Literatura anglofona

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About This Presentation

literatura anglófona


Slide Content

ESTUDOS
DA LITERATURA
ANGLÓFONA
1ª Edição - 2007

Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.
Gervásio Meneses de Oliveira
Presidente
William Oliveira
Vice-Presidente
Samuel Soares
Superintendente Administrativo e Financeiro
Germano Tabacof
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Pedro Daltro Gusmão da Silva
Superintendente de Desenvolvimento e Planejamento Acadêmico
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância
Reinaldo de Oliveira Borba
Diretor Geral
Marcelo Nery
Diretor Acadêmico
Roberto Frederico Merhy
Diretor de Desenvolvimento e Inovações
Mário Fraga
Diretor Comercial
Jean Carlo Nerone
Diretor de Tecnologia
André Portnoi
Diretor Administrativo e Financeiro
Ronaldo Costa
Gerente Acadêmico
Jane Freire
Gerente de Ensino
Luis Carlos Nogueira Abbehusen
Gerente de Suporte Tecnológico
Romulo Augusto Merhy
Coord. de Softwares e Sistemas
Osmane Chaves
Coord. de Telecomunicações e Hardware
João Jacomel
Coord. de Produção de Material Didático
Equipe
Angélica de Fatima Silva Jorge, Alexandre Ribeiro, Cefas Gomes, Cláuder Frederico, Delmara Brito,
Diego Aragão, Fábio Gonçalves, Francisco França Júnior, Israel Dantas, Lucas do Vale,
Marcio Serafim, Mariucha Silveira Ponte, Tatiana Coutinho e Ruberval Fonseca
Imagens
Corbis/Image100/Imagemsource
Produção Acadêmica
Jane Freire
Gerente de Ensino
Ana Paula Amorim
Supervisão
Jussiara Gonzaga
Coordenação de Curso
Sônia Maria Davico Simon
Autor(a)
Produção Técnica
João Jacomel
Coordenação
Carlos Magno Brito Almeida Santos
Revisão de Texto
Delmara Brito dos Santos
Editoração
Francisco Júnior e Fábio Gonçalves
Ilustrações
copyright © FTC EaD
To dos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito,
da FTC EaD - Faculdade de Te cnologia e Ciências - Educação a Distância.
www.ead.ftc.br
SOMESB
FTC - EaD
MATERIAL DIDÁTICO

SUMÁRIO
O CONTO E O ROMANCE  ________________________________________7
O CONTO __________________________________________________________ 7
A TRADIÇÃO ORAL E A LITERATURA ANGLO-SAXÔNICA  _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _7
PERÍODO MEDIEVAL E CONTOS ARTURIANOS  ____________________________________12
CHAUCER E O DESENVOLVIMENTO DOS CONTOS  _________________________________15
O CONTO MODERNO  _______________________________________________________18
ATIVIDADE COMPLEMENTAR  _________________________________________________30
O ROMANCE _______________________________________________________31
O NASCIMENTO DO ROMANCE  _______________________________________________31
A TEORIA DOS ARQUÉTIPOS DE NORTHROP FRYE  _________________________________36
DESENVOLVIMENTO DO ROMANCE INGLÊS  _____________________________________38
O ROMANCE NORTE AMERICANO  _____________________________________________45
ATIVIDADE COMPLEMENTAR  _________________________________________________51
A POESIA E O TEATRO  __________________________________________53
A POESIA __________________________________________________________53
A POESIA INGLESA: DE SHAKESPEARE AO ROMANTISMO  _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _53
A POESIA NORTE AMERICANA  ________________________________________________67
A POESIA BEAT ____________________________________________________________74
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS  _____________________________________________76
ATIVIDADE COMPLEMENTAR  _________________________________________________77

SUMÁRIO
O TEATRO _________________________________________________________79
SHAKESPEARE _____________________________________________________________79
OSCAR WILDE & BERNARD SHAW  _____________________________________________86
O TEATRO NORTE AMERICANO  _______________________________________________92
O TEATRO DO ABSURDO  ____________________________________________________94
ATIVIDADE COMPLEMENTAR  _________________________________________________99
GLOSSÁRIO ____________________________________________________________101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  _________________________________________102
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS  ____________________________________________105
REFERÊNCIAS FILMOGRÁFICAS  _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _106

Prezados alunos,
Bem vindos à nossa nova etapa, desta feita, o estudo das literaturas de
expressão inglesa!
A nossa disciplina, Literatura em Língua Inglesa, irá tratar de um assunto
novo para muitos de vocês, que é produção literária dos países anglófonos.
A língua inglesa é, atualmente, a língua materna ou oficial em aproxima-
damente sessenta países, distribuídos por todos os continentes do nosso
planeta. Entretanto, nossos estudos estarão focalizados principalmente em
textos de autores provenientes do Reino Unido da Grã Bretanha e Estados
Unidos da América, pelo fato de se tratarem de bibliografia mais facilmente
encontrada em nosso país.
Iniciaremos o módulo abordando o conto como forma literária, desde os
seus primórdios até as tendências da contemporaneidade. Em seguida, ain-
da no mesmo bloco temático, trataremos do romance como forma literária
moderna, suas características, e seu desenvolvimento.
No segundo bloco temático estudaremos a poesia inglesa e norte ameri-
cana, bem como as vertentes literárias que influenciaram as diversas gera-
ções de poetas anglófonos. E,
last but not least, o teatro será o nosso último
tema, cuja abordagem tratará das características do teatro de Shakespeare
até o Teatro do Absurdo.
Parafraseando Drummond que dizia que amar se aprende amando, cha-
mo atenção para o fato que literatura se aprende lendo. Portanto, apesar de
reconhecermos as dificuldades existentes na obtenção do material de leitu-
ra, é imprescindível que o aluno, na medida do possível, procure seguir as
nossas recomendações de bibliografia e filmografia ao final de cada tema.
Agora, mãos à obra!
Profa. Mestre Sonia Maria Davico Simon
Apresentação da Disciplina

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental7
Podemos imaginar, desde os tempos 
mais remotos, seres humanos reunidos ao fi m 
do dia para uma refeição comunal ao redor do 
fogo, compartilhando as experiências viven-
ciadas nas atividades diárias em expedições 
de caça, coleta de alimentos, encontros for-
tuitos com outros grupos de humanos e ani-
mais selvagens.  Essas experiências, narradas 
ao redor da fogueira e ouvidas pelos demais 
membros do grupo, deram origem às primei-
ras narrativas.
Esses relatos, modifi cados através dos 
tempos nas sucessivas repetições e transmissões orais, passaram a incorporar explicações sobre 
elementos e fenômenos da natureza até então desconhecidos pelos homens tais como a origem 
do mundo, dos astros, fenômenos da natureza, animais, plantas, a morte, etc. Através da obser-
vação a humanidade imaginou histórias para explicar não somente a origem das coisas como 
também a sua utilização, o que pode ser apreciado nos relatos que sobreviveram às sociedades 
primitivas, agrárias.
Essas narrativas se confi guraram como míticas ou mitológicas e podem ser identifi cadas 
nos relatos bíblicos do Velho Testamento, como, por exemplo, o Livro do Gênesis.  Outras 
histórias, como a Odisséia, também se confi guram como relatos míticos e narram a história de 
um povo, ou civilização. Tais relatos constituem-se de longos poemas que contam, geralmente, 
as aventuras de um personagem principal, um herói, representante das aspirações de uma nação 
ou etnia, que, em superando obstáculos, consegue galgar uma posição de líder na comunidade 
representando assim os valores de uma nação. 
Pensadas deste modo, estas narrativas trazem contribuições profícuas para o entendimento 
da identidade nacional (leia-se cultural) de um povo. Ressalvamos que há áreas da ciência, mais 
positivistas, que divergem sobre a viabilidade de recorrer à literatura como fonte para entender 
a história. Entretanto, podemos questionar até que ponto o olhar pretensamente distanciado do 
historiador atinge a objetividade desejada, escapando à subjetividade inerente a qualquer ponto de 
vista. Devemos pensar, ainda, que tipo de registro poderia ser mais elucidativo sobre a Guerra de 
Tróia do que a Ilíada, ou, ainda, quem poderia trazer maiores revelações sobre a visão de mundo 
da Alta Idade Média da Inglaterra, além de Chaucer em The Canterbury Tales, ou poderíamos 
O CONTO E O ROMANCE
O CONTO
A TRADIÇÃO ORAL E A LITERATURA ANGLO-
SAXÔNICA

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR8
do mesmo modo imaginar melhor quadro de Dublin do que aquele pintado nos traços marcantes 
de James Joyce, em seus contos reunidos em Dubliners.
Todos os fatores supracitados, no entanto, não subtraem dos textos que serão aqui apresen-
tados o seu caráter representativo de uma cultura tão presente em nossa própria cultura brasileira, 
traduzida como foi por tantos autores e intelectuais no Brasil. Que esta “tradução”, em seu sen-
tido mais amplo, seja uma justifi cativa convidativa para esta jornada no mundo anglófono.
Beowulf
Não devemos esquecer que apesar de todos os textos que serão aqui 
estudados nos levarem a conhecer um pouco sobre a literatura anglófona e 
sua cultura (pois literatura é cultura), há diversos textos outros que se per-
deram entre as conquistas territoriais e culturais e ainda muitos deles foram 
alterados pela cultura colonizadora. Não podemos desconsiderar, ainda, que, 
enquanto detentora do direito de preservar os textos antigos, a Igreja muitas 
vezes domesticou suas traduções e ou adaptações. 
PARA LEMBRAR
Denominados de épicos, os primeiros relatos anglófonos guardaram 
narrativas de seus antepassados históricos: os Celtas, Anglo-Saxões, e de-
mais povos estabelecidos na região que hoje chamamos de Grã Bretanha 
nos primeiros séculos, e suas respectivas culturas, antes mesmo que a língua 
inglesa se constituísse como tal. Estes épicos foram escritos sob a forma 
de poemas que, embora longos, continham elementos que facilitavam a sua memorização, a fi m 
de que pudessem ser repetidos e lembrados através dos tempos. Dos poemas épicos em língua 
anglo-saxônica, ou Old English (Inglês Arcaico), destacamos Beowulf, manuscrito datado possi-
velmente do século XII e que se encontra no Museu Britânico.
Existente em diversas versões em inglês contemporâneo, os acontecimentos e os persona-
gens de Beowulf são comuns às sagas dos países escandinavos, como, por exemplo, a Dinamarca, 
o que aponta para a infl uência cultural e lingüística daquele povo na constituição do país que hoje 
chamamos de Grã Bretanha.
Beowulf é um poema épico, pré-cristão, provavelmente datado do período das invasões An-
glo-Saxônicas, embora o manuscrito seja de um período posterior. É uma história anônima, pos-
sivelmente composta por um único autor entre os séculos VII e VIII, e, não obstante o narrador 
se reportar a uma cultura pagã e com valores pagãos, a noção de heroísmo aponta para um ponto 
de vista cristão, na qual os valores morais e religiosos parecem estar embutidos. Os críticos literá-
rios chamam atenção para o fato de que as lutas realizadas por Beowulf prefi guram o antagonismo 
cristão entre o bem e o mal, e simbolizam a cultura situada ainda na fronteira entre a estabilidade 
de uma sociedade agrária e a instabilidade e o nomadismo do herói guerreiro. 
Beowulf e Grendel

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental9
O documento com a transcrição do poema Beowulf existente no Museu Britânico data 
do século XII, embora haja suspeitas que a sua composição remonte a trezentos ou até mesmo 
quatrocentos anos antes. 
A história acontece durante o reino de Hrothgar da Dinamarca, cenário constantemente 
ameaçado por monstros de diversas origens e que são mortos em batalhas heroicamente vencidas 
por Beowulf. Entretanto, ao fi nal do relato, o herói é atacado por um dragão que lhe fere mortal-
mente; Beowulf, então, recebe exéquias
1
 pagãs e o épico tem o seu fi nal.  A saga é escrita em Old 
English (inglês arcaico, contendo infl uências decorrentes das inumeráveis invasões dos povos 
anglo-saxões). 
Trecho de Beowulf:
We have learned of  Eormanric’s
wolfi sh disposition; he held a wide dominion
in the realm of  the Goths. That was a cruel king.
Many a man sat bound in sorrows,
anticipating woe, often wishing
that his kingdom were overcome.
Beowulf e os demais poemas épicos datados do período Anglo-Saxão eram recitados por um 
scop: bardo itinerante que se deslocava pelos reinos – às vezes a serviço de um único monarca 
– relatando fatos, acontecimentos e histórias.  
Widsith e Outros Textos
O poema Widsith, por exemplo, um dos mais antigos manuscritos do período, narra as 
viagens de um scop chamada Widsith (que signifi ca “far journey”) por diversos reinos do mundo 
germânico. O épico, possivelmente autobiográfi co, encontra-se no Book of Exeter, coleção que 
abriga outros textos, doado à Catedral de Exeter. Outros textos do período chamado Old English 
Literature são The Battle of Maldon (escrito cerca do ano 1000), poema que trata da luta entre um 
nobre senhor de Essex e uma invasão viking, e inúmeras transcrições de histórias bíblicas como 
1 Exéquias são cerimônias fúnebres.
Os indícios de interferências textuais de origem cristã no poema Beowulf podem 
ser explicados devido ao fato de a literalidade ter sido privilégio dos monges, responsáveis 
pela maior parte da transcrição de documentos e textos literários na época. Um dado que 
corrobora com esta interferência é o fato de ao monstro Grendel ser atribuída a descen-
dência da raça de Caim, personagem bíblico cuja história é marcada pela vilania e traição.
CURIOSIDADE

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 10
Judith, Gênesis, Exodus, Daniel, reunidos em quatro manuscritos: MS Cotton Vitellius, que faz 
parte do acervo do Museu Britânico; The Junius Manuscript que se encontra na biblioteca Bodleian 
em Oxford; The Book of Exeter que está na Catedral de Exeter; e o Vercelli Book que se encontra 
na biblioteca da Catedral de Vercelli, sul da Itália. 
SAIBA MAIS
Salientamos que embora os textos mencionados tenham sido escritos em versos, es-
tes se inserem na categoria contos por serem narrativas épicas. Tal inserção justifi ca-se por 
consistir a epopéia em uma narrativa de feitos grandiosos, o que a aproxima da prosa. 
Não devemos esquecer que o gênero romance é um desdobramento da epopéia. Em A 
teoria do romance, Georg Lukács
2
 , situa a epopéia em um período anterior à modernidade, mais 
especifi camente, na cultura helênica, período propício para o desenvolvimento deste tipo de nar-
rativa, por ser marcado pelo sentimento de familiaridade entre o sujeito e o mundo, sendo este 
caracterizado pela homogeneidade, a unidade. Com a modernidade, ou seja, com o começo do 
Novo Mundo, no entanto, há uma quebra desta unidade e, assim, o homem se sente desenrai-
zado e ao sentimento de pertença diante do mundo sobrepõe-se uma sensação de desamparo, 
uma forte desorientação. Assim, enquanto o Helenismo é “um mundo homogêneo, e tampouco 
a separação entre homem e mundo, entre eu e tu é capaz de perturbar sua homogeneidade.” (p. 
29), na era moderna predomina o que Lukács chama de “desabrigo transcendental”.
Crônica anglo-saxã
Esta obra é considerada a primeira produção escrita dos germânicos e, por ser composta 
por relatos, é defi nida por alguns autores como um jornal. A Crônica anglo-saxã é constituída por 
anotações em inglês arcaico e inglês médio sobre importantes acontecimentos do período do 
2  LUKÁCS, Georg. “Culturas Fechadas”. In: id. A Teoria do Romance. São Paulo: Duas Cidades, 2000, p. 25-36. 
Epopéia
PARA LEMBRAR
Trouxemos à baila as considerações feitas sobre a epopéia e o roman-
ce não só para justifi car a inserção de textos como Beowulf neste módulo 
sobre contos, mas, sobretudo, para mostrar que a literatura expressa ques-
tões de cunho histórico e de identidade não apenas através do conteúdo 
das histórias narradas, mas até mesmo em sua forma. Afi nal, como postula 
Lukács, a forma da epopéia seria apenas possível em uma era fechada, em 
que predominava a unidade tão marcadamente representada nas longas es-
trofes de histórias de bravos heróis. 

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental11
século IX a 1154, listados conforme a data em que ocorreram, como o trecho destacado ilustra:
A.D. 752.  This year, the twelfth of  his reign, Cuthred, king of
the West-Saxons, fought at Burford (27) with Ethelbald, king of
the Mercians, and put him to fl ight.
A.D. 753.  This year Cuthred, king of  the West-Saxons, fought
against the Welsh.
Notamos que a defi nição de crônica supracitada não se aplica à Crônica anglo saxã, já que 
esta consiste em relatos breves de acontecimentos do período em que foi escrita. Esta obra se in-
sere, na verdade, nos textos qualifi cados por Massaud Moisés como “cronicões”, termo que, em 
português e espanhol é utilizado para se referir a “simples e impessoais notações de efemérides”
3

em contraste às crônicas, propriamente ditas, que são “obras que narravam os acontecimentos 
com abundância de pormenores e algo de exegese, ou situavam-se numa perspectiva individu-
al da história”
4
 . Em inglês, entretanto, não há diferença de termos entre crônica e cronicões, 
reunidas sob uma única palavra, chronicle. Ainda no tocante ao termo utilizado para se referir às 
crônicas, salientamos que, na acepção moderna, em inglês, estas podem ser chamadas commentary, 
literary column, sketch, light essay, human interest story, town gossip, entre outros.     
 Livro do Juízo Final
Na linhagem de textos documentais, é válido mencionarmos uma outra obra, o Livro do Ju-
ízo Final, cuja história está atrelada à conquista de território inglês e consolidação do Feudalismo 
pelo normando, William I (ou Guilherme), o Conquistador. Este livro foi escrito para inventariar 
as terras que seriam doadas em lotes a senhores que ajudariam William a manter o controle e 
consolidar a conquista do território. 
3  MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1999, p. 132.   
4  Op. cit., p. 132. 
Crônica e cronicões
SAIBA MAIS
Na acepção moderna, o termo “crônica” se refere a um texto que relata um 
acontecimento prosaico que é narrado com um olhar subjetivo – o que já lhe tiraria 
a objetividade que é pretensamente buscada pela reportagem – ora revelando o seu 
autor como um contador de histórias, ora estimulando nele algo de poético pelo tra-
tamento incomum que atribui às histórias. Em virtude de uma defi nição imprecisa 
do que seja a crônica, este tipo de texto, geralmente escrito para jornais ou revistas, 
é considerado “híbrido”, conforme Massaud Moisés, podendo ser tanto narrado em 
forma de alegoria, quanto de resenha, confi ssão, monólogo, entre outras. 

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O que é literatura?
Conforme Antoine Compagnon, o termo literatura começou a ser utilizado, tal como o 
utilizamos na contemporaneidade, a partir do século XIX. Antes deste período, esta palavra 
designava “as inscrições, a escritura, a erudição, ou o conhecimento das letras”
5
, designação que 
contempla os textos supracitados, Livro do Juízo Final e Crônica anglo-saxã, justifi cando a sua 
inserção, naquela época, entre textos literários.  
PERÍODO MEDIEVAL E CONTOS ARTURIANOS
Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda
No que pese os primeiros registros da literatura inglesa se encontrarem sob a forma de 
poemas épicos, a prosa estava presente notadamente nas transcrições das histórias bíblicas e ha-
giografi as, que consistem em biografi as e histórias de feitos de um indivíduo que seja considerado 
santo, abade, mártir, pregador, rei, bispo, virgem, entre outros. O conto como forma literária vai 
se estabelecer defi nitivamente no período chamado de Middle English (Inglês Médio), após a 
conquista Normanda, em 1066. 
A partir da conquista da Inglaterra em 1066 por William I, O Conquistador, a língua falada 
pelas camadas privilegiadas da sociedade e da corte inglesa era o normando, francês padrão da 
época. Os nobres normandos que faziam parte da corte na Inglaterra, não raro, possuíam vastas 
extensões de terra do outro lado do canal da Mancha, o que propiciava uma infl uência francesa 
bastante acentuada pelo constante trânsito entre ambas as localidades. No século XII, durante o 
reinado de Henrique II, têm-se notícias da chegada de trovadores vindos do continente, prova-
velmente trazidos por sua esposa, Eleanor de Aquitânia. 
5  COMPAGNON, Antoine. A literatura. In: _____. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Hori-
zonte: UFMG, 1999, p. 30. 
PARA REFLETIR
A qualifi cação de textos como o Livro do Juízo Final e Crônica anglo-
saxã como literatura leva-nos a ponderar sobre o que pode ser conside-
rado texto literário e não literário, uma vez que o conceito de literatura, 
no senso comum, sempre esteve atrelado à noção de fi cção.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 13
CURIOSIDADE
A temática explorada pelos trovadores abrangia histórias do imaginário celta, pa-
gão, tais como as lendas do Rei Artur e as aventuras dos seus fi éis escudeiros, também 
conhecidos como cavaleiros da Távola Redonda. Muitas das lendas e personagens são 
oriundos da tradição oral celta como Mordred, Merlin, Guinevere, Tristão, Gawain, e 
Lear (posteriormente caracterizado como protagonista na tragédia de Shakespeare, Rei 
Lear). Esses personagens já haviam sido mencionados no relato do escritor inglês Geor-
ge de Monmouth, numa tentativa de escrever a história da Inglaterra.
Tornadas populares, essas histórias inauguraram um novo modelo de narrativa, cuja ênfase 
foi deslocada dos feitos heróicos até então abordados, para novos ideais de sentimento e com-
portamento, denominado de amor cortês.
O Amor Cortês
O “amor cortês” ou fi n amors marcou um período na idade 
média que destacou a mulher numa civilização predominantemente 
masculina. A época medieval se caracterizou pela instabilidade política 
causada pelas constantes lutas e guerras travadas entre os senhores de 
pequenos reinos semi-independentes e que deviam obediência a um 
rei que lhes era superior. Por outro lado, as Cruzadas exigiam a adesão 
desses pequenos senhores de terra que, como prova de fé, abandona-
vam suas propriedades e famílias para lutar a serviço do cristianismo 
em terras longínquas.  Com o afastamento dos senhores, os pequenos 
feudos passaram a ser governados por suas esposas, alçando a mulher 
a um novo status, a de governante, senhora de terras. Ao mesmo tem-
po, a propagação do culto à Virgem Maria, promovida pela Igreja Ca-
tólica, elevou a mulher a uma posição privilegiada, associada à imagem 
da Virgem Mãe. Anteriormente situada numa situação de submissão, 
a dama medieval adquiriu poderes de governante, liderando a corte que privilegiou uma nova 
forma artística.
O período do fi n amors se distinguiu pelo surgimento de uma nova forma literária, o tro-
vadorismo; entretenimento palaciano que consistia na diversão da corte por trovadores, ou bar-
dos, que, acompanhados por um instrumento musical, relatavam as aventuras de cavaleiros que 
compunham o acervo de histórias da tradição oral celta. Essas histórias se encontravam sob a 
forma de versos e entretinham as damas e suas cortes nos longos períodos em que os senhores 
estavam guerreando. Os trovadores enalteciam a fi gura feminina representada pela protagonista 
da história e cantavam o amor entre os sexos como um sentimento elevado. 
O Amor Cortês

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Trovadores
PARA LEMBRAR
Na idade média, o casamento se resumia a uma associação 
por interesses políticos e/ou pecuniários, em que os sentimen-
tos afetivos não eram levados em consideração. O adultério, se 
não fora prática comum, também não era de todo extraordiná-
rio. É nesse contexto que fl orescem o amor cortês e os roman-
ces de cavalaria.  
Os “romances” de cavalaria tinham como tema aventuras de cavaleiros que se dispunham a 
enfrentar toda a sorte de obstáculos a fi m de conquistar o coração de uma dama, sem, contudo, 
se abster da preservação de valores éticos e morais e lealdade ao seu rei ou senhor. 
CURIOSIDADE
Por se tratarem de histórias oriundas da tradição pagã, era costumeiro que o amor 
carnal fi zesse parte dos antigos enredos, entretanto, devido à infl uência do cristianismo, 
no período medieval o resquício de paganismo foi atenuado e deu lugar ao que conven-
cionamos chamar de amor platônico, ou o amor que não se realiza fi sicamente. 
O fato de as damas dos feudos serem cortejadas pelos trovadores também infl uiu para o 
apagamento do traço pagão do erotismo, uma vez que o amor cortês se tratava de um sentimento 
envolvendo pessoas de classes sociais distintas. As senhoras dos feudos eram casadas e encon-
travam-se em uma posição socialmente superior à dos amados, os poetas, que, colocando-se 
na condição de vassalos, contentavam-se como servos de sua dama, a serviço do amor, o amor 
impossível.
Essas histórias, ainda transmitidas sob a forma de versos pelos trovadores ou ministreis 
foram, posteriormente, transcritas e se tornaram populares sob a forma de uma coletânea que 
se convencionou chamar de “Histórias do Ciclo Arturiano” por terem como protagonistas os 
cavaleiros do rei Arthur. Histórias como “Excalibur” ou “A Busca do Santo Graal” fazem parte 
desta coleção que conta ainda com personagens conhecidos como Lancelot, Sir Gawain, a Rainha 
Guenevere, o Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, entre outros. Esses relatos transfor-
maram a noção de amor na literatura ocidental e tornaram-se matrizes para outras tantas lendas 
de amor impossível, como, por exemplo, Tristão e Isolda, fonte de inspiração para a ópera do 
mesmo nome composta por Richard Wagner à época do romantismo. 

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 15
CHAUCER E O DESENVOLVIMENTO DOS CONTOS
Chaucer
É no período chamado de Middle English que vai despontar um dos maiores escritores da 
língua inglesa, Geoffrey Chaucer. Neste período, a Inglaterra encontrava-se ainda sob a infl uencia 
da língua francesa, ou melhor, o normando, francês padrão que predominou na Inglaterra du-
rante aproximadamente os dois séculos de ocupação normanda. De fato, o francês tornou-se o 
idioma da corte e das classes abastadas da Inglaterra, enquanto que o latim se estabeleceu como a 
língua ofi cial para escritos documentais e religiosos, promovendo grandes mudanças lingüísticas 
no inglês moderno.
Chaucer se destacou como um artesão da palavra, e aproveitou seus conhecimentos lingü-
ísticos, especialmente o francês, além do italiano e do latim para enriquecer o léxico inglês através 
do acréscimo de novos vocábulos oriundos dos idiomas que tinha domínio. Sua contribuição 
estende-se ainda à inserção de uma perspectiva individual, a do contador de histórias, a partir da 
qual é possível depreender uma fi losofi a de vida, embutida nas narrativas. 
The Canterbury Tales
PARA LEMBRAR
Em virtude da presença da perspectiva individual, dos contos reu-
nidos em The Canterbury Tales depreendem-se não só imagens que repre-
sentam a Alta Idade Média, mas, sobretudo, uma visão de mundo. As 
personagens, através das histórias que contam, revelam o modo de pen-
sar e a cultura da época. A perspectiva individual, o forte traço histórico 
e a linguagem coloquial confi guram The Canterbury Tales como uma 
literatura que se aproxima muito da literatura moderna. 
 “Contos de Cantuária”, ou The Canterbury Tales (1386), é, possivelmente, a mais conhecida 
obra de Geoffrey Chaucer. Reunidos sob a forma de contos (não obstante a sua estrutura em 
versos, com cerca de 1 700 linhas), esses relatos elaborados artisticamente preservam o tom da 
tradição oral. As narrativas revolvem em torno de um grupo de peregrinos que, agrupados em 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 16
uma estalagem chamada de Tabard Inn, se dirige à cidade de Cantuária, próxima ao santuário de 
S. Thomas Beckett.
Os relatos apresentados pelas diversas categorias profi ssionais da época, tais como ma-
rinheiro, comerciante, abadessa, frade, entre outros, se constituem em uma crônica social cuja 
tônica é a ironia. Os Contos de Cantuária conservam o recurso das estórias de moldura, ou seja, 
todas as histórias encontram-se unidas pelo fato de serem contadas por um narrador para uma 
platéia, simulando uma situação semelhante à da tradição oral. Por este motivo, estas histórias em 
versos primorosos foram qualifi cadas como contos.
Mother Goose
Também portador da característica da oralidade, embora datado de um período posterior 
(XVII-XVIII), é o “Livro da Mamãe Ganso”, ou Mother Goose.  Trata-se de um clássico da litera-
tura infantil em países de língua inglesa, notadamente Inglaterra e Estados Unidos. O livro cons-
titui-se em uma coletânea de histórias transcritas da oralidade, muitas das quais fazem parte do 
livro Histoire ou Contes du Temps Passé escritas na França por Charles Perrault no século XVII e que 
se tornaram populares até a época atual. O Livro da Mamãe Ganso inclui cantigas e quadrinhas 
infantis conhecidas como nursery rhymes. 
O Narrador
Até então, os contos se atinham a narrativas de determinados fatos do cotidiano e a trans-
missão de valores ou de experiências vividas, ou ainda, das fábulas contidas nos denominados 
contos maravilhosos, de forma a se aproximar das narrativas da oralidade. Walter Benjamin, em 
“O Narrador: Considerações sobre a obra de Nicolai Leskov”
6
 , enfatiza a importância da troca 
de experiências nas narrativas de tradição oral, nas quais a palavra do narrador aglutinava e trans-
mitia valores sociais e morais aos ouvintes. No tocante à transmissão de conhecimento, Benjamin 
identifi ca duas categorias de narradores, a saber, o “marinheiro comerciante”, confi guração do 
narrador “como alguém que vem de longe”
7
 , detendo, portanto, um saber especial, e o “cam-
ponês sedentário”, que possui um saber adquirido ao longo do tempo, tendo, desse modo, um 
vasto conhecimento das histórias de seu povo. Ao narrar a experiência – sua ou alheia – a fi gura 
do narrador se confundia com o próprio discurso. A riqueza em sabedoria manifestada nessas 
narrativas foi se esboroando ao longo do tempo, em especial a partir da guerra mundial, quando 
o indivíduo passou a se distanciar de valores coletivos, e começou a buscar respostas particulares, 
isoladas. 
De um plano de saber coletivo, transmitido pelo contador de histórias tradicional, surgiu, 
então, a fi gura do narrador moderno, que perdeu a capacidade de transmitir um saber coletivo, 
redimensionando esse plano para uma perspectiva cada vez mais individual, a ponto de submer-
gir em um psicologismo, característico em autores como Edgar Poe, considerado como inaugu-
rador do conto moderno. Na pós-modernidade, conforme Silviano Santiago, em “O narrador 
pós-moderno”, surge uma outra categoria de narrador, que dá título ao seu texto. Na categoria 
6  BENJAMIN, Walter. O Narrador:Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov.  In Arte Política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. São 
Paulo: Ed. Brasiliense, 1987. 
7  Op. cit., p. 198. 

