CRISE DE CONSCIÊNCIA
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recebido a mesma recompensa que eles. Ou, aquele do irmão mais
velho do filho pródigo, que disse a seu pai, “Eis que trabalhei tantos
anos como escravo para ti, e nunca, nem mesmo uma única vez,
transgredi teus mandamentos,” e que achava injusto que seu irmão
mais moço não tivesse de fazer o mesmo para receber a aprovação de
seu pai.
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Novamente, parecia-me que, esperar dos irmãos qualquer
coisa exceto ficarem felizes por outros não terem de sofrer o que
haviam sofrido, seria atribuir motivação errada a eles. Dava-me a
impressão de que precisávamos perguntar-nos quanto da preocupação
expressa não poderia ser atribuída à preocupação com a própria
“imagem” do Corpo Governante, sua credibilidade, e sua influência
sobre a confiança das pessoas, sendo afetada pelo medo de que, por
admitir um erro, esta se enfraqueceria.
As conseqüências advindas destas decisões divididas não eram, de
maneira alguma, irrelevantes. Deixar de harmonizar-se com uma
decisão do Corpo Governante, uma vez publicada ou anunciada,
poderia levar, e realmente levava, à desassociação, a ser separado da
congregação, da família e dos amigos. Harmonizar-se, por outro lado,
poderia exigir a desistência de certo emprego, às vezes em situações
quando empregos eram escassos e os custos de manutenção de uma
família eram elevados. Poderia significar tomar uma posição contrária
aos desejos do companheiro, posição essa que poderia levar, e às vezes
levava, ao divórcio, à dissolução do casamento, do lar e da família,
separando os filhos do pai e da mãe. Poderia significar sentir-se
forçado a recusar-se a obedecer a certa lei, e ser então preso e afastado
da família e do lar para um lugar de encarceramento. Poderia, na
realidade, significar a perda da própria vida ou, o que pode ser ainda
mais difícil de suportar, ver entes queridos perdidos na morte.
Para ilustrar as dificuldades que poderiam surgir, mesmo quando se
fazia mudança em alguma regra anterior, considere a posição
organizacional adotada com relação aos hemofílicos e o uso de frações
de sangue (tais como Fator VIII, um fator coagulante) para prevenir
uma hemorragia fatal.
Por muitos anos, pedidos de informação enviados à sede da
organização (ou seus escritórios de filiais) por hemofílicos recebiam a
resposta de que aceitar tal fração de sangue uma única vez poderia ser
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Mateus 20:1-15; Lucas 15:25-32.