25Paulo Alexandre Barbosa
A cidade de Santos (SP) não tinha nenhum atendimento voltado aos deficientes visuais. Para preencher essa lacuna, foi
fundado o Lar das Moças Cegas, que atende deficientes visuais de toda a região. No começo, a entidade atendia somente
mulheres, com o tempo, foi abrangendo os homens. “Nosso atendimento vai do primeiro mês de vida até a terceira idade.
Entidade que atenda dessa forma, só o Lar das Moças Cegas”, esclarece o presidente, Carlos Antonio Gomes, o Caluxo, que
segue o caminho do pai, que foi presidente da instituição por 25 anos.
O primeiro passo de quem entra no Lar é fazer os cursos básicos fundamentais, como o AVD – Atividade da Vida Diária,
em que o deficiente visual irá reaprender a ser independente, desde a hora que acorda até deitar-se. Eles aprendem a arrumar
cama, organizar gavetas e armário, utilizar fogão, ligar equipamentos eletrônicos, andar com bengala, ler no sistema braile,
enfim, aprendem desde ações mais básicas do dia a dia às mais complexas. Há ainda diversas oficinas, atividades esportivas,
banda, coral, além dos cursos de capacitação, como informática, telefonia, massagem, culinária, entre outros. São mais de 30
cursos.
“No primeiro momento, quando o deficiente passa por aque-
la porta, o olhar dele é mais entristecido, uma postura mais
comedida ; e depois dos primeiros dias de aula, da convivência , a
postura já muda, o olhar já muda. Ele começa a perceber que é
um deficiente, mas que ele é eficiente em todos os sentidos da
sua vida.”
M
yrina Paiva Gomes, coordenadora pedagógica
“Comecei a frequentar o Lar ano passado , no curso de
telefonia , e tive a oportunidade de entrar no mercado
de trabalho . Também decidi fazer o curso de culinária
porque acho que o deficiente tem que ser independente em
todas as funções, desde cozinhar , trabalhar , estudar .”
S
oraia Lisboa Salgado, aluna
“Cheguei aqui sem saber nada e aprendi o braile, a andar de benga
-
la, a cozinhar . A gente sai daqui preparado pra enfrentar a vida
lá fora. Eu já leio livros, já leio tudo.”
M
aria Dilma, aluna
“No curso de orientação e mobilidade a gente procura trabalhar os
sentidos remanescentes - tato, audição, olfato, a percepção, que é um
sentido muito importante que a gente vai trabalhar com o deficiente.
T
ambém trabalhamos o lado emocional e psicológico, até que ele se
sinta seguro em estar pegando a bengala pra desenvolver as ativida
-
des dentro da escola . Ele aprende a lidar com ambientes internos e
externos. A gente treina travessias , uso de transporte e comércio em
geral , até que chega num ponto em que o deficiente visual esteja indo e
voltando da casa dele pra escola sem precisar de um guia vidente ou de
usar nosso transporte . Aí ele vai estar totalmente independente pra
voltar pra sociedade .”
G
ilmar Ribeiro dos Santos, professor
Lar das Moças Cegas
Local: Avenida Ana Costa, nº 19
Vila Mathias- Santos (SP)
Fundação: 1943
Contato: (13) 3226-2760
Site: www.lardasmocascegas.org.br
Programa exibido em: 22/6/07