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 17
de narrador pós-moderno, o narrador é “aquele que quer extrair a si da ação narrada, em atitude 
semelhante à de um repórter ou de um espectador”
8
. Esquivando-se da história narrada e con-
fi gurando-se como um “fi ccionista puro”, uma vez que trabalha no sentido de tornar verossímil 
uma história que não é sua, mas de outrem. Silviano Santiago ressalva, no entanto, que nenhuma 
escrita é inocente e, assim, na tentativa de distanciar-se da história narrada, não raro o narrador, 
ao fazer falar o outro, fala sobre si indiretamente.
Como forma narrativa, o conto tem como característica a condensação de tempo, espaço e 
confl ito, bem como o número reduzido de personagens, e pode ser, segundo Cortázar, o relato 
de um acontecimento verdadeiro ou falso, ou ainda uma fábula que se conta às crianças. De fato, 
o conto é uma forma de narrativa que envolve um acontecimento de interesse humano: sobre 
nós, para nós, em relação a nós (GOTLIEB, p.11). Podemos afi rmar que a construção dessas 
narrativas acontece de diversas maneiras, e que a sempre presente “voz” do contador de histó-
rias não se perdeu quando da sua transposição da oralidade para a escrita, cuja “voz” passou a 
se apresentar no modo de contar a história e/ou nos detalhes da história, ou ainda, em ambos. 
Entretanto, não queremos dizer com isto que todo contador de histórias seja necessariamente um 
contista, mas que as elaborações de gestual e de voz, anteriormente utilizados pelo contador de 
histórias da tradição oral, foram substituídas, com o advento da escrita, para o objeto estético, o 
próprio texto. Os recursos criativos utilizados pelo autor resultam em um estilo próprio de narrar, 
de enunciar detalhes, bem como criam a fi gura do narrador que é, também, um artifício poderoso 
nos contos.  
Dentre os autores modernos que se destacaram pela utilização de recursos que simulam 
uma situação de oralidade, citamos o inglês, Rudyard Kipling, em The Elephant’s Child. A tradição 
oral encontra-se manifesta no conto (vide site recomendado) através da escolha do tema - neste 
conto de Kipling, a temática diz respeito ao folclore da Índia - transmite uma moral, e a narrati-
8   SANTIAGO, Silviano. O narrador pós-moderno. In: ______. Nas malhas da letra. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p. 45. 
Após estas breves considerações sobre o narrador tradicional, moderno 
e pós-moderno, é válido fazer algumas observações sobre o sentido da palavra 
“conto” e o sentido que este gênero textual assume. O conto, vocábulo advindo 
do verbo contar, tem suas raízes no latim, computare; entretanto, o seu signifi cado 
não implica, para nós, em apenas relatar ou contar outra vez algo que já aconteceu. 
O conto é, sobretudo, um ato de criação, invenção; não tem compromisso com a 
veracidade já que é uma representação. 
Saiba mais!
CURIOSIDADE
A mudança do conto ao longo dos séculos deveu-se principalmente à técnica 
com relação à maneira de narrar, embora a sua estrutura tenha sido mantida. No 
modelo tradicional, o confl ito se desenvolve numa seqüência até o desfecho, en-
quanto que na narrativa moderna o modelo é fragmentado (GOTLIB,2004, p.29). 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 18
va segue o modelo tradicional em que os acontecimentos ocorrem numa seqüência, com início 
(apresentação), meio (confl ito) e fi m (desfecho).  Apesar da presente apreciação por autores e 
leitores de contos que seguem o modelo tradicional de narrativa, é notória a transformação desta 
forma literária, ao longo do tempo, de um relato fundamentalmente moralizante para uma narra-
tiva elaborada, cujo enredo contempla o psicológico ou o fantástico.   
O CONTO MODERNO
A Teoria do Conto
A idade contemporânea problematiza o conto como gênero literário e divide os críticos 
entre aqueles que admitem e os que não admitem uma teoria do conto. Vários estudiosos têm se 
dedicado a defi nir, estabelecer regras, e esclarecer as múltiplas tendências dos contos. Citamos, a 
título de ilustração, algumas afi rmativas de alguns autores a esse respeito
9
 :
- o escritor brasileiro Mário de Andrade dizia que sempre será conto aquilo que seu autor 
batizou com o nome de conto;
- Machado de Assis  expressou a difi culdade em se estabelecer a defi nição do conto quan-
do, em 1873, disse: É gênero difícil, a despeito de sua aparente facilidade... e creio que essa mesma aparência 
lhe faz mal, afastando-se dele os escritores e não lhe dando, penso eu, o público toda a atenção de que ele é muitas 
vezes credor;
- Julio Cortazar afi rma que se não tivermos uma idéia viva do que é o conto, teremos perdido tempo, 
porque um conto, em última análise, se move nesse plano do homem onde a vida e a expressão escrita dessa vida 
travam uma batalha fraternal, se me for permitido o termo; e o resultado dessa batalha é o próprio conto, uma sín-
tese viva ao mesmo tempo que uma vida sintetizada, algo assim como um tremor de água dentro de um cristal, uma 
fugacidade numa permanência. Só com imagens se pode transmitir essa alquimia secreta que explica a profunda 
ressonância que um grande conto tem em nós, e que explica também por que há tão poucos contos verdadeiramente 
grandes.
O Decálogo do Perfeito Contista
Em 1927, o autor uruguaio Horácio Quiroga escreveu o Decálogo do perfeito contista, 
numa tentativa de estabelecer normas, ou “mandamentos”, para a escrita do conto. São eles:
I. Crê num mestre _ Poe, Maupassant, Kipling, Tchekov _ como na própria divindade.
II. Crê que tua arte é um cume inacessível. Não sonhes dominá-la. Quando puderes fazê-lo, conseguirás 
sem que tu mesmo o saibas.
III. Resiste quanto possível à imitação, mas imita se o impulso for muito forte. Mais do que qualquer 
9 Apud GOTLIEB, Nádia B. Teoria do Conto. Série Princípios. São Paulo: Ática, 2004. p. 9 e 10.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 19
coisa, o desenvolvimento da personalidade é uma longa paciência.
IV. Nutre uma fé cega não na tua capacidade para o triunfo, mas no ardor com que o desejas. Ama tua 
arte como amas tua amada, dando-lhe todo o coração. 
V. Não começa a escrever sem saber, desde a primeira palavra, aonde vais. Num conto bem-feito, as três 
primeiras linhas têm quase a mesma importância das três últimas.
VI. Se queres expressar com exatidão essa circunstância _ “Desde o rio soprava um vento frio”_ não há na 
língua dos homens mais palavras do que estas para expressa-la. Uma vez senhor de tuas palavras, não te preocupes 
em avaliar se são consoantes ou dissonantes.
VII. Não adjetives sem necessidade, pois serão inúteis as rendas coloridas que venhas pendurar num subs-
tantivo débil. Se dizes o que é preciso, o substantivo, sozinho, terá uma cor incomparável. Mas é preciso acha-lo.
VIII. Toma teus personagens pela mão e leva-os fi rmemente até o fi nal, sem atentar senão para o caminho 
que traçaste. Não te distraias vendo o que eles não podem ver ou o que não lhes importa. Não abuses do leitor. Um 
conto é uma novela depurada de excessos. Considera isso uma verdade absoluta, ainda que não o seja.
IX. Não escrevas sob o império da emoção. Deixa-a morrer, depois a revive. Se és capaz de revivê-la tal 
como a viveste, chegaste, na arte, à metade do caminho. 
X. Ao escrever, não penses em teus amigos, nem na impressão que tua história causará. Conta, como se 
teu relato não tivesse interesse senão para o pequeno mundo de teus personagens e como se tu fosses um deles, pois 
somente assim obtém-se a vida num conto.
A maior parte dos ensaios que têm como objetivo a defi nição do conto se fundamentam na 
noção de brevidade desta forma narrativa. Todavia o conto parece resistir às restrições impostas 
pelas categorizações.
O conto é uma narrativa fi ccional, de reduzidos limites em relação ao romance e à novela, umas vezes de teor 
anedótico (Maupassant), outras vezes de teor espectral (Poe), ora intimista e nutrido de silêncios (Tchekhov), ora 
de narração objetiva e perversa (Faulkner), e não raro de conteúdo impressionista à maneira de Proust, ou com a 
aura poemática de Katharine Mansfi eld. Pode ter meia página ou 30 mil palavras, como em Henry James.
10
  
A Questão da Brevidade
A afi rmação de Hélio Pólvora incide sobre a questão da brevidade que insiste em caracte-
rizar os contos. Entretanto, é sabido que este não é o único critério para a classifi cação de uma 
narrativa literária com conto. Henry James (1843-916) escreveu contos longos, acima de vinte 
mil palavras e que ele próprio chamava de the beautiful and best nouvelle. Sabemos da existência de 
contos de 50 páginas como, por exemplo, As Neves de Kilimanjaro do autor americano Ernest 
Hemingway ou de apenas um parágrafo, como o da escritora indiana Suniti Namjoshi:
Case History by Suniti Namjoshi 
11
 
After the event Little R. traumatized. Wolf  not slain. Forester is wolf. How else was he there exactly on 
time? Explains this to mother. Mother not happy. Thinks that the forester is extremely nice. Grandmother dead. 
10 PÓLVORA, Hélio. Itinerários do Conto.Interfaces críticas e teóricas da moderna short story.Ilhéus: Editus, 2002. p. 15,16.
11 NAMJOSHI, Suniti(1944 - ). In Feminist Fables, 1981. Escritora indiana, é professora do Depto. De Inglês na Universidade de Toronto.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 20
Wolf not dead. Wolf  marries mother. R. not happy. R. is a kid. Mother thinks wolf  is extremely nice. Please to 
see shrink. Shrink will make it clear that wolves on the whole are extremely nice. R. gets it straight. Okay to be 
wolf. Mama is a wolf. She is a wolf. Shrink is a wolf. Mama and shrink, and forester also, extremely uptight.
12
 
O autor chama a atenção para o fato de que mais importante que a extensão será o insight, aquele 
mergulho existencial. 
13
  A história acima é uma releitura, irônica, do tradicional conto “Chapeuzinho 
Vermelho”, em que a personagem principal, Chapeuzinho Vermelho, é, também, a narradora 
que questiona o comportamento da mãe.  A narrativa é breve, fragmentada, cifrada, e deixa que 
o leitor manifeste um julgamento moral através do diálogo estabelecido entre o texto novo e a 
história tradicional, de conhecimento prévio do leitor.
O Leitor
Segundo Harold Bloom
14
 , os contos favorecem uma postura ativa do leitor, que é levado 
a trazer as respostas e explicações que o autor evita; they compel the reader to be active and to discern 
explanations that the writer avoids
15
. Diferentemente dos romances, o leitor participa nos contos, infe-
rindo sobre o que não está explicito, valendo-se, para tanto, das pistas oferecidas pelos escritores. 
A maior parte dos contistas evita um julgamento moral deixando que os leitores decidam sobre 
a sua relevância ou não. 
A qualidade do conto está diretamente relacionada à sua capacidade de provocar no leitor 
um arrebatamento que não o faça abandonar a leitura até chegar ao seu fi nal. Pressupõe-se, por-
tanto, uma relação entre a tensão e a extensão do conto, uma vez que, o autor necessita não cansar 
o leitor com uma leitura longa e, ao mesmo tempo, mantê-lo interessado no texto. É, portanto, 
no efeito (singular) que o conto causa ao leitor que Poe vai estabelecer a diferença entre romance 
e conto, afi rmando que no conto breve, o autor é capaz de realizar a plenitude de sua intenção, seja ela qual 
for. Durante a hora da leitura atenta, a alma do leitor está sob o controle do escritor. Não há nenhuma infl uência 
externa ou extrínseca que resulte de cansaço ou interrupção 
16
.  De acordo com Poe, o conto é o resultado 
de um trabalho consciente do autor, e do seu controle sobre o material que pretende narrar, ten-
12 NAMJOSHI, Suniti. Case History - Three Feminist Fables. In Wayward  Girls & Wicked Women.CARTER, Angela, editor. New York: Penguin Books, 
1986. p. 85
13 PÓLVORA, Hélio.Op.cit. loc. cit.
14 BLOOM, Harold. How to read and why. New York: Touchstone, 2000.p.31.
15 SIMON, Sonia. Tradução livre. “eles (os contos) compelem o leitor a se tornar ativo e buscar explicações evitadas pelos escritores.” BLOOM, Harold. 
Op.cit. Loc. cit.
16 POE, Edgar A. Apud GOTLIEB, Nádia B. Op. Cit. p. 34.
CURIOSIDADE
Uma vez perguntaram ao escritor americano, Edgar Allan Poe 
“como se ler um conto?” e ele respondeu: “em uma sentada...” Pode-
ríamos interpretar a resposta, como mais uma reiteração da obrigato-
riedade da brevidade do conto. Entretanto, o que Poe se referia era a 
capacidade da obra literária em “seqüestrar” o leitor de forma a não 
querer parar de ler a história até o seu desfecho, em uma só “sentada”. 

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 21
do sido concebido desde o início com o intuito de causar um efeito singular. 
Segundo Nádia Gotlib, trata-se de conseguir, com o mínimo de meios, o máximo de efeitos
17
 .
Edgar Allan Poe
Edgar Allan Poe (1809-1849) é considerado um mestre desta forma narrativa e escreveu 
contos portadores de um forte conteúdo simbólico. Sua obra infl uenciou escritores do século 
XX, na Europa e nos Estados Unidos, que iniciaram o movimento conhecido como moder-
nismo. Os contos de Poe possibilitam uma investigação psicológica dos seus personagens. A 
psicologia e o simbolismo são traços que renderam a Poe o título de “pai do conto moderno”. 
Seus contos narram histórias de horror, morte, vingança, ruína, em cenários variados; as histórias 
dizem respeito a confl itos psicológicos e os seus personagens geralmente se encontram em está-
gios mentais limítrofes da loucura. 
Tomemos como exemplo o início do conto The Black Cat datado de 1843, em que o nar-
rador diz:
FOR the most wild, yet most homely narrative which I am about to pen, I neither 
expect nor solicit belief. Mad indeed would I be to expect it, in a case where my very senses 
reject their own evidence. Yet, mad am I not --and very surely do I not dream. But to-morrow 
I die, and to-day I would unburthen my soul. (…) In their consequences, these events have 
terrifi ed --have tortured --have destroyed me. Yet I will not attempt to expound them. To me, 
they have presented little but Horror --to many they will seem less terrible than baroques.
Desde o primeiro parágrafo, o leitor é introduzido em uma atmosfera de morte: to-morrow I 
die...  e loucura: Mad indeed would I be to expect it… Os temas de morte e loucura, recorrentes 
nos contos e poemas de Edgar Allan Poe, fi zeram parte também de sua vida pessoal, marcada por 
perdas familiares e abuso de substâncias tóxicas como o álcool e que resultaram no seu trágico 
desaparecimento precoce.
17 GOTLIB, Nádia Batella. Teoria do Conto. Série Princípios. São Paulo: Ática, 2004, p. 35
Edgar Allan Poe é considerado o pioneiro das histórias de detetive e de ter-
ror, seus contos remetem o leitor a uma atmosfera de terror e medo e tornaram-se 
referências neste tipo literatura. 
Saiba mais!
The black cat

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 22
PARA REFLETIR
A presença deste traço biográfi co na obra de Poe reverbera para a discussão sempre presen-
te nos estudos literários sobre a pertinência de estudar a biografi a do autor para entender a sua 
obra. De um lado temos o historicismo, que realiza um estudo do pano de fundo da obra (con-
texto histórico e biografi a do autor), de outro lado, temos os estudos de base estruturalista, que 
defendem uma outra leitura, privilegiando a análise do texto em sua imanência, ou seja, em sua 
estrutura, desconsiderando qualquer coisa que não seja a linguagem. Antoine Compagnon postu-
la a conjugação destas duas vertentes, pois, conforme este “demônio da teoria”, ainda uma vez, trata-se 
de sair desta falsa alternativa: o texto ou o autor. Por conseguinte, nenhum método exclusivo é sufi ciente 
18

Poe foi o pioneiro na escrita de histórias de crime em que o detetive utiliza o raciocínio para 
a elucidação dos assassinatos, diferentemente das histórias tradicionais em que os investigadores 
se limitam a seguir as pistas deixadas pelos criminosos sem, contudo, se deter, por exemplo, na 
análise dos dados e do estudo da patologia do criminoso. Este procedimento cria um envolvi-
mento lúdico com o leitor que “participa” na decifração de códigos que levarão à descoberta do 
autor do crime. Em “Os assassinatos da Rua Morgue”, conto inaugural deste gênero narrativo, o 
personagem principal é um detetive, Monsieur Dupin, cuja perspicácia na investigação dos crimes 
o consagrou na tradição posteriormente seguida por outros escritores de língua inglesa como, Ar-
thur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, e Agatha Christie, criadora do Monsieur Poirot 
e Miss Marple.
Edgar A. Poe dividiu seus contos em duas categorias: Arabesque e Grotesque. Denominou 
Arabesque a narrativa predominantemente em prosa, em que o estado psicológico dos persona-
gens encontra-se no limite da sanidade, ou em situação física e/ou mental de agonia a ponto de 
estarem sempre prontas a se entregarem à morte de forma prazerosa. A categoria descrita como 
Grotesque se refere à prosa que remete a um poema. A morte está sempre presente na obra de Poe 
e as heroínas de seus contos e poesias são mulheres que já faleceram ou que encontram a morte 
durante a narrativa. 
Poe também se destacou como poeta e ensaísta; o seu poema The Raven (O Corvo) e o en-
saio The Philosophy of Composition são obras referenciais em suas respectivas áreas. Em The Philoso-
phy of  Composition, Poe retoma algumas observações sobre o conto e defende o seu ponto de vista 
acerca da totalidade de efeito ou unidade de impressão que se consegue ao ler o texto de uma só vez 
19
.  
18  COMPAGNON, Antoine. O Autor. In: ______. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Hori-
zonte: UFMG, 1999, p. 96.
19  GOTLIB, N. Op. Cit. p. 35.
The Raven

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 23
Saiba mais!
Para Poe, o processo de criação literária é consciente e intencional. Ele trabalha 
com o intuito de causar um efeito no leitor, e todas as suas escolhas são feitas com 
o objetivo de conseguir esse efeito. Nesse sentido ele não compartilha da crença na 
inspiração, mas defende que o escritor parte de uma proposta de construção de um 
conto, baseado em um acontecimento que cause este efeito, predeterminado e sin-
gular, sobre o leitor. 
Cortazar resume o conceito de conto em Poe dizendo que um conto é uma verdadeira máquina 
literária de criar interesse e amplia esta noção identifi cando o acontecimento como fundamental para 
despertar e manter o interesse do leitor.
As contribuições de Poe estendem-se, ainda, à confi guração do fl âneur, que infl uenciou auto-
res como Baudelaire. Segundo Walter Benjamin, o fl âneur é o sujeito que se entrega à multidão dos 
grandes centros urbanos, contemplando a transitoriedade da vida na cidade. Um conto exemplar 
que traz a fi gura do fl âneur e ilustra este elogio às multidões é O homem da multidão. Este conto traz 
a história de uma personagem, o narrador, que, encontrando-se no Café D., observa a multidão. 
Atendo-se, inicialmente à visão da grande massa indistinta que caracteriza o cenário observado, 
o narrador, progressivamente, é levado a particularizar os grupos de transeuntes que passam em 
sua frente. Cada grupo, contudo, não escapa à massifi cação imposta pelos grandes centros e logo 
a personagem passa a qualifi car os transeuntes em tipos, quais sejam, “the tribe of clerks” (“a cas-
ta dos empregados”), “the upper clerks of staunch fi rms” (“a dos empregados de maior categoria 
de antigas fi rmas sólidas”), “the race of swell pick-pockets” (“ a raça dos batedores de carteiras 
fantasiados de peraltas”), entre outros. As pessoas eram, assim, qualifi cadas conforme o seu tipo, 
como ilustra o trecho abaixo sobre a caracterização dos jogadores (gamblers):
The gamblers, of whom I described not a few, were still more easily recognizable. They wore every variety of 
dress, from that of the desperate thimble-rig bully, with velvet waistcoat, fancy neckerchief, gilt chains, and fi ligreed 
buttons, to that of the scrupulously inornate clergyman than which nothing could be less liable to suspicion. Still 
all were distinguished by a certain sodden swarthiness of  complexion, a fi lmy dimness of eye, and pallor and com-
pression of  lip. There were two other traits, moreover, by which I could always detect them; -- a guarded lowness 
Flâmeur

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 24
of  tone in conversation, and a more than ordinary extension of the thumb in a direction at right angles with the 
fi ngers. -- Very often, in company with these sharpers, I observed an order of men somewhat different in habits, 
but still birds of a kindred feather. They may be defi ned as the gentlemen who live by their wits. They seem to 
prey upon the public in two battalions -- that of the dandies and that of the military men. Of the fi rst grade the 
leading features are long locks and smiles; of  the second frogged coats and frowns
20
 .
Divertindo-se ao reconhecer cada tipo que por ele transita, repentinamente, o seu olhar 
passa para um plano mais individual. É o momento em que narrador se depara com um sujeito 
que escapa a qualquer classifi cação. Este homem é um decrepit old man, some sixty-fi ve or seventy years 
of  age (“um velho decrépito, de uns sessenta e cinco ou setenta anos de idade
21
 ”). Em meio àquela 
multidão, a aparência estranha daquele homem lhe chama a atenção a ponto de sair em meio a 
multidão perseguindo-o. Nesta trajetória, tem a impressão de estar acompanhando em vão aque-
le velho que, concluindo ser “o tipo e o gênio do crime profundo”, desiste de persegui-lo, pois 
como já traduzira um certo livro alemão, citado no começo da história, talvez ele seja um caso 
que não deve ser lido.
Além de Poe, a literatura anglófona conta com uma gama de escritores que se destacaram 
na escolha do conto como forma literária: Henry James, James Joyce, D.H. Lawrence, Ernest 
Hemingway, Eudora Welty, Flannery O’Connor, Virginia Woolf, Katherine Mansfi eld, William 
Faulkner, Scott Fitzgerald, e muitos outros.
Enquanto Poe considerava fundamental o efeito causado pelo conto, outros estudiosos o 
defi nem como a representação de um momento especial ou de crise. Discute-se, porém, se o mo-
mento especial seria o da leitura, o do acontecimento, ou ainda aquele vivido pelo narrador. Ain-
da há críticos que consideram que o conto representa justamente a falta de crise. De acordo com 
Gotlib, o importante é que o conto representa, de forma especial, algo que faz parte da vida.
James Joyce & Epifania
Dentre os autores que se distinguiram por retratarem “momentos especiais” James Joyce 
ocupa um lugar de destaque pela sua concepção de epifania.
20 POE, Edgar Allan. The man of  the crowd. Disponível: http://etext.virginia.edu/etcbin/toccer-new2?id=PoeCrow. sgm&images=images/
modeng&data=/texts/english/modeng/parsed&tag=public&part=1&division=div1. Acesso: 31 jan. 07
21 POE, Edgar Allan. O homem da multidão. In: ______.  Ficção completa, poesia e ensaios. Tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 
1986, p. 38-45.
É interessante ponderarmos que apesar de haver uma ênfase so-
bre o caráter fantástico das Histórias extraordinárias de Poe, elas não 
deixam de registrar marcas do contexto histórico e social no qual o 
escritor viveu. A confi guração de um cenário tal como o descrito no 
conto, a caracterização das personagens e a apresentação de tipos so-
ciais da cidade moderna oferecem uma visão em nada superfi cial do 
que seria a sociedade da época. 
Para refletir

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 25
James Joyce (1882-1941) foi um escritor irlandês, mais notoriamente conhecido pelos seus 
romances Ulysses e Finnegan’s Wake, marcados por uma estratégia narrativa chamada fl uxo de cons-
ciência ou monólogo interior, que consiste na narração de uma história marcada por raras ações e 
constantes refl exões e rememorações. Uma outra narrativa bastante signifi cativa, mas que escapa 
um pouco à proposta dos romances supracitados, é a sua coletânea de contos, The Dubliners (Os 
Dublinenses), escrita em 1914.
Em Contos Dublinenses, que protagoniza a cidade de Dublin, as narrativas se iniciam com 
uma descrição minuciosa dos locais onde se passa a história, como na seguinte passagem:
North Richmond Street, being blind, was a quiet street except at the hour when the Christian Brothers’ 
School set the boys free. An uninhabited house of two stores stood at the blind end, detached from its neighbours in 
a square ground. The other houses of the street, conscious of decent lives within them, gazed at one another with 
brown imperturbable faces.
É composto um retrato da cidade de Dublin, do seu povo e clima, a partir da visão e ex-
periência do autor. As histórias são perpassadas por um olhar sobre a infância, a adolescência, a 
maturidade e a vida pública.
Todavia, não obstante ser um cronista de sua própria cidade, a mais importante caracterís-
tica de Joyce reside na utilização do recurso da epifania em seus contos e romances. Conforme 
concebida por Joyce, a epifania é identifi cada como uma espécie ou grau de apreensão do objeto que poderia 
ser identifi cada com o objetivo do conto, enquanto uma forma de representação da realidade 
22
.
A palavra vem do grego epipháneia, signifi cando manifestação ou aparecimento. A Igreja 
Católica utiliza o vocábulo epifania no sentido de revelação, quando da passagem da primeira 
manifestação de Jesus Cristo ao gentios, durante a visita dos Reis Magos: Em geral, uma súbita ma-
nifestação ou percepção da natureza essencial ou signifi cado de alguma coisa. (Webster, 1971, p. 279).
Segundo o próprio Joyce,
“por epifania, referia-se a uma súbita manifestação espiritual, seja na vulgaridade do discurso ou do gesto, 
seja numa fase memorável do próprio espírito” 
23
.   
De acordo com Hélio Pólvora, o conto Araby (vide indicação de leitura e site), contém o 
instante mais epifânico da coletânea The Dubliners. O enredo focaliza a paixão adolescente em que 
o objeto da afeição, uma moça, não pode ir a um bazar que se chama Araby e o apaixonado, um 
rapaz, lhe promete ir e trazer-lhe um presente. Neste momento, ocorre a epifania:
She held one of the spikes, bowing her head towards me. The light from the lamp opposite our door caught 
the white curve of her neck, lit up her hair that rested there and, falling, lit up the hand upon the railing. It fell 
over one side of  her dress and caught the white border of  a petticoat, just visible as she stood at ease.
O instante em que ocorre a epifania é o momento de revelação – objetivo do conto. Em 
Araby a revelação é o momento em que o adolescente percebe o objeto da sua paixão, uma mu-
lher, tornando-se, por sua vez, um homem. É o instante fugaz da sua transformação em adulto, 
modifi cando irreversivelmente a sua condição como ser humano. A epifania é um momento 
22  GOTLIB, N. Op. Cit. p. 51.
23  JOYCE, James, apud PÓLVORA, Hélio. Op. cit. p.68.

