LIVRO DE CONTROLE DE QUALIDADE FISICO - QUIMICO.pdf

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About This Presentation

farmacia na aula de qualidade


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Controle
Físico-Químico de
Qualidade de
Medicamentos


••
•I PREFÁCIO
Observa-se um crescente direcionamento do profissional
farmacêutico para áreas da farmácia clínica e de manipulação
com ênfase na atenção farmacêutica, dirigindo ao paciente o foco
de atenção. Essa nova abordagem incrementa a importância da
qualidade dos medicamentos. As questões éticas e regulatórias
i
mplicam,
por sua vez, em tendências de crescimento das exigênci as
de qualidade.
Assim, a
iniciativa do organizador deste
livro ao trazer
aspectos
regulatórios e de qualidade, passando por diferentes
conceitos de metodologias físico-químicas, vem preencher uma
importante
lacuna, considerando-se a ausência de bibliografia
nacional nesse segmento. A facilidade de leitura e a forma de
apresentação, agregando aspectos estritamente práticos, mas
trazendo respostas e embasamentos
técnico-científicos, constituem
diferenciais preciosos.
Ainda, a gama de assuntos abordados, abrangendo aspectos
de amostragem e estatística, ensaios de identificação,
controle
de fitoterápicos, estudo de estabilidade, chegando à análise
instrumental, é de interesse para diferentes setores farmacêuticos,
da farmácia pública à industrial.
Parabenizo o organizador, pela iniciativa, que será valiosa
tanto para o acadêmico quanto para o profissional, nos desafios da
sua atividade.
Ora. Terezinha de Jesus Andreo/i Pinto
Diretora da Faculdade de Ciências Farmacêuti cas-USP

----------------------------------.

•I DEDICATÓRIA
A todos os alunos que nos fazem sent ir úteis.


••
•I SUMÁRIO
PARTE I
ASSUNT OS REGULATÓRJOS E SISTEMAS DE QUAliDADE
LEGISLAÇÃO NA GARA'ITIA E CO'ITROLE DE QUALIDADE ....................... 17
1.1 Legislação recomendada sobre Controle de Qualidade em
medicamentos ....................................................................................... 23
1.1.1
Leis ...................................................... ............................... ............ 23
1.1.2 Decretos .... ........... ....................................... ................................... 24
1
.1 .3 Resoluções ............................................ ...................... .................... 24
1
.1
.4 Portarias .......................................................................... ................ 26
1 .1 .5 Resoluções do Conselho Federal de Farmácia (CFF) .......................... 27
2 GESTÃO DE QUALIDADE ...................................... ....................................... 29
2.1 Sistemas de qualidade ............................................................................ 32
2.1.1 Sistema ISO 9.000 ........................................................................... 36
2.2 'ormas de qualidade ............................................................................. 38
2.2.1 Boas Práticas de Fabricação ............. ................................................ 39
3 VALIDAÇÃO DE PROCESSOS ....................................................................... 43
3.1 Procediment os Operacionais Padrão (POP) ............... .............................. 46
3.2 Validação de métodos analíticos .......................................................... .. .48
3.2.1 Parâmetros analíticos de validação ................................................... 51
4 IMPLA TAÇÃO DO CO TROLE DE QUALIDADE ........................................ 59
4.1 Controle de Qualidade na indústria farmacêuti ca .................................... 60
4.2 Controle de Qualidade na farmácia de manipulação ............................... 63
4.3 Controle
de Qualidade em laboratórios analíticos ................................... 64
4.4 Cronograma de implantação de laboratório de controle de qualidade de
medicamentos ............. ........................................... ................................ 67 4.4.1 Especificações e padrões de referência .... ...................... .................. 67
4.4.2 Equipamentos, reagentes e utensflios .............................................. 69
4.4.3 Espaço iísico ....................................................................................
71
PARTE
11
AMOSTRAS E ESTATÍSTICA APliCADA AO CONTROLE DE QUAliDADE
5 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM ...................................................................... 79
5.1 Amostragem probabilística e não-probabilística ....................................... 81
5.2 Estatística aplicada
à amostragem ............................................................ 82
5.2.1
Cálculo da amostra .............................................................................. 83
6
PREPARAÇÃO DE
AMOSTRAS ................................... ................................... 85
6.1 Extração
líquido-líquido (LLE) ................................ ................................. 87


••
6.2 Extração em fase sólida (SPE) ................................................................. 88
6.3
Microextração em fase
sólida (SPME) ...................................................... 91
7 ESTATÍSTICA APLICADA AO CO I'. TROLE DE QUALIDADE ............................ 95
7.1 Erros em análises quantitativas ................................................................ 96
7.2 Distr
ibuição
normal de dados ................................................................. 97
7.2.1
Medidas da tendência
central .......................................................... 98
7.2.2 Medidas da dispersão dos dados ......... ............................................ 99
7.2.3 Distribuição dos dados
em torno da média .... ................................. 1
00
7.3 Estatística dos erros aleatórios ............................................................... 1 02
7.3.1 Intervalo de confiança da média .................................................... 102
7.3.2 Propagação de erros aleatórios ....................................................... 1 05
7.4 Testes de significância ........................................................................... 1 08
7.4 .1 Teste T de Student.. ....................................................................... 11 O
7.4.2 Teste F .......................................................................................... 114
7.4.3 Teste Chi Quadrado (x,) ................................................................. 1 16
7.4.4 Teste Q de Dixon ........................................................................... 118
7.5 Controle estatíst ico do processo ............................................................ 120
7.5.1 Distribuição normal ....................................................................... 121
8 TRATAMENTO ESTATÍST ICO DE DADOS I STRUMENTAIS- REGRESSÃO E
CORREL AÇÃO ..................... ................. .................................................. .. 125
8.1
Regressão
linear ................................................................................... 125
8.1.1 Coeficiente
de
correlação produ to-momento .................................. 127
8.1.2 A linha de regressão de Y em X ..................................................... 131
8.1.3 Err
os nos
valores da tangente e do intercepto da curva de
regressão ............... ........................................................................ 133
8.1.4 Avaliação de uma concentração ..................................................... 135
8.1.5limitesdedetecção ........................................ ............................... 137
8.2 O Método das adições padrão .............................................................. 140
8.3 Retas de regressão ponderadas .................................................. ........... 143
PARTE 111
ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO
9 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO ................................................................. 155
9.1 Métodos clássicos ...................... ................................ ........................... 15 5
9.1.1 Reações
de identificação para ânions comuns ................................. 156
9.1 .2 Reações de
Identificação para cátions comuns ................................ 162
9.1 .3 Reações de Identificação para grupos orgânicos comuns ................. 164
9.1 .4 Teste de solubilidade ..................................................................... 166
9.1.5 Análise or ganoléptica ..................................................................... 167


••
9.2 Métodos instrumentais ......................................................................... 167
9.2.1 I dentificação via análise de gráficos instr umentais ........................... 168
9.2.2 Identificação via medidas de constantes físico-químicas .............. ........ 1 70
9.2.3 Identificação via análise de cromatogramas ........................................ 176
PARTE IV
ENSAIOS DE PUREZA
1 O IMPUREZAS I'<ORGÂ 'ICAS ..................................................................... 185
10.1 Métodos gerais ........................................................................ ........... 185
10.1 .1 Ensaios quantitativos .................................................................... 186
1 0.1.1.1 Teor de umidade (aquametria) ......................... ...................... 186
1 0.1 .1 .2 Teor de substâncias voláteis e não-voláteis ............................. 191
1 0.1.1.3 Teor
de substâncias
solúveis e insolúveis totais ........................ 191
1
0.1.1.4 Teor de cinzas ...................................................................... 191
1 0.1.1.5 Teor
de cinzas
sulfatadas ............................................. .......... 191
10.1 .1 .6 Teor de cinzas insolúveis e ácido clorfdrico ............................ 192
10.1 .2 Ensaios semiquantitativos ............................... .............................. 193
1 0.1 .2.1 Ensaio limite para cloretos ..................................................... 193
1 0.1 .2.2 Ensaio limite para sulfatos ...................................................... 194
1 0.1 .2.3 Ensaio limite para amônia ...................................................... 195
1 0.1 .2.4 Ensaio limite para ferro .......................................................... 196
1 0.1.2.5 Ensaio limite para metais pesados .......................................... 198
10.1.2.6 Ensaio limite para arsênio ........................................... ........... 199
10.2 Métodos Alternativos .......................................................................... 202
11 IMPUREZAS ORGÂ ICAS .......................................................... ............... 203
11.1 Métodos instrumentais ....................................................................... 204
11.1.1 Métodos de separação ................................................................. 204
11.1.2 \1\étodos eletroanalíticos ....................................... ....................... 205
11.1.3 Outros métodos empregados na detecção de impurezas ............... 206
PARTE V
ENSAIOS DE POTÊNCIA
12 MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSE AMENTO ............................................ 211
12.1
Métodos
volumétricos ....................................................................... 214
1 2.1.1 Aparelhos volumétricos ................................................................ 214
1 2.1.2 Solução padrão ........................................................................... 21 7
12.1.3 Volumetria de neutralização ................................... ...................... 221
12.1
.4
Volumetria em meio não-aquoso .................................................. 223
12.1.5 Volumetria de complexação ................. ........................................ 223
12.1.6 Volumetria de oxirredução ........................................................... 224
•111-



12.1.7 Volumetria de precipitação .......................................................... 226
12.2 Métodos gravimétricos ....................................................................... 227
13 MÉTODOS I STRUMENTAIS DE DOSEAME'-T0 ...................................... 231
13.1
Métodos espectroscópicos .................................................................. 231
13.1.1 Espectrometria de absorção no
UV-visível. .................................... 232
13.1.1.1 Leis da fotometria ................................................................. 232
13.1.1.2 Curva de analítica ................................................................. 235
13.1 .1.3 Outros métodos espec trométricos .......................................... 236
13.2 Métodos eletroanalíti cos ...................................... ............................... 237
14 CÁLCULO DE DOSEAMENT0 ......................... ~ ......................................... 243
14.1 Cálculo da tomada de ensaio e diluição .............................................. 245
14.1 .1 Exemplos de cálculo de tomada de ensaio .................................... 246
14.1.2 Exemplos de cálculo de doseamento ............................................ 250
PARTE VI
ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE
15 ENSAIOS DE QUALIDADE ......... ............................................................... 267
1 5.1 Ensaios físicos aplicados a formas sólidas ............................................ 2 70
15.1.1 Granulometria e ângulo de repouso .............................................. 270
15.1.2 Peso ........................................................................................... 272
15.1.3 Dureza .......................... .............................................................. 275
15.1.4 Friabilidade ................... .............................................................. 276
15.1 .5 Tempo de desintegração .............................................................. 277
15.1.5.1 Tempo de desintegração para form as plásticas ........................ 278
15.1 .6 Ensaio de dissolução .................................................................... 279
15.1.7 Aspect os visuais .. .................................................................. ....... 282
15.1.7.1 Descrição d os defeitos em embalagens ................................. 283
15.2 Ensaios físicos aplicad os a formas semi-sólidas ..................................... 284
15.2.1 Aspect os visuais e sensoriais ......................................................... 285
15.2.2 Aspectos reológicos ...................................................................... 285
15.2.2.1 Viscosímetro de Brookfield .................................................... 286
15.2.2.2 Determinação da consistência ............................................... 286
1 5.3 Ensaios físicos aplicados a formas líquidas ........................................... 287
15.3.1 Aspectos visuais e sensoriais ......................................................... 287
15.3.2 Aspectos reológicos ...................................................................... 287
15.3.2.1 Viscosímetro de Ostwald ............... ........................................ 288
15.3.3 Volume .................................................... ................................ 289
15.4 Ensaios de qualidade físico-químicos .................................................. 290

PARTE VIl
CONTROLE DE FITERÁPICOS

••
16 CO'-TROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS .................................... 297
16.1 Definições ................................ ......................................................... 299
16.2 A Regulação de fitoterápicos no Brasil. ............................................. ... 300
16.3 Considerações gerais sobre controle da qualidade, boas práticas e
garantia
da
qualidade na produção de matérias-primas vegetais e
de tltoterápicos ...................... ...................................................... ..... 301
16.4 Controle da qualidadede de matérias-primas vegetais e produtos
fitoterápicos .................
...................................... ................................
304
16.4.1 Amostragem ...................................... .......................................... 304
16.4.2 Análise macroscópica e microscópica (análise farmacobotânica) .... 308
16.4.3 Controle físico-químico de qualidade de matérias-primas vegetais e
produtos íitoterápicos .................................................................. 309
16.4.3.1 Ensaios de pureza .................................................................. 309
16.4.3.2 Avaliação qualitativa e quantitativa de prindpios ativos,
classe de componentes ou marcadores ................................... 320
16.4.3.3 Outras determinações para insumos vegetais .......................... 336
16.5 Produto acabado (fitoterápicos) .......................................................... 337
1 6.5 .1 Padronização de matérias-primas vegetais e produtos
fitoterápicos .....................
........................................................... 3 3 7 PARTE VIII
ESTUDOS DE ESTABILIDADE
17 ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS ................................. 351
1
7.1 Formas
líquidas ................... ............................................................... 354
17.2 Formas semissólidas e sólidas .............................................................. 356
18 ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORÇADA EM FÁRMACOS E
MEDICAMENTOS- "TESTE DE ESTRESSE" ................... ............................ 359
18.1 Produtos de degradação ..................................... ................................ 360
18.2 Condução do estudo de degradação acelerada .................................... 360
19 TESTE DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE .................................... 363
19.1 Estudo
de
estabilidade acelerada .......... .............................................. 366
19.2 Estudo de estabilidade de longa duração ............................................. 367
20 C"-ÉTICA DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE .............................. 369
.. PARTE IX
FU
NDAMENTOS TEÓRICOS BÁSICOS
EM ANÁLISES INSTRUMENTAL
21 MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS ............................................ ................. 379
21.1 Espectrofotometr
ia no
UV-visível. ........................................................ 381
21.1.1 Transições eletrônicas ..................... ........................... .................. 382
•113-



21.1.2 Componentes básicos de instrumentação ...................................... 384
21.2 Espectr ometria no Infravermelho ........................................................ 385
21.2.1 Espectrometria de infraverme lho próximo (NIR) ............................ 390
21.3 Fluorímetria ....................................................................................... 391
21 .4 Fotometria de chama, espec trometria de absorção atômica e lcp ......... 392
21.4.1 Fotometria de chama ................................................................... 393
21.4.2 Absorção atômica ........................................................................ 394
21.4.3 Espectroscopia de emissão de plasma ........................................... 395
21 .5 Refratometria .......................... ................................... ........................ 396
21.6 Polarimetria ...................................................................... ................. 397
22 MÉTODOS TERMOANALÍTICOS ............................................................... 399
22.1 Termogravimetria .............................................................................. 401
22.2 Análise térmica diferencial ................................................................ .402
22.3 Calorimetria exploratória diferencial .................................................. 402
23 MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃ0 ..................................................... 405
23.1 Cromatografia .................................................................................... 405
23.1.1 Cromatografia Uquida de Alta Eficiência ou
Alta Performance (CLAE ou HPLC) .............................................. .422
23.1.2 Cromatografia gasosa .................................................................. .425
23.1.3 Cromatografia supercrítica ......................... .................................. 426
23.2 Eletroforese .................. ...................................................................... 427
24 MÉTODOS ELETROQUÍMICOS ............................................................... 431
24.1
Potenciometria ....................................... ............................... ............. 433
24.1 .1
Eletrodos de referência ................................................................ 434
24.1.2 Eletrodos indicadores ou eletrodos de trabalho ............................. 438
24.1.3 Determinação experimental de pH ............................................... 443
24.1 .4 Equipame ntos .................................. ............................................ 446
24.2 Condutometria .................................................................................. 446
24.2.1 Condutometria direta ................................................................... 449
24.2.2 Titulações condutométricas .......................................................... 450
24.3 Voltametria ................................ ........................................................ 452
24.3.1 Polarografia ............................................................... .................. 454
24.3.2 Voltametria cíclica ....................................................................... 459
24.3.3 Voltametria de pulso diferencial .................................................. 463
24.3.4 Voltametria de onda quadrada (VOQ) .......................................... 465
ANEXOS
A-EXEMPLOS DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (POP'S) ........... 475
B-EXEMPLOS DE MONOGRAFIAS FARMACOPÉICAS (ESTRUTURA GRÁFICA) .... 491
C-TABELAS ESTATfSTICAS ............................................................... ............ 507

ASSUNTOS
REGULATÓRIOS E
SISTEMAS DE QUALIDADE
"Se você é capaz de tremer de indignação
a uma injustiça, e prefere morrer
em pé,
a viver
ajoelhado; então somos companheiros."
(Ernesto "'CheN Cuevara de La Serna)

LEGIS LAÇÃO NA GARAN TIA E CONTROLE DE QUALIDADE
1 LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E
CONTROLE DE QUALIDADE

••
GIL, E.S.; GONÇALVES, D. & FIGUEIREDO, G.
Quando se estuda Gara ntia e/ou Controle de Qualidade
depara-se com uma disciplina rígida e si stemática que tende,
f
requentemente, a cau sar certa
repulsa. Entretan to, tamanha rigidez
ju
stifica-se
pela inerente importância do tema-afinal qualidade, para
os medicamentos, é um atributo de caráter não apenas comercial
mas, também, legal, ético e moral. Assim, enquanto qualidade, para
muitos produtos, é uma questão
de competitividade, no campo da
Saúde deve ser obrigatoriamente atendida.
As especificações de
qualidade consideradas imprescindíveis, se não cumpridas, pod em
acarretar em sérias implicações.
"Tenha, em relação às doenças, duas coisas em vista: seja
útil ou, ao menos, não prejudique."
HIPÓCRATES-430 AC
Nesse contex to, cabe estudar a legislação referente ao
Controle de Qualidade dos medicamentos. Para tanto é preciso,
em primeiro lugar, conhecer os seguintes aspectos: A) Definição; B)
Hierarquia; e C) Extensão dos atos legais pelos quais o regulamen to
jurídico se exprime.
A) Segundo Aurélio, (1999): "lei é regra de direito ditada
pela autoridade estatal e tornada obrigatória para manter, numa
comunidade, a ordem
e o
desenvolvimento".
A lei é indistinta a toda a comunidade, ao rico e ao pobre,
ao
homem e à
mulher, dotada de sanção.
A Constituição Federal de 1988 é pedra angular de todo o
or
denamento jurídico e fonte de validade de todo o direito do
Estado. Todas
as leis a ela devem se adaptar e reger segundo seus
princípi
os, caso contrário estão em afronta à Lei Maior, ou seja, são
consideradas
inconstitucionais. No art. 59 da Constituição Federal
de
1988 são apontadas as chamadas espécies normativas.

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

6) Existe hier arquia nas espécies normativas?
É uma matéria muito discutida, com opiniões diversas e
argumentoscontundentes em duas linhas de interpretação
distintas. Um grupo afirma a inexistência da hierarquia, com
exceção das emendas constitucionais, e cada espécie normativa
atuará
dentro de sua esfera de competência; caso contrário, será
caracterizada a inconstitucionalidade.
Alguns juristas apontam o escal onamento de normas em
determinados casos, como uma hierarquia, por exemplo. A lei
subm
ete-se à Constituição, o regulamento submete-se à lei, a
instrução do Ministro submete-se ao decreto, a resolução do
Secr
etário de Estado se submete-se ao decreto do Governador, a
portaria do chefe de seção submete-se à resolução secretaria!.
1. Emendas
à Constituição: trabalho reformador que ai Lera o poder
constitu
inte original, pelo acréscimo, modificação ou supressão
de
normas.
2. Lei Complementar: tem como função tratar de cerlas matérias
que,
para a Constituição, devem ser regulamentad as por nor mas
mais rígidas. Exemplo: Lei Orgânica da Magistratu ra.
3. Lei Ordinária: tudo que não for regulamentado por Lei
Complementar, sendo
fruto de atividade do
Poder Legislativo.
Exemplo: Código Civil e Penal, Código de Defesa do Consumidor
e outros.
4.
Lei Delegada: é elaborada p elo
Presidente da República após
solicitação prévia
do Congresso Nacion al, informando o assunto sobre
o qual irá legislar. Exemplo: mais
usada em tempo de guerr a.
5. Medida Provisória: norma privativa do
Presidente da República,
ditada
em caso de relevância ou urgência, com força de
lei a
partir de sua publicação e vigência por 60 dias, prorrogáveis
por mais 60. Nesse período o Congresso Nacional aprovará,
rejeitará ou criará nova norma em
sua substituição, podendo o Poder Executivo editar nova medida provisória, com o mesmo
teor, somente na
sessão legislativa do ano seguinte. Exemplo: respo nsabilidad~ técnica para distribu idora de medicamentos
em
todo o horário de func ionamento.
6. De
cretos Leg islativos: deliberações de uma medida qualqu er,
de caráter administrativo ou público, e de competência exclusiva

LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE

••
do Congresso Nacional, instrumento este que referenda e a prova
a decisão do Presidente da República, dando-lhe liberdade para
promulgar o texto em questão por meio de decreto.
7. Resolução: é um ato firmado na própria atribuição, conferida ao
órgão
ou ao representante do poder público, que regulamentará
as matérias de competência privativa da Câ mara do Deputados
e
do Senado
Federal. Exemplo: a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) emite resoluções que alteram o campo da
fiscalização sanitária, sendo, portanto, uma norma vinda do
direito público.
C) A extensão territorial das leis.
1 . Leis federais, elaboradas pelo Congr esso acionai;
2. Leis estadua is, elaboradas pelas Assembléias Legislativas;
3. Leis municipais, elaboradas pelas Câmaras de
Vereadores.
A promulgação da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 trouxe maior intervenção do Estado na área da Saúde,
co
mo a importante inserção de artigos na seção correspondente, assim
traduzidos:
Seção 11
Da Saúde
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido
mediante pol
íticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de o
utros agravos e ao acesso universal
e igualitár
io às ações e serviços para s ua promoção, proteção
e
recuperação.
Art. 197.
São de relevância pública as ações e servi ços de saúde,
cabe
ndo ao poder público dispor, nos termos da
lei, sobre
s
ua regulamentação, fiscalização e controle, devendo s ua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
também,
por pessoa física ou jurídi ca de direito privado.
Art.
198 ....................... .... [ ... )
Art. 199
......................... .. [ ... )
Art.
200. Ao sistema único de saúde compete, além de outr as
atribuições, n os termos da lei:
l-
controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
substâncias de interesse para a saúde e parti c i par da
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológi
cos,
hemoderivados e o utros insumos.

PARTE I ·ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
11-............. [ ... ]
11 1-............ [ ... ]
IV-............ [ ... ]
v ............. [ ... ]
VI-............ [ ... ]
VIl-participar do controle e fiscalização da produção,
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioa tivos.
VIII-.......... [ ... ]
A preocupação dos constituintes com a qualidade dos
produtos destinados à saúde foi ratificada pela Lei n2 8.080, ·de 19
de setembro 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços de saúde.
Art.6. Estão
incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS):
l-execução de ações:
a)
de vigilância sanitária
b) ........ [ ... ]
c) ........ [ ... ]
d) ........ [ ... ] 11-......... [ ... ]
111-........ [ ... ]
IV-........ [ ... ]
V-......... [ ... ]
VI-a formulação da política de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde
e a participação na sua p rodução;
VIl-o controle e a fiscalização de serviços, produtos e
substâncias de interesse a saúde;
VIII-...... [ ... ]
IX-a partic ipação no controle e na fiscalização da produção,
transporte, guarda e
utilização de substâncias e p rodutos
psicoativos, tóxicos e radioativos;
Entende-se por
vigilância sanitária o conjunto de ações
capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir
nos problemas sanitários decor rentes do meio ambiente, da produção

LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE

••
e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da
saúde, abrange:
1-o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente,
relacionam-se
com a saúde, compreendidas todas as etapas
e proces
sos, da produção ao consumo; e
1
1-o controle da prestação de serviços que se relacionam direta
ou indiretamente com a saúde.
Os profissionais de Saúde, no momento em que se iniciam
na carreira profissional, assumem deveres perante a socieda de como
uma obrigação permanente, não mais uma quantidade de princípios
que, na maioria das vezes, até então não eram observados. Com o
advento da Lei nº 8078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe
sobre a proteção ao
consumidor, foram
ampliados os deveres da
responsabilidade técnica, assumidos pelo profissional diante da
regulamentação específica da
sua área de atuação:
Art. 6-
São direitos básicos do consumidor:
1-a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
provocados por práticos no fornecimento de produtos e
serviços cons
iderados perigo sos ou nocivos;
11-[ ... )
111-a informação adequada e
clara sobre os diferentes produtos
e serviços, com especificação, correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem;
O profissional que trabalha diretamente com a vida e a saúde
das pessoas está sujeito a legislações diversas, como a Constituição
Federal, Códigos Civil, Penal, Ético e de Defesa do Consumidor, leis,
decretos, resoluções e portarias.
O profissional poderá responder por seus atos ou omissões
criminal, ética e civilmente. Por exemplo, pelo novo Código Civil
promulgado pela Lei nº 10.406, de 11 de janeiro de 2003, aquele
que causar dano a alguém tem a obrigação de indenizá-lo, podendo
responder, ainda, criminal e eticamente:
Art.186. Aquele que por ação ou omissão voluntária,
negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Art.187. Também co mete ato ilfcito o titular de direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
[ ... ]
Art. 92 7. Aquele que, por ato ilfcito, causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
A responsabilidade do profissional de saúde no Controle de
Qualidade é enorme. Não se pode alegar, em nenhum momento,
desconhecer a
lei, pois a ninguém é dado o desconhecimento da
lei referente a sua área de atuação. Segundo o art. 121 do Código
Penal, a pena para o profissional liberal é aumentada em um terço,
pois caberia a ele a obrigação de prever o resultado, devido ao
conhecimento técnico próprio da sua formação.
A Lei
nº 9.695, de
20 de agosto de 1998 inseriu a falsificação,
corrupção, adulteração
ou alteração de produtos destinados a fins
terapêuticos
ou medicinais, como crimes hediondos.
O infrator
estará sujeito à pena de um a 1 O anos de reclusão e os crimes serão
considerados inafiançáveis, ou seja, o réu deverá
cumprir a pena
integralmente,
em regime fechado.
Dentro da estrutura organizac ional do Ministério da Saúde
existem autarquias, como entidades vinculadas. A Anvisa é uma
dessas
entidades, criada por força da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de1999,
com poderes regulatórios, de fiscalização e controle de produtos e
serviços
que oferecem risco para a saúde.
Com a publicação da
Leiº
8.080/1990, o conjun to de ações e
serviços
de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais,
estaduais e municipais, constitui o Sistema
Único de Saúde (SUS).
No campo de atuação do
SUS compete ao município executar os
serviços de Vigilância Sanitária (VISA), tendo as suas atividades caráter
educativo e repressivo.
Ao observar, por meio da fiscalização, irregularidades de
natureza sanitária, as
Visa aplicarão sanções embasadas na Lei n º
6.437, de 20 de agosto 1997, e nos códigos sanitários estaduais e
municipais.
A
infração é a desobediência ou a inobservância dos
dispositivos regulamenta res, sendo infrator aquele que, por ação ou
omissão, causou uma infração, participou da
sua prática ou dela se
beneficiou.
É oportuno lembrar que foi editada a Resolução
CFF
nº 417,de
29 de setembro de 2004, que trata do novo Código de Ética da
Profissão Farmacêutica, e da Resolução
CFF nº 431, de 17 de fevereiro
de
2005, que trata das infrações e sanções éticas e disciplinares
aplicadas aos farmacêuticos. Trata-se
de um código progressista, que
busca preservar a identidade da área da Farmácia. O novo Código de Ética afirma, em seu preâmbulo, que:

LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE

••
"O farmacêutico é um profissional da saúde, cumprindo-lhe
executar todas as atividades inerentes ao âmbito profissional
farmacêutico, de modo a contribuir para salvaguarda da
Saúde Pública e, ainda,[ ... ]".
Portanto, é enorme a respon sabilidade ética do profissional
farmacêutico.
É
essencial que todo profissional tenha pleno conheci mento
do seu Código de Ética Profissional, pois no mundo globalizado de
h
oje com o aces so instantâneo a informações, principalmente na
área da Saúde, a
defesa da é tica profissional passou a ser
vital.
1.1 lEGISLAÇÃO RECOMENDADA SOBRE CONTROLE DE
QUALIDADE EM MEDICAMENTOS
Nos últimos anos, a legislação especifica mente voltada para
a Garantia e o Controle de Qualidade de medicamentos tem sofrido
constantes atualizaçõ es. Várias resoluçõ es e guias da Anvisa foram
submetidos à consulta pública e então revogados. Deste modo,
cabe ao leitor o cuidado de checar quais são as determinações e
recomendações em vigor.
É importante
esclarecer que resoluções
são documentos com poder de lei que devem ser obedecida s, e
que guias são documentos que sugerem uma linha a ser seguida,
portanto, abertos à interpretação. Os guias são recomendações, são
intenci
onalmente vagos para deixar aos
analistas a flexibilidade de
adaptá-los de acordo com o método a ser usado.
Por
outro
lado, muitas leis e seus respectivos decretos, aos
quais estas resoluções estão subordinadas, permanecem ina lterados
por várias décadas. Assim, a vasta legislação voltada ao setor
farmacêutico pode então ser des crita por meio de leis, decretos,
portarias, resoluções e gui as específicos.
1.1.1 leis
• Lei no 5.991, de 17/12/1973. - Dispõe sobre o controle
sanitário de drogas, medicament os, insumos farmacêuticos e
correlatos, e dá outras providências.
• Lei no 6.360, de 23/09/1976. -Dispõe sobre a vigilância
sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os
insumos farmacêuticos e os correlatos, cosméticos, saneantes
e outros produtos, e
dá outras prov idências.
• Lei no 8.080, de 19/09/1990. -Trata da organização e
f
uncionamento dos serviços de saúde.


••
PARTE I-ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
• Lei nll 9.695, de 20/08/1998. -Dispõe sobre a falsificação,
corrupção, adulteração ou alteração
de produtos medicinais
como crime hediondo.
• Lei nll 9.782, de 26/01/1999. -Define o Sistema Nacional
de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, e dá outras providência
s.
• Lei nll 9.7 87, de 10/02/1999.-Altera a lei nll 6360, de
23/09/1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece
o
medicamento genérico.
1 .1 .2 Decretos
• Decreto nll 3.675, 28/11/2000. -Dispõe medidas especiais
relacionadas
com registro de medicamentos genéricos, de
que trata o art.
40 da Lei nll 9.787, de 10/02/1999.
• Decreto nll 7.9094, de 05/01/1977.-Regulamenta a Lei nll
6.360, de 23/ 09/1976.
• Decreto nll 3.961, de 10/10/2001.-Altera o Decreto nll
79.094, de 05/01/1977, que regulamenta a Lei n
11
6.360, de
23/
09/1976.
• Decreto nll 74.174, de 10/06/1977.-Regulamenta a Lei nll
5.991, de 17/12/1973.
1.1.3 Resoluções
• Resolução RDC nll 46, de 18/05/2000.-Normatiza os processos
de produção e controle de qualidade, a aquisição e distribuição
dos medicamentos hemoderivados para uso humano.
• Resolução RDC nll 09, de 02/01/2001. -Aprova o regulamento
técnico de soluções parenterais de
pequeno volume.
• Resolução RDC nll 80, de 18/03/2002.-Regulamento técnico
de registro, alterações e inclusão pós-registro e revalidação
de produtos biológicos.
• Resolução RDC nll 35, de 25/02/ 2003.-Determina a todos os
estabelecimentos distribuidores e fracionadores de insumos
farmacêuticos o
cumprimento das diretrizes estabelecidas
no regulamento técnico de Boas
Práticas de Distribuição e
Fracionamento
de
Insumos Farmacêuticos.
• Resolução RDC nll 79, de 11/04/2003. -Trata da
admissibilidade de códigos farmacêuticos estrangeiros como
referência no controle de qualidade de insumos e produtos
farmacêuticos.

LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE


• Resolução RDC n2
133, de 29/05/ 2003.-Dispõe sobre o registro
de medicamentos similares e dá outras providências.
• Resolução RDC n
2
134, de 29/05/2003. -Dispõe so bre a
adequação
de medicamentos já registrados ( parcialmente
revogado
pela RDC n2 21 O e pela RDC n2 48).
• Resolução RDC no 135, de 29/05/2003. -Regulamento
técnico para medicamentos genéricos. (revoga a RDC no 84,
de 2002).

Resolução RDC no
136, de 29/05/2003. -Dispõe sobre registro
de medicamentos novos (alterado parcialmente pela RDC
n.221 O e n.272, de 2004).
• Resolução RDC no 139, de 29/05/2003 .-Dispõe sobre registro
de medicamentos homeopáticos industrializados.
• Resolução RE no 899, de 29/05/2003. -Determina a
publicação do "Guia para validação de métodos analíticos
e bioanalfticos"; fica revogada a Resolução RE nl1 475, de
19/03/2002.
• Resolução RDC no 21 O, de 04/08/2003.-Determina a todos os
estabeleciment os fabricantes de medicamentos o cu mprimento
das diretrizes estabelecidas
no
regulamento técnico das Boas
Práticas para a Fabricação de Medicamentos.
• Resolução RDC nl1 333, de 19/11/2003. -Dispõe sobre
rotulagem de medicamentos e outras providências.
• Resolução RDC no 186, de 27/07/2004.-Dispõe sobre a notificação
de drogas ou insumos farmacêuticos com desvio de qualidade
comprovado pelas empresas fabricantes de medicamentos,
importadores, fracionadores, distribuidoras e farmácias.
• Resolução RDC nl1 72, de 07/04/2004. -Dispõe sobre os
medicamentos importados a granel ou em suas embalagens
primárias.
• Resolução RE n
2
88, de 16/03/2004. -Determina a publicação
da "lista de referências bibliográficas para avaliação de
segurança e eficácia de fitoterápicos".
• Resolução RE nl1 89, de 16/03/2004.-Determina a publicação
da "lista de registro simplificado de fitoterápicos".
• Resolução REno 90, de 16/03/2004.-Determina a publicação
da "guia para a realização de estudos de toxicidade pré-clínica
de fitoterápicos".
• Resolução RE n2 91, de 16/04/2004.-Determina a publicação
do guia para a realização de alteração, inclu sões, notificações
e cancelamentos pós-registr os de fitoterápicos.
• Resolução RDC no 48, de 16/04/2004. -Dispõe sobre o
registro
de medicamentos fitoterápicos.

PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALID ADE
• Resolução RE nQ 398, de 12/11/2004.-Determina a publicação
do Guia para a Realização de Estudos de Estabilidade.
• Resolução RDC nQ 354, de 18/12/2004. -Permite a
manipulação de produtos farmacêuticos de uso interno,
que contenham substâncias de baixo índice terapêutico, aos
estabelecimentos farmacêuticos
que cumprirem as condições
especificadas.
• Resolução RDC nQ 27, de 30/03/2007. -Dispõe sobre o
Sistema acionai
de Gerenciamento de
Produtos Controlados
-SNGPC, estabelece a implantação do módulo para drogarias
e farmácias e dá
outras providências.
• Resolução RDC nQ 58, de 05/09/2007. -Dispõe sobre o
aperfeiçoamento
do controle e fiscalização de substâncias
psicotrópicas anorexígenas e dá outras providências.
• Resolução RDC nQ 67, de 08/10/2007. -Dispõe sobre Boas
Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais
para Uso
Humano em Farmácias, revogando a RDC nQ 33, de 19/04/2000, RDC nQ 354, de 18/12/2003, e RDC nll 214, de
12/12/2006. Alterada pela RDC nQ 87, de 21/11/2008.
• Resolução RDC NQ 44, 1 7/08/2009-Dispõe sobre Boas Práticas
Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da
dispensação e da comercialização de produtos e da prestação
de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras
providências.
1 .1.4 Portarias
• Portaria nº 344, de 12/05/1998. -Aprova o regulamen to
técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle
especial.
• Portaria nll 2.043, de 12/12/1994. -Institui o sistema de
garantia de qualidade de produtos correlatos, submetidos ao
regime da lei nº 6360, de 27/09/1975.
• Portaria nº 106, de 24/06/1996. -Reconhece contrato de
terceirização das atividades de controle de qualidade dos
medicamentos e
seus insumos com laboratórios e entidades
públicas
ou privadas.
• Portaria nQ 19, de 16/02/1996. -Aprova a relação de
documentos necessários à formação de processos para a
solicitação
de registro de medicamentos importados.
• Portaria nQ 40, de 13/01/1998. -Estabelece normas para
nfveis
de dosagens diárias de vitaminas e minerais em
medicamentos.

lEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE


• Portaria n!l 802, de 08/10/1998. -Institui o sistema de controle
e fiscalização em toda a cadeia dos produtos farmacêuticos.
• Portaria n2 272, de 08/04/1998. -Regulamento técnico para
fixar os re
quisitos mínimos exigidos para a terapia de nutrição parenteral.
• Portaria n2 519, de 26/06/1998. -Aprova o Regulam ento
Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de
"Chás -Plantas Destinadas à Preparação de Infusões ou
Decocções".
1.1.5 Resoluções do Conselho Federal de Farmácia
(CFF)
• Resolução n!l 417, de 29/9/2004. -Aprova o Código de Ética
da Profissão Farmacêutica.
• Resolução n2 431, de 17/02/2005. -Dispõe sobre as infrações e
sanções éticas e disciplinar es aplicáveis aos farmacêuticos.
Fontes
de pesquisa na Web:
www.anvi sa.gov. br
www.cff.org.br

GESTÃO DE QUALIDADE
2 GESTÃO DE QUALIDADE


GIL, E.S. & QUINTINO, W.A.
O conceito de qualidade, embora bastante subjetivo,
pode ser definido, de modo bem simples, como um conjunto de
atributos que se deseja para um determinado produto. A satisfação
das
expectativas do cliente e o cumprimento de aspectos técnicos e
de performance legalmente exigidos são dois fatores determinantes
para o
conceito.
Para definições mais precisas de qualidade deve-se
contextualizá-la a partir de enfoques como visão transcendental,
produto, cliente, produção e valor.
Na ótica transcendental, qualidade é sinônimo de excelência
absoluta,
com
alto nível de realização e universalmente reconhecida,
havendo certa eternização nas obras
de
alta qualidade.
Nessa
abordagem, qualquer que seja a natureza da
qualidade, existe uma dependência do entendimento das pessoas,
sendo, portanto, inere ntemente subjetiva.
Sob a ótica
do produto, o conceito de qualidade passa a
ter
sentido mais concreto, preciso e
mensurável. As diferenças de
qualidade estarão atreladas a atributos específicos ou ingredientes
do produto.
A abor dagem fundamentada no usuário retoma a
subj
etividade, pois cada cons umidor apresenta desejos e preferências
pessoais. Ressalta-se,
aqui, que focar a qualidade na satisfação
do cliente nem sempre resulta em produtos com
alto padrão de
qualidade. Por exemplo, as rádios mais ouvidas, em geral, não são as
que tocam música de melhor qualidade, assim como a lista de livros,
CDs ou DVDs mais vendidos não seriam os mais transcendental mente
bem elaborados.
Na
definição fundamentada na produção a qualidade passa
a ser sinônimo do cumprimento das especificações, que em se
tratando de medicamentos, são bem exigentes. Dessa forma, uma
Ferrari e
um Uno
Mille poderiam equivaler em qualidade, desde
que cumprissem as especificações.
Por fim, há a ótica fundamentada no valor e nas relações cust o-

• PARTE I ·ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTE MAS DE QUALIDADE
••
benefício. Def inir qualidade em termos de custo e preço é uma tarefa
de difícil aplicação prática, pois seus limites são pouco definidos e
dependem da variabilidade das necessidades de cada cliente.
Mas se o conceito de qualidade pode, sob vários aspectos,
ser bastante subjetivo,
sua importância é
irrefutável.
Como demonstram alguns exemplos históricos, a importância
da qualidade, bem como o seu controle e/ou a garantia, sempre
esteve associada aos processos produtivos, evoluindo de acordo com
as exigências fundamentadas em aspectos econômicos e culturais.
Por volta de 2.150 a.C., o código Hamurabi demonstrava
preocupação com a qualidade das habitações e d eterminava a
imolação de construtores que negociassem imóveis débeis.
Os feníci os, por sua vez, amputavam as mãos dos fabrica ntes
que produzissem produtos fora d as especificações. Posteriormente,
no J mpério Romano, foram desenvolvidos sistemas de qualificação
de produtores, bastante avançadas para a época, que controlavam
toda a produção rural de seu domínio. Já na Idade Média, Luis XIV
aprovou normas relacionadas com a escolha de fornecedores e
controle de processos de fabricação de embarcações.
A
evolução dos mecanismos de
controle de qualidade
passou por três fases: Era da Inspeção, Era do Controle Estatístico e
Era da Qualidade Total.
Na Era da Inspeção os produtos eram verificados um a um,
com a participação do cliente; o foco estava na detecção dos defeitos,
analisando a tendência
de gerar erros ou
falhas.
A Era do Controle Estatís tico surgiu com o advento da
Revolução Industrial, durante a qual se deu a produção em
larga escala.
essa era, os produtos eram amestrados e inspecionados
por um departamento especializado; a ênfase estava na localização
dos defeit os.
Esta era se estendeu até o final do século XX, quando foi
substituída pela Era da Qualidade Total. Nesta, cujo lema é "faça
certo desde a primeira vez", o processo produtivo é controlado
desde a etapa do projeto, visando prevenir defe itos e assegurar a
qualidade. Na
Era da
Qualidade Total todos os membros da empresa
são responsáveis pela qualidade do produto.
A
Garantia da
Qualidade baseia- se nos princfpios da
Qualidade Total, sendo necessário o controle de toda a cadeia
produtiva-desde a qualificação dos fornecedores até os serviços de
atendimento ao consumidor (SAC), que a partir da Lei de Defesa do
Consumidor nº 8.078/ 1990 tornaram-se obrigatórios.
30

GESTÃO DE QUALIDADE

••
A Garantia da Qualidade é uma estratégia de diferenciação
e de sobrevivência. Garantir a qualidade é primar pela prevenção de
defeitos, evitando qualquer retrabalho. Deste modo, a manutenção e
melhoria contínua da qualidade permeia a redução de custos, que por
sua vez, é essencial em um mercado cada vez mais competitivo.
Os custos associados à qualidade, como treinamento de pessoal,
qualificação de fornecedores, controle de processo, são invariavelmente
menores que
os custos associados à
não-qualidade, tais como a re jeitos,
reca/ls, reprocessos, parada ou atraso de produção, comprometimento
da
imagem da empresa ou, nos piores casos, custo das indenizações
aos
clientes.
Enfim, Garantia da Qualidade é um conjunto de ações
sistematizadas, necessárias e suficientes para prover a confiança em
que os requisitos da
qualidade de um produto ou serviço sejam
atendidos.
Entre
essas ações está
controlar a qualidade em todas as etapas,
função desempenhada pelo departamento de Controle de Qualidade.
Este departamento pode ser subdivi. dido ou não, de acordo com suas
funções: controle de matérias-primas, controle físico-químico, controle
de processo, controle biológico, controle microbiológico, inspeção de
embalagens, inspeção de equipamentos e outros.
Para garantia da qualidade, essas ações devem estar
harmoniosamen te correlacionadas e serem geridas como um todo,
originando o
que hoje se conhece por Gestão da
Qualidade.
Gestão da Qualidade é, portanto, o conjunto de atividad es
gerencia is que determinam a política da qualidade, seus objetivos e
responsabilidades implementados por meio do planejamento, garantia,
controle e melhoria contínua da qualidade.
Esse sistema organizacional está estruturado de forma a que
todos
os procedimentos, responsabilidades, processos e atividades
este
jam fundamentados em um objetivo comum: a busca
pela
excelência da qualidade de produtos e serviços.
Entre outros benefícios, estratégias coorporativas baseadas na
gestão da qualidade viabilizam a manutenção da lealdade do cliente,
melhoria de resultados, versatilidade competitiva, otimização do uso
de recur sos e incremento das competências da organização, além de
agregar valores à empresa e ao cliente.
No setor farmacêutico, os sistemas e filosofias da qualidade
foram aperfeiçoados e intensificaram-se a partir da década de 1970,
depois que o Guia de Boas Práticas de Fabricação foi instituído.
A partir
daí, muitos processos e
filosofias sobre qualidade foram
criados e adotados no sentido de atender ao padrão desejado para
medi
camentos.

• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
2.1 SISTEMAS DE QUALIDADE
Em um Sistema de Qualidade eficiente há, invariavelmente,
participação efetiva
de todos os
envolvidos na cadeia produtiva.
Portanto, a metodologia adotada por uma empresa no
gerenciamento da qualidade associa todas as atividades executadas
por seus colaboradores no sentido, não apenas, de atender aos
padrões legais de qualidade, como também de satisfazer as
expectativas do cliente.
Nesse co ntexto, o sistema de Gestão da Qualidade trata
de tr
ês questões fundamentais: o
planejamento da qualidade, a
manutenção da qualidade e a melhoria contínua da qualidade.
-No planejamento da qualidade são estabelecidas as metas
e
os objetivos, desenvolvidos os processos, providos os
meios e recursos, determinados os padrões de qualidade e
estabelecidas as estratégias, ações e re
sponsabilidades.
-A manutenção da qualidade traduz-se
pela garantia da
qualidade. essa função são realizados o acompanhamento,
a supervisão e o controle para atingir os padrões
de qualidade
pré-estabelecidos, bem como a auto-avaliação do sistema
de qualidade em exercício, com revisão/ atualização dos
processos, quando necessária.
-Na
melhoria da qualidade busca-se o aperfeiçoamento e a
resolução contínua
de problemas e melhoria dos processos.
Independente do sistema de
qualidade adotado pela
empresa, esses aspectos fundamentais serão sempre abordados.
A produção de produtos e serviç
os com
qualidade é uma
tarefa árdua
que requer
desenvolv imento e implantação de Sistemas
de Gestão da Qualidade, que sejam incorporados por todos os
colaboradores da empresa, inclusive pela alta direção, de forma que
haja um comprometimento comum de conquistar a excelência.
Para tanto, é importante que se definam alguns conceitos
fundamentais.
Sistema é um conjunto de partes que interagem e
interdependem, formando um todo com objetivos e propósitos
comuns,
efetuando sinergicamente uma função. Em um Sistema
da
Qualidade o objetivo comum é a conquista da excelência
em qualidade. já os Programas de Qualidade são filosofia s,
procedimentos ou estratégias das quais as partes de um sistema
utilizam- se na busca da qualidade almejada.-
Existem ho je vários programas gerenciais ou filosofias adotadas

GESTÃO DE QUALIDADE

••
na implantação de um sistema de qualidade. Destacam-se Ciclo
PDCA, Programa SS, Metodologia dos Seis Sigma, Benchmarking,
além de diferentes sistemas de qualidade e logística, como }ust in
time, MPR e OPT, os quais podem ser aplicados independentemente
ou em associação, no sentido de atender às normas de qualidade
compulsórias (ISO 9000) ou legalmente exigidas (BPF e BPM). Estes
conceitos e filosofias são s inteticamente apresentados a seguir.
•PDCA
A filosofia do PDCA é baseada no significado dos verbos
planejar (to plan), desempenhar/fazer (to do), analisar/checar (to
check) e agi r (to act).
No ato de planejar é feito o planejamento das atividades,
o estabelecimento das metas e elaborado um plano de ação para
atingir
os objetivos.
No ato de desempenhar se dá a
coleta de dados e a execução
dos processos.
Na ação
de analisar/ checar são conferidos os
resultados
obtidos e feita a avaliação da necessidade de ajuste de rota e de
redefinição das ações.
Finalmente entende-se por agir, neste programa, os atos
voltados para a manutenção e a melhoria da qualidade, tais como
padronização e ações corretivas.
• Programa 5 S
Baseia-se em
cinco
palav ras japonesas relacionadas com a
prática de "bons hábitos".
a) Seiri: senso de utilização, seleção e descarte;
b)
Seiton: senso de ordenação, arrumação e organização;
c)
Seiso: senso de limpeza;
d) Seiketsu: senso de padronização/conservação;
e) Shitsuke: senso de autodisciplina, manutenção da ordem.
Entre os objetivos
principais do
SS estão: eliminação do
desperdícios com redução de custo, aumento da produtividade,
conservação da energia, prevenção de acidentes, conservação
ambiental, desenvolvimento de elementos básicos da qualidade.
• Metodologia dos Seis Sigma
Visa detectar e eliminar as causas dos erros ou falhas
ocorridas durante os processos, focalizando resultados relevantes
aos clientes.

• PARTE I -ASSUNTOS REGULA TÓRIO i E SISTEMAS DE QUALIDADE

• Estratégia Benchmarking
Nessa estratégia, a atualização de todos os processos baseia­
se na concorrência ou em um referencial de mercado.
É fundamentada em medidas práticas de desempenho
tomadas por organizaçõe~ , diferentes, por comparação de produtos
e processos.
Pode ser interna, competitiva, funcional ou genérica.
• just in time UIT)
É um sistema de gestão no qual a produção é regida pela
demanda, de modo que em cada estágio são produzidos apenas os
itens realmente necessários, nas quantidades e momento corretos.
É composto de práticas gerenciais que primam pelo estoque zero,
eliminação do desperdício, produção em fluxo contínuo, pelo esforço
incessante na resolução de problemas e pela melhoria constante
dos processos.
•MPR
O sistema MPR é definido pela sua sigla, Material Requirements
Planning.
Nesse sistema de
qualidade as metas básicas são o cumprimento
de prazos de entrega conforme
os pedidos dos
clientes, o que leva,
simultaneamente, à diminuição dos estoques. O gerenciamento deste
sistema conta com o auxílio de poderoso software.
•OPT
O sistema OPT (Optimized Production Tecnology) é uma
técnica também baseada em software desenvolvida por
pesquisadores israelenses. O princípio desse sistema está no fluxo
de materiais que maximizam a produção, enquanto as despesas
operacionais, incluindo despesas com estoque, devem ser
minimizadas.
Além das diver;as filosofias empregadas em sistemas
voltados para a qualidade existem várias ferramentas gerenciais
que visam detectar problemas e resolvê-los em busca da garantia
da qualidade. Entre outras ferramentas utilizadas nos programas
aplicados aos sistemas de qualidade destacam- se Brainsforming,
Diagrama de Causa e Efeito "espinha de peixe", Plano SW2H e
Folhas de Verificação.

GESTÃO DE QUALIDADE
• Brainstorming:
Geração de idéias para solução de problemas.
Regras básicas:

••
a) todos os membros devem opinar cabendo a um líder
orientar;
b)
nenhuma ideia deve ser criticada;
c) após
análise eliminam-se as causas pouco prováveis;
d) desen
volve reuniões com objetividade, evitando
discussões ou debates.
• Diagrama de causa e efeito (Diagrama de lshikawa):
Visa a identificar todas as possíveis causas de um determinado
efe
ito e segue as seguintes etapas: a) estabelecer o
problema; b)
usar o Brainstorming;
c) constru ir diagrama
"espinha de peixe"; d)
determinar causas básicas; e) anotar causas secundárias; e f) avaliar
diagrama para determinar: f1) as áreas de melhoria, f2) as causas
que podem ser prontamente resolvidas, f3) áreas que necessitam
de estudos mais profundos.
Pessoal Matérias-primas
__ )-________ )-__________ Problema
Cliente Tecnologia de Produção
•Plano de ação 5W2H
É fundamentado em cinco perguntas constituídas de palavras da
língua inglesa que começam com W e duas com H na língua inglesa:
a) What (o quê?); Who (quem?); When (quando?); Where
(onde?); Why (por quê?)
b) How (como?); How much (quanto?).
Neste plano são feitas perguntas básicas relacionadas ao
proces
so, tais como:
a)
O que se quer melhorar, qual o problema, e quais as metas?;
b)
Quem é responsável pela tarefa, e quem é o cliente?;
c) Quando se quer atingir um objetivo, e quando se deve cumprir
uma tarefa?;
•135-

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
d) Onde será executada ou planejada uma tarefa?;
e) Por
que se deseja determinado padrão de qualidade?;
f) Como se pretende realizar um processo, como
é avaliado o
processo?;
gl Por que o processo segue determinada ordem?;
h)
Quanto custa?
•Folhas de verificação
São mecanismos
que permitem
visuali zar e controlar o
processo.
São i
nstrumentos/documentos que permitem detectar a
frequência
de certas ocorrências durante determinado período.
2.1.1 Sistema
ISO 9. 000
A lnternational Organization for Standardization (ISO) é um
organismo mundial de normalização sediado em Genebra, Suíça,
em funcionamento oficialmente desde 23 de fevereiro de 1947.
Atual mente, conta com a participação de 1 53 países. O Brasil é
um dos fundadores, tendo como seu representante a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT ).
Sua principal atividade é a elaboração de normas técnicas
que visam não apenas auxiliar os fabricantes no estabel ecimento e
gerenciamento de padrões técnicos, avaliação de conformidade,
solução de problemas de produção e de distribuição, como também
nortear o estabelecimento de r egulamentações por parte dos governos
e lideranças econômicas, além de contribuir para que o consumidor
possa adquirir produtos e serviços de origem confiável.
As normas BR ISO 9000, família ISO 9000, são algumas
das mais conhecidas entre as várias normas desenvolvidas por esse
organismo que é uma referência internacional para normas de gestão
da qualidade. Buscam responder às exigências de qualidade do
mercado com base em características e padrões pré-estabelecidos
que se tornam regulamentações a serem aplicadas e obedecidas para
melhoria contínua da performance do produto e da organização,
promovendo a satisfação do cliente.
As novas normas da série ISO 9000, conhecidas como
,.... 361•

GESTÃO DE QUALIDADE


ISO 9000:2000, promovem a adoção da abordagem de processo
no desenvolvimento, implementação e melhoria dos sistemas de
Gestão da Qualidade (expressão utilizada pelo fato de que as
normas abordama garantia da qualidade do produto e a satisfação do
cliente). Sua estrutura é formada pela I SO 9000:2000, fundamentos
e vocabulário; ISO 900:2000, requisitos-as bases do SGQ e ISO
9004:2000, diretrizes para melhoria de desempenho.
Foram construídas e devem ser aplicadas tendo como apoio
oito pilares:
a) foco no cliente-as organizações precisam compreender
as necessidades e expectativ as atuais e futuras de seus clientes de
modo a poder atendê-las;
b) liderança -os líderes precisam estabelecer propósitos e
diretrizes únicas para a organização e divulgá-las adequadamente,
de
modo que as pessoas que
nela trabalham e que com ela se
relacionam tornem-se envolvidas;
c) envolvimento de pessoas - para que se complete o
envolvimento as pessoas, além de estarem conscientes d os propósitos
da organização precisam, ainda, aplicar suas habilidades da melhor
maneira possível, promovendo o máximo benefício da organização
e dos clientes;
d) abordagem de processos -os recursos existentes e
as atividades relacionadas devem ser geridos como processos,
com o apoio a ferramenta PDCA, já exposta anteriormente. A
n
orma identifica processo como um conjunto de atividades inter­relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em
produtos (saídas);
e) abordagem sistêmica - a organização conseguirá
maior
efetividade à medida que identificar, entender e gerenciar um sistema
de processos
inter-relacionados;
f)
melhoria contínua-melhorar a cada dia as atividades e
os produtos oferecidos deve ser uma proposta constante;
g) decisão baseada em fatos-informações e dados devem
ser a base para uma tomada de decisão
confiável e efetiva;
h)
benefício mútuo com fornecedores -a organização
consegue aumentar a agregação de
valor àquilo que produz quando
tem o apoio dos seus fornecedores, o que ocorre quando as relações
são de benefício mútuo.
O Comitê Técnico (TC 176 da ISO) desenvolveu um modelo
de processo que retrata os requisitos genéricos de um Sistema de
Gestão da Qualidade, baseado no Plan-Do-Check- Act (PDCA),
•137-

• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTE MAS DE QUALIDADE

reproduzido na sequência da explicitação da abordagem dada ao
PDCA.
a) Plan (planejar): estabelecer os objetivos e os processos
necessários para
obter
resultados de acordo com os requisitos do
cliente e com a política da qualidade da organização;
b)
Do (fazer):
implementar os processos;
c)
Check (checar): monitorar e medir os processos e produtos
em
relação à política, objetivos e requisitos para o produto, bem
como comunicar os resultados;
d) Act (agir): exec utar ações com a finalidade de melhorar
continuamente o desempenho dos processos.
2.2 NoRMAS DE QuALIDADE
O setor farmacêutico é regulado por leis próprias, e no que
diz respeito a padrões de qualidade, apresenta exigências bastante
rígidas,
já que seus produtos e práticas afetam a segurança do
consumidor. Os padrões de qualidade seguidos pelos fabricantes podem
seguir normas divididas em duas categorias: as obrigatórias (legais) e
as voluntárias (diferenciais), ca bendo a este estabelecer sua própria
política de qualidade.
Nesse contexto, entende-se por normas de qualidade
os padrões de qualidade regulamentados, os quais o setor deve
obrigatoriamente, atender. Outrossim, atribui-se ao fabricante a
responsabilidade pela quali dade do medicamento que produz, pois
só este
tem condições de evitar erros e contra-tempos, mediante a validação e o intenso controle de todos os processos.
Porém, cabe ao governo de cada país a proteção de seus
cidadãos, incluindo aqui o direito à saúde e a medicamentos seguros
e
eficazes. Desse modo, o governo deve
estabelecer e fazer serem
cumpridos os padrões de qualidade considerados mínimos para a
garantia da qualidade dos medicamentos.
No Bras i I, o órgão responsável por fiscalizar o setor farmacêutico
é a Agência acionai
de
Vigilância Sanitária (Anvi sa), criada em 19 de
abril de 1999 pelo Ministério da Saúde. O modelo adotado segue os
padrões das agências européias e norte-americanas.
Com a
finalidade de estabelecer uma referência para a
inspeção
de
instalações, processos e produtos, bem co mo fornecer
J-Jsl•

GESTÃO DE QUALIDADE

••
treinamento a seus inspetores, a Anvisa publica regulamentos técnicos
voltados ao setor farmacêutico.
A Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007, alterada
em alguns itens pela RDC nº 87, de 21 de novembro de 2008, institui
as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias.
A Consulta Pública nº 3, de 12 de janeiro de 2000,
regulamenta as Boas Práticas de Fabricação para os fabricantes de
medicamentos.
Finalmente, a Resolução do colegiado RDC 134, de 13 de
junho de 2001, revogada pela RDC 210/2003, dita os requis itos
mínimos necessários às indústrias farmacêuticas para garantir a
qualidade dos medicamentos que fabricam.
2.2.1 Boas Práticas de Fabricação
O conjunto de normas obrigatórias descri tas pelas Boas Práticas
de Fabricação (BPF) para medicamentos e produtos afins surgiu nos
EUA, em 1902, e serviu de b ase para as normas adotadas por quase
todos os
países.
Em 1948 a Organização
Mundial da Saúde (OMS), vinculada à
Organização das Nações Unidas (ONU), criou um conjunto de normas
para
as Boas
Práticas de Fabricação que é adotada pelo Mercado
Comum do Sul (MERCOSUL). Essas normas foram revisadas em 1990
com base nas normas da série ISO 9.000, tornando- se ainda mais
abrangentes no
que diz respei to à garantia da qualidade.
As normas da série
ISO complementam as obrigatórias das BPF,
de modo que sua certificação dá ao fabricante posição de status.
O grande diferencial do padrão de qualidade ISO em relação
ao padrão BPF é que as normas ISO se preocupam não apenas com
a qualidade do produto, mas com uma série de outros aspectos não
abordados pelas BPF que visam à plena satisfação do cliente.
Segundo a RDC 21 O, de 4 de agosto de 2003, as Boas Práticas
de Fabricação determinam que:
a) todos processos de fabricação devem ser claramente definidos
e sistematicamente revisados, mostrando-se
capazes de fabricar
medicamentos dentro dos padrões de
qualidade exigidos;
b)
as etapas críticas dos processos de fabricação devem ser
validadas;
•139-

• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTE MAS DE QUALIDADE

c) as áreas de produção devem ser providas de toda infraestrutura
necessária (pessoal qualificado e treinado, procedimentos
aprovados, espaço, instalações, equipamentos e matérias-primas,
bem
como armazenamento e transporte adequados);
d) registros
de todas etapas de produção que possibilitem
fácil
rastreamento e a investigação de quaisquer desvios;
e) sistema de atendimento a reclamações pós-venda, bem como de
recolhimento de respectivos lotes.
No Quadro 1, são listados alguns requisitos da ISO 9000,
que não são totalmente atendidos pelas BPF.
Quadro 1: Requisitos ISO e grau de atendimento da BPF
Requisitos ISO 9001 :2000
Grau de atendimento BPF
Parcial Não atendido
4.2.2 Manual de qualidade X
5.1 Compromisso da direção X
5.2 Foco no cliente X
5.3 Política da qualidade X
5.4.1 Objetivos da qualidade X
5.4.2 Plan~amento do Sistema G estão da
X
Ouali ade
5.5.1 Responsabilidade e autoridade X
5.5.2 Representante da direção X
5.5.3 Comunicação interna X
5.6 Análise crítica da direção X
6.1 Provisão de recursos X
6.2.2 Competência,
treinamento
conscientização e
X
6.3 Infraestrutura X
7.2.2 Análise crítica dos requisitos dos clientes X
7.2.3 Comunicação com cliente X
7.3 Controle de projeto X
7.5.4 Propriedade do cliente X
8.2.1 Satisfação do cliente X
8.2.2 Auditoria interna X
8.3 Controle de produto não conforme X
8.5.1 Melhoria contínua X
8.5.2 Ação corretiva X
8.5.3 Ação preventiva X
Entre os requisitos essenciais abordados pelas duas normas
estão o controle e a validação de processos. O controle de qualidade
de cada etapa da cadeia produtiva confere à empresa maior
segurança, reduzindo o número de rejeitos do produto final.

