geana:
-emestadonormal(fig.5-33),apolia,cujas
fibrasse'·arregaçam"distalmente,transmite
todoo"componentededecolagem"(seta)
à
cabeçadometacarpeano,atravésdofascícu­
loglenóide:ostendõesftexorespermane­
cemaderidosaoesqueletoeabasefalangea­
naficaestável;
-emestadopatológico(fig.5-34),quandoos
fascículosdoligamentolateralsedistendem
atédestruir-seporumprocessoreumático,o
"componentededecolagem"(seta),provo­
cadopelatraçãodosftexores,jánãoseexer­
cesobreacabeçadometacarpeano,massim
sobreabasedaprimeirafalangequeseluxa
anteriormenteeparacima,demodoquepro­
vocaumaproeminênciaacentuadadacabe­
çadometacarpeano;
-acorreçãodetalsituação(fig.5-35)pode­
seconseguir,emcertamedida,mediante
umaremoçãodaparteproximaldapolia
metacarpeana,masemdetrimentodaeficá­
ciadosftexores.

Fig.5-33
M
Fig.5-35
1.MEMBRO SUPERIOR 191
2
Fig.5-34

]92FISIOLOGIAARTICULAR
oAPARELHO FIBROSODASARTICULAÇÕES METACARPOFALANGEANAS
(continuação)
Ostendõesextensorescomuns(fig.5-36)
queconvergemnasuperfíciedorsaldopunho
sãoextremamentesolicitadosparadentro(se­
tasbrancas)dobordoulnar,devidoao"ângulo
dedistração"formadoentreometacarpeanoe
aprimeirafalange,maisacentuadonocasodo
dedomínimo(14°)edoanular(13°)quenoca­
sododedoindicador(8°)eespecialmentedo
médio(4°).Unicamenteafaixasagitaldoex­
tensor,situadanobordoradial,seopõeaeste
componentedeluxaçãoulnardotendãoexten­
sorsobreasuperfíciedorsalconvexadacabe­
çadometacarpeano.
Nocursodeumprocessoreumático(fig.
5-37,vistaemcortedascabeçasmetacarpea-
nas),aslesõesdegenerativasdestroemnãoso­
menteosligamentoslaterais(10),oque"de­
sengancha"aplacapalmar(6)oufibrocartila­
gemglenóidenaqualseinsereapoliameta­
carpeana(5)queincluiosflexoresprofundo
(2)esuperficial(3),mastambémdistendem
oudespegamafaixasagital(d)dobordora­
dial,permitindoassimodeslocamentodoten­
dãoextensor(1)dobordoulnareasua"luxa­
ção"nos"vales"intermetacarpeanos.Emcon­
diçõesnormais,esteespaçointermetacarpeano
sócontêmostendõesdosinterósseos(12)pe­
lafrentedoligamentointermetacarpeano(4),
enquantootendãodolumbrical(13)selocali­
zaportrás.

Fig.5-36
1.MEj\1BROSUPERIOR 193
Fig.5-37

194FISIOLOGIAARTICULAR
AAMPLITUDE DOSMOVIMENTOS DASARTICULAÇÕES
METACARPOFALANGEANAS
Aamplitudedaflexão(fig.5-38)éaproxi­
madamentede90°;todavia,énecessárioressal­
tarque,emboraalcanceos90°justosnocasodo
dedoindicador,aumentaprogressivamenteatéo
quintodedo.Alémdisso,aflexãoisoladadeum
dedo(nestecasoodedomédio)estálimitadape­
latensãodoligamentopalmarinterdigital.
Aamplitudedaextensãoativavariaem
cadaindivíduo:podeatingirde30a40°(fig.5­
40).Aextensãopassivapodeatingirquaseos
90°emindivíduoscomumagrandelassidãoli­
gamentar(fig.5-41).
Detodososdedos(excetoopolegar),o
dedoindicadoréoquepossui(fig.5-42)
a
maioramplitudedemovimentoemdireçãola­
teral(30°)e,comoéfácilmovê-lodeforma
isolada,podemosnosreferir
àabdução(A)e
adução(B).Odedoindicadordeveasuadeno­
minação,índice
=indicador,àestamobilida­
deprivilegiada.
Combinandomovimentosemdiferentes
graus(fig.5-43)deabdução(A)-adução(B)ede
extensão(C)-flexão(D),odedoindicadorpode
realizarmovimentosdecircundução.Estes
movimentosselimitamaointeriordoconede
circunduçãodefinidopelasuabase(ACBD)eo
seuvértice(articulaçãometacarpofalangeana).
Esteconeestáachatadotransversalmentedevido
àmaioramplitudedosmovimentosdeflexão­
extensão.Oseueixo(setabranca)representaa
posiçãodeequiltbrio-tamb~mdenominada
funcional-daarticulaçãometacarpofalangeana
dodedoindicador.
Asarticulaçõesdetipocondilarnãopos­
suemnormalmentepterceirograudeliberdade
(rotaçãolongitudinal).Éocasodasarticulações
metacarpofalangeanasdosquatroúltimosdedos
quenãopossuemrotaçãolongitudinalativa.
Contudo,alaxitudeligamentarpermitecer­
taamplitudederotaçãoaxialpassiva.Asua
amplitudeéde60°aproximadamente(Roud).
Énecessárioressaltarquenocasododedo
indicador,aamplitudedarotaçãoaxialpassiva
interna-oupronação-émuitomaior(45°)que
aamplitudedarotaçãoaxialexterna-supinação
-quasenula.
Senãopossuemmovimentoderotação
longitudinalativaindividualizada,asmetacar­
pofalangeanaspossuem,porém,devido
àassi­
metriadocôndilometacarpeanoedadesigual­
dadedetensãoedecomprimentodosligamen­
toslaterais,ummovimentoderotaçãolongi­
tudinalautomáticanosentidodasupinação.
Estemovimentocujomecanismoéidênticoao
dainterfalangeanadopolegarémaisacentuado
quantomaisinternosejaodedo,demodoque
émáximonocasododedomínimoondesein­
tegranomovimentodeoposiçãosimétricaao
dopolegar.
--------.-----.--

Fig.5-38
Fig.5-40
1.MEMBRO SUPERIOR 195
I
Fig.5-42 Fig.5-41 Fig.5-43

----------~ --------------- s
196FISIOLOGIAARTICULAR
ASARTICULAÇÕESINTERFALANGEANAS
I··
Asarticulaçõesinterfalangeanassãodo
tipotroclear:possuemsóumgraudeliber­
dade:
-acabeçadafalange(fig.5-44efigo5-45,
A)temaformadeuma
poliaepossuisó
umeixo
XX',transversal,emtomodo
qualserealizamosmovimentosdefie­
xão-extensão,noplano
sagital;
-abasedafalangedistal(B),quelhe
corresponde(fig.5-45),estáescavada
porduaspequenas
cavidadesglenóides
queseencaixamsobreasduassuperfí­
ciesarticularesdatróclea.Acristarom­
baqueseparaambasascavidadesgle­
nóidessealojanagargantadapolia.
Comonocasodasarticulaçõesmetacar­
pofalangeanas,epelasmesmasrazõesme­
cânicas,existe
umafibrocartilagemglenóide
(2)(osnúmeroscOlTespondemaosdafigura
5-24).
Emfiexão
(fig.5-46),afibrocartilagemgle­
nóidedeslizasobreasuperfícieanteriordafa­
langeproximal.
Emvistalateral(fig.5-47),podemosdistin­
guir,alémdos
ligamentoslaterais (1),asexpan­
sõesdotendãoextensor(6)eos
ligamentosfa­
langoglenóides(7).
Énecessárioressaltarque osligamentosla­
teraisestãomaistensosnafiexão
quenocaso
dasarticulaçõesmetacarpofalangeanas:defato
(fig.5-45),apoliafalangeana(A)sealargano­
tavelmenteparafrente,demodoqueatensão
dosligamentosaumentaeproporcionaumapoio
maisamploparaabasedafalangedistal.Portan­
to,osmovimentosdelateralidadenãoexistem
nocasodafiexão.
Tambémestãotensosduranteamáximaex­
tensãoquerepresentauma
posiçãodeestabilida­
delateralabsoluta.
Contudo,estãodistendidos
naposiçãodefiexãointermédia,quejamaisdeye
serumaposiçãodeimobilizaçãoporquefavore­
ceriaasuaretraçãoeumarigidezposterior.
Outrofatorderigidezemfiexãoestácons­
tituídopela
retraçãodos"freiosdaextensão".
Oautoresanglo-saxõesrecentementedecreve­
ramestasestruturasnasarticulaçõesinterfalan­
geanasproximais(fig.5-48,vistapalmarexter­
naesuperiordeumaarticulaçãointerfalangeana
proximal)comadenominação,de
"checkreinli­
gaments":
estãoconstituídasporumfascículo
defibraslongitudinais(8)localizadonasuperfí­
cieanteriordaplacapalmar(2)emumenoutro
ladodostendõesfiexoresprofundo(11)esuper­
ficial(12),entrea'inserçãodapoliadasegunda
falange(10)eadaprimeira(semrepresen­
tação),formandoolimitelateraldasfibrasdia­
gonais(9)dapoliadainterfalangeanaproximal.
Estesfreiosdaextensãoimpedemahiperexten­
sãodainterfalangeanaproximale,pelasuare­
tração,sãoumacausaprimordialdarigidezem
ftexão;demodoquedevemremover-secirurgi­
camente.
Emresumo,asinterfalangeanas,especial­
menteasproximais,devemserimobilizadasnu­
maposiçãopróxima
àextensão.
Aamplitudedafiexão nasarticulaçõesinter­
falangeanasproximais(fig.5-49)ultrapassaos
90°:porconseguinte.Fe
FformamentresiumI_
ânguloagudo(nesteesquema,asfalangesnãose
\"êmexatamentedeperfil,oqualfazcomqueos
ângulospareçamobtusos).Comonocasodas
metacarpofalangeanas,estaamplitudedefiexão
aumentaprogressivamentedosegundoaoquin­
todedo,
paraalcançaros135°nodedomínimo.
Aamplitudedafiexão nasarticulaçõesin­
terfalangeanas
distais(fig.5-50)é ligeiramente
inferior
a90°(oânguloentre F2eF3permanece
obtuso).Comonocasoanterior,estaamplitude
aumentadosegundoaoquintodedos,paraatin­
giros90°
nodedomínimo.
Aamplitudedaextensãoativa
(fig.j-51)
nasarticulaçõesinterfalangeanasé:
-inexistentenasarticulações
proximais
(P);
-inexistenteoumuitopequena(5°)nas
articulações
distais(D).

1.MEMBRO SUPERIOR 197
Fig.5-45
Fig.5-49
9
t
P D
Fig.5-46

XI
Fig.5-47
1
2
7
8
Fig.5-48
12
11
Fig.5-50

198FISIOLOGIAARTICULAR
ASARTICULAÇÕESINTERFALANGEANAS
(continuação)
r
Comrelação àextensãopassiva(fig.5­
52),estaéinexistentenainterfalangeanapro­
ximal(P),masbastanteacentuada(30°)nain­
terfalangeanadistal(D).
Asarticulaçõesinterfalangeanaspossuem
sóumgraudeliberdade,nessecasonãoexis­
temmovimentosativosdelateralidade.Se
existemalgunsmovimentospassivosdelate­
ralidadenocasodainterfalangeanadistal
(fig.5-53),pelocontrário,ainterfalangeana
proximal
ébastanteestávellateralmente,o
queexplicaotranstornoquetrazumaruptura
deumligamentolateralnestenível.
Umpontoimportanteéoplanonoqual
serealizaaflexãodosquatroúltimosdedos
(fig.5-54):
-odedoindicadorseflexionadiretamente
noplanosagital(P),emdireção
àbase
daeminênciatenar(setabrancagrande);
-porém,vimosanteriormente(verfigo
5-13)que,naflexãodosdedos,osseus
eixosconvergemnumpontosituadona
parteinferiordocanaldopulso.Portan­
to,paraqueistoaconteça,énecessário
queostrêsúltimosdedosseflexionem,
nãocomoodedoindicadornoplanosa­
gital,massimnumadireçãomaisoblí­
quaquantomaisinternoseja
odedo;
-comrelaçãoaodedomínimo,estadire­
cão,oblíquaaomáximo,estárepresenta­
danoesquemapelasetabrancapequena.
Aimportânciadestetipodeflexão"oblí­
qua"
équepermiteque osdedosmaisinternos
realizem
omovimentodeoposiçãoaopolegar
domesmomodoque
ofazodedoindicador.
Comoépossívelestaflexão"oblíqua"?
Umesquemasimples(fig.5-55)eumencaixe
(vernofinaldestevolume)facilitamacom­
preensão:
-umatiraestreitadepapelão(a)repre­
sentaacadeiaarticulardeumdedo:o
metacarpeano(M)eastrêsfalanges
(FI'
F2eF);
-seadobra,querepresentaoeixodefle­
xãodeumainterfalangeana,
éperpendi­
cular(xx')aoeixolongitudinaldatira,a
falangevaiseflexionardiretamenteno
planosagital(d)evaicobrirexatamen­
teafalangesuprajacente;
-pelocontrário,seadobraélevemente
oblíquaparadentro(xx'),aflexãojá
nãoseproduznoplanosagitaleafa­
langeflexionada(b)desdobrarápara
foraafalangesuprajacente;
-bastaumaleveobliqüidadedoeixode
flexão,jáquesemultiplicaportrês
(xx',
yy',zz'),paraqueodedomíni­
mototalmenteflexionado(c),suaobli­
qüidadelhepermitaatingiropolegar:
-estademonstraçãoéválida,emgraus
decrescentes,paraoanulareomédio.
Narealidade,oseixosdeflexãodasmeta­
carpofalangeanasedasinterfalangeanasnão
sãofixosnemimutáveis:perpendicularesem
máximaextensão,setornamprogressivamente
oblíquosnodecursodaflexão;assim,dizemos
quesãoevolutivos.
Aevoluçãodoseixosdeflexãodasarticu­
laçõesdosdedossedeve
àassimetriadassu­
perfíciesarticularesmetacarpeanas(veraci­
ma)efalangeanase
àtensãodiferencialdosli­
gamentoslaterais,comoteremosocasiãode
comprovarnocasodametacarpofalangeanae
interfalangeanadopolegar.

Fig.5-52 Fig.5-53
I
-
\'
---n .111
/""
Fig.5-54
y

M
a
y'
z'
b
Fig.5-55
c
~...•............,
::
:F~1\
x@lx.
dI

200FISIOLOGIAARTICULAR
SULCOSOUCANAISEBAINHASDOSTENDÕESFLEXORES
Parapercorrerasporçõescôncavasdasuatrajetó­
ria,ostendõesdevemestarligadosaoesqueletomedian­
tesulcosoucanaisfibrosos,porquesenão,atensãopro­
vocariaqueseguissemacordadoarcodoesqueleto,de
modoqueseriamineficazesdevidoaorelativoalonga­
mentoemrelaçãoaoesqueleto.
Entreasduasmargensdocanaldocarpo(fig.5­
56)seestendeumafaixafibrosa,oligamentoanular
anteriordocarpo(1).Assim,seconstituiumprimeiro
sulcoosteofibroso,ocanaldocarpo(fig.5-57,segundo
Rouviere)peloqualpassam(setabranca)todososten­
dõesflexoresquesedirigemdoantebraçoàmão.
Nocortedocanaldocarpo(fig.5-58),podemos
observarosdoisplanosdostendõesflexoressuperficiais
(2)eprofundos(3),bemcomootendãodoflexorlongo
própriodopolegar(4).Otendãodopalmarmaior(5)
passaporumcompartimentoespecialdocanaldocarpo
parainserir-senosegundometacarpeano(fig.5-57).O
nervomediano(6)tambémpassapelocanal,onde,em
determinadascircunstâncias,podeficarcomprimido,o
qualnãoacontececomfreqÜêncianocasodonervoul­
nar(7)que,acompanhadodasuaartéria,passaporum
canalespecial,ocanaldeGuyon,pelafrentedoliga­
mentoanular.
Ostendõesflexoresestãomantidosportrêspolias
fibrosasemcadadedo(figs.5-56e5-59):aprimeira(8)
ligeiramenteacimadacabeçadometacarpeano,asegun­
da(9)nasuperfícieanteriordaprimeirafalange,atercei­
ra(10)nasuperfícieanteriordasegundafalange.Desse
modo,comasuperfícieanteriorligeiramentecôncava
dasfalanges,aspoliasconstituem(destaquenafigo5-56)
autênticoscanaisosteofibrosos.Entreestestrêscanais,
ostendõesestãomantidosporumsistemadefibrastan­
tooblíquasquantocruzadas(11)quepassam"emfan­
farra",diantedaarticulaçãometacarpofalangeanaein­
terfalangeanaproximal.
Asbainhasserosaspermitemodeslizamento
dostendõesnointeriordossulcos,comosefossemas
bainhasdoscabosdefreio.
Asbainhasdigitaistêmaestruturamaissimples
nocasodostrêsdedosmédios(fig.5-60,esquemasim­
plificado):otendão(parasimplificarsóestárepresenta­
doumdeles)estáenvolvidonumabainhaserosa(uma
partedoqualfoiremovidanoesquema)constituídopor
duaslâminas:umalâmina"visceral"(a)emcontato
comotendãoeumalâmina"parietal"querecobreasu­
perfícieprofundadosulcoosteofibroso.Entreestasduas
lâminasseencontraumacavidadevirtualfechada(c),
porqueasduaslâminascontinuamumacomaoutrafor­
mandodoisrecessosperitendinosos(d);ocorteAcor-
respondeaestadisposiçãosimples.Quandootendãose
deslocanoseusulco,alâminavisceral,lubrificadapor
umapequenaquantidadedelíquidosinovial,deslizaso­
brealâminaparietal(semelhanteaomovimentodacor­
rentedeumtrator).Se,porconseqüênciadainfecçãode
umabainha,asduaslâminasseaderementresi,otendão
jánãopodedeslizarpeloseucanal,fica"entalado"co­
mosefosseumcabodefreioenferrujado:deixadefun­
cionar.
Emalgumaszonas(corteB)vasosdestinadosao
tendãodeslocamarÍlbasaslâminas,demodoquecons­
tituemum"mesotendão"(e),osvinculatendinorum,es­
péciedeseptolongitudlnalqueparecemanterotendão
nointeriordacavidadesinovial(c).Trata-sedeumades­
criçãobastantesimplificada,principalmentecomrela­
çãoaosrecessos(veradescriçãonumtratadodeanato­
mia).
Napalmadamão,ostendõesdeslizamportrês
bainhascarpeanas(fig.5-56)quesão,deforapara
dentro:
-abainharádio-carpeana(13),queenvolveo
tendãodoflexorlongodopolegaresecontinua
comabainhadigitaldopolegar;
-abainhamédia(12),anexaaotendãoflexor
profundododedoindicador;
-abainhaulnocarpeana(14),quedeslocatrês
recessosparafrente,paratráseentreostendões
superficiaiseprofundos(fig.5-58)eseprolon­
gacomabainhadigitaldoquintodedo.
Noplanotopográfico,éimportanteressaltar:
1)aspontassuperioresdasbainhasdocarpo
ultrapassamamplamenteporcimadoliga­
mentoanular,emdireçãoaoantebraço
(fig.5-56);
2)asbainhasdigitaisdostrêsdedosmédiosascen­
demquaseatéametadedapalmaeassuaspon­
tassuperioressecorrespondemcomapregapal­
marinferior(ppi)paraoterceiroequartodedo
ecomapregapalmarmédia(ppm)paraose­
gundo(fig.5-56),
3)aspregaspalmares(setaspretas)deflexãodos
dedos(fig.5-59)são-salvoapregasuperior
-suprajacentesàsarticulaçõescorresponden­
tes;nestecasoapeleentradiretamenteemcon­
tatocomabainhaquepodeserinoculadapor
umainjeçãoséptica.
Observartambémqueaspregasdorsais(setas
brancas)sãosuprajacentesàsuaarticulação.

r
ppi
B
Fig.5-60
)J
---.....
Fig.5-59
1.MEMBRO SUPERIOR 201
Fig.5-57

202FISIOLOGIAARTICULAR
OS-TENDÕES DOSMÚSCULOS FLEXORES LONGOSDOSDEDOS
ocorpocarnosodosmúsculosflexoresdos
dedosselocalizanocompartimentoanteriordo
antebraço:portanto,setratademúsculosex­
trínsecos,comrelaçãoàmão.Apóshaverestu­
dadooseutrajetonopunhoenapalmadamão,
restaconsiderardequemaneirafinalizameque
açãorealizam.
Omúsculomaissuperficial-oflexorco­
mumsuperficialdosdedos(semtracejar,figo5­
61,a)-deveterminarantes(em
F)queomúscu­
lomaisprofundo-oflexorcomumprofundodos
dedos(tracejado,figo5-61,a).Demodoqueéne­
cessárioqueestesdoistendõesseCnlzemnoes­
paçoedeformasimétricaanãoserquesejain­
troduzidoumcomponentelateralprejudicial.A
únicasoluçãoéqueumdostendõespasseatra­
-résdooutro.Mas,qualdosdoisdeveperfuraro
outro?Podemosentendercomfacilidadequeo
profundoéoqueperfuraosupe1jicial.Osesque­
mastradicionaisdeanatomia(fig.5-61)mostram
asdiferentesmodalidadesdocruzamento:
-otendãosuperficial(b)sedivideemduas
lingüetasnoníveldaarticulaçãometacar­
pofalangeana;ditaslingüetasrodeiamas
margensdotendãoprofundo(c)antesde
reunir-senaarticulação
FoFparaseinse-
"1
rirnassuperfícieslateraisde F2•Istofica
claronoscortesenavistaemperspectiva
(fig.5-62),naqualpodemosobservar
tambémosmesotendões(verfigo5-60).
Estesvinculatendinorumasseguramavas­
cularizaçãodostendões,segundoLundborge
cols.,conformedoissistemas(fig.5-62):
-osistemadoflexorcomumsuperficial,
pordoisaportes:
•proximal,paraazonaA,pelosmicro­
vasoslongitudinaisintrínsecos(1)eos
vasosdapontaproximaldabainhasi­
novial(2);
•distal,paraazonaB,pelosvasosdo
vinculumbrevis(3)nasinserçõesdas
faixaslateraisdasegundafalange;
Entreasduaszonas,existeumsegmento
avascular(4)quesecorrespondecomadivi-
sãodasfaixas.
I
-osiste~madoflexorcomumprofundo,
portrêsaportes:
•proximal,paraazonaA,comosdois
tiposdevasos(5)e(6)comparáveis
aosdoflexorsuperficial;
•intermédio,paraazonaB,pelosva­
sosdovinculumlongus(7)dependen­
teporsuavezdovinculumbrevisdo
flexorsuperficial;
•distal,paraazonaC,pelosvasosdo
vinculumbrevis,queseinserenater­
ceirafalange(8).
Nocasodoflexorprofundo,existemtrês
zonasavasculares:
-umsegmento(9)entreaszonasAeB;
-umoutrosegmento(10)entreaszonas
BeC;
-eporúltimo,nonívelda"terradenin­
guém",nafrentedainterfalangeana
proximal,urnazonaperiférica(11)de
ummilímetrodeespessura,ousejaa
quartapartedodiâmetrodotendão.
Oconhecimentodessessistemasdevas­
cularizaçãotendinosaéindispensávelparao
cirurgiãodamão,seelenãoquisercomprome­
teroudestruirosaportesvascularesnecessá­
riosparaobomtrofismodostendões.Além
disso,aszonasavascularestêmomaiorrisco
dedesco1amentodassuturas.

1.MEMBRO SUPERIOR203
cb
Fig.5-62
Fig.5-61
a

204FISIOLOGIAARTICULAR
OSTENDÕESDOSMÚSCULOSFLEXORES LONGOSDOSDEDOS
(continuação)
Poderíamosconceberumadisposição
maissimplesnaqualostendõesnãodeveriam
secruzar(otendãoqueterminaem
Foseria
profundoeoqueseinsereem
F3seriasüperfi­
cial)demodoqueseriaútilperguntar:
qualéa
necessidademecânicadestecruzamentotão
complicado?
Semcairnaposiçãofinalista,é
convenienteassinalar(fig.5-63)quepermane­
cendosuperficialquaseatéasuaterminaçãoo
tendãoflexordasegundafalangeformacom
estaum
ângulodetraçãoouângulodeaproxi­
mação.maior
queseestivesseemcontatocom
oesqueleto;istoaumentaasuaeficáciaepode­
mosdarumaexplicaçãológicaaofatodequeo
tendãosuperficialenãooprofundoéoqueé
perfurado.
Aaçãodestesdoismúsculossepodededu­
zirpelasuainserção:
-o
flexorcomumsuperficial dosdedos
(fig.5-63)queseinsere,comofoicom­
provadoanteriormente,nasegundafa­
lange,é
fiexordasegundafalange:
•naturalmente,estáprivadodeaçãoso­
breaterceirafalange;
•époucoflexordaprimeirafalangeein­
clusiveénecessárioqueasegundaes­
tejacompletamenteflexionada;
•asuaeficáciaé
máximaquandoapri­
meirafalangeestáestendidapelacon-
I-
traçãodoextensorcomum (antagonis­
mo-sinergia),
•seuângulodeaproximação,eportanto
asuaeficácia,aumentaprogressiva­
mente
àmedidaque F2seflexiona.
-flexorcomumprofundo dosdedos(fig.
5-64);queseinserenabasedaterceira
falange,éantesdetudoflexordaterceira
falange:
•masestaflexãode
F3seassociarapida­
mentecomaflexãode
Fo,porquenão
existeextensorseletivode
Focapazde
realizaraoposiçãoaestaflexão.Para
exploraraforçadoflexorprofundoé
necessário
mantermanualmente F2em
extensão;
•quandoFIeF2secolocammanualmen­
teemflexãode
900,oflexorprofundo
éincapazdeflexionar
F3:ficadistendi­
dodemaise,portanto,éineficaz;
•asuaeficácia
émáximaquandoapri­
meirafalangesemantémemextensão
porcontraçãodoextensorcomum
(an­
tagonismo-sinergia).
Apesardessaslimitações,sepodedemons­
traraimportantefunçãodoflexorprofundo.Os
extensoresradiaislongoecurtodocarpo (Rs)eo
extensorcomum
(EC)sãosinérgicosdosfiexores
(fig.5-65).