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especial pela signifi cação que traz. Joyce “desvela” algo através da linguagem: um instante que 
revela o objeto ao sujeito.
...o trivial em Joyce, quando tem de fato alguma signifi cação, se ilumina, passa a emitir luz própria; de 
repente, uma frase ou um trecho de prosa entra a arder como se fosse um facho
24
 . 
Isto equivale a dizer que a linguagem, em Joyce, consegue transformar o prosaico em uma 
transfi guração da realidade, inaugurando uma das matrizes da prosa moderna.
Na idade moderna, outros autores de língua inglesa se destacaram como contistas, notada-
mente Katharine Mansfi eld (Nova Zelândia), Angela Carter, Margaret Atwood (Canadá), Virginia 
Woolf entre tantos outros.
Virginia Woolf
Virginia Woolf valeu-se profi cuamente da estratégia narrativa de fl uxo de consciência em 
seus contos. Neles a ação apresenta-se apenas como uma espécie de pano de fundo de refl exões 
e memórias que preenchem os seus contos, marcados pela ausência de uma seqüência temporal, 
ou seja, da linearidade e apresentados como se realmente seguissem o fl uxo do pensamento de 
suas personagens. Além disso, é válido destacar o nível de poeticidade de sua narrativa que, aliada 
à ausência de ação, já referida, qualifi cam-na como uma prosa poética. 
 O processo empreendido por esta autora é, conforme termo utilizado por Victor Chklo-
vski
25
 , em “A arte como procedimento”, o de desautomatizar a percepção, que é assim tornada 
automática em virtude do ritmo acelerado da vida que faz com que cada ação passe despercebida. 
A arte como procedimento é, então, claramente evidenciada em Kew Gardens, conto no qual o nar-
rador, minuciosa e poeticamente narra um dia de julho em Kew Gardens. O narrador faz incursões 
minimalistas na paisagem, depreendendo cores, ruídos, sensações, que consistem no verdadeiro 
tema do conto, como ilustra o primeiro parágrafo do conto.
From the oval–shaped fl ower–bed there rose perhaps a hundred stalks spreading into heart–shaped or ton-
gue–shaped leaves half way up and unfurling at the tip red or blue or yellow petals marked with spots of colour 
raised upon the surface; and from the red, blue or yellow gloom of the throat emerged a straight bar, rough with 
24 PÓLVORA, Hélio. Op. cit.p.63.
25 CHKLOVSKI, Victor. “A arte como procedimento”. Tradução Ana Maria Ribeiro Filipouski et al. In: TOLEDO, Dionísio (org). Teoria da Literatura: 
Formalistas russos. 2ª reimpressão da 1.ed. Porto Alegre: Globo, 1973, p. 39-56.
Em virtude do caráter estático de sua narrativa, a literatura de 
Virginia Woolf pode, por vezes, ser considerada alheia à realidade. No 
entanto, em uma leitura mais arguta de sua obra, notamos um olhar 
que escapa ao realismo, mas que apresenta uma capacidade de penetrar 
no indizível, no mistério do ser humano, e captar uma visão do real 
que jamais seria possível através de uma narrativa que se pretendesse 
mais “fi dedigna” à realidade. 
Para refletir

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 27
gold dust and slightly clubbed at the end. The petals were voluminous enough to be stirred by the summer breeze, 
and when they moved, the red, blue and yellow lights passed one over the other, staining an inch of the brown earth 
beneath with a spot of the most intricate colour. The light fell either upon the smooth, grey back of a pebble, or, 
the shell of a snail with its brown, circular veins, or falling into a raindrop, it expanded with such intensity of red, 
blue and yellow the thin walls of water that one expected them to burst and disappear. Instead, the drop was left 
in a second silver grey once more, and the light now settled upon the fl esh of a leaf, revealing the branching thread 
of  fi bre beneath the surface, and again it moved on and spread its illumination in the vast green spaces beneath the 
dome of the heart–shaped and tongue–shaped leaves. Then the breeze stirred rather more briskly overhead and the 
colour was fl ashed into the air above, into the eyes of  the men and women who walk in Kew Gardens in July.
A ação cede o seu lugar para o desenho de um quadro em que transitam pessoas, conforme 
a seguinte passagem:
soon diminished in size among the trees and looked half transparent as the sunlight and shade swam over 
their backs in large trembling irregular patches 
26

A tradução desta passagem para o português é:
logo diminuíam de tamanho entre as árvores, dando a impressão de serem semitransparentes à medida que 
a luz e sombras boiavam nas suas costas em manchas trêmulas, grandes e irregulares 
27

Ao transubstanciar a passagem de um grupo de pessoas em uma imagem semitransparente 
e subjetivar a paisagem, o narrador redimensiona o olhar do seu leitor de uma visão meramente 
superfi cial da realidade para um olhar sensível às sutilezas do mundo e capaz de desacelerar o 
processo de banalização da vida.
Devemos ressaltar que, inserida em um contexto entre a era vitoriana e o início da era mo-
derna na Inglaterra, a produção fi ccional de Virginia Woolf não raro traz à baila as contradições 
de uma época marcada pelo conservadorismo e a predominância de ditames patriarcais, assim 
como pela euforia trazida pelo processo de modernização. O seu projeto estético, neste sentido, é 
também ético, pois ela problematiza, através da escolha por uma composição mais poética e livre 
da linearidade, a predominância de um padrão que rime com opressão.  
Virginia Woolf e Katherine Mansfi eld
Uma outra contista muito signifi cativa nas letras inglesas, é a neozelandesa Katherine Mans-
fi eld. As narrativas desta autora, ao lado das de Virginia Woolf, fi guram como inquietantes críticas 
ao moralismo de herança vitoriana e à posição social da mulher, o que leva a sua escrita a ser 
qualifi cada por vezes como feminista. São apontadas, ainda, outras aproximações entre Mansfi eld 
e Woolf no que tange ao projeto literário. Na literatura destas autoras, verifi ca-se, por exemplo, 
uma ênfase sobre as refl exões, em detrimento da ação. Mas, no que concerne à confi guração das 
personagens, podem ser identifi cados alguns distanciamentos, já que as personagens de Mans-
fi eld são construídas com um traço de humor e ironia, enquanto as de Woolf carregam uma certa 
26 WOOLF, Virginia. Kew Gardens. In: ______. A haunted house. Disponível: http://etext.library.adelaide.edu.au/w/woolf/virginia/w91h/chap6.html. 
Acesso: 31 jan. 2007.
27 WOOLF, Virginia. Kew Gardens. In: ______. Contos completos. Tradução Leonardo Fróes. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2005, p. 117.

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elegância e sutileza. Observamos, no que tange à confi guração do cenário, no entanto, uma clara 
aproximação, basta comparar o trecho de Kew Gardens, de Virginia Woolf, acima destacado, ao de 
The garden party, de Katherine Mansfi eld.
Windless, warm, the sky without a cloud. Only the blue was veiled with a haze of light gold, as it is so-
metimes in early summer. The gardener had been up since dawn, mowing the lawns and sweeping them, until the 
grass and the dark fl at rosettes where the daisy plants had been seemed to shine. As for the roses, you could not 
help feeling they understood that roses are the only fl owers that impress people at garden-parties; the only fl owers 
that everybody is certain of knowing. Hundreds, yes, literally hundreds, had come out in a single night; the green 
bushes bowed down as though they had been visited by archangels
28
 .
Apesar do minimalismo em Mansfi eld não ser tão exacerbado quanto no texto de Virginia, 
o jardim descrito pela narradora de Katherine Mansfi eld é poeticamente singularizado em seu 
conto, que narra, assim como em um romance de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway, os preparativos 
para uma festa.
Angela Carter
Iniciamos este módulo falando sobre a tradição oral nos primórdios da confi guração da lite-
ratura em língua inglesa. É muito comum associarmos a literatura de base oral ao período anterior 
ao despontar da modernidade. Esta associação é justifi cada pelas razões já aqui mencionadas ao 
tratar das oposições apontadas por Walter Benjamin entre o narrador tradicional e o moderno. A 
despeito deste binarismo, devemos considerar que a oposição entre o oral e o escrito nem sempre 
se sustenta, principalmente se observarmos que muitos textos da tradição oral apenas chegaram 
até nossos dias porque foram escritos e, além disso, há traços da oralidade no texto escrito e 
vice versa. No tocante às interseções entre o oral e o escrito, é válido mencionar a autora Angela 
Carter que, em plena pós-modernidade, fez uma releitura de contos da tradição oral, que foram 
reunidos em seu livro O quarto do Barba-azul. 
O quarto do Barba-azul é composto por dez contos que narram em forma de pastiche histó-
rias infantis, em sua maioria contos de fadas. Tomemos como exemplo o conto “O lobisomem”, 
no qual a autora faz uma releitura do conto de fadas Chapeuzinho vermelho, tornado clássico por 
Charles Perrault. Neste conto, o narrador começa a história confi gurando um cenário frio, em que 
predominam as superstições. Um mundo cheio de bruxas, diabos, fi guras lendárias que permeiam 
os pensamentos de “Vidas pobres, breves, árduas ”
29
. Situando o imaginário da época, a narradora 
então conta a ida de uma menina que, atendendo ao pedido da mãe, vai visitar a sua avó.
Vá visitar a sua vovozinha, que tem estado doente. Leve-lhe bolos de aveia que fi z no fogão de pedra e uma 
malguinha com manteiga
30
 . 
[...]
Não saia do caminho, por causa dos ursos, do javali, dos lobos esfaimados. Olhe, leve o facão do seu pai; 
você sabe usá-lo.
A menina obedece, não deixando de levar o facão mencionado pela mãe. No caminho, 
28 MANSFIELD, Katherine. The garden party. In: ______. The garden party. Disponível: http://digital.library.upenn.edu/women/mansfi eld/garden/
party.html. Acesso: 31 jan. 07.
29 CARTER, Angela. O lobisomem. In: ______. O quarto do Barba-azul. Tradução Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 193.
30 Op. cit., p. 194.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 29
depara-se com um lobo e, prontamente, o fere com o facão amputando-lhe a mão. Ela enrola a 
mão amputada e a leva dentro da cesta à casa da avó. Lá chegando depara-se com a avó muito 
enferma. Abre a cesta e vê que a pata que havia guardado transformara-se em uma mão, a mão 
que faltava à sua avó. A menina puxou o lençol da avó e esta lutou contra a menina, que gritou tão 
alto a ponto de os vizinhos ouvirem e aparecerem para ajudá-la. A avó era, na verdade, a bruxa. 
É interessante observarmos nesta história que esta releitura é enriquecida por questões de 
cunho cultural identifi cadas quando o narrador faz a caracterização do cenário e não se exime 
de falar sobre as crenças da época que justifi cam os acontecimentos fantásticos que ocorrem na 
narrativa. Por este conto de Carter, notamos, portanto, que a atmosfera tosca e a vida da fl oresta, 
com todas as feras que nela vivem, são um ambiente propício para engendrar lendas e mitos que 
explicam aquilo que o povo, sem estas narrativas, não conseguiria explicar. 
Em linhas anteriores, afi rmamos que no livro enfocado, Angela Carter narra em forma de 
pastiche. Para entender este termo pós-moderno, precisamos, na esteira de Silviano Santiago
31

estabelecer a diferença entre paródia e pastiche. Segundo Santiago, a paródia consiste em uma 
ruptura frente ao passado, que não raro é marcada pelo escárnio e ironia, predominante na mo-
dernidade. O pastiche, por sua vez, “aceita o passado como tal, e a obra de arte nada mais é do 
que um suplemento ”
32
. Desse modo, a distinção entre estas duas instâncias se estabelece para 
Silviano a partir da relação que elas têm com o passado. Conforme o autor, “o pastiche endossa 
o passado, ao contrário da paródia, que sempre ridiculariza o passado ”
33
.
A presença de um elemento como a ironia, conforme Silviano Santiago, poderia nos levar a 
considerar os contos de Angela Carter como paródia, por serem eles marcados por esse elemen-
to. No entanto, as aproximações ao pastiche se justifi cam pelo fato de as narrativas de Carter não 
representarem uma ruptura com o passado. O que Angela Carter propõe é uma “outra” leitura, 
que suplemente o que já foi escrito e não que rechace a tradição.
Podemos concluir considerando que o compromisso do conto é com a “história”, seu foco 
original. E a economia que permeia a construção do conto é que possibilita o surgimento da 
genialidade de grandes autores na manipulação da tensão de uma narrativa que ao seqüestrar a 
atenção do leitor faça-o lê-lo de uma “só sentada”. 
31 SANTIAGO, Silviano. A permanência do discurso da tradição no modernismo. In: ______. Nas malhas da letra. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p. 
108-144.
32 Op. cit., p. 134.
33 Idem, ibidem.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 30
Dentre os textos que lhe são conhecidos na literatura ocidental qual a narrativa que você 
identifi caria como texto(s) fundador(es) de uma nação?
1.
Atividade Complementar
 De acordo com o conceito de amor cortês, qual história você conhece em que se pode 
identifi car essa noção de amor?
2.
 Que histórias de amor impossível você conhece? Por que o amor se torna impossível 
nessas histórias? 
3.
 Que narrativa(s) você conhece que se baseia no folclore?4.
 Leia o conto The Black Cat, de Edgar Allan Poe, no site abaixo recomendado e descreva 
a sensação produzida pelo conto.
5.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 31
Edgar A. Poe:
http://bau2.uibk.ac.at/sg/poe/works/blackcat.html
James Joyce:
http://www.bibliomania.com/0/0/29/63/frameset.html
Rudyard Kipling:
http://www.classicshorts.com/bib.html#tec
Sites indicados
Filmes indicados
Beowulf 
A Lenda de Grendel
Um Leão no Inverno
Tristão e Isolda
Lancelot
Os Mortos (The Dead)
O ROMANCE
O NASCIMENTO DO ROMANCE
De acordo com Ian Watt (1990)
34
 , o surgimento do romance ocorre no século XVIII, 
período que marca a ascensão e consolidação da burguesia. Para empreender a análise sobre o 
surgimento do romance, em sua relação com o contexto histórico mencionado, Watt se debruça 
sobre três representativos escritores, quais sejam, Defoe, Richardson e Fielding do século. Estes 
escritores foram escolhidos para desenvolver a sua teoria sobre o romance porque, segundo Watt, 
eles forjaram uma nova confi guração literária que foge aos modelos da fi cção da Grécia, da Idade 
Média e do romance francês do século XVII, voltando-se para a experiência do indivíduo em sua 
solidão, privilegiando uma escrita que fosse fi el ao “real”.
34 WATT, Ian. Realism and the novel form. In: id. The rise of  the novel: studies in Defoe, Richardson and Fielding. U.S.A.: Penguin Books, 1983.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 32
O empenho em confi gurar uma narrativa “real” advém da leitura que fez sobre o Discurso 
sobre o método e Meditações, de Descartes. Na leitura desta obra, Watt sustenta a noção de que a “busca 
da verdade” passou a ser uma “questão inteiramente individual”, deixando de ser uma busca da 
coletividade.
Defoe, Richardson & Fielding
O romance se confi gura como uma forma literária nova, diferente das produzidas nos sé-
culos anteriores, e que teve início na Inglaterra, no começo do século XVIII com Daniel Defoe, 
Samuel Richardson e Henry Fielding. Embora Richardson e Fielding considerassem suas obras 
como pioneiras por terem rompido com o antigo modelo fi ccional, o termo “romance” só se 
consagrou no fi nal do século XVIII e esses autores sequer o utilizaram para designar a nova cria-
ção literária.
De fato, os autores mencionados não constituem uma “escola literária”, e suas obras apre-
sentam diferenças que demonstram a inexistência de infl uências recíprocas. Entretanto, o fato de 
que esses três primeiros romancistas ingleses tivessem surgido na mesma geração leva-nos a crer 
que as condições históricas da época contribuíram para favorecer o aparecimento do romance 
como tal.
Realismo e o Romance
Os historiadores afi rmam que a diferença essencial entre as formas literárias anteriores e 
o romance é o “realismo”. A palavra “realismo” foi utilizada na pintura de Rembrandt como o 
termo oposto ao “ideal poético” da pintura neoclássica; posteriormente, o termo passou a ser 
utilizado na literatura. A palavra como antônima de idealismo tem origem na retratação da vida 
vulgar, ou seja, nas imperfeições do comportamento humano e seus deslizes por motivos eco-
nômicos ou carnais. Ian Watt considera que a superfi cialidade dessa consideração subestima uma 
questão fundamental que é o fato que o romance procura retratar todo o tipo de experiência humana
35
  e 
não apenas os aspectos vulgares; além do mais, Watt argumenta que a maneira como a experiên-
cia humana encontra-se representada é mais relevante do que a espécie de vida apresentada. Esta 
posição está mais próxima dos realistas franceses, que, por sua vez, consideram que o romance, 
mais do que qualquer outra forma literária, fez emergir a questão da imitação e correspondência 
entre a vida real e literatura.
Assim, o romance é o veículo literário lógico de uma cultura que, nos últimos séculos, conferiu um valor sem 
precedentes à originalidade, à novidade
36
 .  
Individualismo
A busca da verdade como um questionamento individual se refl ete nessa “nova” forma lite-
rária chamada romance, desafi ando, portanto, a pratica tradicional que se baseava na História ou 
na fábula (WATT, 1990, p.15).  Entretanto, se levarmos em consideração o fato que o romancista 
precisa imprimir fi delidade à experiência humana através de seus relatos, torna-se difícil identifi -
car a novidade e originalidade nos romances, desafi o que exigirá habilidade do escritor no manejo 
das convenções formais. 
35 WATT, Ian. A Ascensão do Romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p. 13.
36 WATT, Ian. Op. Cit. p. 15.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 33
Considerando que Defoe e Richardson foram os primeiros grandes escritores ingleses que 
não basearam seus enredos na mitologia, História ou outra fonte literária do passado, Watt esta-
belece as características que diferenciam as formas literárias anteriores e o romance. 
Daniel Defoe se distingue pela narrativa fl uida, espontânea, mesclada com a memória auto-
biográfi ca. A publicação de Robinson Crusoe em 1719, seguido da continuação da história desta 
personagem em 1720, inaugura uma nova forma literária que engloba outras formas narrativas 
como o diário, e memórias autobiográfi cas, se constituindo como marco do nascimento do ro-
mance moderno. A história é o relato das aventuras de uma personagem de nome Robinson 
Crusoe, desde a sua partida da Inglaterra até o seu retorno, após passar 24 anos como náufrago 
numa ilha deserta.
 Ambiente
Segundo Watt, dentre os aspectos que distinguem o romance estão a caracterização do am-
biente e a sua detalhada apresentação. No romance, os espaços físicos são apresentados com uma 
descrição pormenorizada, bem como os ambientes em que ocorrem as cenas do enredo. Veja no 
seguinte exemplo: 
 There was a hill not above a mile from me, which rose up very steep and high, and which seemed to over-top 
some other hills, which lay as in a ridge from it northward;
(…)
 … I found a little plain on the side of a rising hill, whose front towards this little plain was steep as a 
house-side, so that nothing could come down upon me from the top; on the side of this rock there was a hollow place 
worn a little way in like the entrance or door of a cave, but there was not really any cave or way into the rock at 
all 
37

A ilha em que Robinson Crusoe se refugia após o naufrágio é descrita detalhadamente em 
todos os aspectos físicos e geográfi cos, e, de fato, a personagem realiza um inventário de tudo que 
consegue retirar do navio naufragado para a constituição de seu novo lar. Assim também ocorre 
com os ambientes onde Pamela, personagem principal do romance homônimo de Richardson, 
37 DEFOE, Daniel. The Life and Adventures of  Robinson Crusoe. London: Penguin Books, 1983. p. 71 & 77.
Robinson Crusoe

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 34
circula.
Personagens
Outro aspecto ressaltado por Watt é o fato de que, no gênero romance, as personagens são 
particularizadas, ou seja, são construídas de forma a se constituírem como indivíduos com iden-
tidade própria, portando nome e sobrenome: Os nomes próprios têm exatamente a mesma função na vida 
social: são expressão verbal da identidade particular de cada indivíduo
38
 .  
I was born in the year 1632, in the city of York, of a good family, tho’ not of that country, my father 
being a foreigner of Bremen, who settled fi rst at Hull. He got a good state by merchandise, and leaving off his 
trade lived afterward at York, from whence he had married my married my mother, whose relations were named 
Robinson, a very good family in that country, and from whom I was called Robinson Kreutznaer; but by the usual 
corruption of words in England, we are now called, nay, we call ourselves and write our name, Crusoe, and so my 
companions always call me
39
 . 
Defoe, por exemplo, evita nomes extravagantes e tradicionais, utilizando nomes próprios 
mais próximos à sua realidade. Richardson seguiu esta tendência e foi além, dando nome e sobre-
nome até mesmo às personagens secundárias. Quanto a Fielding, há evidências que haja retirado 
os nomes de seus personagens de uma lista de assinantes da edição de 1724 da History of  his own 
time de Gilbert Burnet. Esta prática consolidou esse costume como tradição do gênero, tornan-
do-se uma ferramenta que ajuda a manter a crença do leitor na veracidade da “existência” da 
personagem.
O Tempo
O tempo é outro aspecto fundamental do romance, em que os personagens existem como 
indivíduos em um determinado espaço e em um determinado tempo. Segundo Watt, as persona-
gens do romance só podem ser individualizadas se estão situadas num contexto com tempo e lo-
cal particularizados. Essa dimensão tornou-se crucial a partir do Renascimento e que o romance 
passou a refl etir de modo particular. 
E.M. Forster considera o retrato da “vida através do tempo” como a função distintiva que 
o romance acrescentou à preocupação mais antiga da literatura pelo retrato da “vida através dos 
valores”. Northrop Frye vê “a aliança entre tempo e homem ocidental” como a característica 
defi nidora do romance comparado a outros gêneros
40
 . 
Diferentemente da tragédia em que a ação ocorre em 24h, ou do conto cujo foco está dire-
cionado para um momento específi co, o romance pode abranger toda a vida de uma personagem 
ou mesmo de gerações. Em Crusoe, por exemplo, a narrativa perpassa um grande período de 
tempo da vida da personagem que, só como náufrago passa 24 anos na ilha! De fato, a história 
inicia antes do naufrágio e termina depois do seu retorno à Inglaterra. Crusoe mantém um diário, 
em que anota as suas atividades contendo datas especifi cas.
38 WATT, Ian. Op. Cit. p. 19.
39 DEFOE, Daniel.Op. cit. p.31.
40 WATT, Ian. Op. cit. p. 22

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 35
The Journal
41
 
September 30, 1659.  I, poor miserable Robinson Crusoe, being shipwrecked, during a dreadful storm, in 
the offi ng, came on shore on this dismal unfortunate island, which I called the Island of Despair, all the rest of 
the ship’s company being drowned, and my self  almost dead.
(…)
October 1.  In the morning I saw…
(…)
From the 1  of October to the 24  . All these days entirely spent in many several voyages to get all I could 
out of  the ship, which I brought on shore, every tide of  fl ood, upon rafts.
Richardson, por sua vez, utilizando a forma epistolar para acentuar o cunho de veracidade 
da narrativa, detalha os sobrescritos das cartas com dia da semana e até a hora do dia. Fielding, 
em Tom Jones, detalha cronologicamente as viagens entre West Country e Londres das persona-
gens, informando até mesmo as fases da Lua, além de relatar acontecimentos históricos do ano 
em que transcorre a ação. A narrativa no romance também permite uma alternância de relatos 
entre fatos passados e o tempo presente (da ação no romance), como por exemplo, a técnica de 
fl ashback.  Portanto, com relação ao enredo, o romance estabelece uma relação entre ações pas-
sadas e a presente, em que as experiências passadas se constituem como causa da ação presente, 
diferentemente das formas literárias anteriores.
A fi delidade do romance à experiência cotidiana depende diretamente de seu emprego de uma escala tempo-
ral muito mais minuciosa do que aquela utilizada pela narrativa anterior
42
 . 
De fato, o romance se detém no detalhamento do cotidiano da vida de suas personagens ao 
longo do tempo, como pode ser observado na pormenorização do dia-a-dia de Crusoe na ilha.
Having now fi xed my habitation, I found it absolutely necessary to provide a place to make a fi re in, and 
fewel to burn; and what I did for that, as also how I enlargened my cave, and what conveniences I made, I shall give 
a full account of  my self, and of  my thoughts  about living, which it may well be supposed were not a few
43
 .   
Um exemplo fl agrante da representação do cotidiano das personagens é identifi cado no 
romance de fl uxo de consciência, em que a narrativa pretende corresponder diretamente do fl uxo 
de pensamento da mente da personagem, sem interferência e sem aparente controle externo.
Podemos, portanto, afi rmar que o principal objetivo do romancista é a elaboração de um relato 
autêntico das verdadeiras experiências individuais, e resumir os seus principais aspectos como:
Pensado deste modo, o rompimento com a narrativa tradicional e a máxima aproximação 
da realidade resultaram no estabelecimento de alguns aspectos que, conforme Watt, caracterizam 
o romance realista. Estes aspectos consistem nos seguintes fatos: 
- o desvio do olhar para o indivíduo isolado até este fi casse tão próximo a ponto de captar-
lhe os seus pensamentos; 
41 DEFOE, Daniel. Op. cit. p. 87
42 WATT, Ian Op. cit. p. 23
43 DEFOE, Daniel. Op. cit. p.80.
st  th

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 36
- a substituição de personagens-tipo por sujeitos e situações comuns, tornando a persona-
gem particular; 
- a atribuição de nomes às personagens que revelariam algo de signifi cativo sobre sua 
personalidade; 
- a apresentação das experiências vividas como uma causa para as experiências do 
presente;
- a defi nição e descrição minuciosa do espaço e do tempo para que eles fossem caracteriza-
dos como um “ambiente físico real”; 
- a presença da linearidade e na constituição de uma “prosa clara e fácil” para apresentar, 
ao invés de representar, o real.
Watt argumenta que a premissa implícita no gênero romance é ser um relato completo e autêntico da 
experiência humana, tendo, portanto, a obrigação de fornecer ao leitor detalhes da história como a individualidade 
dos agentes envolvidos, os particulares das épocas e locais de suas ações _ detalhes que são apresentados através do 
emprego da linguagem muito mais referencial do que é comum em outras formas literárias
44
 .  
De fato, o romance é uma forma híbrida, que engloba os diversos gêneros como o épico, o 
lírico e até o drama, e comporta outros tipos de relato tais como o diário e cartas, etc.
A TEORIA DOS ARQUÉTIPOS DE NORTHROP FRYE
A psicóloga e crítica literária inglesa, Maud Bodkin, afi rma que existe um padrão de arquéti-
pos que transparece na poética que trata de temas antigos e sugere que esses padrões seriam, pos-
sivelmente, adquiridos através da cultura, ou seja, que tais padrões são ensinados e apreendidos 
por gerações sucessivas (BODKIN, 1934), divergindo de Carl Jung que afi rmava a transmissão 
de padrões através de uma “impressão” na mente que se repetia nas gerações.
Por sua vez, o estudioso e crítico literário, Northrop Frye, vai além e considera que a lite-
ratura é um sistema sofi sticado de um grupo de fórmulas básicas oriundas de culturas primitivas 
(LAPIDES, BURROWS & SHAWCROSS, 1973). Frye, a partir de um estudo baseado nos pa-
drões míticos, identifi ca quatro fases correspondentes às quatro estações do ano e que represen-
tam os enredos recorrentes na literatura.
Padrões Míticos
Os padrões míticos estudados por Frye são os mitos das Estações e do Herói (também 
chamado do mito da Jornada). O mito das Estações representa o ciclo da vida humana, em que 
as estações correspondem às etapas da existência; desta forma, a Primavera representa o nasci-
mento do indivíduo até o desabrochar da juventude; o Verão corresponde ao desenvolvimento, 
ou a plenitude do indivíduo; o Outono, a maturidade; e, fi nalmente, o Inverno representa a sua 
morte, o fi nal da existência. Entretanto, o ciclo se repete ad continuum de forma que o rebrotar das 
44 WATT, Ian. Op. cit. p. 31.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 37
plantas na Primavera representa, metaforicamente, a renovação da vida.
O segundo padrão, o do Herói, categoriza os protagonistas 
dos relatos nas sociedades primitivas através das qualidades a eles 
atribuídas. As características apontadas por Frye são as seguintes:
- os heróis nascem em circunstâncias misteriosas ou extra-
ordinárias, como, por exemplo, a concepção de Jesus pela  Virgem 
Maria; 
- o herói é fi lho de um grande homem ou deus, como Pro-
meteu ou Jesus;
- é predestinado; possui uma existência especial distinguida 
por uma missão;
- enquanto jovem, o herói passa por experiência de exílio ou 
é exposto a um risco de vida como Moisés, Hamlet, ou Branca de Neve;
- supera obstáculos a fi m de se tornar um herói, como Hércules;
- defende a sua nação, ou comunidade, de algum malefício, como Beowulf;
- sua morte é, geralmente, misteriosa e/ou ambígua, como a morte do Rei Artur.
Esses padrões, ou monomitos, têm em comum o fato de serem cíclicos, e são ferramentas 
úteis no estudo da linguagem dos símbolos, ou de uma análise simbólica.
Modelos Ficcionais
A partir desse estudo, Northrop Frye desenvolveu uma classifi cação dos modelos fi ccio-
nais. Esses modelos se relacionam às qualidades e à atuação nos enredos dos protagonistas de 
narrativas. São cinco categorias ou modelos fi ccionais denominados de “modo imitativo”, ou 
mimetic modes:
1. O modo imitativo elevado (superior in kind to other men and environment ) - diz respeito ao 
herói superior aos outros homens; é considerado uma divindade e sua história se confi gura como 
uma mitologia. 
2. O modo imitativo alto (superior in degree to to other men and environment)– o herói é superior 
aos demais homens e é o típico herói dos romances de cavalaria, cujos feitos são extraordinários, 
entretanto são seres mortais. Movimentam-se numa dimensão em que as leis da natureza se en-
contram em suspensão e seu mundo é habitado por animais falantes, bruxas, ogres;  são dotados 
de grande coragem e não raro possuem armas especiais. É o mundo dos contos maravilhosos, e 
das lendas.
3. O modo imitativo superior (high mimetic mode; superior in degree to other men but not to the envi-
ronment)– é o líder; Possui autoridade e liderança; é o herói dos épicos e da tragédia.
4. O modo imitativo baixo (low mimetic mode; he is not superior; he is one of us) – é o homem 
comum, e geralmente é o herói de comédias e da fi cção realista.
Rei Arthur