GESTÃO DE QUALIDADE

••
No que diz respeito à validação de processos, pode-se dizer
que não existe garantia da qualidade se o sistema de qualidade não
dispuser demecanismos
que
validem todos os processos da cadeia
produtiva.
•141 r :n

VALIDAÇÃO DE PROCESSOS
3 VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

••
GIL, E.S.; MONTALVÃO, E. V. & BATISTA FILHO, R.O.P.
A busca da qualidade total requer um domínio amplo de cada
fase
do processo produtivo. Neste caso, a
validação é a ferramenta
adequada para garantir a confiabilidade de instalação deste processo,
bem
como de componentes-chaves que
incluem qualificação de
equipamento, instalação, fornecedores e a validação de metodologias
analíticas, seja do setor farmacêutico, seja de qualquer outra área
onde a qualidade do produto fabricado é indispensável.
Validar significa provar e documentar resultados que indiquem
que o método é seguro dentro dos limites estabelecidos, e que com
sua aplicação se conseguem os resultados desejados. Engloba revisão
sistemática da cadeia produtiva, incluindo instalações e equipamentos,
com o objetivo de garantir o cumprimento dos procedimentos de forma
reprodutível a fim de que os produtos possam ser fabricados com a
qualidade desejada.
Perguntas polêmicas, como: "o quê e como validar um
processo?", são frequentes. A primeira resposta seria "tudo"; já a
segunda parte da questão é bem mais complexa.
Alguns processos são válidos simplesmente pela eficiência da
forma pela qual eles são controlados e documentados (por exemplo,
programas de manutenção preventiva, procedimento de paramentação
e outros). Processos
como
controle de umidade e temperatura
dos ambientes produtivos devem necessariamente ser atrelados
a programas de calibração dos equipamentos de medição, enquanto
processos como compra e recebimento de matérias-primas
devem
ser
atrelados a programas de qualificação de fornecedores.
Finalmente, a validação da grande maioria dos processos diretamente
ligados à produção requer, além da documentação detalhada de
todas as etapas, incluindo mecanismos de controle, a qualificação dos
equipamentos e estudos
comprobatórios de performance.
Como
exemplos ilustrativos, o Quadro 2 destaca alguns
processos e respectivos requisitos para validação.
•143-

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

Quadro 2: Processos e requisitos técnicos para validação
Processo
Exemplo de
Motivo
Requisitos
Compressão Dureza e friabilidade Resistência mecâni ca
Limpeza e desinfecção Contagem microbiana Controlar contaminação
Mistura de sólidos Teste de uniformidade Precisão de dosagem
Secagem
Aquametria Estabili dade e teor
Por sua vez, os ensaios analíticos empregados para comprovação
da eficiência de um processo devem também
ser validados (a validação
de métodos analíticos
será discutida em detalhes na seção 3.2).
Outras perguntas, não menos polêmicas, relacionadas à
validação de processos, tais como:
"Por onde começar a valid ar?
A quem compete a função de validar?", não apresentam
respostas genéricas. Para tanto, as empresas se mobilizam e tendem
a adotar a estratégia do Benchmarking.
Na maioria dos casos é recomendável começar a validação
pelos processos mais problemáticos (falhos)
ou novos (desconhecidos),
enquanto a função de validar pode ser a tribuída a departamento
interno específ
ico, distribuída e ntre os diversos setores da empresa,
ou à consultoria externa.
Enfim, a
fase de validação de processos
é, no setor farmacêutico,
um desafio necessário à garantia da qualidade e exigido no atendimento
das BPF.
Sem a validação de todos os processos não há como obter
órgãos de rastreamento que assegurem a integridade, segurança e
confiabilidade dos
seus produtos. Uma vez implantado o sistema de
qualidade, cabe
à empresa não medir esforços para a segurança e
cumprimento das normas. Ressalta-se que a responsabilidade pela
qualidade de um medicamento não
é exclusiva da indústria farmacêutica
ou farmácia de manipulação,
mas também compete aos fornecedores
e demais segmentos envolvidos, até o consumidor final.
Existem quatro tipos de validação:
a) Validação Prospectiva; b)
Validação Retrospectiva; c) Validação Concorrente; e d) Revalidação.
Validação Prospectiva: é um ato documentado com base na
execução de
um plano de testes previamente definidos, que demonstra
se um novo sistema, processo, equipamento ou instrumento ainda
não
operante, satisfaz as especificações funcionais e expectativas de
desempenho.
Esse tipo de validação
é realizado ainda durante o estágio
de desenvolvimento
do produto (planta-piloto) e viabiliza a identificação
de pontos críticos antes da efetivação do processo de fabricação.

VALIDAÇÃO DE PROCE SSOS
•li
••
Validação Retrospectiva: é um ato documentado com base na
revisão e análise de registros históricos, que demonstra se um sistema,
processo, equipamento ou instrumento já operante satisfaz as especificações
funcionais e
as expectati vas de desempenho. Embora não se
aplique como
medida de garantia de qualidade, é muito útil para estabelecer prioridades
em
um programa de validação, e quando o resultado se mostra positivo,
descarta-se a necessidade imediata de
validação.
Validação Concorrente: é um ato documentado, com base na
execução
de um
plano de testes previamente definidos, que demonstra
se um sistema, processo, equipamento ou instrumento em operação
satisfaz
as especificações funcionais e expectativas de desempenho.
É realizado durante a produção de rotina, e os primeiros
lotes devem
ser monitorados da forma mais abrangente possível, aval
iando-se os
resultados
do
controle de processo e produto acabado.
Revalidação: é um ato documentado que assegura
as mudanças, intencionais ou não, no processo de produção,
equipamentos e no ambiente. Portanto, é feita periodicamente ou
em virtude de mudanças no processo.
Independente do tipo de validação adotado, deve-se elaborar
um protocolo de validação e adotar um plano-mestre de validação.
Protocolo de Validação: é um documento que descreve as
atividades a serem realizadas no processo de validação, incluindo-se
os critérios de aceitação ou limites de aceitação das especificações,
para a aprovação
de um processo de produção ou parte
dele.
Plano- Mestre de Validação (PMV): deve definir os objetivos,
procedimentos, prazos e responsabilidade
s.
Fazem parte dos processos de validação a qualificação de
fornecedores, equipamentos, operações e instalações, bem
como a
calibração
de instrumentos de medida.
Qualificação de equipamento e instalações: são operações que
estabelecem
se, sob condições especificadas, o equipamento apresenta
o desempenho
previsto e se está adequadamente instalado.
A Qualificação
Operacional certifica se o sistema ou subsi stema
apresenta o desempenho previsto em todas
as faixas de operação;
todos
os equipamentos utilizados na execução dos testes devem ser
identificados e cal
ibrados antes de utilizados.
Calibração: é um conjunto de operações que v isam estabelecer
relação entre os valores indicados por um instrumento de medida,
sistema ou valores apresentados por um material de medida, comparados
•145-

111• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTE MAS DE QUALIDADE
••
aos obtidos por um padrão de referência correspondente.
Cabe ao produtor de medicamentos qualificar seus
fornecedores e
orientar os usuários e transportadoras quanto às
condições de armazenamento, bem como, no decorrer do processo
de produção,
controlar de modo rigoroso e detalhista cada etapa.
Assim surgem os Procedimentos Operacionais
Padrão (POP)
ou do inglês SOP (Standard Operational Procedures).
3.1 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (PQP)
Os procedimentos operacionais padrão são documentos
de uso interno necessários à vali dação de todos os processos,
prática necessária ao cumprimento das BPF. Em contrapartida,
esses documentos compõem o manual de qualidade da empresa,
constituindo a
base da pirâmide da maioria dos sistemas de qualidade
adotados
por empresas de variados setores.
Cada documento
(POP) descreve com detalhes como
executar corretamente um determinado processo a fim de que
seja repetido com segurança e qualidade. Desse modo, os POP
harmonizam os procedimentos, fazendo com que as atividades
sejam sempre realizadas da mesma
forma, independente de quem
as execute.
No controle de qualidade, essa harmonização incrementa
a performance de um método analítico em parâmetros como
resistência e robustez.
Assim, no
controle de qualidade, os
POP são importantes
tanto para a segurança das análi ses quanto dos analistas.
Entre
os pontos comuns a todos os
POP estão a forma como
são estruturados, distribuídos, disponibilizados e arquivados.
Na estruturação de
um documento
POP, o nome da empresa
e/
ou departamento; título do
POP, código; data de emissão, data
da emissão
anterior e número de páginas devem ser inseridos no
cabeçalho, na sequência e disposição padronizadas. O corpo do texto deve seguir a ordem:
a) objetivo;
b) responsabilidades;
c) alcance;
d)
documentos de referência;
e) distribuição
de cópias;
f) procedimento.
,~ 461•

VALIDAÇÃO DE PROCESSOS


O
padrão utilizado para as fontes de letra, bem como espaçamento
entre linhas e formatação também deve ser padronizado.
O item objetivo deve ser bem sucinto, podendo na maioria dos
casos corresponder na íntegra ao título.
O item Responsabilidades deve indicar a quais funcionári os se
destina o documento, enquanto o item Alcance indica em quais setores
as cópias destes documentos devem ser disponibilizadas e aplicadas.
No item Documentos de Referência são informadas todas as
fontes consultadas para elaboração do documento, incluindo livros,
artigos e outros POP correlacionad os.
O item Distribuição de Cópias difere do item Alcance pelo fato
de
que,
além dos locais de aplicação, também deve ser disponibilizada
e arquivada uma cópia na central de documentação.
Finalmente, no item Procedimento é descrita, de forma
objetiva e detalhada, cada etapa do método. A redação desse item
deve, obrigatoriamente, contar com a par ticipação de todos os
funcionários envolvidos no processo.
Na sequência são citados alguns exemplos de títulos de POP
comuns ao controle de qualidade:
a) POP PARAMENTAÇÃO: procedimento operacional padrão
para paramentação, entrada e saída
do
laboratório.
b) POP AMOSTRAGEM: procedimento operacional padrão
para coleta de amostras;
c) POP VALIDAÇÃO: procedi mento operacional padrão para
validação de métodos;
d) POP CALIBRAÇÃO: procedimento operacional padrão
para calibração de equipamentos;
e) POP PF: procedimento operacional padrão para
determinação do ponto ou faixa de fusão;
f) POP AAS: procedimento operacional padrão para análise
do ácido acetilsalicílico (AAS).
Ressalta-se que o número de POP necessários para atender
às necessidades do departamento de controle de qualidade é
muito superi or aos poucos exemplos citados, e, dependendo da
comple xidade dos procedimentos, estes podem se subdividir (por
exemplo, POP CA LIBRAÇÃO PEAGÔMETRO , POP PREPARAÇÃO
DE TAMPÕES, POP IDENTIFICAÇÃO DO AAS).
Exemplos completos de POPs são disponibilizados na Parte
deste livro em Anexo A.
•147-

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
3.2 VAliDAÇÃO DE MÉTODOS ANALÍTICOS
O controle de qualidade de medicamentos destaca-se
pelo número e diversidade de técnicas analíticas. Este número
cresce com o desenvolvimento de novos produtos para os quais,
frequentemente, é necessário o uso de técnicas distintas, que
segundo seu grau de desenvolvimento podem ser divididas
basicamente em dois grupos principais: métodos oficiais (AOAC,
farmacopeias, RDC n.º 79/2003) e métodos validados (intra ou
inter-laboratorialmente). A escolha de uma metodologia analítica
adequada é de fundamental importância para o procedimento de
controle de qualidade. A aplicabilidade dos métodos oficiais na
análise de medicamentos nem sempre é possível de ser realizada,
considerando a grande diversificação de formulações farmacêuticas,
bem
como de produtos novos e possíveis impurezas.
Deste
modo, a
validação da metodologia analítica constitui­
se na ativ idade essencial e inicial de um programa de garantia
de qualidade bem estruturado, um fator crítico na validação do
processo produtivo. Segundo Leite (1998), "Não ter validação é ter
apenas um número, não um resultado", frase que expressa de forma
preci
sa a importância da
validação de um método analítico. Muitos
outros processos para serem validados dependem da confiabilidade
dos resultados analíticos.
A validação de métodos analíticos é um processo pelo qual
empregam-se estudos estatísticos* para garantir que o método em
questão atenda às exigências desejadas, fornecendo uma evidência
documentada de que o método realiza aquilo para o qual é
indicado. A documentação resultante do processo de validação
é exigida pela legislação para comprovação de que determinado
processo ou método é adequado e confiável. Logo, a importância
da validação de métodos analíticos para garantia e controle da
qualidade é incontestável.
No Brasil, a competência de laboratórios de ensaios pode
ser credenciada por duas agências, a Anvisa e o Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ( lnmetro). Estes
órgãos disponibilizam guias para o proced imento de validação de
métodos analíticos, respecti vamente, a Resolução Anvisa RE nº
899, de 29 de maio de 2003, e o documento INMETRO DOQ­
CGCRE-008, de março de 2003.
*Todos os fundamentos estatísticos aplicados à validação, amostragem e demais tratamentos de
dados serão abordados no capítulo 6.

VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

••
Na validação de métodos analíticos, algumas etapas e
aspectos
devem ser definidos.
Primeiro, para o
desenvolvi mento da validação, deve-se
contar com padrões de referência certificados e toda instrumentação
deve estar previamente calibrada, incluindo vidrarias, balanças e
outros equipamentos. Em paralelo devem-se definir os níveis de
validação, que no controle de qualidade de medica mentos são
bastante altos. Os níveis de validação podem ser divi didos em
nível 1, 2 e 3. Enquanto nos níveis 1 e 2 as exigências se voltam
para investimentos em equipamentos e laboratório, no nível 3
os investimentos não se restringem ao laboratório de controle de
qualidade, havendo maior preocupação com formação de pessoal
e processos.
Finalmente, devem ser definidos os parâmetros para a
validação do ensaio analítico. Entre os pa râmetros de performance
analítica mais importantes estão a especifici dade, a exatidão,
a precisão, a linearidade, o intervalo de atuação, os limites de
detecção (sensibilidade) e quantificação e a robustez.
No caso de metodologia analítica não descrita em farmacopeias
ou formulários oficiais devidamente reconhecidos pela Anvisa, os
critérios em pregados na validação de métodos analíticos são complexos
e dependem fundamentalmente do objetivo analítico do ensaio.
Neste contexto, cabe classificar os ensaios segundo seus objetivos, que
basicamente os subdividem em quatro categorias (Qua dro 3): Ensaios
de Potên
cia, Ensaios de Pureza, Ensaios de Performance e Ensaios de Identificação.
Quadro 3: Classificação dos testes, segundo sua iinalidade:
Categoria Finalidade do teste
I
Testes quantitativos para a determinação do princfpio ativo em
produtos
farmacêuticos ou matérias-primas
Testes quantitativos
ou ensaio limite para a determinação de
11 impurezas e produ tos de degradação em produtos farmacêuticos
e matérias-primas
111
Testes de performance (p or exemplo: dissolução, liberação do
ativo)
IV Testes de identificação
A metodologia desenvolvida para cada categoria será
considerada validada desde que seja avaliado um conjunto de testes
relacionados aos seguintes parâmetros (Q uadro 4):

PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
Quadro 4: Ensaios necessários para a validação do método analítico, segundo sua finalidade:
Categoria 11
Parâmetros Categoria I Categoria 111 Categoria IV
Quantitativo Ensaio limite
Especificidade/
sim sim sim .
sim
seletividade
Linearidade
sim sim não .
não Intervalo de
atuação
sim sim . .
não
Preci;ão/
sim sim não sim não
Repetibilidade
Intermediária .. ..
não . .
não
Limite de
não não sim .
não
detecção
Limite
de
não sim não .
não
quantificação
Exatidão
sim sim
• .
não
Robustez sim sim sim não não
• pode ser necessário, dependendo da natureza do teste espedfico .
• ,. se hou\er compro,aça.o da reprodutibilidade não é necessário comprovar a Precisao Intermediária.
Os ensaios de identificação químicos ou instrumentais
têm por objetivo comprovar qualitativamente a identidade de
uma substância. A característica principal deste método é a
especifi
cidade. Os ensaios de pureza podem ser quantitativos ou
semiquantitativos, e têm por objetivo detectar se determinadas
impurezas estão ou não dentro dos limites aceitávei s. A característica
principal desejada para estes ensaios é a sensibilidade, que por sua
vez
se
correlaciona aos limites de detecção e quantificação.
No caso dos ens aios de potência, o objetivo é quant ificar
determinada molécula ativa responsável pela potência do
medicamento, ou seja, diz respeito ao doseamento de fármacos, que
em geral se constituem no componente majoritário do medicamento.
Exemplos desses ensaios são os métodos clássicos (vol umetria e
gravimetria) e instrumentais (UV-visível, polarografia), os quais variam
quanto à seletividade e sensibilidade. Para estes ensaios destaca-se,
entre
outros parâmetros, a importância da
linearidade e do intervalo
de atuação.
Já os ensaios de qualidade são aqueles cujos objetivos
não se relacionam a nenhum dos anteriores. Em geral são
ensaios referentes
à biodisponibilidade ou
estabi lidade física do

VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

••
medi camento. São atributos necessários para os ensaios físicos
a exatidão e a especific
idade. Como
exemplo, os ensaios físicos
(dureza, friabilidade,
tempo de desintegração etc) e físico-químicos
(pH,
intervalo de fusão, solubilidade).
3.2.1 Parâmetros Analíticos de Validação
De modo geral um método analítico deve, idealmente, ser
exato para fornecer valor real;, ser preciso para fornecer, com o menor
número de ensaios,
este
valor real;, ser seletivo para que a exatidão
não
se desvie com interferen tes potenciai s; ser sensível ou capaz de
determinar as menores concentrações possíveis; e, enfim, responder
de forma proporcionalmente
linear, ao longo de ampla faixa de
concentração. Esses são os cincos atributos mais desejad os em um
método analítico, a base de um procedimento de val idação: exatidão,
precisão, seletividade, sensibilidade e linearidade.
Exatidão
O parâmetro exatidão diz respeito ao grau de concordância
entre os resultados en
contrados
pelo método e um valor aceito
como referência (valor esperado). Para validar um método quanto
a este parâmetro, devem-se utilizar concentrações conhecidas de
um padrão de referência certificado específi co e comparar valor es
medidos (observados) com valores esper ados (verdadeiros). A
ten
dência pode ser expressa como recuperação
analítica (val or
observado I valor esperado). A tendência deve ser corrigida ou
demonstrada ser desprezível, mas em ambos os casos, a incerteza
associada
com a determinação da tendência permanece como um
componente
essencial da incerteza global.
Recomenda-se, também, comparar os resultados obtidos
pelo novo método a um método validado. Os processos normalmente
utilizados para avaliar a exatidão de um método são, entre outros:
uso
de materiais de referência, participação em comparações
interlaboratoriais e realização de ensaios de recuperação.
A exatidão
do método deve ser verificada a partir de, no
mínimo, nove determinações contemplando o
intervalo linear do
procedimento, ou seja, três concentrações, baixa, média e alta,
com três réplicas cada, as quais usualmente cobrem concentrações
na faixa
de
50% a 150% da concentração do produto para qual o
m
étodo foi desenvolvido. A exa tidão é expressa
pela equação:

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
Exatidão= Concentração média experimental x 100
Concentração teórica
Em análise farmacêutica voltada a ensaios de potência de
medicamentos, a tarefa experimental para o elemento de validação
exatidão envolve o preparo de 12 réplicas de placebo e respectiva
fortificação
com
80 a 120% do teor declarado do produto ao qual
se destina o método em ensaios de doseamento, ou 70 a 130% para
ensaios de
uniformidade de conteúdo.
Os critérios de aceitação exigem taxas de recuperação entre,
no mínimo, 80 e 120% para doseamento e 70 e 130% para teste de
uniformidade de conteúdo e variância média geralmente inferior a
5%.
A exatidão depende e está relacionada com a seletividade,
linearidade do método,
validade dos padrões utilizados, calibração
da instrumentação e condições de recuperação.
Como alternativa, existem procedimentos que adotam zero,
50, 75, 100, 125 e 150% dos valores de concentração para o qual o
método em desenvolv imento é proposto. Embora este procedimento
pareça mais trabalhoso, pode ser paralelamente aproveitado para
os elementos linearidade e faixa de atuação, elementos que, assim
como a seletividade, devem ser previamente determinados.
A Tabela 1 apresenta valores experimentais obtidos na
validação do parâmetro Exat idão.
Tabela 1: Dados referentes à exatidão do método obtidos durante a determinação do teor de
um comprimido por espectrometr ia no UV-visível
Concentração Absorbância Concentração
Concentração Percentual de
incorporada da solução a encontrada
teórica(%) resposta (%)
{J.lg/ml) 255 nm (J..tg/ml)
50 10,00 0,306 10,26 102,60
75 15,00 0,454 15,06 100,40
100 20,00 0,607 20,19 100,95
125 25,00 0,755 25,07 100,28
150 30,00 0, 907 30,15 100,50
Média= 100,1%; desvio-padrão relativo ( CV%) = 0,93; desvio-padrão= 0,94
A partir desses resultados, pode-se inferir que o método seria
perfeitamente válido para concentrações na faixa de 75% a 150%. Já
para concentrações ab aixo de 75%, embora a taxa de recuperação
ainda esteja
dentro dos
limites preconizados, o perfil de exatidão
dependendo dos objetivos do método pode ser questionado.

VALIDAÇÃO DE PROCESSOS
Precisão

••
Precisão (repe e repro) é o grau de repetibilidade e
reprodutividade entre valores obtidos em análises individuais, ou o
número de dados significativos obtidos em uma análise que podem
ser utilizados na emissão de um resultado.
Relaciona-se a repetibilidade dos resultados obtidos
em uma
mesma análise
ou a reprodutibilidade do método quando executado
em diferentes condições. Dados estatísticos, como repetitividade,
reprodutividade, desvios e coeficiente
de variância, bem como outros
parâmetros usuais
de validação e testes de rejeição são fundamentais
para
sua avaliação.
A precisão é expressa pela fórmula:
CV% =
Desvio-padrão x 100
Média
Para determinação deste parâmetro são necessárias várias
medições
de uma mesma amostra tratada de forma idêntica.
A precisão,
no seu menor grau de exigência, está associada
estatisticamente
à repetitividade.
Ou seja, a máxima diferença
aceitável em medições individuais seqüenciais quando se tem o
conjunto: mesma amostra, mesmo analista, mesmo equipamento,
mesmo ajuste, mesma calibração. Além do teste de repeti vidade
(precisão intra-ensaios), outros elementos de validação associados
à precisão incluem precisão intermediária, reprodutibilidade e
robustez.
A
precisão intermediária expressa as variações no mesmo
laboratório (precisão interlaboratorial)
que envolvem diferentes dias,
diferentes analistas, diferentes equipamentos, entre outras variações
menos contundentes das condições de ensaio. Trata-se
de um teste
de precisão interensaios realizado no laboratório no qual o método
em desenvolvimento ou fase de adaptação está sendo validado.
O teste de reprodutividade expressa a precisão do
método quando executado em diferentes laboratórios (precisão
interlaboratorial). Ou seja, são estudos colaborativos que têm como
objetivo verificar a reprodutibilidade do método quando realizado
em diferentes laboratórios, por diferentes analistas, equipamentos e
outras variáveis previstas na precisão intermediária.
Esta capacidade
do método de reproduzir resultados sob uma variedade de condições
ambientais
ou operacionais que consistem nas principais fontes de
erros sistemáticos está associada
à resistência do método.
•153-

• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
Em linhas gerais, o procedimento experimental para validação
completa da precisão envolve no caso do controle de qualidade de
medicamentos
as seguintes etapas:
a) preparo de
cinco réplicas de placebo em, no mínimo,
dois laboratórios;
b) fortificação das réplicas com analito (
por exemplo, fármaco)
considerando a
sensibilidade do método e
100% do teor declarado.
c) medição por três vezes cada placebo fortificado em cada
laboratório;
d) cálculo da taxa de recuperação, desvio-padrão e
coeficientes de variância;
e)
aplicação de testes estatísticos de significância (por
exemplo, teste de Fischer).
Os limites de aceitação incluem coeficiente de vairiância
(RSD) s 15% e taxa de recuperação entre 80 e 120%.
Outro parâmetro de validação intimamente ligado à precisão,
que será tratado à parte, é a robustez, que a assim como a resistência
é
um atributo muito desejado nos métodos analíticos, pois permite
avaliar o co mportamento dos desvios de medição e possíveis fontes
de erro,
garantindo a uniformidade, reprodutibilidade e qualidade
dos resultado s, fundamentais para o controle de qualidade.
Robustez
Segundo a lnternational Conference on Harmonization
(ICH),
a robustez do método é a medida da sua capacidade de permanecer
inalterado sob pequenas,
mas estudadas, variações nas condições do
ensaio. A
IUPAC utiliza o mesmo con ceito de robustez (robustness)
para a palavra ruggedness. Já a USP, que também utiliza o termo
ruggedness, atribui um sentido que remete ao atributo anteriormente
definido como resistênci a.
A robustez se relaciona à precisão e a sua sensibilidade
a
irregularidades sutis e, em geral, de difícil controle, as quais
são causas comuns de erros indeterminados.
Os testes de
robustez servem para indicar os fatores que podem influenciar
signi
ficativamente na resposta do método estudado, fornecendo a
dimensão
do problema que pode ocorrer quando o ensaio
é repeti do
sob diferentes condições ou mesmo em outro laboratório. Ressalta-se
que nenhum método seria robusto o suficiente para tolerar grandes
variações desses parâmetros. os testes
de robustez são aplicados
experimentos estatísticos
que examinam, s imultaneamente, os efeitos

VALIDAÇÃO DE PROCESS OS

••
de alterações em relação às variáveis do método. Nestes ensaios,
em geral, são utilizadas 12 réplicas do placebo e cinco níveis de
solução-padrão,
medidas três vezes cada.
Os cálculos dependem
das variações estudadas, sendo
comumente recomendado
pelo
In metro o teste de Youden, que permi te avaliar a robustez e ordenar
a influência
de cada uma das variações estudadas. Entre os fatores
deliberadamente investigados na avaliação da robustez de um
método destacam- se parâmetros experimentais (pequenas mudanças
nas etapas do método, pH, grau de pureza de reagentes, composição
de fase
móvel, tipos de coluna cromatográfica, vel ocidade de fluxo);
parâmetros
ambientais (temperatura, iluminação do ambiente,
laboratórios diferentes); parâmetros técnicos (experiênc
ia do analista,
diferentes fornecedores).
Especificidade
Especificidade é a capacidade que um método tem de
avaliar
de forma inequívoca uma determinada substância em uma mistura
complexa. O emprego do termo especificidade como sinônimo de
seletividade é polêmico. Para AOAC define-se como especifico os
métodos realmente capazes de
produzir resposta para uma úni ca
substância.
Por sua vez, o termo seletividade é empregado para os
métodos capazes de detectar uma classe de compostos de estrutura
similar. Para evitar tal confusão a IUPAC sugere o emprego do termo
seletividade, apenas.
A
seletividade/especificidade é, geral mente, o primeiro
atributo avaliado no desenvol vimento e validação de um método
analítico.
Para sua determinação é feito o exame de soluções-padrão
e amost
ra, ou ainda do respectivo padrão de referência, na presença
de componentes
que poderiam interferir na sua determinação. No
caso da especifi cidade a Anvisa preconiza o teste de degradação
farmoquímica,
que consiste em submeter o padrão, amostra, placebo
e diluentes a condições extremas
(álcalis, ácido, neutro, e oxidativo
submetidas à temperatura de 60°C por seis horas), determinando que
eventuais produtos de degradação não interfiram nos resultados.
A especificidade de
um método é expressa
pela concordância
entre resultados obtidos para a solução-padrão e amostra, ou entre
solução-padrão com e sem interferentes, empregando-se usualmente
cinco réplicas de placebo, as quais são medidas três vezes cada. Na
ausência
do
placebo pode-se utilizar o método da adição padrão.
Esse parâmetro pode ser expresso pela fórmula:

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRI OS E SISTEMAS DE QUALIDADE

% Concordância (C%) == Teor solução-padrão x 100
Teor solução-amostra
Para valores superiores a 100% considera-se que os interferentes
contribuem para o sinal analítico, enquanto, para valores inferiores a
100%, os interferentes suprimem o sinal analítico.
A Tabela 2 apresenta dados referentes à especificidade
durante a validação de um método gravimétrico.
Tabela 2: Validação de método gravimétrico quanto à especificidade
Peso
resfduo
Concentracláo
Peso resfduo
Concentraclão
Número solução padrão encon tra a
solução
encontra a C%
(mg) ( mg/ml)
amostra
(mg/ml)
(
mg)
1
603,0 30,9 629,0 32,3 104,53
2 609,0 31,3 621 ,o 31,9 101,92
3 611,0 31,4 625,0 32,1 102,23
4 607,0 31,4 622,0 31,9 102,57
5 604,0 31 ,o 627,0 32,2 103,87
Média de concordância = 103%, desvio = 1,12; desvio-padrão relativo = 1,09%
Linearidade e intervalo de atuação
É a extensão na curva analítica de um determinado método
que responde de forma diretamente proporcional. Ou seja, diz
respeito à capacidade do método de fornecer resultados diretamente
proporcionais
à concentração da substância em exame dentro dos limites de variação desejados, que definem a faixa de aplicação ou
intervalo de atuação.
Para determinação da linearidade de um método analítico é
necessário obter a reta analítica com, no mínimo, cinco pontos. Em
geral, os cinco níveis de soluções-padrão são preparados de forma
a
obter de
80 a 120% para ensaio de doseamento ou 70 a 130%
para ensaio de uniformidade de conteúdo. No caso de ensaios de
impureza quantitativ
os adota-se até
120% do limite máximo, enquanto
nos ensaios
de dissolução adota-se como critério
±20% do valor
especificado para cada tempo. Em todos os casos as medidas são
feitas três vez es cada.
A partir destes conjuntos de dados são obtidos os respectivos
gráficos e calculada a equação da reta fY = bx + a) e demais parâmetros,
tais
como ponto de intersecção em Y (a),
inclinação (b) e coeficiente
de correlação (r).

VALIDAÇÃO DE PROCESSOS


Matematicamente, a estimativa dos coeficientes de uma curva
analíti ca a partir de um conjunto de medições experimentais pode ser
obtida pelo método da regressão linear. Enquanto os coeficientes (a)
e (
b) nos fornecem i ndicação dos
limites mínimos e sensibilidade, o
coeficiente de correlação (r) permite uma estimativa da qualidade da
cu
rva obtida, indicando dispersão do conjunto de dados
analíticos e a
incerteza das medições experimentais.
Estatisticamente, o coeficiente b (s/ope) deve
ser diferente de
zero, sendo que quanto mais próximo de zero, menor a
sensibilidade
do método.
Por sua vez, para o coeficiente a (intercep to), quanto mais
próximo de zero melhor, pois menor será o ajuste da medida. Já o
coefici
ente de
correlação r será melhor quanto mais próximo de 1,0.
A Anvisa recomenda coeficiente ma ior ou igual a 0,99 e o lnmetro,
valor acima de 0,90.
Entre os meios estatísticos e matemáticos de avaliação da
linearidade da curva de calibração adicionais ao coef iciente de
correlação estão a análise de variância ponderada ( ANOVA ponderada),
teste "t" de Student e estudo de relações geométricas do gráfico
de
regressão. Em uma destas abordagens são construíd as curvas de
resposta
relativa (eixo y), em que se o sinal é dividido pelas respecti vas
concentrações e concentrações em escala logarítmi ca (eixo x). A linha
obtida deve ser horizontal sobre toda faixa linear, podendo-se construir
linhas paralel as para 95 e 105% da faixa linear, aceitando-se ape nas a
faixa c
ujos pontos estejam dentro deste
intervalo.
O intervalo de atuação é a faixa entre os limites de quantificação
super
ior e inferior de um método
analítico que possa determinar uma
concentração com precisão e exatidão.
É previamente defin ido com
base no
nível de concentração desejado para um determinado ensaio
quantitativo i.e. doseamento de fármaco ou impurezas, uniformidade
de co
nteúdo ou ensaios de
dissolução, ou seja, da faixa de aplicação
pretendida. Sua validação deriva normalmente do estudo de
linearidade, sendo estabelecida pela confirmação de que o método
apresenta exatidão, precisão e linearidade adequadas quando aplicados
a amostras contendo quantidades de substâncias dentro do intervalo
especificado.
Sensibilidade
A sensibilidade é a capacidade de um determinado método
analítico distinguir, com determinado nível de confiança, du as

• PARTE I ·ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

concentrações próximas. Esta característica depende, na prática,
do coeficiente angular da curva de calibração (inclinação da
reta), ou seja, quanto maior este coeficiente (slope) maior será a
sensibil
idade.
Ou seja, em métodos sensíveis uma pequena variação
da concentração causa uma variação expressiva
do sinal analítico.
Razão pela qual, embora de forma errônea, tornou-se
comum definir
a sensibilidade de um método como sua capacidade de avaliar baixas
concentrações de um determinado analito.
Existem dois elementos de validação associados
à sensibilidade
de um método: o limite de detecção e o limite de quantificação.
O limite de detecção (LO) é a mais baixa con centração
detectável pelo método e tem caráter semiquantitativo, sendo
aplicado a ensaios limite.
Já o limite de quantificação (LQ) aplica-se a ensaios de
doseamento e é a menor concentração que pode ser determinada
quantitativam ente por determinado método.
Para determinação da sensibilidade de um método são
utilizadas
concentrações conhecidas e decrescentes do fármaco até
o
menor nível.
O que difere, na determinação do limite de detecção e
quantificação, é o peso dado a cada parâmetro, no caso 3 ou 3,3
para LD e 1 O para LQ.
Para determinar o LD e LQ empregam-se, respectivamente,
as fórmulas:
LO =
LQ =
desvio-padrão médio x 3
Inclinação da reta
desvio-padrão mé
dio x 1
O
Inclinação da reta
Como se pode ver por estas equações, os valores de LQ são,
naturalmente, maiores do que os valores de LD, já que as concentrações
mínim
as para uma detecção segura seriam obviamente menores que as
concentrações mínimas necessárias a sua quantificação pr ecisa e exata.
Alternativamente, para métodos instrumentais que apresentam ruído
na
linha de base, pode-se defi nir LD e LQ em função da relação sinal ruído,
atribuindo-
se para LD as proporções de 3:1 ou até 2:1.

IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE
4 IMPLANTAÇÃO DO CONiTROLE DE
QUALIDADE


CIR/Lq H.N.C.;
BARA, M.IF. & GIL, E.S.
O laboratório de controle de qualidade de medicamentos
é
um setor do segmento farmacêutico que
desenvolve atividades
altamente especializadas, que requerem o conhecimento prévio
de diversas legislações que ditam normas para seu funcionamento
em um contexto de qualidade total, visando assegurar resultados
analíticos e prevenir sérios riscos à saúde pública.
A implantação de um laboratório com estas características
requer altos investimentos em pessoal, infra-estrutura física, reagentes
diversos e de alto grau de pureza, equipamentos sofisticados e sua
manutenção rotineira, vidrarias calibradas, "softwares" apropriados,
documentação detalhada pertinente a manual de qualidade,
procedimentos, registros, manuais de instrução, entre outros, que
além de elaborados devem ser submetidos a revisões periódicas,
visando
manter um sistema de gestão de
qualidade dinâmico e que
previna a ocorrência de não-conformidades.
É necessário, anteriormente à implantação do laboratório
analítico de medicamentos, conhecer os requisitos e fundamentos de
um sistema de gestão de qualidade ao qual estará suportado. Sendo
assim, deve-
se
inicialmente considerar os oito princípios de gestão
da qualidade para conduzir e operar com sucesso uma organização,
buscando sempre
um desempenho contínuo de suas atividades,
conforme descrito na ABNT NBR
ISO 9000:2005 e apresentado no
Capítulo 2, que são:
-foco no cliente;
-liderança;
-
envolvimento de pessoas;
-abordagem
no processo;
-
melhoria contínua do desempenho da organização;
-abordagem factual para tomada de decisões;

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
-benefícios mútuos nas relações com os fornecedores.
Dentre os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade,
a política e os objetivos da qualidade devem ser estabelecidos para
a implantação de um laboratório analítico em controle de qualidade
de medicamentos, proporcionando um foco para direcionar a
organização. Ambos
determinam os
resultados desejados e auxiliam
a organização na aplicação de seus recursos. A política da qualidade
fornece uma estrutura para estabelecer e analisar criticamente os
objetivos da qualidade.
Outro fundamento de sistemas de gestão da qualidade
que deve ser amplamente compreendido e estruturado anterior
à implantação de um laboratório de controle de qualidade de
medicamentos é relativo à documentação e seu valor, que permitirá
a comunicação do propósito e a consistência da ação, contribuindo
para atingir conformidades (ABNT NBR ISO/IEC 17000) com os
requisitos
do
cliente, assegurar rastreabilidade, repetibilidade e
avaliar a eficácia e a contínua adequação do sistema de gestão. Os
documentos gerados devem consistir numa atividade que agregue
valor ao sistema. Dentre estes documentos pode-se citar o manual
da qualidade (fornece informações sobre os sistemas de gestão da
qualidade da organização), planos de qualidade (descrevem como o
sistema é aplicado), especificações (estabelecem requisitos), diretrizes
(estabelecem recomendações), procedimentos operacionais e
instruções
de
trabalho (fornecem informações sobre como realizar
atividades e processos) e registros (fornecem evidências de atividades
realizadas ou resultados alcançados) (ABNT ISO/TR 10013:2002).
A implantação do controle de qualidade deve atender
aos requisitos legais descritos nos documentos normativos da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (A VISA), que apresenta
exigências diferenciadas para indústrias farmacêuticas e farmácias
de manipulação.
4.1 CONTROLE DE QUALIDADE NA INDÚSTRIA fARMACÊUTICA
De acordo com a RDC 21 O da A VISA, de 04 de agosto de
2003, é obrigatório que todos os estabelecimentos detentores de
Autorização de Funcionamen
to para fabricar medicamentos tenham
um
controle de qualidade, e que o mesmo seja independente dos
demais departamentos, principalmente da produção. De acordo com
essa resolução, o controle de qualidade é a parte das Boas Práticas

IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

••
de Fabricação (BPF) referente à amostragem, especificações, ensaios,
procedimentos de organização, documentação e procedimentos de
liberação que asseguram que os ensaios necessários e relevantes
sejam executados e que os materiais não são liberados para uso,
nem os produtos liberados para v enda ou fornecimento, até que
a qualidade dos mesmos seja julgada satisfatória. Além disso, o
controle de qualidade deve estar envolvido em todas as decisões
relacionadas à qualidade do produto, não se limitando apenas às
operações laboratoriais.
O controle de qualidade dentro da indústria farmacêutica
tem ainda outras atribuições, !ai.s__Çomo: estabelecer, va lidar e
ifllplementar seus pro~mentos , manter e armazenar os padrões
de referência das substâncias ativas utilizadas, assegurar a correta
rotulagem dos recipientes de materiais e produtos, avaliar os produtos
acabados considerando
todos os fatores
relevantes, incluindQ as
condições de produção, os resultados do controle em processo, os
documentos de fabricação, o cumprimento das especificações do
produto terminado e o exame da embalagem final. Além disso, deve
gara
ntir que a
estabilidade das substâncias ativas e dos produtos seja
monitorada, e participar da investigação de reclamações relacionadas
à qualidade do produto e do monitoramento ambiental. Para que
tais atividades sejam realizadas adequadamente, o pessoal do
controle de qualidade deve ter ac esso às áreas de produção para
realizar as atividades de amostragem e investigaçõ es, conforme
apropriado. Todas essas operações devem ser realizadas de acordo
com Procedimentos Operacionais Padrão (POP) aprovados e, quando
necessário, registradas.
O controle de qualidade deve estar sob direção de pessoa
qualificada, com experiência na área e treinada com relação às BPFs,
podendo ter sob sua supervisão um ou vários laboratórios de controle.
O responsável deve assegurar que todas as atribuições do controle
de qualidade sejam realizadas adequadamente, e para isso é de sua
respon
sabilidade aprovar ou rejeitar as matérias-primas, os materiais
de
embalagem e os produtos intermediários, a granel e acabados;
avaliar os registros dos lotes; assegurar que sejam realizados todos
os ensaios neces sários; aprovar as instruções para amostragem, as
especificações, os métodos de ensaio e os procedimentos de controle
de qualidade; aprovar e monitorar as análises realizadas; verificar
a manutenção das instalações e dos equipamentos; assegurar que
sejam feitas as validações necessárias, inclusive a validação dos
procedimentos analíticos e calibração dos equipamentos de controle;

• PARTE I -ASSUNT OS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
assegurar que sejam realizados treinamentos iniciais e contínuos
do pessoal da área de Con trole de qualidade, de acordo com as
necessidades do setor.
Os requisitos mínimos a serem seguidos pelo controle de
qualidade na indústria farmacêutica são os seguintes:
-instalações e equipamentos adequados, pessoal treinado
e procedimentos operacionais aprovados disponíveis para
que possam ser realizadas a amostragem, inspeção e ensaios
das
matérias-primas, materiais de
embalagem, produtos
intermediários, produtos a granel e produtos acabados e, quando
necessário, para o monitoramento das condições ambientais das
área
s;
-amostragens de matérias-primas, materiais de embalagem,
produtos intermediários, produtos a granel e produtos acabados
realizados
por métodos aprovados e por
pessoal qualificado;
-métodos de análise validados;
-registros das atividades (manualmente
e/ou através de instrumentos
de registro), de modo a demonstrar que todos os procedimentos
de amostragem, inspeçõ es e ensai os requeridos tenham sido
realmente executados e que quaisquer desvios tenham sido
totalmente investigados e documentados;
-produtos acabados contendo insumos que atendam à composição
quantitativa e qualitativa descrita no registro do produto;
as substâncias devem apresentar a pureza exigida, estarem
acondicionadas em recipientes adequados, corretamente
rotulados;
-registros dos resultados obtidos na inspeção e nos ensaios de
controle dos materiais, dos produtos intermediários, a granel
e acabados, levando-se em consideração o atendimento às
especificações. A avaliação dos lotes de produtos deve incluir a
revisão e a avaliação da documentação de produção, bem como,
a avaliação dos desvios aos procedimentos específicos;
não liberação de um lote de produto acabado para expedição
ant
es da aprovação da pe ssoa autorizada indicando que o mesmo
está em conformidade com
suas especificações;
-retirada de amostras suficientes das matérias-primas e d os produtos
acabado
s, que permitam a realização de exames futuros do

IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE


produto,
se necessário; as amostras retidas de produto acabado
devem ser mantidas em suas embalagens finais, nas condições
de armazenamento estabelecidas, a menos que as mesmas sejam
excepcionalmente grandes.
E finalmente, devem estar disponíveis recursos adequados
para garantir
que todas as atividades do
controle de qualidade sejam
efetiva e
confiavelmente
realizadas.
4.2 CONTROLE DE QUALIDADE NA fARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO
Com relação às farmácias de manipulação, a RDC no 67
da ANVISA, de 08 de outubro de 2007, estabelece que a farmácia
deve
dispor de
laboratório de controle de qualidade capacitado
para realização das seguintes análises de controle em processo e
da preparação manipulada: caracteres organolépticos, pH, peso
médio, friabilidade, dureza, desintegração, grau ou teor alcoólico,
densidade, volume, viscosidade, teor do princípio ativo e pureza
microbiológica.
No entanto, as
análises de teor de ativo e pureza
microbiológica das matérias-primas e preparações manipuladas
podem ser terceirizadas em laboratórios tecnicamente capacitados
para este f
im, mediante a
realização de um contrato formal.
A farmácia deve assegurar a qualidade microbiológica,
química e física de todos os produtos reembalados, reconstituídos,
diluídos, adicionad os, misturados ou de alguma maneira manuseados
antes da
sua dispensação. É
indispensável o acompanhamento e o
controle de todo o processo de obtenção das preparações magistrais
e
oficinais, devidamente documentado, para garantir o atend imento
às especificações
estabelecidas para o produto, e conseqüentemente,
um produto com qualidade ao paciente.
Um aspecto de fundamental importância no controle de
qualidade na farmácia magistral é a qualidade da água utilizada. Devem
ser feitos testes físico-qu imícos e microbiológicos, periodicamente,
para mon
itorar a
qualidade da água de abastecimento, mantendo­
se os seus r espectivos registros. A água empregada na manipulação
deve ser obtida a partir da água potável, tratada em um sistema que
assegure a obtenção de água com as especificações farmacopéicas
para água purificada. Deve haver
procedimentos escritos para a
ma
nutenção do sistema de purificação da água, com os devidos
registros, e os
testes físico-químicos e microbiológicos da água
purificada
devem ser feitos no mínimo a cada três meses, com o

• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTE MAS DE QUALIDADE
••
objetivo de monitorar o processo de obtenção de água. É permitido
à farmácia terceirizar os testes físico-químicos e microbiológicos da
água potável e purificada em laboratório capacitado.
4.3 CoNTROLE DE QuALIDADE EM lABORATÓRIOS ANALÍTICOS
O estudo e conhecimento da ABNT NBR 150/IEC
17025:2005, referência normativa que trata dos requisitos gerais
para a competência de laboratórios de ensaio e calibração, tem
que ser realizado anteriormente à implantação de um laboratório
analítico de medicamentos.
Os requisitos da direção estabelecidos nesta norma
determinam que, dentre outros aspectos, o laboratório deve:
-ter pessoal gerencial e técnico que, independente de
responsabilidades, tenha a utoridade e recursos necessári os
para desempenhar suas tarefas, incluindo a implementação,
manutenção e melhoria do sistema de gestão, e para identificar a
ocorrência de desvios
do sistema de gestão ou dos procedimentos
para a realização de ensaios e para iniciar ações para prevenir
ou mi
nimizar tais desvi os;
-ter meios para assegurar que o
pessoal envolvido esteja livre de
pressões e influências indevi
das;
ter
políticas e procedimentos para assegurar a proteção das
informações confidenci
ais e direitos de propriedades de seus clientes;
-definir a estrutura organizacional e gerencial do laboratório;
-
ter gerência técnica que tenha responsabilidade
total pelas
operações técni cas e pela provisão dos recursos necessários para
assegurar a qualidade requerida das operações
do laboratório;
-nomear
um gerente da
qualidade, que deve ter responsabilidade
e autoridade definidas para assegurar o sistema de gestão de
qualidad
e;
-assegurar que seu
pessoal está consciente da pertinência de suas
atividades e de como eles podem contribuir para alcançarem os
objetivos do sistema de gestão;
estabelec
er, implementar e manter um sistema de gestão
apropriado ao escopo das su
as atividades. A doeu mentação

IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE


do sistema deve estar implementada, deve ser comunicada,
compreendida e estar dispon ível;
-
ter uma política e pr ocedimentos para a seleção e compra de
serviços e suprimentos utilizados, que afetem a qualidade
dos ensaios e para a compra, recebimento e armazenamento
de reagentes e materiais de consumo. Estes itens n ão devem
ser utilizados até que tenham sido inspecionados qu anto ao
atendime
nto a especificações e registros das ações;
-t
er uma política e procedimentos para solucionar as reclamações
recebidas
de client es ou de outras partes e manter registros das
mesmas;
-a
primorar continuamente a eficácia do seu sistema de gestão;
design
ar autoridades apropriadas para implementar ações
corretivas, quando forem identificados trabalh os não-conformes
ou desvios das
políticas e pr ocedimentos no sistema de gestão
ou nas operações técni cas;
-identificar as potenciais fontes de não-conformidades e
implementar ações preventivas, para r
eduzir a probabilidade de
ocorrência das mesmas;
estabelecer e man
ter procedimentos para i dentificar, coletar,
indexar, acessar, arquivar, armazena
r, manter e disp or os regist ros
técnicos e da qualidade, incluindo relatórios de auditorias
internas, de análises críticas pela direção, registros de ações
corretivas e preventivas;
Os requisitos técnicos estabelecidos pela ABNT NBR ISO/I EC
17025: 2005 e que devem ser de conh ecimento prévio à implantação
de um la boratório determinam que, dentre outros aspectos:
-a direção do laboratório deve assegurar a competência de todos
que operam equipamentos espe cíficos, realizam ensaios, avaliam
res
ultados e assinam relatórios de e nsaio;
- o laboratór
io deve assegurar que as condições a mbientais n ão
invalidem os resultados ou afet em adversamente a qualidade
requerida
de qualquer medição;
-deve haver
uma separação efetiva entre áre as vizinhas nas quais
existam atividad
es incompatíveis. Devem ser tomadas medidas
para preve nir contaminações cruzadas;



PARTE I· ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
-o laboratório deve utilizar métodos e procedimentos apropriados
para todos os ensaios dentro de seu escopo, inclui ndo
amostragem, manuseio, transporte, armazena
mento e preparo.
De preferência, devem ser
utilizados métodos publicados em
normas oficiais;
-método de ensaio desenvo l vido pelo laboratório para uso próprio,
métodos não
normalizados ou métodos normalizados usados
fora
dos escopos para os quais foram concebidos, ampliados
ou modificados devem ser
devidamente validados antes de seu
uso;
-o labor
atório deve ter instruções sobre o uso e a operação de
todos os equipamentos pertine ntes, mantendo-os atualizados e
prontamente disponíve is para o pessoal;
-o laboratório deve
ser aparelhado com todos os equipament os para
amostragem,
medição e ensai os requeridos para o desempe nho
correto dos ensaios;
-
os equipamentos e seus
"softwares" usados para ensaio devem
ser capazes
de alcançar a exati dão requerida e de atender às
especificações pertinentes aos ensaios. Devem-se estabelecer
programas
de calibração de grandezas ou valores-chave dos
instrumentos, quando estas pr opriedades tiverem um efeito
significativo sobre os resultados. Antes de ser colocado em serviço,
o
equipamento deve ser calibrado ou verificado para determinar
se ele atende aos requisitos especificados pelo labor atório e às
especificações da norma pertinente;
-o laboratório deve ter um programa e procedimento para
calibração de seus padrões de referência. Estes padrões devem
ser calibrados por um organismo que possa prover rastreabilidade,
antes e depois de
qualquer ajuste;
-os
materiais de referência
devem, sempre que possível, ser
rastreáveis
às unidades de medidas
SI, ou a materiais de referência
certifica
dos;
-o laboratório deve ter procedimentos de controle de qualidade
para monitorar a validade dos ensaios realizados.
Os dados
resultantes devem ser registrados de forma
que as tendências
sejam detectáveis
e, quando praticável, devem ser aplicadas
técnicas estatísticas para análi
se crítica dos resultados.

IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

••
4.4 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE lABORATÓRIO DE
CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS
De modo geral, um estudo el aborado das exigênci as legais,
paralelamente a
uma avaliação crítica das necessidades analíticas do
produto, deve ser a primeira etapa no processo de implantação do
controle de qualidade. Uma vez estabelecidos os ensaios necessários
ao
controle de qualidade da linha de produção de interesse, segue-se
para o
levantamento das metodologias a serem aplicadas e demais
recursos necessários, tais
como equipamentos, reagentes, vidrarias
e outros. Nessa fase, os
procedimentos operacionais padrão devem
começar a ser elaborados. A próxima etapa diz respei to à concepção
do espaço físico, leva ndo em consideração os equipamentos e a
rotina de realização das análi ses.
Em suma, o cronograma de implantação do controle de
qualidade em uma empresa deve seguir as seguint es etapas:
a) verificação
das exigências
legais;
b) verificação das especificações de qualidade;
c) levantamento dos métodos analíticos;
d) levantamento dos equipamentos, reagentes e demais utensíli os
necessários;
e) elaboração dos Procedimentos Operacionais Padrão (POPs);
f) planejamento do espaço físico (/ayout do laboratório).
4.4.1 Especificações e Padrões de Referência
As especificações empregadas no controle de qualidade
visam garantir o atendi mento a requisitos qualitativos e quantitativos
de qualidade na produção de medicamentos. Por isso, devem
estar devidamente autorizadas e datadas, abrangendo os ensaios
de identificação, teor, pureza e qualidade das matérias-primas,
dos
produtos intermediários, a granel, acabados e dos materiais
de embalagem. Devem existir ainda especificações relacionadas à
água, aos solventes e aos reagentes (ácidos e bases) utilizados na
produção.
As especificações
de qualidade para produtos ou matérias­
primas são descritas
com detalhes em monografias farmacopéicas

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE
••
(Anexo B), ou na ausência destes, deve-se adotar os requisitos
presentes nas legislações vigentes e em fontes de consulta
reconhecidas oficialmente. Revisões periódicas das especificações são
fundamentais para que sejam atualizadas conforme as novas edições
da farmacopéia nacional ou de outros compêndios oficiais. De
acordo com a RDC no 79 da A VISA, de 11 de abril de 2003, apenas
quando não houver monografia oficial de matéria-prima, formas
farmacêuticas, correlatos e métodos gerais inscritos na Farmacopéia
Brasileira, poderá ser adotada monografia oficial, última edição, de
um dos segu intes compêndios internacionais: Farmacopéia Alemã,
Farmacopéia Americana e seu Formulário Nacional, Farmacopéia
Britânica, Farmacopéia
Européia, Farmacopéia Francesa, Farmacopéia
Japonesa e Farmacopéia
Mexicana. As especificações e as respectivas
referências empregadas devem estar disponíveis no
laboratório.
Para atestar o atendimento às especificações estabelecidas,
faz-se necessário o emprego
de padrões de referência. Trata- se de
substâncias com
elevado teor de pu reza, que podem estar disponíveis
sob a forma de p
adrões oficiais de referência, referências secundári as
ou de
trabalho. Os padrões oficiais são fornecidos por comissões
especializadas,
como as Farmacopéias
Brasileira e Americana, e
apresen
tam um custo
elevado, principalmente se comparado ao
custo das respectivas matérias-primas (Tabela 3)_
Tabela 3: Custos-padrão perante os custos matérias-primas
Fármaco
Padrão (USP)
US S/g
AAS 608
Ácido ascórbico 304
Cafeína 1,520
Hidrocortisona 1,520
Hidroquinona 608
Medroxi progesterona 1,520
Paracetamol 5,570
Propran olol HCI 1,520
Rutina 3,040
Vitamina A 304 ..
• Cotado em 1 0/2003; •· preço de 1 O ampolas
Matéria-prima
R$/g
0,08
0,24
0,13
9,60
0,54
13,20
0,05
0,25
0,14
0,65
Os padrões secundários ou de trabalho são preparados
no laboratório, mediante análise comparativa com padrão de
referência. Essa análise requer vários ensaios por diferentes métodos
e,
preferencialmente, por
analistas diferentes em dias alternados,
seguidos de rigoroso tratame nto estatís tico dos resultados. Para isso,

IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

••
devem-se utilizar os lotes de matérias-primas de maior uniformidade
e melhor grau de pureza. Esses padrões devem ser conferidos
regularmente quanto à sua padronização.
Todos os padrões
de referência devem ser guardados e utilizados de maneira que não tenham sua qualidade afetada. Os
rótulos dos padrões de referência e documentos que os acompanham
devem
indicar a concentração, a data de fabricação e prazo de validade, a data em que o lacre foi aberto e as condições de
armazenamento, quando necessário. Os padrões secundários devem
ser armazenados da mesma forma
que os padrões oficiais, e de
preferência em frascos que contenham quantidade suficiente para realização de, no máximo, 1 O análises.
4.4.2 Equipamentos, Reagentes e Utensílios
Os equipamentos, vidrarias, reagentes e demais utensílios
empregados no laboratório de controle de qualidade devem ser
adequados aos
procedimentos de
análises previstos e em número
suficiente ao volume das operações. Os equipamentos devem
ser projetados, construídos, adaptados, instalados, localizados e
mantidos
de forma a
facilitar as operações a serem realizadas. O
projeto e a localização dos equipamentos devem minimizar os riscos
de erros e perm itir limpeza e manutenção adequadas de maneira a
evitar a conta
minação cruzada,
acúmulo de poeira e sujeira e, em
geral, evitar todo efeito que possa influir negativamente na qualidade
dos produtos.
Todos
os equipamentos devem ser periodicamente verificados
e
calibrados, conforme procedimentos e especificações escritas,
mantendo-se os registros
dessas operações e uma etiqueta com data
referente
à última calibração afixada no equipamento. As calibrações
devem ser executadas por pessoal capacitado, utilizando padrões
rastreáveis à Rede Brasileira de Calibração (RBC) e procedimentos
reconhecidos oficialmente, no mínimo uma vez ao ano ou, em
função da freqüência de uso do equipamento e dos registros das
verificações dos mesmos. E
ssa verificação deve ser feita por
pessoal
•169-

:
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTE MAS DE QUALIDADE

treinado do próprio laboratório, empregando procedimentos escritos
e padrões
de referência rastreáveis à
RBC.
Além das verificações e calibrações, os equipamentos devem
ser submetidos a manutenções preventivas periódicas e corretivas,
quando necessário, obedecendo a procedimentos operacionais
escritos, com base nas especificações dos manuais dos fabricantes,
mantendo-se registros das manutenções
realizadas.
Todos os instrumentos utilizados devem ser devidamente
identificados. já os equipamentos em desuso ou com defeito devem
ser retirados
do
controle de qualidade se possível, caso contrário,
devem estar devidamente identificados.
o caso dos laboratórios analíticos e das indústrias de médio
e grande porte, equipamentos
como cromatógrafos
líquido e gasoso,
espectrofotômetro nas regiões do UV/visível e do infravermelho,
polarímetro, refratômetro, aparelho de dissolução, balanças analítica
e de infravermelho, entre muitos outros são fundamentais à rotina
do controle de qualidade físico-químico.
Com relação às farmácias de manipulação, considerando-se a
terceirização facultativa dos testes de teor e de pureza microbiológica,
equipamentos
como
balança analítica, aparelhos de desintegração e
de determinação do ponto de fusão, peagômetro e viscosímetro são
suficientes para a realização das análises de controle de qualidade
exigidas pela RDC 67.
Os reagentes empregados nas análises devem possuir
grau PA, e no caso daqueles empregados em cromatografia e
espectrofotometria, grau UV/HPLC. Devem ser acondicionados
corretamente, observando-se o prazo de validade descrito no
rótulo.
As vidrarias empregadas devem ser de boa qualidade, e
devem estar disponíveis em quantidade suficiente para garantir
vidraria limpa e seca sempre que necessário. No caso de laboratórios
analíticos, e nas indústrias ou farmácias que realizam validação
de metodologias, testes de equivalência farmacêutica, ou que
participam de ensaios interlaboratoriais e de proficiência, as vidrarias
volumétricas e de precisão empregadas devem obrigatoriamente

IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE


ser calibradas com padrões rastreáveis à RBC, no mínimo uma vez
ao ano.
Finalmente, por questões de segurança, o laboratório deve
dispor de todos os equipamentos de proteção individual (EPis)
necessários, tais
como
jalecos, sapatos antiderrapantes, luvas, óculos
e máscaras, no sentido de atender às regulamentações do Ministério
do Trabalho.
4.4.3 Espaço Físico
O laboratório de controle de qualidade deve ser separado
das áreas
de produção. As áreas onde forem
realizados os ensaios
microbiológicos, biológicos ou com radioisótopos devem ser
independentes e separadas e contar com instalações independentes,
especialmente o sistema de ar.
O laboratório deve ser projetado de forma a facilitar as
operações neles realizadas. Deve dispor de espaço suficiente ao
desenvolvimento das operações, dispondo de todos
os equipamentos
e materiais de
forma organizada e
racional, objetivando evitar os
riscos de contaminação cruzada, misturas de componentes e garantir
a seqüência das
operações.
Além disso, deve dispor de espaço
adequado ao armazenamento de amostras de referência, padrões
de referência e
documentação dos registros dos
lotes.
O l
aboratório
deve ser projetado considerando a utilização
de materiais de construção adequados e deve possuir sistema de
ar para
prevenir a formação de vapores nocivos.
Os ambientes
devem possuir superfícies internas (pisos, paredes e teto) lisas e
impermeáveis, sem rachaduras, resistentes aos agentes
sanitizantes
e
facilmente lavávei s, protegidos contra a entrada de aves, animai s,
insetos, roedores e poeiras. Os ralos devem ser sifonados e fechados,
e a iluminação e ventilação devem ser compatíve is com as operações
e com os materiais manuseados.
Em
alguns casos, pode ser necessária a utilização de salas
separadas para proteger determinados instrumentos de interferências
elétricas, vibrações, contato excessivo com umidade e outros fator es
externos.
•171-

• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

Devem-se considerar ainda os aspectos relacionados à
biossegurança.
As bancadas, os equipamentos e demais
elementos
devem apresentar uma distribuição ergonômica, com separação
de processos incompatíveis. Equipamentos de proteção coletiva
(EPCs), tais como extintores de incêndio, lava-olhos, chuveiro,
EPis, sinalizações de segurança e telefones de interesse devem estar
dispostos de forma planejada e acessível, atendendo às normas de
segurança e biossegurança.
Mediante as explanações anteriores, pode-se constatar a
necessidade
de uma
avaliação rigorosa sobre a implantação de um
laboratório de controle de qualidade de medicamentos. Frente aos
requisitos, pode-se
verificar que os custos de uma
análise físico­
química de medicamentos ou matérias-primas para sua elaboração
não serão reduzidos.
O Brasil possui um número muito reduzido de laboratórios
que prestam serviços nesta área, excluindo os das próprias indústrias
fabricantes. Acredita-se que ações governamentais devem ser
desenvolvidas para ampli ar o número de laboratórios habilitados
para atuarem na área de controle de qualidade de medicamentos,
de acordo
com as referências normativas atuai s.

IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE
REFERÊNC IAS
ABI' T NBR ISO/I EC 9000:2005.
AB T NBR 150/TR 10013:2002
AB T NBR 150/IEC 17000
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Y.PlANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE


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AMOSTRAGEM E
ESTATÍSTICA APLICADA AO
CONTROLE DE QUALIDADE
"Não há fatos eternos, como não há verdades
absolutas."
(Nietszche)

TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM
5 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM

••
GIL, E.S.& BARBOSA,W.G.
Entende-se por amostragem a retirada representa tiva de
material para análise e controle. Esse processo, por sua vez, corresponde
à primeira etapa do controle de qualidade e pode representar até 30%
do erro de uma análise. Assim, na amost ragem deve- se ter em mente
que a análise de uma amostra representará a qualidade de todo lote
produzido. Logo, as considerações estatísticas e legais, bem como os
planos e técnicas utilizadas no planejamento de amostragem deverão
ser baseados no bom senso e n as seguintes questões:
a) O que deve ser amostrado e analisado?;
b)
Quando se deve retirar amostras?;
c)
Como esta deve ser feita e em que quantidade?;
d)
Como interpretar os resultados das análises?
As técnicas de amostragem devem segu ir considerações
gerais como: tamanho da amostra, aspectos operacionais e
legais e
análises a serem efetuadas.
O tamanho da amostra depende do número de análises
e independe do tamanho do lote, já que a represen tatividade
está muito mais relacionada com a "qualidade" do que com a
quantidade amostrai. Entre os aspectos que podem definir a
qualidade da amostr a, estão aqueles relacionados com a coleta,
a qual, em geral, deve ser feita em locais e tempos diferentes (ex.
prateleiras, equipamentos, etap
as e outros), assim co mo cuidados
na amostragem (condições assépticas,
temperatura, condições de
transporte,
acondicionamento e outros).
Com
relação aos aspectos legais, dois aspectos devem ser
considerados:
a) amostras legais e
b)
atendimento dos regulamentos das Boas
Práticas de
Fabricação e Controle (RDC 210/2003 e RDC 134/2001) e
ormas 'IBR 150/IEC 17025/2001.
•179-

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATISTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
No que diz respeito a "amostras legais", a lei obriga aos
fabricantes que, para cada lote guarde o
produto acabado com
preço, bula, embalado, e outros, um mínimo de três embalagens
ou quantidade suficiente para três análises. Os tipos de inspeção ou análises pretendidas determinam
os aspectos críticos relacionados com os cuidados na coleta e no
tratamento das amostras.
As Normas Brasileiras NBR/IEC 17025 de 2001 estabelecem
que todo laboratório deve ter um plano e um procedimento de
amostragem, e que estes devem estar disponíveis no local onde a
atividade é realizada e assegurar a qualidade da amostra e validade
dos resultados, respeitando todos os fatores condicionantes.
Em um procedimento operaci onal padrão de amostragem
devem ser descritos dados estatísticos, identificação do amostrador,
condições ambientais, critérios de seleção,
plano de amostragem e
retirada, bem
como preparação da amos tra e eventuais desvios.
Entre
os itens considerados necessários para atendimento
das BPFs, destacam-se a necessidade de área definida para
amostragem
de matérias primas no almoxarifado, elaboração de
POPs, higienização e paramentação adequada dos funcionários,
higienização das instalações, registros
de todos os procedimentos,
adequação estatística, adequação de instrumentos e utensílios e
medidas
de prevenção de contaminação cruzada.
Há uma variedade de planos de amostragem, e que o custo
e grau
de precisão dos resultados obtidos são decisivos na escolha
do plano mais adequado. Outrossim, a precisão é definida pela
relação entre
tamanho da amostra e população e, especialmente,
pelas características
do material a ser amostrado.
Todo plano
de amostragem deve conter os seguintes iten s:
a) definição da unidade de amostragem;
b)
forma de
seleção dos elementos da população;
c) tamanho da amostra.
As farmacopéias, em geral, apresentam diretrizes quanto à
quantidade a ser amostrada. Estas, invariavelmente, dependem do
tamanho do lote e do tipo de forma farmacêutica.
Do ponto de vista estatístico, as técnicas de amostragem
são
divididas em dois grandes grupos: amostragens probalísticas e
não-probabilísticas.

i'ECNICAS DE AMOSTRAGEM
5.1 AMosiRAGt:M PROBABILÍSIICA t: NÃo-PRoBABILÍSIICA

••
Nos procedimentos de amostragem probabilísticos, todos
os elementos da população têm uma probabilidade conhecida e
supe
rior a zero de integrarem a amostra. Podem ser sub divididos em:
a) amostragem aleatória simples: Neste caso a amostra é escolhida
elemento a elemento, sendo a população numerada de 1 a N e,
com
base em um número
aleatório (Tabela de Números Aleatórios
TNA), definem-se os intervalos de retirada da amostra;
b) amostragem aleatória sistemática: Uma amos tra sistemática de
tamanho n é constituída dos elementos de ordem k, k+ r, k+ 2r,
K+ 3r ... , onde k é um número inteiro escolhido aleatoriamente
entre 1 e n, e r é o inteiro mais próximo da fração N/ n. Por
exemplo, se a população tem 100 elementos e o tamanho
escolhido para amostra foi 5, k é um número inteiro escolhido
entre 1 e 5 e r = 100/5 = 20. Caso k seja 5, a amostra será
composta de elementos 5, 25, 45, 65 e 85;
c) amostragem aleatória estratificada: Quando os elementos são
divididos em grupos não sup erpostos (ex. homem e mulher,
líquidos e sólidos, ácidos e bases), é mais fácil e eficiente escolher,
independentemente, uma amostra aleatória simples dentro de
cada um desses grupos (estratos). Todavia, o tamanho da amostra
pode ser proporcional ou não proporcional ao tamanho de cada
estrato;
d) amostragem aleatória por conglomerados
(clusters): No caso da
amostragem por conglomerados a amostragem aleatória simples
é feita em blocos superponíveis (ex. sacos de farinha, pilhas de
livros, quarteirões de um bairro). Como regra geral, o número de
elementos em um conglomerado deve ser pequeno em relação
ao tamanho da população, e o número de conglomerados,
razoavelmente grande;
e) amostragem multietapas: Feita em várias eta pas;
f) amostragem multifásica: Feita em várias fases.
Já a amostragem não-probabilística se divide em dois grandes
grupos:
amostragem
intencional e não-intencional, e, em ambos os
casos, nem todos
os
elementos da população têm a mesma chance
de integrarem a a mostra.