Fig.5-65
Fig.5-63
Fig.5-64

1.MEMBRO SUPERIOR 205
EC
EC
~EC
Rs

206FISIOLOGIAARTICULAR
OSTENDÕESDOSMÚSCULOS EXTENSORES DOSDEDOS
Osmúsculosextensoresdosdedostambém
sãomúsculosextrínsecos.Percorremossulcos,
mascomooseutrajetoé,emconjunto,convexo,
sãomenosnumerosos.Sóexistemnopunho,
únicopontoondeotrajetodostendõessetrans­
formaemcôncavoduranteaextensão.Nesteca­
so,osulcoosteofibrosoestáconstituídopela
porçãoinferiordosdoisossosdoantebraçoepe­
loligamentoanularposteriordocarpo(fig.5­
66).Estesulco,porsuavez,estásubdividido
emseistúneisporseptosfibrososqueseesten­
demdasuperfícieprofundadoligamentoanular
aoesqueleto.Podemosobservar,dedentropara
fora(deesquerdaàdireitanoesquema),ostú­
neIS:
1)doextensorulnardocarpo;
2)doextensordodedomínimocujotendão
seunemaisabaixocomodoextensorco­
mumdestinadotambémaoquintodedo;
3)dosquatrotendõesdoextensorcomum,
acompanhadoemprofundidadepelo
tendãodoextensorprópriododedoindi­
cador,queseuneumpoucomaisabaixo
dotendãodoextensorcomumdestinado
aodedoindicador;
4)doextensorlongoprópriodopolegar;
5)dosextensoresradiaislongoecurtodo
carpo;
6)doextensorprópriocurtodopolegare
doabdutorlongodopolegar.
Nestessulcososteofibrosos,ostendõesex­
postosestãoenvolvidosporbainhasserosas
(fig.5-67)quepassamporcimadoligamento
anulardorsaleseestendembastanteabaixoso­
breasuperfíciedorsaldamão.
Dopontodevistafisiológico,oextensor
comumdosdedosé,principalmente,oexten­
sordaprimeirafalangesobreometacarpeano.
Estaaçãosemanifestacomforçaeevidên­
cia,sejaqualforaposiçãodopunho(fig.5-69).
Transmite-se
àprimeirafalangepelaexpansão
profunda(1),longade10a12mm,quesedes­
coladasuperfícieprofundadotendão,diferente
dacápsuladametacarpofalangeana,parainserir­
sejuntocomacápsulanabasedeFI:emuma
vistadorsal(a),umsegmentodetendãoremovi­
dodeixaverestaexpansãoprofunda(1).
Pelocontrário,aaçãosobreasegunda
falange-atravésdalingüetamédia
(2)-eso­
breaterceirafalange-atravésdasduaslingüe­
taslaterais(3)-dependedograudetensão
dotendãoe,porconseguinte,daposiçãodo
punho(fig.5-69),etambémdograudefie­
xãodametacarpofalangeana:
-sóérelevantequandoopunhoestáfle­
xionado
(A);
-éparcialeincompletaemposiçãode
alinhamento(B);
-éinexistentequandoopunhoestáesten­
dido(C).
Defato,aaçãodoextensorcomumsobre
asduasúltimasfalangesdependedograudeten­
sãodosflexores:
-seostendõesestãotensosdevido
àexten­
sãodopunhooudametacarpofalangea­
na,oextensorcomum
éincapaz,porsi
só,deestenderasduasúltimasfalanges;
-se,pelocontrário,ostendõesestãodis­
tendidosdevido
àflexãodopunhoouda
metacarpofalangeana(ouporsuasec­
ção),oextensorcomumpodeestender
facilmenteasduasúltimasfalanges.
Otendãodoextensorprópriododedoin­
dicadoreododedomínimopossuemamesma
fisiologiaqueotendãocorrespondentedoexten­
sorcomumcomoqualseconfundem.Permitem
aextensãoisoladadodedoindicadoredoquin­
todedo(gestode"pôrchifres").
Demaneiraacessória,nocasododedoindi­
cador,ostendõesextensorestêm,segundoDu­
chennedeBoulogne,umaaçãodelateralidade
(fig.5-70):oextensorpróprio(EP)realizaa
"adução"eoextensorcomum(EC)a"abdução".
Estaaçãoaparecequandoaflexãodasduasúlti­
masfalangeseaextensãodaprimeiraanulama
açãodosinterósseoscorrespondentes.

1.MEMBRO SUPERIOR 207
Fig.5-67
Fig.5-69
-
J
Fig.5-66
Fig.5-70
a
Fig.5-68
b
EP
EC

-----.-----------------------------
208FISIOLOGIAARTICULAR
MÚSCULOS INTERÓSSEOS ELUMBRICAIS
Nãodescreveremosdenovoasinserçõesdosin­
terósseos;e:'.tãoresumidasnasfiguras5-71,5-72e5­
73.Estasinserçõesnãointeressamsenãoforparaescla­
recerasaçõesmusculares.
Noplanofisiológico,osinterósseospossuemdois
tiposdeações:açãodelateralidadeeaçãosobreafle­
xão-extensão.
Suaaçãodelateralidadesobreosdedosestáde­
terminadapelainserçãodeumapartedotendãotermi­
nalsobreotubérculolateraldabasedaprimeirafalan­
ge(1);estaaçãoétãodiferentequeestainserçãoinclu­
sivesecOlTesponde,àsvezes,comumcorpomuscular
diferente(disposiçãoencontradanoprimeirointerósseo
dorsal,segundoWinslow).
OsClllidodomovimentodelateralidadeestáregu­
ladopeladireçãodocorpomuscular:
-quandosedirigeemdireçãoaoeixodamão
(terceirodedo)-éocasodosinterósseosdor­
sais(traçosverticais,figs.5-71e5-73)-o
músculoordenaaseparaçãodosdedos(setas
brancas,figo5-71).
Éevidenteque,seosegundoeoterceirointe­
rósseossecontraemsimultaneamente,asua
açãodelateralidadesobreomédioseanula.
Comrelaçãoaoquintointerósseo,aseparação
érealizadapeloadutordoquinto(5)(fig.5­
72),queequivaleauminterósseodorsal.No
polegar,aescassaseparaçãoqueproduzoab­
dutorcurtodopolegar(6)estácompensadape­
larealizadapeloabdutorlongoqueagesobreo
primeirometacarpeano;
-quandoseafastadoeixodamão-éocasodos
interósseospalmares(traçoshorizontais,figs.
5-72e5-73)-omúsculodirigeaaproximação
dosdedos(setasbrancas,figo5-72);
-osinterósseosdorsaissãomaisvolumosose
portantomaispotentesqueospa1mares,oque
explicaqueestesúltimossejammenoseficazes
quantoàaproximaçãodosdedos;
-ostendõesdosinterósseos,envolvidosemfor­
maçõesfibroaponeuróticasanexadasaoliga­
mentotransversointermetacarpeano,nãopo­
demseluxarparafrenteduranteaflexãodas
metacarpofalangeanas,porqueoligamento
transverso,localizadonafrentedeles,osman­
témnoseulugar.Nãoéocasodoprimeiroin­
terósseodorsalquecarecedestemecanismo:
quandoafaixafibrosaqueomantémsegurose
distendeporumprocessoreumático,oseuten-
1--
dãosedeslocaparafrenteeperdeasuaaçãode
abduçãoparaseconverteremflexor.
Asuaaçãosobreaflexão-extensãonãopodeser
entendidasemdescreverpreviamenteaestruturada
aponeurosedorsaldodedo(figs.5-74,5-75e5-76):
-apósteremitidoasuainserção(1)paraotubér­
culolateraldeFI'otendãodointerósseocons­
tituiumalâminafibrosaque,'passandosobrea
superfíciedorsaldeF.vaicontinuarnasuaho­
mólogacOfltralateral:'setratadacorreiados
interósseos(2).Vistapelasuasuperfíciepro­
funda(foramremovidasasfalanges),aapo­
neurosedorsal·(fig.5-75)permiteobservares­
tacOlTeiaformadadeumaparterelativan1ente
espessa(2)edeumapartemaisfina(2'),fibras
oblíquasqueseexpandememdireçãoàslin­
gÜetaslaterais(7)doextensorcomum.Aparte
espessa(2)deslizasobreasuperfíciedorsalde
FIedaarticulaçãometacarpofalangeaname­
dianteumapequenabolsaselvsa(9),debaixo
daqualsedescolaalingÜetaprofunda(4)do
extensorcomum;
-umaterceiraexpansãodotendãodointerós­
seoconstituiumafinalingÜeta(3)quesedi­
rigeemdoiscontingentesdefibrasparaoex­
tensor:
•algumasfibrasoblíquas(10)paraalingÜeta
médiaconstituemalâminatriangular;
•amaiorpartedasfibrassefundemcomalin­
gÜetalateralpoucoantesdasuapassagempe­
lainterfalangeanaproximal,paraformaruma
faixa(12),quevaiinserir-sesobreF,coma
suahomólogacontralateral: '
•observar(fig.5-76)queafaixalateral(12)
nãopassaexatamentepelasuperfíciedorsal
dainterfalangeanaproximal,massimligeira­
mentesobreoladoondeestácoladaàcápsu­
laporalgumasfibrastransversais,aexpan­
sãocapsular(11):
-osquatrolumbricais(fig.5-77),numerados
deforaparadentro.seinseremnasmargens
dostendõesfiexoresprofundos,principal­
mentenamargemradial.Oseutendão(13)
sedirigeparabaixoevoltaparadentro.Em
primeirolugaroligamentotransversointer­
metacarpeanooseparadotendãodointerós­
seo(fig.5-76),dando-o,assim,umaposição
maispalmar.Aseguir(figs.5-75e5-76),se
fundecomaterceiraexpansãodointerósseo,
maisabaixodoqueacorreia.

Fig.5-77 Fig.5-76 Fig.5-75
1.MEMBRO SUPERIOR 209
Fig.5-74

210FISIOLOGIAARTICULAR
AEXTENSÃO DOSDEDOS
Aextensãodosdedossedeveàaçãocombinada
doextensorcomum(EC),dosinterósseos(Is),doslum­
bricais(Ls)etambémemcertamedida,doflexorsuper­
ficial(FCS);todosestesmúsculosintervêmnasliga­
çõesdesinergia-antagonismovariáveisdependendoda
posiçãodaarticulaçãometacarpofalangeana(MP)edo
punho.Acrescente-seaaçãototalmentepassivadoliga­
mentoretinacular,quecoordenaaextensãodasduas
últimasfalanges.
Oextensorcomum
Jávimosanteriormente(pág.206)queoextensor
comumnãoéverdadeiroextensorsalvonocasodapri­
meirafalange(F)equenãoatuasobre
F2eF3seosflexo­
resnãoestãodistendidos(flexãodopunho,flexãodame­
tacarpofalangeana,secçãodosflexores).Numapeçaana­
tômica.atraçãodoextensorcomumdeterminaumaexten­
sãocompletadaFIeincompletade
F2eF3(fig.5-69,C).
Ograudetensãodasdiferentesinserçõesdoextensorcomum
dependepraticamentedaflexãodasfalanges:
-aflexãoisoladadeF,(fig.5-78)distende3rumafaixa
médiaeaexpansãoprofunda;demodoqueoextensorco­
mumjánãoatuadiretamentesobre
F,eF,;
-aflexãodeF,(fig.5-79)temduasconseqüências:
•distende3rumasfaixaslaterais(a)graçasà"derrapa­
gem"dasfaixasquedeslizamemposiçãopalmar,atraí­
daspelaexpansãocapsular(fig.5-75,11).Duranteaex­
tensãodeF,voltamàsuaposiçãodorsaldevidoàelasti­
cidadedalâminatriangular(fig.5-75,10);
•distendede7a8rumaexpansãoprofunda(c)oqueanu­
laaaçãodiretasobreF,doextensorcomum.Porém,po­
deestenderindiretamenteF,atravésdeF"seestaúltima
estáestabilizadaemflexãopeloflexorcomumsuperfi­
cial'quedesempenhaassimumpapelcoadjuvantedoex­
tensorcomumnaextensãodametacarpofalangeana(fig.
5-80):e"ef"seanulam,e'ef"sesomamesedecom­
põemsobreFIemA,componenteaxialeemB,compo­
nentedeextensão,incluindoumapartedaaçãodoflexor
comumsuperficial(R.TubianaeP.Valentin).
Osinterósseos
OsinterósseossãoflexoresdeFJeextensoresde
F2
eF3,masasuaaçãosobreasfalangesdependedograude
flexãodametacarpofalangeanaedoestadodetensãodo
extensorcomum:
-seametacarpofalangeanaestáestendida(fig.5­
81)porcontraçãodoextensorcomum;
-seacorreiasedesloca(a)porcimadametacar­
pofalangeanaemdireçãoàsuperfíciedorsaldo
primeirometacarpo(SterlingBunnel);
-destemodo,asexpansõeslateraispodemestar
tensas(b)eproduziraextensãodeFIe
F2;
-seametacarpofalangeanaseflexiona(fig.5-82)
pordistensãodoextensorcomum(a)econtração
dolumbrical(semrepresentaçãonafigura);
-acorreiadeslizasobreodorsodeFI(b);oseu
trajetoéde7rnm(SterlingBunnel);
-acontraçãodosinterósseos(c)atuandosobrea
correiaflexionacompotênc~aametacarpofalan­
geana;
-embora,porestefato,asexpansõeslaterais,man­
tidaspelacorreia,sedistendessem(d)easuaação
extensorasobreFIe
F2desaparecesse,quanto
maisflexionadaestiverametacarpofalangeana;
-contudo,nesteprecisomomentoéquandooex­
tensorcomuméeficazsobreFIe
F2•
Portantoexiste,cómoodemonstraraSterlingBun­
nel,umbalançosinérgiconaaçãodeextensãodoexten­
sorcomumedosinterósseossobreFIe
F2(fig.5-89):
-metacarpofalangeanaflexionada90°:açãomáxi­
madoextensorcomumsobre
F2eF3;açãomáxi­
madoslumbricaisestandoasfaixaslateraisten­
sasoutravez(fig.5-84),sendoineficazesosinte­
rósseos;
-metacarpofalangeanaemposiçãointermédia:
açãocomplementardoextensorcomumedosin­
terósseos;
-metacarpofalangeanaestendida:açãoinexistente
doextensorcomumsobre
F2eF,;açãomáxima
dosinterósseosestandoasfaixaslateraistensas
outravez(fig.5-81,b).
Oslumbricais
FlexoresdeFIeextensoresde
F2eF3possuem,ao
contráriodosinterósseos,estasfunçõessejaqualfora
flexãodametacarpofalangeana.Sãomúsculosextrema­
menteimportantesparaosmovimentosdosdedos.Devem
estaeficáciaaduasdisposiçõesanatôrnicas:
-asualocalizaçãomaispalma/;pelafrentedoli­
gamentotransversointermetacarpeano,lhesou­
torgaumângulodeaproximaçãode35°com
FI(fig.5-83):destemodo,podemflexionara
metacarpofalangeanainclusiveseestáhiperes­
tendIda.São,assim,os"iniciadores"daflexão
de
FI(flexor-starters),osinterósseosatuamse­
cundariamentesobreacorreia;
-asuainserçãodistalselocaliza(fig.5-84)nasex­
pansõeslateraisdebaixodoníveldacorreia.Ao
nãoestarmantidosporesteúltimo,podemtensio­
nardenovoosistemaextensorde
F2eF3sejaqual
forograudeflexãodametacarpofalangeana.

1.MEMBRO SUPERIOR 211
EC
Ec
a
Fig.5-82
Fig.5-81
Fig.5-83
Fig.5-85
b
Fig.5-84
Fig.5-86
Fig.5-87 Fig.5-88
1------­
I

212FISIOLOGIAARTICULAR
AEXTENSÃO DOSDEDOS
(continuação)
-EylereMarquée,eLandsmeerdemonstraram
queemcertosindivíduososinterósseospossuem
duasporções,umaporçãoparaacorreiaeoutra
porçãoparaaexpansãolateral;
-paraRecklinghausen,oslumbricaisfacilitama
extensãode
F2eF3(fig.5-85)produzindoadis­
tensãodaporçãodistaldostendõesdofiexorco­
mUlnsuperficial(a)nosquaisselocalizaasuain­
serçãosuperior(b).Graçasaestesistemadiago­
naI,acontraçãodoslumbricaisdeslocafuncio­
nalmenteainserçãoteI1lÚnaldoflexorcomum
superficialdasuperfíciepalmaràsuperfíciedor­
saldeF3'transformando-onumextensor,equiva­
lenteauminterósseo;estesistemaésemelhante,
emeletrônica,aumtransistorquetrocaapassa­
gemdacorrentenumsentidoououtrodependen­
dodoseuestadodeexcitação.Este"efeitotran­
sistor"conduz,graçasaumabaixapotência-a
dolumbrical-,àderivaçãodeumafortepotên­
cia-adoflexorcomumprofundo-paraosiste­
maextensor;
-porúltimo,oslumbricais,possuidoresdenume­
rososreceptoresproprioceptivos,recolhemin­
fOlmaçõesessenciaisparacoordenarotônus
dosextensoresedosflexoresentreosquaises­
tãotensosformandoumadiagonaI.
Oligamentoretinacular(LR)
Oligamentoretinacular(Landsmeer,1949)está
constituídoporfibras(fig.5-86)quepartemdasuperfície
palmar(a)deF,eseprojetam(b)sobreasfaixaslaterais
doextensorcomume,atravésdestas,sobreF).Todavia,é
necessárioressaltarcomoalgoessencialofatodeque,ao
contráliodasfaixaslateraisdoextensorcomum,asfibras
doligamentoretinacularcruzamainterfalangeanaproxi­
mal(IFP)pelafrentedoseueixo(c),istoé,emposição
palmar.Entãopodemosdeduzirque(fig.5-87)aexten­
sãodainterfalangeanaproximalprovocaatensãodas
fibrasdoligamentoretinaculareproduzaextensãoda
interfalangeanadistal(IFD)nametadedoseurecorrido,
passandodeumaflexãode80°aumaflexãode40°.Esta
tensãodoligamentoretinacularpelaextensãodainterfa­
langeanaproximaléfácildecomprovar(fig.5-88):se
seccionarmosoligamentoretinacularemB,aextensão
daF,jánãoseassociacomaextensãoautomáticadeF3'
enqllamoépossívelobservaraseparaçãodeumadistân­
ciaCD(DrepresentaaposiçãofinaldeB,pontodoliga­
mentoretinacularquegiraemtomodeA,enquantoCre­
presentaaposiçãofinaldeB,pontodeFogirandoemtor­
nodeO)dasduasmargensdoligamentõretinacular.
Aocontrário,épossívelobter,medianteumaflexão
passivadainterfalangeanadistal,eestandointactooliga­
mentoretinacular,aflexãoautomáticadainterfaIangeana
proximal.
Emcasodepatologia,aretraçãodoligamentoreti­
nacular:
-instauraadeformaçãododedodenominada"em
casadebotão",devidoàrupturadaaponeurose
dorsal;
-provocaahiperextensãodainterfalangeanadistal
nadoençadeDupuytrennO,seuterceirograu.
Resumodasaçõesmuscularesparaaflexão-ex-
tensãodosdedos
ExtensãosimultâneadeFj+
F2+FJ(fig.5-89,A):
SinergiaEC+Is+Ls.
Açãopassivaeautomáticadoligamentoretinacular.
ExtensãoisoladadeFj:EC.
+FlexãoF:FCS )
(coadjuv~ntedoEC)relaxamentodosIs
+FlexãoF):FCP
+Flexão
F2:FCS(Id.)
+ExtensãoF3:Ls+Is(estaúltimaaçãoémuito
difícil).
FlexãoisoladadeFI:Ls(starters)+ls(antagonis­
moEC/Is:relaxamentoEC).
+ExtensãoF,eF,(fig.5-89,C):Ls(extensoresem
qualquerpõsiçãodametacarpofalangeana)+ba­
lançosinérgicoEC+Is(fig.5-89,B).
+FlexãoF,:FCS.
+ExtensãoF}:Ls(açãodifícilporqueaftexãodas
interfalangeanasproximaisdistendeasfaixaslate­
rais).
+FlexãoF,:FCS.
+FlexãoF3:FCP(asuaaçãoestáfacilitadapela
"derrapagemdasfaixaslateraisdevidoàftexãoda
interfalangeanaproximal").
Osmovimentoshabituaisdosdedosilustramasseguintessi­
tuações:
-osmovimentosqueserealizamduranteaescritura(Du­
chennedeBoulogne):
-quandoempurramosolápisparafrente(fig.5-90),
ointerósseoflexionaF,eestendeF,eF,;
-quandoconduzimosnovamenteolápisparatrás
(fig.5-91),oextensorcomumestendeF,eotlexor
comumsuperficialtlexiona
F,:
-osmovimentosdosdedosemgancho(fg.5-92):ofle­
xorcomumsuperficialeoflexorcomumprofundose
contraemeosinterósseosserelaxam.Estemovimentoé
indispensávelparaoalpinistaqueseagarraaumapare­
derochosavertical;
-osmovimentosdosdedosemmartelo(fig.5-93):oex­
tensorcomumintervémparaestenderFIenquantoofle­
xorcomumsuperficialeoflexorcomumprofundofle­
xionamF,eF,.
Éaposiçãoinicialdosdedosdopianis­
ta.Odedopercuteateclaporcontraçãodosinterósseos
edoslumbricaisquetlexionamametacarpofalangeana
quandooextensorcomumserelaxa.

,-----­
I
I
I
-
1.i\IEMBROSUPERIOR 213
Fig.5-89

214FISIOLOGIAARTIClJLAR
ATITUDESPATOLÓGICAS DAMÃOEDOSDEDOS
Ainsuficiênciaouoexcessodeaçãodequalquer
dosmúsculosqueacabamosdeexporpodedesenca­
dearmúltiplasatitudes,iciosas.
Entreasatitudesviciosasdosdedos(fig.5-94),
devemosconhecer:
a)arupturadaaponeurosedorsal,nalâmina
triangular,queseestendeentreasduasfaixas
lateraisecujaelasticidadeénecessáriapara
queestasfaixasvoltem
àposiçãodorsalquan­
doainterfalangeanaproximalseestendade
novo.Nestecaso.asuperfíciedorsaldaarticu­
laçãoproduzumahérnianafendaaponeuróti­
ca,easfaixasseluxamsobreassuassuperfí­
cieslaterais;semantémassimemsemi-fiexão,
enquantoainterfalangeanaproximalestáem
hiperextensão.Estamesmaatitudedenomina­
da"emcasadebotão"apareceanteumasec­
çãodoextensornainterfalangeanaproximal;
b)arupturadotendãoextensorimediata­
menteanterioràsuainserçãoemF}provo­
caafiexãodeF,.quepodereduzir-sedefor­
mapassiva,masnãoativa.Aflexãosedeveà
tonicidadedoflexorcomumprofundonão
compensadapeloextensorcomum;adefor­
maçãosedenomina"dedoemmartelo"(ou
malletfinger);
c)arupturadotendãodoextensorlongopor
cimadametacarpofalangeanasedeveàfie­
xãodametacarpofalangeanasobaaçãopre­
dominantedacorreiadosinterósseos;estaati­
tude"intrínsecaplus"seobservaquandoos
interósseospredominamsobreoextensorco­
mum,
d)arupturaouainsuficiênciadoflexorco­
mumsuperficialdeterminaumahiperexten­
sãodainterfalangeanaproximalsobainfluên­
ciapredominantedosinterósseos.Estaatitude
"eminversão"dainterfalangeanaproximalse
associacomumaligeiraflexãodainterfalan­
geanadistaldevidoaoencurtamentorelativo
doflexorcomumprofundo(porhiperextensão
dainterfalangeanaproxirnal),daíasuadeno­
minaçãodedeformação"empescoçodecis­
ne";
e)aparalisiaouasecçãodotendãodoflexor
comumprofundoconduzàimpossibilidade
deflexionarativamenteaúltimafalange;
f)ainsuficiênciadosinterósseos,implica
umahiperextensãodeM/FIsobaaçãodo
extensorcomumeporumafiexãoacentuada
dasduasúltimasfalangessobaaçãodofle­
xorcomumsuperficialedoflexorcomum
profundo.Destemodo,aparalisiadosmús­
culosintrínsecosrompeoarcolongitudinal
na"chave"dasuaabóbada.Estaatitude,de­
nominada"emgarra"(fig.5-96)ou"intrín­
secamenos",apareceprincipalmentenapa­
ralisiadónervoulnar-queinervaosinte­
rósseos-eéarazãopelaqualtambémsede­
nominagarraulnar.Acompanha-sedeuma
atrofiadaeminênciatenaredosespaçosin­
terósseos.
Aperdadosextensoresdopunhoedosdedos,
comfreqüêncianocursodeumaparalisiaradial,
determinaumaatitudecaraterísticade"mãocaÍda"
(fig.5-95)comflexãoacentuadadopunhoeflexão
dasarticulaçõesmetacarpofalangeanas,estandoas
duasúltimasfalangesestendidaspelosinterósseos.
NadoençadeDupuytren(fig.5-97),aretra­
çãodasfaixaspré-tendíneasdaaponeurosepalmar
médiaacarretaumafiexãoirredutíveldosdedosso­
breapalma:flexãodametacarpofalangeanaedain­
terfalangeanaproximaleextensãodainterfalangea­
nadistal.Freqüentemente,estaatitudeviciosaé
maisacentuadanosdoisúltimosdedos,odedoindi­
cadoreomédioseafetamposteriormenteepoucas
vezesafetaopolegar.
AdoençadeVolkmann(fig.5-98)sedeveà
retraçãoisquêmicadosmúsculosfiexoresedetermi­
naumaatitudeemgarradosdedos,muitonítidana
extensãodopunho(a),emenosvisívelnaflexão(b),
quedistendeosflexores.
Outraatitudeengarra(fig.5-99)quesecorres­
pondecomainflamaçãodabainhaulnocarpeana.
Agarraémaisacentuadaquantomaisinternoéode­
do(atingeoseumáximonoquintodedo).Qualquer
tentativadereduzirestagarraresultamuitodolorosa.
Porúltimo,aatitudeem"rajadaulnar"(fig.
5-100,segundooquadrodeG.LaTour,"Brigade
mendigos")secaracterizapelodesviosimultâneo
dosquatroúltimosdedosemdireçãoàsuperfíciein­
ternadamão;tambémpodemosapreciaraproemi­
nênciaanormaldascabeçasmetacarpeanas.Este
conjuntodedeformaçõespermiteconsiderarodiag­
nóstico(retrospectivo)depoliartritereumatóide.