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 38
5. O modo irônico (ironic mode) – é o herói inferior com relação ao poder e inteligência, 
como, por exemplo, o protagonista de “O Homem do Subterrâneo” de Dostoevsky.
Segundo Frye, o desenvolvimento das narrativas literárias pode ser estudado de acordo com 
a sua origem, e postula duas fontes de narrativas. A forma secular consolidada pelos romances 
de cavalaria, e a narrativa religiosa que engloba as histórias bíblicas e vida dos santos. As três 
primeiras categorias de heróis mencionadas predominam na literatura até que o surgimento de 
uma nova classe social na Inglaterra, a classe média, favorecesse o desenvolvimento dessa nova 
forma literária a partir de Defoe, o romance. A partir do romance, predominará o protagonista 
que corresponde ao herói low mimetic mode, ou seja, o homem comum. Esse modelo permanecerá 
até o fi nal do século XIX.
DESENVOLVIMENTO DO ROMANCE INGLÊS
O Gótico
Durante o período romântico surge a fi cção gótica, baseada na noção de horror e prazer de 
Edward Burke em seu ensaio A Philosophical Enquiry into the Origin of Our Ideas of the Sublime and 
Beautiful (1757). Segundo Burke, “dor e terror são capazes de propiciar deleite”.  A consciência 
do sublime proporciona a mais forte emoção que a mente seria capaz de sentir, e pode advir da 
contemplação da natureza selvagem e cenários montanhosos, ou do estudo de arquitetura, nota-
damente a apreciação das construções das catedrais medievais e as ruínas dos castelos. De fato, 
essa noção vai permear o romantismo inglês.  Burke cita, entre as narrativas literárias capazes de 
provocar a sensação de “prazer no horror”, Paradise Lost  de John Milton, e as tragédias de Shakes-
peare.  A fi cção gótica se confi gura como uma reação ao conforto e segurança promovidos pelo 
progresso comercial e estabilidade política, e, sobretudo, à regra da razão. Os traços do gótico 
vão permanecer na literatura inglesa e são visíveis desde a literatura das irmãs Brontë até os dias 
de hoje, inclusive na música e no cinema.
O Gótico

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 39
Jane Austen 
Jane Austen (1775-1817) foi a primeira romancista (mulher) importante e sua produção 
literária dispensa classifi cação. Seus romances representam o cotidiano feminino da sua época. 
Sua literatura sugere pouco ou nenhum engajamento político nem qualquer envolvimento em 
eventos políticos nacionais ou internacionais, a despeito de ter vivido uma época de efetivo risco 
de uma invasão militar por parte da França, já que se tratava do período das Campanhas Napo-
leônicas.  Conforme Anthony Burgess
45
 , sua intenção sempre esteve voltada para as “pessoas” 
e não para as “idéias”. Por isso em sua literatura as personagens são descritas da forma mais real 
possível, com todas as suas falhas e qualidades. 
Além disso, salientamos a apresentação de traços que retratam a sociedade em seu tempo, 
sem que, contudo, a sua narrativa seja datada. Seus textos apresentam um retrato da classe média 
alta britânica e de uma sociedade que se defi ne em termos de posse de terra, dinheiro e posição 
social. Sua mensagem moral insiste na boa conduta, boas maneiras, razão e a admiração pela insti-
tuição do matrimônio. Apesar de não desdenhar o amor, seus romances demonstram o equilíbrio 
entre a maturidade e impulsividade. Dentre os seus livros, destacam-se Emma, Razão e Sensibilida-
de, Orgulho e Preconceito, todos já transpostos para a linguagem cinematográfi ca.
As irmãs Brontë
As irmãs Brontë, Charlotte (1816-55), Emily (1818-48) e Anne (1820-49) viveram no pe-
ríodo conhecido como “Alta Literatura Victoriana”.  Reclusas em uma pequena paróquia em 
Yorkshire, norte da Inglaterra, mantiveram-se distantes porém bem informadas a respeito do que 
ocorria no mundo.  Infl uenciadas pela literatura gótica, escreveram romances e poemas. Charlotte 
Brontë escreveu Jane Eyre e Shirley; Emily Brontë publicou O Morro dos Ventos Uivantes; e Anne 
Brontë é autora de Agnes Grey. Curiosamente, as irmãs Brontë têm uma obra bastante reduzida, e, 
de fato, Emily Brontë publicou unicamente O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights). 
O cenário de seus romances denota uma acentuada infl uência gótica, facilmente identifi cada 
na sombria casa nos morros uivantes, do romance Wuthering Heights. No que pese a confi guração 
das suas personagens, as heroínas das irmãs Brontë enfatizam a importância da independência 
fi nanceira e intelectual da mulher.
No tocante a Wuthering Heights, um romance escrito com um espírito romântico, o seu en-
redo consiste na história da paixão avassaladora e trágica de Heathcliff e Catherine. Heathcliff 
foi encontrado pelo pai de Catherine e se tornou um criado da família. O afeto precocemente 
sentido por ela desencadeou um amor que mescla a veneração à paixão carnal. Em virtude de 
convenções sociais, Catherine decide casar-se com Edgar Linton, o que desaponta Heathcliff 
profundamente, levando-o a deixar a casa de sua amada e voltar anos depois para se vingar. Em 
meio ao seu plano de vingança, Catherine morre, voltando ocasionalmente em espírito para rever 
o seu Heathcliff.
Quanto ao título do romance, o fato de o vento “uivar” devido à geografi a do lugar já 
anuncia um cenário sobrenatural de mistério e apreensão. Wuthering Heights exemplifi ca a revi-
talização do romance gótico na literatura vitoriana.
45 BURGESS, Anthony. A chegada da época moderna. In: ______. A literatura inglesa. Tradução Duda Machado. 2. ed. São Paulo: Ática, 2004, p. 209.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 40
A passagem a seguir pertence ao capítulo 9 e é uma das cenas mais marcantes do romance 
de Emily Brontë. O amor de Catherine por Heathcliff, expressado nessa passagem, transcende as 
convenções sociais, alcançando um status quase religioso. No entanto, Catherine escolhe seguir o 
papel social esperado dela e se casa com Edgar Linton, traindo Heathcliff e, conseqüentemente, 
o seu amor por ele.
I cannot express it; but surely you and everybody have a notion that there is or should be an existence of 
yours beyond you. What were the use of my creation, if I were entirely contained here? My great miseries in this 
world have been Heathcliff’s miseries, and I watched and felt each from the beginning: my great thought in living is 
himself. If  all else perished, and he remained, I should still continue to be; and if all else remained, and he were 
annihilated, the universe would turn to a might stranger: I should not seem a part of it. My love for Linton is 
like a foliage in the woods: time will change it, I’m well aware, as winter changes the trees. My love for Heathcliff 
resembles the eternal rocks beneath: a source of little visible delight, but necessary. Nelly, I am Heathcliff! He’s 
always, always in my mind: not as a pleasure, any more than I am always a pleasure to myself, but as my own 
being. 
Ressaltamos que o tema do amor de Catherine e Heathcliff inspirou produções fílmicas, 
músicas e, mais recentemente, uma releitura feita por uma autora caribenha, Maryse Condé, sob 
o título de Corações migrantes (1995).
Charles Dickens
Charles Dickens (1812-1870) é considerado um dos autores mais lidos da era vitoriana. Ele 
fi cou conhecido pela confi guração de personagens cômicos, caricaturados e grotescos, traços 
que encontraram algumas aclamações da crítica, mas que também levaram escritores e críticos, a 
exemplo de Virginia Woolf, a considerarem a sua produção literária “menor”. 
Alguns de seus livros mais conhecidos são Oliver Twist, através do qual postula que a socie-
dade pode causar sofrimento às crianças; David Copperfi eld, considerado um romance autobiográ-
fi co; e Great Expectations, que conta a história do órfão Pip, desde a sua infância até a maturidade, 
num estilo autobiográfi co, por meio do qual o próprio Charles Dickens traz relatos que remetem 
à sua própria vida.
O Morro dos Ventos Uivantes

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 41
O plurilingüismo
Em seu livro Questões de estética e de literatura, Mikhail Bakhtin, formulou a teoria do plurilin-
güismo no romance a partir de um estudo sobre o romance humorístico inglês, a partir de autores 
como Fielding, Smollet, Sterne, Thackeray e Charles Dickens. Segundo o autor, No romance humo-
rístico inglês, encontramos uma evocação humorístico-paródica de quase todas as camadas da linguagem literária 
escrita e falada de seu tempo
46
. Deste modo, o plurilingüismo consiste na inserção de diversos tipos 
de linguagem, que oscilam desde uma norma padrão (formal) a uma norma utilizada no cotidia-
no, a linguagem utilizada por diferentes camadas sociais ou mesmo por distintas profi ssões. Para 
sustentar a sua teoria sobre o plurilingüismo, Bakhtin toma como exemplo trechos do romance 
de Charles Dickens, Little Dorrit, no qual é possível observar o jogo de linguagem em que o nar-
rador não raro cede a sua voz para que diversas vozes que perpassam o ambiente adentrem a sua 
narrativa.
Da era vitoriana à era moderna
Conforme Anthony Burgess
47
 , o fi m da era vitoriana, marcada pelo “otimismo”, “dúvi-
da” e “culpa”, ocorrera mesmo antes do término do reinado da rainha Vitória em 1901. Com o 
vazio deixado pelos paradigmas vitorianos, e pela perda da crença na religião, a literatura escrita 
no período de 1880 a 1914 caracterizou-se por uma busca por algo em que se pudesse acreditar. 
Foram forjados, assim, diversos substitutos que preenchessem este vazio. Dois deles foram a arte 
e o imperialismo.
A ênfase sobre a arte foi manifestada na literatura produzida por autores como Walter Pa-
ter (1839-1894), que defendia o lema da “Arte pela arte”, tal como demonstra em textos como 
Marius, o epicurista e Estudos sobre a história do renascimento. Pater defendia, ainda, o hedonismo, ou seja, 
o culto à beleza. 
Ao mencionado hedonismo também esteve voltado Oscar Wilde (1856-1900), autor de tex-
tos como De profundis, A balada do cárcere de Reading e O retrato de Dorian Gray. Identifi cam-se neste 
romance alguns traços que remontam ao sentimento de culpa vitoriano. O enredo consiste na 
história de uma personagem, Dorian Gray, um homem jovem e belo que demonstra o desejo 
de permanecer sempre assim. Tendo o seu pedido atendido, um retrato passa então a registrar 
os feitos e o envelhecimento da personagem. Arrependido, Dorian decide destruir o seu retrato 
para tentar compensar pelos seus atos vis. No momento em que ele o destrói, é ele mesmo quem 
morre.
No tocante ao imperialismo, destaca-se a produção fi ccional de Rudyard Kipling (1865-
1936). Autor de poemas, Kipling fi cou conhecido também pelo seu romance Kim, que conta a 
história de um fi lho órfão de um soldado do regime irlandês. A história é ambientada numa co-
lônia britânica, a Índia, e, tão profícua quanto a intrigante história são as considerações sobre a 
vida na Índia, a religião e seus problemas sociais. 
46 BAKHTIN, Mikhail. O plurilingüismo no romance. In: ______. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Tradução Aurora Fornoni 
Bernardini et al. São Paulo: Hucitec, 2002, p. 107.
47 BURGESS, Anthony. A chegada da época moderna. In: ______. A literatura inglesa. Tradução Duda Machado. 2. ed. São Paulo: Ática, 2004, p. 
244-252.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 42
O Grupo de Bloomsbury
O Grupo de Bloomsbury era formado por escritores e artistas, originalmente amigos que 
se reuniam na casa dos fi lhos de Leslie Stephen em Bloomsbury. Não era um grupo formalmente 
organizado até 1920 quando as fi lhas de Stephen, Virginia e Vanessa, casadas com Leonard Wo-
olf e Clive Bell, respectivamente, juntamente com E. M. Forster, John Maynard Keyes, Roger Fry 
e outros, formaram o “Memoir Club”. Esse grupo de amigos escritores se reunia com o intuito 
de discutir acerca de literatura e artes de modo geral, e desdenhavam dos modos tradicionais de 
sentir, pensar e da moral convencional. 
Virginia Woolf
Virginia Woolf (1882-1941) em seu ensaio “Ficção Moderna” (Modern Fiction)  discute e 
revisa os modelos tradicionais de representação. Virginia Woolf postula a que a tarefa do escritor 
do futuro é dar a impressão  do “halo luminoso” da vida _ “esse espírito variado, desconhecido 
e não circunscrito” _ com o mínimo  do que se constitui como externo e alheio. A cada dia, a 
mente recebe uma grande quantidade de impressões (input) – triviais, fantásticas, evanescentes, ou 
gravadas para sempre; o romancista, no intuito de trabalhar com esse fl uxo incessante de “áto-
mos inumeráveis”, é forçado a reconhecer que, se baseasse o seu trabalho em seus próprios sen-
timentos ao invés da convenção, não haveria enredo, nem comédia,  nem tragédia, nem interesse 
afetivo nem catástrofe no “estilo aceito da palavra”. Virginia Woolf sugere novos caminhos para 
se escrever romances, propondo um novo modelo estético que escapa às confi gurações tradicio-
nais de narrativa, a exemplo da linearidade.
Woolf diferencia o seu trabalho de contemporâneos como D.H. Lawrence e James Joyce, 
escritores aos quais reputa uma preocupação pela “fabricação de coisas”, e por aceitarem os limi-
tes do convencional nos enredos e utilização da seqüência temporal nos seus textos.
Fluxo de Consciência
O caráter experimental da representação da consciência manifestada na prosa de Virgina 
Woolf pode ser observado nos romances Mrs. Dalloway (1925), To the Lighthouse (1927) e The 
Waves (1931). A prosa é marcada pela fragmentação, descontinuidade, e desintegração, aspectos 
que, conforme Erich Auerbach, denotam uma escolha dos escritores modernos e, destaquemos 
aqui Virginia Woolf, que “receiam impor à vida, ao seu tema, uma ordem que ela própria não 
oferece”
48
. Seu objetivo é representar a natureza das sensações fugazes, ou das atividades mentais 
conscientes ou inconscientes, e relacioná-las externamente a um ritmo de consciência de padrão 
universal. As reações momentâneas, emoções passageiras, estímulos efêmeros, sugestões aleató-
rias e pensamentos dissociados são moldados numa relação estilística coerente e bem estruturada. 
Esse estilo, Fluxo de Consciência ou Stream of  Consciousness, foi assim denominado por William 
James em 1890 referindo-se ao trabalho de Virginia Woolf. Abaixo, um recorte de um texto de 
Virginia Woolf retirado do romance Mrs. Dalloway:
48 AUERBACH, Erich. A meia marrom. In: ______. Mimesis: A representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001, 
p. 471-498.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 43
[…] held, foolish as the idea was, something of her own in it, this country 
sky, this sky above Westminster. She parted the curtains; she looked. Oh, but 
how surprising!-in the room opposite the old lady stared straight at her! She was 
going to bed. And the sky. It will be a solemn sky, she had thought, it will be a 
dusky sky, turning away its cheek in beauty. But there it was-ashen pale, raced 
over quickly by tapering vast clouds. It was new to her. The wind must have ri-
sen. She was going to bed in the room opposite. It was fascinating to watch her, 
that old lady, crossing the room, coming to the window. Could she see her? It was 
fascinating, with people still laughing and shouting in the drawing room, to watch 
that old woman, quite quietly, going to bed. She pulled the blind now. The clock 
began striking
49
 .
O enredo do romance supracitado pode ser resumido em uma simples frase nominal: um 
dia na vida de uma mulher. O romance tem, em seu plano de ação, os pequenos acontecimentos 
que consistem nos preparativos para uma recepção que será oferecida por Mrs. Richard Dalloway. 
Entretanto, o que há de mais substancial, que se sobrepõe aos acontecimentos narrados (a ida à 
fl oricultura, o convite feito a Richard, o encontro com Whitbread, a costura do vestido, o suicídio 
de Septimus Warren Smith entre outros), são as refl exões que acompanham estes atos e as reme-
morações acionadas desde a primeira cena, quando Mrs. Dalloway vai à fl oricultura.
É, ainda, a partir deste dia na vida de uma mulher da alta sociedade a promover uma festa, 
que a autora discute a permanência de um conservadorismo vitoriano, presente nas escolhas de 
Clarissa por um pretendente que lhe garantisse status; as instituições monumentais como a reli-
gião, representada na fi gura ressentida de Miss Kilman, e as fi guras da autoridade, simbolizadas 
pelos médicos como o Sir William Bradshaw; as devastações causadas pela guerra, discutidas a 
partir da inércia e profunda introspecção de Septimus, um ex-combatente de guerra que volta 
incapaz de restabelecer a sua comunicação com o mundo. Todas estas imagens esboçam um qua-
dro da Inglaterra pós-guerra, em cujo ar ainda pairava o tom gris resultante das ruínas deixadas 
pela guerra.
As horas
Escrito pelo escritor norte-americano Michael Cunningham, o romance As horas
50
  conta a 
história de três mulheres, contada ao longo de um dia, que compartilham, cada uma a sua época, 
de angústias e têm em comum uma relação direta ou indireta com um romance, qual seja, Mrs. 
Dalloway. Uma das personagens consiste em uma construção fi ccional da própria autora de Mrs. 
Dalloway, Virginia Woolf, que está escrevendo o romance mencionado. As outras duas protago-
nistas são uma leitora, que encontra na leitura de Mrs. Dalloway a tradução para os seus dramas 
subjetivos, e uma mulher, que, assim como a Clarissa Dalloway, protagonista do romance de 
Virginia Woolf, está a preparar uma recepção para o seu amigo escritor, que sofre de uma grave 
doença. 
49 WOOLF, Virginia. Mrs Dalloway. London: Penguin Books, 1996.
50 CUNNINGHAM, Michael. As horas. Tradução B. Vieira. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Mrs. Dalloway

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É válido comentar a pesquisa empreendida pelo autor de As horas sobre traços biográfi cos 
de Virginia Woolf. Embora reconheçamos que o que ele apresenta em seu texto é uma persona-
gem, que não deve, portanto, ser considerada um retrato da escritora, há aspectos biográfi cos que 
denotam uma preocupação de Cunningham em compor, na confi guração da personagem, traços 
que a aproximem da Virginia que sofria crises nervosas, vivenciava de forma angustiada, por ve-
zes, a escrita de seus textos, tinha uma relação confl ituosa com seus empregados, entre outros. 
Estes dados podem ser encontrados em textos biográfi cos de Woolf, escritos por ela mesma em 
seus diários, ou ainda em textos como As mulheres de Virginia Woolf, de Vanessa Curtis
51
 .
O livro de Michael Cunningham foi adaptado para o cinema em fi lme de título análogo pelo 
diretor Stephen Daldry, no qual Nicole Kidman fez o papel de Virginia Woolf, cuja interpretação 
lhe rendeu o Oscar de melhor atriz em 2003.
D. H. Lawrence
O Fluxo de Consciência infl uenciou os contemporâneos de Virginia Woolf, exceto D.H. 
Lawrence, autor de romances clássicos como O Amante de Lady Chatterley, Mulheres Apaixonadas 
- ambos transpostos para o cinema - Filhos e Amantes, entre outros. Lawrence não fez parte do 
Grupo de Bloomsbury nem tampouco utilizou a técnica de Fluxo de Consciência na sua literatu-
ra, distinguindo-se por temas que tratam da relação entre homens e mulheres.  Seu mais notório 
romance, O Amante de Lady Chatterley foi proibido na Inglaterra e teve suas edições confi scadas 
por imoralidade e obscenidade até 1960 quando, após julgamento, pôde ser re-editado pela Pen-
guin.  Esse episódio representou o fi m da censura ofi cial e da hipocrisia gerada pelo excesso de 
pudor, grifando o início da era chamada New Morality que caracterizou as décadas de 1960 e 1970 
na Grã Bretanha.
Pós Guerra e Pós Modernismo
O cenário de um país em ruínas fez parte integral da literatura produzida na Inglaterra do 
pós-guerra, e entre os autores que utilizaram essa atmosfera como cenário destaca-se Graham 
Greene, autor de Fim de Caso, ou The End of the Affair (1951). O ambiente precário refl ete-se 
nas personalidades dos protagonistas, que representam indivíduos desgastados pela tragédia da 
guerra.
A era da New Morality refl etiu o novo momento histórico e social do pós-guerra, e in-
fl uenciado pelos novos padrões de conduta sexual e do crescente movimento feminista desafi ou 
os tradicionais conceitos sobre gênero, sexualidade, e a instituição do matrimônio.   A “nova 
onda” feminista foi estimulada pela publicação do ensaio de Germaine Greer, The Female Eunuch 
(1970).
Dessa fase, citamos Jean Rhys autora de Wide Sargasso Sea (1966) que refaz o relato de Mr. 
Rochester, protagonista do romance Jane Eyre  de Charlotte Brontë, do seu relacionamento com 
a sua primeira esposa, Bertha;  e Angela Carter,que se distingue pela proposta de múltiplas pos-
sibilidades de mudança no relacionamento heterossexual; vide seus romances The Passion of New 
Eve (1977), Fireworks (1974), Wise Children (1991), entre outros.
51 CURTIS, Vanessa. As mulheres de Virginia Woolf. Tradução Tuca Magalhães. São Paulo: A Girafa Editora, 2005.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 45
O ROMANCE NORTE AMERICANO
Puritanismo
Considera-se James Fennimore Cooper (1789-1851) como o primeiro grande romancista 
americano. O autor de O Último dos Moicanos distinguiu-se pela abordagem da temática indígena, 
e o emprego da narrativa nos moldes ingleses. Seus romances se caracterizam pela ação, envol-
vendo situações de fuga e escape, captura e resgate, através de cenários que descrevem a natureza 
ainda intocada dos Estados Unidos da época. As personagens são representadas de forma dico-
tômica: índios bons e maus versus homens brancos bons e maus. James F. Cooper escreveu trinta 
e dois romances.
Entretanto, foi Nathaniel Hawthorne (1804-64) que alcançou maior notoriedade como ro-
mancista, tendo infl uenciado vários escritores de gerações posteriores. Foi contemporâneo de 
Edgar Allan Poe, no período de amadurecimento literário americano chamado Renascimento. 
Seus romances ocorrem durante o auge do Puritanismo americano, tendo como cenário a Nova 
Inglaterra. Hawthorne limitou seus temas a situações que lidam com problemas de ordem moral 
cujas resoluções são intencionalmente ambíguas, com ampla utilização de símbolos e alegorias. 
O seu mais conhecido romance é A Letra Escarlate, publicado em 1850, e que teve o seu enredo 
transformado em fi lme, e conta uma história baseada em fatos reais, acontecida na Nova Ingla-
terra durante o período conhecido como de “caça às bruxas”.  O romance entre uma mulher 
casada e um pastor da igreja traz à tona o mito bíblico de Eva, ou seja, a noção da mulher como 
transgressora, o que acarreta à protagonista a acusação e posterior julgamento de praticas de 
feitiçaria. 
O Puritanismo surgiu na Inglaterra aproximadamente nos meados de 1500, e tinha como 
objetivo “purifi car” da Igreja da superstição, adoração de imagens de santos, adornos excessivos, 
etc. Os Puritanos objetivavam uma sociedade mais simples, sóbria, e religiosa, baseada na teologia 
de João Calvino, o Calvinismo; acreditavam na educação como uma obrigação religiosa e funda-
ram escolas, universidades e gráfi cas que imprimiam livros religiosos. Os primeiros colonizadores 
americanos, cerca de 20.000 pessoas, eram Puritanos e partiram para a América com o intuito de 
construir uma nação segundo os preceitos Puritanos, acreditando-se como povo escolhido por 
A Letra Escarlate

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 46
Deus.
Um ano após a publicação, surge mais um romance clássico norte americano, também 
transformado em fi lme, Moby Dick (1951), de autoria de Herman Melville (1819-91), cujo estilo 
narrativo é rebuscado, simbólico, e pleno de alusões à história, teologia, fi losofi a, ciência e outras 
obras literárias. Dentre os vários temas abordados por Melville, destacam-se a democracia como 
base de governo, a nobreza do trabalho e do homem comum, a impossibilidade do retorno do 
ser humano a uma condição de inocência.
O Realismo Literário Americano
Com o fi nal da Guerra de Secessão, surge no sul dos Estados Unidos, em torno de 1820, 
um gênero literário conhecido como “Humor da Fronteira”, que infl uenciou escritores como 
Mark Twain e William Faulkner.  Este gênero se caracteriza pelo humor regional expresso pelo 
coloquialismo e jargão, típicos das regiões da Geórgia, Mississipi, Alabama, Louisiana, e partes 
do Texas e Arkansas. 
Abaixo, um trecho de The Adventures of  Huckleberry Finn de autoria de Mark Twain em que 
se pode observar o linguajar e expressões sulistas:
Her sister, Miss Watson, a tolerable slim old maid, with goggles on, had 
just come to live with her, and took a set at me now with a spelling- 
book. She worked me middling hard for about an hour, and then the widow 
made her ease up. I couldn’t stood it much longer. Then for an hour it 
was deadly dull, and I was fi dgety. Miss Watson would say, “Don’t put 
your feet up there, Huckleberry;” and “Don’t scrunch up like that, 
Huckleberry--set up straight;” and pretty soon she would say, “Don’t gap 
and stretch like that, Huckleberry--why don’t you try to behave?” Then 
she told me all about the bad place, and I said I wished I was there. 
She got mad then, but I didn’t mean no harm. All I wanted was to go 
somewheres; all I wanted was a change, I warn’t particular. She said it 
was wicked to say what I said; said she wouldn’t say it for the whole 
The Adventures of Huckleberry Finn

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 47
world; she was going to live so as to go to the good place. Well, I 
couldn’t see no advantage in going where she was going, so I made up my 
mind I wouldn’t try for it. But I never said so, because it would only 
make trouble, and wouldn’t do no good 
52

A expansão das ferrovias nas últimas décadas do século XIX contribuiu para despertar um 
interesse em zonas pouco conhecidas da nação americana, estimulando a adoção de uma escrita 
que representasse a fala e descrevesse esses espaços ainda pouco conhecidos. Essas narrativas 
reproduzem os dialetos regionais falados pelo homem do povo, suas atividades, e, sobretudo, 
descrevem os cenários onde ocorrem as ações, dentro de um tempo real.
O realismo literário americano abarca o período de 1865 até aproximadamente 1900 e, dei-
xando o sentimentalismo e a idealização da vida característica do período romântico, emerge com 
o desejo sincero de representar a vida na fi cção. No realismo americano, as personagens são oti-
mistas e pragmáticas e resolvem seus problemas sem intervenções improváveis ou coincidências. 
Dentre os autores que se destacaram neste período, temos, além s dos já citados, Henry James, “o 
pai do romance psicológico”, e autor de Portrait of  a Lady (1881).
Naturalismo
O Naturalismo foi uma das vertentes do realismo norte americano, e compartilha algumas 
de suas características, como, por exemplo, o fato de situar eventos no tempo da escritura. O 
objetivo é reproduzir falas, modos, e cenários reais, além de motivações psicológicas plausíveis. 
Entretanto, diferentemente do realismo, os naturalismo está ciente da sua fundamentação fi lo-
sófi ca, baseada na ciência de modo geral e no Darwinismo em particular.  Embora considere o 
ser humano como um animal altamente desenvolvido, situado entre os anjos e os primatas, o 
naturalismo reconhece as limitações genéticas, aceita o determinismo e elimina o problema ético 
do romance realista, uma vez que, já que sua existência é determinada, o seu comportamento não 
pode ser julgado como bom ou mau, certo ou errado.
Seguindo-se a este período posterior, o intervalo entre 1900 até 1920 foi uma época profí-
cua em mudanças sociais e econômicas, em que muitos autores precisaram sobreviver às custas 
de outras atividades além da escrita, o que ocasionou um sentido de autenticidade entre outras 
coisas. Deste período destacamos as romancistas Willa Carter e Edith Wharton.
Modernismo
Após a Primeira Grande Guerra, o ambiente nos Estados Unidos era resistente a novos ide-
ais sociais e artísticos, o que fez com que um grande contingente de artistas americanos imigrasse 
para a Europa. Lá, encontraram a liberdade para exercer a crítica social e tiveram a oportunidade 
de entrar em contacto com novas técnicas e padrões estéticos, e artistas tais como os poetas 
simbolistas W. B. Yeats e Ezra Pound, romancistas como James Joyce e Gertrude Stein, e tantos 
outros em diferentes campos das artes.
52 TWAIN, Mark. The Adventures of  Huckleberry Finn. Capítulo I. http://www.mtwain.com/Adventures_Of_Huckleberry_Finn/1.html