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
A amostragem intencional é uma amostragem
não-probabilística fundamentada em critérios ou objetivos específicos
do investigador, podendo, segundo estes, receber as seguintes
denominações: amostragem de instâncias modais, amostragem de
casos críticos, amostragem para heterogeneidade ou diversidade,
amostragem focalizada em casos particulares, amostragem de bola
de neve, amostragem por quotas proporcional e amostragem por
quotas não-proporcional.
Entretanto, na amostragem não-probabilística não-intencional,
o
único critério seguido
é a conveniênci a, seja relativa a tempo ou
espaço, seja pela disponibilidade dos elementos da população.
5.2 ESTATÍSTICA APLICADA À AMOSTRAGEM
Os dados de pesquisa devem relaci onar-se com uma
determinada característi ca existente nos indivíduos ou objetos de
estudo.
No que diz respeito
à fase de amostragem é importante que
se conheçam os dados a serem analisados e as características do
universo, objeto de estudo.
Nesse c
ontexto,
alguns conceitos estatísticos importantes
devem ser definidos.
As técnicas de amostragem são métodos de seleção adequada
de elementos de uma população, de tal forma que, com base nas
respostas obtidas, se possa inferir o compor tamento de interesse na
população-alvo.
Chama-
se
univer so ou população, o grupo sobre o qual está
sendo efetuado o estudo estatístico. Chama-se amostra uma parcela
representativa da população, escol hida aleatori amente e sobre a
qual recairá o estudo a ser feito.
Exemplo:
Deseja-se conhecer o número de placas de Petri com defeito
em uma fábri ca de vidrarias. Para isso há duas formas: contar todas as
peças defeituosas produzidas durante o dia; este total é a POPULAÇÃO;
ou pode-se recolher uma parcela das placas fabricadas e contar entre
elas somente as placas com defeitos; esta parcela é a AMOSTRA.
Se esse defeito for o diâmetro da placa fabricada, ao medi r-se
as peças da amostra, verifica- se que esse diâmetro apresenta certa
variação e classificando as peças em defeituosas ou não estaremos
u
sando a estatística.

TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM


A população ou universo por sua vez pode ser classificada em:
a) população teórica: População para a qual se pretende
generali zar as conclusões do inquérito. A totalidade dos elementos
que compõem a população também é chamada de população de
inferência;
b) população-alvo: É a população teórica, menos os grupos
ou indivíduos
que o investigador decidiu
explicitamente excluir, com
base
em critérios devidamente fundamentados;
c)
população-grelha: É a parte da população que pode ser
efetivamente listada na grelha de amostragem, ou seja, é a população
da qual se seleciona efetivamente a amostra, sendo também designada
por população acessível, inquirida ou população do estudo.
Por sua vez, cada elemento que constitui a população ou
universo corresponde à UNIDADE.
As unidades que compõem o subconjunto da população
utilizado na investigação, por sua vez formam a amostra, que pode
ser classificada em teórica ou obtida.
Entende-se
por amostra teórica a
totalidade de unidades da
população-grelha, enquanto amostra obtida corresponde às unidades
utilizadas na análise.
Fração de amostragem (FA): Proporção de casos da amostra
em relação à população.
Intervalo de amostragem (IA): Corresponde a distância entre as
unidades a mostradas, que se numeradas, esse intervalo corresponde rá
à ordem de identificação dessas unidades. No caso da amostragem
aleatória sistemática, o intervalo de amostragem é a razão N/n.
5.2.1 Cálculo da Amostra
Várias fórmulas estatísticas são empregadas no cálculo do
tamanho da amostra (n). Entre os parâmetros observados estão os níveis de
segurança ou intervalos de confiança e o tamanho da população (N).
Ressalta- se que antes de se questionar sobre a complexidade
da fórmula estatística, deve-se pensar na complexidade da amostra.
No contexto do controle de qualidade de medicamentos,
critérios farmacopéicos de amostragem levam em conta as diferentes
características das variad
as formas farmacêutic as. Outro aspecto a ser considerado diz respeito ao número

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
de testes que são realizados no controle de qualidade de um único
medicamento, bem como o número mínimo de unidades que deve
ser utilizado em cada teste e número de réplicas.
Finalmente, antes de se definir o tamanho da amostra pelo
uso de uma fórmula estatística, há de se considerar as diretrizes
farmacopéicas,
bem como os aspectos
legais e recomendações das
agências reguladoras (ex. A VISA). Por exemplo, na recepção de
determinadas matérias-primas, tem-se recomendado à indústria
farmacêutica, a violação e retirada para fins de análise de amostra
de
todos os contêineres.
Entre as
fórmulas mais simples para cálculo de n estão:
n=-{ii e n=-{ii+l
Cálculos mais complexos incluem dados sobre intervalo de
confiança
n=
z~. p(1-p)
E2
Onde:
pé a proporção do atributo na população, caso desconhecido
p = 0,50,
Za é o valor de Z no intervalo de confiança a pretendido,
Z é equivalente a "t" para população
E
0
é o erro amostrai tolerável.
Onde:
n
0
é a primeira aproximação para amostra
E
0
é o erro amostrai tolerado (Ex. Para 4 %, E
0
= 0,04)

PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS
6 PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS

••
ORlANDq R.M. & GIL, E.S.
Após a determinação do tipo de técnica de amostragem,
bem
como conhecimento prévio das condições de
análise, uma
próxima etapa que poder ser eventualmente, necessária diz
respeito à preparação da amostra. As diversas técnicas preparativas
têm a finalidade de recuperar o analito da matriz, livrando-o de
compostos que interfiram na análise, concentrando-o a uma escala
possível de ser analisada e tornando a matriz compatível com o
sistema analítico. Em alguns casos, esta etapa serve também para
modificar quimicamente o analito através de reações de derivação.
Como a etapa de preparação da amostra é quase sempre realizada
manualmente, ela se torna, na maioria dos casos, o ponto crítico
da análise, fazendo com que a precisão e a exatidão do método
fiquem estritamente dependentes dos procedimentos de preparação
adotados, o
que
resulta em um maior tempo e esforço por parte
do operador.
De modo geral, a preparação de amostras deve ser
um procedimento rápido, que tenha poucas etapas, capaz de
produzir recuperações quantitativas e reprodutivas do analito e, de
preferência, apresente a possibilidade de automação.
A escolha do tipo de tratamento empregado é feita em função
das características da
matriz e do
analito e das condições de análise
empregadas que incluem, principalmente, o tipo de técnica e de
instrumentação empregados.
Alguns analitos em certos tipos de amostras (análise de gases
em cromatografia gasosa) não requerem nenhum tipo de tratamento
prévio, sendo analisados diretamente no equipamento analítico.
Medicamentos abrangem uma vasta gama de misturas de compostos
orgânicos e inorgânicos
de origem sintética,
natural ou biológica e,
portanto, sua preparação para análise vai depender de cada caso
em particular.
Neste capítulo serão abordados os principais métodos
de preparação de amostras para análise de compostos orgânicos
e
inorgânicos em técnicas de separação (cromatográficas e

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO C ONTROLE DE QUALIDADE
••
,, ...
;
eletroforéticas), absorção atômica, infravermelho, massas,
el
etroquímica e demais técnicas correlacionadas. Inúmeras são as técnicas de preparação de amostr as capazes
de recuperar fármacos dos mais variados ti
pos de matriz es, cada qual com suas vantagens e desvantagens, empregadas conforme sua
eficácia e compatibilidade para o respectivo caso (Tabela 4).
Tabela 4: Comparação entre as principais t écnicas preparativas.
TÉCNICA
Extração
líquido-líquido
Extração em
fase sólida
PRI1'CÍPIOS CARACTERÍSTICAS
Distribuição do analito Boa reprodutibilidade, fácil
entre do i s I íq ui dos manuseio, utilizada para compostos
imiscíveis em função pouco voláteis. Exige solventes
de um coeficiente de puros, produz grandes quantidades
partição.
de resíduos.
Adsorção seletiva do Grande
disponibilidade de materiais
analito em materiais adsorventes, altas recuperações,
sólidos e posterior baixo consumo de solventes.
dessorção com solvente
s. Cartuchos e discos extrator es torna
Segue os mecanismos da a técnica mais cara, mais complicada
cromatografia em coluna
quando realizada manualmente.
clássica.
Distribuição do analito Técnica versátil, com baixo consumo
entre duas
fases imiscíveis de solvente e necessidade de pouca
Microextraçào
onde a fase extratora é um quantidade de amostra. Fibras de
em fase
sólida polímero que reveste uma extração reaproveitáve is. Limit es de
Extração por
fluido
supercrftico
Extração em
membr ana
Precipitação
protéica
fibra
de
sflica. quantificação altos, poucos materiais
de extração disponíveis.
Solubilização do analito Pode ser utilizada tanto em amostras
por um fluido no estado sólidas, semi-sólidas ou liquidas. '-ão
supercrítio que depois é necessita de solventes orgânicos. O
coletado em um líquido analito precisa ser solúvel no fluido
ou adsorvente. supercrítico.
Permeação seletiva do Eficientenaseparaçãodefármacosde
anal i to através de uma proteínas. Possui menor capacidade
membrana que separa de separação e concentração do
duas fases liquidas. analito; separação mais demorada.
Adição
de sais e solventes Técnica muito simpl es; baixo custo.
orgânicos que
competem
Pouca eficiência na retirada de
com as proteínas pela água interferentes; baixa reprodutibilidade;
disponfvel. perda
do analito.

PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS
6.1 Extração Líquido-líquido (LLE)

••
A LLE é feita pela adição e agitação de um solvente imiscfvel
na matriz e a extração aco
ntece pela passagem do analito para o
solvente
imiscfvel. Após a agitação são formadas duas fases líquidas
que são e ntão separadas. A fase contendo o analito pode ser
evaporada,
no caso de solventes orgânicos, ou pode ser, quando
aquosa, analisada diretamente no sistema cromatográfico.
A
LLE é um processo baseado no equilíbrio com o analito
se distribuindo entre duas fases imiscfveis sendo que a quantidade
total extraída está relacionada
com o coeficiente de partição entre
essas duas fases. Dessa forma, pelo menos em teoria não é possível
esperar extrações
com recuperação de
100%.
É importante lembrar que a LLE é mais eficiente se for
realizada com duas alíquotas de um volume X/2 de solvente do
que uma única alíquota X daquele mesmo solvente (Figura 1A). Por
outro lado, quando o analito possuir alta afinidade pelo solvente
extrator o volume do mesmo pode ser reduzido sem m uito prejuízo
na recuperação (Figura 1 B).
A
B
J p
,..,...,
95,23%
,_, -: ... .
c=
33,33 u
c=
'F
I
_,.~
~··~
--+ •
-~·
i 55,55%
c:>
22,22 u
90,91%
Figura 1: (A) Comparação do aumento da recuperação através da utilização de várias alíquotas
de um mesmo volume de solvente considerando um coeficiente de partição de 1. (8)
Comparação
de uma variação de
volume para um analito que possui alta afinidade
(
coeficiente de partição
20. pelo solvente de extração.
A eficiência da LLE vai depender de alguns fatores como pH,
complexação e concentração salina, que devem ser ajustadas para
aumentar a
solubilidade do analito na fase extratora, elevando o
coeficiente de partição. Reações de derivação também são utilizadas
para
aumentar a solubilidade do analito na fase extrator a.
•187-

• PARTE 11-AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
No caso de amostras onde exista algum agente complexante
na matriz, a extração pode ficar prejudicada se o analito estiver
altamente ligado a este agente. Neste caso, podem ser utilizados
detergentes, ácidos ou bases fortes ou outros compostos que
desfaçam o complexo.
As principais vantagens da LLE são as facilidades de
operação manual, a grande disponibilidade de solventes e a alta
reprodutibilidade em função da pureza desses solventes. já os
principais problemas apre
sentados são justamente a n ecessidade dos
solventes grau ana lítico mais caros, a produção de resíduos orgânicos,
a
formação de emulsões durante a extração, a necessida de de
evaporação de volumes consideráve is de solventes e as dificuldades
de automação.
6.2 Extração em Fase
Sólida (SPE)
SPE é uma técnica bastante empregada em matrizes
complexas e utiliza os mes mos materiais adsorventes empregados
em cromatografia líquida, dentre os quais se destacam os derivados
de sílica CB, C18 e CN. Os mecanismos de retenção na SPE
assemelham- se àqueles envolvidos na cromatografia líquida em
coluna e, depend
endo do adsorvente e do modo como é empregada,
a
SPE é dividida em modo reverso, modo normal e troca iônica.
Nos casos das f ases rever sas (C8, C18 e CN), a retenção do analito
acontece devido, primeiramente, às interações de van der Waals
não polare s, entre as ligações carbono-hidrogênio do anal ito com
os grupos funcionais da superfície da sílica. já no modo normal, as
principais interações são e ntre grupos polares do analito e da f ase
extratora através de ligações de hidrogênio, interações rc-n: e dipolo­
dipolo. Finalmente, no modo troca iônica, interações eletro státicas
são
as responsáveis
pela extração seletiva do analito. A SPE conta
com uma grande variedade de adsorventes disponívei s, que podem
ser empregados com os mais diversos tipos de matrizes e classes de
compostos (Tabela 5).
Atualmente, a SPE tem tido aplicações específi cas com o
desenvolvimento de fases mais seletivas. Este é o caso do material
extrator composto de fenilboronato (=5i-( CH
2
)
3
-NH-(C
6
H
5
)-B(OH)
2
)
que possui aplicação na análise de nucleosídeos, nucl eotídeos,
carboidratos e catecolaminas. Extrações seletivas em materiais
biológicos também são realizadas pela fixação de anticorpos ou

PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS

••
polímeros impressos molecularmente, como no ca so da extração
de insulina do plasma.
Diferentemente da LLE e da (SPME) microextração em f ase
fase sólida, nas quais a extração está baseada no equilíbrio, a SPE é
um processo onde normalmente recupera-se quase todo o analito
da matriz em uma única extração, não permitindo análises em
replicatas de uma mesma amostra. Após a retenção do analito pelo
adsorvente da coluna e eliminação dos interferentes por lavagens
sucessivas, procede-se à eluição do composto de interesse com
pequenos volumes de um solvente adequado (Tabela 5).
Tabela 5: Característi cas da SPE empregada nos modos reverso, normal e troca iônica
ANALITOS MATRIZ ES GRUPOS ADSORVE NTES
SOLVENTES
DE ELUIÇÃO
Apoiares: Aquosas: octadecilsilano =Si-(CH
2
)17
·CH, Metanol,
~
fármacos, fluidos octilsilano =Si-(CH
2
)7-CH, acetonitrila,
"' >
"' pesticidas, biológicos, metilsilano = Si-CH, clorofórmio
1 ..
"' peptídeos água, tecidos, cicloexilsilano =Si-~ hexano "'
"" ...
tampões
Polares: Oleosas: sílica "Si-OH Metano I,
...
carboidratos, óleos, lipídios, alumina Al
2
03 etanol, E
=
íenóis, tecidos florisil MgO,Si acetona z
"' aminopropilsilano
"'
metabólitos de gordurosos =5HCH ,l,-NH
2
"" ...
vitaminas
Catiônicos: Aquosas: Carboximetilsilano Tampões
bases iônicas fluidos =Si-CH, -COOH básicos ou
ou ionizáve
is
biológicos, sulfonilpropilsilano com alta
(fármacos, água, tecidos, ;o$i-(CH
2
),-So,-Na· força iônica
herbicidas, tampões
catecolaminas)
"'
" Aniônicos: Aquosas: Dietilaminopropilsilano Tampões ·;:
::
ácidos iônicos fluidos =Si-(CH
2
)
2
-CH
3
-N(CH,-CH ,)
2
ácidos ou
""
..,
o
~
ou ionizáveis biológicos, trimetilaminopropilsilano com alta
(ácidos água, tecidos, =SHCH,),-N-(CH,l,CI· força iônica
orgânicos, tampões
fármacos,
vitaminas,
ácidos graxos,
fosfatos)

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
Vários são os dispositivos empregados para SPE dentre eles os
mais utilizados
são os cartuchos e os discos de extração (Figura 2)_
.__ sorvente
Cartucho
Figura 2: Representação de um cartucho e um di sco usados na SPE.
Cartuchos são os dispositivos mais utilizados para a SPE
devido à sua facilidade de manuseio, grande disponibilidade
comercial e baixo custo. Os cartuchos disponíveis comerci almente
em geral, possuem reservatórios de 0,5 a 1 O ml e recheios que
variam de 35 mg a 2 g.
Nos discos são empregadas quantidades de materiais
extratores semelhantes aos cartuchos, porém as partículas extratoras
se encontram distribuídas em uma área muito maior resultando
em camadas extratoras mais delgadas, o que facilita a passagem da
matriz. Al
ém disso, discos empregam geralmente partículas menores
e mais homogêneas, o
que também facilita a transferência de massa
do analito, deixando o leito do disco com menor quantidade de
caminhos preferenciai s.
O resultado é que os discos apresentam
vazões mais altas, necessitam de menores volumes
de eluente para
a de
ssorção e as extrações são mais reprod utíveis.
Uma grande desvantagem dos discos é que sua eficiência
de extração é bastante dependente da etapa de condicionamento,
o
que torna sua operação mais difícil
e, devido às suas partículas
serem menores,
os discos também estão mais sujeitos à obstrução
por macromoléculas e materiais particulados, al ém de possuírem
custo mais elevado
que os cartuchos.
Em ambos dispositivos, a amostra é forçada a passar pelo
material extrator pela aplicação de pressão em uma das extremidades
do cartucho ou disco. Uma grande vantagem da SPE é a sua
capacidade de automação.
Para realizar a análise s imultânea de
várias amostras e extrações mais rápidas, gera
lmente são utilizados
sistemas
extratores com vácuo.

PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS


Em geral, as principais desvantagens da SPE são o maior
tempo de execução e complexidade operacional quando realizada
de forma manual. Além disso, destaca-se o custo adicional dos
cartuchos e discos
que são
utilizados geralmente uma única vez.
Outras técnicas preparativas associadas à SPE, incluem a
extração
em fase
sólida através de materiais de acesso restrito, a
microextração
com seringas recheadas (MEPS) e a microextração
em fase
sólida (SPME).
6.3 MICROEXTRAÇÃO EM FASE SóliDA (SPME)
A microextração em fase sólida (SPME) é uma técnica
relativamente nova que apresenta vantagens como a economia de
t
empo e
solvente, resumindo o processo de extração em praticamente
um único passo. A princípio, essa técnica foi desenvolvida para
análise de compostos voláteis por GC. Com o desenvolvimento de
novos materiais de extração, a SPME foi sendo adaptada à HPLC
e aos mais diversos
tipos de matrizes e
classes de compostos.
Atualmente, esta técnica é aplicada em análises ambientais de ar,
solo e água, estudos toxicológicos com cabelo, saliva, soro, sangue
e outros tecidos, além da análise de alimentos, análises forenses e
estudos
com
células e organismos vivos.
A
SPME é uma microtécnica de extração de amostras, tanto pelas dimensões do suporte de extração empregado como pelos
volumes de matrizes e solventes necessários. Na SPME utiliza-se
uma fibra ótica de sflica fundida, recoberta com um adsorv ente
adequado. A fibra se encontra acondicionada dentro de uma espécie
de agulha em um amestrador semelhante a uma seringa, ficando
exposta somente no momento da extração.
O processo de extração por SPME pode ser realizado por
imersão da fibra diretamente na matriz ou através da exposição
no espaço
confinante chamado
"headspace", onde a fibra entra
em contato somente com os vapores do analito que podem ser
liberados da matriz por aquecimento. A técnica de "headspace" é
especialmente útil quando existe alguma incompatibilidade entre
a fibra e a matriz, sendo bastante empregada na determinação de
compostos voláteis por cromatografia gasosa (GC). Já a extração
direta é utilizada para compostos menos voláteis e termossensíveis,
sendo o
modo mais empregado para
análises por HPLC.
Após a extração pela fibra, o soluto é dessorvi do empregando

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

aquecimento no caso de (GC) ou quantidades reduzidas de um
solvente adequado no caso de (HPLC). Os custos reduzidos na SPME
devem-se, ainda, ao fato das fibras de extração serem utilizadas
várias vezes antes de serem descartadas.
O processo de extração na SPME está baseado no coeficiente
de partição
do
analito entre a matriz e a fibra de extração, sendo
a
quantidade extraída, na maioria dos casos, muito inferior à
quantidade
total do analito presente na amostra, permitindo que a
mesma amostra seja analisada em replicata.
Como a SPME é um processo baseado no equilíbrio e a
quantidade de analito extraída depende da sua concentração no
estado livre, esta técnica pode ser aplicada na determinação da
ligação de fármacos às proteínas plasmáticas, uma vez que a SPME
não provoca a lise da ligação fármaco-proteína como no caso da
L L
E.
As fibras são, em sua maioria, constituídas de um ou mais polímeros sendo as mais utilizadas e de maior disponibilidade
no mercado as de polidimetilsiloxano (PDMS), poliacrilato (PA),
carbowax (CW) e
as combinadas
polidimetilsiloxano-divinilbenzeno
(PDMS-DVB), carboxen-PDMS e carbowax-DVB. Estas fibras
possuem espessuras que variam entre 7 e 100 1-1m e comprimento de
normalmente 1 em. Materiais extratores derivados de sílica porosa
C8 e
C18 e
sílica/carbono grafitizado, empregados em cromatografia
líquida, também vêm sendo recentemente utilizados.
O desenvolv imento da interface de injeção para HPLC
permitiu que a dessor ção fosse realizada no próprio sistema
cromatográfico.
Hoje, sistemas
completamente automatizados são
disponíveis
comercialmente. A maioria das interfaces servem como
uma espécie de
"T" conectado entre a bomba do cromatógrafo e a
coluna, fazendo assim a função do amostrador.
A
dessorção pode ser feita no modo estático, através da
injeção de um pequeno
volume de solvente com uma seringa de
injeção, ou no modo dinâmico, através de uma mudan ça da válvula
fazendo o solvente do sistema cromatográfico entrar em contato
contínuo com a fibra. No modo estático, o solvente de dessorção
não precisa ser necessariamente o mesmo
do sistema cromatográfi co
e a dessorção ocorre
à pressão atmosférica. Já o modo dinâmico, é
utilizado nos casos em que a transferência de massa do analito para
o solvente é rápida. Além da interface para HPLC, a SPME conta
também com interfaces para eletroforese capilar e cromatografia
por fluído supercrítico.

II'IW'ARAÇÃO DE AMOSTRAS


Atualmente,
as principais limitações da SPME são os limites
de quantificação muito altos, especialmente na determinação de
fármacos em fluidos biológicos; existem também variações entre
diferentes lotes e marcas de polímeros extratores e o efeito memória
do analito freqüentemente gera problemas na quantificação.
Novos dispositivos de SPME estão sendo desenvolvidos
onde a extração ocorre dentro de tubos. Um desses dispos itivos é
o
chamado de
"SPME in tube" (Figura 3). Neste sistema o polímero
extrator aparece revestindo o interior de um capilar de sílica fundida
e a extração ocorre dentro desse sistema. Uma variação da SPME
in tube é a SPME wire-in-tube. Neste dispositivo um fio de aço
inoxidável é acondicionado no interior do capilar para diminuir
o volume interno do mesmo e proporcionar uma extração mais
eficiente.
Polfmero extrator
(B)
Figura 3: Modos de SPME in tube (A) e SPME wire·in-tube (8).
A técnica de ME (extração em membrana) é uma técnica
semelhante à LLE (extração líquido-líquido) convencional, mas
que possui as vantagens de evitar a formação de emulsões, ter alto
poder de concentração empregando quantidades reduzidas de
solventes e ainda, apresentar excelente capacidade de automação.
Nesta técnica, a solução onde encontra-se o analito de interesse
(matriz) é chamada
de fase doadora e a fase para onde o
analito
irá transferir-se é chamada de fase receptora. Estas duas fases são
separadas
por uma membrana
seletiva que irá permitir a passagem
somente dos compostos que forem solúveis na membrana ou
daqueles que tiverem tamanho adequado para passar entre seus
poros. A passagem e a concentração
do
analito na fase aceptora
é
promovida
controlando-se parâmetros como pH, concentração
salina, temperatura e aditivos das fases doadoras e aceptoras.
A
ME pode ser dividida de acordo com o tipo de membrana
em ME porosa e não porosa ou, de acordo com as fases
envolvidas,
em mono, bi ou trifásicas. A possibilidade da fase aceptora ser

• PARTE 11 ·AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
aquosa permite que o analito extraído seja injetado diretamente no
sistema cromatográfico em
modo reverso e também em eletroforese capilar. A técnica de ME mais utilizada para extração de fármacos
em fluidos biológicos é a chamada líquido suportado por membrana
(SLM). Nesta
técnica, a membrana é formada por um
filme de
líquido orgânico s uportado em um material poroso. Os líquidos mais
empregados
em membranas são hidrocarbonetos de cadeias
longas
como n-undecano ou querosene e alguns compostos mais polares
como di-hexil éter, tri-octilfostato e outros. As membranas compostas
por estes líquidos são estáveis por até alguns meses. As limitações da
ME são
principalmente os tempos de extração relativamente mais longos que a LLE e a estabilidade reduz idas de membranas mais
polares como di-n-hexil é ter.
Finalmente, ressalta-se que uso de aquecimento por
microondas acoplado às diversas técnicas de extração, bem como a
sonicação e outras técnic
as da farmacognosia
incluindo a percolação,
maceração, ou mesmo a filtração simples também podem ser
consideradas
técnicas preparativas em
análises.

ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
7 ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE
DE QUALIDADE
MACHADO, S.A.S., GIL, E.S. & BARBOSA, W.G.
A estatística é a c1encia da comparação, um ramo da
matemática que se ocupa com os métodos de coleta, processamento,
apresentação, tratamento, análise e interpretação de dados.
Quando
fazemos medidas experimentais em alguma das áreas das ciências,
como a Química, a Física ou a Biologia, o resultado é um conjunto de
números
que devem ser tratados e, na maioria das vezes, comparados
com um outro conjunto. Nesta atividade comparativa, a matemática
falha miseravelmente. Por quê? É simples, a matemática, enquanto
filosofia, não leva em consideração os erros cometidos ao se obter o
conjunto de dados. Em contrapartida, qualquer avaliação quantitativa
a ser realizada
por qualquer pesquisador, com qualquer técnica
analítica,
em qualquer laboratório, não pode ser considerada
livre
de erros. Assim, ao se indagar se, por exemplo, o conteúdo de cálcio
determinado em duas amostras distintas, em experimentos distintos,
como sendo de 1 O e 9 ppb, diferem entre si, o experimentador teria
uma resposta simples da matemática. Sim, o
conteúdo da primeira
amostra é maior que o da segunda. Esta afirmação categórica pode,
entretanto, ser completamente falsa. Para determinarmos se as amostras têm quantidades iguais
ou diferentes
de cálcio, deveremos conhecer a precisão das técnicas
empregadas para esta determinação.
Se esta precisão for tão baixa
quanto
0,1 ppb, então poderemos afirmar que a matemática está
correta. Entretanto,
se esta precisão for maior, em torno de 1 ppb,
não poderemos mais postular
qualquer diferença entre os valores
de cálcio determinados.
Como podemos avaliar a precisão dos experimentos e, então,
fazer uma comparação mais adequada dos resultados quantitativos
obtidos em análises de dados? Bem, este capítulo terá como objetivo
discutir os conceitos necessários para esta comparação.