1.MEMBRO SUPERIOR215
-
Fig.5-98
Fig.5-95
Fig.5-100
~/rc
~~~
c.~
d e
~ Fig.5-94

216FISIOLOGIAARTICULAR
OSMÚSCULOS DAElVIINÊNCIAHIPOTENAR
Aeminênciahipotenarestácompostapor
trêsmÚsculos(fig.5-101):
1)o
flexorcurtodoquintodedo (1);sein­
sereabaixo,notubérculointernodaba­
sede
FI'asuadireçãoéoblíquaparaci­
maeparaforaemdireçãoàsuainserção
carnosanasuperfícieanteriordoliga­
mentoanularedoprocessounciforme;
2)o
adutordoquintodedo (2);adutorem
relaçãoaoplanodesimetriadocorpo.
terminaabaixocomouminterósseono
tubérculolateraldeF(comofiexor
CUf-I
to),porumacorreiacomumcomoquar-
tointerósseopalmareporumaexpansão
paraafaixalateraldoextensorcomum.
Porcima,seinserenasuperfícieanterior
doligamentoanularenopisiforme;
3)o
oponentedoquintodedo (3)seinse­
reabaixonasuperfícieinternadoquinto
metacarpeano,rodeiaasuamargem(fig.
5-88)parasedirigir(setabranca)para
cimaeparaforaemdireçãoàmargem
inferiordoligamentoanularedoproces­
sounciforme,noqualseinsere.
Noplanofisiológico
Ooponente(fig.5-102)fiexionaoquinto
metacarpeanosobreocarpo,emtomodoeixo
XX",oqualodeslocaparafrente(seta1)epa­
rafora(seta2).Estadireçãooblíquaéadocor­
pomuscular(setabranca).
Mas,aomesmotempo,proporcionaao
quintometacarpeanoummovimentoderota­
çãoemtornoaoseueixolongitudinal(repre­
sentadoporumacruz)nosentidodaseta3,em
supinação,istoé,detalmaneiraqueaparte
anteriordometacarpeanoseorientaparafo­
ra,emdireçãoaopolegar.Portanto,ooponen­
temereceasuadenominaçãoporquerealizaa
oposiçãododedomínimocomrelaçãoaopo­
legar.
Ofle_xorcurto(1)
eoadutordoquintode­
do(2)exercememconjuntoumaaçãoquase
idêntica(fig.5-103):
-ofiexorcurto(1)fiexionaaprimeirafa­
langesobreometacarpeanoeseparao
quintodedoemrelaçãoaoeixodamão;
-oadutor(2)possuiamesmaação:de
modoqueéabdutorcomrelaçãoaoei­
xodamão(terceirodedo)epodeser
consideradoequivalenteauminterós­
seodorsal.Comoosinterósseos,fle­
xionaaprimeirafalange,poraçãoda
correia,eestendeduasfalangespor
açãodesuaexpansãolateral.

1.MEMBRO SUPERIOR 217
Fig.5-102
1-
Fig.5-103

218FlSIOLOGIAARTICULAR
oPOLEGAR
opolegarocupaumaposiçãoedesem­
penhaumafunção
àpartenamão,porqueéin­
dispensávelpararealizaraspinças
polegar-digi­
tais
comcadaumdosoutrosdedos,eprincipal­
mentecomodedoindicador,etambémparaa
constituiçãodeumapreensãodeforçacomos
outrosquatrodedos.Tambémpodeparticipar
emaçõesassociadasàspreensõesqueserefe­
rem
àprópriamão.Semopolegar,amãoperde
amaiorpartedesuascapacidades.
Opolegardeveestafunçãoeminente,por
umaparte,
àsualocalizaçãoparafrentetanto
dapalmadamãoquantodosoutrosdedos
(fig.
5-104)quelhepermite,nomovimentodeopo­
sição,sedirigiraosoutrosdedos,deformaiso­
ladaouglobal,ousesepararpelomovimentode
contra-oposiçãopararelaxarapreensão.Por
outrolado,deveasuafunçãoàgrandeflexibili­
dadefuncionalquelheproporcionaaorganiza­
çãotãopeculiardasuacolunaarticularedos
seusmotoresmusculares.
Acolunaósteo-articulardopolegar
(fig.
5-105)contêmcincopeçasósseasqueconsti­
tuemo
raioexternodamão:
-oescafóide(esc);
-otrapézio(T)queosembriologistascon-
sideramequivalenteaummetacarpeano;
-oprimeirometacarpeano
(Mr);
-aprimeirafalange(F);
-asegundafalange(F).
Opolegaranatomicamentesópossuiduas
falanges,mas,oqueéimportante,asuacoluna
searticulacomamãonumpontomuitomais
proximalquenocasodosoutrosdedos.Asua
colunaéclaramentemaiscurtaeoseuextremo
sóalcançaapartemédiadaprimeirafalangedo
dedoindicador.Esteéoseucomprimentoper­
feitoporque:
-maiScurto,comoseriaocasoapós
umaamputaçãofalângica,perdeas
suaspossibilidadesdeoposiçãopor
nãotersuficientelongitude,nemsufi­
cienteseparação,nemsuficientefle­
xãoglobal;
-maislongo,comoseriaocasodeuma
malfor,maçãocongênitacomtrêsfa­
langes,aoposiçãofinapontadodedo­
pontado~edo(término-terminal)po­
deseverperturbadapelaflexãoinsu­
ficientedainterfalangeanadistaldo
dedoaoqualseopõe.
Então,istoéumexemplodoprincípiode
economiauniversal(princípiodeOCCAM).
segundooqualqualquerfunçãoestáassegura­
dapelamínimaestruturaeorganização:para
umafunçãoótimadopolegar,sãonecessárias
esuficientescincopeças.
Asarticulaçõesdacolunadopolegar
são
quatro:
-atrapéÚo-escafóidea(TE)artródia
que,comojávimos,permitequeotra­
péziorealizeumcurtodeslocamento
parafrentesobreasuperfíciearticular
inferior,aqualseapóiasobreotubér­
culodoescafóide:nestecasoseesbo­
çaummovimentodeflexãodeescas­
saamplitude;
-atrapéÚo-metacarpeana(TM)dotada
dedoisgrausdeliberdade;
-ametacarpofalangeana(MF)quepos­
suidoisgrausdeliberdade;
-ainterfalangeana(IF)comsóumgrau
deliberdade;
ouseja,emtotal,CINCOGRAUSDE
LIBERDADE necessáriosesuficientes
paraserealizaraoposiçãodopolegar.

Fig.5-105
TOTAL:5GRAUS
,_1F:10
1.MEMBRO SUPERIOR 219
Fig.5-104

220FISIOLOGIAARTICULAR
GEOMETRIA DAOPOSIÇÃODOPOLEGAR
Desdeumpontodevistaestritamentegeo­
métrico(fig.5-106),aoposiçãodopolegarcon­
sisteemque,numpontodadoA',apolpadopo­
legarsejatangente
àpolpadooutrodedo,como
porexemploodedoindicador,numpontoA:is­
toé,fazercoincidirnoespaçonumúnicoponto
A+A'osplanosdaspolpastangentesAeA'.
Paracomeçar,paracoincidirdoispontosno
espaço(fig.5-107)sãonecessáriostrêsgrausde
liberdadesegundoascoordenadasx,
yez.Ase­
guir,sãonecessáriosmaisdoisgrausdeliberda­
deparaquepossamcoincidirosplanosdaspol­
pas,planosobreplanoedireçãosobredireção,
porrotaçãoemtomoaoseixosteu(comoaspol­
pasnãopodementraremcontatopelasuperfície
dorsal,éinútilumterceirograuemtomodeum
eixo
yeperpendicularaosdoisprecedentes).
Emresumo,acoincidênciadosplanosdas
polpasnecessitadecincograusdeliberdade:
-trêsparaquecoincidamospontosde
contato;
-doisparaquecoincidammaisoumenos
osplanosdaspolpas.
Comopodemosdemonstrardeformasim­
plesquecadaeixodeumaarticulaçãoconstitui
umgraudeliberdadequesesomaaosoutrospa­
racontribuirparaoresultadofinal,podemosde­
duzirqueoscincograusdeliberdadedacoluna
dopolegarsãoimprescindíveisesuficientespa­
raserealizaraoposição.
Seconsiderarmos,unicamentenoplano
(fig.5-108),omovimentodostrêssegmentos
móveisM,FeFdacolunadopolegaremtor-
1 1 2
nodostrêseixosdeflexãoyy'paraaTM,fipa-
raaMFef,paraaIF,podemosconstatarquesão
necessáriosdoisgrausparasituaroextremode
F2numpontoHdoplano:sesebloqueiafiouf:.
sóexisteumaformaparaambososcasosalcan­
çaremopontoH.Porém,introduzirumterceiro
graupermitechegaraHcomdiferentesincidên­
cias:estãorepresentadasnafiguraduasorienta­
çõesOeO'dapolpa,demodoquepodemos
constatarcomoestemecanismonecessitade
três
grausdeliberdadenoplano.
Noespaço(fig.5-109),seacrescentaum
quartograudeliberdade,emtomodosegun­
doeixoxx'daTM,permitindoumaorientação
adicionaldapolpaque"seorienta"numadire­
çãodiferente,aqualautorizaumaverdadeira
escolhadaoposiçãocomumdeterminadodedo
dodedoindicadoraodedomínimo.
Umquintograudeliberdade(fig.
5-110)
conseguidograçasaosegundoeixodaMFme­
lhoraaindamaisacoincidênciadosplanosdas
polpas,permitindoumarotaçãolimitadadeum
planosobreoutroemtornodopontodetangên­
cia.Defato,podemoscomprovarqueoeixode
flexãofdaMFnãoéestritamentetransversal
1
anãosernocursodaflexãodireta;naverdade.
duranteamaiorpartedotempoéoblíquonum
sentidoououtro:
-oblíquoemf'
1:aflexãoseassociacom
umdesvioulnarecomumasupinação:
-oblíquoemf"
1:nestecasoseassocia
comumdesvioradialecomumapro­
nação.

[
y
Fig.5-106
x
Xl
Xl
X
Fig.5-110
z
Fig.5-107
H
Fig.5-108
1.MEMBRO SUPERIOR 221
tI
y
Fig.5-109

222FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO TRAPÉZIO-META CARPEANA
Topografiadassuperfícies
Aarticulaçãotrapézio-metacarpeana(TM)
selocalizanabasedacolunamóveldopolegar
edesempenhaumpapelprimordialdadoqueas­
seguraasua
orientaçãoeparticipademaneira
preponderantenomecanismodaoposição.
Osanatomistasadenominamarticulação
porencaixamentorecíproco,oquenãosignifica
muito,outambém
articulaçãoselar (fig.5-111),
oqueparecemaiscorretoporqueestaúltimade­
nominaçãolembraaformadeseladecavalgar,
côncavanumsentidoeconvexanooutro.Exis­
temduassuperfíciesemsela,umanotrapézioe
aoutranabasedoprimeirometacarpeanoquesó
secorrespondemporcausadeumarotaçãode
90°quefazcoincidiracurvaconvexadeuma
comacurvacôncavadaoutraevice-versa.
A
topografiaexatadassuperfíciesdestaar­
ticulaçãotemsidocausadenumerososestudose
debates.Adescriçãomaisprecisafoiexpostare­
centementeporK.Kuczynski(1974).Coma
trapézio-metacarpeanaaberta(fig.5-112)eaba­
sedoprimeirometacarpeanodeslocadaparafo­
ra,assuperfíciesarticularesdotrapézioTedo
primeirometacarpeano
M1apresentanasseguin­
tesparticularidades:
-asuperfíciedotrapézioTapresentauma
cristamédiaCDligeiramentecurvase­
guindoumaconcavidadeorientadapara
dentroeparafrente.ApartedorsalC
destacristaéclaramentemaisconvexa
queasuapartepalmarFqueéquase
plana.Estacristaaparecedeprimidana
suapartemédiaporumsulcoABquea
cruzatransversalmenteeseestendeda
margemdorsalexternaAàmargempal­
marinternaBondeéevidentemente
maisescavada.Umfatoimportanteé
queestesulcoécurvoeapresentauma
convexidadeântero-externa.Aparte
posterior-externaEéquaseplana;
-asuperfíciemetacarpeanaM)seforma
aocontrário,apresentandoumacrista
A'B'quecorrespondeaosulcoABda
superfíciedotrapézioeumsulcoC'D'
queencaixasobreacristadotrapézio
CD. -
Encaixadasobreasuperfíciedotrapézio
(fig.5-113),ametacarpeanaaultrapassapor
ambososextremos
aebdosulco.Alémdisso,
numcorte(fig.5-114)sepodeobservarquea
concordânciadasduassuperfíciesnãoéabsolu­
ta.Porém,
encaixadascomfirmezaumacontra
aolltra,
"oencaixamento"dassuperfíciesnão
permite
nenhumarotaçãosobre oeixolongitu­
dinal
doprimeirometacarpo,sempresegundo
Kuczynski.
Acausadacurvadaselasobreoseueixo
longitudinal,Kuczynskiacomparacomumase­
la(mole)colocadasobreolombodeum"cava­
locomescoliose"(fig.5-115).Tambémpode­
moscompará-Iacomumdesfiladeiro(fig.5­
116)entreduasmontanhas,percorridoporuma
rodoviacurva:adireçãodocaminhãoquesobe
pelarodoviaformaumângulo
rcomadoca­
minhãoquedesceporela.ParaKuczynski,este
ânguloqueatingeos90°entreospontosae
bdo
sulcodotrapézioexplicariaarotaçãodoprimei­
rometacarposobreoseueixolongitudinalno
percursodaoposição.Todavia,paraqueistose­
jaassim,serianecessárioqueabasedeM)per­
corresse(comoocaminhãonodesfiladeiro)
to­
do
osulcodotrapézio, oquerequereriaumalu­
xaçãocompletadaarticulaçãonumsentidoe/ou
nooutro,enquantoodeslocamentosóéparcial:
oimportantedestarotaçãolongitudinalsereali­
za,então,segundoanossaopinião,graçasaou­
tromecanismoqueseráexpostomaisadiante.

1.MDIBROSUPERIOR223

224FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAçÃOTRAPÉZIO-METACARPEANA
(continuação)
Coaptação
Acápsuladaarticulaçãotrapézio-metacar­
peanaéconhecidapelasualassidão,demodo
quepermiteumimportantejogomecânico,
que,segundoosautoresclássicoseinclusive
segundoosmodernos,originaarotaçãodopri­
meirometacarpeanosobreoseueixolongitudi­
nal,oque,comosepoderácomprovarmais
adiante,éfalso.
Defato,alassidãocapsularsótemcomo
efeito,naprática,permitirodeslocamentoda
superfíciemetacarpeanasobreadotrapézio,
masestaarticulaçãotrabalhaemcompressão,
semelhanteaumpivô(fig.5-117),permitindo
assimorientaroprimeirometacarpeanoemto­
dasasdireçõesdoespaço,comosesetratasse
deumacapacujaorientaçãosepodevariar
modificandoatensãodascordasrepresentadas
nestecasopelosmúsculostenares.Estesasse­
guramacoaptaçãoarticularemqualquerposi­
çao.
Osligamentosdatrapézio-metacarpeana
dirigemomovimentoeasseguram,segundoo
seugraudetensão,acoaptaçãoemcadaposi­
ção.Asuadescriçãoeasuafunçãoforamrecen­
tementeparticularizadosporJ.Y.daCaffiniere
(1970)quediferenciaquatro(figs.5-118,vista
anterior,e5-119,vistaposterior).
-oligamentointermetacarpeano
(UM).
Ramofibroso,espessoecurto,seesten­
dedasbasesdoprimeiroedosegundo
metacarpeanosatéapartesuperiorda
.. .
pnmelracormssura;
-oligamentooblíqUf(póstero-interno
(LOPI),descritopelosclássicos,setrata
deumafaixalargamasfinaqueenvolve
aarticulaçãoportráscomoumagrava­
ta,paraseenrolarpordentrodabasedo
primeirornetacarpeanosedirigindopa­
rafrente;
-oligamentooblíquoântero-interno
(LOAI)seestendedapartedistalda
cristadotrapézioatéazonajustaco­
missuraldabasedoprimeirometacar­
peano,cruzaasuperfícieanteriorda
articulaçãoseenrolandonosentidoin­
versoaoprecedente;
-oligamentoretoântero-externo
(LRAE)seestendediretamenteentreo
trapézioeabasedoprimeirometacar­
peanoatéasuperfícieântero-externada
articulação,oseuclaroeagudolimite
internodelimitaumhiatocapsularpor
ondepassaumabolsaserosaparaoten­
dãodoabdutorlongo(AbL).
ParaJ.Y.deIaCaffiniere,estesligamentos
podemseassociardedoisemdois:
-UMeLRAE,aaberturadaprimeiraco­
missuranoplanodapalmadamãoéli­
mitadapeloLIMeoseufechamentope­
loLRAE;
-LOPIeLOAIsãosolicitadosprincipal­
mentedurantearotaçãodoprimeiro
metacarpeanosobreoseueixolongitu­
dinal.OLOPIlimitaapronaçãoeo
LOAIasupinação.

I

Fig.5-118
Fig.5-117
UM

1.1IEMBROSUPERIOR225
AbL
Fig.5-119

226FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO TRAPÉZIO-lVIETACARPEANA
(continuação)
Funçãodosligamentos
Segundoanossaopinião,estesfenômenos
sãoalgomaiscomplexos,jáqueprecisamos
descreveraaçãodosligamentosemrelaçãoaos
movimentosdeanteposiçãoeretroposição,ede
flexãoeextensãodoprimeirometacarpeanotal
comoserãodefinidosmaisadiante.
Nocursodosmovimentosdeanteposiçãoe
retroposiçãopodemosobservar:
-numavistaanterior(fig.5-120)emante­
posição,comooLOAIestátensoese
distendeoLRAEaopassoqueparatrás
(fig.5-121)oLOPIestátenso;
-numavistaanterior(fig.5-122)emre­
troposição,comooLRAEestátensoe
sedistendeoLOAI,aopassoquepara
trás(fig.5-123)sedistendeoLOPI;
-.comrelaçãoaoUM(fig.5-124,vista
anterior),comoestátenso,tantoeman­
teposição(AP),onde"traciona"abase
de
M1para;"12,quantoemretroposição
(RP)onde"retém"abasede
M1ante­
riormentesubluxadapelotrapézio.
Dis­
tende-seemposiçãointermédia.
Nocursodosmovimentosdeflexão-exten­
sãopodemosobservar:
-comonaextensão(fig.5-125)osliga­
mentosanterioresLRAEeLOAIestão
tensoseoLOPIsedistende;
-comonaflexão(fig.5-126)seproduza
situaçãocontrária:distensãodosLRAE
eLOAIetensãodoLOPI.
Aoestarenroladosemsentidocontrárioso­
breabasede
M1(fig.5-127,vistaaxialde M1so-
breotrapézioeM2M)oLOPIeoLOAIcontro­
lamaestabilidaderotatóriadeMsobreoseu
1
eixolongitudinal.
-oLOAIestátensoduranteapronação;
demodoqueasuatensãoisoladaacar­
retariaurnasupinação;
-oLOPIésolicitadoduranteasupinação;
podemosafirmarqueasuatensãoinde­
pendentedosoutrosacarretariauma
pronaçãodoprimeirometacarpeano.
Naoposiçãoqueassociaaanteposiçãoea
flexão,todososligamentos(UM,LOAI,LOPI)
estãotensosexcetooLRAE,oqueénormal
porqueesteligamentoéparaleloaosmúsculos
contraídos(abdutorcurto,oponente,flexorcur­
to).
ÉnotávelqueomaistensosejaoLOPIque
asseguradestemodoaestabilidadedaarticula­
çãoparatrás.Aoposiçãosecorrespondeentão
comaclosepackedposition,comojáhaviares­
saltadoMacConaill:éaposiçãonaqualassu­
perfíciesarticularesestãomaisfirmementeen­
caixadasumacontraaoutra,oque,somadoao
fatodequeosdoisligamentosoblíquosestãosi­
multaneamentetensos,excluitodarotaçãoso­
bre
oeixolongitudinaldoprimeirometacar­
peanoquecorresponderiaaumjogomecânico
entreassuperfíciesarticulares.
Naposiçãointermédia,queserádefinida
maisadiante,todososligamentosestãodisten­
didose,conseqüentemente,ojogomecânicoé
máximo,oqualnãoaportanenhumavantagem
comrelação
àrotaçãolongitudinaldeM.
Nacontra-oposição,atensãoquaseisolada
doLOAIécapazdeproduzircertograudesupi­
naçãode
M1sobreoseueixolongitudinal.

1.MEMBRO SUPERIOR 227
."-t>
RETROPOSIÇÃO
Fig.5-122
LRAE$
LOPIffi
LOAI8
~
ANTEPOSIÇÃÓ
LOPI
e
UMEB
<}---'
RETROPOSIÇÃO
Fig.5-123
Fig.5-120
~
ANTEPOSIÇÃO
Fig.5-125
LOPIEB
LRAE8
LOAI
e
Fig.5-126 Fig.5-127

228FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO TRAPÉZIO-METACARPEANA
(continuação)
Geometriadassuperfícies
Searotaçãodoprimeirometacarpeanoso­
breoseueixolongitudinalnãosepodeexplicar
nempelojogomecâniconempelaaçãodosliga­
mentos,aúnicaexplicaçãoquerestaépelaspro­
priedadesdassuperfíciesarticulares(alémdis­
so,estaexplicaçãonãofoicontestadanocasodo
quadril).
Assuperfíciesselarespossuem,comoafir­
mamosmatemáticos,umacurvanegativa,isto
équesendoconvexasnumsentidoecôncavas
nooutro,nãopodemfechar-sesobresimesmas,
comoseriaocasodaesfera,exemploperfeitode
curvapositiva.Tentaramcompararestassuperfí­
ciesselaresaumsegmentohiperbolóidedere­
volução(fig.5-128)comoBausenharteLittler,
oucomumsegmentohiperbolóideparabólico
(fig.5-129,ahipérboleHseapóiasobreumapa­
rábolaP),ouinclusivehiperbólico(fig.5-130,a
hipérboleHseapoiasobreoutrahipérboleH').
Nonossocaso,parecemaisinteressantecompa­
rá-Iascomumsegmentoaxialdesuperfícietóri­
ca(fig.5-131):napartecentraldeumacâmara
dear,querepresentaotorooubocel,existeuma
curvacôncavacujocentroéoeixodarodaOe
umacurvaconvexacujocentroéoeixoda"mol­
dura"(naverdade,existemumasériedeeixosp,
q,s,etc...umdosquais,q,correspondeàposi­
çãomédia).Estasuperfícieselarou"toróidene­
gativa"possuidoiseixosprincipaisortogonais
e,porconseguinte,doisgrausdeliberdade.Se
considerarmosadescriçãodeK.Kuczynski,
comacurvalateraldacristadasela(o"cavalo
comescoliose"),estesegmentoaxialdesuperfí­
cietóricadevedelimitar-seassimetricamente
(fig.5-132)sobreotoro,comoseaselasetives­
sedeformado,deslizandolateralmentesobreo
lombodeumcavalonormal.Oeixomaiorlon­
gitudinal(acrista)dasela
nmestácurvadolate-
ralmentedetalmodoqueosraios
li,v,\1',que
passamporcadapontodacrista,convergem
numpontoO'situadonoeixoxx'dotarapara
foradoseuplanodesimetria.Estasuperfíciese­
larsempreéumasuperfície,toróidenegativa
comdoiseixosprincipaisortogonaisedois
grausdeliberdade.Claroqueistosóécertopa­
raumpequenosegmentodesuperfície,porque,
casocontrário,amultiplicidadedoseixoscon­
verteriaem"caduca"acomparação.Defato,en­
quantoasuperfícieforpequena,oseixossuces­
sivos(p,q,s,etc...)estarãosuficientementepró­
ximosentresiparaqueojogomecânicocom­
penseasdiscordâncias.
Éocasodassuperfícies
dotrapézioedasmetacarpeanascujascurvas
sãorelativamentemoderadas,menosacentuadas
quenosesquemas.
Nestascondições,étotalmentelógicoelí­
citomodelaraarticulaçãotrapé::.io-metacar­
peanadomesmomodoqueosbiomecânicos
modelamoquadril,comosesetratassedeuma
articulação"depatela",emborasaibamosdeso­
braqueacabeçafemoralnãoéumaesferaper­
feita.
omodelomecânico deumaarticulaçãode
doiseixoséo"Cardão"(fig.5-133):doiseixos
xx'eyy'perpendiculareseconcorrentesque
permitemmovimentosemdoisplanosperpendi­
cularesABeCD.Domesmomodo,duassuper­
fíciesselaresAeBsituadasumasobreaoutra
(fig.5-134)permitem,umaemrelaçãoàoutra
(fig.5-135),movimentosABeCDemdoispla­
nosperpendiculares.
Porém,oestudodamecânicadocardão
mostraqueasarticulaçõesdedoiseixospos­
suemumapossibilidadeadicional,arotaçãoau­
tomáticadosegmentomóvelsobreoseueixo
longitudinal,nestecasooprimeirometacarpo.

Fig.5-128
x
®
oFig.5-129
1.MEMBRO SUPERIOR 229
.® Fig.5-130
x
Fig.5-131
,...-....,,",,
I '- \
\
\
\
I
I
I
,:
,
I
I
,
\
\
\
\
,/" '",.•....-,
Fig.5-134
",,,,
\
\
\
\
\
Fig.5-133
Fig.5-132
Fig.5-135

230FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO TRAPÉZIO-METACARPEANA
(continuação)
Arotaçãosobreoeixolongitudinal
Éfácilconstruirumcardãocortandoeco­
lando(fig.5-136):sobreasduassuperfíciesde
umcírculo
a,colarossemicírculosdeduastiras
becpregadasemânguloretoem1-2e3-4,de
talmaneiraqueaspregassejamperpendiculares.
Estecardãodedemonstração(faça-o!)permiti­
rámaterializararotaçãoautomáticaemtorno
aoeixolongitudinaldosegmentomóvel.
Emprimeirolugar,podemosconstatar(fig.
5-137),queestandoumdossegmentosfixos,
podemobilizarosegundoaoredordosdoisei­
xosdocardão;sejaemtornodoeixo1-2num
movimentoanocursodoqualpermaneceno
mesmoplano,ouaoredordoeixo3-4nummo­
vimentobquefazformarumângulodiedrocom
asuaposiçãoinicial.
Seconsiderarmos(fig.5-138)oprimeiro
movimentoemtornodoeixo1-2,semquese
realizemflexãoouextensãopréviasemtornodo
eixo3-4quepermaneceperpendicularaoseg­
mentomóvel,podemosconstatar,queeste"se
orienta"semprenamesmadireção,indicadape­
lassetas:éumarotaçãoplana,igualàsquese
observamnasarticulaçõesdecharneiraondeo
eixoéperpendicularaosegmentomóvel.
Seanteriormente(fig.5-139),osegmento
móvelrealizaumaflexãob,inferiora90°,em
tornodoeixo3-4,arotaçãoaemtornodoeixo
1-2provocaumamudançadeorientaçãodoseg­
mentomóvel,representadonestafigurapelasse­
tasqueapontamparaumpontoPsituadonopro­
longamentodoeixo1-2.Estatrocadeorienta­
çãodosegmentomóvelnocursodeumarota­
çãocônicarealizaumarotaçãoautomáticaso­
breoeixolongitudinalqueMacConailldeno­
minarotaçãoconjunta.Estaexistenasarticula­
çõesdecharneiracujoeixoéoblíquoemrelação
aosegmentomóvel;édevalorconstante.Existe
principalmentenasarticulaçõesdedoiseixos
nasquaisévariávelemfunçãodograudeflexão
prévia.Podemoscalcularcomumafórmulatri­
gonométricasimplesconsiderandoasduasrota­
ções.
Umcasoparticularinteressantedestarota­
çãoconjuntaautomática,ocorredurantearota­
çãocilíndrica(fig.5-140):sendode90°aflexão
préviasobreoeixo3-4,todarotaçãoaemtorno
doeixo1-2produzumamudançadeorientação
grauagraudosegmentomóvel;nestecaso,aro­
taçãoautomáticaémáxima.
Claroqueentrearotaçãoconjuntaautomá­
ticanuladarotaçãoplanaeomáximodarotação
cilíndrica,sãoviáveistodososvaloresintern1é­
diosnasarticulaçõesdedoiseixosdetipocar­
dão.
Épossívelencontrardenovoestarotação
cilíndrica(fig.5-141)sesearticulamaocardão
trêssegmentospeloeixo3-4,paralelosaosou­
trosdois5-6e7-8.Aflexãode90°sobreoeixo
3-4,podemos,então,distribuirsobreostrêsei­
xos,oquefazcomqueoúltimosegmentoseja
paraleloaoeixo1-2.Observamoscomoarota­
çãoconjuntaautomáticaaumentadoprimeiroao
últimosegmentoparaatingiroseuvalormáxi­
monosegmentodistal.Istomodelaacolunado
polegararticuladanasuabaseporumcardãoe
cujasegundafalangesofreumarotaçãoconjun­
taautomáticasemqueemnenhummomentoin­
tervenhaqualquerjogomecâniconatrapézio­
metacarpeana.
Graçasàaçãocoordenadadastrêsarticula­
çõestrapézio-metacarpeana,metacarpofalan­
geanaeinterfalangeanaserealizaarotaçãodo
polegarsobreoseueixolongitudinal,maséa
trapézio-metacarpeana,"arainha",aqueiniciao
movimento.
Estademonstraçãopodesereproduzircom
o
modelomecânicodamão mostradoaofinal
destevolume.

a
~
Fig.5-137
I
I
~
I
I
I
,
I
I
\
Fig.5-139
Fig.5-136
---------------------
1.MEMBRO SUPERIOR 231
IFig.5-140
Fig.5-141

232FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO TRAPÉZIO-METACARPEANA
(continuação)
r
Osmovimentosdoprimeirometacarpeano
oprimeirometacarpeanopoderealizar,deformaisoladaou
simultânea,movimentosemtomodedoiseixosortogonaiseum
movimentosobreoseueixolongitudinalquederivadosmovimen­
tosprecedentes.Restadefiniraposiçãonoespaçodedoiseixos
principaisdatrapézio-metacarpeana.
Numapeçaanatômica(fig.5-142),seinserirmosumespeto
metáliconocentrodacurvamédiadecadaumadassuperfíciesdo
trapézioedometacarpeano,podemosmaterializar:
-nabasedoprimeirometacarpeano,oeixoxx'quecorres­
ponde
àcurvacôncavadotrapézio;
-notrapézio,oeixo
yy'quecorrespondeàcurvacôncava
daselametacarpeana.
Claroquenarealidadeviva,esteseixosnãosãoimutáveis
massimmóveis,
evolutivosnocursomesmodomovimento,oes­
petorepresentaumaposiçãomédia.Contudo,numaprimeiraapro­
ximação.podemosconsiderá-Ios,comobjetivode
modela1;istoé,
de
representarparcialmentearealidade parafacilitaracompreen­
sãodeumfenômenocomplexo,comoosdoiseixosdatrapézio­
metacarpeana.Constituemoqueosmecânicosdenominamum
cardãoporquesãoortogonais,ouseja,perpendicularesentresino
espaço.Portanto,aarticulaçãopossuias
propriedadesdeumcar­
dcio.
Alémdisso,observamosduascaracterísticasimportantes:
-porumaparte,oeixoxx'éparaleloaoseixosdeflexão­
extensãodametacarpofalangeanafiedainterfalangeana
f"fatoquesepoderáverasconseqüências;
-poroutraparte,oeixoxx',ortogonala
yy',tambémoé
aofief,e,portanto,estáincluídonoplanodeflexãoda
primeiraedasegundafalange;istoé,noplanodeflexão
dacolunadopolegar.
Porúltimo,comofatoessencial,osdoiseixosxx'e
yy'da
trapézio-metacarpeana
sãooblíquosemrelaçãoaostrêsplanosde
referência
frontal(F),sagital(5)etransversal(T).Podemosdedu­
zirqueos
movimentospuros doprimeirometacarpeanoserealizam
nosplanos
oblíquosemrelaçãoaostrêsplanosdereferênciaclás­
sicos
enãopodemosdesigná-lospelostermosinventadospelosan­
tigosanatomistas,aomenosquantoàabduçãocujoplanoéfrontal.
Dessemodo,podemosdefinirosmovimentospu­
rosdoprimeirometacarpeano(fig.5-143)nosistema
dereferênciadotrapézio:
-emtornodoeixoXX'quesedenominaráprin­
cipal,porquegraçasaesteeixoopolegar"es­
colhe"odedoaoqualvaiseopor,serealizaum
movimentodeanteposição-retroposiçãono
percursodoqualacolunadopolegarsuposta­
menteestendidasedeslocanumplanoAOR
perpendicularaoeixoxx'equeincluiaunha
dopolegar.AretroposiçãoRdirigeaunhado
polegarparatrásparaconduzi-Ioaoplanoda
palmadamão,afastadoaproximadamente60°
dosegundometacarpeano.AanteposiçãoAdi-
rigeopolegarparafrente,quaseperpendicular
aoplanodapalmadamão,numaposiçãoque
osautoresdalínguainglesadenominamabdu­
ção(oquenãocontribuiparaesclarecermuito);
-emtomoaoeixoyy'que,porreferênciaaopri­
meiro,sedenominarásecundário,serealizaum
movimentodeflexão-extens&onumplanoFOE
perpendicularaoeixoyy'eaoplanoprecedente.
AextensãçEdirigeoprimeirometacarpeano
paracima,paratráseparaforaeseprolonga
pelaextensãodaprimeiraedasegundafalan­
ges,conduzinaoacolunadopolegarquaseao
planodapalmadamão.
AflexãoFdirigeoprimeirometacarpeanopa­
rabaixo,parafrenteeparadentro,semultra­
passarnestadireçãooplanosagitalquepassa
pelosegundometacarpeano,emboraprolon­
gando-seatravésdaf1exãodasfalangesquefaz
comqueapolpacontatecomapalmadamão
noníveldabasedodedomínimo.
Assim,anoçãodef1exão-extensãodoprimeiro
metacarpeanoéperfeitamentejustificadapor­
quesecomplementacomomovimentohomó­
logonasoutrasduasarticulaçõesdacolunado
polegar.
Alémdestesmovimentospurosdeante-retroposi­
çãoedeflexão-extensão,todososoutrosmovimentosdo
primeirometacarpeanosãomovimentoscomplexosque
associam,emdiversosgraus,movimentosemtomodos
doiseixos,sucessivosousimultâneosequeintegram,co­
moficoudemonstradoanteriormente,umarotaçãoauto­
máticaouumarotaçãoconjuntasobreoeixolongitudi­
naLEsta,comoteremosocasiãodecomprovar,desem­
penhaumafunçãoessencialnaoposiçãodopolegar.
Osmovimentosdef1exão-extensãoedeante-re­
troposiçãodoprimeirometacarpeanoseoriginamna
posiçãoneutraouderepousomusculardopolegar(fig.
5-144),comoadefiniramC.HamoneteP.Valentin,se
correspondendocomaposiçãode"silêncio"eletromio­
gráfico:nenhumdosmúsculosdopolegar,emestadode
descontração,liberapotencialdeação.EstaposiçãoNé
importantenasradiografias:aprojeçãosobreoplano
frontalde
MjcomM2formaumângulode30°.Nopla­
nosagital,omesmoânguloéde40°.
DevemoslembrarqueestaposiçãoNcorresponde
àdistensãodosligamentoseàmáximacongruênciadas
superfíciesarticularesque,nestecaso,serecobremto­
talmente.

I
Fig.5-143
Fig.5-144
1.MEMBRO SUPERIOR 233
Fig.5-142

234FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO TRAPÉZIO-METACARPEANA
(continuação)
Avaliaçãodosmovimentosdoprimeiro
metacarpeano
Apósdefinirosmovimentosreaisdopri­
meirometacarpeano,convémexplicarcorno
avaliá-Iasnaprática.Existemtrêssistemas,o
quenãoajudaaesclareceroproblema.
Oprimeirosistemaquepoderiasedeno­
minarclássico(fig.5-145):oprimeirometa­
carpeanoevoluinumtriedrodereferênciare­
tangularconstituídopelostrêsplanosperpendi­
culares.transversalT,frontalFesagitalS,es­
tesdoisúltimossecortamnoeixolongitudinal
dosegundometacarpeanoeaintersecçãodos
trêsplanossesituanatrapézio-metacarpeana.
Aposiçãodereferênciaseconseguequandoo
primeirometacarpeanoestá"colado"aosegun­
donoplanodapalmadamão,agrossomodoo
planoF.Convémressaltarduasobservações:
estaposiçãonãoénaturaleoprimeirometa­
carpeanonãopodeserestritamenteparaleloao
segundo.
Aabdução(seta1)éaseparaçãodopri­
meiroemrelaçãoaosegundometacarpeanono
planoF,aaduçãoouaproximação,omovimen­
tocontrário.
Aflexão(seta2),ouavanço,éomovi­
mentoquedirigeoprimeirometacarpeanopa­
rafrente,aextensãoouretrocesso,omovimen­
tocontrário.
Aposiçãodoprimeirometacarpeanose
definemediantedoisângulos(ilustração
menor):aabdução
aeaflexãob.
Estesistemaapresentadoisinconvenientes:
-medirprojeçõessobrep'lanosabstratose
nãosobreângulosreais;
--nãoavaliararotaçãosobreoeixolongi­
tudinal.~
Osegundosistema,quepoderiasedenomi­
narmoderno(fig.5-146),propostoporJ.Du­
pare,J.YdeIaCaffiniereeH.Pineau,nãodefi­
nemovimentos,massim,posiçõesdoprimeiro
metacarpeanoseguindoumsistemadecoorde­
nadaspolares.Alocalizaçãodoprimeirometa­
carpeanosedefinepelasuaposiçãosobreum
conecujoeixoseconfundecomoeixolongitu­
dinaldosegundometacarpeanoeovérticesesi­
tuanatrapézio-metacarpeana.Osemi-ângulono
vérticedocone(seta1)éoângulodeseparação
a,válidoquandooprimeirometacarpeanose
deslocasobreasuperfíciedocone.Asuaposi­
çãoseparticularizasemambigüidadealguma,
graçasaoângulo(seta2)queformaoplanoque
passapeloeixodosdoisprimeirosmetacarpea­
noscomoplanofrontal.Esteângulobédeno­
minadoporalgunsautores"ânguloderotação
espacial",oqueéurnatautologiaporquequal­
querrotaçãosomentepodeocorrernoespaço.
Assimsendo,seriamaisindicadodenominá-Io
ângulodecircundução,jáqueodeslocamento
doprimeirometacarpeanosobreasuperfíciedo
coneéumacircundução.
Omaisinteressantedestesistemadeavalia­
çãoéqueestesdoisângulossãobastantefáceis
demedircomumesquadro.

r
T
Fig.5-146
1.MEMBROSUPERIOR235
s

236FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAçÃOTRAPÉZIO-META CARPEANA
(continuação)
osistemadotrapézio
Porém,omaiorinconvenientedestessiste­
masdeavaliação,équemedemmovimentos
complexosdatrapézio-metacarpeanaintegran­
doobrigatoriamenteumcomponentederotação
longitudinal,produtodasrotaçõesemtomodos
doiseixosdaarticulação.
Oterceirosistemaquesepropõeéumsis­
temadereferênciadotrapézioquesópodeex­
plorar-secomradiografiasemincidênciasespe­
cíficas:
-quandocolocamosacolunadopolegar
defrente(fig.5-147),acurvacôncava
dotrapézioeacurvaconvexadopri­
meirometacarposevêmestritamente
deperfil,semnenhumefeitodepers­
pectiva.Serealizamosumaradiografia
emretroposiçãoeoutraemanteposi­
çãoeseconstataque:
•aretroposiçãode15a25°deamplitu­
deconduzoeixodoprimeirometacar­
peanoaestarquaseparaleloaodose­
gundo,enquantoasuabasese"sublu­
xa"porforadasuperfíciedotrapézio;
•aanteposiçãode25a35°deamplitu­
de"abre"oânguloentreosdoispri­
meirosmetacarpeanosaté65°,enquan­
toabasedoprimeirodeslizaporden­
troemdireçãoadosegundo.
Estesdeslocamentosdabasedoprimei­
rometacarposobreaseladotrapéziose
entendemperfeitamentecomooresulta­
dodeumarotaçãoemtomocentroda
curvacôncavadotrapézio,projeção
nabasedeM]doeixoprincipalxx'da
trapézio-metacarpeana.
-quandosedispõeacolunadopolegar
deperfil(fig.5-148),acurvaconvexado
trapézioeacurvacôncavadometacar­
peanosevêmsemnenhumadefomlação
emperspectiva.Umaradiografiadaco­
lunadopolegaremmáximafiexãoeou­
traemextensãopermitemconstatarque:
•afiexãode20a25°deamplitudecolo­
caquaseparalelooeixodosdoispri­
meirosmetacarpeanos;
•aextensãode30a45°deamplitudefaz
comqueoeixodoprimeirometacar­
peanoformeumângulode65°como
dosegundo.Também,nestecaso,o
deslizamentodasuperfíciebasalcôn­
cavadoprimeirometacarpeanosobreo
trapézioseentendeperfeitamenteco­
mooresultadodeumarotaçãoemtor­
nodocentrodacurvaconvexado
trapézio,seprojetandonotrapé~ioco­
mooeixosecundárioYY'datrapézio­
metacarpeana.
Emresumo,aamplitudedosmovimentos
natrapézio-metacarpeanaémaisreduzidado
quepodíamospensarpelagrandemobilidadeda
colunadopolegar:
-trajetode40a60°entreaanteposiçãoe
retroposiçãomáximas;
-trajetode50a70°entreaflexãoeaex­
tensãomáximas.
Sóarealizaçãoderadiografiasemincidên­
ciasespecíficasdatrapézio-metacarpeana,co­
locandoacolunadopolegardefrenteedeper­
fil,permiteexplorarconvenientementeafisiolo­
giadestaarticulaçãoeapreciaraslimitações
(Kapandji,1980).

1.MEMBRO SUPERIOR237
Fig.5-148
ANTEPOSIÇÃO- RETROPOSIÇÃO =40-60'
Fig.5-147
FLEXÃO-EXTENSÃO =50-70'
25-85°

238FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO lVIETACARPOFALANGEANA DOPOLEGAR
Osanatomistasconsideramaarticulação
metacarpofalangeanaumacondilar,umaovóide,
comodenominamosautoresingleses.Portanto,
possui,comotodasascondilares,doisgrausde
liberdade,aflexão-extensãoealateralidade.Na
verdade,asuacomplexabiomecânicaassocia
umterceirograudeliberdade,arotaçãodapri­
meirafalangesobreoseueixolongitudinal,se­
jaemsupinaçãoouempronação,movimento
nãosomentepassivo,masprincipalmenteativo
indispensávelnaoposição.
Comametacarpofalangeanaabertapela
frente(fig.5-149)eaprimeirafalangedesloca­
daparatrás,acabeçadometacarpeano(1)apa­
receconvexaemambosossentidos,maislonga
quelarga,prolongadaparafrentepordoisespal­
dõesassimétricos,ointerno(a)maisproeminen­
tequeoexterno(b).Abasedaprimeirafalange
estáocupadaporumasuperfíciecartilaginosa
(2)côncavanosdoissentidoseasuamargem
anteriorservedeinserçãoàfibrocartilagemgle­
nóide(3)ouplacapalmarquecontém,próxi­
mos
àsuamargeminferior,osdoisossossesa­
móidesinternos(6)eexternos(7).Ocorteda
cápsllla(8)secaracteriza,deumladoaooutro,
peloespessamentequeformamosligamentos
metacarpoglenóidesinterno(9)eexterno
(10).
Podemosobservarosrecessoscapslllaresante­
rior(11)eposterior(12),bemcomoosliga­
mentoslaterais,ointerno(13)maiscurtoeque
estátensoantesqueoexterno(14).Assetasxx'
representamoeixodefiexão-extensãoeaseta
yy'oeixodelateralidade.
Emvistaanterior(fig.5-150),podemosob­
servarosmesmoselementos:ometacarpeano
(15)abaixo,aprimeirafalange(16)acima,embo­
rasedistingammuitomelhorosdetalhesdapla­
capalmarcomafibrocartilagemglenóide(3),o
sesamóideinterno(4)eoexterno(5)unidospelo
ligamentointersesamóide(17)efixos
àcabeça
metacarpeanapelosligamentosmetacarpoglenói­
desinterno(18)eexterno(19)e
àbasedaprimei­
rafalangepelasfibrasfalango-sesamóidesdiretas
(20)ecruzadas(21).Osmúsculossesamóidesin­
ternos(6)seinseremnosesamóideinternoeen­
viamumaexpansão(22)
àbasedafalangeocul­
tandoparcialmenteoligament0lateralinterno
(13).Estáseccionadaaexpansãofalangeana(23)
dossesamóidesexternos(7)parapoderobservar
melhoroligameÍltolateralexterno(14).
Emvistalateralinterna(fig.5-152)eem
vistalateralexterna(fig.5-153)podemosobser­
vartambémorecessocapsularposterior(24)eo
anterior(25),bemcomoainserçãodotendãodo
extensorcurtoprópriodopolegar(26),eépre­
cisoressaltarainserçãodometacarpoclaramen­
tedescentradadosligamentoslateraisinterno
(13)eexterno(14)edosligamentosmetacar­
poglenóides(18)e(19).Tambémpodemos
constatarqueoligamentolateralinterno(fig.5­
152),maiscurto,estátensoantesqueoexterno
(fig.5-153),oqueprovocaumdeslocamento
maislimitadodabasedafalangesobreamar­
geminternadacabeçadometacarpeanoqueso­
breamargemexterna.Umavistaesquemática
superior(fig.5-157,página241)dacabeçado
metacarpeano(tracejada)explicacomoestedes­
locamentodiferencial,Iparadentro,Lparafora,
provocaumarotaçãolongitudinalempronação
dabasedafalange,especialmentequandoosse­
samóidesexternos(SE)secontraemmaisvigo­
rosamentequeosinternos(SI).
Estefenômenoseacentuaaindamaispela
assimetriadacabeçadometacarpeano(fig.5­
151,vistadefrente),ondeoespaldãoântero-in­
terno(a)maisproeminentedescemenosqueo
externo(b):noladoexternoabasedafalangese
deslocamaisparafrenteeparabaixooque,na
flexão,provocaumapronaçãoeumdesviora­
dialdaprimeirafalange.

1.MEMBRO SUPERIOR 239
23
-14
20
_21
~19
17
23
7
Fig.5-150
Fig.5-151
b
15
5
10
6
8
7
13
1421_
20~
22
4
18
b
10
11
a
Fig.5-149
2
6
4
9
3
9
8
a
12
13
1
1~~!;;/A\:nr~
2220_21
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20-21
3
~~~·~~~rgA""
19
6
-
16
~ /.Ç:;:~ ,y
25
Fig.5-152
7
Fig.5-153
r-
I

240FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO METACARPOFALANGEANA DOPOLEGAR
(continuação)
Aspossibilidadesdeinclinaçãoederota­
çãolongitudinaldafalangedependemdeseu
graudeflexão.
Emposiçãodealinhamentooudeextensc70
(fig.5-154)osligamentoslateraisestãodisten­
didos,masosistemadaplacapalmaredosliga­
mentosmetacarpoglenóidesestátenso(comoas
superfíciesarticularescondilaresdojoelhoem
extensão),oqueimpedearotaçãolongitudinale
alateralidade.
Éaprimeiraposiçc7odebloqueio,
emextensão.
Emposiçãointermédiaoudesel71ifle:rc7o
(fig.5-155),osligamentoslateraisaindaestão
distendidos,oexternomaisqueointerno,eo
sistemadaplacapalmarsedistende,devido
à
basculaçãodossesamóidesdebaixodosespal­
dõesanterioresdacabeçadometacarpeano.Tra­
ta-seda
posiçãodemáximamobilidade naqual
osmovimentosdelateralidadeerotaçãolongitu­
dinalsãoviáveispelaaçãodosmúsculossesa­
móides:acontraçãodos
internosdeterminaum
desvioulnareumalevesupinaçãoeados
exter­
nos
umdesvioradialeumapronação.
Emposiçãodefiexc70máximaOlideblo­
queio
(fig.5-156),osistemadaplacapalmarse
distende,masosligamentoslateraisestãotensos
aomáximo,oqueacarretaumdeslocamentoda
basedafalangeemdesvioradialepronação.A
articulaçãoficaliteralmentebloqueadapelaten­
sãodosligamentoslateraiseorecessodorsal
numaposiçãodeoposiçãomáximapelaação
predominanteequaseexclusivadosmúsculos
tenaresexternos.Éa
dosepackedposition de
MacConaill.Trata-seda
segundaposiçãode
bloqueio,
emflexão. '
Emresumo(Kapandji,1980),ametacarpo­
falangeanadopolegarpoderealizardoistipos
demovimentosapartirdaposiçãodealinha­
mento(fig.5-158,vistaposteriordacabeçado
metacarpeanocomoseixosdediferentesmovi­
mentos):
-afiexc70plira (seta1)emtomodeumei­
xotransversalfi'poraçãoequilibrada
dosmúsculossesamóidesexternosein­
ternosatéasemiflexão;
-osmovimentoscomplexosde
fiexão­
desvio-rotação
longitudinal:
•sejaa
fiexc7o-desvioulnar-supinação
(seta2)aoredordeumeixooblíquo(e
evolutivo)f"oqueproduzumarotação
cônica.Estemovimentosedeve
àação
predominantedossesamóidesinternos;
•sejaa
fiexc7o-desvioradial-pronação
(seta3)emtomodeoutroeixooblíquo
nooutrosentido(etambémevolutivo)
deobliqÜidademaisacentuadaf3'Tam­
bémnestecasosetratadeumarotação
cônicaeomovimentosedeve
àação
predominantedossesamóidesexternos.
Amáximaflexãosempreconduzaodesvio
radial-pronaçãodevidoàformaassimétricada
cabeçadometacarpeanoe
àtensãodesigualdos
ligamentoslaterais.