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O movimento artístico internacional que predominou desde então e se estendeu até apro-
ximadamente a década de 1950 foi o Modernismo, caracterizado pela rejeição à tradição e por 
uma atitude hostil com relação ao passado. Dentre os aspectos relacionados ao Modernismo, 
destacamos, além do mito como princípio estrutural de narrativas como Ulysses de James Joyce e 
The Waste Land de T.S. Eliot, o “experimentalismo”, corrente que detinha o interesse na expressão 
do irracional e do inconsciente em diversas áreas da arte, principalmente na literatura de Stein 
e Joyce, e que deu origem à técnica de  “fl uxo de consciência” como uma representação direta 
da personagem.  Escritores como Virginia Woolf e Joseph Conrad participaram do movimento 
além dos autores anteriormente mencionados.
Dentre os autores que viveram na Europa neste período, F. Scott Fitzgerald e Ernest He-
mingway se distinguiram por romances como The Great Gatsby e Tender is the Night, e For Whom the 
Bells Toll e The Sun also Rises, respectivamente.
F. Scott Fitzgerald
Filmado na década de 1970, The Great Gatsby, romance de autoria de F. Scott Fitzgerald, tem 
como tema a vida inconseqüente dos ricos e o seu desprezo pelas classes menos privilegiadas. A 
personagem principal, Jay Gatsby é um self  made man, um homem que construiu a sua própria for-
tuna, mas que não é aceito nos círculos sociais da elite por ter nascido pobre. Ele se apaixona por 
Daisy, esposa de Tom, ambos ricos de nascença e pertencentes à alta roda do leste americano.
They were careless people, Tom and Daisy- they smashed up things and creatures and then retreated back 
into their money or their vast carelessness or whatever it was that kept them together, and let other people clean up 
the mess they had made
53
 .
Ernest Hemingway
Ernest Hemingway tem como temática a morte. Em For Whom the Bells Toll, romance 
cujo título se refere ao poema Meditation XVII, parte de Devotions Upon Emergent Occasions, 
poesia metafísica datada de 1624 e escrita pelo poeta John Donne, que diz:
No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. If a clod be 
53 FITZGERALD, F. Scott. The Great Gatsby. http://www.litfi x.co.uk/fi tzgerald/onlinetexts/gatsby/index.htm
The Great Gatsby

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 49
washed away by the sea, Europe is the less, as well as if promontory were, as well as if a manor of thy friend’s or 
of  thine own were. Any man’s death diminishes me, because I am involved in mankind; and therefore never send 
to know for whom the bell tolls; it tolls for thee
54
 .  
John Steinbeck
John Steinbeck, premio Nobel de Literatura de 1962, alcançou um grande sucesso na déca-
da de 1930, durante o período da Grande Depressão americana. Steinbeck escreveu sobre indiví-
duos que, por motivos econômicos, são empurrados para uma vida à margem da sociedade: bóias 
frias, vagabundos, mendigos, sem teto. Seus temas abordam o preconceito, tradição, costumes, 
atitudes baseadas em privilégios e injustiça, fome, num ambiente motivado pela economia de 
mercado. Seu romance mais conhecido é Grapes of  Wrath (1939), traduzido como Vinhas da Ira. 
In order to do the work in the cotton fi eld, cotton sacks are required and workers that do not have these have 
to buy them from the landowner on credit. Many of the workers are unable to do enough work to pay for their 
sacks. Also, the workers suspect that the weighing machines are rigged.
(…)
Tom has been pondering about what Jim Casy told him before he died - that every man’s soul is part of 
the greater soul. Tom sees his vocation is to unify his soul with the greater soul by working to organize people in a 
fi ght against oppression.
Ma warns Tom that Casy died for his efforts and Tom promises that he will watch out for himself.
Diversidade Cultural na Literatura Americana
Durante a década de 1940, a crítica especializada passou a enfatizar os aspectos da escrita e 
insistia para que o artista se situasse fora da cena política e social. Esse posicionamento foi alvo 
de longa controvérsia nos anos de 1960 e 1970 e perdura até o presente. A década de 70 se confi -
gurou como o período da transgressão, e a emergência de vários movimentos sociais que infl uen-
ciaram a literatura como o Feminismo, os movimentos Gay, Afro, Indígena, e a critica marxista, 
como pode ser observado na literatura produzida por escritores como Alan Ginsberg, Adrienne 
Rich, James Baldwin, Alice Walker, entre outros. Entretanto, a maioria dos escritores ainda segue 
a tradição legada por Emerson e Whitman, e recorre aos tradicionais temas americanos de mobi-
lidade social, caldeirão cultural, e de nação livre e “iluminada”.
54 DONNE, John. Apud http://en.wikipedia.org/wiki/For_Whom_the_Bell_Tolls
Grapes of Wrath

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Alice Walker
Entre esses autores, Alice Walker, escritora feminista afro-americana se destacou pelo seu 
romance A Cor Púrpura (1982), ganhador do prêmio Pulitzer em 1983. O romance tem como 
tema religião, sexualidade, família e violência em uma comunidade negra no sul dos Estados Uni-
dos, em que as mulheres são as protagonistas. A linguagem reproduz a fala desse grupo étnico.
Well how you spect to make her mind? Wives is like children. You have to let ‘em know who got the upper 
hand. Nothing can do that better than a good sound beating
55
 . 
Movimento Beat
O movimento “beat”, característico do fi nal da década de 1950 e que se estendeu pelos anos 
60, produziu uma das mais conhecidas obras da contra cultura, On the Road, escrito por Jack Ke-
rouac. O romance trata das viagens de dois amigos, Sal e Dean, através dos Estados Unidos. Os 
dois se envolvem com drogas, marginais, mulheres, e homossexuais, e alguns dos acontecimentos 
são de ordem biográfi ca.  O assunto do livro serviu como tema para as gerações posteriores, em 
diversos setores artísticos, que relatam histórias semelhantes como, por exemplo, o fi lme de Peter 
Fonda e Dennis Hopper, Sem Destino. 
We were suddenly on Madison Street among hordes of hobos, some of them sprawled out on the street with 
their feet on the curb, hundreds of others milling in the doorways of saloons and alleys. “Wup! wup! look sharp 
for old Dean Moriarty there, he may be in Chicago by accident this year.” We let out the hobos on this street and 
proceeded to downtown Chicago. 
(…)
...we headed straight for North Clark Street, after a spin in the Loop, to see the hootchy-kootchy joints 
and hear the bop. And what a night it was. “Oh, man,” said Dean to me as we stood in front of a bar, “dig the 
street of  life, the Chinamen that cut by in Chicago. What a weird town--wow, and that woman in that window 
up there, just looking down with her big breasts hanging from her nightgown, big wide eyes. Whee. Sal, we gotta 
go and never stop going till we get there”
56
 .   
55 WALKER, Alice. The Color Purple. http://www.bookrags.com/The_Color_Purple
56 KEROUAC, Jack. On the Road. http://www.bookrags.com/notes/otr/SUM.html
A Cor Púrpura

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 51
Quais as características que diferenciam o romance das outras formas literárias?1.
Atividade Complementar
 De que forma Daniel Defoe, Samuel Richardson e Henry Fielding individualiza seus 
protagonistas?
2.
 Explique os modelos fi ccionais segundo a teoria de Northrop Frye.  3.
 Que autor(a) se destacou pela técnica de “Fluxo de Consciência”?4.
 Qual o romance americano que se tornou emblemático na literatura beat?5.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 52
F. S. Fitzgerald:
http://www.litfi x.co.uk/fi tzgerald/onlinetexts/gatsby/index.htm
J. Kerouac:
http://www.bookrags.com/notes/otr/SUM.html
Mark Twain:
http://www.mtwain.com/Adventures_Of_Huckleberry_Finn/1.html
Alice Walker:
http://www.bookrags.com/The_Color_Purple
Sites indicados
Filmes indicados
A cor púrpura
A letra escarlate
As aventuras de Tom Sawyer
As Horas
Emma
Moll Flanders
Mrs. Dalloway
Mulheres Apaixonadas
O Amante de Lady Chatterley
Orgulho e Preconceito 
O ultimo dos Moicanos
Razão e Sensibildade 
The Great Gatsby; 
Tom Jones

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 53
A POESIA E O TEATRO
A POESIA
A POESIA INGLESA: DE SHAKESPEARE AO
ROMANTISMO
Introdução
A poesia não é uma liberação da emoção, mas uma fuga da emoção; não é a expressão da personalidade, 
mas uma fuga da personalidade. Naturalmente, porém, apenas aqueles que têm personalidade e emoções sabe o que 
signifi ca querer escapar dessas coisas.  T.S.Eliot
Como mencionado no Bloco 1, Tema 1, os primeiros manuscritos encontrados em língua 
inglesa, ou Old English , encontram-se sob a forma de versos. No que pese a transcrição dessa 
literatura datar de em torno do século XI, o seu conteúdo remete a um período anterior, o que, 
possivelmente, explicaria a forma em versos: nas culturas iletradas, o verso se constitui na forma 
mais apropriada à memorização, sendo este o meio de propagação e preservação. Sabemos tam-
bém que os primeiros escritos literários em língua inglesa, ou Old English, são sagas em versos, 
como Beowulf,  e contam a história de um povo. 
No século XII, Eleanor de Aquitânia, a esposa francesa do rei Henry II, trouxe os trovado-
res e a poesia provençal para a Inglaterra, inaugurando assim um novo padrão de comportamento 
na corte e em modelo literário. As histórias abordadas pela poesia trovadoresca tinham como 
enredo a impossibilidade amorosa, na qual o amado se declarava vassalo da sua dama e do seu 
amor.  A temática dessas histórias, bem como a forma em que eram escritas e declamadas, são de 
origem bretã, ou celta, e predominavam nas narrativas do ciclo arturiano, populares na época.
Lais
Marie de France e Chrétien des Troyes, poetas franceses, se destacaram na época, contri-
buindo para a popularidade desse tema e desse modelo literário na Inglaterra. Esta forma bretã, 
ou celta, é conhecida como lais (em celta loid) e fl oresceu no período entre os séculos XII e XIV, 
tendo, possivelmente, sofrido alguma infl uência latina. Neste período encontramos dois tipos de 
lais:
- o primeiro, não tinha como objeto, necessariamente, um tema arturiano e se tratava de um 
poema bastante extenso, com versos que variavam em número de 60 a 300, métrica curta (hep-
tassílabos), e geralmente distribuídos em doze grandes estrofes; 
- o segundo tipo, também conhecido como Arthurian lais, se atinham a histórias do ciclo 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 54
arturiano, ou bretão, sendo considerados como novelas, embora ainda estivessem escritos em 
versos.
A forma aperfeiçoada por Marie de France veio a se tornar modelar para escritores pos-
teriores como Chaucer (em Franklin’s Tales) e Gower (Tale of Rosiphilee), enquanto que a forma 
“romanceada” das histórias de Chrétien des Troyes infl uenciaram os escritores do período co-
nhecido como Middle English,  como, por exemplo, o autor anônimo de Sir Gawain e o Cavaleiro 
Verde (Sir Gawain and the Green Knight).
Ambas as formas, no entanto, se encontravam associadas a uma melodia, e eram recitadas 
com o acompanhamento de uma harpa ou viola. A partir do século XVI, a palavra lai torna-se 
sinônimo de canção, e, no século XIX, passou a designar as baladas de origem históricas, mesmo 
quando não eram acompanhadas por música  como The Lay of the Last Minstrel (1808) de autoria 
de Walter Scott, ou Lays of  Ancient Rome (1842) de Macaulay.
Alegoria & Roman de la Rose
No século XIII, a temática poética torna-se onírica e alegó-
rica, infl uenciada pela  popularidade do poema Roman de la Rose, 
de Guillaume de Lorris (1237). A questão central deste poema 
reside em um sonho de conquista da mulher amada, represen-
tada por uma rosa, e por quem o homem deve superar diversos 
obstáculos, a fi m de conquistar a amada. Este poema infl uenciou 
a maioria dos escritores por todo o século XIV, cuja utilização 
da alegoria e do sonho pode ser encontrada tanto na revelação 
religiosa de Pearl, poema anônimo cuja autoria é atribuída ao es-
critor de Sir Gawain, como no poema Book of Duchess de Geoffrey 
Chaucer. The Book of the Duchess é um poema-narrativa na tradição 
sonho-alegoria, escrito por volta de 1369, por ocasião da morte 
de Blanche, Duquesa de Lancaster, e constitui-se de uma associa-
ção de uma elegia e um encômio:
For holly al the story of  Troye
Was in the glasynge ywroght thus,
Of  Ector and of  kyng Priamu,
Of  Achilles and Lamedon,
And eke of  Medea and of  Jason,
Of  Paris, Eleyne, and of  Lavyne.
 A nd alle the walles with colours fi ne
Were peynted, both text and glose,
Of  al the Romaunce of  the Rose.
The Canterbury Tales
Roman de La Rose

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 55
The Canterbury Tales, ou Contos de Cantuária, também de autoria de Geoffrey Chaucer, 
mencionado no Tema 1 do Bloco 1, é composto de contos narrados por pessoas das mais diver-
sas ocupações reunidas em uma estalagem. As profi ssões dos personagens não incluem nenhuma 
posição extrema, seja acima de um Cavaleiro da corte, seja abaixo de um lavrador. As histórias 
narradas por Chaucer têm um cunho irônico, como pode ser observado em Prioress, que descreve 
uma freira, cujo real interesse na vida era ter um comportamento mundano. 
Ther was als a Nonne, a Prioresse,
That of  her smylyng was ful simple and coy;
Hire gretteste ooth was but by Seinte Loy;
And she was cleped madame Eglentyne.
Ful weel she soong the service dyvyne,
Entuned in hir nose ful seemly,
And Frenssh she spak ful faire and fetisly,
After the scole of  Stratford ate Bowe,
For Frenssh of  Parys was to hire unknowe.
At mete wel ytaught was she with alle;
She leet no morsel from hir lippes falle,
Ne wette hir fyngres in hir sauce depe;
Wel koude she carie a morsel and wel kepe
That no drope ne fi lle upon hir brest.
In curteisie was set ful muchel hir lest.
Hir over-lippe wiped she so clene
That in hir coppe ther was no ferthyng sene
Of  grece, when she drunken hadde hir draughte.
Ful seemly after hir mete she raughte…
A época de Chaucer foi um período conturbado pelos confl itos entre patrões e emprega-
dos. A peste negra havia dizimado as populações camponesas e os barões da terra passaram a 
contratar empregados para fazer o serviço no campo. Com a nova modalidade de trabalho surgiu 
a necessidade de se estabelecer medidas que regulamentassem as condições de trabalho e paga-
mento de salários aos trabalhadores do campo, o Estatuto dos Trabalhadores. A obra de Chaucer 
oferece um comentário, às vezes irônico e velado, desta época.
Chaucer foi considerado um artesão da palavra, responsável pela criação de novas palavras 
e pela introdução de novos vocábulos oriundos de outros idiomas; Sir Brian Tuke, responsável 
pelo prefácio de Contos de Cantuária escreveu sobre Chaucer: suche frutefulnesse in wordes… so swete 
and  pleasaunt sentences… suche sensyble and open style lacking neither maieste ne mediocrite (moderation). 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 56
Os sonetos de Shakespeare
Além de dramaturgo, Shakespeare também foi um grande poeta, tendo escrito uma cole-
tânea de 154 sonetos além de dois poemas narrativos, Vênus e Adônis e O rapto de Lucrécia. Tais 
sonetos, possivelmente colocados na ordem pelo próprio Shakespeare, são considerados por 
críticos como Harold Bloom como “autobiográfi cos e universais, pessoais e impessoais, irônicos 
e apaixonados, bissexual e heterossexual”, demonstrando a ambigüidade do ser humano. Tais 
sonetos se situam entre três categorias distintas: os primeiros cento e vinte e seis sonetos foram 
endereçados a um jovem, presumivelmente ao Earl de Southampton, seu mecenas, e segundo al-
guns, amante; os vinte e seis sonetos seguintes referem-se a uma Dark Lady; e os dois últimos 
falam de Cupido; dentre essas categorias, outros subgrupos podem ser detectados. Entretanto, os 
temas do tempo e da morte sombreiam os primeiros cento e vinte e seis poemas, em que o poeta 
relaciona a contagem arbitrária do tempo pelo individuo e o seu relógio biológico e afi rma que a 
reprodução é a sua única defesa contra a morte.
When I have seen by Time’s fell hand defaced
The rich proud cost of  outworn buried age,
When sometime lofty towers I see down-razed,
And brass eternal slave to mortal rage;
When I have seen the hungry ocean gain
Advantage on the kingdom of  the shore,
And the fi rm soil win of  the wat’ry main,
Increasing store with loss and loss with store;
When I have seen such interchange of  state,
Or state itself  confounded to decay,
Ruin hath taught me thus to ruminate _
That Time will come and take my love away.
Soneto Shakespeare

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 57
This thought is as a death, which cannot choose
But weep to have that which it fears to lose.
Seus sonetos trouxeram uma nova energia à poesia com relação à métrica e a utilização de 
uma estrutura de catorze linhas, e na exploração uma gama de emoções, linguagem, e, sobretu-
do, apontando para a responsabilidade do individuo diante os seus erros, não mais culpando os 
astros e os deuses.
Salientamos, ainda, que a musicalidade dos versos de Shakespeare era bastante propícia a 
uma época em que as pessoas valorizavam as palavras e as melodias. Valorização que reforçou o 
desenvolvimento do idioma inglês que deixava progressivamente de se restringir a uma língua de 
camponeses para se tornar a língua de uma expressiva literatura.
 John Donne & John Milton
Segundo Samuel Taylor Coleridge,
If  you would teach a scholar in the highest form how to read, take Donne… When he has learnt to read 
Donne, with all the force and meaning which are involved in the words, then send him to Milton, and he will stalk 
on like a master enjoying his walk.
John Donne (1573-1631), diácono da Catedral de St. Paul e um grande pregador, tornou-se, 
juntamente com John Milton, um dos autores mais reverenciados da poesia inglesa durante o pe-
ríodo da Restauração (1620-1690). Além de sermões e ensaios, John Donne tornou-se conhecido 
por suas poesias, devotas e eróticas, como, por exemplo, Elegy XIX To His Mistress Going To 
Bed em que compara a amada à recém-descoberta América.
Elegy XIX To His Mistress Going To Bed – John Donne
 Come, madam, come, all rest my powers defy
Until I labor, I in labor lie.
(…)
Now off  with those shoes, and then safely tread
In this love’s hallowed temple, this soft bed.
In such white robes, heaven’s angels used to be
Received by men; thou, Angel, bring’st with thee
(…) 
License  my roving hands , and let them go
Before, behind, between, above, below.
O my America ! my  new-found-land,

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 58
My kingdom, safeliest when  with one man manned,
My mine of  precious stones, my empery,
How blest am I in this discovering thee!
(…)
Then, since that I may know,
As liberally as to a midwife, show
Thyself: cast all, yea, this white linen hence,
Here is no penance, much less innocence.
To teach thee, I am naked fi rst; why than,
What needst thou have more covering than a man.
O texto contém referências bíblicas como a presença de anjos vestidos em branco, e mito-
lógica tal como a história de Atalanta. A escolha de determinados vocábulos e expressões indi-
ciam a ambigüidade da linguagem utilizada, como por exemplo, no verso fi nal, a palavra covering 
que tanto pode signifi car cobertura ou vestimenta, como também a posição de súcuba da mulher 
durante o ato sexual.
John Milton (1608-1674) produziu vários panfl etos defendendo suas idéias políticas e re-
ligiosas e em 1667 escreveu um dos mais conhecidos poemas da língua inglesa, Paradise Lost, 
infl uenciando poetas de gerações posteriores. Seu tema é A Queda, episódio bíblico que narra o 
pecado original.  O poema lida com as conseqüências morais da desobediência, ou a incapacidade 
do individuo de viver de acordo com as leis divinas. Destacamos um pequeno trecho do poema:
Paradise Lost  IX, The Fall from Adam and Eve by John Milton
[ Satan urg’d]: If  they all things, who encl’d
Knowledge of  Good and Evil in this Tree,
That whoso eats thereof, forthwith attains
Wisdom without their leave? And wherein lies
Paradise Lost

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 59
Th’offense, that Man should thus attain to know?
What can your knowledge hurt him, or this Tree
Impart against his will if  all be his?
Or is it envie, and can envie dwell
In heav’nly brests? These, these and many more
Causes import your need of  this fair Fruit.
Goddess humane, reach then, and freely taste.
Considerando-se a teoria de arquétipos, ou de padrões temáticos da literatura, podemos 
dizer que A Queda focaliza o trânsito de um individuo de um estado de pureza para um estado 
de conhecimento ou vivência, em que, através da(s) experiência(s) vivida(s), o sujeito descobre a 
não existência do mundo ideal, ou edênico, caracterizando desta forma a perda da inocência. 
A época da Razão x Romantismo
O Classicismo 
O século XVIII fi cou conhecido como a Era da Razão. De forma panorâmica, podemos 
dizer que este período foi caracterizado pelo desenvolvimento do comércio, a consolidação do 
império, o entrecruzamento entre a classe média e a aristocracia através de casamentos, entre 
outros aspectos que tornavam possível a instituição de um “governo da razão”. 
No âmbito das artes, predominava o Classicismo, cujas características – o predomínio da 
razão sobre as emoções, o culto à forma e a supervalorização das convenções sociais – encon-
tram ressonâncias em um período histórico marcado pela crença no progresso e pela luta por as-
censão social. Um poeta signifi cativo desta época é Alexander Pope (1688-1744). Por um estudo 
de sua biografi a é possível entender algumas dicotomias de uma Inglaterra rigidamente dividida 
pelo catolicismo e protestantismo. Desse modo, Pope que teve uma formação católica e era fi lho 
de pai burguês e que, portanto, gozava dos recursos necessários para investir em sua formação, 
sofria por não poder freqüentar a escola pública e a universidade, que estavam sob o controle da 
Inglaterra protestante, na época, extremamente anti-católica. 
Apesar de algumas condições adversas que encontrou e do seu 
aspecto “feio”, Pope aceitava a vida tal como esta se apresentava e 
a forma que encontrava para esta aceitação era satirizar e, com isso, 
expurgar o seu mal-estar. Sua obra oscila entre fi losófi ca, satírica e 
crítica. Quanto à forma, havia em Pope uma preocupação excessiva, 
a ponto de atribuir-lhe uma importância muito maior do que aquela 
concedida aos seus temas. Ele primava pela perfeição dos versos e 
frases bem elaboradas. Apreciemos um trecho do poema The Rape of 
the Lock
57
  para verifi carmos quão harmônicos são as rimas dos versos 
de Pope.
57  POPE, Alexander. The rape of  the lock. Disponível: http://www-unix.oit.umass.edu/~sconstan/poem1c1.html. Acesso: 31 jan. 07.
 
The Rape of the Lock

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 60
What dire Offence from am’rous Causes springs,
What mighty Contests rise from trivial Things,
I sing-This verse to Caryl, Muse! is due;
This, ev’n Belinda may vouchsafe to view:
Slight is the Subject, but not so the Praise,
If  She inspire, and He approve, my Lays. 
Pope infl uenciou outros poetas em sua época, dentre estes, Oliver Goldsmith (1730-1774), 
George Crabbe (1754-1832) e Samuel Johnson (1790-1784).
O Romantismo
De encontro aos ditames do classicismo, o Romantismo eclodiu a partir da Revolução Fran-
cesa, através da qual protestou-se contra o predomínio de um modo de vida elitista e uma arte 
presa a normas estanques. Assim, ao contrário do clássico, o romântico privilegia a emoção em 
detrimento da razão e sobrepõe às preocupações com as regras sociais, a sua individualidade.
William Blake: um precursor do Romantismo
William Blake (1757-1827) é considerado um dos maiores poetas das letras inglesas. Um de 
seus textos mais famosos é Canções da inocência (Songs of Innocence) ao lado do seu poema (The Tyger). 
Apreciemos um trecho deste poema: 
Tyger! Tyger! Burning bright,
In the forests of  the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry? 
58
Blake foi ainda autor de poemas épicos como Jerusalem e Milton, cujo entendimento é difícil 
sem o domínio do signifi cado de alguns símbolos que os compõem. Além disso, compôs poemas 
breves, que possuem um caráter individual. Alguns desses poemas expressam uma atitude contrá-
58 http://www.cs.rice.edu/~ssiyer/minstrels/poems/66.html

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ria às repressões advindas de instituições monumentais como a lei, a religião e a ciência.       
Poetas românticos
O processo de consolidação do Romantismo na Inglaterra contou com a contribuição de 
alguns importantes poetas, frutos de um sentimento revolucionário que pairava, inspirado na 
Revolução Francesa, como aqui já foi dito, e na fi losofi a de pensadores como Locke, Rousseau e 
Hume. Entre os poetas românticos mais representativos, podem ser citados Wordsworth, Cole-
ridge, Keats, Shelley e Byron.
Wordsworth e Coleridge
William Wordsworth (1770-1850) é considerado um dos fundadores do Romantismo na 
Inglaterra ao lado de Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), com quem publicou as Baladas Líricas. 
As Lyrical Ballads consistem em uma coletânea de poemas dos dois autores mencionados, publica-
da em 1798 com a intenção de escrever um novo tipo de poesia. Entre os poemas que compõem 
esta obra, destacam-se Rime of the Ancient Mariner, de Coleridge, e Tintern Abbey, de Wordsworth. 
Apreciemos algumas estrofes de cada um desses poemas para podermos ilustrar as considerações 
que serão feitas sobre o projeto destes poetas.
Rime of  the Ancient Mariner
 PART I
An ancient Mariner meeteth three Gallants bidden to a wedding-feast, and detaineth one. 
It is an ancient Mariner,
And he stoppeth one of  three.
`By thy long beard and glittering eye,
Now wherefore stopp’st thou me ? 
The Bridegroom’s doors are opened wide,
And I am next of  kin ;
The guests are met, the feast is set :
May’st hear the merry din.’
The Tyger

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 62
He holds him with his skinny hand,
`There was a ship,’ quoth he.
`Hold off  ! unhand me, grey-beard loon !’
Eftsoons his hand dropt he 
59
.
Tintern Abbey 
Five years have past; fi ve summers, with the length
Of  fi ve long winters! and again I hear
These waters, rolling from their mountain-springs
With a soft inland murmur. -- Once again
Do I behold these steep and lofty cliffs,
That on a wild secluded scene impress
Thoughts of  more deep seclusion; and connect
The landscape with the quiet of  the sky.
The day is come when I again repose
Here, under this dark sycamore, and view
These plots of  cottage-ground, these orchard-tufts,
Which at this season, with their unripe fruits,
Are clad in one green hue, and lose themselves
‘Mid groves and copses. Once again I see
These hedge-rows, hardly hedge-rows, little lines
Of  sportive wood run wild: these pastoral farms,
Green to the very door; and wreaths of  smoke
Sent up, in silence, from among the trees!
With some uncertain notice, as might seem
Of  vagrant dwellers in the houseless woods,
Or of  some Hermit’s cave, where by his fi re
The Hermit sits alone
60

Na segunda e terceira edições de Lyrical Ballads, Wordsworth fez signifi cativas considerações 
sobre a proposta estética desta obra. Segundo estes prefácios, a linguagem poética deveria escapar 
a uma dicção artifi cial e ser pautada na linguagem de pessoas comuns, que eram admiradas por 
ele por estarem mais próximas da natureza que ele tanto venerava. Advogava também contra o 
racionalismo e em favor da imaginação, privilegiando sentimentos humanos e o mito. Vale a pena 
59 http://etext.virginia.edu/stc/Coleridge/poems/Rime_Ancient_Mariner.html
60 http://www.blupete.com/Literature/Poetry/WordsworthTinternAbbey.htm. Acesso: 01 fev. 07.

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ler o trecho abaixo destacado de Lyrical Ballads que sumariza as principais propostas deste poeta:
The principal object, then, which I proposed to myself  in these Poems was to choose incidents and situations 
from common life, and to relate or describe them, throughout, as far as was possible, in a selection of language 
really used by men; and, at the same time, to throw over them a certain colouring of imagination, whereby ordinary 
things should be presented to the mind in an unusual way; and, further, and above all, to make these incidents 
and situations interesting by tracing in them, truly though not ostentatiously, the primary laws of our nature: 
chiefl y, as far as regards the manner in which we associate ideas in a state of excitement. Low and rustic life was 
generally chosen, because in that condition, the essential passions of the heart fi nd a better soil in which they can 
attain their maturity, are less under restraint, and speak a plainer and more emphatic language; because in that 
condition of life our elementary feelings co-exist in a state of greater simplicity, and, consequently, may be more 
accurately contemplated, and more forcibly communicated; because the manners of rural life germinate from those 
elementary feelings; and, from the necessary character of rural occupations, are more easily comprehended, and are 
more durable; and lastly, because in that condition the passions of men are incorporated with the beautiful and 
permanent forms of  nature. The language, too, of these men is adopted (purifi ed indeed from what appear to be its 
real  defects, from all lasting and rational causes of dislike or disgust) because such men hourly communicate with 
the best objects from which the best part of language is  originally derived; and because, from their rank in society 
and the sameness and narrow circle of their intercourse, being less under the infl uence of social vanity they  convey 
their feelings and notions in simple and unelaborated expressions. Accordingly, such a language, arising out of 
repeated experience and regular feelings, is a  more permanent, and a far more philosophical language, than that 
which is frequently substituted for it by Poets, who think that they are conferring honour upon  themselves and their 
art, in proportion as they separate themselves from the sympathies of men, and indulge in arbitrary and capricious 
habits of  expression, in order  to furnish food for fi ckle tastes, and fi ckle appetites, of  their own creation
61
 .
No trecho acima citado, podemos salientar alguns conceitos-chave empregados por Wor-
dsworth para tratar de sua proposta. Estes conceitos são a demonstração de uma linguagem que 
era realmente usada pelo homem comum, um tom advindo da mais pura imaginação a partir da 
qual se confi guram imagens incomuns, busca pela expressão de uma vida simples na qual as ver-
dadeiras paixões humanas podem afl orar. 
De acordo com Wordsworth, a poesia deveria revelar não apenas verdades fi losófi cas,  mas 
outras verdades, pois a partir da poesia, o poeta instaura e legitima a sua verdade. Produzir poesia 
deixou de ser, para este poeta, não um hobby, como o era para alguns poetas do século XVIII, 
mas, conforme Anthony Burgess, uma “vocação”
62
 . Pensando deste modo, Wordsworth não se 
dedicou a nenhuma outra atividade, a não ser a de poeta.
Um dos principais lemas de Wordsworth que coincide com suas convicções sobre a “voca-
ção” é a intuição, um certo misticismo apoiado em uma forte crença na natureza. Para este poeta, 
a natureza é a fonte a partir da qual o homem pode estabelecer o seu encontro com Deus. Par-
tindo destes princípios, ele foi considerado um panteísta, ou seja, para ele Deus não estava acima 
dos homens, mas, sim, presente na natureza.  
Em virtude das considerações tecidas sobre o projeto estético e ético de Wordsworth, ele 
é, por vezes, considerado um poeta egocêntrico, que direcionou grande atenção para si mesmo e 
suas próprias experiências. Esta premissa, no entanto, se enfraquece, quando passamos a conhe-
61 http://www.english.upenn.edu/~jenglish/Courses/Spring2001/040/preface1802.html. Acesso: 01 fev. 07.
62 BURGESS, Anthony. Os românticos. In: ______. A literatura inglesa. Tradução Duda Machado. 2. ed. São Paulo: Ática, 2004, p. 198.