• PARTE 11. AMOSTRAGEM E ESTATiST ICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
7.1 ERROS EM ANÁLISES QUANTITATIVAS
As atividades experimentais em um laboratório de análises
podem envolver três tipos distintos de erros experimentais:
(a) Erros Grosseiros
(b) Erros Sistemáticos
(
c) Erros
Aleatórios
Os erros grosseiros são aqueles cometidos por desatenção
ou desinformação do experimentador. Um exemplo clássico
é a utilização de um reagente contaminado. Este tipo de erro,
normalmente, está associado a valores tão fora daqueles esperados
que eles são de fácil identificação e eliminação. Geralmente é
necessário refazer todo o procedimento analítico, desprezando
os resultados obtidos. Um exemplo clássico deste tipo de erro
é o "esquecimento" de se acrescentar indicador numa titulação
ácido-base. A demora na "viragem" do indicador compromete,
totalmente, todo o procedimento. Estes erros podem ser evitados
com a atenção e conhecimento do analista e não são objetos de
interes
se da estatística.
A segunda
classe de erros são os sistemáticos. Estes erros são
associados a alguma falha na calibração do procedimento analítico.
Uma balança ou um peagômetro descalibrados podem fornecer
valores sempre acima, ou abaixo, daquele esperado. Estes erros são
difíceis de serem reconhecidos, pois o aparelho pode repetir um
valor medido com grande precisão, aparentando estar em perfeito
funcionamento. Apenas o valor lido apresentará um desvio (bia s)
em relação ao valor real (que deveria ser obtido em um instrumento
calibrado). Para evitar este tipo de erro, os instrumentos e vidrarias
devem s
er sempre testados com padrões bem conhecidos. Assim,
erros sistemáticos são detectados e o
aparelho ou vidraria, calibrado
adequadamente. Este procedimento deve ser rotineiro em laboratórios
de excelência e também não serão considerados aqui.
Finalmente, os erros aleatórios são absolutamente impossíveis
de serem eliminados por um motivo muito simples. Nenhum
experimentador ou laboratório, por mais bem treinado ou equipado
que possa ser, pode ter total controle sobre as condições instantâneas
do Universo. Assim, oscilações de temperatura, corrente elétrica,
sons, vibrações, radiação (inclusive luz), desempenho humano e até
mesmo parâme
tros quânticos, etc. introduzem erros variáveis nas

ESTATiSTICA APLIC ADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
medidas quantitativas. Estes erros são os objetos de estudos deste
capítulo.
Existem ainda os chamados erros absolutos e relativos, que
expressam a variabilidade dos resultados obtidos em experimentos. Sendo
o erro absoluto (e) dado pela diferença entre valor convencionalmente
acei
to como verdadeiro (J..l) e
valor experimental, enquanto o erro
relativo é dado pela razão entre ( e) e valor (J..l) expresso, geralmente,
em percentagem, ou seja, multiplicado por 100.
7.2 DISTRIBUIÇÃO NORMAL DE DADOS
No controle de qualidade de medicamentos, assim como
outros tipos de análise é importante que se conheçam parâmetros
de distribuição.
Em situações ideiais, ou seja, em que a
variabilidade é
normal, a probabilidade pode ser obtida com base em medidas de
tendência central e dispersão, a partir de testes de distribuição ("t")
de Student.
Por exemplo, um técnico do setor de controle de qualidade de
uma fábrica de pregos, em uma análise rotineira, tomou uma amostra
de 50 pregos, na esteira da produção e pesou-os em uma balança
bem calibrada. Os resultados estão representados no Quadro 4.
Quadro 4: Peso, em gramas, de 50 pregos de uma fábrica de pregos.
0,51 0 ,51 0, 51 0,50 0,50 0,49 0,52 0,53 0,50 0,47
0,51 0,
52 0,53 0, 48 0,49 0,50 0,52 0,49 0,49 0,50
0,49 0,48 0,46 0, 49 0,49 0,48 0,49 0,49 0,51 0,47
0,51 0 ,50 0,51 0,48 0,50 0,47 0,50 0,51 0,49 0,48
0,51 0,50 0,50 0,53 0,52 0,52 0,50 0,50 0,51 0,51
Várias análises
podem ser feitas, considerando este conjunto
de dados. Inicialmente vamos discutir como eles se distribuem.

I
• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATiST ICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

7.2.1 Medidas da tendência central
Inicialmente podemos fazer a seguinte pergunta: os dados se
distribuem ao redor de algum número central? Para responder esta
pergunta, vamos
definir os seguintes parâmetros estatísticos:
(a) Média
A média ( ou média aritmética) é a soma de todos os valores
dividida
pelo número de componentes da amostra. Assim,
LX-
- l
X=_í_
(1)
N
_ Assim, o
valor médio para os dados apresentados no Quadro 4
será X= 0,50 g.
Outros tipos de média de pouca aplicação em controle de
qualidade incluem a média ponderada e a mé dia geom étrica.
A média
aritmética ponderada d esses n números é a soma
dos
produtos de cada um por um peso pré-definido ou estabeleci do,
dividida por n.
Já a média geométrica entre
esses n números é a raiz n- ésima
do produto entre esses números.
(b) Mediana
A mediana é o ponto central do conjunto de dados. Assim,
para
calculá-la, inicialmente se ordena tod os os pontos em ordem
crescente de valor. A seguir, se o conjunto de dad os contiver um
número ímpar de valores, a mediana será o ponto central, dado
por 1Jí(n+1). Entretanto, se o conjunto contiver um número par de
valores, a mediana será dada pela média entre os valores de
1
h n
ede1Jí(n+1).
Por ex emplo, vamos encontrar os valores da média e da
mediana, considerando o
conjunto de
valor es composto por: 25, 01,
25,04, 25,06 e 25,21. A média, como definida anteriormente, será
dada por:
Md = 25,01 + 25,04 + 25,06 + 25,21 = 25,08
4

ESTATiSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE


Já a mediana será dada pelo valor médio entre o 2º e o
3º valores, que é 25,05. Pode-se observar que o valor da média
encontrado, 25,08 é maior que 3 dos 4 valores do conjunto de dados.
Assim, pode-se supor
que a mediana represente uma aproximação
mais
realista do valor central do conjunto de dados.
(c) Moda
Finalmente, a moda é o valor que mais se repete no conjunto
de dados. Nos 50 valores do Quadro 4, a moda será, sem dúvida,
o valor 0,51, que se repete 13 vezes.
7.2.2 Medidas da dispersão dos dados
Os valores de pesos dos pregos, apresentados na quadro 4,
mostram uma grande diversidade. Uma análise detalhada mostra
que os valores obtidos da balança (sem erros sistemáticos) variam
entre 0,46 e 0,53. A maneira como estes valores estão espalhados
define a dispersão dos dados experimentais e a precisão da medida.
Algumas definições sobre a maneira com que esta dispersão pode
ser avaliada serão apresentadas a seguir.
(a) Desvio Padrão
O desvio padrão é a definição mais útil para a dispersão dos
dados experimentais. Ele é dado pela equação:
S=
(2)
.\'-I
Onde (N -1) define o número de graus de liberdade do
conjunto de dados. Um parâmetro estatístico muito importante é
obtido com o quadrado do desvio padrão. Este parâmetro chama-se
variância e será
discutido mais tarde.
Se aplicarmos a equação (2)
no
conjunto de dados do Quadro 4, obteremos um desvio padrão igual a 0,0165 g.
(b) Desvio Padrão Relativo
Conforme já foi comentado anteriormente, o desvio padrão
serve para
definir a precisão de uma
metodologia analítica. Assim,
muitas vezes, ele é utilizado para comparar valores de dados
obtidos por duas técnicas diferentes. Entretanto, o desvio padrão

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

é relacionado com o valor da média dos dados. Se, por exemplo,
quisermos comparar a precisão de uma metodologia analítica
padrão para a determinação de proteínas totais com uma outra,
recém desenvolv ida nos nossos laboratórios, porém só dispusermos
de dados muito diferentes, com a média obtida com o conjunto de
dados da metodologia padrão igual a 100 mglkg e a nossa média
igual a 1 O mglkg, os desvios pa drão não serão imediatamente
comparáveis. Os nossos serão menores do que os da metodologia
padrão. Para possibili tar esta comparação, devemos trabalhar com
uma porcentagem da média, como desvio padrão. Assim, definimos
o desv
io padrão
relativo (DPR) ou do inglês (RSD), como sendo:
DPR= IQ_Os
X (3)
Com esta porcentagem, se torna possível comparar qualquer
val
or
de desvio padrão obtido da literatura, sem influência do valor
das médias.
7.2.3 Distribuição dos dados em torno da média
A maneira com que os dados se distribuem em torno do
valor médio define dois tipos diferentes de tratame nto estatístico. Se
os dados se distribuírem uniformemente ao redor do valor médio,
seguindo a relação matemática:
[
-
ex-
:w]
y= exp 252
(4)
sv 2n
eles podem ser representados por uma curva do tipo
Gaussiana, conforme o exemplo abaixo, obtido com os dados do
Quadro 4.
-·1001•

ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
14
"'
12
·o
c
<(.)
'::l 10
c;
11:
lL
8


0~--~ ----~------~------~------~
0.46 0,48 0,50 0,52 0,54
massa I g
Figura 4: Distribuição normal dos dados do Quadro -1.


Algumas observações podem ser feitas, com base na Figura 4.
Inicialmente deve ser notado que o eixo y desta figura representa a
freqüência de vezes
que um dado
valor aparece no quadro 4. Não
é surpresa que os valores próximos da média (0,50 g) aparecem
um número maior de vezes do que aqueles mais distantes. Se o
instrumento
de medida (no caso a
balança) não estiver apresentando
erro sistemático (descalibração), então o valor ela média deve se
aproximar muito do valor real, esperado para todos os pregos desta
medida, produzidos por esta fábrica. Assim, o máximo desta curva
representa o valor real ou a média da população de todos os pregos
da fábrica. Nossa amostra foi em
número suficiente para representar
adequadamente
toda esta população. Se diminuirmos o número de
dados da amostra, digamos tomarmos apenas os dados da
coluna 1 do
Quadro 4, veremos que a nova média passa a ser 0,51, se afas tando
um pouquinho do valor real. Assim quanto maior o número de dados
da amostra, mais a média
se aproximará do
valor real.
Outro detalhe importante da curva Gaus siana mostrada na
Figura 4 é a
sua simetria, em
relação à média. Ambos os ramos da
curva apresentam o mesmo
decaimento. Esta característica indica
que o conjunto de dados se comporta de modo
normal e que a
es
tatística paramétrica pode ser
aplicada.
Por outro lado, quando a distribuição de dados não s eguir
uma curva Gaussiana c omo a da Figura 4, ou for muito assimétrica,
a estatísti
ca paramétrica perde s eu
valor e é nece ssário um novo tipo
de tratamen
to de dados, conhecido como estatística não paramétrica
•1101-·

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
ou robusta. Este segundo tipo é mais geral, porém muito mais raro
de se observar que a paramétrica. Assim, este capítulo se dedicará
somente a discussão dos dados segundo a estatística paramétrica.
7.3
EsTATÍSTICA oos ERRos ALEATÓRIOS
Como vimos no item anterior, o tamanho da amostra é
fundamental para se aproximar adequadamente da média da
população. Entretanto, muitas vezes a amostra não é tão grande
co
mo seria nece ssário. Muitas causas podem colaborar para esta
limitação.
Os custos das análises ou a disponibilidade de utilização de
equipamentos estão entre
as causas mais comuns para que a amostra,
muitas vezes,
se resume somente a três ou quatro valores. Assim, a
média calculada para a amostra será, muitas veze
s, razoavelmente
diferente do que o valor real (ou a média da população). Assim, é
necessário saber
se a média encontrada pode ser tomada como o
va
lor real, somada de um erro devido ao pequeno número de dados.
Naturalmente a precisão dos experimentos e o número de dados
coletados
são parâmetros determinantes.
Para podermos tomar o valor médio encontrado em poucas
análises
como o valor real, é nece ssário que se estabeleça o intervalo
de confiança.
7.3.1
Intervalo de confiança da média
O intervalo de confiança da média é um intervalo de valores
dos
dados, dentro do qual se pode assumir, com uma alta taxa de
confiança,
que se encontra o valor real (que pode ser diferente da
média calculada).
Os valores limites deste intervalo são conhecidos
co
mo limites de confiança.
O tamanho do intervalo de confiança
depende, obviamente, de quão certo queremos estar de incluir o
va
lor real.
Para definir o intervalo de confiança, voltamos ao exemplo
da Gau ssiana da Figura 4.
Podemos substituir o eixo x, da Figura 4, em unidades de
desvio padrão, ao invés
de unidades de massa. Assim, teremos:
-·1021•

ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
12
"' 'ü
10 c
<Q)
'"' o-
~ 8
L!..
6
4
2
X-1,96s/N"'
Figura 5: Intervalo de confiança da média
X -1,96 s/N"'


Se considerarmos a curva de distribuição normal de dados,
com o seu máximo igual a X, ao definirmos os valores do eixo x,
conforme indicado, teremos definido uma área corres pondente
a 95% da área total da curva. Assim, poderemos dizer que os
experimentos cujos dados originaram esta curva apresentam uma
probabilidade de 95% de apresentarem um valor real que se situa
dentro do intervalo definido no eixo x. Se desejarmos aumentar esta
probabilidade para, digamos, 99%, devemos expandir este limite até
os valores de X ± 2,8 s/N
1
'
2

Entretanto, quando o número de dados se torna pequeno, o
de
svio padrão s se torna diferente do desvio padrão da
população
inteira (que chamaremos de J..!), da mesma maneira que X se torna
diferente da média da população (o valor real, que chamaremos de
J.l). Assim, quando se trata de utilizar poucos dados para inferir os
valores dos limites de confiança, um termo de correção deve ser
introduzido e a equação que os define se torna:
(5)
Esta equação está nos dizendo que, no intervalo de confiança
definido por X ± t(s/N
112
)
se encontra, com uma certeza definida,
o
valor real, J..l.
Agora nos falta definir o significado de t. Como já foi dito
antes, o parâmetro t (parâmetro de Student) serve para se corrigir o
•1103-·

-
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATJSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
desvio i ntroduzido no cálculo dos limites do intervalo de confiança
quando se usa s para se estimar cr. Este parâmetro foi introduzido
pelo matemático William Gosset em 1908. Como seu empregador,
uma cervejaria chamada Guinnes Breweries, impediu que ele
publicasse os resultados de s uas pesqui sas no con trole de qualidade
da cervejaria, ele as publicou incógnito como Student.
O parâmetro t depende da probabilidade com que queremos
encontrar o valor real no intervalo de confiança e do número de
graus
de liberdade ( -1) do conjunto de dados. Valor es para este
parâme
tro são enc ontrados em tabelas, c omo aquela apresentada
na Tabela 6, abaixo.
Tabela 6: Valores de r para diíerentes graus de liberdade e níveis de certeza
Graus de Liberdade Valores de t
90% 95% 98% 99%
1 6,31 12,71 31,82 63,66
2 2,92 4,30 6,96 9,92
3 2,35 3,
18 4,54 5,84
4 2,
13 2,78 3,75
4,60
5 2,02 2,57 3,36 4,03
6 1, 94 2,45 3, 14 3,71
7 1,89 2,36 3,00 3,50
8 1, 86 2,31 2,90 3,36
9 1,83 2,26 2,82 3,25
10 1,81 2,23 2,76 3,17
12 1,78 2,
18 2,68
3,05
14 1,76 2, 14 2,62 2,98
16 1,75 2,12 2,58 2,92
18 1,73 2,1 o 2,55 2,88
20 1,72 2,09 2,53 2,85
30 1,70 2,04 2,46 2,75
50 1,68 2,01 2,40 2,68
Infinito 1,64 1,96 2,33 2,58
1041•

ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE


Pode-se observar que, para valores de N maiores que 50,
os valores de t se aproximam do valor de 1,96 e 2,58 utilizados
anteriormente, ou seja, s se aproxima suficientemente de cr e não
necessita
nenhuma correção.
Assim,
com os dados que foram apresentados na
Tabela 6,
os valores da média (0,50 gl e do desvio padrão (0,0165 gl podemos
estabelecer os limites do intervalo de confiança como sendo:
(
0,0165)
1-l = 0,50 ± 2,01 -{49 = 0,50 ± 0,0047
ou seja, o valor real deve se encontrar no intervalo definido por:
0,50-0,0047 < 1-l < 0,50 + 0,0047
como se pode observar, a precisão das medidas foi muito
elevada e o intervalo de confiança é bastan te reduzido, com o valor
calculado da média muito próximo do valor real. Como exercício,
é conveniente refazer estas contas apenas
com os dados constantes
na

coluna da Tabela 6.
Uma alternativa ao intervalo de confiança é o parâmetro
definido como limite de segurança (L), o qual é o valor modular
obtido pelo produto de "t" e s.
Assim: L
= ± t .s
7.3.2
Propagação de Erros Aleatórios
No trabalho experimental, a quantidade a ser determinada
é, freqüentemente, calculada a partir de uma combinação de
quantidades observadas. O cál culo final pode envolver uma
operação de soma, diferença, produto ou quociente de duas ou mais
quantidades ou a elevação de uma quantidade medida a qualquer
potência.
Combinações lineares
Nesse caso, o valor final, y, é calculado a partir de uma
combinação linear das quantidades medidas a, b, c, etc. por:
(6)
•1105-·

• PARTE 11. AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

onde ki são constantes.
A variância (definida
como o quadrado do desvio padrão)
apresenta uma
importante propriedade, ou seja, a variância de uma
soma
ou diferença de quantidades independentes é igual à soma de
suas variâncias. Pode-se mostrar que, se
cr., crb, crc, etc. são os desvios
padrão
de a, b, c, etc., o desvio padrão de y,
si" é dado por:
(7)
Por exemplo: numa titulação a leitura inicial da bureta é 3,51 ml
e a leitura final é 15,67 ml, ambos com um desvio padrão de 0,02 ml.
Qual é o volume do titulante e qual é o seu desvio padrão?
Volume utilizado= 15,67-3,51 = 12,16 ml. O desvio
padrão igual a 0,028 ml.
Este exemplo ilustra o ponto muito importante de que o
desvio padrão para o resultado final
é maior do que aqueles para as
leituras individuais da bureta, mesmo quando o volume é calculado
por uma diferença, mas é menor que a soma dos desvios padrão.
Expressões multiplicativas
Se y é calculado de uma expressão do tipo:
Y = kab
d (8)
Onde a, b, c e d são quantidades medidas independentes
e k uma constante, então há uma relação entre os quadrados dos
desvios padrão relativo:
(9)
Observa-se que as variâncias dentro da raiz estão divididas
pelos valores das
medidas, portanto, sua raiz será o desvio padrão
relativo (em porcentagem).

ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
Um exemplo: O rendimento quântico de fluorescência, <D,
é calculado a partir da equação:
(1 O)
Onde as grandezas envolvidas são definidas abaixo, com uma
estimativa dos seus desvios padrão relativo (sendo k uma constante
do aparelho):
• Intensidade de luz incidente (1
0
) = 0,5%;
• Intensidade de fluorescência (Ir) = 2%;
• Absortivi dade molar (ê) = 1 %;
• Concentração (c) = 0,2%;
• Caminho óptico (I) = 0,2%.
O desvio padrão de <D é dado por:
RSD =...) (0,5)2 + (2)
2
+ (1)
2
+ (0,2)
2
+ (0,2)
2
~RSD =...) 0,25 + 4 + 1 + 0,04+ 0,04
~RSD = ...) 5,33 = 2,3%
Pode- se observar que o desvio padrão relativo no resultado
final não é muito maior que o maior dos desvios padrão utilizados
no cálculo (isso é, 2% para Ir). Isso é uma conseqüência maior da
elevação ao quadrado dos desvios padrão relativo e ilustra um
ponto importante: qualquer esforço para melhorar a precisão do
experimento deve ser direcionado para a melhoria da precisão
dos valores menos preci sos. Como um corolário para isso, não há
qualquer vantagem em tentar aumentar a precisão dos valores menos
precisos. Isso não deve ser encarado como se erros pequenos não
sejam importantes. Pequenos erros em muitos passos da análise
produzirão um erro apreciável no resultado final.
É importante ressaltar que, quando uma quantidade é elevada
a uma potência, por exemplo, b
3
,
então o erro não é
calculado como
uma multiplicação, isso é, b b b, porque as quantidades não são
independentes. Se a equação for:
•1107-·

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

y = b" (11)
Então, os desvios padrão de y e b são relacionados por:
Sy = nsb
y b
(12)
Outras funções
Se y for uma função geral de x:
y = f(x) (13)
Então os desvios padrão de x e de y são relacionados por:
s =ls ~ ~
Y x dx
(14)
Exemplo: a absorbância A, de uma solução é dada por:
A= -log T (15)
onde T é a transmitância. Se o valor medido de T é 0,501,
com um desvio padrão de 0,001, calcule o seu desvio padrão. Para
isto, consideramos:
A = -log 0,50 I = 0,300
e também:
dA = -(log e) = -0,434
dT T T
Assim, da equação acima:
S =I S (-log e) = O 001 (·
0
•0434
) I= O 00087 A T T ' 0,501 '
7.4 TESTES DE SIGNIFICÂNCIA
o controle de qualidade, característi cas típicas dos produtos
como, por exemplo, conteúdo de princípio ativo, peso, volume, etc.,

ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
devem ser determinadas. Com o resultado numérico devidamente
o
btido, o analista tem que responder a uma pergunta. A qualidade
avaliada está dentro da norm a? Para isto, a quantidade de princípio
ativo, peso, v olume, etc deve ser comparada com aquela dada
pela norma. Como saber se o número obtido é significativamente
diferente do exigido ou não? Já vimos que a matemática tem muito
pouco a oferecer nesta área.
A estatística dispõe
de uma série de testes que permitem
responder às questões acima (Quadro 5). Estes são conhecidos como
testes de signifi cância e serão os temas deste item.
Quadro 5: Ferramentas estatísticas
aplicadas ao tratamento de dados
Ferramenta Aplicação Tipo de Dado
A'JOVA
Análise de variância e
Para métrico
concepção experimental
Teste ~
2
(qui-quadrado)
Teste de significância e
fre
qüência
Não-paramétrica
Teste
"t" de Student
Teste
de significância e
limite
de segurança
Para métrico
Regressão linear simples Ajustamento de dados Para métrico
Teste de correlação (r)
Parâmetro
de
linearidade da
Para métrico
curva
Teste F e correlação (r) Análise da linearidade da curva Para métrico
Teste do sinal Teste de significância Não-para métrico
Teste McNemar Teste de significância 'lão-paramétrico
Teste de Wilcoxon
Teste de signiíicância e limite
de segurança
ão-paramétrico
Teste de Friedman
Análise de variância e
1ão-paramétrico
concepção experimental
Aplicar um teste de significância sig nifica responder se uma
hipótese, prev iamente levantada, é verdadei ra ou falsa. Esta hipótese
é
conhecida como hipótese nula e declara que não há diferença
alguma entre o v
alor calculado e o valor da norma. A h ipótese nula
sempre prega a igualdade dos valores. Ela é verdadeira ou falsa?
Isto
é tudo o que precisamos responder.

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
Para isto, podemos utilizar os seguintes testes de significância
(
todos somente
aplicáveis na estatística paramétrica):
a) Testes T
b) Teste F
c) Teste
chi-quadrado
d) Teste Q.
Vamos discutir um pouco sobre cada um
deles, já
esclarecendo que eles não são os únicos. É possível encontrar vários
outros testes de si gnificância, dependendo da necessidade. Porém
estes
são os mais comuns.
7.4.1 Teste T de Student
O teste t serve para comparar dois valores de médias.
Inicialmente vamos definir o teste t mais simples:
Comparação entre uma média e um valor conhecido
Neste caso, o valor de referência, Jl, já é conhecido. Por
exemplo, o conteúdo de princípio ativo de um medicamento, que
está declarado na bula. Após várias análises, um valor médio do
princípio ativo foi determinado. Devido aos erros aleatórios e ao
pequeno número de amostras normalmente utilizadas, este valor
obtido não é igual ao valor real. Porém ele é significativamente
diferente? A hipótese nula nos garante que não. Para testá-la,
utilizamos a equação:
(5)
é reescrita como:
-( 1N) t ={X-11) -s-
(16)
e um valor de t é calculado. Se o I tI exceder um certo valor
crítico, então a hipótese nula é falsa e deverá ser rejeitada. O valor
crítico de I tI para um nível de significância particular é obtido na
Tabela 7.
Vamos aplicar o teste t em um exemplo. Uma análise de

ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
controle de qualidade em uma marca de medicamento para cefaléia
foi feita em 3 comprimidos de uma caixa, encontrando-se as
seguintes porcentagens de princípio ativo: 38,9%, 37,4% e 37,1 %. Na
bula
do medicamento consta que ele deveria ter 38,9%. Há alguma
evidência
que o medicamento esteja fora da especificação?
A média dos
valores acima é de 37,8% e o desvio padrão
é
0,964%. Adotando a hipótese nula que o medicamento não está
fora da especificação e usando a equação (
16), temos:
I tI = (37,8- 38,9)x yo,
9
~
4
= 1,98
consultando a Tabela 7, para 2 graus de liberdade (n-1) e
para
95% de certeza, teremos t critico = 4,3. Assim, como
tcalc é menor
que o tc,rtico' a hipótese nula é verdadeira e não há evidências de que
o medicamento esteja fora das especificações.
Comparação das médias de duas amostras
Nesta modalidade do teste t, teremos dois conjuntos de
dados para comparar. Um exemplo de tal aplicação seria a utilização
de uma nova metodologia analítica para a coleta de dados e sua
comparação com aqueles oriundos de uma metodologia padrão
já utilizada. Neste caso, têm-se duas médias amostrais, X
1
e X
2
.
Tomando a hipótese nula, de que os dois métodos dão o mesmo
resultado,
será preciso testar se
(X
1
-
Xzl
difere significativamente de
zero ou não.
Aqui, existem duas possibilidades. Se as duas amostras têm desvios padrão que não são
signficativamente diferentes, mais adiante apresentaremos um
teste de significância específico para testar esta comparação, uma
estimativa associada do desvio padrão pode ser calculada a partir
de s, e s
2
,
usando a equação:
5
2
=[(N
1
-l)s/ • (N
2
-l)/]
(N
1
+ N
2
-2)
pode-se, então, demonstrar que t será dado por:
t = I xl-x2
s~( ~~ + ~J
(17)
(18)
•1111-·

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

onde t tem (N, + N
2
)-2 graus de liberdade. Por exemplo:
numa comparação entre dois métodos para a determinação de boro
em amostras de plantas, os seguintes resultados foram obtidos em
J.l.g/ ml-
1
(Quadro 6):
Quadro 6: Resultados de dois mét odos na det erminação de boro.
Método espectrofotométrico Método fluorimétrico
Média 28,0 Média 26,25
Desvio padrão 0,3 Desvio padrão 0,23
Dez determinações foram feitas para cada método. A
hipótese nula adotada é que as médias obtidas pelos dois métodos
são iguais. Da Equação
(17), o
valor combinado de desvios padrão
é
dado por:
Da Equação ( 18):
t
128,0 -26,251 t
= ~ = 14 7
0267.~ ,
, ·~10-;-10
Existem 18 graus de liberdade, assim para 95% de certeza, o
valor crítico de I tI (P = 0,05) é 2, 1. Como o valor experimental de
I tI é maior do que esse valor, a diferença entre os dois resultados
é significante e a hipótese nula é rejeitada.
Se o postulado da igualdade dos desvios padrão das
populações não for verdadeiro, é preciso modificar a equação de
t para:
(19)
E calcular o número de graus de liberdade com:
(20)

ESTATiSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE


Arredondando-se o resultado para o número inteiro
mais próximo. Exemplo: o Quadro 7 apresenta os resultados da
concentração de tiol no sangue de dois grupos de voluntários, o
primeiro grupo sendo "normal" e o segundo sofrendo de artrite
reumatóide.
Quadro 7: Resultados da conce ntração de tiol no sangue de dois grupos de voluntários.
Ensaios "Normal" Reumatóide
1 1,84 2,81
2 1
,92
4,06
3 1,94 3,62
4 1,92 3
,27
5 1,85 3,27
6 1,91 3,76
7
2,07 Não realizado
N 7 6
s 0,076 0,440
x 1,921 3,465
Novamente, a hipótese nula é adotada de que a concentração
média
de
tiol é a mesma para os dois grupos. Substituindo- se na
Equação (
19), obtém-se t = 8,5 e da Equação
(20) obtém-se 5 graus
de liberdade. Para 99% de certeza, o valor crítico de I tI (P = 0,01)
é 4,03 e assim a hipótese nula tem que ser rejeitada, ou seja as
concentrações de tiol são diferentes para os dois grupos.
Teste t Pareado: Comparação entre médias de amostras vinculadas
Quando se necessita fazer uma comparação entre os valores
das médias obtidos para duas amostras relacionadas, deve-se utilizar
o teste t pareado. Amostras relacionadas incluem testes do tipo antes
e depois
(por
exemplo, amostras de sangue são analisadas antes e
após
um certo tratamento para testar o conteúdo de, por
exemplo,
íons ferro
111
). Além disto, a análise de uma certa amostra com duas
técnicas
diferentes também é um caso para a
utilização do teste t
pareado.
Neste caso, o teste
t é executado
pela subtração dos valores
de cada amostra, o cálculo da média das diferenças obtidas e o teste
se a média difere significativamente de zero ou não. O exemplo
abaixo esclarece este procedimento:
•1113-·

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

Exemplo: o Quadro 8 mostra concentraçõ es de lítio (!lg/
ml-
1
)
determinadas por dois métodos diferentes para cada uma das
quatro amostras.
Quadro 8: Concentrações de
lítio (l'g/mL·') determinadas por dois métodos diferentes.
Solução Absorção Atômica
Voltametria
Redissolução
71 76
2 61 68
3 50 48
4 60 57
Os dois métodos dão valores médios de lítio que variam de
maneira significativa? O teste de comparação das duas médias não
pode ser aplicado nesse caso, porque qualquer variação devi da ao
método seria disfarçada pelo efeito da diferença e ntre as porções­
teste.
A melhor manei ra de concluir se existe diferença significante
entre
as duas amostras é
analisando a diferença entre cada par
de resultados, um de cada método. Adotando a hipótese nula de
que não há diferença entre as médi as de concentrações pelos dois
métodos, pode-se testar se as diferenças são s ignificativamente
diferentes de zero. Para os pares de valores acima, as diferenças são
-5, -7, 2 e 3. A diferença média, x, é -1,75 e o desvio padrão para a
diferença,
sd, é 4,99. Como para hipótese
nula, !ld = O, a equação
para calcular t torna-se:
Xdx n
t=--
ff.
(21)
Onde t tem (n-1) graus de liberdade. Substituindo os valores
na equação acima, obtém-se t = -0,70. O valor crítico de lt I é 3,18
(P = 0,05) e como o valor calculado de I tI é menor que isso, a
hipótese nula é mantida. O método não deu diferença sig nificativa
para os valores médios da concentração de ch umbo.
7.4.2 Teste F
Os testes de significância descritos a nteriormente são usados
para
comparar
valores de médias, e assim detectar erros sistemático s.
Também é importante, em muitos casos, comparar os desvi os padrão,

ESTATfSTICA APLIC ADA AO C ONTROLE DE QUALIDADE
erros aleatóri os, de dois conjuntos de dados.