Fig.5-154
Fig.5-155
1.MEMBRO SUPERIOR 241
Fig.5-156
Fig.5-157
r
Fig.5-158

242FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO METACARPOFALANGEAN~ DOPOLEGAR
(continuação)
Osmovimentos
Aposiçãodereferênciadametacarpofalan­
geanadopolegaréaposiçãodealinhamento
(fig.5-159):oeixodaprimeirafalangeseloca­
lizanoprolongamentodoeixodoprimeirome­
tacarpeano.Apartirdestaposição,aextensão
numindivíduonormal,sejaativaoupassiva,é
inexistente.Afiexãoativa(fig.5-160)éde60­
70°,afiexãopassivapodeatingir80°einclusive
90°,Asamplitudesdosdiferentescomponentes
domovimentonametacarpofalangeanapodem
serobservadas,fixandosobreasuperfíciedorsal
dopolegar,deumladoeoutrodaarticulação,
umtriedrodereferênciaconstruídocomfósfo­
ros,detalmodoquenaposiçãodealinhamento
sejamparalelas(ounoprolongamentoumada
outra)(fig.5-161).Dessaforma,podemosevi­
denciaroscomponentesderotaçãoedesvio.
[ --
Emposiçãodesemifiexãopodem-secon­
trairtantoossesamóidesinternosquantoosex­
ternos.
Acontraçãodossesamóidesinternos(fig.
5-162,vistadistalcomopolegaremleveante­
posiçãoefigo5-163,vistaproximalcomopole­
garemretroposiçãonoplanodapalma)levaa
umdesvioulnardealgunsgrauseaumasupina­
çãode
5ar
Acontraçãodossesamóidesexternos(fig.
5-164,vistadistalefigo5-165,vistaproximal)
produzumdesvioradial,muitovisívelnavista
proximal,claramentemaiorqueodesvioulnar
precedenteeumapronaçãode20°.
Poderemosvermaisadiantetodaaimpor­
tânciadestemovimentodefiexão-desvioradial­
pronaçãonaoposiçãodopolegar.

Fig.5-162
Fig.5-165
Fig.5-160
1.MEMBRO SUPERIOR 243
'~
'"\\'Fig.5-161\,
~
~
Fig.5-163
Fig.5-164

244FISIOLOGIAARTICULAR
AARTICULAÇÃO METACARPOFALANGEANA DOPOLEGAR
(continuação)
rn
Osmovimentos
Naspreensõescilíndricascomtodaapal­
madamão,aaçãodosmúsculossesamóidesex­
ternossobreametacarpofalangeanaéaqueas­
seguraobloqueiodapreensão.Quandoopole­
garnãointervém(fig.5-166)epermanecepara­
leloaoeixodocilindro,apreensãonãoéblo­
queadaeoobjetopodecairfacilmentepeloes­
paçoqueficalivreentreosdedoseaeminência
tenar.
Se,poroutrolado,opolegarsedirigeaos
outrosdedos(fig.5-167),ocilindrojánãopode
cair:odesvioradialdaprimeirafalange,clara­
mentevisívelnodesenho,completaomovimen­
todeanteposiçãodoprimeirometacarpeano.
Destamaneira,opolegarpercorreocaminho
maiscurtoemtomodocilindro,istoé,ocírcu­
logerado(f),enquantosemdesvioradialsegui­
riaumtrajetoelípticomaislongo(d).
Portanto,odesvioradial
éindispensável
paraobloqueiodapreensão,cadavezmelhor
quantomaisfechadoestejaoanelformadopelo
polegareodedoindicadorqueseguraoobjetoe
percorrenasuasuperfícieotrajetomaiscurto
(fig.5-168):daposiçãoondeopolegarestási­
tuadoaolongodeumgeradordocilindroepela
qualserompeoaneldapreensão,passandope­
lasposiçõessucessivasb-c-d-epelasquaiso
anelvaisefechandoprogressivamenteatéche­
gar,finalmente,
àposiçãofondeopolegarsegue
ocírculogerador,oquefechatotalmenteoanel
edáfirmeza
àpreensão.
Alémdisso,apronaçãodaprimeirafalan­
ge(fig.5-169),visívelpeloângulode12°forma­
dopelosdoispontosdereferênciatransversais,
permitequeopolegarentreemcontatocomo
objetocomamáximasuperfíciedasuasuperfí­
ciepalmarenãocomasuamargeminterna.Au­
mentandoasuperfíciedecontato,apronaçãoda
primeirafalangeéumfatordeconsolidaçãoda
preensão.
Quando,porcausadodiâmetromaisredu­
zidodocilindro(fig.5-170).opolegarcobre
parcialmenteodedoindicador,oaneldapreen­
sãoéaindamaisestreito,obloqueioéabsoluto
eapreensãoémaisfirme.
Afisiologiapeculiardametacarpofalan­
geanadopolegaredosseusmúsculosmotores
seadaptanotavelmente
àfunçãodepreensão.
Aestabilidadedametacarpofalangeana
dopolegarnãosomentedependedefatoresar­
ticulares,mastambémdefatoresmusculares.
Normalmente,nomovimentodeoposiçãodo
polegar(fig.5-171),asduascadeiasarticulares
dodedoindicadoredopolegarseestabilizam
pelaaçãodemúsculosantagonistas(representa­
dosporpequenassetaspretas).Emalgunscasos
(fig.5-172,segundoSterlingBunnel),podemos
constatarcomo"seinverteametacarpofalangea­
na"emextensão(setabranca):
1)quandoumainsuficiênciadoabdutor
curtoedoflexorcurtoprovocaumdes­
locamentodafalange:
2)quandoumaretraçãodosmúsculosdo
primeiroespaçointerósseoaproximao
primeirometacarpeanodosegundo;
3)quandoumainsuficiênciadoabdutor
longoimpedeaabduçãodoprimeiro
metacarpeano.

Fig.5-166
Fig.5-169
Fig.5-171
Fig.5-168
1.MEMBRO SUPERIOR 245
Fig.5-170
Fig.5-172

246FISIOLOGIAARTIClJLAR
AINTERFALANGEANA DOPOLEGAR
Àprimeiravista,aarticulaçãointerfalan­
geanadopolegarnãotemmistério:detipotro­
clear,possuisóumeixotransversalefixo,que
passapelocentrodacurvadoscôndilosdapri­
meirafalange,aoredordoqualserealizamos
movimentosdefiexão-extensão.
Flexão(fig.5-173)ativade75a
800,passi­
vade
900•
Extensão(fig.5-174)ativade5a10°,mas
éespecialmentenotávelahiperextensãopassiva
(fig.5-175)quepodesermuitopronunciada
(30°)emalgunsprofissionais,comoéocasodos
escultoresqueutilizamopolegarcomoespátula
paratrabalharaargila.
Arealidadeémuitomaiscomplexaporque,
àmedidaquesefiexiona,asegundafalangeroda
longitudinalmentenosentidodapronação.
Numapeçaanatômica(fig.5-176),após
haverinseridodoisespetosparalelos,
anacabe­
çadaprimeirafalangeebnabasedasegunda,
emmáximaextensãCY.afiexãodainterfalangea­
naproduzaapariçãodeumângulode5a
100,
abertodoladointerno.nosentidodapronação.
Amesmaexperiência,realizadanoservivo
comfósforoscoladosparalelosentresinasuper­
fíciedorsaldeFeF.conduzaomesmoresul-
I 2
tado:asegundafalangedopolegarrealizaapro-
naçãode5a10°nocursodasuafiexão.
Aexplicaçãodestefenômenoseconsegue
comargumentospuramenteanatômicos:coma
articulaçãoabertapelasuasuperfíciedorsal(fig.
1---
5-177),podemosobservarasdiferençasentre
ambososcôndilos:ointernoémaisproeminen­
te,seestendemaisparafrenteeparadentroque
oexterno.Oraiodecurvadoexterno
émenor,
emboraasuaparteanterior"desça"deforma
maisabruptaemdireçãoàsuperfíciepalmar.
Assimsendo,podemosdeduzirqueoligamento
lateralinterno(LU),queestárapidamentemais
tensoqueoexternoduranteafiexão,freiaapar­
teinternadafalange,enquantoaparteexterna
dabasedafalangecontinuaoseutrajeto.
Emoutrostermos(fig.5-178),otrajetoper­
corridoAA'sobreocôndilointernoélevemente
maiscurtoqueotrajetosobreoexternoBB',o
queacarretaarotaçãolongitudinaldapequena
falange.Demodoquepodemosafirmarquenão
existeumeixodefiexão-extensão,massim,uma
sériedeeixosinstantâneoseevolutivosentrea
posiçãoinicialieaposiçãofinal.f
Setemosaintençãodemodelarestaarticu­
lação,sobreumalâminadepapelão,porexem­
plo,(fig.5-179),bastatraçarumapregadefie­
xão,quenãosejaperpendicularaoeixolongitu­
dinaldodedo,massiminclinadauns5-10°:a
pequenafalangedescreveráoseutrajetoemfie­
xãocornoumarotaçãocônicaprovocandouma
mudançadeorientaçãoproporcionalaograude
fiexão.
Estecomponentedepronaçãonainterfa­
langeanaseintegra,comopoderemosconferir
maisadiante,napronaçãoglobaldacolunado
polegarnopercursodaoposição.

[
LU
Fig.5-177
Fig.5-179
Fig.5-174
Fig.5-178
1.MEMBRO SUPERIOR247
Fig.5-175
Fig.5-176

248FISIOLOGIAARTICULAR
OSMÚSCULOS MOTORES DOPOLEGAR
opolegarpossuinovemúsculosmotores:
estariquezamuscular,queultrapassacom
evidência
àdosoutrosdedos,condicionaamobi­
lidadesuperioreaprincipalfunçãodestededo.
Estesmúsculosseclassificamemdois
grupos:
a)osmúsculosextrínsecos,oumúsculos
longos,sãoquatroeselocalizamnoan­
tebraço.Trêssãoabdutoreseextensores
eseutilizamparasoltarapreensão,oúl­
timoéflexoreasuapotênciaseutiliza
paraobloqueiodaspreensõesdeforça;
b)osmúsculosintrínsecos,incluídosna
eminênciatenarenoprimeiroespaço
interósseo,sãocinco.Participamnarea­
lizaçãodediferentespreensõeseempar­
ticularnaoposição.Nãosetratademo­
toresdepotência.masdeprecisãoe
coordenação.
Paraentenderaaçãodosmotoressobreo
conjuntodacolunadopolegar,énecessáriosi­
tuaroseutrajetoemrelaçãoaosdoiseixosteó­
ricosdatrapézio-metÇlcmpeana
(fig.5-180):o
eixoyy'deflexão-extensão,paraleloaoseixos
fi'e
f2def1exãodametacarpofalangeanaeda
interfalangeana,eoeixoxx'deanteposiçãoe
retroposiçãodelimitamentreelesquatroqua­
drantes:
-umquadrantex'y'localizadoatrásdo
eixoyy'def1exão-extensãodatrapézio­
metacarpeanaediantedoeixoxx'dean­
tepu1são/retropulsão,ocupadopeloten­
dãodesóummúsculo,oabdutorlongo
(1),queselocalizamuitopertodesteúl­
timoeixoxx'.Istoexplicaaescassaim­
portânciadoseucomponentedeantepo­
siçãoeasuaforteaçãodeextensãoso-
breoprimeirometacarpeano(fig.5-181,
vistaexternaeproximaldopunhoem
posiçãodefuga);
-umquadrantex'ysituadoportrásdoei­
xoxx'eportrásdoeixoyy',queinclui
osdoistendõesextensores:
•oextensor:.curto(2),
•oextensorlongo(3);
-umquadrante
Xylocalizadopelafrente
doeixoyy'eportrásdoeixoxx',ocu­
padopordoismúsculossituadosnopri­
meiroespaçoequeproduzemumaretro­
posiçãoassociadaaumaligeiraf1exão
natrapézio-metacarpeana:
•oadutorcomosseusdoisfascículos(8),
•oprimeirointerósseopalmar(9)quan­
doexiste.
Estesdoismúsculossãoadutoresdopri­
meirometacarpeano:fechamaprimeiracomis­
sura.aproximandooprimeirometacarpeanodo
segundo(fig.5-182);
-umquadrantexy'situadopelafrentedos
doiseixosxx'eyy'queincluiosprinci­
paismúsculosdaoposição,porreali­
zaremaomesmotempoumaf1exãoe
umaanteposiçãodoprimeirometacar­
peano:
•ooponente(6),
•oabdutorcurto(7).
Comrelaçãoaosdoisúltimos:
•oflexorlongoprópriodopolegar(4),
•eoflexorcurto(5).
Situam-senoeixoxx'e,portanto,sãof1e­
xorespurosdatrapézio-metacarpeana.

[
Fig.5-181
Fig.5-182
Fig.5-180
1.MEMBRO SUPERIOR 249
y'

250FISIOLOGIAARTICULAR
OSMÚSCULOS MOTORES DOPOLEGAR
(continuação)
Umabrevelembrançadeanatomiaesclare­
ceafisiologiadosmúsculosmotoresdopolegar.
MúsculosextrÍnsecos(fig.5-183,vistaan­
teriore5-184,vistaexterna):
-o
abdutorlongodopolegar (1)seinsere
naparteântero-externadabasedopri­
meirometacarpeano;
-o
extensorcurtodopolegar (2)paralelo
aoanterior(fig.5-184)seinserenapar­
tedorsaldabasedaprimeirafalange;
-o
extensorlongodopolegar (3)seinse­
renapartedorsaldabasedasegundafa­
lange;
Comrelaçãoaestestrêsmúsculospode­
mosconstatarduasobservações:
•noplanoanatômico:estestrêsten­
dões,visíveisnasuperfíciedorsaleex­
ternadopolegar,delimitamentresium
espaçotriangulardevérticeinferior,a
tabaqueiraanatõmica, emcujofundo
deslizamostendõesparalelosdo
pri­
meiro(10)
esegundoradial(11);
•noplano"funcional:cadaumdeles é
motordeumsegmentodoesqueletodo
polegareostrêsemconjuntonosenti­
dodaextensão;
-o
fiexorprópriodopolegar (4)correpe­
lotúneldocarpo,passaentreosdoisfas­
cículosmuscularesdoflexorcurto,des­
lizaentreosdoisossossesamóides(fig.
5-183)paraseinserirnasuperfíciepal­
mardabasedasegundafalange.
Músculosintrínsecos(figs.5-183e
5-184).Classificam-seem
doisgrupos:
Ogrupoexternocontêmtrêsmúsculos,
inervadospelomediano,quesão,daprofundida­
de
àsuperfície:
-o
fiexorcurto (5)constituídopordois
fascículos,umsefixanofundodocanal
docarpoeooutronamargeminferior
doligamentoanularedotubérculodo
trapézio;terminammedianteumtendão
comumnosesamóideexternoenotu­
bérculoexternodabasedaprimeirafa­
lange;direçãooblíquaparacimaepara
dentro;
-o
oponente(6)seinserenaparteexterna
dasuperfícieanteriordometacarpeano,se
dirigepatacima,paradentroeparafrente
paraseinserirnametadeexternadasuper­
fícieanterior'doligamentoanular;
-o
abdutorcurto (7)sefixanoligamento
anular,acimadoanterioresobreotubér­
culodoescafóide,constituindooplano
superficialdosmúsculostenaresesein­
serenotubérculoexternodaprimeirafa­
lange;umaexpansãodorsalformaum
espaldãocomoprimeirointerósseopal­
mar(9),estemúsculonãoselocalizapa­
rafora,mas
parafrenteeparadentro do
primeirometacarpeano,esedirige,co­
moooponente,paracima,paradentroe
paraafrente.
Estestrêsmúsculosconstituemogrupoex­
terno
porqueseinseremnapartee:rternadome­
tacarpeanoedaprimeirafalange.
Oflexorcur­
toeoabdutorcurtoformamos
sesamóidesex­
temos.
Ogrupointernocontémdoismúsculos
inervadospeloulnarqueseinseremnamargem
internadaarticulaçãometacarpofalangeana:
-o
primeirointerósseopalmar (9),cujo
tendãoseinserenotubérculointernoda
basedaprimeirafalangeeenviaumaex­
pansãodorsal;
-o
adutordopolegar (8),cujosdoisfas­
cículosoblíquoetransversoseinserem
nosesamóideinternoenotubérculoin­
ternodabasedaprimeirafalange.
Pormotivodesimetria,estesdoismúsculos
constituemos
sesamóidesinternos. Sãosinérgi­
cos-antagonistasdossesamóidesexternos.

Fig.5-186
1-----
Fig.5-183
Fig.5-185

252FISIOLOGIAARTICULAR
ASAÇÕESDOSMÚSCULOS EXTRÍNSECOS DOPOLEGAR
oabdutorlongodopolegar (AL)(fig.5-187)
deslocaoprimeirometacarpeano
paraforaepara
frente.
Portanto,nãosóé abdutormastambém an­
tepulsor
dometacarpeano,especialmentequandoo
punhoestáemflexãoleve.Estecomponenteante­
riorsedeveaofatodequeotendãodoabdutorlon­
goéomaisanteriordostendõesdatabaqueiraana­
tômica(verfigo5-184).Quandoopunhonãoestá
estabilizadopelosextensoresradiais-principal­
menteocurto-oabdutorlongo
tambéméfiexordo
punho.
Quandoopunhoestáestendido,oabdutor
longosetransformaemretropulsordoprimeirome­
tacarpeano.
Nop/anofuncional, oparabdutorlongoe
músculosdogrupoexterno
desempenhaumpapel
primordialnaoposição.Defato,paraqueopolegar
secoloqueemoposição,
énecessárioqueoprimei­
rometacarpeanosedesloqueperpendicularmente
pelafrentedoplanodapalmadamão,comaemi­
nênciatenarformandoum
coneproeminenteporci­
madamargemexternadapalmadamão.
Estaação
éoresultadodofuncionamentodoparfuncional
(figs.5-185e5-186,páginaanterior:oprimeirome­
tacarpeanoapareceestilizado):
-primeirafase (fig.5-185):oabdutorlongo
(])estendeometacarpeano,parafrentee
parafora,daposição
IàposiçãoII;
-segundafase (fig.5-186):apartirdestapo­
sição
II,osmúsculosdogrupoexterno,fle­
xorcurtoeabdutorcurto(5e7)eoponente
(6)deslocamometacarpeanoparafrentee
paradentro(posiçãolU)eorodamsobreo
seueixolongitudinal.
Paramaiorcomodidadedadescriçãovamos
exporasduasfasesdemaneirasucessiva.
Naverdade,sãosimultâneaseaposiçãofinal
lIIdometacarpeanoéo resultadodaaçãosincrôni­
cadosdoiselementosdoparfuncional.
Oextensorcurtodopolegar
(EC)(fig.5-188)
possuiduasações:
a)
estendeaprimeirafalange sobreometacar-
peano;
b)deslocaoprimeirometacarpeanoe,por
conseguinteopolegar,diretamenteparafora:
setratado
verdadeiroabdutor dopolegar,o
quecorrespondeaumaextensãoeaumaretro­
posiçãodatrapézio-metacarpeana.Paraque
estaabduçãoserelizedemaneiraisolada,éne­
cessárioestabilizaropunhomedianteacontra­
çãosinérgicadoflexorulnardocarpoeprinci­
palmentedoextensorulnardocarpo,
caso
contrário,oextensorcurtotambémrealizaa
abduçãodopunho.
Oextensorlongodopolegar(EL)
(fig.5-189)
temtrêsações:
a)
estendeasegundafa/ange sobreaprimeira:
b)
estendeaprimeirafalange sobreometacar­
peano;
c)deslocaometacarpeanoparadentroepara
trás:
•paradentro: "fecha"oprimeiroespaço
interósseo,demodoqueé
adutordopri­
meirometacarpeano;
•portrásdoplanodamão:éretropulsor
doprimeirometacarpeano
graçasasua
reflexãosobreotubérculodeLister(fig.
5-181).Devidoaisto,oextensorlongoé
umantagonistadaoposição:contribuia
aplanarapalmadamão;apolpadopole­
garseorientaparafrente.
Oextensorlongo
formaumparantagonista­
sinérgicocom
ogrupoexternodosmLÍsculostena­
res:
defato,quandoqueremosestenderasegunda
falangesemdeslocaropolegarparatrás,énecessá­
rioqueogrupotenarexternoestabilizeometacar­
peanoeaprimeirafalangepelafrente.Ogrupote­
narexternoatuacomomoderadordoextensorlon­
godopolegar:quandoosmúsculostenaressepara­
lisam,opolegarsedeslocairresistivelmentepara
dentroeparatrás.Demaneiraacessória,oextensor
longotambémé
extensordopunho quandoesta
açãonãoestáanuladapelacontraçãodopalmar
maIOr.
Oflexorlongoprópriodopolegar(FL) (fig.
5-190)éfiexordasegundafalange sobreaprimei­
ra,edemaneiraacessóriaflexionalevementeapri­
meirafalangesobreometacarpeano.Paraqueafle­
xãodasegundafalangeserealizedemaneiraisola­
da,oextensorcurto,mediantesuacontração,deve
impediraflexãodaprimeira(parsinérgico).
Maisadiante
poderemosanalisar opapelin­
discutívelquedesempenha
ofiexorlongodopolegar
napreensãoterminal
(verfigs.5-211e5-212).

AL
EC
Fig.5-187
EL
Fig.5-189

254FISIOLOGIAARTICULAR
ASAÇÕESDOSMÚSCULOS INTRÍNSECOS DOPOLEGAR
,----
Grupointernodosmúsculostenares,
tambémdenominadosmúsculossesamóidesin­
ternos:
Oadutordopolegar(fig.5-191),comos
seusdoisfascículos
(I,fascículotransverso;1',
fascículooblíquo),estendesuaaçãosobreas
trêspeçasósseasdopolegar:
a)noprimeirometacarpeano(esquema,
figo5-192),acontraçãodoadutordeslo­
caoprimeirometacarpoparaumaposi­
çãodeequilíbrioligeiramenteparafora
eparafrentedosegundometacarpeano
(posiçãoA),emboraosentidodomovi­
mentodependadaposiçãoinicialdo
metacarpeano(segundoDuchennede
Boulogne):
•oadutorérealmenteadutorseometa­
carpeanopartedeumaposiçãodemá­
ximaabdução(posição1);
•massetransformaemabdutorseome­
tacarpeanoestá,nopontodepartida,
emmáximaadução(posição2);
•seometacarpeanoestáemmáximare­
tropulsão,sobainfluênciadoextensor
longopróprió(posição3),oadutorse
transformaemantepulsor;
•aocontrário,seometacarpeanoécolo­
cadopreviamenteemanteposiçãopelo
abdutorcurto(posição4),setransfor­
maemretropulsor;
(Rindicaaposiçãoderepousodopri­
meirometacarpeano);
Recentesestudoseletromiográficosde­
monstraramqueoadutordopolegar
nãointervémativamenteduranteaadu­
çãosomente,mastambémduranteare­
tropulsãodopolegar,duranteapreen­
sãocomtodaapalmaenopercursoda
preensãosubterminal(pulpar)eprinci­
palmentesubterminal-lateral(pulpar­
lateral).Duranteaoposiçãodopolegar
aosoutrosdedos,intervémmaisativa­
mentequantomaisopolegarrealizaa
oposiçãoaumdedomaisinterno.Por­
tanto,suaaçãoémáximaparaaopo­
siçãopolegar/dedomínimo.
Oadutornãointervémnaabdução,na
antepulsão,napreensãotetminal-termi­
nal(pulpoungueal).
Posteriores-trabalhoseletromiográficos
confirmaramque"asuaatividadesema­
nifestaprincipalmentenomovimento
queaproximaopolegardosegundome­
tacarpeano,eistoemtodosossetoresda
oposição.Suaatividadeémenornum
trajetomaiorqueemoutromenor"(fig.
5-193,esquemadeaçãodoadutorse­
gundoHamonet,deIaCaffiniereeOpso­
mer).
b)naprimeirafalange(fig.5-191)aaçãoé
tripla:ligeirafiexão,inclinaçãosobrea
margeminterna(margemulnar),rota­
çãolongitudinalemsupinação(rotação
externa)(setapreta);
c)nasegllndafalange:extensão,namedi­
daemqueasinserçõesterminaisdoadu­
torsãocomunscomasdoprimeirointe­
rósseo.
Oprimeirointerósseopalmarpossuiuma
açãomuitosemelhante:
-adllção(aproximaçãodoprimeirometa-
carpeanoaoeixodamão);
-fiexãodaprimeirafalangepeloespaldão;
-extensãodasegundaporexpansãolateral.
Acontraçãoglobaldosmúsculosdogrupo
tenarinternoprovocaqueapolpadopolegaren­
treemcontatocomasuperfícieexternadapri­
meirafalangedodedoindicadore,aomesmo
tempo,umasupinaçãodacolunadopolegar(fig.
5-191).Estesmúsculossãoindispensáveispara
segurarcomfirmezaosobjetosentreopolegare
odedoindicador.