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cer que ele defendia uma reforma social, bem como os direitos humanos, que preservam o direito 
à liberdade e expressão individual. Além disso, o eu-lírico de seus poemas não raro exprime os 
impactos diante das mudanças sociais de sua época, em que se verifi ca um constante desenvol-
vimento das classes altas acompanhado pelo progressivo crescimento da pobreza. Afi nal, a sua 
excessiva atenção à natureza pode ser interpretada como uma crítica implícita à sociedade “cor-
rompida”. Não devemos desconsiderar, ainda, que Wordsworth viveu em uma época marcada 
pela Revolução Francesa, de cujos ideais este poeta compartilhou.
Predomina na proposta de Samuel Taylor Coleridge um tom sobrenatural que se distancia 
daquele impresso nos poemas de Wordsworth. Enquanto este pretendia que sua poesia estivesse 
fi rmada no solo dos humildes, em meio a natureza, Coleridge explorava o sobrenatural e o  jus-
tifi cava através de uma “fé poética ”. Ele designou por “fé poética”
63
 a voluntária suspensão da 
descrença por um momento.
Byron
Lord Byron (1788-1824) é um poeta que se tornou uma fi gura lendária na Europa. A bio-
grafi a de Byron encerra um lado heróico do poeta que morreu lutando pela independência grega 
e, por outro lado, escândalos que lhe custaram o exílio da Inglaterra. Este episódio somou-lhe um 
tom satírico, a partir do qual passou a questionar regras sociais e leis de seu país. A sátira compõe 
a tônica das críticas sociais impressas em seu longo poema Don Juan, baseado na lenda de Don 
Juan.  Num outro poema, transcrito em seguida e que foi traduzido por Castro Alves, é possível 
perceber o tom satírico de Byron. Neste poema, o eu lírico propõe que o seu crânio seja usado 
como uma taça, na qual as pessoas possam beber o vinho e a vida, livrando-o de ser comido pelos 
vermes:
Uma taça feita de um crânio humano
 Não recues! De mim não foi-se o espírito... 
Em mim verás - pobre caveira fria -
Único crânio que, ao invés dos vivos, 
Só derrama alegria.
Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte 
63 BURGESS, Anthony. Op. cit., p. 200.
Shelley, Keats e Byron

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Arrancaram da terra os ossos meus. 
Não me insultes! empina-me!... que a larva 
Tem beijos mais sombrios do que os teus.
 
Mais vale guardar o sumo da parreira 
Do que ao verme do chão ser pasto vil; 
- Taça - levar dos Deuses a bebida, 
Que o pasto do réptil. 
 
Que este vaso, onde o espírito brilhava, 
Vá nos outros o espírito acender. 
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro 
...Podeis de vinho o encher! 
 
Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça, 
Quando tu e os teus fordes nos fossos, 
Pode do abraço te livrar da terra, 
E ébria folgando profanar teus ossos.
 
E por que não? Se no correr da vida 
Tanto mal, tanta dor ai repousa? 
É bom fugindo à podridão do lado 
Servir na morte enfi m p’ra alguma coisa!...
  Lord Byron
(Tradução de Castro Alves)
Shelley
Shelley revelou, desde muito cedo, o seu espírito revolucionário. Este caráter foi expresso, 
em especial, em seus poemas mais longos, a exemplo de Prometeu acorrentado, A revolta do Islã e 
Hélade, que tematizam a revolta e uma humanidade que sofre por se sentir oprimida. Além deste 
tema, Shelley fala em seus poemas sobre a Beleza e o Amor. 

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Keats
A poesia de John Keats (1795-1821) apresenta um tom sensual e revela o seu paganismo, 
alimentado por uma forte crença nos deuses da Grécia Antiga. Seus principais são, conforme 
Anthony Burgess, “a beleza na arte e na natureza; o desejo de morte; amores felizes e infelizes; o 
encanto do passado clássico”
64
. Seus poemas não raro revelam um forte sofrimento que advém 
tanto da certeza de que a beleza não é eterna, quanto das incertezas e indefi nições suscitadas pelo 
amor. Identifi ca-se nele, ainda, uma forte melancolia, tal como a expressa em When I have fears that 
I may cease to be. Assim como pela sua poesia Keats melhor pôde traduzir a sua melancolia, apenas 
através da leitura do poema pode é possível apreendê-la. 
 When I have fears that I may cease to be
When I have fears that I may cease to be
Before my pen has glean’d my teeming brain,
Before high-piled books in charact’ry
Hold like rich garners the full ripen’d grain;
When I behold upon the night’s starr’d face
Huge cloudy symbols of  a high romance,
And think that I may never live to trace
Their shadows with the magic hand of  chance;
And when I feel, fair creature of  an hour,
That I shall never look upon thee more,
Never have relish in the faery power
Of  unrefl ecting love; — then on the shore
Of  the wide world I stand alone, and think
Till love and fame to nothingness do sink
65
 .
Alguns outros representativos poemas são Ode a um rouxinol, Ode à melancolia e Ode a 
uma urna grega.  
64 Op. cit., p. 204. 
65 http://etext.library.adelaide.edu.au/k/keats/john/poems/when-i-have-fears.html

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A POESIA NORTE AMERICANA
No período que se estende desde 1640 até 1700, aproximadamente, surge a poesia norte 
americana, caracterizada pelos ideais Puritanos. Trata-se de uma poesia que tem por objetivo a 
divulgação dos princípios do calvinismo, em que abundam clichês bíblicos e clássicos, seguindo o 
modelo literário inglês. Dentre eles mencionamos o The Bay Psalm Book (1640), The Day of Doom 
e  In Reference to Her Children, de Anne Bradstreet (1612-1672), uma afi rmação das benesses da 
maternidade e do casamento. 
Romantismo
É a partir de do Romantismo (1820-1865) que a poesia americana desponta como sin-
gular, embora ainda fortemente infl uenciada pelos poetas românticos ingleses, particularmente 
Coleridge e Wordsworth. No interstício entre a poesia puritana e o surgimento do romantismo 
americano destaca-se Phillis Wheatley (1753-1784), a primeira escritora afro-americana, que, in-
fl uenciada por Milton e Pope, utiliza versos brancos e que tem como temas poéticos a salvação, 
a liberdade política na nova nação, e o orgulho afro-americano.
O primeiro americano considerado como um grande poeta pela crítica foi William Cullen 
Bryant (1798-1878), autor de poemas como Thanatopsis,(1814), ou uma visão da morte, cuja 
adoção de versos brancos e cuidadosamente rimados deve-se a  infl uência dos chamados poetas 
britânicos do Graveyard School .
Os temas privilegiados pelo Romantismo norte americano foram:
1. A intuição é mais confi ável que a razão;
2. expressar profundamente as experiências vividas é mais valoroso que a elaboração de 
princípios universais;
3. o individuo está situado no centro do universo e Deus se encontra no centro do 
indivíduo;
4. a natureza é uma gama de símbolos físicos dos quais o conhecimento do sobrenatural 
pode ser intuído;
5. podemos desejar o Ideal, mudando o que é pelo o que devia ser.
Romantismo

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Ralph Waldo Emerson (1803-82) foi o mais importante interlocutor desses preceitos, para 
quem o poema deveria apresentar imagens concretas, representando símbolos. Seu livro, Natu-
re, publicado em 1836 é uma afi rmação dos fundamentos do transcendentalismo e propunha a 
noção que as coisas seriam uma miniatura do universo, e a crença na força da intuição de cada 
individuo.
Transcendentalismo
Como um sistema organizado de idéias, o transcendentalismo objetivava criar uma literatu-
ra exclusivamente americana, libertando-se da infl uência européia, notadamente a inglesa. Lidera-
do por escritores da Nova Inglaterra, muitos dos seus seguidores se encontravam envolvidos em 
reformas sociais, particularmente aqueles que diziam respeito ao movimento abolicionista e em 
prol dos direitos das mulheres (o termo “feminismo” só foi cunhado décadas depois, na França). 
Esses autores se encontravam  envolvidos em tais movimentos pelo fato de acreditarem que todo 
ser humano tem direito a buscar a liberdade, conhecimento e a verdade. Segundo Ralph Waldo 
Emerson,
We will walk on our own feet; we will work with our own hands; we will speak our own minds...A nation 
of  men will for the fi rst time exist, because each believes himself inspired by the Divine Soul which also inspires 
all men.
O movimento obteve um grande alcance tendo infl uenciado diversos poetas como Walt 
Whitman (1819-92), dentre outros.
Edgar Allan Poe e O Corvo
Embora não esteja especifi camente incluído neste grupo, Edgar Allan Poe (1809-49) foi um 
escritor que se destacou por suas obras em prosa e verso, e vem suscitando, através dos séculos, 
emoções relacionadas ao terror, ao maravilhoso, e ao espantoso. Seu poema mais conhecido, O 
Corvo (The Raven), conta a história de um homem que, certa feita, tarde da noite, recebeu a visita 
misteriosa de um pássaro que dizia: Nevermore! (nunca mais!) e que o remetia ao sentimento de 
Edgar Allan Poe

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 69
perda deixado pela morte da bela amada. Este poema foi traduzido para o português por Macha-
do de Assis e Fernando Pessoa, além de outros autores, e tem sido uma referência intertextual de 
diversos escritos, como em Love Minus Zero-No Limit, composição de Bob Dylan  na década de 
1960
66
.  
Tendo infl uenciado sobremaneira os modernistas, Edgar Allan Poe foi também ensaísta de 
prestígio. 
A respeito de O Corvo, Poe escreveu o texto The Philosophy of Composition, no qual relata, 
minuciosamente, como num “problema matemático”, os procedimentos utilizados para a escrita 
deste poema, os quais acredita poder reconstituir. Desse modo, Poe comenta a preocupação que 
antecipou a composição do poema sobre a sua extensão, que deveria manter uma certa “unici-
dade de impressão”, ou seja, o seu “efeito”, e, portanto, teria cerca de cem linhas, que consisti-
ram, de fato em cento e oito linhas. Em seguida, fala sobre a confi guração do espaço, que seria 
limitado a um único e pequeno cenário para garantir o efeito, o que realmente acabou sendo um 
quarto. Seguiu-se, então, a escolha da impressão, que, conforme a sua intenção, deveria ser uni-
versal. Assim, escolheu um tema unânime entre os poetas, ou seja, a Beleza. O próximo passo 
seria a atribuição de um “tom” à sua composição, que teria que ser elevado. Foi assim pensando 
que se decidiu pela melancolia e, a partir dela, extraiu a imagem da mais expressiva melancolia, 
qual seja, a morte. Reunidos temas e tom, Poe forjou, então, o motivo: a melancolia sentida pela 
morte de uma bela mulher, não esquecendo de mencionar a escolha criteriosa de uma palavra que 
denotasse um som fúnebre “nevermore” (nunca mais), que rima com o nome da amada Lenore, 
a ser pronunciada por um corvo.        
Após esta bela descrição do procedimento utilizado para escrever O Corvo, é válido, senão 
inevitável, lermos algumas estrofes deste poema.
The Raven
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary, 
Over many a quaint and curious volume of  forgotten lore — 
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of  some one gently rapping, rapping at my chamber door.
“ ’Tis some visiter,” I muttered, “tapping at my chamber door — 
                                                    Only this and nothing more.” 
[…]
Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer, 
“Sir,” said I, “or Madam, truly your forgiveness I implore ; 
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping, 
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door, 
That I scarce was sure I heard you” — here I opened wide the door ; —— 
                                                    Darkness there and nothing more. 
66 …My love, she’s like some raven, at my window with a broken wing. DYLAN, Bob. Love Minus Zero-No Limit 1965.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 70
Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing, 
Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before; 
But the silence was unbroken, and the stillness gave no token, 
And the only word there spoken was the whispered word, “Lenore ?” 
This I whispered, and an echo murmured back the word, “Lenore !” —
                                                            Merely this and nothing more. 
[…]
Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling, 
By the grave and stern decorum of  the countenance it wore, 
“Though thy crest be shorn and shaven, thou,” I said, “art sure no craven, 
Ghastly grim and ancient Raven wandering from the Nightly shore — 
Tell me what thy lordly name is on the Night’s Plutonian shore !” 
                                                   Quoth the Raven “Nevermore.” 
[…]
“Prophet!” said I, “thing of  evil! — prophet still, if  bird or devil! — 
Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore, 
Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted — 
On this home by Horror haunted — tell me truly, I implore — 
Is there — is there balm in Gilead ? — tell me — tell me, I implore !” 
                                                            Quoth the Raven, “Nevermore.” 
[…]
And the Raven, never fl itting, still is sitting, still is sitting 
On the pallid bust of  Pallas just above my chamber door; 
And his eyes have all the seeming of  a demon’s that is dreaming, 
And the lamp-light o’er him streaming throws his shadow on the fl oor; 
And my soul from out that shadow that lies fl oating on the fl oor 
                                                            Shall be lifted — nevermore! 
67
Em seu texto The Poetic Principle, procura estabelecer o valor de um poema. Neste ensaio, 
Poe declara que o valor do poema se encontra no poder de enlevar o leitor, não podendo, por-
tanto, se tratar de um poema longo, o que promoveria enfado. Ressalva, porém, poemas longos 
como Paradise Lost de Milton e a Ilíada, entre outros, declarando que se tratam de composições 
englobando poemas menores e, ao mesmo tempo, alertando para a tendência epigramática de um 
poema muito curto. Poe reconhece que, embora o sentimento poético esteja presente na pintura, 
escultura, arquitetura, dança, é, contudo, na música que este se desenvolve mais especifi camente, 
67 POE, Edgar Allan. The Raven. Disponível: http://www.eapoe.org/works/POEMS/ravenw. htm. Acesso: 01 fev. 07.  

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pela sua afi nidade com a poesia através do ritmo, métrica e rima. Segundo Poe, é através da Mú-
sica que a alma alcança o objetivo inspirado pelo sentimento poético: a criação da Beleza Supra 
(Supernal Beauty).
It is in Music perhaps that the soul most nearly attains the great end for which, when inspired by the Poetic 
Sentiment, it struggles — the creation of supernal Beauty. It may be, indeed, that here this sublime end is, now 
and then, attained in fact. We are often made to feel, with a shivering delight, that from an earthly harp are stri-
cken notes which cannot have been unfamiliar to the angels. And thus there can be little doubt that in the union of 
Poetry with Music in its popular sense, we shall fi nd the widest fi eld for the Poetic development
68
 .     
A Nova Poesia Americana 
A poesia americana emerge dissociada da infl uência inglesa através das obras de poetas 
como Walt Whitman (1819-92) e Emily Dickinson (1830-86). Ambos os autores são represen-
tantes da recém-surgida poesia americana, que se caracteriza pela métrica livre e a expressão 
emocional de Walt Whitman, e a ironia e aforismo de Emily Dickinson, fatores que, por sua vez, 
irão marcar a poesia americana do século XX.
Emily Dickinson foi uma profunda observadora da natureza, objeto de sua temática; curio-
samente, seus poemas não tinham título, e foram, em sua maioria, publicados após a sua morte.
There’s a certain Slant of  light
There’s a certain Slant of  light,
Winter Afternoons – 
That oppresses, like the Heft
Of  Cathedral Tunes – 
(…)
When it comes, the Landscape listens – 
Shadows – hold their breath – 
When it goes, ‘tis like the Distance
On the look of  Death – 
69
  
Walt Whitman foi, provavelmente, o autor que mais exerceu a sua infl uência nos poetas 
das gerações posteriores, e sua obra foi considerada como audaciosa. Whitman abandonou as 
estruturas métricas herdadas da poesia européia e privilegiou o estilo livre de versos, irregular, 
entretanto, ritmado. Seu posicionamento fi losófi co era o de que os Estados Unidos da América 
“estava predestinado a reinventar o mundo como emancipador e liberador do espírito humano”; 
e  afi rmou: Rhymes and rhymers pass away _ ... America justifi es itself, give it time...
O seu mais conhecido poema, Leaves of Grass foi editado em 1855, separados em 52 se-
ções, uma para cada semana do ano; eis um recorte de Beginners, seção do poema mencionado:
68 POE, Edgar A. The Poetic Principle. http://knowingpoe.thinkport.org/default_fl ash.asp Acesso: 16 mar 06, p. 8.
69 DICKINSON, Emily. http://www.bartleby.com/113/

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 72
HOW they are provided for upon the earth, (appearing at intervals;) 
How dear and dreadful they are to the earth; 
How they inure to themselves as much as to any—What a paradox appears their age; 
How people respond to them, yet know them not; 
How there is something relentless in their fate, all times;
How all times mischoose the objects of  their adulation and reward, 
And how the same inexorable price must still be paid for the same great purchase.
70
 
Este modelo, associado à infl uência da poesia francesa do século XIX, deu origem ao mo-
dernismo americano no século XX, movimento liderado por Ezra Pound (1885-1972) e T.S. Eliot 
(1888-1965), tendo como adeptos escritores como Gertrude Stein (1874-1946), e E.E. Cummin-
gs (1894-1962) entre outros. O modernismo é um termo utilizado para designar um movimento 
internacional que dominou as artes até aproximadamente 1950, e que tem como característica 
principal a rejeição da tradição e uma atitude hostil com relação ao passado. Este movimento, 
nos Estados Unidos, deu origem a duas vertentes: o “objetivismo” e o “imagismo”. Na década 
de 1930, os poetas modernistas como Louis Zukofsky, Kenneth Rexroth, e outros, adotaram o 
termo objectivist para designar um grupo de escritores, muitos dos quais oriundos de comunidades 
urbanas de novos imigrantes, que, com o acréscimo de novas expressões e vocábulos contribuí-
ram signifi cativamente para o enriquecimento da linguagem poética utilizada pelo grupo. A outra 
vertente do modernismo era o Imagism, que, baseado nas técnicas da poesia chinesa clássica e 
japonesa, enfatizava a clareza de expressão através da utilização de uma imagem visual precisa, 
muitas vezes ignorando a rima e a métrica a fi m de, segundo Pound, de “compor numa seqüência 
de frases musicais, ao invés de uma seqüência métrica”.
71
  Citamos, como exemplo, o poema In a 
station of  the Metro de Ezra Pound: 
The apparition of  these faces in the crowd;
Petals on a wet, black bough. 
T.S.Eliot (1888-1965) foi um dos expoentes do modernismo, como poeta e ensaísta. O 
seu ensaio Tradição e Talento Individual esboça a base do conceito de distanciamento que a crítica 
literária deve ter em relação a fi gura do autor como sujeito. Eliot escrevia versos diretos e obje-
tivos e, em 1922, publica o seu mais conhecido poema, The Waste Land. O poema encontra-se 
dividido em cinco partes, repletas de alusões, promovendo um efeito de ampla signifi cação com 
a utilização de poucas palavras. Citamos, abaixo, um pequeno trecho da primeira parte do poema 
mencionado:
I. The Burial of  the Dead 
April is the cruellest month, breeding
Lilacs out of  the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain. 
70 WHITMAN, Walt. Beginners In: Leaves of  Grass. : http://www.americanpoems.com/poets/waltwhitman/13305
71 SIMON, Sonia. Tradução livre. POUND, Ezra: Compose in the sequence of  the musical phrase, not in the sequence of  the metronome.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 73
Winter kept us warm, covering 
Earth in forgetful snow, feeding 
A little life with dried tubers. 
Summer surprised us, coming over the Starnbergersee 
With a shower of  rain; we stopped in the colonnade, 
And went on in sunlight, into the Hofgarten, 
And drank coffee, and talked for an hour.
Bin gar kine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch. 
And when we were children, staying at the archduke’s, 
My cousin’s, he took me out on a sled,
And I was frightened. He said, Marie, 
Marie, hold on tight. And down we went. 
In the mountains, there you feel free. 
I read, much of  the night, and go south in the winter.
Nos primeiros anos da década de 1920 surgiu o New Criticism, conceito criado por poetas 
não alinhados a corrente modernista como Robert Penn Warren(1905-1989), Allen Tate(1899-
1979), e Archibald MacLeish(1892-1982). O New Criticism tornou-se a vertente dominante da 
critica literária americana e britânica até os anos 60, tendo como características o experimento 
de técnicas modernistas combinadas ao modo tradicional de escrita, e, principalmente, a rejeição 
da crítica literária baseada em fontes extra-textuais, especialmente as biográfi cas, advogando o 
estudo dos textos e o close-reading (leitura imanente).
Portanto, em o New Criticism, o desejo ou intenção do autor não deve ser tomado como pa-
drão para o julgamento de uma obra literária; o poema não “pertence” ao autor, ao invés disso, o 
texto torna-se independente do seu autor desde o seu nascimento, ganhando “vida própria”, sem 
que o autor tenha controle ou poder sobre ele. A análise de um determinado texto deve se ater as 
palavras do próprio texto e as informações provenientes de outras fontes devem ser descartadas 
como irrelevantes, pois desviam o foco do texto em si. Os conceitos chave são a ambigüidade, 
fundamental porque aponta para a multiplicidade de signifi cados presentes no texto, e a falácia 
intencional (The intentional fallacy), ou a negação da suposta intenção do autor, e sua importância, 
ponto que se tornou crítico para as futuras gerações dos adeptos do New Criticism. 
Após as grandes guerras mundiais, a poesia americana tende a brotar da experiência real, 
concreta, retomando a forma tradicional como em Elizabeth Bishop (1911-1979) e Theodore 
Roethke (1908-1963). Outros movimentos surgem como o Confessional Movement, em que abor-
dam temas íntimos do próprio poeta como doenças, sexualidade, problemas particulares, ou seja, 
experiências de vida escritas conscientemente e cuidadosamente trabalhadas. Este movimento 
infl uenciou artistas como Sylvia Plath (1932-1963), Anne Sexton (1928-1974), entre outros. Allen 
Ginsberg explicou a sua interpretação da Poesia Confessional em um verso do seu poema Howl, 
que diz, 
[to] stand before you speechless and intelligent and shaking with shame, rejected yet confessing out the soul 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 74
to conform to the rhythm of  thought in his naked and endless head. 
Nas poesias confessionais embora o “eu” seja autobiográfi co, não se pode esquecer que a 
fi cção, ou fantasia, faz parte da tessitura do poema; na poesia confessional não é apenas o tema 
em si que a caracteriza, mas, principalmente, como este é explorado. Sylvia Plath, pós-modernista 
que sofreu infl uência da poesia confessional, expressa as emoções em seus poemas de modo am-
bíguo e ambivalente, como podemos verifi car nas primeiras estrofes do poema Daddy, em que a 
autora fala de seu próprio pai, alemão, morto quando ela ainda era criança. 
Daddy by Sylvia Plath
You do not do, you do not do
Any more, black shoe
In which I have lived like a foot
For thirty years, poor and white,
Barely daring to breathe or Achoo.
Daddy, I have had to kill you
You died before I had time ______
Marble-heavy, a bag full of  God,
Ghastly statue with one grey toe
Big as a Frisco seal
(…)
A POESIA BEAT
É no período pós-guerra que surgem os movimentos Beat  e Black Mountain que incluiram 
fi guras renomadas como Allen Ginsberg(1926-1997), Charles Olson(1910-1970), entre outros; a 
poesia beat se caracterizou pela utilização de uma linguagem ainda mais simplifi cada e objetiva, 
e refl etia a sociedade mais “aberta” e complacente dos anos 1950s e 60s;  os poetas do Black 
Mountain seguiam os preceitos anunciados por Olson em Projective Verse, cujo modelo de escrita 
prescrevia percepções justapostas em uma linguagem experimental - são considerados os herdei-
ros dos objetivistas. Representantes de ambas as vertentes estiveram envolvidos no San Francisco 
Renaissance, um caldeirão de atividades artísticas experimentais e que contou com a participação 
de Charles Bukowski (1920-1994). Destacamos, desta época, os primeiros versos da primeira 
parte do poema Howl de Allen Ginsberg, 

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 75
HOWL
                    For Carl Solomon 
       I saw the best minds of  my generation destroyed by 
              madness, starving hysterical naked, 
       dragging themselves through the negro streets at dawn 
              looking for an angry fi x, 
       angelheaded hipsters burning for the ancient heavenly 
              connection to the starry dynamo in the machin- 
              ery of  night, 
       who poverty and tatters and hollow-eyed and high sat 
              up smoking in the supernatural darkness of  
              cold-water fl ats fl oating across the tops of  cities 
              contemplating jazz, 
        (…)
       who wandered around and around at midnight in the 
              railroad yard wondering where to go, and went, 
              leaving no broken hearts, 
       who lounged hungry and lonesome through Houston 
              seeking jazz or sex or soup, and followed the 
              brilliant Spaniard to converse about America 
              and Eternity, a hopeless task, and so took ship 
              to Africa, 
       (…)
       who let themselves be fucked in the ass by saintly 
              motorcyclists, and screamed with joy, 
       who blew and were blown by those human seraphim, 
              the sailors, caresses of  Atlantic and Caribbean 
              love, 
       (…)
O poema é longo, e se divide em três partes: a mais conhecida, a primeira parte, é dedicada 
à cenas e situações que se reportam à vida pessoal do poeta, incluíndo personagens pertencentes 
ao ambiente artístico e político freqüentado por Ginsberg, além de pacientes de instituições psi-
quiátricas e dependentes químicos conhecidos pelo artista nos idos de 40s e no inicio dos anos 
50. A segunda parte, denominada Moloch, foi escrita sob o efeito de uma substância alucinógena, 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 76
o peyote, que suscitou em Ginsberg a visão de uma fachada monstruosa de um hotel. Essa aluci-
nação foi nomeada pelo poeta como Moloch, personagem bíblico do livro de Leviticus em honra 
de quem os caananitas sacrifi cavam crianças; Moloch também é um personagem demoníaco do 
fi lme Metropole de Fritz Lang, e que Ginsberg reconhecia como infl uencia em Howl. A terceira 
parte é diretamente dirigida a Carl Solomon, individuo a quem o poema é dedicado, internado no 
mesmo hospital psiquiátrico onde se encontrava a mãe do autor.
O movimento beat infl uenciou toda a cultura produzida nas décadas seguintes, como é pos-
sível verifi car nas músicas compostas por Bob Dylan dos anos 60, como It’s Alright, Ma, Blowin’ 
in the Wind, Times are changing; e no cinema, como em Sem Destino (Easy Rider) dirigido por Dennis 
Hopper.
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
Um grande número de tendências tem surgido na poesia americana das últimas décadas, 
muitas delas emergentes de movimentos anteriores. Na década de 1970 houve uma retomada de 
interesse pelo surrealismo; dos movimentos beat e hippie surgiu a poesia performática, movimento 
que abraça o multiculturalismo; a poesia  L=A=N=G=U=A=G=E  , o mais controverso de to-
dos os movimentos, que tem como elemento central a linguagem questionando o seu referencial 
e a dominância da sentença como a unidade básica da sintaxe, em detrimento do sentido e con-
texto - nesta vertente encontra-se um grande número de poetas  do sexo feminino e afro-ame-
ricanos. Os Novos Formalistas, grupo de poetas associados que propõe um retorno à métrica e 
rima tradicionais surge na década de 1980; em Chicago, o slam poetry, formatação de espetáculos 
competitivos de poesia performática que enfatiza uma poética de fácil entendimento baseada na 
linguagem falada, abordando tópicos polêmicos e atuais.
Dos autores ingleses contemporâneos destacamos Philip Larkin (1922-85) e Simon Armi-
tage (1963- ) cuja linguagem coloquial é característica da poesia mainstream. 
This Be the Verse by P. Larkin, 1990.
They fuck you up, your mum and dad.
They may not mean to, but they do.
They fi ll you with the faults they had
And add some extra, just for you.
But they were fucked up in their turn
By fools in old-style hats and coats.
Who half  the time were soppy-stern
And half  at one another’s throats.
Por outro lado, infl uenciada pelos movimentos americanos modernista e beat, o surgimento 

