LIÇÃO 1 - PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO 'E partimos do rio de Aava, no dia doze do primeiro mès, para irmos para Jerusalém: e a boa mão do nosso Deus estava sobre nós e iivrou-nos da mão dos inimigos e dos que nos armavam ciladas no caminho." (Ed 831)
1. PERÍODO DO SEGUNDO TEMPLO
0 Período Interbiblico ou Intertestamentário refere-se ao intervalo de 400 anos entre os acontecimentos finais do Antigo Testamento e o início do Novo Testamento. Tal momento foi marcado principalmente pelo retorno de muitos judeus a Jerusalém, depois do exílio na Babilônia (400 a.C), bem como pela reconstrução dos muros da cidade e da Casa de Deus. até 0 cumprimento da vinda do Messias, por meio do nascimento de Jesus.
Historicamente, esses quatro séculos de acontecimentos também é denominado como 'Período do Segundo Templo', já que tal reconstrução foi um marco extremamente importante para o povo de Deus após o exílio (Cf, Ag 2.1-9).
2. CENÁRIO SOCIOPOLÍTICO E CULTURAL
Ao estudarmos a história do povo escolhido fica muito evidente o zelo do Senhor e o cumprimento de sua promessa de jamais destrui-lo inteiramente (Cf. Jr 46.28), Até mesmo em face das recorrentes desobediências e consequências, as quais diversas vezes colocaram a nação em situações cuja repercussão poderia ter sido o extermínio, o Deus Todo-Poderoso guardou Israel.
Contudo, visto que, ao longo dos séculos, os judeus foram dominados em momentos distintos pelos persas, gregos e romanos, tais influências repercutiram em mudanças importantes na cultura, na política, na religião e na linguagem do que havia sido o reino de Israel. Conforme estudamos no trimestre passado, a rivalidade entre judeus e samaritanos, característica sociocultural marcante observada nos Evangelhos, agravou-se no desenrolar deste período, por exemplo.
2.1. Paganismo em Samaria Após o Reino do Norte ser tomado pela Assíria, cerca de 722 a.C., Samaria passou a ser habitada por povos pagãos, oriundos de vários locais conquistados pelos assírios (2 Rs 1721-41). Com Samaria mergulhada em costumes e religiões politeístas. as diferenças e divergências entre judeus e samaritanos foram intensificadas.
O Reino do Sul também sofreu as consequências de sua desobediência, caindo nojugo da Babilônia (Dn 1.1-6; 2 Rs 24.8-17; 2 Cr 36.11-21). Entretanto, em cumprimento ao que o Senhor havia previamente anunciado pelos profetas Isaias e Jeremias (Is 44.21-28; 45.1-7; Jr 2910-14; Ed 1.1-4; 513.14). depois de um tempo, levantou-se Ciro. rei da Pérsia, conquistou a Babilônia e autorizou a construção do Templo.
2.2. Oposição samaritana Neste contexto, entraram em cena novamente os samaritanos, tentando atrapalhar a reconstrução (Ed 4.1-5), As oposições aos judeus seguiram nos reinados persas seguintes (Ed 4.6-24; 5-7).
Durante a etapa de reestruturação de Jerusalém, já sob a responsabilidade de Neemias (Ne 2,1-8), houve ameaças dos opositores, que insistiam em paralisar a edificação dos muros da cidade (Ne 4.7-11; 6.1-14). Mas em 52 dias a obra foi concluída (Ne 6.15).
2.3. Judeus X Samaritanos Muitos anos mais tarde, fica claro no diálogo de Jesus com uma mulher junto ao poço na cidade de Sicar, que ainda havia tal divisão entre os judeus e os samaritanos (Cf. Jo 41-30).
Em outra ocasião, no intuito de retaliar os samaritanos que negaram pousada aos discípulos, Tiago e João perguntaram a Jesus se eles poderíam pedir que descesse fogo do céu para consumir tal aldeia. Jesus respondeu que 'não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las" (Lc 9.51-56), mostrando que a nossa luta não é contra nenhum 'inimigo" carnal.
Jesus chocou os judeus ao ensinar importantes lições, exemplificando-as com boas ações dos samaritanos (Lc 10.25-37:1711-19).
3. OS INVASORES COMO INSTRUMENTOS DE DEUS
3.1. Os persas Dentre outros, um dos marcos do período persa na sociedade judaica, visto até hoje, é a celebração da festa de Purim; em lembrança ao livramento dado pelo Senhor ao seu povo, quando Hamã tentou exterminar os judeus (Et 9,17-32), no período do rei Assuero.
3.2. Os gregos A cultura grega tinha influência profunda sobre a Palestina na grande era helenistica, isto é, da conquista de Alexandre à conquista romana, de 333 a 63 a.C.
Foi durante esse período que 72 anciãos judeus traduziram os textos do Antigo Testamento do hebraico para o grego, a chamada Septuaginta.
O Grego como Idioma dos Judeus Sob esta influência, o idioma falado pelos judeus passou a ser o grego (At 21.37): e os escritos do Novo Testamento já foram registrados na língua grega. Atenas no Novo Testamento Atenas, capital da Grécia, é citada diversas vezes no NT (At 17.15,16; 18.1; 1 Ts 3.1). Interação Cultural Os judeus estavam entre os gregos e os gregos entre os judeus (Jo 7.35; 12.20.21; Mc 7.26).
3.3. Os romanos Foi por meio de um decreto do romano César Augusto, para um censo, em que todos se alistassem em sua própria cidade, que José e Maria foram parar em Belém, onde nasceu Jesus (Lc 2.1-7). cumprindo a profecia de Miqueias (Mq 5.2,3).
Os líderes romanos no tempo de Jesus Tibério César, Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe e Lisânias aparecem entre os lideres estrangeiros na época de Jesus (Lc 3.1-3; Mt 2.1-12). Um dos supostos receios dos fariseus sobre a fama de Jesus se espalhar como 'rei dos judeus" era dos romanos tirar-lhes a nação (Jo 11.45-48).
4. O "SILÊNCIO DE DEUS"
Embora o período seja chamado de 400 anos de silêncio", por não haver registro de profecia escrita, Deus não deixou de se manifestar na história. Como pudemos ver, até mesmo os acontecimentos que sucederam já haviam sido preditos e usados por Ele para o cumprimento de seus propósitos, Em Daniel 2,17-49. 7 e 8, as interpretações já apontavam para os impérios babilónico, medo-persa, grego e romano.
Através da história de Simeão, também vemos que a ação do Espirito Santo continuava. O Senhor havia revelado que ele "não morreria antes de ver o Cristo do Senhor".
Também há o exemplo da profetiza Ana, que "não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações" (Lc 2.25-38)
Zacarias, pai de João Batista, fiel sacerdote (Lc 1.5-25) que, com sua esposa Isabel, vivia "irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor" (v.6); dentre outros.
Podemos constatar, portanto, que Deus nunca deixou de operar ou de "se mostrar forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com ele" (2 Cr 16.9)
Para concluir Ao estudar a trajetória de Israel, observamos que, mesmo em face da infidelidade humana, o Senhor permanece fiel, pois Ele não nega a si mesmo (Cf. 2 Tm 213). Haja o que houver, passe o tempo que passar, as suas promessas se cumprirão. É o ptoprio Deus quem vela por sua Palavra para cumpri-la (Jr 1.12).
Contudo, nem por isso precisamos agir como o povo de Israel, escolhendo o caminho da desobediência e. consequentemente, de grande sofrimento. Basta sermos fiéis a Jesus Cristo, o qual está à direita de Deus. e intercede a nosso favor (Cf. Rm 8.34)