O
teste-F considera a relação de variâncias de duas amostras,
i
sso é a
relação dos quadrados dos desvi os padrão. A quantidade
calculada (F) é dada por:
s/ (22)
F=--,
s2-
Onde os parâmetros são colocados na equação de tal forma
que F é sempre maior ou igual a um. A hipótese nula adotada é que
as populações de on de as amostr as são tomadas são normais, e que
as variâncias das populações são iguais.
Se o valor calculado de F exceder a certo valor crítico, Tabela 7,
então a hipótese nula deve ser rejeitada.
Tabela 7: Valores críticos de F para um teste bi-caudal (P = 0,05).
u1
4 6 8 9 10
u2
647,8 799,5 864,2 899,6 921,8 937,1 948,2 956,7 963,3 968,6
2 38,51 39,00 39,17 39,25 39,30 39.33 39,36 39,37 39,39 39,40
3 17,44 16,04 15,44 15,10 14,88 14,73 14,62 14,54 14,47 14,42
4 12,22 10,65 9,979 9,605 9,364 9,197 9,074 8,980 8,905 8,844
10,01 8,434 7,764 7,388 7,146 6,978 6,853 6,757 6,681 6,619
6 8,813 7,260 6,599 6,227 5,988 5,820 5,695 5,600 5,523 5,461
8,073 6,542 5,890 5,523 5,285 5,119 4,995 4,899 4,823 4,761
8 7,571 6,059 5416 5,053 4,817 4,652 4,529 4,433 4,357 4,295
9 7,209 5,715 5,078 4,718 4,484 4,320 4.197 4,102 4,026 3,964
10 6,937 5,456 4,826 4,468 4,236 4.0-2 3, 950 3,855 3,779 3,717
Exemplo: um método eletroquímico para determinar a
demanda química de oxigênio em águas residuár
ias foi comparado
com um
método padrão
(sal de mercúr io). Os resultados seguintes
foram obtidos de uma alíquota de efluentes de esgotos ( Quadro 9).
Quadro 9: Resultados de dois métodos para determinar a demanda química de oxigên io em
águas residuár
ias.
Método Média (mg!L-
1
)
Desvio padrão (3)
Padrão 72 3,31
Proposto 72 1
,51
• l11s~E

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

Para cada método, oito determinações foram feitas. A
precisão
do método proposto é de maneira significativa maior que
a do método padrão?
Aplicando a equação de F:
Ambas amostras continham oito valores e, portanto, o
número de graus de liberdade (N -1) em cada caso é sete, como
indicado nos subscritos. O valor crítico de F (P = 0,05) é, nesse caso,
4,995. Como o valor calculado de F (4,8) não excede o valor crítico,
a variância
do método padrão não é signifi cantemente diferente que
a do método proposto.
7.4.3 Teste Chi Quadrado (x
2
)
Os testes de significância descritos até aqui têm, em geral,
testado se a média de várias medidas difere significativamente do
valor proposto pela hipótese nula. Os dados usados foram tomados
na
forma de observações que, por
algum tipo de arredondamento,
foram medidos numa escala contínua. Em contraste, neste item a
preocupação será
com a freqüência, isso é, o número de vezes que
um evento ocorre. O teste chi- guadrado pode ser usado para ver ificar se as
freqüências observadas diferem significativamente daquel as que são
esperadas pela hipótese nula. Os princípios do método chi-quadrado
podem ser mais facilmente entendidos com o seguinte exemplo: os
números
de quebras de vidrarias
relatados por quatro técnicos de
laboratórios, para um dado período, são:
Número de quebras: 24, 17, 11, 9.
Há alguma evidência de que os técnicos diferem em suas
habilidades? A hipótese nula adotada é que não há diferença nas
habilidades dos quatro técnicos.
Assumindo
que
eles utilizaram a vidraria por um intervalo de
tempo igual, espera-se, pela hipótese nula, que cada um quebrou o
mesmo
número de vidros. Como o
total de quebra foi 61, espera-se
que cada técnico tenha quebrado 61 I 4 = 15,25 vidros. A questão
a ser respondida é
se a diferença entre as freqüências observadas e
esperada é tão grande
que a hipótese
nula deva ser rejeitada.
11"1~ -·1161•

ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE


O cálculo de chi-quadrado, x
2
,
a quantidade usada para testar
a si
gnificância da diferença, é mostrado no Quadro
10:
Quadro 10: Cálculo do teste chi·quadrado.
Freqüência observada Freqüência esperada O-E (0-E)2/ E
(0) (E)
24
15,25 8,7.5
5,020
17 15,25 1,75 0,201
11 15,25 -4,25 1 '184
9 15,25 -6,25 2,561
L:
0,00 x
2
= 8,966
Observe que o total da coluna O - E é e deve ser sempre
zero assim podendo ser usada para checar os cálculos. Se X.
2
exceder
a certo valor crítico, a hipótese nula deve ser rejeitada. O valor
crítico depende, como nos outros testes de significância, do nível
de significância desejado e dos graus de liberdade. O número de
graus de liberdade é, nesse exemplo, um a menos que o número de
dados relatados pelos técnicos, ou seja, 4 - 1 = 3, nesse caso. Os
valores críticos de x
2
para P = 0,05 são dados na Tabela 8. Para 3
graus
de liberdade, o
valor crítico é 7,81. Como o valor calculado de
x
2
é maior que esse valor crítico, a hipótese nula deve ser rejeitada,
admitindo-se diferenças quanto as habilidades de cada técnico.
Tabela 8: Valores críticos de x
2
para P
=
0,05.
NQ de graus de
liberdade
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Valor crítico
3,84
5,99
7,81
9,49
11,07
12,59
14,07
15,51
16,92
18,31
•1117-·

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

Há evidências de que os técnicos diferem em suas
habilidades.
Nesse cálculo
de x
2
,
parece que o resultado significante foi
obtido pelo alto número de quebras rep ortado pelo técnico número
um.
Para aprofundar esse estudo, testes chi-quadrado adiciona is
devem ser feitos. Um desses testes analisa se os segund o, terceiro e
quarto técnicos diferem signifi cantemente: nesse caso, a freqüência
esperada para cada
um será: (1 7 + 11 + 9)
I 3.
Observe
que um teste t não pode ser aplicado aqui, pois está
se trabalhando com freqüências e não com valores contínuos.
Um outro teste verifica se o primeiro difere significanteme nte
dos outros, tomados
como um grupo. Nesse caso, há duas classes: as
quebras do primeiro técnico com uma freqüência esperada de 15,25
e o total das outras quebras, com freqüência esperada de 15,25 x 3
= 45,75. Nesse caso, onde há apenas duas classes e, assim, apenas
um grau de liberdade, um ajuste, conhecido como correção de Yates,
deve ser feito.
Isso envolve a substit uição de O-E por I O-E I -0,5,
por exemplo, -4,5 torna- se 4.
7.4.4 Teste Q de Dixon
Todos os analistas são familiarizados com a situação onde
um (ou possivelmente vários) de um conjunto de resultados parece
diferir dos outros dados do conjunto, de uma maneira inexplicável.
Tais medidas são conhecidas como "pontos fora da curva". Eles
devem ser mantidos ou removidos?
Os valores calc ulados para a média e o desvio padrão
dependerão da decisão de rejeitar ou man ter estes pontos. Como
a discussão sobre a precisão e a exatidão do método depende
desses valores f inais, deve- se sempre precisar com clareza quando
os pontos fora da cur va devam ser rejeitados e, se forem, por que.
Um dos vá rios testes disponíveis para avaliar uma medida suspeita
consiste em
comparar a diferença en tre o seu val or e o do vizinho
mais
próximo com aquela obtida entre o val or máximo e o mínimo
encontrado. A relação entre essas diferenças ( independente do sinal)
é conhec
ida como Teste Q de Dixon.
1 valor,"spello -valor,'izínho 1
Q=
valormmor -valormenor
(23)

ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE


Os valores críticos de Q para P = 0,05 estão na Tabela 9.
Se o valor calcul ado de Q exceder o valor crítico, o suspeito deve
ser rejeitado.
Tabela 9:
Valores críticos de Q (P = 0,05).
Tamanho da amostra
4
5
6
7
8
9 10
Valor crítico
0,831
0,717
0,621
0,570
0,524
0,492
0,464
Exemplo: os seguintes valores foram obtidos para a
concentração de ácido nítrico numa amostra de água de rio:
0,403 0,41 O 0,401 0,380; o último valor é suspeito. Ele deve ser
rejeitado?
10,380-0,4011
Q= 0410-0380 ~Q=O ,?
' '
Da Tabela 9, para uma amostra contendo 4 medidas, o valor
crítico de Q é 0,831 (P = 0,050). Como o valor encontrado não
excede o va
lor crítico, ele deve ser mantido. Idealmente, quando ocorre a suspeita de um ponto fora
da curva, mais medidas devem ser fe
itas, particularmente quando
poucas medidas foram tomadas inicialmente. Com isto, torna-se
mais seguro
manter ou rejeitar um valor suspeito. Mesmo se ele for
mantido, sua contribuição para o valor da média e desvio padrão
será menor.
Exemplo:
se mais três valores forem adicionados àqueles do
exemplo anterior e os resultados forem:
0,403 0,410 0,401 0,380
0,400 0,413 0,411 o resultado de 0,380 deve ainda ser mantido?
O valor calculado de Q agora se torna:
1 o,380 -o,4oo 1
Q = 0,413-0,380 ~ Q =
0
•606
O
valor crítico de Q (P = 0,05) para uma amostra de sete
valores
é
0,570, assim o valor suspeito é rejeitado em um nível de
significância
de 5%.
•1119-·

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
É importante atentar para o fato de que, num nível de
significância de 5%, ainda há uma chance de 5%, ou seja, um em
20, de se rejeitar de maneira incorreta um valor suspeito. Isso pode
ter uma influência considerável na estimativa da precisão de um
experimento. O exemplo acima ilustra a importância de se ater a
critérios para aceitar
ou rejeitar um
valor fora da curva.
Quando as medidas são repetidas apenas algumas vezes, (o
que é comum no trabalho analítico), a rejeição de um valor faz uma
grande diferença nos valores da média e
do desvio padrão.
Na prática, o procedimento de
se obter três medidas e rejeitar
aquela que mais se afastar das outras deve ser evitado.
7.5 CoNTROLE EsTATÍSTico oo PRocEsso
Ao contrário do que se pensa, o Controle Estatístico de
Processo é bastante simples e não requer conhecimentos profundos
das escabrosas teorias estatísticas.
A
maioria das técnicas abordadas utiliza tão somen te as
operações elementares da aritmética, algumas funções matemáticas e
estatísticas
do Microsoft
Excel e que se aplicam a qualquer processo
repetitivo e mensurável.
Entende-se por Controle Estatístico de Processo, um método
para monitoramento de qualquer processo produtivo, que viabiliza
ao
operador agir de imediato se constatar
algum tipo de desvio. Ou
seja, a coleta pura e simpl es dos dados não reflete com clareza o que
acontece nas operações de um processo produtivo; para revelar o que
realmente ocorre, os dados devem ser ordenados e estruturados.
As representações gráficas oferecem melhores recursos de
visualização para ilustrar o desempenho e permit ir a análise rápida
dos dados coletados.
Alguns exemplos de gráficos incluem: Histograma de
Freqüência, Gráfico de Pareto e Gráficos de Controle, que, em conjunto,
formam a estrutura estatística
do método. Entre os gráficos de controle,
destacaremos o gráfico da distribuição
normal (Curva de Gauss).
--1201•

ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
_L~------- -- ·
-ac---------·
Onde:
Oiscribuiç.io da
população

••
LSC: Limite superior de curva; LIC: Limite inferior de curva
LNIP e LNSP: Limites aturais (Inferior e Superior) de Processo
x: Média
7.5.1 Distribuição Normal
Entre as distribuições teóricas de variáveis aleatórias contínua,
uma das mais empregadas é a
distribuição normal, e seu aspecto
gráfico é o
da figura abaixo.
Para compreensão da distribuição normal, observe a figura
acima e procure visualizar
as seguintes propriedades:
a) a variável X pode assumir todo e qualquer valor real;
b) o gráfico é uma curva em forma de
sino, simétrica em torna
da
média
(xL denominada curva normal ou curva de Gauss;
c) a área sob a curva é igual a
1;
d) como a curva é simétrica em torno da média, os
valores maiores
ou menores do que a média ocorrem com igual
probabi
I idade;
•1121-·

• PARTE 11 • AMOSTRAG EM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
e) a configuração da curva é dada por dois parâmetros: a
média (.X) e a variância (5
2
).
Quando temos uma
variável aleatória com distribuição
normal nosso interesse é obter a probabilidade de essa variável
aleatória assumir um valor em determinado intervalo.
Aceitando, sem demonstração, que X é uma variável aleatória
com distribuição normal de média (.X) e desvio padrão S, então:
x-x
Z=--
S
tem-se distribuição normal reduzida (padronizada), isto é, x = O e S= 1.
As
probabilidades associadas à distribuição
normal
padronizada são encontradas no ANEXO C.
EXEMPLO
Qual a probabilidade do Peso Residual da Solução Amostrai
estar entre 621 e 625 mg.
Obs.: A média (X) e o desvio padrão (5) foram determinados
na resolução do exemplo da página 93 ( 7.2.2), isto é, x = 624,8
e S = 3,35.
Devemos determinar os valor es da variável de distribuição
normal reduzida.
621 ,O -624,8
z, = 5 4
625,0 -624,8
z2 =
5 4
z, = -1,14 Z
2
= o,o6
Assim a probabilidade procurada é dada por A1 + A2.
P(A1 +A2) = P(-1 ,14<Z<0,06) = PA1 (-1 ,14<Z<O) + PA2(0<Z<0,06)
= PA1(0<Z<1,14) + PA2(0<Z<0,06)
~---1221•

ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE


Compreensão da Tabela da área subentendida pela curva
normal reduzi da (Anexo C):
a primeira coluna da Tabela está o valor 1,1. Na primeira
linha da Tabela está o valor 4. O número 1,1 compõe, com o
algarismo 4, o
número Z = 1, 14. o cruzamento da
linha 1,1 com
a coluna 4 está o número 0,3729. Esta é a probabilidade de ocorrer
valor entre zero e Z=1, 14, que corresponde à área A1.
Fazer o mesmo para a área A2.
Temos então
que
P= 0,3729 + 0,0239
P= 0,3968
Portanto, a probabilidade pedida corresponde à probabilidade
0,3968 ou 39,68%.
•1123-·

TRATAMENTO ESTATiSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS -REGRESSÃO E CORRELAÇÃO
8 TRATAMENTO ESTATÍSTICO
DE DADOS INSTRUMENTAIS -
REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
MACHADO, S.A.S. & GIL, E.S.
O desenvolvimento da instrumentação analítica trouxe
novas práticas de tratamentos de dados, pois a análise instrumental
oferece a possib
ilidade de se experimentar um grande inter valo de
concentrações, ao invés de uma única amostra medida repetidas
vezes.
Isso significa que a metodologia estatística apresentada no
Capítulo 6 deve ser adequada a novos métodos de tra tamento,
envolvendo um conjunto muito maior de dados experimentais.
Neste capítulo, nós iremos avaliar o procedimento de obtenção de
gráficos de calibração na análise i nstrumental.
8.1 REGRESSÃO liNEAR
A regressão linear é utilizada para descrever a extensão de
associação entre duas variáveis, e fundamenta-se em dois princípios:
correlação e regressão.
Para se elaborar uma curva analítica, o experimentador
deve utilizar um dado número de amostras, onde a concentração
do analito é muito bem conhecida. Estes padrões de ca libração
são medidos, no instrumento analítico, sob as mesmas condições
daquelas a serem utilizadas para o teste da solução desconhecida.
Uma vez que o gráfico de calibração foi construído, plotando­
se os sinais obtidos com as soluções padrão em função das suas
concentrações, o analito de interesse pode ser quantificado, como
mostrado na Figura 6, por interpolação.
•1125 --

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
C1l
c
(./)
Concentração
do analito
Concentração
Figura 6: Reta analítica.
Após a obtenção do gráfico analítico, alguns autores propõem
que é necessário responder algumas questões a resp eito das
características da curva obtida. Estas questões podem ser resumidas
como mostrado abaixo:
i. A curva a nalítica é linear? Se ela for uma curva, qual é a sua
forma?
ii. Considerando-se que cada po
nto, na curva analítica, é sujeito
a
erros, qual é a melhor reta (ou curva) que passa por estes
pontos?
iii.
Assumindo que a curva analítica é realmente lin ear, quais são
os erros estimados e os limites de confiança para a tangente e o
intercepto desta linha?
iv. Quando a curva analítica for usada pelo analista numa
determinação de uma amostra, quais são os erros e lim ites de
confiança para a concentração encontrada?
v. Qual é o limite de detecção do método?
Isto é, qual é a menor
concentração
do analito que pode ser detectada com um nível
de confiança pré-determinado?
A resposta precisa a estas questões,
envolve um conhecimento
prévio de certos conceitos e m étodos que devem ser aplicados de
maneira apropriada.
Para
começar, é muito importante que os padrões de
calibração cubram todo o intervalo de concentrações requerido
para a análi se posterior. Com a importante exceção do "método de
--1261•

TRATAMENTO ESTATÍSTICO DE DAD OS INSTRUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO


adição de padrão", que será tr atado separadamente mais adiante,
não
se deve determinar concentrações desconhecidas das amostras
por extrapolação, pois não podemos assegurar que a
relação linear
continuará, após os limites determinados no gráfico analítico.
Além disso, é de suma importância incluir o valor do sinal para
uma amostra
do branco na curva
analítica. O branco não contém
qualquer quantidade de analito deliberadamente adicionado, mas
contém todos
os outros componentes da matriz em estudo, e é sujeito
exatamente ao mesmo
procedimento
analítico que as amostras.
O sinal do instrumento lido para a amostra do branco
freqüentemente não será zero. Ele é, naturalmente, sujeito aos
mesmos erros aleatórios que os outros pontos da curva analítica.
Entretanto, o sinal correspondente ao branco será muito pequeno,
em relação aos outros pontos da curva analítica. Assim, os erros
associados a este sinal serão, normalmente, maiores. Desta forma,
é normalmente um procedimento equiv ocado subtrair o valor do
branco dos outros valores dos sinais dos padrões, antes de se construir
a curva analítica, pois se introduz um erro difícil de ser avaliado e,
o mais grave de
tudo,
totalmente desnecessário. Finalmente, deve­
se notar que a curva analítica deve ser construída sempre com a
resposta
do instrumento na
vertical (y) e com as concentrações dos
padrões na horizontal (x). Isso é porque os procedimentos a serem
descritos adiante assumem
que todos os erros estão na direção y e
que as concentrações padrão
(valores de x) estão livres de erros.
8.1.1 Coeficiente de Correlação Produ to-Momento
O comportamento conjunto de duas variáveis quantitativas
pode ser
medido através do coeficiente de
correlação. Esse coeficiente
indica o grau de intensidade da correlação entre duas variáveis e,
ainda, o sentido
dessa
correlação (positivo ou negativo).
A
determinação deste coeficiente pode ser
utilizada
para respond er algumas das perguntas da nossa pequena lista.
Inicialmente, a curva analítica obtida é linear? Um gráfico linear
satisfaz a equação algébrica:
y=ax-b (1)
Onde a é o coeficiente angular, ou seja a tangente da linha e
representa a inclinação da reta. Por sua vez, b é o coeficiente linear,
•1127-·

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
ou seja o intercepto no eixo y, e representa o v alor da ordenada y
da reta para o qual a abscissa x é nula.
Os pontos individuais nesta linha serão chamados de (x ,, y,),
(normalmente a leitura do branco), (x
2
,
y
2
), (x
3
,
y
3
)
•••••••• (x", Yn), isso
é, foram f eitos n ex perimentos e lidos o mes mo número de sinais
analíticos. O ponto (x, y), contendo os valores médios de x e de y.
é chamado de "centróide".
Para se es timar quão bem os pontos experimentais se
ajustam em uma linha reta, nós podemos calcular, entre um certo
número de parâmetros estatísticos disponíveis, o coeficiente de
correlação
produto-mo mento, r. Esse parâ metro
é conhecido como
"coeficiente de correlação ", sendo, de longe, o mais c omum em
ciências quantitativas.
O valor de r é dado por:
~"=
I {(x-x)(y-.Y)}
I I I
(2)
Essa equação mostra que r pode variar no intervalo entre
-1 $ r $ + 1. Como mostrado na Figura 7 abaixo, um valor de r = -1
descreve uma correlação negativa perfeita, isso é, todos os pontos
ex
perimentais caem numa linha reta com tangente negativa.
Figura 7:
Correlações. Concentração
1
É importante ressaltar, que invariavelmente os termos a e b da equaçao podem aparecer trocados
dependendo da fonte ou autor, porém sempre o fator algébrico que multiplica x será o coeficiente
angular. Assim, em y = bx + a, b seria o coeficiente angular e a o linear.
'···•••• I
- 128 •

TRATAMENTO E STATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS -REGRESSÃO E CORRELAÇÃO


Da mesma maneira, quando r = + 1, têm-se uma perfeita
correlação positiva, todos os pontos sobre uma linha com tangente
positiva.
Quando não há
correlação entre x e y, o valor de r é zero.
Na prática analítica, gráficos de calibração dão, na maioria das
vezes, valores de r maior que 0,99, sendo incomum valores de r
menores que 0,90.
Um exemplo típico de cálculo de r ilustra alguns pontos
importantes: soluções padrão aquosas de tetracloroaurato (AuCI
4
·)
foram examinadas em um espectrômetro de absorção atômica e as
intensidades são dadas na Quadro 11.
Quadro 11: Intensidade de absorção do composto AuCI,.
Intensidade
Concentração
(mg!L-
1
)
o 2,1
2
5,0
4 9,0
6 12,6
8 17,3
10 21,0
12 24,7
Considerando os dados apresentados na Quadro 11,
determinar o coeficiente de correlação r.
Os cálculos feitos com os dados da Quadro 11 são
apresentados na Tabela 1 O.
Tabela 10: Determinação do coeficiente de correlação r.
x, Y, r ·X (r,-r)' y-y (y,-)')' rx, -xj(y, -y)
o 2,1 ·6 36 -11,0 121, 00 66,0
5,0 ·4 16 -8,1 65,61 32,4
4 9,0 ·2 ·4,1 16,81 8,2
6 12,6 o o ·0,5 0,25 o
8 17,3 4 4,2 1-, 64 8,4
10 21,0 4 16 -,9 62,41 31,6
12 24,7 36 11,6 1 34,56 69,6
I 42 91 ,7 o 112 o 418,56 216,2

• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLIC ADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
42
.X= - = 6
7
y=
91,7
7
13,1
Os números em negrito, na Tabela 1 O representam as somatórias
dos números
nas respectivas
colun as. Observar que I Cx;-.X) e L (y;-.Y)
são ambas iguais a zero, como de se esperar para uma pistribuição;normal
de dados.
Usando
as somatórias, juntamente com a equação (2), tem-se:
r=
216,2 216,2
(112
X
418,28)'" = 216,44 =
0
•9989
A relação linear obtida está apresentada na Figura 8. Duas
observações importantes deste exemplo. Como mostrado na Figura
9, apesar de alguns pontos estarem visivel mente fora da melhor reta
(que
foi obtida com o procedimento a ser discuti do mais adiante), o valor de r é muito próximo de um. A experiência mostra que mesmo
curvas
de calibração com
alto grau de dispersão podem gerar altos
valores de r.
Assim, é muito importante trabalhar com o número adequado
de casas decimais. No exemplo acima, se desprezar as segundas
casas depois da vírgula, obter-se-ia o obviamente incorreto valor
de r = 1.
Deve- se ainda tomar cuidado para se evitar mal interpretação
do valor de r calculado. Observando-se que o uso da equação
acima pode originar valores de r grande mesmo se os dados forem
obviamente não lineares. A Figura 9 mostra dois casos onde os
cálculos de r foram tomados de forma errônea. Na Figura 9 (A), os
pontos da curva analítica caem claramente em uma curva.
Esta curva é suficientemente suave para originar um valor de
r bastante elevado, se utilizada a equação acima. A lição a ser tirada
desse exemplo é que a curva analítica deve sempre ser construída
e observada para sua linearidade. De outra maneira, uma relação
linear pode ser assumida de maneira errônea com o resultado de
r
obtido
simplesmente da equação dada. Por outro lado, a Figura
9 (B) mostra
que um coeficiente de
correlação zero não significa
que x e y não possuam qualquer relação, apenas que esta relação
não é linear.
-•lJoJ•

TRATAMENTO ESTAT[STICO DE DADOS INSTRUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO
25
"'
:::l
õ
'"'
20
l.J'O
o
"' .D
15 <
o
v
::.>
v
10
"' v
·v;
Y=a+b~x
c
.8 a=1,518
c
5
b=1,930
r=0,9988
o
2 4 6 8 10 12
Concentração (mg ml·')
Figura 8: Curva analítica do tetracloroaurato.
A B
r=0,986
'
I
I
I
Figura 9: Curvas analítica não lineares e o significado de r.
/
/
I
8.1.2 A linha de Regressão de Y em X
.
/ ..
'
'
' •
r=O


~

••
Assumindo que existe uma correlação linear entre o sinal
analítico y e a concentração x, o próximo passo é mostrar como
calcular a melhor linha reta entre os pontos da curva analítica,
cada um dos quais está sujeito a um erro experimental aleatório
particular.
Como nós a ssumimos que todos os erros estão no eixo y,
procura-se agora uma reta que minimize os desvios na direção y
entre os dados experimentais e a reta calculada. Como alguns desses
desvios (resíduos y) serão positivos e outros negativos, é conveniente
tentar minimizar a soma dos quadrados desses resíduos. Isso explica
•1131-·

• PARTE 11 ·AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLIC ADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

o uso freqüente do termo "método dos mínimos quadrados" para
esse procedimento.
A linha reta requerida deve passar através do "centróide"
dos pontos (x,)i). Pode-se mostrar que:
b
L [(x,-x)(y,-.Y)l
--'''-------
L (x,-x)
2 (3)
I
a=y-bx
A linha calculada desta maneira é conhecida como curva de
regressão
de y em x, isso é, a curva i ndicando como y varia quando
x é
colocado nos valores escolhidos. É muito importante perceber
que a curva de regressão de x em y não é a mesma curva.
A linha de regressão de x em y (que também passa pelo
centróide) assume que todos os erros ocorrem na direção x.
Exemplo: calcule a tangente e o intercepto da curva de regressão
para
os dados do
exemplo anteri or (Quadro 11 e Tabela 1 0).
No exemplo anterior calculou-se que, para esta curva
analítica:
L (xi-X)(yi- j/)=216,2
i
L (xi-X.)
2
= 112
i
X.=6;y=l3,1
Usando-se as equações (3) se calcula que:
216,2
b= 112=1,93
a=13,1-(1,93x6)= 13,1-11,58= 1,52
Assim, a equaçãd (y=bx+a) para a reta da regressão linear será:
y = 1,93x + 1,52
Os resultados dos cálculos de coeficientes angular (tangente)
e linear (intercepto) foram incluídos na Figura 9.
' Vide nota 1.

TRATAMENTO ESTATÍSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
8.1.3 Erros nos valores da tangente e do intercepto da
curva
de regressão
A curva de regressão
calculada na seção anterior será
utilizada, na práti ca, para estimar as concentrações de amostras de
teste por interpolações, e, às vezes, para estimar o limite de detecção
do procedimento analítico. Os erros aleatórios nos valores para a
tangente e
intercepto são, assim, importantes e as equações usadas
para
calculá-los serão consideradas. Deve- se inicialmente calcular
o desvio padrão dos pontos y sobre x, sylx que é dado por:
(4)
Esta equação utiliza os resi duais de y, y, que são os pontos
na
curva de regressão
calculada que correspondem aos valores
individuais de x, isso é, os valores ajustados de y. Esses pontos são
mostrados na Figura 1 O.
(x,,y1)

!x,.y,) lx,,y,)

(x,,y,)
Figura 10: Valores medidos e ajus tados de y.
(x,.y,)
!I •
: (x,,y,)
O valor de y, para um dado x é facilmente calculado pela
equação (4), a qual é semelhante em forma à equação para o desvio
padrão
de um conjunto de medidas repetidas
(Capítulo 7).
•1133-·

• PARTE 11 • AMOSTRAG EM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
s=
(5)
Numa regressão linear, o número de graus de liberdade é
(n -2), o que reflete a consideração óbvia de que uma única linha
reta pode ser desenhada passando por dois pontos. Com um valor
P
aras, podemos agora calcular sb e s, os desvios padrão para a
'x a
tangente (b) e o intercepto (a). Eles são dados por:
(6)
Os valores de sb e S. podem ser utilizados de maneira usual
para estimar os limites de confiança para a tangente e o intercepto.
Assim, os limites de confiança para a tangente são dados por:
(7)
Onde o valor de t é tomado no nível de confiança desejado e
(n - 2) graus de liberdade. De maneira similar, os limites de confiança
para o intercepto são dados por:
a± t x s
a
(8)
Exemplo: calcular os desvios padrão e intervalos de confiança
para a tangente e intercepto da curva de regressão calculada
anteriormente. A partir da Tabela 10 e usando as equações acima:
s = 0,9368 = o 4329 ( j
Y2
y X 5 >
Anteriormente, já foi visto que:
L: [(x
1
-
:X)=
112
i
.... 1341•

TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS- REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
E, assim a equação (7) pode ser usada para mostrar que:
s = 0,4329 = 0,4329 = 0,0409
b -f1i2 10,58
O va
lor
de t para (n -2) = 5 e 95% de nível de confiança é
2,57 (valor tabelado). Assim, para um nível de confiança de 95% os
limites de confiança para b são:
b = 1,93 ± 2,57 X 0,0409 = 1,93 ± 0,11
A utilização da equação para o desvio padrão
do intercepto
(Equação
7) requer o conhecimento do
valor de L x
2
.
,364. Assim:
i
I
s = 0,4329 . @__ = 0,2950
a 'V 784
E os limites de confiança são:
a= 1,52 ± 2,57 x 0,2950 = 1,52 ± 0,76
8.1.4 Avaliação de uma concentração
Uma vez que a tangente e o intercepto de uma curva de
regressão tenham sido determinados, é simpl es calcular um valor
de x correspondente a qualquer valor medido de y. Um problema
mais complexo surge quando é necessário estimar o erro numa
concentração calculada com a curva de regressão.
O cálculo de qualquer valor de x envolve o uso da tangente
(b) e
do intercepto (a) e, como foi vis to no item anterior, ambos são
sujeitos a erros. Como resultado, a determinação do erro no
valor
de x pode ser feito com uma fórmula aproximada:
(9)
Nessa equação, y
0
é o valor experimental de y, a partir do
qual o valor de concentração x
0
deverá ser determinado, sxo é o
desvio padrão estimado
de
x
0
e os outros símbolos retêm os seus
•1135-·

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
significados normais. No caso do analista ter que fazer várias leituras
de y
0
, por exemplo, se houver m leituras, então a equação acima
deve ser
modificada para:
(1
O)
Como sempre, os limites de confiança podem ser calculados
como: x
0
± t x sxa, com n-2 graus de liberdade.
Exemplo: usando os dados extraídos dos exemplos acima,
determinar os
valores de x
0
e s.
0
e os limites de confiança de
x
0
para soluções com intensidades de absorção de 2,9, 13,5 e
23,0 ua. Os valores de x
0
são facilmente calc ulados utilizando a
equação da regressão
determinada anteriormente, y = 1,93x +
1,52. Substi tuindo os respectivos valores de
y
0
, 2,9, 13,5 e 23,0,
obtemos os valores de x
0
como sendo: 0,72, 6,21 e 11,13 pg mL·l,
respectivamente. Para obter os valores de s xo correspondentes a esses
valores de x
0
, usa-se a equação (1 0).
Recordando dos itens anteriores que n = 7, b = 1 ,93, s lx =
(
-)2
y
0,4329, = 13,1 e também que a I x,-x = 112. Os valores de y
0
de 2,9;
I
13,5 e 23,0 geram os valores de sxa de 0,26; 0,24 e 0,26, respectivamente.
Os intervalos de confiança correspondentes, a 95%, (t = 2,57) são 0,72
± 0,68; 6,21 ± 0,62 e 11,13 ± 0,68 mg mL·l, respectivamente.
Esse exemplo ilustra um ponto de importância. É aparente
que os limites de confiança são menores (isso é, melhores) para o
resultado de y
0
= 13,5 do que para os outros dois.
Uma análise da equação acima confirma que quando y
0
aproxima do valor médio, y, o terceiro termo dentro do colchete
tende a zero, e sxo aproxima-se do valor mínimo. A forma geral dos
limites de confiança para uma concentração calculada é mostrada
na Figura 11.

TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS - REGRESSÃO E CORRELAÇÃO
Figura 11: Forma geral dos limites de confiança para uma concentração.