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 77
de focos de produção poética alternativa ou non-mainstream em algumas cidades da Inglaterra 
durante as décadas de 60 e 70 ocasionou o que Eric Mottram, crítico inglês, denominou de British 
Poetry Revival. Esses autores publicam de forma alternativa, não estão inseridos nas resenhas 
literárias tradicionais. Citamos trechos do poema Place, Book 1 de Allen Fisher(1944 - ), em que 
se pode notar as diferenças em composição no que se refere a rima, construção das estrofes e as 
idéias fragmentadas.
the earth spins too slow for us
the day’s come-and-go     directs our tiredness 
                                                 this is new to us
                                                          This place
it wasn’t yesterday
          but soon we will recall why the land governed us
Poetry, at the best, does us a kind of violence that prose fi ction rarely attempts or accomplishes. The Roman-
tics understood this as the proper work of poetry: to startle us out of our sleep-of-death into a more capacious sense 
of  life. There is no better motive for reading and rereading the best of  our poetry.(BLOOM, 2000, p.142)
Qual o modelo de origem celta que fl oresceu entre os séculos XII e XIV na Inglaterra?1.
Atividade Complementar
 Qual era a proposta de Wordsworth expressa em seus prefácios de Lyrical Ballads?2.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 78
Quais os temas abordados pelo Romantismo norte americano?3.
 Qual a principal característica do New Criticism?4.
 Quais as principais vertentes literárias do modernismo norte americano?5.
Sites indicados
Emily Dickinson:
http://www.bartleby.com/113/
Walt Whitman:
http://www.americanpoems.com/poets/waltwhitman/13305
Edgar A. Poe: The Poetic Principle.
http://knowingpoe.thinkport.org/default_fl ash.asp
Transcendentalismo:
http://www.transcendentalists.com/what.htm 
William Blake:
http://www.cs.rice.edu/~ssiyer/minstrels/poems/66.html

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 79
Filmes indicados
- No Direction Home (documentário sobre Bob Dylan com depoimentos 
de Allen Ginsberg). Direção: Martin Scorcese.
- Sem Destino (Easy Rider). Direção & Produção: Peter Fonda & 
Dennis Hopper.
- Sociedade dos Poetas Mortos.
O TEATRO
SHAKESPEARE
O teatro antes de Shakespeare
Entre os séculos X e XI, o teatro começou a ser desenvolvido na Inglaterra. As primeiras 
peças traziam temas religiosos, compondo o chamado teatro litúrgico. Neste teatro há dois tipos 
de peças, quais sejam, os Ciclos misteriosos (Mystery Cycles), que contavam histórias bíblicas, e as 
Peças de milagres (Miracle plays), que falavam sobre a vida de santos.
Estas peças, escritas conforme a língua falada, eram encenadas com o objetivo de doutrinar 
a população, que geralmente não conseguia entender os ensinamentos transmitidos pela Bíblia ou 
mesmo pelas missas, já que eram escritas e proferidas, respectivamente, em latim. O objetivo da 
encenação destas peças era transmitir ensinamentos religiosos conforme a Bíblia e o Catolicismo, 
religião que ainda predominava nesta época.
A partir do reinado de Henry VIII, estas peças foram banidas, pois começa o processo de 
instauração do Protestantismo. O rompimento com a Igreja Católica ocorreu quando este rei teve 
o seu pedido de separação de Katharine of Aragon negado pelo Papa, levando-o a voltar-se para 
a fi xação da Igreja Anglicana.  
Salientamos que a preocupação do rei Henry VIII em banir as peças teatrais religiosas de-
nota o poder que o teatro exercia para fortalecer os ideais da Igreja Católica. Este fato demonstra 
que a literatura sempre é perpassada por questões ideológicas que exercem infl uência sobre as 
pessoas, podendo ser usadas, muitas vezes, como forma de dominação, ou, como mostraram os 
românticos, enquanto instrumento de revolta contra uma ordem vigente.  
A Reforma e o Teatro
A expansão da Igreja Protestante, no século XVI, como uma reação aos dogmas da Igreja 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 80
Católica, fi cou conhecida como Reforma (Reformation). Podemos afi rmar que esta “reforma” es-
tendeu-se também à forma de produzir teatro e à sua fi nalidade. Pois, para o rei Henry VIII, as 
peças apresentavam-se como uma boa estratégia para divertir e impressionar a corte e reis visi-
tantes. Assim, o teatro que antes era voltado para o doutrinamento religioso passou a se destinar 
à diversão e foi denominado Secular Drama.
Formaram-se, nesta era, companhias de atores, como The Admiral’s Man e The Lord 
Chamberlain’s Man, mantidas por nobres, sob o incentivo da fi lha de Henry VIII, Elizabeth I. A 
encenação das peças era inicialmente feita em estalagens fechadas, mas logo teatros começaram 
a ser erguidos em Londres, a exemplo de The Theater, em 1576. A estrutura dos teatros tinha 
um modelo circular e era em sua maior parte descoberta. Foi neste contexto que surgiu um dos 
maiores dramaturgos do mundo e, certamente, um dos mais conhecidos no universo das literatu-
ras anglófonas, William Shakespeare.
A era Elizabetana (1485-1625)
A chamada Era Elizabetana abrange o período de 1485 a 1625, quando a Inglaterra e a Ir-
landa estiveram sob a predominância da Dinastia de Tudor, iniciada com o rei Henry VII (1485-
1509), sucedido por Henry VIII (1509-1547) e seus fi lhos Edward VI (1547-1553), Mary (1553-
1558) e Elizabeth I (1558-1603). Apesar de ser assim denominado, o reinado da Rainha Elizabeth 
ocorreu apenas entre 1558 e 1603. Ressaltamos que este período fi cou conhecido como Era 
Elizabetana por ter sido o reinado da Rainha Elizabeth o mais longo, mas, sobretudo, por ter 
sido caracterizado como uma fase de mudanças políticas, religiosas – foi nesta época que houve 
a consolidação do Protestantismo –, econômicas e culturais. Além disso, devemos considerar o 
pulso fi rme da rainha que enfrentou com bravura diversos perigos que ameaçavam a Inglaterra, 
a exemplo da batalha bem sucedida travada com Felipe II, o rei da Espanha, que era ressentido 
pelas conquistas marítimas inglesas e, como rei de um país católico, pela expansão do Protestan-
tismo. Há uma célebre frase proferida pela Rainha diante da Armada da Espanha, que revela um 
forte sentimento de patriotismo que perpassou a sua era:
I know I have the body of a weak and feeble woman, but I have the heart and stomach of a King, and 
of  a King of England, too, and think foul scorn that Parma or Spain or any Prince of Europe should dare to 
invade the borders of  my realm.
As mencionadas conquistas marítimas levaram este período a ser também chamado de a 
Era do mar (Age of the Sea), em virtude da expansão no Velho e Novo Mundo. Em virtude das 
conquistas, a Inglaterra passou de uma nação de economia de base agrária para uma grande na-
ção comercial. A classe média, que começou a despontar na época de Chaucer, tornou-se rica e 
passou a disputar, ao invés de riquezas territoriais, uma posição política.  
O Renascimento
O período de ascensão da burguesia, o patriotismo e uma outra alternativa de religião leva-
ram a sociedade elizabetana à concepção de que o homem devia ser o centro de tudo. Um ideal 
que encontra ressonâncias no Renascimento (Renaissance), que consistiu, como o próprio nome 
indica, na revisitação, ou seja, no renascimento da cultura grega e romana.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 81
William Shakespeare (1564-1616) 
                           Ele não era de uma época, mas de todos os tempos. 
                                                                           Ben Jonson.
William Shakespeare (1564-1616) é considerado o supremo dramaturgo de todos os tem-
pos, tendo sido também poeta. As principais obras de Shakespeare e o respectivo ano estimado 
de produção se encontram no quadro abaixo:
William Shakespeare
Título Ano
Péricles, príncipe de Tiro                                          1590
Henrique VI (1, 2, e 3ª partes)                                1590-1
A comédia dos erros                                                    1592
Trabalhos de amor perdidos                                          1592
O rei Ricardo II                                                     1593 
A tragédia do rei Ricardo III                                          1593
A Megera Domada                                                     1596
A tragédia de Romeu e Julieta                                         1596
O Mercador de Veneza                                          1597
O Rei Henrique IV (1 e 2ª parte)                             1597-8
A vida e a morte do rei João                                          1598
A vida do rei Henrique V                                          1599
Muito ruído por nada                                                     1600

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 82
Hamlet, príncipe da Dinamarca                              1600
As alegres comadres de Windsor                              1601
Troilo e Créssida                                                    1602
O Rei Henrique VIII                                                    1603
Medida por medida                                                    1603
Otelo, o mouro de Veneza                                         1604
O Rei Lear                                                               1605
A Tragédia de Macbeth                                         1606
Júlio César                                                               1607
Antônio e Cleópatra                                                    1608
Coriolano                                                              1610
Timão de Atenas                                                    1610
A Tempestade                                                               1612
Suas peças foram categorizadas por conteúdo: história, tragédia e comédia. As peças his-
tóricas contemplam períodos importantes da História da Inglaterra como O rei Ricardo II e O rei 
Henrique IV; outras têm como tema histórias clássicas como Troilo e Créssida e Antonio e Cleópatra. 
Dentre as tragédias destacamos Otelo, Hamlet, Rei Lear, Romeu e Julieta entre outras, e entre as co-
médias, A Megera Domada, A Comédia dos Erros, etc.
Os hábitos das personagens e locais da ação dão indicações a respeito do gênero dramático; 
assim é que as histórias e as tragédias acontecem nos campos de batalha, castelos, e aposentos 
reais, enquanto que nas comédias presenciamos os jogos de palavra (trocadilhos) e a comicidade 
exagerada.
A obra de Shakespeare tem como característica a representação da complexidade do ser 
humano em diversas situações, o que, possivelmente, explica a capacidade de diálogo com as 
diferentes gerações, ou a sua eterna contemporaneidade. Segundo Northrop Frye, as peças de 
Shakespeare não devem ser analisadas unicamente sob o ponto de vista histórico sob o risco de se 
ignorar a contemporaneidade dos personagens e das situações; por outro lado, não se considerar 
o aspecto histórico seria deixar de observar a complexidade da realidade social e histórica que 
deu origem a um texto de valor universal. Isto equivale a dizer que não podemos deixar de ter 
em mente o período histórico em que viveu Shakespeare, mas é preciso observar a apresentação 
de questões universais e sentimentos humanos, como o ciúme, a inveja, o ódio, a ambição, que 
tornaram o seu teatro universal. Algumas de suas personagens podem ser consideradas verdadei-
ras metáforas dos sentimentos mencionados, a exemplo do ciúme que, na literatura, não raro é 
associado a Otelo, como atesta o texto de Machado de Assis, Dom Casmurro. Do mesmo modo, os 
questionamentos que levam o homem a dúvidas existenciais são comumente remetidos à célebre 
frase do príncipe Hamlet: “Ser ou não ser, eis a questão.” No que pese as questões históricas, é 
válido mencionarmos que peças como O rei Ricardo II, Henrique IV, entre outras, não falam sobre 
estes reis, mas, também, trazem informações sobre a sua época, como demonstra o trecho abaixo 

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 83
destacado, da peça Henry V, na qual o dramaturgo faz menção à expansão marítima na Inglaterra, 
já abordada por nós. 
Thus with imagined wing our swift scene fl ies
In motion of  no less celerity
Than that of  thought. Suppose that you have seen
The well-appointed king at Hampton pier
Embark his royalty; and his brave fl eet
With silken streamers the young Phoebus fanning:
Play with your fancies, and in them behold
Upon the hempen tackle ship-boys climbing;
Hear the shrill whistle which doth order give
To sounds confused; behold the threaden sails,
Borne with the invisible and creeping wind,
Draw the huge bottoms through the furrow’d sea,
Breasting the lofty surge: O, do but think
You stand upon the ravage and behold
A city on the inconstant billows dancing;
For so appears this fl eet majestical,
Holding due course to Harfl eur. Follow, follow:
Grapple your minds to sternage of  this navy,
And leave your England, as dead midnight still,
Guarded with grandsires, babies and old women,
Either past or not arrived to pith and puissance;
72
   
Shakespeare e o Teatro
De acordo com Frye, no capítulo introdutório do livro Sobre Shakespeare, é preciso deixar 
claro que Shakespeare não usou o teatro para nada: compreendeu suas condições como eram e as aceitou total-
mente
73
 , e afi rma que não existe nada que o dramaturgo “queira dizer” em suas peças, a não ser 
promover diversão para a platéia que freqüentava os teatros da época. Não obstante a suposição 
que as peças tenham sido escritas para uma classe razoavelmente instruída e que fi nanciava o te-
atro, a platéia, de fato, se constituía de um público misto, em que não faltavam os groundlings, ou 
pessoas possivelmente analfabetas que pagavam um penny
74
  para assistir a peça de pé em frente ao 
palco; para estes, possivelmente, parte da linguagem utilizada lhes parecia inócua.  Sabe-se tam-
bém que algumas peças eram representadas para um público restrito, em solenidades palacianas 
72 SHAKESPEARE, William. Henry V.   Disponível: http://www-tech.mit.edu/Shakespeare/henryv/henryv.3.0.html. Acesso: 02 fev. 07.
73 FRYE, Northrop. Sobre Shakespeare. São Paulo: Edusp, 1999. p. 14.
74 Moeda de valor mínimo na época.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 84
e/ou em teatros mais íntimos como o Blackfriars Theatre.
Shakespeare era um homem de teatro: ator, dramaturgo, e empresário do ramo teatral, 
participou da inauguração dos teatros The Globe e Blackfriars Theatre. De fato, as primeiras tragé-
dias shakespeareanas foram encenadas no The Globe, teatro que foi construído pela companhia 
Chamberlain’s Men da qual Shakespeare era sócio minoritário. Em 1593 uma epidemia assolou a 
cidade de Londres e fez com que os teatros fossem fechados a fi m de evitar o seu alastramento. 
Entretanto, em 1594, os teatros foram reabertos e as peças de Shakespeare continuaram a ser 
encenadas e a atrair o público. 
O Teatro
O Globe, localizado no distrito de Southwark, nos arredores de Londres, comportava entre 
dois a três mil espectadores e os espetáculos aconteciam durante o dia, uma vez que os recursos 
de iluminação eram inexistentes no período, bem os de acústica, o que fazia com que os atores 
tivessem que literalmente gritar suas falas e exagerar no gestual a fi m de que a platéia pudesse 
escutá-los e entendê-los. Não usavam cenários como pano de fundo, embora os fi gurinos fos-
sem caprichados; além disso, as mudanças de cena eram indicadas de forma implícita através 
dos diálogos e narrativas. O efeito “operístico” se fazia presente através da música que incluía 
toques de trombetas nas indicações de cena e canções de fundo, embora o espetáculo dependesse 
principalmente da palavra. Os preços dos ingressos variavam conforme o local e os menos pri-
vilegiados pagavam ingressos de one-penny (um centavo) e/ou two-penny (dois centavos), embora 
fossem os espectadores de melhor posição social que efetivamente mantivessem o teatro e seus 
produtores/escritores. 
O Globe sobreviveu a um incêndio em 1613, e foi reconstruído no ano seguinte; foi fechado 
em 1642 pelo regime puritano e, fi nalmente, foi destruído dois anos depois para a construção 
de casas populares em seu terreno. Posteriormente, em 1660, outros teatros foram abertos e as 
encenações das peças de Shakespeare tiveram suas montagens quebradas e os fi nais alterados; há 
aproximadamente um século teve início um processo de reconstrução das tradições e montagens 
teatrais da obra de Shakespeare. Algumas peças foram publicadas durante a vida de Shakespeare 
The Globe Theatre

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 85
no formato in-quarto.
75
As personagens de Shakespeare fazem parte do universo humano: reis, rainhas, príncipes, 
ministros, bufões, mulheres do povo, soldados, comerciantes, retratados nas mais variadas situ-
ações existenciais e em diversos lugares do mundo como na Dinamarca, na Itália, e em tantos 
outros lugares. Muitos deles se tornaram imortais como Romeu, Julieta, Otelo, Hamlet, Lear e 
Lady Macbeth, por terem sido singularizados e apresentados em uma perspectiva multidimensio-
nal. Ao mesmo tempo, os enredos de suas peças contemplam as diversas nuanças da vida: dor, 
riso, alegria, tristeza.
A Tragédia
A Tragédia em Shakespeare retém as características da concepção grega no que tange a 
“imitação de ações sérias praticadas por indivíduos de uma classe elevada”
76
 ; além disso, o indi-
víduo, não contando com o auxílio de deuses nem de forças sobrenaturais para superar difi culda-
des, está diante de uma situação sobre a qual não tem domínio. Entretanto, a inclusão de bufões e 
de personagens de outras classes sociais aponta para algum tipo de subversão nas peças clássicas. 
As peças encontram-se escritas em versos e contêm dois níveis de signifi cação: uma evidente e 
uma subjacente, denominadas como “nível explícito” e “nível implícito” e que se apresentam 
através de metáforas e imagens utilizadas, ou ainda, por acontecimentos ou discursos.
No que pese o fato de cada tragédia se reportar a um sentimento específi co: em Hamlet, 
a vingança; em Rei Lear, a ingratidão; em Otelo, o ciúme; em Ricardo III, a vilania; e em Romeu e 
Julieta, o amor; nunca há alguma coisa externa às suas peças que ele queira “dizer” ou sobre a qual queira 
falar dentro das peças.
77
  O interesse de Shakespeare era divertir a sua platéia, e de fato, não temos 
registro sobre as suas posições políticas ou religiosas – nem se as tinha, embora saibamos, de fato, 
da existência de uma censura vigilante na época e que impediria qualquer referência à política 
daquele período. 
75 As peças eram publicadas em dois formatos: in-quarto quando as folhas dos textos eram dobradas em quatro; folio quando as folhas eram dobradas em 
duas; ambas as formas eram vendidas por aproximadamente meio xelim.
76 SIMON, Sonia. In: Introdução aos Estudos Literários. FTC EAD. 2005, p. 25.
77 FRYE, Northrop. Op. cit. Loc. Cit.
Hamlet

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 86
A Comédia
As comédias em Shakespeare
As comédias inglesas têm raízes nos festivais populares que obedeciam a um calendário agrí-
cola e festejavam a fertilidade promovendo ritos comunais que remetiam aos antigos costumes 
pagãos. Tais atividades eram caracterizadas por dança e música, e sub-repticiamente parodiavam 
as autoridades; essas práticas desenvolveram-se e tornaram-se enredos de comédias clássicas.
Nas comédias de Shakespeare, os enredos contemplam atividades amorosas, atividades de 
corte entre homens e mulheres e negam a idéia de morte; a mágica muitas vezes se encontra 
presente nessas peças, e ajudam a recriar a realidade como a personagem de Oberon em Sonhos de 
Uma Noite de Verão. Suas comédias são anárquicas e zombam da hierarquia, colocando mulheres 
e servos em posições de comando, transgredindo os códigos sociais da época. As personagens 
da comédia não sucumbem à morte ou à desgraça, e mobilizam-se em direção ao casamento e 
procriação, triunfando sobre o trágico.
Entre outros dramaturgos da época, destacamos Ben Jonson (1572-1637), Christopher 
Marlowe (1564-1593) e John Fletcher (1579-1625).
OSCAR WILDE & BERNARD SHAW
O teatro do século XVII
O grupo radical religioso no Parlamento que costumava se opor ao rei da Inglaterra, James 
I, eram os puritanos. Seguidores das idéias de João Calvino, eles queriam “purifi car” a Igreja An-
glicana dos fortes elementos católicos presentes em sua estrutura. James, por sua vez, dedicou seu 
reinado a fazer com que os puritanos se convertessem ao anglicanismo. Em 1620, a perseguição 
de James I aos puritanos levou um grupo deles a embarcar no navio Mayfl ower e partir para a 
América. Nos próximos vinte anos, mais de vinte mil puritanos partiram para o Novo Mundo. 
James I morreu em 1625, passando a coroa para o seu fi lho Carlos I e com ele a relação do 
rei com o Parlamento desandou de vez. Carlos I continuou a perseguição religiosa iniciada por 
seu pai e invocava o seu “direito divino” para justifi car as suas ações arbitrárias. Em 1642, o Par-
lamento decidiu recusar a liberação de fundos para o rei. Em represália, Carlos I mandou prender 
cinco parlamentares e uma Guerra Civil foi declarada, dividindo a Inglaterra entre as tropas reais, 
os cavaliers, e as do Parlamento, os roundheads (assim chamados porque usavam cabelos bem cur-
tos, representando a austeridade e resolução puritana). O rei foi morto e Oliver Cromwell, militar 
puritano responsável pela vitória do Parlamento, fechou a Igreja Anglicana e assumiu a respon-
sabilidade de liderar a nação, iniciando uma verdadeira ditadura religiosa. Cromwell dissolveu o 
Parlamento e passou a ser o “lorde protetor” da República, que durou onze anos, de 1649 a 1660, 
quando a Monarquia foi restaurada.
Durante o governo de Cromwell, a Inglaterra prosperou economicamente, mas no plano 
social foi um pesadelo para o povo. Seguindo o mesmo estlo de Calvino em Genebra, Cromwell 

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 87
fechou teatros, casas de jogos e outros locais que desviassem a atenção do povo da Igreja. Além 
disso, sancionou diversas leis para assegurar a austeridade da sociedade. Nesse sentido, xinga-
mentos eram punidos com multas; esportes, roupas ornamentadas, festividades natalinas eram 
proibidos. Durante o seu governo, muitos cavaliers emigraram para o Novo Mundo, assim como 
haviam feito os puritanos trinta anos antes.      
Com a morte de Cromwell em 1658, o exército e o povo já estavam cansados de viver sob 
o puritanismo e convidaram o fi lho de Charles I para assumir a coroa. Depois desse episódio, 
a Inglaterra nunca mais voltou a ser uma República. Restauração é o nome que se dá à volta da 
monarquia na Inglaterra. 
Nos anos da década de 1660, período em que ocorreu a Restauração da monarquia inglesa 
com Carlos II, a literatura inglesa, que outrora se voltava para o coração, teve que se voltar para 
a razão, como meio de distanciar o povo do desequilíbrio suscitado por convicções intensas, que 
inspiraram a Guerra Civil, resultante do confl ito entre um segmento da população que constituiu 
riqueza através da terra, era conservador e apoiava o rei, e um outro segmento formado pela bur-
guesia ávida por participar da vida política do país. 
Os anos da Restauração foram marcados por três grandes acontecimentos: a formação de 
dois partidos políticos da Inglaterra: os Tories e os Whigs, a grande peste e o grande incêndio de 
Londres. 
Algumas conseqüências da Restauração sobre o teatro
Em 1642, os puritanos fecharam os teatros e, assim, uma forte tradição que vinha se conso-
lidando teve que ser esquecida. Algumas modifi cações ocorreram, distanciando o teatro do perí-
odo da Restauração daquele produzido na era elizabetana. Entre estas, mencionamos a estrutura 
dos teatros, que se tornaram maiores, e o afastamento da platéia. Dois outros aspectos importan-
tes foram o investimento, por parte dos diretores, para causar efeitos mais elaborados no palco, e 
a encenação de mulheres, pois no teatro elizabetano havia apenas espaço para os homens.
Entre os dramaturgos mais importantes deste período, destacam-se John Vanbrigh (1664-
1726), William Congreve (1670-1729), Oliver Goldsmith (1730-1774), Richard Brinsley Sheridan 
(1751-1816) e Henry Fielding (1707-1754).
No período da Restauração até a Regulamentação do Teatro (1843), era permitido o fun-
cionamento de apenas três teatros, quais sejam, Drury Lane, o Convent Garden e o Haymarket. 
A permissão a apenas estes poucos teatros fez com que as representações neles encenadas não 
passassem muitas vezes de um drama inexpressivo, já que as salas cheias não permitiam que as 
vozes dos atores fossem ouvidas e muitas vezes era impossível até mesmo ver os atores. Por este 
motivo, muitos teatros não-autorizados passaram a funcionar em Londres e os dramas mais ence-
nados eram os chamados melodramas, que se caracterizam pelo senso de desmedida (exagero) 
e pelo “humor baixo”.
Oscar Wilde 
Durante o período do renascimento do drama inglês, uma fi gura importante surge, Oscar 
Wilde (1854-1900), um autor irlandês que escreveu prosa, verso e peças teatrais, e foi, sobretudo, 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 88
um crítico contumaz dos costumes da sua época. A relação intrínseca entre sua vida e obra revela 
uma aguda e divertida consciência de seu papel em ambas. A subversão, presente nos aforismos 
e no humor irônico e paradoxal de suas peças, vai além da simples rejeição aos valores de sua 
época sobre a vida e a arte em nome da estética, mas, sobretudo, provocam, de forma desafi a-
dora, uma resposta a tudo que é diferente. Wilde questionou as instituições, a moral, e os clichês 
sociais, divertindo-se com sua atitude iconoclasta. São traços do teatro de Wilde a espirituosidade, 
o simbolismo e a fantasia. 
Escreveu os diálogos inspirados em Platão como The Decay of the Lying (1889), The Critic as 
Artist (1890); o ensaio The Soul of Man under Socialism (1891); e o seu mais conhecido romance The 
Picture of  Dorian Grey (1890); além disso, se destacou como dramaturgo pelas peças Vera: or the 
Nihilist (1888), The Duchess of Parma  (1883), A Florentine Tragedy (iniciada em 1894 e fi nalizada em 
1897), e a sua mais controvertida peça, Salomé (1894). Inspirada pela história bíblica, no poema 
Herodiade, do poeta simbolista Mallarmé e pelo texto de Flaubert, Herodias, esta peça foi escrita 
em francês, e posteriormente traduzida para o inglês por Lord Alfred Douglas, amante de Oscar 
Wilde. A peça teve a sua encenação proibida na Inglaterra por seu conteúdo considerado imoral, 
abrangendo justaposições de repulsa e desejo sexual, morte e orgasmo, até 1931 quando foi, fi -
nalmente, liberada. Leiamos um trecho desta instigante peça para adentrar um pouco no universo 
fi ccional de Oscar Wilde:
[SCENE -- A great terrace in the Palace of Herod, set above the ban-
queting-hall. Some soldiers are leaning over the balcony. To the right there 
is a gigantic staircase, to the left, at the back, an old cistern surrounded 
by a wall of  green bronze. The moon is shining very brightly. ]
THE YOUNG SYRIAN
     How beautiful is the Princess Salome to-night!
THE PAGE OF HERODIAS
     Look at the moon. How strange the moon seems! She is like a 
woman rising from a tomb. She is like a dead woman. One might fancy 
she was looking for dead things.
THE YOUNG SYRIAN
     She has a strange look. She is like a little princess who wears a yellow veil, and whose feet are of silver. 
She is like a princess who has little white doves for feet. One might fancy she was dancing.
THE PAGE OF HERODIAS
     She is like a woman who is dead. She moves very slowly.
[Noise in the banqueting-hall.]
Salomé

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 89
FIRST SOLDIER
     What an uproar! Who are those wild beasts howling?
SECOND SOLDIER
     The Jews. They are always like that. They are disputing about their religion.
FIRST SOLDIER
     Why do they dispute about their religion?
SECOND SOLDIER
     I cannot tell. They are always doing it. The Pharisees, for instance, say that there are angels, and the 
Sadducees declare that angels do not exist.
FIRST SOLDIER
     I think it is ridiculous to dispute about such things.
THE YOUNG SYRIAN
     How beautiful is the Princess Salome to-night!
THE PAGE OF HERODIAS
     You are always looking at her. You look at her too much. It is dangerous to look at people in such 
fashion. Something terrible may happen. 
THE YOUNG SYRIAN
     She is very beautiful to-night.
FIRST SOLDIER
     The Tetrarch has a sombre aspect.
SECOND SOLDIER
     Yes; he has a sombre aspect.
FIRST SOLDIER
     He is looking at something.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 90
SECOND SOLDIER
     He is looking at some one.
FIRST SOLDIER
     At whom is he looking?
SECOND SOLDIER
     I cannot tell.
THE YOUNG SYRIAN
     How pale the Princess is! Never have I seen her so pale. She is like the shadow of a white rose in a 
mirror of  silver.
78
 