Fig.5-191
1.MEMBRO SUPERIOR 255
~~
~p @
~~~
Fig.5-192
I

256FlSIOLOGIAARTICULAR
ASAÇÕESDOSMÚSCULOS INTRÍNSECOS DOPOLEGAR
(continuação)
Grupoexternodosmúsculostenares
(fig.5-194)
Ooponente(2)possuitrêsações,simétricas
àsdooponentedoquinto(verfigo5-102);odia­
gramaeletromiográfico(fig.5-195,mesmaori­
gem)ressaltaossetores:
-antepulsãodoprimeirometacarpeanosobre
ocarpo,principalmentenomaiortrajeto;
-adução,aproximandooprimeirometacar­
peanoaosegundonasposiçõesextremas;
-rotaçãolongitudinalnosentidoda
prona­
ção.
Sendoestastrêsaçõessimultâneasnecessárias
paraaoposição,estemúsculofazjusaoseunome.
Demodoqueooponenteintervémativamente
emqualquertipodepreensãoquenecessitadainter­
vençãodopolegar.Alémdisso,aeletromiografia
demonstrasuaatuaçãoparadoxalnaabdução,no
cursodaqualdesempenhariaumafunçãoestabili­
zadorasobreacolunadopolegm:
Oabdutorcurto (3)afastaoprimeirometa­
carpeanodosegundonofinaldaoposição(fig.
5-196,esquemaeletromiográfico;mesmaorigem):
-deslocaoprimeirometacarpeanopara
frenteeparadentronopercursodomaior
trajetodaoposição,duranteamáximase­
paraçãodosegundo;
-jfexionaaprimeirafalangesobreometa­
carpeano,provocando:
•ummovimentodedesvioradial(sobrea
margemexterna)e
•umarotaçãolongitudinalnosentidoda
pronação(rotaçãointerna)(setapreta)
-porúltimo,estendeasegundafalangeso­
breaprimeiramedianteasuaexpansãoao
extensorlongo.
Quandosecontraidemaneiraisolada(exci­
taçãoelétrica),oabdutorcurtodeslocaapolpado
polegaremoposiçãocomodedoindicadoreo
médio(fig.5-194).Portanto,setratadeummús­
culoessencialnaoposição.Jávimosanteriormen­
te(figs.5-185e5-186)queconstitui,comoabdu­
torlongo,umparfuncionalindispensávelparaa
oposição.
Oflexorcurto (4)participanaaçãogeraldos
músculosdogrupoexterno(fig.5-197).Porém,
quandosecontraidemaneiraisolada(experiências
deexcitaçãoelétricadeDuchennedeBoulogne),
podemosconstatarqueasuaaçãodeadução
émui­
tomaispronunciada,porquedeslocaapolpadopo­
legaremoposiçãocomosdoisú imosdedos.Pelo
contrário,suaaçãodeantepulsãodoprimeirometa­
carpeano(projeçãoparafrente)émenosampla,
porqueoseufascículoprofundo(4')realizaaopo­
siçãonestepontoaosuperficial(4).Possuiuma
açãoderotaçãolongitudinalmuitoacentuadano
sentidodapronação.
Aconcentraçãodospotenciaissobreoseufas­
cículosuperficial(fig.5-198,esquemasegundoa
mesmaorigem)mostraqueexisteumaatividadese­
melhanteàdooponente:suaaçãomáximasereali­
zaduranteomaiortrajetodaoposição.
Estetambém
éfiexordaprimeirafalangeso­
breometacarpeano,porémoabdutorcurto.como
qualformaogrupodossesamóidesexternos.eo
primeirointerósseopalmarquefonnaoespaldãoda
primeirafalange,tambémparticipamajudando-oa
realizarestaação.
Acontraçãoglobaldosmúsculosdogrupote­
narexterno,reforçadapeladoabdutorlongo.reali­
za
aoposiçãodopolegar.
Aextensãodasegundafalange
serealiza
(experiênciasdeDuchennedeBoulogne)portrês
músculosougruposmuscularesqueintervêmem
circunstânciasdiferentes:
1)peloextensorlongoprópriodopolegar:se
associacomumaextensãodaprimeirafa­
langeeumadiminuiçãodaeminênciate­
nar.Estasaçõesacontecemquandoabri~
moseaplanamosamão;
2)pelosmúsculosdogrupotenarinterno
(primeirointerósseopalmar):seassocia
comumaaduçãodopolegar.Estasações
acontecemquandofazemosaoposiçãoda
polpadopolegaràsuperfícieexternada
primeirafalangedodedoindicador(verfigo
5-214);
3)pelosmúsculosdogrupotenarexterno
(principalmenteoabdutorcurto)naação
deoposiçãodapolpa(verfigo5-213).

\.
Fig.5-197
Fig.5-194
Fig.5-196
1.MEMBRO SUPERIOR257

258FISIOLOGIAARTICULAR
AOPOSIÇÃODOPOLEGAR
Aoposiçãoéoprincipalmovimentodopo­
legar:éaaçãodedeslocarapolpadopolegar
emcontatocomapolpadeumdosoutrosqua­
trodedosparaconstituirumapinçapolegar-di­
gital.Portanto,nãoexisteumaúnicaoposição,
mastodaumagamadeoposiçõesquerealizam
umagrandevariedadedepreensõesedeações
dependendodonúmerodededosenvolvidose
desuamodalidadedeassociação.Opolegarad­
quiretodooseusignificadofuncionalemrela­
çãoaosoutrosdedosevice-versa.Semopole­
gar,amãoperdequasetotalmenteoseuvalor
funcionalatéopontoqueasintervençõescirúr­
gicascomplexasplanejamasuareconstrução
partindodoselementosremanescentes:setrata
dasoperaçõesde"polegarização"deumdedoe
atualmente,detransplante.
Todosostiposdeoposiçãoestãoincluídos
nointeriordeumsetorcônicodeespaçoemcu­
jovérticeselocalizaatrapézio-metacarpeana,o
conedeoposição.Naverdade,esteconeébas­
tantedeformadoporqueasuabaseestálimitada
pelos"trajetosmaioremenordeoposição".O
trajetomaior(fig.5-199)descritoperfeitamen­
teporSterlingBunnelduranteasuaclássicaex­
periênciados"fósforos"(fig.5-203).Otrajeto
menor(fig.5-200),nopercursodoqual"opri­
meirometacarpeanorealizanumplanoedefor­
mapraticamentelinear
ummovimentoquedes­
locaprogressivamenteasuacabeçapelafrente
dosegundometacarpeano",é,naverdade,uma
reptaçãodopolegarpelapalmadamão,muito
poucoutilizadaepoucofuncional,quenãome­
receadenominaçãodeoposiçãoporquenãose
associapraticamentecomestecomponentede
rotaçãoqueé,comojávimos,fundamentalpara
aoposição.Poroutraparte,estareptaçãodopo­
legarpelointeriordapalmadamãoseobserva
justamentenasparalisiasdaoposiçãopordéficit
donervomediano.

Fig.5-199
Fig.5-200
1.MEMBRO SUPERIOR 259

260FISIOLOGIAARTICULAR
AOPOSIÇÃODOPOLEGAR
(continuação)
Dopontodevistamecânico,aoposiçãodo
polegaréummovimentocomplexoqueassocia,
emdiversosgraus,trêscomponentes:aanteposi­
ção,aflexãoeapronaçãodacolunaósteo-articu­
lardopolegar:
-aanteposiçãoouprojeção(fig.5-201)é
omovimentoquedeslocaopolegar
pa­
rafrentecomrelaçãoaoplanodapal­
madamão,demodoqueaeminência
tenarconstituiumconenoângulosúpe­
ro-externodamão.Realiza-seprincipal­
mentenoníveldatrapézio-metacarpea­
naedemaneiraacessórianametacar­
pofalangeana,ondeodesvioradial
acentuaoalinhamentodacolunadopo­
legar.Estaseparaçãodoprimeiro
metacarpeanocomrelaçãoaosegundo
sedenominaabduçãonocasodosauto­
resingleses,oquesecontradizcomo
segundocomponentedeaduçãoque
deslocaodedoparadentro.Demodo
que,sedesejamosutilizarotermode
abdução,devemosreservá-loparaase­
paraçãodoprimeirometacarpeanodo
segundonoplanofrontal;
-aflexão(fig.5-202)deslocatodaacolu­
nadopolegarparadentro,eesteéo
motivopeloqualsedenominaaduçãona
terminologiaclássica.Participamastrês
articulaçõesdopolegar:
•principalmenteatrapézio-metacarpea­
na,emboranãopossadeslocaropri­
meirometacarpeanoalémdoplanosa­
gitalquepassapeloeixolongitudinal
dosegundo.Trata-sedeummovimento
deflexãoporquesecontinuacomafle­
xãodasegundaarticulação;
•ametacarpofalangeanaqueacrescenta
suaflexãoemdiversosgrausdependen­
dododedo"enfocado"pelopolegarno
seumovimentodeoposição;
•porúltimo,ainterfalangeanaseflexio­
naparadaro"toquefinal"prolongando
aaçãodametacarpofalangeanademo-
doqueatinjaoseuobjetivo;
-apronação(fig.5-203),componente
essencialdaoposiçãodopolegar,gra­
çasaqualaspolpasdosdedospodem
tocarumasàsoutras,édefinidacomo
amudançadeatitudedaúltimafalan­
gedopolegarque"seorienta"emdi­
reçõesdiferentesdependendodoseu
grauderótaçãosobreoseueixolongi­
tudinal.Adenominaçãodepronaçãose
deve
àanalogiacomomovimentodo
antebraçoeserealizanomesmosenti­
do.Estarotaçãodaprimeirafalange
sobreoseueixolongitudinaléoresul­
tadodaatividadedacolunadopolegar
emconjunto,ondetodasasarticula­
çõesestãoenvolvidasemgrausepor
mecanismosdiversos.Aexperiência
"dosfósforos"deSterlingBunnel
(fig.5-203)ocomprova:apóstercola­
doumfósforotransversalmentenaba­
sedaunhadopolegar,eobservandoa
mão"empé",medimosumângulode
90a
1200entreasuaposiçãoinicialA,
mãoplana,easuaposiçãofinalB,po­
siçãodemáximaoposição,polegar
contradedomínimo.Emprincípio,
pensamosquearotaçãodacolunado
polegarsobreoseueixolongitudinal
serealizavagraçasàlassidãodacáp­
suladatrapézio-metacarpeana.Porém,
trabalhosrecentesdemonstramque
duranteaoposiçãoéquandoaarticula­
çãoestámais"fechada"(closepacked
position)equeojogomecânicoéme­
nor.
Hojesabemosqueseoessencialdaro­
taçãoprovémdatrapézio-metacarpeana,
égraçasaoutromecanismo,odo"car­
dão"destaarticulaçãodedoiseixos.Por
conseguinte,umaprótesededoiseixos
datrapézio-metacarpeanarealizadase­
guindoestesprincípiosdesempenhaper­
feitamenteasuafunção,permitindouma
oposiçãonormal.

1-····
A
Fig.5-201
Fig.5-203
Fig.5-202
1.MEMBRO SUPERIOR 261

262FISIOLOGIAARTICULAR
AOPOSIÇÃODOPOLEGAR
(continuação)
ocomponentedepronação
Apronaçãodacolunadopolegarprovém
de
doiscontingentesderotação:
-arotaçãoautomática produzidapela
açãodatrapézio-metacarpeana,comose
mencionouanteriormente(verpág.
230),lembrandoqueasduasoutrasarti­
culaçõesmetacarpofalangeanaeinterfa­
langeanaintervêmacrescentandoasua
flexãoàdatrapézio-metacarpeana;isto
fazcomqueoeixolongitudinaldase­
gundafalangesejaquaseparaleloaoei­
xoprincipalxx'deanteposiçãoeretro­
posição,conseguindoqueestafalange
terminalrealizeumarotaçãocilíndrica
ondetodarotaçãodatrapézio-metacar­
peanaaoredordesteeixorealizeuma
rotaçãoigual,umamesmamudançade
atitude,dapolpadopolegar.
Estemecanismoéfácildeverificargraças
ao
modelomecânicodamão (veraofinaldeste
volume).
Da
posiçãodepartida (fig.5-204) àposi­
çãodechegada
(fig.5-205)amudançadeatitu­
dedasegundafalangeeasuaoposiçãocomaúl­
timafalangedodedomínimoseobtémmedian­
teamobilizaçãoemtomodosquatroeixosxx',
yy',fie f2,semnecessidadedetorceropapelão
queseriaequivalentea"umjogomecânico"nu­
madasarticulações.
Resumindo(fig.5-206),bastarealizarsu­
cessivamente(ousimultaneamente)asquatro
operaçõesseguintes:
1)rotaçãonatrapézio-metacarpeanaemtor­
nodoeixoxx'dapeçainter,médiadocar­
dãonosentidodaanteposição(seta1)des­
locandooprimeirometacarpeanodaposi­
ção1àposição2eoeixo
YIYI'ay2y2';
2)rotaçãodatrap~zio-metacarpeanadapri­
meirafalangeemtomodoeixofi;
3)flexãodametacarpofalangeanadapri­
meirafalangeemtornodoeixofi;
4)flexãodainterfalangeanadasegundafa­
langeemtomodoeixo
f2•
Dessemodosedemonstra,nãomediante
argumentosteóricos,masportrabalhospráticos,
aimportantefunçãodocardãodatrapézio-meta­
carpeananarotaçãolongitudinaldopolegar.
~arotação"acrescentada" (fig.5-207)
queaparececomclarezaapósterfixado
osfósforosdereferênciatransversais
sobreostrêssegmentosmóveisdopole­
garcujaposiçãoéamáximaoposição.
Assim,podemosconstatarqueaprona­
çãoaproximadade30°quesesomaà
anteriorsesituaemdoisníveis:
•na
metacarpofalangeanaondeumapro­
naçãode24°éoresultadodaaçãodos
músculossesamóidesexternos,abdutor
curtoeflexorcurto.Éumarotaçãoati­
va;
•na
inteifalangeanaondeumapronação
de7°,puramente
automática,éoresul­
tadodofenômenoderotaçãocônica
(verfigo5-176).

Fig.5-204
Fig.5-206
1.MEMBROSUPERlOR263
Fig.5-205
Fig.5-207

264FISIOLOGIAARTICULAR
AOPOSIÇÃOEACONTRA-OPOSIÇÃO
Jámencionamosafunçãoessencialquede­
sempenhaatrapézio-metacarpeana,"arainha",
poderíamosdizer,daoposiçãodopolegar;só
faltadizerqueatrapézio-metacarpeanaeainter­
falangeanapermitemdistribuiraoposiçãosobre
cadaumdosúltimosquatrodedos.Defato,é
graçasaograudeflexãomaisoumenosacentua­
dodestasduasarticulaçõesqueopolegarpode
escolherodedoquevairealizaraoposição.
Naoposiçãopolegar-dedoindicador,polpa
contrapolpa(fig.5-208),ametacarpofalangea­
naseftexionamuitopoucosemnenhumaprona­
çãonemdesvioradial.
Éoseuligamentolateral
internooqueseopõeaodesvioradialdopole­
garsobodeslizamentododedoindicador;ain­
terfalangeanaestáestendida;masexistemoutras
formasdeoposiçãopolegar-dedoindicador,a
pontadodedo-pontadodedo(término-terminal)
porexemplo,onde,pelocontrário,ametacarpo­
falangeanaestátotalmenteestendidaeainterfa­
langeanaftexionada.
Naoposiçãopolegar-dedomínimotérmi­
no-terminal(fig.5-208bis),ametacarpofalan­
geanaseftexionacomdesvioradialepronação,
eainterfalangeanaseflexiona.Naoposiçãoda
polpa,ainterfalangeanaestáestendida.
Portanto,étotalmenteviávelafirmarquea
partirdeumaposiçãodebasedoprimeirometa­
carpeanoemoposição,ametacarpofalangeana
éaquepermiteescolheraoposição.
Aoposição,indispensávelparapegarobje­
tos,nãoserviriadenadasemacontra-oposição
quepermitesoltá-Iosouprepararamãoparaob­
jetosmaisvolumosos.Estemovimento(fig.5­
209)édefinidoportrêscomponentesapartirda
oposição:
-extensão;"
-retroposição;
-supinaçãodacolunadopolegar.
Osseusmotoressão:
-oabdutorlongo;
-oabdutorcurto;
-e,principalmente,oextensorlongodo
polegar,queéoúnicocapazdedeslocá­
10emmáximaretroposição,noplanoda
mão.
Osnervosmotoresdopolegar(fig.5-210)
são:
-oradialnocasodacontra-oposição;
-oulnareespecialmenteomedianopara
aoposição.
Ostestesdemovimentossão:
-aextensãodopunhoedasmetacarpofa­
langeanasdosquatroúltimosdedos,a
extensãoeseparaçãodopolegarparaa
integridadedoradial;
-aextensãodasduasúltimasfalangesdos
dedoseseparaçãoeaproximaçãoparao
ulnar;
-ofechamentodamãoeaoposiçãodo
polegarparaomediano.

Fig.5-208
Fig.5-209
Fig.5-208bis
1.MEMBRO SUPERIOR 265
Fig.5-210

266FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
Acomplexaorganizaçãoanatõmicaefuncionaldamãocon­
vergenapreensão;porém,nãoexistesóumtipodepreensão,masvá­
riostiposqueseclassificamemtrêsgrandesgrupos:aspreensões
propriamenteditas,aspreensõescomagravidadeeaspreensõescom
ação.Istonãoresumetodasaspossibilidadesdeaçãodamão:além
dapreensão,tambémpoderealizarpercussões,contatoeexpressão
gestual.Demodoquevamosanalisarsucessivamente:apreensão,a
percussão,ocontatomanualeaexpressãogestualdamão.
APREENSÃO
Aspreensõespropriamenteditasseclassificam
emtrêsgrupos:aspreensõesdigitais,aspreensõespal­
mares,aspreensõescentradas.Todastêmumpontoem
comum:aocontráriodasquevamosexporaseguir,não
necessitamdaparticipaçãodagravidade.
A)
Aspreensõesdigitais sedividemporsuavez
emdoissubgrupos:aspreensõesbidigitaiseas
preensõespluridigitais:
a)aspreensõesbidigitaisconstituemaclássica
pinçapolegar-digital,geralmentepolegar-dedo
indicador.Assim,sãodetrêstipos,dependendo
dequeaoposiçãosejaterminal,subterminalo
subterminal-lateral:
1)apreensãoporoposiçãoterminalouter­
minal-polpa
(figs.5-211e5-212)éamais
finaeprecisa.Permitesegurarumobjetode
pequenocalibre(fig.5-211)oupegarumob­
jetomuitofino:umfósforoouumalfinete
(fig.5-212).Opolegareodedoindicador
(ouomédio)realizamaoposiçãopelaextre­
midadedapàlpaeinclusivenocasodeal­
gunsobjetosextremamentefinos(pegarum
cabelo)comapontadaunha.Portanto,pre­
cisadeumapolpaelásticaecorretamente
terminadapelaunha,cujafunçãoéprimor­
dialnestetipodepreensão.Porestemotivo,
tambémpodemosdenominá-Ia
preensão
pulpoungueal.
Éapreensãomaisfácilde
serprejudicada,mesmocomumamínimaal­
teraçãodamão;defato,precisadeummáxi­
mojogoarticular(afiexãoémáxima)eprin­
cipalmentenecessitadequeosgruposmus­
culareseostendõesestejamíntegros,eespe­
cialmente:
-ofiexorprofundo(ladodedoindicador),
queestabilizaapequenafalangeemfie­
xão,daíaimportânciadeumareparação
prioritáriadofiexorcomumprofundo
quandoambososfiexoresestãoseccio­
nados;
-fiexorlongoprópriodopolegar(ladopo­
legar),pelamesmarazão;
I -
2)apreensãoporoposiçãosubterminalou
dapolpa
(fig.5-213)éotipomaisco­
mum.Permitesegurarobjetosrelativa­
mentemaisgrossos:umlápisouumafol­
hadepapel:
otestedeeficáciadapreen­
sãodapolpa
sub-terminalconsisteem
tentararrancarumafolhadepapelsegura­
docomfirmezapelopolegareodedoin­
dicador.Seaoposiçãoéboa,afolhanão
sepodearrancar.Tambémdenominamos
signodeFroment,queavaliatantoapo­
tênciadoadutorquantoaintegridadedo
nervoulnarqueoinerva.
Nestetipodepreensão,opolegareodedo
indicador(ouqualqueroutrodedo)realizam
aoposiçãopelasuperfíciepalmardapolpa.
Naturalmente,oestadodapolpaéimportan­
te,porémaarticulaçãointerfalangeanadistal
podeestaremextensãoouinclusiveblo­
queadaemsemifiexãomedianteumaartro­
dese.Osprincipaismúsculosdestetipode
preensãosão:
-ofiexorsuperficial(ladodedoindicador)
paraaestabilizaçãoemflexãodasegun­
dafalange;
-osmúsculostenaresfiexoresdaprimeira
falangedopolegar:flexorcurto,primeiro
interósseopalmar,abdutorcurtoeespe­
cialmenteoadutor;
3)
apreensãoporoposiçãosubterminal-Iate­
raloupulpolateral
(fig.5-214),comoquan­
doseguramosumamoeda.Estetipode
preensãopodesubstituiraoposiçãoterminal
ouasub-terminalnocasodeamputaçãodas
duasúltimasfalangesdodedoindicador:a
preensãonãoétãofinaemboracontinuesen­
dosólída.Asuperfíciepalmardapolpado
polegarentraemcontatocomasuperfície
externadaprimeirafalangedodedoindica­
dor.Osmúsculosmaisimportantesdesteti­
podepreensãosão:
-oprimeirointerósseodorsal(ladodedo
indicador)paraestabilízarodedoindica­
dorlateralmente(alémdeestarauxiliado
pelosoutrosdedos);
-ofiexorcurto, oprimeirointerósseopal­
mareespecialmenteoadutordopolegar.
Aatividadedesteúltimomúsculoestá
confirmadaporeletromiografia.

Fig.5-213
Fig.5-212
1.MEMBRO SUPERIOR267
Fig.5-214

------~
268FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
(continuação)
4)entreaspreensõesdigitais,existeuma
quenãoconstituiumapinçapolegar-di­
gital,setratada:
preensãointerdigitallateral-lateral
(fig.5-215):éumtipodepreensãoaces­
sória:porexemplosegurarumcigarro.
Geralmente,serealizaentreodedoin­
dicadoreomédio,opolegarnãointer­
vém.Odiâmetrodoobjetoquesedese­
japegardeveserpequeno.Osmúsculos
queparticipamsãoos
interósseos(se­
gundosinterósseospalmaredorsal).É
umapreensãodébilesemprecisão,em­
boraosindivíduosquetenhamsofrido
amputaçãodopolegararealizemde
maneirasurpreendente;
b)as
preensõespluridigitais provocama
participação,alémdopolegar,dosou­
trosdois,trêsouquatrodedos.Permi­
temumapreensãomuitomaisfirmeque
abidigitalquepersistecomopreensão
deprecisão;
I)aspreensõestridigitaisenvolvemo
polegar,dedoindicadoreomédioe
sãoasqueseutilizamcommaiorfre­
qüência.Umaparteimportante,para
nãodizerpreponderante,dahumani­
dadequenãousaogarfo,utilizaesta
preensãopara
levarosalimentosà
boca.
Ésemelhanteà preensãotridi­
gitaldapolpa
(fig.5-216),queseuti­
lizaparasegurarumabolapequena
emqueopolegarrealizaaoposição
dasuapolpaàdodedoindicadoreà
domédiocomrelaçãoaoobjeto.Por
exemplo,paraescrevercomumlápis
(fig.5-217),necessitamosdeuma
preensãotridigital,
dapolpa,nocaso
dodedoindicadoredopolegar,edo
lateralparaaterceirafalangedomé­
dio
queservedesuportedamesma
maneiraqueofundodaprimeiraco­
missura.Assimsendo,estapreensãoé
muitodirecionaleésemelhanteàs
preensõescentradaseàspreensões
ativas,quepoderemosanalisarmais
adiante,jáqueaescrituranãoéso­
menteoresultadodosm'Ovimentosdo
ombroedamãoquesedeslizapela
mesasobreoseubordoulnareode­
domínimo,mastambémdosmovi­
mentosdos.trêsprimeirosdedosque
provocamaparticipaçãodoftexor
longoprópriodopolegaredoftexor
superficialdodedoindicadorparao
vaivémdolápisedosmúsculossesa­
móidesexternosedosegundointe­
rósseodorsalparasegurá-Io.
Aaçãodedesenroscaratampadeuma
garrafa(fig.5-208)éumapreensãotri­
digital,
lateralpara opolegarease­
gundafalangedomédio
querealizam
aoposiçãodiretamenteedapolpa
pa­
raodedoindicador quebloqueiao
objetosobreoterceirolado.Odedo
médioservedepico,encaixadoentreo
anulareodedomínimo.Opolegar
apertacomforçaatampacontraomé­
diograçasàcontraçãodetodosos
músculostenares;obloqueioseinicia
graçasaoftexorlongopróprioetermi­
nacomodedoindicadorporaçãodo
seuftexorsuperficial.Quandoabrimos
atampa,paradesenroscar,nãoneces­
sitamosdeajudadodedoindicador,
comopolegareomédio:ftexãodopo­
legar,extensãodomédio.
Senoinícioatampanãoestivermuito
apertada,podemosrealizarapreensão
tridigitaldapolpaparaostrêsdedos
commovimentodedesenroscarpor
ftexãodopolegar,extensãodomédioe
participaçãododedoindicadoremab­
dução(primeirointerósseodorsal).
Tambéméconsideradacomouma
preensãoativa.

/
Fig.5-216
Fig.5-218
Fig.5-217
Fig.5-215

I
I
I

270FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
(continuação)
2)aspreensõestetradigitais seutilizam
quandoumobjetoémuitograndeedeve
serseguradocommaiorfirmeza.Então,
apreensãopodeser:
-tetradigitaldapolpa (fig.5-219)
quandopegamosumobjetoesférico
comoumaboladepingue-pongue.
Nestecasopodemosobservarqueo
contatosefazcomapolpanocasodo
polegar,dedoindicadoremédio,sen­
dolateralnocasodaterceirafalange
doanular,cujafunçãoéevitarqueo
objetoescapeparadentrodamão,