Oscar Wilde também escreveu comédias de sucesso, como The Importance of Being Earnest 
(1895), mas seu grande sucesso foi Lady Windermere’s Fan: A Play about a Good Woman (1892). Ou-
tras peças de Wilde são: A Woman of  No Importance (1893), An Ideal Husband (1895). 
Oscar Wilde foi preso por práticas homossexuais em 1895, o que acarretou a rejeição de 
suas obras teatrais, cuja característica principal residia na captura de um humor fl uido e intenso, 
e no desafi o das pretensões - exceto a de ser apenas peças de teatro.
A contribuição de Henrik Ibsen para o teatro social
De origem norueguesa, podemos apontar Henrik Ibsen (1828-1906) como o fundador do 
teatro realista ou “dramas de problematização social”
79
 . Seu interesse esteve voltado para ques-
tões domésticas e sociais, concernentes tanto à Escandinávia quanto à Inglaterra. Algumas das 
características do seu teatro são a crítica à sociedade e a confi guração de cenários e personagens 
comuns. Uma de suas obras mais conhecidas é Casa de Bonecas, na qual Ibsen tematiza o fracasso 
de um casamento.
Ressaltamos que Ibsen resistiu durante um certo tempo a perfazer uma poética realista, 
pois temia que seu teatro se tornasse superfi cial. Na verdade, o que observamos no projeto deste 
dramaturgo é o intuito de apresentar poeticamente um quadro verossímil de dramas sociais e não 
raro apresentando um mergulho psicológico em suas personagens.
Teatro realista irlandês
Bernard Shaw
78 WILDE, Oscar. Salome: a tragedy in one act. Disponível: http://etext.virginia.edu/etcbin/toccer-salome?id=WilSalo&images=images/odeng&data=/
web/data/subjects/salome&tag=public&part=1&division=div1. Acesso: 02 fev. 07.
79 IBSEN, Henrik. Disponível: http://www.noruega.org.br/ibsen/realism/realism.htm. Acesso: 02 fev. 07.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 91
Nascido em Dublin, George Bernard Shaw (1856-1950) foi escritor, jornalista e dramatur-
go. Suas primeiras incursões no mundo das letras datam da sua atuação como crítico de teatro no 
Saturday Review. Em 1925, ganhou o prêmio Nobel de Literatura, que foi por ele recusado. 
Shaw foi contemporâneo e patrício de Oscar Wilde, e se caracterizou por buscar material 
para suas peças na tradição, se notabilizando pelo seu talento para comédia. Foi infl uenciado por 
Henrik Ibsen, a quem reputava a conscientização do papel da mulher na vida do homem e, ao 
lado desse, se inseriu no teatro realista. 
Para entender um pouco mais sobre o teatro de Shaw é pertinente mencionar algumas ca-
racterísticas do teatro realista:
- Os autores se propunham a se aproximar ao máximo do “real”;
- As cenas retratam situações cotidianas relacionadas à vida burguesa;
- Os cenários reproduzem cômodos comuns para garantir uma atmosfera de verossimi-
lhança, levando o público a imaginá-la menos como uma representação do que como uma apre-
sentação da realidade.
Entre as produções dramáticas de Shaw, destacamos a peça Pigmalião, fi lmada sob o título 
de My Fair Lady. Esta peça é baseada na história de Galatea da mitologia grega, e aborda o tema 
da criatura e o criador, focalizando a variedade dialetal como indicador de classe social na Grã 
Bretanha.
Pygmalion conta a história de uma fl orista cujo desejo de ascensão social é despertado por 
um professor de fonética que encontra enquanto vende as suas fl ores. Este professor, Henry 
Higgins, estava discretamente fazendo uma transcrição fonética dos sons pronunciados por Eliza 
Doolittle, a fl orista, quando foi surpreendido. Após, inútil e arrogantemente, se justifi car, afi rma 
que poderia transformá-la em uma dama em três meses. Eis o trecho em que o afi rma:
THE NOTE TAKER. [Professor Higgins] You see this creature with her kerbstone English: the En-
glish that will keep her in the gutter to the end of her days. Well, sir, in three months I could pass that girl off 
as a duchess at an ambassador’s garden party. I could even get her a place as lady’s maid or shop assistant, which 
requires better English. That’s the sort of thing I do for commercial millionaires. And on the profi ts of it I do 
genuine scientifi c work in phonetics, and a little as a poet on Miltonic lines.
80
   
Esta peça suscita algumas instigantes discussões sobre o papel da educação como elemento 
promotor de aceitação social. Neste sentido, a linguagem é vista na peça como um importante 
fator que distingue as pessoas conforme a sua formação. Shaw se mostrou interessado, como 
demonstra esta peça, em assuntos lingüísticos, e, de fato, iniciou, com recursos próprios, a pes-
quisa e criação de um alfabeto fonético para a língua inglesa. Entretanto, no fi nal da sua vida os 
recursos haviam se tornado escassos e o projeto teve que ser adiado até que, após a sua morte, 
os royalties recebidos pela adaptação de Pigmaleão  para o musical My Fair Lady possibilitou a re-
tomada do projeto. O alfabeto chama-se Shavian Alphabet. Provavelmente a confi guração de sua 
personagem, Henry Higgins, o professor de fonética da peça Pygmalion seja uma projeção deste 
seu interesse. 
Outras peças deste autor são Saint Joan (1923), Plays Pleasant and Unpleasant (1898) e Man and 
Superman (1905), entre outras.
Entre outros dramaturgos irlandeses que se inserem na linhagem de autores realistas estão 
80 SHAW, Bernard. Pygmalion. Disponível: http://drama.eserver.org/plays/modern/pygmalion/default.html. Acesso: 02 fev. 07.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 92
John Millington Synge (1871-1909) e Sean O’Casey (1884 -1964). 
No tocante a Synge, ressaltamos um importante tema que perpassa a sua obra: a necessida-
de de confi gurar uma identidade nacional. As suas peças têm como cenário a zona rural irlandesa 
e seu realismo é impresso nas falas de seus personagens, que reproduzem o modo de falar dos 
camponeses. Riders to the sea, que tem como tema a história de uma mãe que perdeu seus fi lhos 
mortos no mar, fi gura como uma peça importante na literatura irlandesa. É relevante ler um tre-
cho desta expressiva peça das letras irlandesas:
CATHLEEN. How would they be Michael’s, Nora. How would he go the length of that way to the far 
north? 
NORA. The young priest says he’s known the like of it. “If it’s Michael’s they are,” says he, “you can tell 
herself  he’s got a clean burial by the grace of God, and if they’re not his, let no one say a word about them, for 
she’ll be getting her death,” says he, “with crying and lamenting.” 
81
 
Enquanto Synge se voltou para a zona rural, as peças de Sean O’Casey, tinham como cená-
rios os cortiços de Dublin. Duas peças signifi cativas deste autor são A sombra de um pistoleiro e O 
arado e as estrelas.
O TEATRO NORTE AMERICANO
Tenessee Williams
Tenessee Williams (1911-1983) foi um dos maiores dramaturgos americanos. Dentre seus 
temas, destacamos a passagem do tempo e o acúmulo de perdas, a luta na preservação de valo-
res, a ambigüidade da moral, a busca por alívio diante da angústia de viver, o medo da morte e o 
desejo de viver.  Seu método consistia em diálogos objetivos, confi ssões, uso de símbolos, nomes 
signifi cativos e a utilização de música na ênfase de determinada atmosfera. Entre as suas peças 
mais conhecidas temos A Streetcar named Desire (Um bonde chamado desejo), transformado em lingua-
gem cinematográfi ca, The Glass Menagerie, Cat on a Hot Tin Roof (Gata em Teto de Zinco Quente), A 
noite do Iguana, entre outras. 
Um Bonde Chamado Desejo contém elementos da tragédia e pathos; entre os temas apresenta-
dos destacam-se a queda da aristocracia sulista, representado pela ruína de Blanche, protagonista 
da peça, e o desejo descontrolado metaforizado pelas trevas ou escuridão. No início da peça, 
Blanche toma um bonde chamado “Desejo”, para em seguida embarcar em um bonde intitulado 
“Cemitério” e fi nalmente desce na rua chamada “Campos Elíseos”. Analisando esses elementos 
de forma simbólica, podemos insinuar que os símbolos do desejo sexual conduzem às trevas, 
metaforizada pelo cemitério, e a sua chegada ao plano depois da morte, ou Campos Elíseos. A 
linguagem utilizada contrasta os bons modos e a boa educação de Blanche com a rudeza de Stan, 
marido da sua irmã, Belle. Leiamos um trecho da peça para mergulhar um pouco no universo de 
81 SYNGE, John Millington Synge. Riders to the sea. Disponível: http://mockingbird.creighton.edu/english/micsun/irishresources/riders.htm . Acesso: 
02 fev. 07.

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 93
Tenessee Williams.  
After Stanley returns to the kitchen, Blanche tells him that Huntleigh res-
pects her and that she, as an intelligent and cultivated woman, has much to offer 
him. Then she insults Stanley, saying, “I have been foolish–casting my pearls before 
swine. . . . I’m thinking not only of you but of your friend, Mr. Mitchell [who] 
came back [and] implored my forgiveness.” But, she says, she bid farewell to him.    
Stanley asks, “Was this before or after the telegram came from the Texas 
oil millionaire?”   
“Whattelegram?”    
Her response gives her away. Stanley says was she lying not only about the 
Caribbean cruise but also about Mitch’s return visit because “I know where he is.” 
Then he says, “Take a look at yourself  in that worn-out Mardi Gras outfi t, rented for fi fty cents from some rag-
picker. And with that crazy crown on! What queen do you think you are?” He answers his own question, saying, 
“The queen of  the Nile! Sitting on your throne and swilling down my liquor!” 
Stanley reenters the bedroom and goes into the bathroom. Frightened, Blanche picks up the phone receiver 
and requests the number of “Shep Huntleigh of Dallas,” who she says is so well known that she need not provide 
the operator an address. Moments later, she cancels the call and asks for Western Union to send a message that she 
is in “desperate circumstances.” Stanley emerges from the bathroom in his pajamas. He leers at her. She smashes 
the top of  a bottle and threatens him with the jagged edge. He subdues and rapes her.
82
   
Arthur Miller
Enquanto as peças de Tenessee Wiliams se distinguem pelo forte conteúdo emocional, as 
peças de autoria de Arthur Miller (1915-2005) contemplam temas éticos, abordando a disputa 
entre o bem e o mal; o mito americano do sucesso; a desumanidade da sociedade moderna; e a 
responsabilidade individual. Sua mais conhecida peça, Death of a Salesman lhe rendeu o prêmio 
Pulitzer de 1949, e consiste numa crítica ao sonho americano de sucesso. Nesta peça, um caixei-
ro viajante, Willy Loman, acredita que alcançará o sucesso e transmite este sonho aos seus dois 
fi lhos. Entretanto, nenhum deles consegue realizar o sonho de grandeza. Willy não cabe no papel 
tradicional do herói trágico pelo fato de não perceber a sua própria tragédia e carecer de nobreza 
e magnanimidade peculiar ao herói trágico; traços que o caracterizam como um anti-herói. 
Esta peça pode ser lida como uma crítica ao chamado “sonho americano” (American dream), 
porque, ao longo de sua vida, o protagonista, a exemplo de muitos norte-americanos e estran-
geiros fascinados pelo sonho de constituir riqueza, se deixou iludir pelas promessas fáceis deste 
sonho, esquecendo de perceber a realidade. É este tipo de ilusão que acomete Willy, levando-o a 
viver num passado ora carregado pela certeza de que tudo poderia ter sido melhor, ora permeado 
de lembranças positivas das pessoas; ou, ainda, a projetar um futuro melhor, no qual depositava 
grandes sonhos, negligenciando, desse modo, o presente, a sua realidade, como ilustra o trecho 
a seguir:
82 WILLIAMS. Tenesse. Trecho da peça A Streetcar Named Desire
Um Bonde Chamado Desejo

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 94
America is full of beautiful towns and fi ne, upstanding people. And they know me, boys…the fi nest 
people…there’ll be open sesame for all of us, ‘cause one thing boys: I have friends. I can park my car in any stre-
et…and the cops protect it like their own.
Arthur Miller também foi autor de um ensaio sobre as tragédias clássicas, intitulado Tragedy and The 
Common Man.
Eugene O’Neill
Eugene O’Neill (1888-1953) foi o pioneiro na adoção do realismo no drama americano. 
Suas peças tratam de temas trágicos, de tom pessimista, e focalizam personagens que vivem à 
margem da sociedade tentando desesperadamente manter a esperança, para no fi nal sucumbirem 
à desilusão e ao desespero. O’Neill fez parte do movimento que tentou revitalizar o uso da más-
cara do antigo teatro grego e do teatro “Noh” do Japão para algumas de suas peças. Este tipo de 
teatro consiste na confi guração de um mundo no qual teatro, música e poesia se fundem.
Em 1936 ganhou o prêmio Nobel de Literatura, e o Pulitzer, póstumo, em 1957 pela peça 
Long Days Journey into the Night também publicada postumamente. A sua carreira divide-se em 
três fases: a primeira, a fase realista, em que O’Neill utiliza suas experiências pessoais enquanto 
era marinheiro como tema de suas peças. Em 1920, inicia-se a sua segunda fase, quando Eugene 
O’Neill rejeita o realismo e, sob a infl uência das idéias de Nietzsche, Jung e Strindberg ingressa 
no período “expressionista” em que procura “captar” as forças que regem a existência humana 
trazendo-as para o palco. Posteriormente, O’Neill retorna ao realismo e alcança a sua melhor fase 
segundo os críticos.
O TEATRO DO ABSURDO
O Teatro do Absurdo, termo retirado de um ensaio de Albert Camus, é uma denominação 
cunhada pelo crítico teatral Martin Esslin para algumas peças escritas durante o período entre 
1950 e 1960.  Camus defi niu a situação da humanidade em o Mito de Sísifo (1942) como absurda 
e sem sentido, visão compartilhada por autores como Samuel Beckett, Eugene Ionesco, Harold 
O Grito - Edwaed Münch

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 95
Pinter e outros, que transferem para as suas peças a noção de que o individuo habita um universo 
com o qual ele se encontra em dissonância. Sua existência é inexplicável e sem propósito, e este 
individuo se encontra desorientado, perplexo, e ameaçado de forma obscura.
O Teatro do Absurdo é fruto dos experimentos realizados pela vanguarda artística das 
décadas de 1920 e 1930. Indubitavelmente, foi um movimento fortemente infl uenciado pelos 
horrores causados pela Segunda Guerra Mundial, e teve como conseqüência a refl exão sobre a 
transitoriedade de valores, das convenções, e, sobretudo, a precariedade da vida humana. O trau-
ma, instalado a partir de 1945, de viver sob a ameaça constante de um aniquilamento causado 
por uma guerra nuclear causou um grande impacto que repercutiu no aparecimento dessa forma 
dramática.    
Concomitantemente, o que parece ter sido uma reação ao desaparecimento da dimensão 
religiosa no mundo contemporâneo, pode, também, ser considerado como uma tentativa de res-
tituir a importância do mito e ritual na nossa época, através da conscientização dos indivíduos 
da sua real condição de vida, restituindo-lhe a sensação cósmica perdida e sua angustia primitiva. 
Através do choque conseguido pela demonstração de uma vida mecânica e complacente, o Tea-
tro do Absurdo atinge o seu objetivo mostrando que existe uma experiência mística no confronto 
dos limites da condição humana.  
O resultado é que as peças desse gênero teatral conseguiram uma formatação inovadora e 
original, tirando o espectador de seu mundo confortável, convencional, e prosaico. No mundo 
sem Deus do pós-guerra seria impossível encenar uma peça nos moldes artísticos tradicionais, de 
acordo com padrões que não mais convenciam. Desse modo, o Teatro do Absurdo se rebelou 
contra o teatro convencional e se tornou o “anti-teatro”: surreal, ilógico, sem confl itos e sem 
enredo; os diálogos pareciam ininteligíveis. De fato, o Teatro do Absurdo foi recebido com in-
compreensão e rejeição.
Um dos aspectos mais importantes desta forma teatral foi o tratamento de desconfi ança 
com relação à linguagem como meio de comunicação. Para os mentores do Teatro do Absurdo, 
a linguagem havia se tornado um veículo sem sentido; as palavras haviam deixado de expressar a 
essência da experiência humana e não conseguiam penetrar além da sua superfície. O Teatro do 
Absurdo se constituiu, desse modo, como o pioneiro no ataque à linguagem, e tenta fazer com 
que as pessoas se conscientizem da possibilidade de se comunicar de forma mais autêntica, para 
além das convenções lingüísticas tradicionais; para isso, utiliza o discurso convencional, clichês, 
slogans e jargão, e ridiculariza os padrões estereotipados de fala, mostrando a linguagem como 
instrumento precário e insufi ciente na comunicação. Na sua concepção, o discurso convencional 
age como uma barreira entre os indivíduos e o mundo real, e, os objetos importam mais do que 
a linguagem – o que acontece no palco transcende aquilo que está sendo dito. A linguagem im-
plícita é a linguagem que realmente importa no Teatro do Absurdo.
Essa forma dramática subverte a lógica e se regozija no que é inesperado e logicamente 
impossível. O Teatro do Absurdo nega tanto a linguagem como o racionalismo sob o argumento 
que ambos lidam apenas com o aspecto superfi cial das coisas, enquanto que o nonsense ofere-
ce a possibilidade da liberdade, contato com a essência da vida, e é fonte de uma maravilhosa 
comédia.
Neste tipo de teatro não existe um confl ito dramático, como em outras formas teatrais. No 
Teatro do Absurdo a performance das personagens enfatiza a questão que nada acontece para 
mudar suas vidas; é um teatro que visa comunicar uma atmosfera, uma experiência de situações 
humanas, diferentemente das demais formas teatrais que focalizam eventos que acontecem em 

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 96
uma dada seqüência. O Teatro do Absurdo utiliza recursos visuais, luzes, mímica, ballet, acroba-
cias e movimento ao invés da linguagem, elemento privilegiado no teatro tradicional.
Samuel Beckett
Um dos mais renomados autores do Teatro do Absurdo foi o irlandês Samuel Beckett 
(1906-1989), que recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 1969. Entre os diversos trabalhos que 
compõem a sua obra, a peça Esperando Godot (Waiting for Godot), publicada em francês em 1952 e 
traduzida para o inglês em 1954, En attendant Godot, é possivelmente a mais conhecida. 
A história diz respeito a dois homens, Vladimir e Estragon, que à beira de uma estrada e 
perto de uma árvore, esperam alguém de nome Godot. As personagens, vestidas como vagabun-
dos, passam o tempo da performance a conversar, discutindo por vezes e, em outros momentos, 
incapazes de estabelecer comunicação, como ilustra o trecho a seguir. 
Estragon: (chewing) I asked you a question.
Vladimir: Ah.
Estragon: Did you reply?
Vladimir: How’s the carrot?
Estragon: It’s a carrot. 
A platéia não descobre quem é Godot nem o porquê da espera por essa personagem. De 
fato, a espera se prolonga durante os dois atos da peça e, fi nalmente, os protagonistas resolvem 
ir embora, mas não saem do lugar:
Vladimir: Well? Shall we go?
Estragon: Yes, let’s go.
They do not move.
O trabalho de Beckett é considerado minimalista e profundamente pessimista com relação 
à condição humana, embora possua um acurado senso de humor. No que tange à dramatização 
da condição humana, é possível aproximá-lo ao Existencialismo, corrente que tem como um dos 
seus representantes Jean Paul Sartre e Albert Camus. Sobre a aproximação desses e de um outro 
autor, Antonin Artaud, Christopher Innes afi rma:
The roots of his [Beckett’s] drama are in the Existencialism of Sartre and Camus, picking up on the 
Surrealism of André Breton or Roger Vitrac in the 1920s.There is also a link with Antonin Artaud’s experi-
ments in subliminal theatre through Roger Blin, Artaud’s collaborator in the 1930s, who directed Beckett’s early 
plays.
83
 
83 INNES, Christopher. Modern British Drama 1890-1990. Great Britain: Cambridge University Press, 1992, p. 428.
Esperando Godot

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 97
Não obstante esta relação, é interessante salientar que as peças de Beckett traduzem não só 
dramas existenciais, mas, sobretudo, o pessimismo de uma era marcada pela destruição em massa 
e a total descrença no homem, diante de seu poder de auto-aniquilação. O que resta é esperar, 
como o fazem Estragon e Vladimir, por algo sempre muito abstrato, porque talvez inexistente. A 
pergunta que circunda o imaginário de leitores e público da peça Esperando Godot é: quem é Go-
dot? Essa resposta não é dada por Beckett, certamente porque para cada pessoa, em cada época, 
esta entidade, que é ora caracterizada como o homem (uma possível alegoria da humanidade), ora 
como um ser abstrato (uma representação de Deus, God, em inglês) pode ser um ou outro, ou o 
que mais se possa ou queira acreditar.
No texto “The knowledge of unknowing in Beckett’s Waiting for Godot”, William S. Haney estabe-
lece uma relação entre a peça de Beckett e o contexto no qual foi escrita. Conforme este autor:
The Theater of the Absurd has been said by Martin Esslin (399-405), Peter Brook (65) and others to 
be a quest for a way to live in a modern world deprived of  generally accepted ultimate values. Faced with the loss 
of  confi dence in the traditional narratives that explain the mysteries of the human condition, the Theater of the 
Absurd presents its audiences with what Esslin calls a double absurdity: that of “the deadness and mechanical 
senselessness of half-unconscious lives” (400), and that “of the human condition itself in a world where the decline 
of  religious belief  had deprived man of  uncertainties.
84
Beckett escreveu a maior parte de suas peças em francês e ele próprio fazia as traduções das 
peças para o inglês.
Harold Pinter
Harold Pinter (1930) é inglês e ganhou o prêmio de Literatura em 2005. Autor de várias 
peças, Pinter foi, confessadamente, infl uenciado por Samuel Beckett, de quem se tornou amigo. 
Suas peças destacam-se pelo uso do silêncio, como elemento mediador de tensão, e con-
versas prosaicas. Seus temas, conhecidos como Pinteresque, contemplam ameaças obscuras, fan-
tasias eróticas, obsessão e ciúme, desavenças familiares e distúrbios mentais. Seus cenários são 
geralmente um único cômodo em que as personagens são ameaçadas por forças ou pessoas cujas 
intenções não estão claras para as personagens nem platéia.  Ao invés de instrumento de comu-
nicação, a linguagem é utilizada como uma arma, e as palavras, pontuadas pelo silêncio, indicam 
pavor, ira, dominação e o receio de intimidade. Os diálogos são controlados e, segundo Martin 
Esslin: 
Every syllable, every infl ection, the succession of long and short sounds, words and sentences, is calculated 
to nicety. And precisely the repetitiousness, the discontinuity, the circularity of ordinary vernacular speech are here 
used as formal elements with which the poet can compose his linguistic ballet.
85
 
Dentre as suas 29 peças teatrais destacamos The Caretaker, publicada em 1959. A história 
acontece em torno de dois irmãos, Aston e Mick, que dividem um pequeno apartamento em 
Londres; um dia eles deixam que um velho venha viver com eles por algum tempo. Ao fi nal, tor-
na-se claro que todas as personagens têm sonhos que não conseguirão realizar, o que ocasiona 
84 HANEY, William. The knowledge of  unknowing in Beckett’s Waiting for Godot. In: ______. The humanities in Western culture: a search for human 
values. Vol. 2. United States: Wm. C. Brown Communications, 1993, p. 410.
85 ESSLIN, Martin. The People Wound. [S/l]: 1970.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 98
momentos de tensão entre eles. 
ASTON - You said you wanted me to get you up. 
DAVIES - What for? 
ASTON - You said you were thinking of  going to Sidcup.
DAVIES - Ay, that’d be a good thing, if  I got there. 
ASTON - Doesn’t look like much of  a day. 
DAVIES - Ay, well, that’s shot it, en’t it?
86
  
Pinter oferece visões de momentos bizarros ou difíceis na vida dos indivíduos, e fez a se-
guinte declaração em 1958:
There are no hard distinctions between what is real and what is unreal, nor between what is true and what 
is false. A thing is not necessarily either true or false; it can be both true and false.
I believe that these assertions still make sense and do still apply to the exploration of reality through art. So 
as a writer I stand by them but as a citizen I cannot. As a citizen I must ask: what is true? What is false?
86  PINTER, Harold. The Caretaker. Trecho de diálogo.[S/l]: [S/d]

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 99
Cite 3 tragédias de Shakespeare e comente-as, relacionando aos conhecimentos sobre 
este gênero.
1.
 Cite 3 comédias de Shakespeare.2.
 O que tinham em comum Henrik Ibsen e George Bernard Shaw?3.
Atividade Complementar
 Qual a preocupação de George Bernard Shaw com relação à linguagem?4.
 O que representa a linguagem para o Teatro do Absurdo?5.

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 100
Filmes indicados
Elizabeth
A Megera Domada
A noite do Iguana
Gata em Teto de Zinco Quente
Hamlet
My Fair Lady
O Mercador de Veneza
Otelo
Rei Lear
Romeu e Julieta
Salomé
Um bonde chamado desejo (A Streetcar named Desire)
Sites indicados
Shakespeare:
http://www.enotes.com/william-shakespeare/shakespeares-globe-theater/
Samuel Beckett:
http://samuel-beckett.net/Waiting_for_Godot_Part1.html
HaroldPinter:
http://www.geocities.com/pleasence/theatre/caretaker91/caretaker-2.html
Oscar Wilde:
http://www.oscarwildecollection.com/
George Bernard Shaw:
http://www.literaturepage.com/read/pygmalion.html

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 101
AMBIGÜIDADE – que apresenta duas faces; dois sentidos.
AMOR CORTÊS – conceito de relacionamento em que a mulher amada pertence a uma 
classe social abastada e seu pretendente, um ministrel, de classe inferior, que lhe presta 
vassalagem.
BARDO – ministrel; vate.
CICLO ARTURIANO – coletânea de lendas e mitos de origem celta e que relatam as 
aventuras do Rei Artur e seus cavaleiros.
CLOSE-READING – leitura imanente; leitura de um texto baseada exclusivamente nas pa-
lavras do próprio texto, ignorando o contexto histórico e/ou dados biográfi cos do autor.
EPIFANIA – revelação; literariamente, trata-se de uma técnica utilizada por Joyce para 
revelar um instante existencial.
ESTÓRIAS DE MOLDURA  – histórias que pretensamente são contadas por alguém a 
outro alguém.
EXÉQUIAS – cerimônias ou honras fúnebres.
FIN AMORS – vide Amor Cortês.
GRAVEYARD SCHOOL  – escola literária cujos temas diziam respeito à morte.
HAGIOGRAFIA – Biografi a dos santos; escritos sobre santos.
HEPTASSÍLABOS – versos em sete silabas.
LAIS – poema narrativo; canção.
MAINSTREAM E NON-MAINSTREAM  – tendências da poesia inglesa contemporâ-
nea, em que a primeira diz respeito às técnicas tradicionais, e a segunda àquelas que rejeitam 
a tradição.
MELODRAMAS  – dramas cantados
MIDDLE ENGLISH  – dialeto falado na Grã Bretanha do século XIII o século XV.
MYSTERY CYCLES – feitos grandiosos de Jesus Cristo ou uma verdade religiosa.
NÍVEL EXPLICITO – signifi cação aparente. Em inglês, overthought.
NÍVEL IMPLÍCITO – signifi cação secundária, ou subjacente. Em inglês, underthought.
NOVA INGLATERRA  – conjunto de estados que compunham as colônias americanas.
OLD ENGLISH – dialeto falado nas Ilhas Britânicas até aproximadamente o século 
XIII.
SAGA – Narrativas épicas típicas dos países nórdicos.
SCOP – bardo itinerante do período anglo-saxão.
SONETO – poema estruturado em dois quartetos e dois tercetos. 
Glossário

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 102
AUSTEN, Jane. Emma. New York: Penguin Books, [S/d].
AUSTEN, Jane. Pride and Prejudice. New York: Penguin Books, [S/d].
AUSTEN, Jane. Sense and Sensibility. Penguin Books, [S/d].
BAKHTIN, Mikhail. O plurilingüismo no romance. In: ______. Questões de literatura e de estética: 
a teoria do romance. Tradução Aurora Fornoni Bernardini et al. São Paulo: Hucitec, 2002, p. 107-133.
BECKETT, Samuel. Waiting for Godot (Esperando Godot). 
BENJAMIN, Walter. O Flâneur. In: ______. Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. 
Tradução José Martins Barbosa; Hemerson Alves Baptista. São Paulo: Brasiliense, 1989, p. 185-236. 
BENJAMIN, Walter. O Narrador:Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In Arte Política. 
Ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987.
BLOOM, Harold. How to read and why. NY: Touchstone, 2000.
BODKIN, Maud. Archetypal Patterns in Poetry: Psychological Studies of Imagination. Oxford: 
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BURGESS, Anthony. A literatura inglesa. Tradução Duda Machado. 2. ed. São Paulo: Ática, 2004.
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CARVALHAL, Tania Franco. Literatura Comparada. Série Princípios, São Paulo: Ática, 1998.
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COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução Cleonice Paes 
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Referências Bibliográficas

Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 103
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OXFORD: Concise companion to English literature. 2. ed. New York: Oxford University Press, 
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PAZ, Octavio. A dupla chama. Amor e Erotismo. 4a. edição. Tradução Wladir Dupont. São Paulo: Ed. 
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FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 104
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SHAW, Bernard. Pygmalion. Disponível: http://drama.eserver.org/plays/modern/pygmalion/default.
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WATT, Ian. Mitos do Individualismo Moderno. Fausto, Dom Quixote, Dom Juan, Robinson Cru-
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WATT, Ian. A ascensão do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
WEBSTER’S SEVENTH NEW COLLEGIATE DICTIONAR Y. Springfi eld, MS.: G & C Merriam 
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WILDE, Oscar. Salomé. In: Obras Completas. Rio de Janeiro: Aguillar, 1961.
WOOLF, Virginia. Kew Gardens. In: ______. Contos completos. Tradução Leonardo Fróes. 2. ed. São 
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Organização e Gestão das Instituições do Ensino Fundamental 105
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SHAW, Bernard. Pygmalion.
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WILDE, Oscar. Disponível: http://www.oscarwildecollection.com/
Referências Eletrônicas

FTC EaD | CURSO NORMAL SUPERIOR 106
Beowulf 
A Lenda de Grendel
A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
A Letra Escarlate
A Megera Domada
A Noite do Iguana
As Horas
Gatsby
Hamlet
Lancelot
Mrs. Dalloway
My Fair Lady
No Direction Home (documentário). 
O Homem que queria ser Rei
O Mercador de Veneza
Otelo
O Último dos Moicanos
Razão e Sensibildade
Rei Lear
Romeu e Julieta
Sem Destino (Easy Rider). 
Shakespeare Apaixonado.
Tom Jones
Tristão e Isolda
Um Bonde chamado Desejo (A Streetcar named Desire)
Um Leão no Inverno
Referências Filmográficas

ANOTAÇÕES

Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
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FTC - EaD

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