-tetradigitaldapolpa-lateral (fig.5­
220)quandodesenroscamosumatam­
pa.Nestecaso,ocontatodopolegaré
amplo,abrangendoapolpaeasuper­
fíciepalmardaprimeirafalange,bem
comosobreodedoindicadoreomé-
dio;élateraledapolpanasegundafa­
langedoanularquebloqueiaoobjeto
pordentro."Avolta"datampapelos
quatrodedosproduzummovimento
emespiralsobreosegundo,oterceiro
eoquartodedosepodemosdemons­
trarquearesultantedasforçasque
exercemseanulanocentrodatampa,
queseprojetaparaametacarpofalan­
geanadodedoindicador;
-tetradigitaldapolpadopolegar-tridi­
gital
(fig.5-221),comoquandose
mantémumcrayon,umpincelouum
lápis:apolpadopolegardirigeeman­
témoobjetocomforçacontraapolpa
dodedoindicador,domédioedoanu­
larquaseemmáximaextensão.Tam­
béméamaneiracomooviolinistaeo
violoncelistaseguramoseuarco.

/I/
Fig.5-219
1.MEMBRO SUPERIOR 271
Fig.5-221
\0
;/;
( Fig.5-220

r-
272FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
(continuação)
3)aspreensõespentadigitaisutilizamto­
dososdedos,opolegarrealizaaopo­
siçãodeformavariadacomrelaçãoaos
outrosdedos.Sãoutilizadasgeralmente
parapegargrandesobjetos.Porém,
quandosetratadeumobjetopequeno,
podemospegarcomurnapreensãopen­
tadigitaldapolpa(fig.5-222),demodo
quesóoquintodedorealizaumconta­
tolateral.Seoobjetoéumpoucomais
volumoso,comournaboladetênis,a
preensãoseconverteempentadigital
polpa-lateral(fig.5-223):osquatro
primeirosdedosentramemcontato
comtodaasuasuperfíciepalmareen­
volvemoobjetoquasetotalmente,opo­
legarrealizaaoposiçãoaostrêsoutros
dedoseodedomínimoevita,mediante
suasuperfícieexterna,qualquerpossí­
veldeslocamentodoobjetoparadentro
eemsentidoproximal.Emboranãose
tratedeumapreensãopalmar,abolase
localizamaisnosdedosquenapalma
damão,tambéméumapreensãofirme.
Outrapreensãopentadigitalquepoderiaser
denominadapentadigitalcomissural(fig.5-224)
pegaobjetosgrossossemi-esféricos,umprato
desobremesaporexemplo,envolvendo-ocoma
primeiracomissura:polegarededoindicador
amplamenteestendidoseseparadosentramem
contatocomtodasuasuperfíciepalmar,oqual
precisadeumagrandeflexibilidadeepossibili­
dadesnormaisdeseparaçãodaprimeiracomis­
sura.Estenãoéocasoapósfraturasdoprimei­
rometacarpeanoouferidasdoprimeiroespaço
queacarretamuma~retraçãodaprimeiracomissu­
ra.Alémdomais,seg~ramosoprato(fig.5-225)
comosdedosmédio,anularemínimo,quesóen­
tramemcontatopormeiodassuasduasúltimas
falanges.Portanto,setratadeumapreensãodi­
gitalenãopalmar.
Apreensãopentadigital"panorâmica"(fig
5-226)permitepegargrandesobjetospla­
nos,umatravessa,porexemplo.Parapoderrea­
lizá-Ianecessitamosdeumagrandeseparação
dosdedos,amplamentedivergentes,opolegarse
colocaemretroposiçãoeemmáximaextensão,
demodoqueéemmáximacontra-oposição.A
preensãoserealizadiametralmenteaoanular
(setasbrancas)comoqualtensionaumarcode
180°sobreoqueseenganchamodedoindica­
doreomédio.Odedomínimo"morde"ooutro
semicírculodetalmaneiraqueoarcoestabele­
cidoentreeleeopolegaréde215°;estesdois
dedos,emmáximaseparação.umaoitavasegun­
doospianistas,formamcomodedoindicador
umapreensão"triangular"quaseregulare,com
osoutrosdedos,umapreensãotipo"gancho"da
qualoobjetonãopodeescapar.Observamosque
aeficáciadestapreensãodependedaintegridade
dasinterfalangeanasdistaisedaaçãodosflexo­
resprofundos.

Fig.5-222
Fig.5-224
Fig.5-223
Fig.5-225
1.MEMBRO SUPERIOR 273
Fig.5-226

r
274FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
(continuação)
B)NaspreensõespalmaresparticIpam
tantoosdedosquantoapalmadamão.
Sãodedoistipos,dependendodautili­
zaçãoounãodopolegar:
a)apreensãodigital-palmar(fig.5­
227)realizaaoponênciadapalmada
mãocomosúltimosquatrodedos.
É
umtipodepreensãoacessória,mas
utilizadacomfreqüênciaquandoacio­
namosumaalavancaouseguramos
umvolante.Oobjeto,deescassodiâ­
metro(de3a4cm),estáseguradoen­
treosdedosflexionadoseapalmada
mão,opolegarnãoparticipa:apreen­
são,atécertoponto,sóéfirmenosen­
tidodistal;oobjetopodedeslizarcom
facilidadeemdireçãoaopunho,
porqueapreensãonãoestábloquea­
da.Alémdisso,podemosconstatar
queoeixodapreensãoéperpendicu­
laraoeixodamãoenãosegueadire­
çãooblíquadosulcopalmar.Esta
preensãodigital-palmartambémpode
serutilizadaparasepegarumobjeto
maisvolumoso,umcopo,porexem­
plo,(fig.5-228),masquantomaisim­
portantesejaodiâmetrodoobjeto,
menosfirmezapossuiapreensão.
b)apreensãopalmarcomtodaamão
outodaapalma(figs.5-229e5­
230)éapreensãodeforçaparaos
objetospesadoserelativamentevo­
lumosos.Umtermoantigoepouco
usado,mãofechada,éidôneopara
denominarestetipodepreensãoe
mereceestahonra.Amãoliteralmen­
tesefechaaoredordeobjetoscilín­
dricos(fig.5-229);oeixodoobjeto
ficanamesmadireçãoqueoeixodo
sulcopalmar,istoé,oblíquodabase
daeminênciahipotenaràbasedode­
doindicador.Comrelàção
àbaseda
mãoedoantebraço,estaobliqüidade
secorrespondecomainclinaçãodo
cabodasferramentas(fig.5-230)que
formaumângulode100a110°.Éfá­
cilconstatarqueépossívelcompen­
sarcommaisfacilidadeumângulo
muitoaberto(120a130°)graçasao
desvioulnardopunho,doqueumân­
gulomuitofechado(90°),jáqueo
desvioradialébastantemenosam­
plo.
Ovolumedoobjetoqueseguramos
condicionaaforçadapreensão:éper­
feitaquandoopolegarpodeentrarem
contato(ouquase)comodedoindica­
dor.Defato,opolegarconstituioúni­
coelementoquerealizaaoposição
comrelação
àforçadosoutrosquatro
dedos,esuaeficáciaémaiorquanto
maisflexionadoesteja.Odiâmetro
doscabosdasferramentasdepende
destaconstatação.
Aformadoobjetoqueseguramos
tambémnãoéindiferenteenaatuali­
dadesefabricamcabosquecontêm
asmarcasdosdedos.
Osprincipaismúsculosdestetipo
depreensãosão:
-osflexoressuperficiaiseprofundos
eespecialmenteosinterósseospara
aflexãopotentedaprimeirafalan­
gedosdedos;
-todososmúsculosdaeminênciate­
nar,especialmenteoadutore
ofle­
xorlongoprópriodopolegarpara
bloquearapreensãograçasàflexão
dasegundafalange.

Fig.5-228
Fig.5-230
1.MEMBROSUPERIOR275
Fig.5-227

276FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
(continuação)
1)Quandoutilizamosapreensãopalmar
cilíndricaparaobjetosdediâmetro
grande(figs.5-231e5-232),apreensão
émenosfirmequantomaiorsejaodiâ­
metro.Demodoqueobloqueiodepen­
de,comojávimosanteriormente,da
açãodametacarpofa1angeanaqueper­
mitequeopolegarpercorraumadireção
docilindro,ouseja,umcírculo,ouoca­
minhomaiscurtoparadaravolta.Por
outrolado,ovolumedoobjetoexigea
máximaliberdadedeseparaçãodapri-
..
melracomlssura;
2)aspreensõespalmaresesféricaspo­
demenvolvertrês,quatrooucincode-
dos.Quandointervêmtrês(fig.5-233)
ouquatrodedos(fig.5-234),oúltimo
dedoenvolvidopordentro,sejaomé­
dionapreensãoesféricatridigital,ouo
anularnapreensãoesféricatetradigi­
tal,entramemcontatocomoobjetope­
lasuperfícielateralexterna,constituin­
doassimumelementointerno,reforça­
dopelosoutrosdedos(dedomínimo
sozinhooujuntocomoanular).Este
elementorealizaaoposição
àpressão
dopolegardemodoqueoobjetofica
bloqueadodistalmentepelos"ganchos"
dosdedosquemantêmumcontatopal­
marcomoobjeto.

;-
Fig.5-233
Fig.5-232
1.MEMBRO SUPERIOR 277
Fig.5-234

278FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
(continuação)
Napreensãopalmaresféricapentadigi­
tal(fig.5-235)todososdedosentramemconta­
tocomoobjetopelasuasuperfíciepalmar.O
polegarrealizaaoponênciaaoanular;emcon­
juntoocupamomaiordiâmetroeobloqueioda
preensãoestáasseguradadistalmentepelodedo
indicadoreomédioeproximalmentepelaemi­
nênciatenarepelodedomínimo.Oobjeto,se­
guradocomfirmezaportodososdedosemfor­
madegancho,oquesupõetantoasmáximas
possibilidadesdeseparaçãodascomissuras
quantoaeficáciadosf1exoressuperficiaisepro­
fundos,entraemcontatocomtodaapalmada
mão.Estapreensãoémuitomaissimétricaque
asduasanteriorese,assimsendo,constituia
transiçãoparaasseguintes.
C)Aspreensõescentradasrealizam,defa­
to.umasimetriaemtomodoeixolongitudinal
que.emgeral,seconfundecomoeixodoantebra­
ço.Istoéevidentenocasoda
batutadomaestro
(fig.5-236)cujafunçãoéprolongaramãoere­
presentaumaextrapolaçãododedoindicador
comrelação
àsuafunçãodeassinalar.Istoéin­
dispensáveldoponto'devistamecânicona
preensãodachavedefenda (fig.5-237)quese
confundecomoeixodepronação-supinaçãono
atodeparafusaroudesparafusar.Tambémestá
bastanteclarona
preensãodeumgaifo (fig.5­
238)oudeumafacaquetemoobjetivodepro­
longaramãodistalmente.
Emtodocaso,oobjetodeformaalongada
seagarracomfirmezamedianteumapreensão
palmarnaqualparticipamopolegareosúltimos
trêsdedos,o
dedoindicador,nestecaso,desem­
penhaumafunçãoorientativaindispensável
pa­
radirigirotalher.
Aspreensõescentradasou
direcionaisse
utilizamcomfreqüência;requeremaintegrida­
dedaflexãodostrêsúltimosdedos,aextensão
completadodedoindicadorcujosf1exoresde­
vemsereficazes,eummínimodeoposiçãodo
polegarparaoqualaflexãodainterfalangeana
nãoéindispensável.

Fig.5-235
Fig.5-238
1.MEMBRO SUPERIOR 279
Fig.5-236
I
(
I)'-"--­
---~-----.-r-
\
\
Fig.5-237

280FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
(continuação)
Atéaquianalisamosostiposdepreensão
noscasosemqueagravidadenãointervém,mas
existemoutrosnosqueaaçãodagravidadeéin­
dispensável,demodoquenãopodemutilizar-se
emmeiossemgravidade,comoéocasodeuma
cápsulaespacial.
Nestaspreensõesemqueagravidadeaju­
da,amãoservedesuporte,comoquandosegura­
mosumatravessa(fig.5-239),oquesupõeque
podemosaplanar,comapalmadamãohorizontal,
orientadaparacima(e,portanto,semosdedosem
formadegancho)ouquepodemosconstituirum
trípodedebaixodoobjetoquequeremossegurar.
Graçasàgravidade,amãotambémpode-se
comportarcomoumacolherquecontémgrãos
(fig.5-240)ouumlíquido.Aescavaçãodapal­
madamãoseprolongapeladosdedosaduzidos
aomáximo,pelaaçãodosinterósseospalmares,
paraevitaraspossíveisfugas.Opolegar,muito
importantenestaação,fechaosulcopalmarpor
fora:emsemiflexão,seaproximadosegundo
metacarpeanoedaprimeirafalangedodedoin­
dicador,pelaaçãodoadutor.Aaproximaçãodas
duasmãos"ocas"(fig.5-241)emformadedois
semipratosfundosunidospeloseubordoulnar
podeconstituiruma~cavidademuitomaisampla.
Todosestestiposdepreensãodesuporte
necessitamdequeasupinaçãoestejaíntegra:de
fato,semela,apalmadamão,únicaparteda
mãocapazdeconstituirumaparedecôncava,
nãopodeorientar-separacima.Dessemodo,o
testedatravessapermiteconstatararecuperação
dasupinaçãojáquenãoexistenenhumapossibi­
lidadedecompensaçãodoombro.
Apreensãodeumaxícaracomtrêsdedos
(fig.5-242)utilizaagravidadeporqueasua
circunferênciaestáseguradapordoiselemen­
tos,constituídospelopolegarededomédio,
alémdeumganchoformadopelodedoindica­
dor.Estapreensãonecessitadeumagrandees­
tabilidadedopolegaredomédio,bemcomoa
integridadedoflexorprofundododedoindica­
dorcujaterceirafalangemantémamargemda
xícara.Oadutordopolegartambéméimpres­
cindível.
Aspreensõesemformadeganchocom
umouváriosdedos,comoquandosetranspor­
taumbaldeouumamalaou,inclusive,nocaso
deseagarrarnaspontasdeumaparederochosa,
tambémutilizamaaçãodagravidade.

1.MEMBRO SUPERIOR 281
Fig.5-239
Fig.5-240
Fig.5-241
j
Fig.5-242

282FISIOLOGIAARTICULAR
OSTIPOSDEPREENSÃO
(continuação)
Aspreensõesestáticasanalisadasatéaquinão
bastamparaesgotartodasaspossibilidadesdamão.
Amãotambém
écapazde "atuarpegandoalgo". É
oquesedenominaráde preensõesativas oupreen­
sões-ação.
Algumasdestasaçõessão elementarescomo
porexemplo
lançarumpião (fig.5-243)mediante
uma
preensãopolegar-dedoindicadortangencial,
outambém lançarumabolinhadegude (fig.5-244)
medianteumimpulsoabruptodasegundafalange
dopolegar(açãodoextensorlongo);abolinhade
gudeestámantidapreviamentenaconcavidadedo
dedoindicadortotalmenteftexionado(açãodofte­
xorprofundo).
Existemaindaoutrasaçõesmais
complexas,
nasquaisamãorealizauma açãoreflexa sobresi
mesma.Nestecaso,oobjetoqueseguramospor
umapartedamãosofreumaaçãoqueprovémde
outraparte.Estaspreensões-açãoemqueamãoatua
sobresimesmasãoinumeráveis;podemosmencio­
narcomoexemplos:
-aaçãodeacenderumisqueiro (fig.5-245)
queseparecebastantecomaaçãodelançar
umabolinhadegude;seguramosoisqueiro
naconcavidadedodedoindicadoredosou­
trosúltimosdedos,enquantoopolegar,em
formadegancho,atuasobreomecanismo
(açãodoftexorpróprioedosmúsculostena­
res);
-aaçãodeapertaratampadeumfrascode
aerosol
(fig.5-246):destavez,seguramoso
objetoporumapreensãopalmareaftexão
dodedoindicadoremformadeganchoéa
queatuasobreatampa(açãodoftexorpro­
fundo);
-aaçãodecortarcomtesoura (fig.5-247):os
anéisseinserem,porumaparte,comopole­
gare,poroutra,comodedomédioouoanu­
lar.Aaçãodopolegaréprincipalmentemo­
toratantoparafecharatesoura(músculoste­
nares)quantoparaabri-Ia(extensorlongo
próprio).Aseparaçãodosanéispode,quan­
doserepetecomoumatoprofissional,pro­
vocararupturadoextensorlongo.Odedo
indicadororientaatesoura,oqueconstitui
umexemplodepreensãoativaorientativa;
-aaçãodecomercompauzinhoschineses
(fig.5-248),emqueumdospauzinhosper­
manecefixo,bloqueadopeloanularnaco­
missuradopolegar,eooutropauzinho
móvelmedianteumapreensãotridigital
polegar-dedoindicador-médioformauma
I
pinçacomoprimeiro.Istoconstitui,sem
dúvida,umtesteexcelentedehabilidade
manualparaúmeuropeu,jáqueosasiáti­
cosorealizamdeformainconsciente;
-aaçãodefazernóssócomumamão (fig.5­
249).Nestecaso,tambémsetratadeumtes­
tedehabilidademanualquesupõeaaçãoin­
dependenteecoordenadade
duaspinçasbi­
digitais;
umadedoindicador-médio,que
atuadepreensãolateral-lateral,eaoutrapo­
legar-anular,queatuadepreensãopolegar­
digitalemboramuitopoucoutilizada.Osci­
rurgiõesutilizamummétodomuitoparecido
parafazernóscomumamãosó.Estasações
múltiplas,comumamãosó,sãomuitofre­
qüentesnosdigitadoresenosmágicos,cuja
destreza,aperfeiçoadaconstantementecom
exercícioscotidianos,éclaramentesuperior
àmédia;
-amãoesquerdadeumviolinista (fig.5-250)
ouadoguitarristarealizauma
preensãoati­
vamóvel:
opolegarsegurao"cabo"dovio­
linoe,mesmoquesemova,servedecontra­
apoioàaçãodosoutrosquatrodedosque,
aotocarascordas,formamasnotas.Esta
pressãoqueseexercesobreacordadeveser
aomesmotempoprecisa,firmeemodulada
paraconseguiravibração.Estasaçõestão
complexassãooresultadodeumalonga
aprendizagemedevem-semantereaperfei­
çoarcomexercícioscotidianos.
Cadaleitorpodedescobrirporsimesmo
ain­
finitavariedadedepreensõesativas
querepresen­
tamaatividademaiselaboradadamãoemplenain­
tegridadefuncional.

:/:'/
Fig.5-250
Fig.5-244

,~--
284FISIOLOGIAARTICULAR
ASPERCUSSÕES -OCONTATO-AEXPRESSÃO GESTUAL
Amãodohomemnãoéutilizadasomente
paraapreensão,mastambémapodemosutilizar
cornoinstrumentodepercussão:
-sejanotrabalho,porexemploquandose
utilizaumacalculadora(fig.5-251)ou
urnamáquinadeescrever,ouquandoto­
camospiano:cadadedosecomportaco­
rnoummartelodiminutoquetocaate­
cla,graçasàaçãocoordenadadosinte­
rósseosedosflexores,especialmenteo
profundo.Adificuldadeconsisteemad­
quiriraindependênciafuncionaldosde­
dosentresiedasmãosentresi,oquere­
querurnaaprendizagemcerebralemus­
cular,bemcomoumtreinopermanente;
-sejanalutaondeosgolpessãodados
comamãofechada(fig.5-255)corno
noboxe,comobordoulnardamãoou
aextremidadedosdedos,nokaratê,ou
tambémamãoamplamenteestendida
comonumatapacomum.
Ocontatodamãonocasodeumacarícia
(fig.5~253)émenosbrusco;amãodesempenha
umafunçãoprimordialnocontatosocialeprin­
cipalmenteafetivo.Tambémdevemosressaltara
necessidadedeurnasensibilidadecutâneaintata,
tantoparaamãoqueacariciaquantoparaoob­
jetodacarícia.Emalgunscasos,ocontatode
ambasasmãospodedesempenharurnafunção
terapêuticanaimposiçãodemãosquepodeser
"eficaz",mesmoadistância.Porúltimo,ogesto
maistrivialdavidacotidianadohomemociden­
tal,oapertodemãos(fig.5-254),representaum
contatosocialcheiodesignificadosimbólico.
Istoconduz,semdúvida,aurnafunçãoin­
substituíveldamãonaexpressãogestual.De
fato,estaexpressãoserealizaemestreitacola­
boraçãocomorostoeamão;dependedecen-
trossubcorticais,talcornoodemonstraoseu
desaparecimentonadoençadeParkinson.Esta
linguagemdamãoedorostoestácodificadapa­
raacomunicaçãoentresurdo-mudos,masages­
ticulaçãoinstintivaconstituiumasegundalin­
guagem;comdiferençadosistema
Idecomuni­
caçãofalado,oseusignificado
éuniversal.Este
tipodecomunicaçãocompõeinumeráveisfor­
mas,quepodemcontarcomalgumasvariações
regionais,masque,em'geral,secompreendem
emtodososlugaresdoplaneta,tantosesetrata
damãofechadaemsinaldeameaça(fig.5-252),
quantodocumprimentocomamãoamplamente
abertaemsinaldepaz,dodedoapontando(fig.5­
255,segundoMathiasGnmewaldnodesenhode
Isenheim)comosinaldeacusação,ouinclusive
dosaplausosemsinaldeaprovação.Estagesticu­
laçãoestá"trabalhada"profissionalmentepelos
atoresdeteatro,maséinstintivanocasodoho­
memcomum,maisirreprimívelquantomais
meridionalsejaasuaorigem.Oseuobjetivoéo
deressaltareacentuarosentidodaexpressão,
mas,comfreqüência,ogestoultrapassa
àpa­
lavrae,sebastaporsisóparaexpressarsenti­
mentosesituações,oqueexplicaagrandeabun­
dânciada"mãogesticuladora"nasobraspictó­
ricasenasesculturas.Estafunçãodamãonãoé
amenosimportanteaoladodasuautilidadefun­
cionalesensorial.Emcertasatividadesartesa­
nais,comoéocasodasmãosdoalfareiro(fig.
5-256),aaçãodamãoserealizaemtodosos
planosdemaneirasimultânea:funçãorealizado­
ranamodelagemdoobjeto,funçãosensorialpa­
rareconhecersuaformaquesemodificaconti­
nuamentesobasuacarícia-trabalhoe,porúlti­
mo,oseusignificadosimbólico,gestodeofere­
cimentodasuacriação
àcoletividadedosho­
mens.Estecarátercompletodogestocriativo
doartesãoéoquelhedátodooseuvalor.

1.MEMBRO SUPERlOR 285
Fig.5-256
Fig.5-252
Fig.5-251
ô
~
Fig.5-255

286FISIOLOGLc\ARTICULAR
POSIÇÕESFUNCIONAIS EDEIMOBILIZAÇÃO
DescritainicialmenteporS.Bunnell(1948),comoaposi­
çãodamãoemrepouso,aposiçãofuncionaldamãoé,naverda­
de,bastantediferentedaqueseobservanoindivíduoadormeci­
do(fig.5-257,segundoMiguelÁngel),igualmentedenominada
posiçãoderela"Xamento,quetambémconstituiaposiçãoanti­
álgicadamãolesada:antebraçoempronação,punhojlexionado,
polegaremaduçãolretroposição,comissurafechada,dedosrela­
tivamenteestendidosprincipalmentenoníveldasmetacarpofa­
langeanas.
W.Littler(1951)mencionouaposiçãofuncional(figs.5­
258e5-259):antebraçoemsemipronação,punhoemextensão
de30°eaduçãoquesituaopolegar,especialmenteoprimeiro
metacarpo,emalinhamentocomorádio,constituindocomose­
gundometacarpoumânguloaproximadode45°,metacarpofa­
langeanaeinterfalangeanaquaseemposiçãodealinhamento,
dedosligeiramentêflexionados,maisnoníveldasmetacarpofa­
langeanasquantomaisinternosejaodedo.Emresumo,aposi­
çãofuncionaléaquelaapartirdaqualpoderíamosrealizara
preensãocomonúnimodemobilidadearticularseumaouvá­
riasarticulaçõesdosdedosoudopolegarestivessemanquilosa­
dasouapartirdaqualarecuperaçãodosmovimentosresultasse
relativamentefácil.realizandoaoposiçãoquaseemsuatotalida­
deebastandoparacompletá-Iaalgunsgrausdeflexãonumadas
articulaçõesremanescentes.
Contudo.segundoR.Tubiana(1973),napráticaépreferí­
veldefinirtrêstiposdeposiçõesdeimobilizaçlio:
-aposiçãodeimobilizaçãotemporal,denominada
"proteção"(fig.5-260),quetentapreservaramesma
mobilidadedamão:
oantebraçoemsemiflexão,pronação,cotoveloflexio-
nadl\
100°.
opunbüemextensãoa20°eligeiraadução,
oded"smaisflexionadosquantomaisinternossejam.
Asmétacarpofalangeanasflexionadasentre50e80°,
aumc'otandoemproporçãoquantomenosestejamfle­
xionclJasasinterfalangeanasproximais.
Asimerfalangeanasmoderadamenteflexionadas.pro­
porcionalmentemenosquantosequerdiminuiraten­
sãoeaisquemianesteponto:
-nocasodasinterfalangeanasproximaisentre10e40°,
-nocasodasinterfalangeanasdistaisentre10e20°,
opolegarpreparadopararealizaraoposição:primeiro
metacarpoemligeiraaduçãoetambémemanteposição,
demodoqueaaberturadaprimeiracomissuraestejaas­
segurada.metacarpofalangeanaeinterfalangeananuma
breveflexãodetalmodoqueapolpadopolegaresteja
dirigidaemdireçãoaodedoindicadoremédio.
-asposiçõesdeimobilizaçãofuncionaisdefinitivas
denominadas"fixação".
Dependemdecadacasoparticular:
onocasodopunho:
-quandoosdedosmantêmassuaspossibilidadesde
preensão.devemosrealizarumaartrodesedopunhoem
extensãode25°paracolocaramãoemposiçãode
preensão:
-quandoosdedosperdemasuafunçãodepreensão,o
bloqueiodopunhoémaisvantajosoemflexão;
-seosdoispunhosestãodefinitivamenteimobilizados,
necessitamosdobloqueiodeumdelesparaahigiene
perineal;
-autilizaçãodeumamuletaoudeumabengalainduzao
bloqueiodopunhoemposiçãodealinhamento.Auti­
lizaçãodeduasmuletasconduzaumaartrodeseemex­
tensãode10°damãodominanteeumaartrodeseem
flexãode10°daoutra;
•paraimobilizaroantebraçoempronaçãomaisou
menoscompleta;
onorelativoàsmetr;zcarpofalangeanas,aposiçãode
flexãovariade35"nocasododedoindicadora50°
nocasododedoilÚnimo;
ocomrelaçãoàsintelfalangeanasproximaisaflexão
vaide40a60°;
oaartrodesedatrapézio-metacmpeanaserealizanu­
maposiçãoadaptadaacadacaso.mascadavezque
sebloqueiadefinitivamenteumdoselementosda
pinçapolegar-digital,devemosconsiderarnecessa­
riamenteaspossibilidadesdazonaqueficamóvel;
-asposiçõesnãofuncionaisdenominadas"imobili­
zaçãotemporal"-posiçõesdeimobilizaçãoparcial.
Sósejustificamnumperíododetempomaiscurto
possívelparaseobteremumamaiorestabilidadenum
focodefraturaouumrelaxamentonumasuturatendi­
nosaounervosa.
Existeumgraveriscoderigidezporestasevenosae
linfática.Esteperigodiminuiconsideravelmenteseas
articulaçõesadjacentesàsimobilizadassemovi­
mentamativamente:
oapósumasuturadomediano.doulnaroudosflexo­
res.podemosflexionaropunhoatéos40°semgran­
desconseqüênciasdurantetrêssemanas,porémé
imprescindívelimobilizarasmetacarpofalangeanas
emflexãoaproximadamentede80°,deixandoasin­
terfalangeanasnoseugraudeextensãonatural
porqueasuaextensão
édifícilderecuperarapós
umaflexãoforçada;
oapósareparaçãodoselementosdorsais,asarticula­
çõesdevemserimobilizadasemextensão,porémé
necessárioconservarsemprepelomenos10°defle­
xãonasmetacarpofalangeanas.Comrelaçãoàsinter­
falangeanasaflexãopodeserde
200seasecçãoselo­
calizaacimadasmetacarpofalangeanas,masdeverá
sernulaseasecçãoselocalizanaprimeirafalange;
oapóstratamentodaslesõesdenominadas"emcasade
botão",seimobilizaainterfalangeanaproximalem
extensãoeainterfalangeanadistalemflexãopara
realizaratraçãodistaldoaparelhoextensor;
oaocontrário,sealesãoestálocalizadapertodain­
terfalangeanadistal,estaarticulaçãoficariaimobi­
lizadaemextensãoeainterfalangeanaproximal
emflexãopararelaxar,destamaneira,asfaixasla­
teraisdoextensor.

1.MEMBRO SUPERIOR 287
Fig.5-258
Fig.5-259
Fig.5-260

288FISIOLOGIAARTICULAR
ASMÃOSFICÇÕES
Asmãosficçõesnãosãoumsimplesexer­
cíciodeimaginação,maspermitemumamelhor
compreensãodasrazõesarquitetõnicasdamão.
Defato,poderíamosimaginar,semproblemas,
outrassoluçõesquenãofossemamãonormal,
porexemploamãoassimétricaouasimétrica.
Asmãosassimétricasderivamdamão
normalporreduçãoouaumentodonúmerode
dedos,ouporinversãodasimetria.
OaumentodonÚmerodededos,seisouse­
tededos,depoisdodedonúnimonoladoulnar
damão,comcertezaaumentariaapreensãocom
todaapalmadamão,mas
àcustadeumacom­
plicaçãofuncionalproibitiva.
AreduçãodonÚmerodededosaquatroou
trêsfazcomqueamãopercaassuaspossibili­
dades.AlgunsmacacosdeAméricaCentralpos­
suem,nomembrosuperior,umamãocomqua­
trodedossempolegar,eaúnicaaçãoquepodem
realizaréadeseagarraremnosramos,masno
membroinferiorpossuemuma"mão"decinco
dedoscompolegarcapazderealizaraoposição.
Amâocomtrêsdedos(fig.5-261),comopode­
mosobservarapósdeterminadasamputações,
conservaaspreensõestridigitaisebidigitais,as
maisfreqüenteseasmaisprecisas,masperdea
preensãocomtodaapalmadamão,indispensá­
velparapegaroscabosdasferramentas.Amão
comdoisdedos(fig.5-262),polegarededoin­
dicador,poderealizarumgancho,comodedo
indicadoreumapinçabidigitalparaaspreen­
sõesfinas,masnãopoderealizar,dejeitone­
nhum,aspreensõestridigitaiseaspreensões
comtodaapalmadamão;contudo,podemos
notaroresultadoinesperadoquepodeoferecera
conservaçãoouarestituiçãodeumamãocom
doisdedosemalgunsmutilados!
Observamostambémqueestamãochegaa
sersimétricacomosdefeitosinerentesaesta
disposição.
Amãodesimetriainversa,istoé,uma
mãocomcincodedos,mascomumpolegarul-
nar,acarretariaumamudançadeobliqüidadedo
sulcopalmar:empronação-supinaçãoneutra,o
cabodeummarteloemvezdeestaroblíquopa­
racima,estariaoblíquoparabaixo,oqueimpe­
diriabaterumpregodecimaparabaixo,anão
serquehouvesseumaalteraçãode+
1800dapo­
siçãoneutradepronação-supinaçã0,apalmada
mãoestariaorientadaparafora!Dessemodo,a
ulnapassariaporcimadorádioeainserçãodo
bícepssobreesteossocareceriadeeficácia.Em
resumo,sedeveriamop.ificartodaaarquitetura
domembrosuperiorsemnenhumaevidênciade
vantagemfuncional.
Asmãossimétricasteriamdoispolega­
res,umradial,outroulnar,limitandoum,dois
outrêsdedosmédios.Amaissimples,amãosi­
métricacomtrêsdedos(fig.5-263)podereali­
zarduaspinçaspolegar-digitais,umapinçabi­
polegar(entreambosospolegares)euma
preensãotridigital(fig.5-264)poroposição
dosdoispolegaressobreodedoindicador,sen­
doquatropreensõesdeprecisão.Tambéméim­
possívelimaginarumapreensão"comtodaa
palmadamão"(fig.5-265)entreosdoispole­
garesporumapartee,pelaoutra,entreapalma
damãoeodedoindicador.Porém,dotadade
certafirmeza,estapreensãoteriaumsérioin­
conveniente,asuasimetriaconverteriaocabo
daferramentaperpendicularaoeixodoante­
braço;entretanto,vimosanteriormentequea
obliqüidadedocabounida
àpronação-supina­
çãopermiteorientaraferramenta.Omesmo
acontecerianocasodequalquermãosimétrica
comdoisoutrêsdedosmédios(fig.5-266),ou
seja,decincodedosdosquaisdoissãopolega­
res.Ospapagaiospossuemdoisdedosposte­
rioresquerealizamumagarrasimétricaqueos
permitesesegurarcomfirmezaaumgalho.
Umaconseqüênciainoportunadamãocom
doispolegaresseriaaestruturasimétricadoan­
tebraço.Nestascondições,oqueaconteceria
comapronação-supinação?

Fig.5-261
Fig.5-264
Fig.5-263
Fig.5-266
1.MEMBRO SUPERIOR289
Fig.5-262
1I
Fig.5-265
----~

290FISIOLOGIAARTICULAR
AMÃODOHOMEM
Amãodohomem,nasuacomplexidade,
serealizacomoumaestruturaperfeitamente
lógicaeadaptadaàssuasdiferentesfunções.A
suaarquiteturarefleteoprincípiodaeconomia
universal.Éumdosmaisbeloslogrosdouni­
verso.

1.MEMBRO SUPERIOR 291
Fig.5-267

292FISIOLOGIAARTICULAR
MODELOS DEMECÂNICA ARTICULAR PARACORTAR
-----
Estesmodelosmecânicos,construídosmediantecor­
tes,dobradiçasecolagens,estãodestinadosaconcretizar
noespaçonoçõesexpostasaolongodestevolume;sãoes­
quemasemtrêsdimensões,compossibilidadedemovi­
mento.Comasuamontagempodemosadquirir,semnen­
humesforço,graçasaosentidocinestésicoqueadquirem,
conhecimentosdifíceisdedescobrirdeoutraforma.Por­
tanto,recomendamosqueoleitordediqueumpoucode
tempoepaciência;teráasuarecompensa.
Antesdecomeçar,énecessárioleratentamenteto­
dasasindicações.
Pranchas
IelI:Modelomecânicodamão
EstemodeloestácompostoporquatropeçasA,B,C
eD.distribuídasnaspranchasIe
11.Naparteinferiorda
pranchaIIaparecemosesquemasdemontagem
a,bec.
Porrazõesinerentes
àediçãodestelivro,opapelso­
breoqualestãoimpressososdesenhosnãotemaespessu­
ranecessáriaparadarumaboaconsistênciaaomodelo,is­
tosignificaqueomelhorresultadopodeseobtertransfe­
rindoosdesenhosdasquatropeçasA,B,CeDparaum
papelãodepelomenosummilímetrodeespessura.
Corte
Cortam-secomtesourasasquatropeçasseguindoo
traçocontínuodalinhadecontorno.Algumaspeçascon­
têmrecortesdelinhasinterioresquedeverãoserfeitos
comumalâminaOlfaouestilete:
-peçaA:entreaslingüetas
h,jek;
-peçaD:linharetapertode men-linhacomposta
portrêssegmentospertode
m'en'.
Tambémseindicamalgumaspartesqueficarãova­
ziasmediante:
-traçosespessos
•peçaA:pertode
k';
•peçaD:fendacentral;
-traçosduplosparalelossobreaspeçasAeC:sedeve
realizarumafendaestreitaentreosdoistraçosuma
vezaproximados,demodoquepossamosreceber
posteriormenteaspoliastendinosas(veresquema
c).
Tambémsedevemperfuraralgunsfuros:
-furoscirculares:passagemdostendõescujosnúme­
roscorrespondemaoesquemac;
-furoscircularesmarcadoscomumacruz:inserções
tendinosas;
-cruzsimples:fixaçãodefaixaselásticasdelem­
brança.
Dobradura
Nãosedeverealizarnenhumadobradiçasobreopa­
pelãosemrecortarantescomapequenafacaouoestilete
aterceiraparteouametadedaespessuradopapelão
-incisãonapartedafrenteparaaslinhastracejadas;
-incisãonoversoparaaslinhasdepontosetraços;
paratransportarestasúltimascomprecisãoaover­
so,éconvenienteassinalarosseusextremosperfu­
randoopapelãocomumaagulhaouapontadeum
compasso.
ApóshaverreaÍizadoaincisão,sedobraopapelão
comfacilidadeedeformaprecisapeloladooposto
àinci­
são;durantearealizaçãodasdobradiças,aflexãodopape­
lãonuncadeveultrapassar,noinício,os
4SO.Asduasdo­
bradiçaslongitudinaisdapeçaAsemarcamlevementee
representamaescavaçãodamão.Asdobradiçasmarcadas
eixo
IsobreAeeixo2sobreCsãode90°.Asduaspregas
convergentesapartirdosextremosdoeixo
Isobreapeça
Asãosuperioresa90°,igualqueasdaslingüetasje
h.A
peçaBnãocontémnenhumadobradiça.
ObservarsobreapeçaCaobliqüidadedasdobradi­
çasdeflexãodainterfalangeanaedametacarpofalangea­
na,quetraduzemotipodeflexãotãoparticulardestasduas
articulações;quanto
àmetacarpofalangeana,considera­
mosumdostrêseixos.oque.nocursodaoposiçãodopo­
legar,permiteaflexão-pronação-desvioradial.
A10ntagem
Oesquemaamostraamontagemdoselementos:
.apeanha(peçaD)semontaaproximandoefazen­
docoincidir
msobrem'ensobren'.Pode-seco­
laraslingüetas
me11nassuperfíciestracejadas m'
en';seposteriormentedesejamosdesmontaro
modelo,podemosunirasduascomdoisgrampos
quepassematravésdosfurosm,m',n,n';
.namão(peçaA)apóshaverassinaladoasdobra­
diçasdosdedosedapalmadamão,devemospre­
pararosuportedaarticulaçãotrapézio-metacar­
peana:
1.invertemosasuperfíciesemicirculartracejada
90°paratrás;
2.pregamosparafrenteosdoistriângulospara
constituirumapirâmidetriangulardebasesu­
penor;
3.estapirâmideestáfixa:
-colandoaslingüetashe
jsobreassuperfícies
h'ej'(montagemdefinitiva);
-fixandoalingüeta
k,quevaipassarpeloespa­
çovazioentre
h'ej'.dobradaportrásde k'e
fixaporumgramponosfuros
kek'(modelo
desmontável);

-opolegar(peçaC),apóspreparadopeladobra­
diçadoeixo2paratrás(seta
1)ecolado(seta2)
napartedafrentedapeçaB,fsobref',fazendo
comqueosfuroseaslinhasdoeixo2coinci­
dam.Aseguir,colaresteconjunto(seta3)na
pirâmidequesuportaopolegar,unindooverso
g'dapeçaBsobreapartedafrentegdapeça
A,detalformaquetantoosfurosquantoas
linhasdoeixo1coincidam.
Destemodo,serealizaaarticulaçãodetipocardão
dedoiseixos1e2datrapézio-metacarpeana.
Oesquemabmostracomosefixaamãosobreasua
base,introduzindo-anafendacentral.
Utilização
Talcomoestá,estemodelopermiteentenderpor
mobilizaçãopassivatrêscaracterísticasfuncionaisfunda­
mentaisdamão:
I.aescavaçãodapalmadamão,porflexãodas
duasdobradiçaslongitudinaisquesimulaosmo­
vimentosdeoposiçãodo4.°eprincipalmentedo
5.°metacarpo;
2.aftexãooblíquadosdedos,queosfazconverger
paraabasedaeminênciaterrar,graçasàobliqÜi­
dadecadavezmaisacentuadadoseixosdasinter­
falangeanasedasmetacarpofalangeanas,quando
sedirigeodedoindicadoremdireçãoaomínimo
(exemploderotaçãocônica).Estefenômenoére­
forçadopelaoposiçãodosraiosmetacarpeanos
internos(4.°eprincipalmente5.°metacarpo);
3.aoposiçãodopolegar:ostrêscasosderotação
plana,rotaçãocônicaerotaçãocilíndricaexpostos
notextopodemseverificaraqui,considerandoo
eixo
Icomoeixoprincipaleoeixo2comoeixo
secundário;destemodo,podemoscomprovarque
aflexãosllcessivanoeixo2easduasoutrasarti­
culaçõesdopolegar(metacarpofalangeanaein­
terfalangeana)permitemrealizarumarotaçãoci­
líndricadaúltimafalangedopolegarqueprovoca
umamudançadeorientaçãosemqueestejamar­
cadaaflexãonatrapézio-metacarpeanaesemque
arotaçãodoprimeirometacarpeanosobreoseu
eixolongitudinalsejarelevante.Podemoscom­
provarquesemaintervençãodenenhumjogome­
câniconasarticulaçõesdopolegar,épossívelrea­
lizaraoposiçãoem"pequenoegrandetrajeto"do
dedoindicadoratéomínimocomumamudança
deorientaçãodapolpadopolegarquesecorres­
ponderigorosamentecomarealidade.
Aflexão-pronaçãodainterfalangeanaeadameta­
carpofalangeanaaparecemgraçasàobliqÜidadedasdo­
bradiças.
Instalaçãodos"tendões"
Épossívelanimarestemodeloinstalando"tendões"
(esquema
c).Estessãoconstituídosporumcordãozinho
bloqueadoporumnónasuainserçãofalangeana(furos
1.MEMBRO SUPERIOR 293
circularesassinaladoscomumacruz),passandoaseguir
pelas"polias"preparadasnasfalangeseosfurosrealiza­
dosnabase.Cadatendãotemumnúmeroemtodooseu
trajeto:
1.abdutorlongodopolegar:fixonapeçaB,mobili­
zaatrapézio-metacarpeanaaoredordoseueixo
principal(eixo1);
2.flexorprópriodopolegar:fixosobrea 2:falange,
passapelosulco(2)daprimeirafalangenapeça
B.Flexionaasduasfalangesdopolegar;
3.este"tendão"dedireçãotransvt;rsal,fixosobreo
primeirometacarpo(3),equedesenhanumapo­
liadapalmadamão(3),éaomesmotempoequi­
valentedoadl1toredoflexorcurto;
4.flexorprofundododedoindicadorfixosobrea
terceirafalangedodedoindicador(4)equepassa
atravésdetrêspoÍias:flexionatotalmenteodedo
indicador;
5.este"tendão"dedireçãotransversal,simétricoao
3,sefixasobreumacunhade6a7mmdeespes­
sura(trapéziotracejado5);serefletenapalmada
mãosobreapolia5,equivaleaooponentedode­
domínimo;
6.flexorprofundododedomínimo(omesmotraje­
to,amesmafunçãoque04).
Nota:Osftexoresdo3.°edo4.°dedosnãoestão
instaladoscomafinalidadedesimplificar.apesar
desepoderfazeristosemdificuldade;
7.estetendãonãoestávisívelnoesquema.Trata-se
doextensorlongoprópriodopolegar:sefixana
facedorsaldesuasegundafalangenomesmofu­
roqueoftexorpróprio(osdoisnósestãoopostos).
passapelapolia7dafacedorsaldasuaprimeira
falangeelogoapósporumfuronapeçaB.
Aspoliaspodemserconstruídascomfacilidademe·
diantepequenasfaixasdepapelãode6mmdelargura,su­
ficientementeflexíveisparapoderpenetrarnumtúnel;ca­
daumdosseusextremossepassadedianteparatráspelas
fendasrealizadasnaspeçasAeC,esecolasobreasuafa­
cedorsal,depoisdedobrarparao(emômega).
Aúnicaexceçãoéapoliadupla2-7dapeçaC:
é
ventralpara2edorsalpara7(doisômegasinvertidosum
comrelaçãoaooutro).
Noextremodecadatendãopodemsefazerrolospa­
rapassarosdedos,oufixaranéisquepermitammobilizar
ostendõescommaisfacilidade.
Paraestabilizaropolegarnumaposiçãofuncional,
podemosutilizarelásticosparamanteroseixos
1e2nu­
maposiçãomédia.
Nocasodoeixo1,oelásticotemorigemnumdos
furos
eldapeçaB,serefletenofuro eldabasedapeçaA
esefixadenovonapeçaB,noníveldooutrofuro
e,-a
posiçãomédiaseobtémdeslizandooelásticopelofuroda
peçaA.Fixamosoelásticocomumpoucodecolaemca­
daextremo.Paraestabilizaroeixo2entreostrêsfuros
marcados
e2naspeçasBeCserealizaamesmaoperação.

294FISIOLOGIAARTICULAR
Paratercertezadequeodedoindicadoreomíni­
movoltemàexten"são,podemoscolocarumelásticoem
tensãosobreasuafacedorsal,entreosfuros4e6eou­
trosfurosqueserealizarãonafacepalmardapeçaA.
Tambémnestecasoépossívelregularatensãocomum
poucodecola.
Animaçãodomodelo
Graçasaostendõespodemosrealizarpraticamente
todososmodelosdamão:
1.escavaçãodapalmadamão:puxandootendão
5(aeficáciadestamanobradependedaalturado
cuneiforme5);
2.flexãododedoindicadoredomínimomediante
traçãodostendões4e6;
3.animaçãodopolegar
a)colocaçãodopolegarnoplanodapalmada
mão(mãoplana:posiçãoinicialdaexperiência
deSterling-Bunnel):puxandodeformaequili­
bradaostendões7e3;
b)oposiçãopolegar-dedoindicador:enquan­
toflexionamosodedoindicadorénecessá­
riopuxarsimultaneamenteostendões1.3e
7:
c)oposiçãopolegar-dedomínimo:enquantotle­
xionamosodedomínimoéprecisopuxarsi­
multaneamenteostendões1,3e4;
d)oposiçãopolegar-basedodedomínimo:é
precisopuxarostendões1e2eeventualmen­
teo3;
e)oposiçãotérmino-lateralpolegar-dedoindi­
cador:comonocasob),mastlexionandomais
odedoindicador.
Prancha
III
Modelodeumdedocomassuasarticulaçõeseos
seustendões.
CortarcomcuidadoasquatropeçasM,FI'F,eF]
querepresentamometacarpeanoeastrêsfalanges.dei­
xandovaziaafendalateraldeM,FIe
F2•Marcarasdobra­
diçasincidindolevementecomumapequenafaca,napar­
tedafrentesobreaslinhastracejadasenoversosobreas
linhasdepontos.Perfurarcomumaagulhaospassosdo
eixononíveldascruzes.Umavezdobradaemângulore­
toafacelateralesquerda,pregarecolarcomoseindicano
esquema1alingüetadabasedasfalanges(depositaraco­
lanocantodalingüeta).Dobrarasegundafacelateralco­
landoigualmentealingüetaecolarafacepalmarcoma
sualingüetaparacolar,talcomoseindicanoesquema2.
Destemodopodemosdarformaecolarapoliade~1,Fie
F,comoseindicanoesquema3(alingüetaparacolarde­
vepassarpelafendaantesdesecolarnointerior).Cortar
aspeçasAeB,dobrarcopiandodoesquema4ecolarnos
seuscorrespondenteslugares,marcarAeBnafacedorsal
deM.Quandoacoladasfalangesedometacarpeanoestá
bemseca,procedemosàmontagemdasarticulações,co­
moseindicanoesquema5:oeixoéconstituídoporum
alfineteouumaramefino,passandopelosfurosdeeixo
anteriormenteperfurados.Porém,naarticulaçãoF/
F2o
eixodearame(umgrampodecabelofinoébastantema­
leável)sedobraemformadegarfodecadalado(esque­
ma7).
Enquantoasfalangessesecam,podemosconstruir
abase.CortarapeçaC,comassuastrêsfendasmarca­
das
feassuasdobradiças(seguindoomesmocódigo);
colaralingüetatracejadasobreoladoapostodemanei­
raqueseformeumaespéciedechaminécomquatrolin­
güetasnabase.Inspirando-senoesquema6,colarpor
suaslingüetasdebase.achaminésobreumquadradode
papelãode6x6cm,noseucentro,cortarumsegundo
quadradode6x6edepoisdeesvaziarnocentroumre­
tângulocomasdimensõesexterioresdopédachaminé,
colarnoprimeiroquadradoencaixando-osobreachami­
né(esquema6).Umavezconstituídaabase,encaixaro
metacarpeano(achaminé,levementecônica,secoloca
comfacilidadenabasedometacarpeano).
Restaconstruirefixar,comoseindicanosesque­
masemperspectiva8e9,osdiferentestendões:com
elásticosplanosde3-4mmdelargura(seencontramem
papelariasounaslojasdemodelosdeaviões):
-oflexorcomumprofundo(FCP)secolocacom
facilidadecomoseindicanoesquema9,passan­
doumelásticopelastrêspoliasefixandooextre­
monafacepalmardeFJmedianteumalfineteou
umafitaadesiva;
-oflexorcomumsuperficial(FCS),constituído
porumelásticoseparado2,5cmnoseuextremo
(esquema9),passa,aseguir,pelasduasprimeiras
polias,elogoassuaspontassefixamnasfaces
lateraisde
F2(pontov);
-oextensorcomum(EC)émaisdifícilderealizar
(esquema8);podemoscortarlongitudinalmente
oelásticooujuntartrêscabosde1mmcomfios
aospontosp,q,r,
S,t.
Detasostrêscabosestãocolados.Apartirdes
sedescolaaexpansãoprofundaEpquesefixanaface
dorsaldeFI(fixacomoalfinete).Novamente,deraq
comtrêscaboscolados.Apartirdeqocabocentralfi­
guraalingüetamediana1Mquesefixanafacedorsalda
basedeF2'osdoiscaboslateraisrepresentamasfaixas
lateraisBIquepassampelosgramposdoeixodaarticu­
laçãoFI/
F2antesdeseunirem ppara,porúltimo,sefi­
xarnafacedorsaldeF];
-osinterósseoselumbricaisestãoconstituídospor
duaspartesdiferentes:
a)aexpansãolateralEl,constituídaporumfino
cordãoamarradofirmementenafaixalateral,
antesdosgramposdoeixoFI/
F2,equepassa
pelossulcosBeA;
b)oespaldãoEs,localizadonafacedorsaldeFI
(esquema8),fixosnasfaceslateraisdeFIcom

umalfinetequeperfuraoponto uequefinal­
mente.passapelosulcoA;
-oligamentoretinacular(semrepresentaçãona
prancha):sebloqueiaumfioapertadoacadala­
dodaexpansãolateraldoextensornoníveldeF2,
omaispertopossíveldaarticulaçãoF3/F2'Ode­
doemextensãomáxima,depoissefixacadaum
dosfioscomadesivosnapoliadeFIprocurando
queestejamoderadamentetensoepassepara
diantedoeixoFI/
F2•
Estemodelopermiteverificarpraticamentetodasas
açõesdosmúsculosmotoresdosdedos:
1.açãodeextensãopreferentedoECsobreFI;
2.açãodeextensãopreferentedosinterósseoselum­
bricaissobreF2eF,quandooECéineficiente;
1.MEMBRO SUPERIOR 295
3.açãodeflexãodoespaldãosobreFIquandose
relaxaligeiramenteoEC;
4.eficáciadoFCSnaflexãodeF,aumentadapela
suaposiçãosuperficial,queaumentaoseuângu­
lodeataque;
5."luxação"lateraldasfaixaslateraisdoECnoní­
veldaarticulaçãoFI/F"queaodistenderosiste­
maextensorfacilitaaflexãodeF3'Nestecasonão
existesistemaelásticodorsalparaqueretomemà
suaposiçãodorsaloquesecorrespondecomuma
rupturadaaponeurosedorsal;,
6.afunçãodoligamentoretinacular:
F2eF3flexio­
nados,seatensãodofioéreguladacorretamente,
podemoscomprovarqueaextensãopassivadeF2
acarretaaextensãoautomáticadeF,.

296FISIOLOGIAARTICULAR
BIBLIOGRAFIA
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