••
Se desejarmos melhorar, isto é estreitar, os limites de
confiança nesse experimento analítica, as equações de sxü mostram,
pelo menos, duas possibilidades. Pode-se aumentar n, o número de
pontos da curva de calibração e também se pode fazer mais medidas
de y
0
, e usar o valor médio de tais medidas, no cálculo de x
0
.
O resultado
desses procedimentos pode ser previsto ao
examinar os três termos
dentro dos
colchetes nas duas equações. No
exemplo anterior, o termo dominante nos três cálculos é o primeiro,
unidade. Segue- se que, nesse caso (e em muitos outros), uma
melhoria na precisão pode ser fei ta fazendo- se várias medidas de y
0
e
usando a equação
que contém
m. Se, por exemplo, o valor de y
0
de
13,5 tivesse sido calculado como a média de quatro determinações,
então o valor de s.
0
e os limites de confiança teriam sido 0,14 e 6,21
± 0,36, respectivamente, ambos resultados indicando uma melhora
apreciável na precisão.
8.1.5 Limites de Detecção
Uma das principais vantagens em se utilizar métodos
instrumentais de análise consiste na possibilidade de se detectar
quantidades muito menores de analito do que os métodos clássicos.
Essa característica implica na possibilidade de se estabelecer a
importância de concentrações em nível de traços de muitos materiais,
por exemplo em amostras biológicas e ambientais. Dessa maneira, é
evidente
que os métodos estatísticos para obter e comparar os
limites
•1137-

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATISTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
de detecção (LO) são importantes. Em termos gerais, o limite de
detecção
de um analito pode ser de scrito como aquela concentração
que dá um sinal (y) no instrumento significante mente diferente do
sinal do
"branco" ou da "linha de base".
Uma definição comumente usada na l iteratura de Química
Analítica
é que o limite de detecção é a concentração do a nalito
que dá um sinal igual ao sinal do branco, y
8
,
mais duas vezes o
desvio padrão
do branco, 5
8
.
Normas recentes de órgãos públicos
(
principalmente americanos) indicam que esse critério deve ser:
(11)
O significado desta úl tima definição é ilus trado, com mais
detalhes, na Figura
12.
Y,
Limite de
Decisão
Limite de
Detecção
.. ·r·.. . ... ,..... . ... , ....
•••
A,••'//.' ...... , 8// '•·,,, ~.'.' I '•· •• ,
.)_. ·.... · .. . . .. .
•• •• I •• •• A • •
.. l,····.f .. ···.'-rl · .•
.. ,... ~ ····'· ·· ..
····· ····, ...,..-.. ~··· ....
..
s.
Figura 12: Limite de detecção.
y
Na Figura 12, a curva A representa a dist ribuição normal
dos valor
es resultantes de diversas medias do sinal do branco. É
possível identificar um ponto, y = P, além do limite superior dessa
distribuição, e assumir que um sinal maior que esse é improvável
que perten ça ao branco, enquanto que um sinal menor que
P deve
ser assum
ido como sendo do branco. Entretanto, para uma amostra
dando um sinal médio
P (cuja distribuição normal de pontos está
repre
sentada na curva B),
50% do sinal observado será menor que
P, desde que o sinal tenha uma distribuição normal. A probabilidade
de se concluir que essa amostra não difere do branco, quando ela
de fato
difere, é, assim,
50%. O ponto Pé, assim, insatisfatório como
l
imite de detecção.
Um
ponto mais adequado situa-se em y = Q (cuja
distribuição normal de dados está representada na curva C da Figura
12), pois Q está duas vezes mais afastado de
Y
8
que P. Pode- se
mostrar que, se Y
8
-Q for 3,28 vezes o desvio padrão do branco,

TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS -REGRESSÃO E CORRE LAÇÃO


5
8
,
então a probabilidade do erro acima acontecer (indicada pela
área achuriada da Figura
12) é de apenas
5%. Se, como sugerido na
Figura 12, a distância for de 3s
8
,
a probabilidade de ambos os erros
será de cerca
de 7%. Muitos analistas consideram esta co mo sendo
uma boa
definição de limite de detecção.
Algumas tentativas foram feitas para
se definir um limite
posterior, chamado de limite de quantificação (ou limite de
determinação) como o menor limite para uma medida quantitativa
precisa,
em oposição à detecção qualitativa. Um valor de Y
8
+ 1
O s
8
foi sugerido para esse limite, mas seu uso ainda é bastante restri to na
prática. Deve-
se agora discutir como os termos Y
8
e 5
8
são obtidos
na prática, quando uma reta de regressão convencional for usada
para a calibração.
Um requisito fundamental do método de mínimos quadrados
é
que cada ponto no gráfico ( incluindo o ponto do branco) tem uma
variação
de erros distribuída de maneira normal (apenas na direção
Y), com um desvio padrão estimado como
sy,x· Esta é a justificativa
de termos desenhado curvas de distribuição normal com a mesma
largura na Figura 1 O. Assim, é apropriado utilizar syl• ao invés de 5
8
na estimativa do limite de detecção.
O valor de a, o intercepto calculado pela regressão, pode
ser utilizado como uma estimativa do valor de Y
8
,
o sinal do branco;
ele deve ser uma estimativa mais precisa
de Y
8
do que o único valor
medido do branco, Y,.
Exemplo: estimar o
limite de detecção para a determinação
de tetracloroaurato
(AuCI
4
-)por absorção atômica, cujas intensidades
são dadas no
Quadro 11.
Usa-se a equação
y-y
8
= 3 s
8
com o va lor de y
8
(= a) e s
8
(=
sy
1
) calculado previamente. O valor de y no limite de detecção
é
encontrado como sendo 1,52 + (3) 0, 4329, isto é, 2,82. Usando
a equação da regressão calcula-
se um limite de detecção de 0, 67
mglml _,_A Figura 13 sumariza todos os procedimentos adotados no
cálculo do limite de detecção do tetracloroaurato.
É importante evitar confundir o limite de detecção da
técnica com sua sensibilidade. Esta fonte de confusão se origina,
provavelmente, do fato de não haver uma palavra apropriada
que demonstre que uma técnica tem "baixo limite de detecção".
A sensibilidade de
uma técnica é corretamente definida como a
tangente da curva analítica e, desde
que a curva seja linear, pode
ser medida em qualquer ponto dela.
•1139-·

• PARTE 11 • AMOSTRAG EM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
25
"'
"
o
l::::l 20
~
o
"'
.J:>
<
15
10
s ,, = s. = 0,433
LOB = 0.67 mg mL .,
s~, = o,25
o 2 4 6 8
Concentração I mglml •
1
Y = a+bX
A= 1,51786
B
= 1,93036
R= 0,99888
10 12
Figura
13: Gráfico de regressão mostrando o
LO (LOD) do íon telracloroaurato.
8.2 o MÉTODO DAS ADIÇÕES PADRÃO
Suponha que um analista deseja determinar prata em
amostras de resíduos de revelação de filmes por absorção atômica.
Usando os métodos discutidos
anteriormente, ele pode calibrar o
espectrômetro
com uma solução aquosa de um sal de prata puro
e usar a curva analítica na determinação de prata nas amostras de
teste. Entretanto, esse método só será v álido se a solução pura de
sais de prata gerar o mesmo sinal de absorção do que o resíduo
fotográfico
com a mesma concentração de prata. Em outras palav ras,
usando soluções puras para estabelecer a curva analítica, assume-se
que não existe o " efeito de matriz", isso é, redução ou aumento do
sinal obtido pelos outros componentes da solução.
Em muitas áreas, esta proposição freqüentemente não
é válida. Efeitos de matriz ocorrem até com métodos como
espectrometria de plasma, que tem a reputação de ser insensível
para interferentes. Uma possível solução para
esse problema é tomar
uma amostra do resíduo fotográfico que é similar à amostra teste,
porém não contenha prata, e adicionar quantidades conhecidas de
sal de prata para fazer as soluções padrões. A curva analítica será
então construída usando uma
matriz aparentemente adequada.
Em muitos casos, entretanto, essa aproximação é impraticável.
Ela não eliminará efeitos de matriz que diferem em magnitude de

TRATAMENTO ESTATISTICO DE DADOS INST RUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
uma amostra para outra, e pode ser impossível obter uma amostra da
matriz
que não contenha o
analito. Por exemplo, obter uma amostra
de
resíduos fotográficos que não contenha prata é
improvável. Segue­
se que todas as medidas analíticas, inclu indo o estabelecimento da
curva analítica, devem ser feitos com a própria amostra. Isso é feito
na prática usando o método das adições padrão.
Volumes iguais de solução da amostra são tomados e todos,
menos
um são
"contaminados" separadamente com quantidades
conhecidas e diferentes
do
analito, e todos são, então, diluídos para
o mesmo volume. Os sinais do instrumento analítico são, então,
determinados para todas essas soluções e os resultados ilustrados
como mostrado na Figura 14.
Como usual, os sinais obtidos são plotados no eixo y, nesse
caso o eixo x é graduado em termos de quantidades de analito
adicionadas.
/
/
/
/
/
Quantidade de
analíto em
amostra teste
Figura 14: Método das adições padrão.
Quanudade
adicionada
A curva de regressão é
calculada da maneira usual, mas dessa
vez é feita uma extrapolação até o ponto no eixo x correspondendo a
y = O. É evidente que esse intercepto negativo no ei xo x corresponde
à quantidade de analito na amostra teste.
A análise da Figura 14 mostra que esse valor é dado por a I b,
a relação entre o intercepto e a tangente da curva de regressão. Como
•1141-·

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
ambos, a e b são sujeitos a erros, o valor calculado é também sujeito
a erro,
do mesmo modo. Nesse caso, a quantidade não é predita por
um
valor único medido de y, assim a fórmula para o desvio padrão, \E'
do valor extrapolado xE, não é a mesma daquela vista anteriormente,
mas sim:
(
12)
Aumentando o
valor de n melhora, novamente, a precisão
do valor estimado: em geral, pelo menos seis pontos são necessários
para
um experimento de adição de padrão.
Além do mais, a precisão
é aumentada maximizando-se o
termo quadrático
I (x,-xY, de tal
I
forma que as soluções, para a confecção da curva analítica, devem
se possível, cobrir um amplo intervalo. Os limites de confiança para
xE podem, como costume, serem determinados como xE ± tsxE·
Exemplo: a concentração de prata em uma amostra de
resíduos fotográficos foi determinada
por espectroscopia de absorção
atômica
com o método de adição de padrões ( Quadro 12).
Quadro 12: Dados de absorbância em amostra de resíduos fotográficos.
Ag adicionada
Absorbância
(J..lglmL·
1
)
o 0,32
5 0,41
10 0,52
15 0,60
20 0,70
25 0,77
30 0,89
Determinar a concentração de prata na amostra e obter os
limites de confiança a 95% para a concentração calculada.
Utilizando-se as Equações ( 3), obtém-se um valor de a
= 0,3218 e b = 0,0186. A relação entre esses dois valores dá a
concentração
de prata na amostra de teste de 17,3
1Jg/mL·
1

Os
limites
de confiança para esse resultado podem ser determinados
com a ajuda da equação (9) .
... 1421•

TRATAMENTO ESTATÍSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS -REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
Aqui, os valores de \lx é 0,01094, é 0,6014 e t (x;-.X:)2 é 700.
Assim, o val or de \E é igual a 0,749 e os limites de confian ça são
17,3 ± 2,57x0,749, isso é, 17,3 ± 1,9/JgmL-
1
.
Apesar de ser uma aproximação elegante para o problema
do efeito de matriz, o método da adição de padrões tem a suas
desvantagens.
Em termos estatísticos, sua desvantagem principal está
relacionada ao fato dele ser
um método de extrapolação, menos
preciso
do que as técnicas de interpolação.
No exemplo acima, é fácil most rar que, se uma quantidade
desconhecida de prata for adicionada à amostra teste e fornecer um
valor
de absorbância de 0,65, a concentração adicionada seria de
17,6
/Jg ml-
1
com limites de confiança de 17,6 ± 1,6 JJg ml-
1
.
Esse
resultado mostra apenas uma ligeira melhora do limite de confiança,
devido ao ponto de absorção estar mais próximo do valor médio
da curva analítica.
8.3 RETAS DE
REGRESSÃO PONDERADAS
Os cálculos envolvidos no uso de métodos de regressão
ponderados
são apenas um pouco mais complicados do que aqueles
discutidos até aqui. E
les podem ser facilmente feitos com o auxílio
de um microcomputador, mas requerem informações adicionais dos
erros
que ocorrem em diferentes níveis de concentração, ou pelo
menos a
formulação de hipóteses adicionais sobre esses erros.
Isso
talvez expl ique porque os cálculos de regressão ponderados são
menos
utilizados do que deveriam.
Neste ca
pítulo iremos delinear o método de regressão
ponderada, aplicado apenas na determinação de um
único analito e
não na comparação entre
dois métodos analíticos. Vamos conside rar
com mais detalhes, a situação simples
que surge quando os erros
em uma reta de regressão são proporcionais à concentração do
analito.
Quando os erros, em diferentes pontos do gráfico analítica
forem expres
sos por
"barras de erros" (Figura 15) as barras se tornam
maiores conforme a concentração aumenta.
•11431 ' <

• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
••
Concentração
Figura 15: Gráfico de regressão com barra de erros no valor de sinal.
Nesse caso, é evidente que a reta de regressão deve ser
calculada de maneira a considerar um peso maior para aqueles
pontos onde as barras de erro são menores.
É mais importante para a linha de regressão passar próximo
desses pontos do que daqueles onde as barras de erro são maiores.
Esse resultado é encontrado atribuindo a cada ponto um peso
inversamente proporcional à variância correspondente, s
2
• Esse
procedimento lógico é de aplicação geral. Assim, se os pontos
individua is são denotados por (x,, y,), (x
2
,
y
2
), etc., como
usual, e
os desvios padrão correspondentes por s,, s
2
,
etc.,então, os pesos
individuais, w,, w
2
,
etc. são dados por:
·2
W -...,-s..!..'--
,-(~ :,·2)
(13)
A tangente e o intercepto da linha de regressão são, então, dados por:
L w
1x
1y
1
-nX~ y"
b=-'------
2: w,x/-11X}
(14)
I
e:
a= .Y"-bx~
(15)
Nessas equações acima, xw e Yw' representam as coordenadas
do centróide ponderado, (x",Y) através do qual a linha de regressão

TRATAMENTO ESTATISTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
ponderada deverá passar. Essas coordenadas são dadas, como
esperado, por:
~1v ,x,
x
IV
I
n
(16)
.Y,. =
I W,Y,
I
n
Exemplo: calcular as retas de regre ssão ponderada e não
para
os seguintes dados de calibração (Quadro 13).
Para cada
linha, calcular t ambém as concentrações das amostras de teste com
absorbâncias de O, 100 e 0,600.
Quadro 13: Dados de concentração e absorbância com os respectivos desvios padrão
Concentração (J.Jg ml _,) Absorbância Desv io padrão
o 0,090 0,001
2 o, 158 0,004
4 0,301 0, 010
6 0,472 0,013
8 0,577 0,017
10 0,739 0, 022
A aplicação das equações ( 14) e (15):mostra que a tangente e
o
intercepto da reta de regressão não ponderada são respectivame nte, 0,0725 e 0,0133. As concentrações correspondentes às absorbâncias
de 0,100 e 0,600 são facilmente calculadas como 1,20 e 8,09 J.Lg/ml-
1
,
respectivamente. A reta de regressão ponderada é um pouco mais difícil
de
calcular: na falta de um programa adequado de computador, constrói­
se o Quadro 14.
•1145-·

• ••
PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE
Quadro 14: Cálculo da reta de regressão ponderada.
X.
Y; s 1 /s;2 w. w.x.
W;Y; W;X;Y;
I I I I
o 0,009 0,001 1000000 5,535 0,000 0,0498 0,0000
2 o, 158 0,004 62500 0,346 0,692 0,0547 o, 1063
4 0,301 0,010 10000 0,055 0,220 0,0166 0,0662
6 0,472 0,013 5917 0,033 0,198 0,0156 0,0935
8 0,577 0,017 3-l60 0,019 0,152 0,011 o 0,0877
10 0,739 0,022 2066 0,011 0,110 0, 0081 0,0813
I
1083943 5,999 1,372 O, 1158 0,4380
w.x.2
I I
0,000
1,384
0,880
1 '188
1,216
1,100
5,768
Desta tabela, é claro que Yw = O, 1558/6 = 0,0260 e que xw =
1,372/6 = 0,229. Da equação anterior, b é calculado como sendo:
b = 0,438 -(6 X 0,229 X 0,026) = 0,0738
5,768-(6 X (0,229)2)
E assim, a é dado por:
0,0738 X 0,229 = 0,0091
Esses valores de a e b podem, então ser usados para
as absorbâncias de 0,100 e 0,600, resultando nos valores de
concentrações de 1,23 e 8, 01 J.lg ml-
1
,
respectivamente.
Uma comparação cuidadosa dos
resultados obtidos com
os dois métodos é muito instrutiva. Os efeitos de se ponderar são
claros. O centróide ponderado (Xw ,y) é muito mais próximo da
origem
do gráfico do que o não ponderado
(x ,Y) e o peso dado aos
pontos
próximos da origem-e particularmente ao primeiro ponto (O; 0,009), que tem o menor erro-assegura que a reta de regressão
um intercepto muito próximo desse ponto.
A tangente e o intercepto da reta
ponderada é marcante mente similar àqueles da não ponderada. Assim, os resultados dos dois
métodos
dão
valores muito similares para as concentrações das
amostras
que possuem absorbâncias de
0,100 e de 0,600. Dessa
forma, poderíamos ser levados a pensar que a reta de regressão
ponderada tem poucas vantagens. Elas requerem mais informações
(na forma de estimativas de desvios padrão em vários pontos na
reta), e são
muito mais
complexas para se construir, mas resultam em
dados muito similares àqueles não ponderados. Essas considerações
podem até explicar a negligência generalizada dos cálculos de retas
-·1461•

TRATAMENTO ESTATfSTI CO DE DADOS INSTRUMENTAIS -REGRESSÃO E CORRELA ÇÃO
de regressão ponderadas na prática.

••
Mas um químico analítico usando métodos não emprega os
cálculos de regressão apenas pa ra obter a tangente e o intercepto
da reta de calibração e as concentrações das amostr as.
Ele também deseja obter estimativas dos erros e dos limites de
confiança daquelas concentrações e, nesse contexto, os métodos de
regressões ponderados resultam em valores muito mais realísticos.
um item anterior, usou-se a equação abaixo:
Para estimar o desvio padrão (sxo) e, assim, os limites de
confiança de uma concentração calculada usando um valor único
de y e uma reta de regressão não ponderada.
A aplicação desta equação aos dados do exemplo acima
mostra
que os
limites de confiança para as soluções com absorções
0,100 e 0,600 são 1,20 ± 0,65 e 8,09 ± 0,63 J,lg ml _,.
Como no exemplo dado naquele item, os intervalos de
confiança são bastante próximos. o exemplo atual, entretanto,
esse resultado é inteiramente irrealista. Os dados experimentais
mostram que os erros observados nos valores de y aumentam quando
o próprio y aumenta, uma situação esperada para um método tendo
um desvio padrão relativamente constante. Pode-se esperar que
esse aumento em si com o aumento de y deve se refletir nos limites
de confiança das concentrações determinadas. Assim, os limites de
confiança para a solução com uma absorbância de 0,600 deve ser
maior (isso é, pior) que para a absorbância de 0,1 00.
Num item anterior, cálculos de regressão ponderada, o
desvio padrão (\0) de uma concentração prevista é dado por:
Nessa equação s
1
y
1
x,w é substituído por:
(
18)
•1147-·

• P ARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTI CA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

A equação acima é claramente similar àquela da reta não
ponderada.
Ela confirma que os pontos mais próximos da origem,
onde os pesos são maiores, e os pontos próximos do centróide, onde y
0
-
'l.
é pequeno, terão os menores limites de confiança, como
mostrado na Figura 16.
I
• I
~ ,
,
,
Concentração
figura 16: Posição do centróide na reta de regressão.
A maior diferença entre as duas equações (ponderada, não
ponderada) é o termo 1 I W
0
na equação ponderada. Como W
0
cai
rapidamente
quando y aumenta, esse termo assegura que o l imite
de confiança aumente com o au mento de Yo' conforme se espera.
A aplicação da equação
do desvio padrão ponderado no
exemplo anterior mostra que as amostras de teste com absorções
0,100
e 0,600 têm limites de confiança para as concentrações calculadas de
1,23 e 8,01 1-1g ml -
1
de ± 0,12 e ± 0,72 ,ug/ml -
1
,
respectivamente.
Nota-se que
esses dois intervalos de confiança são proporcionais às
absorbâncias das duas soluções. Além di sso, o intervalo de confian ça
para a solução menos concentrada é menor do que na reta de regressão
não ponderada, enquanto
que para a mais concentrada a situação é
o oposto.
Todos
esses resultados são muito mais concordantes com a
realidade
do experimento de calibração do que os resultados obtidos
de
forma não ponderada.
-·1481•

TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS -REGRESSÃO E CORRELAÇÃO
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--1521•

t: :: :::::J

ENSAIOS DE
IDENTIFICAÇÃO
"A Paz, se possível, mas a verdade a qualquer
preço."
(Lutero)

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

••
9 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
GIL, E.S., MATJAS, R. & ORLANDO, R.M.
São métodos analíticos de natureza qualitativa, destinados
à confirmação da identidade da matéria-prima ou de determinado
componente (ex. princípio ativo) de um produto. A validade desses
ensaios depende, basicamente, da sua especificidade ou seletividade,
e
que outros parâmetros de validação são menos importantes. Os ensaios de identificação podem ser classificados em físicos
ou químicos, ou ainda como métodos instrumentais ou clássicos.
Independente do método utilizado, um ensaio de
identificação deve ser específico e confiável, de bai xo custo e de
fácil realização.
Considerando que o fármaco é o princípio ativo do
medicamento, sua identificação é um quesito básico para eficácia e
segurança
do produto. Outrossim, há ainda o risco de adulteração de
matérias-primas excipientes
por outras de menor custo que, embora
de características semelhantes, poderão acarretar em
problemas
potenciais de formulação.
9.1 MÉTODOS CLÁSSICOS
Os métodos clássicos de identificação são baseados em
reações químicas de grupos funcionais importantes em insumos
farmacêuticos.
Esses ensaios não são confirmatórios, mas sim eliminatórios,

que várias substâncias podem apresentar grupos funcionais em
comum. Apresentam como
principal vantagem a possibilidade
de, dependendo da seletiv idade da reação, serem aplicados à
identificação de fármacos, tanto em matérias-primas, quanto em
medicamentos (produtos acabados).
Outra vantagem imediata é a
redução
do custo com instrumentação que, entretanto, em
longo
prazo, se perde com o maior consumo de reagentes.
Como desvantagens incluem a menor sensibilidade e o fato de
que não são aplicáveis a misturas de fármacos com grupos comuns.
As reações químicas úteis em ensaios clássicos de iden tificação
•1155-·

• PARTE 111 -ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

devem ser perceptíveis a olho nu, sejam com mudança de cor
(formação de produto colorido ou desaparecimento de cor do analito
ou reagente), formação de precipitado ou produção de gás.
O Quadro 15 apresenta alguns exemplos de matérias-primas
em que se empregam reações químicas para identificação.
Quadro 15: Ensaios de identificação para fármacos
Insumo Método Químico
Método
Físico
AAS Desenvolve cor violeta com FeCI
3
IV
Ácido ascórbico Produz precipitado cinza com AgN0
3
IV, PF, RO
Fenobarbital Solução produz cor violeta com CoCI
2
.1 H, I V, PF
Lidocaína
Solução etanólica produz precipitado ver de
IV, PF
com CoCI
2
Adicione a 1 O mg, 1 O mg de zinco em pó
em meio HCI 25% e aqueça em BM por 5
minutos, resirie e adicione 0,5 ml de nitrito
Metronidazol
de sódio. Remova excesso de nitrito com
IV, PF
ácido sulfâmico 5%. Adicione 0,5 ml da
solução resultante à mistura 0,5 ml de 2-
naftol e 2 ml de aO H 8%. Uma cor laranja
avermelhada é produzida.
Propanolol. HCI
Precipitado branco com AgN0
3
(*identifica
apenas HCI)
IV, UV, PF, RO
Quinina.H
CI
Solução
acidificada com 2 gotas de H,SO,
RO
1 O% apresenta forte fluorescência azul
Legenda: RO = Rotação Óptica; IV = Infravermelho; UV = Ultravioleta; PF = Ponto de Fusão
9.1.1 Reações de Identificação para Ânions Comuns
Acetato
-·1561•
a) Aquecer com a mesma quantidade de ácido oxálico 6%:
Desprendem-se vapores
de ácido acético.
b) Aquecer com ácido
sulfúrico e álcool: Desprende-se odor de
acetato de etila.
c) Tratar com solução neutra de cloreto férrico 1 O%: Produz-se
cor vermelha escura que desaparece pela adição de ácidos
minerais.

M~TODOS DE IDENTIFICAÇÃO


Benzoato
a) Tratar solução neutra de benzoato com solução reagente de
cloreto férrico: Forma-se pre cipitado amarelo escuro, solúvel
em éter.
b) Acidular solução moderadamente concentrada de benzoato com
ácido
sulfúrico 2 N: Forma-se precipitado de ácido benzóico,
facilmente solúvel em éter.
Bicarbonato
Borato
a) Tratar o bicarbonato com ácido: Pro duz-se efervescência, com
desprendimento de gás incolor que, ao reagir com hidróxido de
cálcio, forma imediatamente precipitado branco.
b)
A uma solução fria de bicarbonato solúvel juntar fenolftalefna
O, 1 o/o: A solução permanece incolor ou levemente corada.
a) A uma solução de borato, acidulada com ácido clorídrico,
juntar algumas gotas de solução de iodo e de solução de álcool
polivinílico: Produz-se cor azul intensa.
b) Tratar o borato com ácido sulfúrico, ac
rescentar metanol e levar
a mis
tura à ignição: A chama apresenta bordos verdes.
Brometo
a) À solução de brometo juntar gota a gota água de
cloro: Desprende-se
bromo, que confere cor parda à solução; agitando-se esta
com clorofórmio, o solvente adquire cor vermelha a marrom­
avermelhada e a camada aquosa fica incolor.
b) Tratar solução
de brometo com nitrato de prata
So/o: Forma-se
precipitado caseoso branco amarelado, insolúvel em ácido nítrico
e levemente solúvel em
hidróxido de amônio 6 N.
•1157-·

• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

Carbonato
Citrato
a) Adição de ácido: Produz efervescência.
b) À
solução fria de carbonato solúvel juntar fenolftaleína O, 1%:
Produz- se cor vermelha.
Tratar amostra com mistura de 15 ml de piridina e 5 ml de
anidrido acético: Produz- se cor vermelho carmim.
Clorato
a) Tratar solução da amostra com n itrato de prata 5%: Não se forma
precipitado.
b) Verter ácido sulfuroso à mistura obtida em a): Forma-se
precipitado branco, insolúvel em ácido nítrico, mas solúvel em
hidróxido de amônio 6 N.
c) Tratar pequena quantidade de clorato com ácido sulfúrico: Ocorre
reação
intensa com formação de precipitado e desprendimento
de gás
amarelo esverdeado.
Cloreto
-·1581•
a) Tratar solução com nitrato de prata 5%: Forma-se precipitado
branco caseoso, insolúvel em ácido nítrico, mas solúvel em
hidróxido de amônio 6 N.
b) Misturar o cloreto seco com igual peso de dióxido de manganês,
umedecer com ácido sulfúrico e aquecer brandamente:
Desprende-se cloro, identificado pelo odor e pela produção de
cor azul com papel de amido iodetado umedecido.

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO


Fosfato
a) Tratar solução neutra da amostra com nitrato de prata 5%: Forma- se
precipitado amarelo, solúvel em ác ido nftrico 2 N ou hidróxido de
amônio 6
N.
b) Tratar solução nftrica de ortofosfato com molibdato de amônio
1
O%: Forma-se precipitado amarelo, solúvel em hidróxido de
amônio 6 N.
Hipofosfito
lodeto
a) Aquecer fortemente o hipofosfito: Desprende-se fosfina inflamáv el
espontaneamente.
b) Aquecer solução
de hipofosfito, acidulada por ácido sulfúrico,
com sulfato cúprico 1
O%: Forma-se precipi tado vermelho.
a) Tratar
solução da amostra com água de cloro, gota a gota:
Desprende-se
iodo, que muda de cor da solução de amarela a
vermelha, agitando-
se essa solução com clorofórmio, ela adquire
cor violeta.
b)
Tratar solução de iodeto com nitrato de prata
5%: Forma- se
precipitado amarelo caseoso, insolúvel em ácido nftrico, mas
solúvel em
hidróxido de amônio 6 N.
lactato
Nitrato
Tratar solução de lactato, acidulada por ácido sulfúrico, com
permanganato
de potássio e aquecer a mistura: Desprende-se
acetaldeído,
identificado pelo odor caracterfstico.
a)
Aquecer o nitrato com ácido sulfúrico e cobre metálico:
Desprendem- se vapores verme
I ho-pardos.
•1159--

• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nitrito
b) Tratar solução de nitrato com ácido sulfúrico, esfriar a mistura
e
juntar solução de sulfato ferroso
8%: Na interface produz-se
cor parda.
a) Tratar o
nitrito com ácidos minerais diluídos ou com ácido acético
6
N: Desprendem-se vapores pardos.
b) Tratar papel
iodetado com solução de nitrito:
O indicador se
cora de azul.
c) Adição
de nitrito a solução de permanganato de potássio
3o/o:
Cor vermelha intensa desaparece.
Oxalato
a) Tratar solução neutra ou alcalina de oxalato com cloreto de cálcio
0,5 M: Forma-se precipitado branco, insolúvel em ácido acético
6
N, mas solúvel em ácido clorídrico.
b) Tratar solução de permanganato de potássio
0,2 M com solução
acidificada quente
de oxalato: Desaparece a cor.
Permanganato
a) Tratar solução de permanganato, acidulada por ácido sulfúrico,
com
peróxido de hidrogênio: Cor desaparece a frio.
b)
Tratar solução de permanganato, acidulada por ácido
sulfúrico, com ácido oxáli co
0,5 M em solução aquecida: Cor
desaparece.
Salicilato
--1601•
a) Tratar amostra com solução de cloreto férrico 1 Oo/o à solução
diluída da amostra: Produz cor violet a.
b) Tratar solução moderadamente concentrada de salicilato com
ácidos: Produz precipitado branco de ácido salicíli co que funde
entre 1sa•c e 161 •c.

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

••
Succinato
a) Adição de cloreto férrico 1 O% à solução diluída da amostra:
Sulfato
Sulfito
Produz cor marrom.
b) Tratar solução neutra
de succinato com solução de nitrato de
prata 5%: Forma-se precipitado branco, facilmente solúvel com
hidróxido de amônia.
a) Tratar solução de sulfato com
cloreto de bário 1 O%: Forma-se
precipitado branco, insolúvel em ácido clorídrico e nítrico.
b) Tratar solução
de sulfato com acetato de chumbo: Forma-se
precipitado branco, solúvel em acetato de amônia.
Tratar solução
de sulfito com ácido
clorídrico 3 N: Desprende­
se dióxido de enxofre, reconhecido pelo seu odor pungente
característico e
que escurece o papel de filtro umedecido com
solução de nitrato mercuroso
1.5% em HN0
3
10%.
Tartarato
a) Dissolver alguns miligramas de tartarato em água e adicionar uma
gota de solução de sulfato ferroso 1% e uma gota de solução
de peróxido de hidrogênio 1 O volumes: Produz-se cor amarela
fulgaz.
b)
Adicionar hidróxido de sódio 2M gota a gota à solução anterior:
Produz-
se cor azul intensa.
•1161-·

• PARTE 111 -ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO
••
9.1.2 Reações de Identificação para Cátions Comuns
Alumínio
Bário
Cálcio
Ferro
-·1621•
a) A adição de hidróxido de amônio concentrado forma precipitado
gelatinoso branco, insolúvel em excesso de amônia.
b) A adição
de
solução reagente de sulfeto de sódio ou hidróxido
de sódio 1 N forma precipitado branco gelatinoso, solúvel em
excesso
do mesmo reagente.
a) Adição
de ácido
sulfúrico 2 N resulta na formação de precipitado
branco, insolúvel nos ácidos clorídrico e nítrico.
b)
Sais de bário em chama não
luminosa produzem cor verde
amarelada, que parece azul quando vista através de vidro
verde.
a)
Sais de
cálcio umed ecido com ácido clorídrico produzem em
chama n
ão
luminosa cor vermelho-alaranjada transitória.
b)
Sais de
cálcio produzem com oxalato de amônio precipitado
branco insolúvel em ácido acético, mas solúvel em ácido
clorídrico.
a) Solução de sal ferroso ou férrico produz com sulfeto de amônio
precipitado preto, solúvel em ácido clorídrico 3 N, com
desprendimento de ácido sulfídrico.
b) Sais férricos formam com ferroc ianeto de potássio precipitado
azul-es curo, que não se dissolve por adição de ácido clorídrico.
Sais ferrosos produzem também precipitado azul insolúv el em
ácido clorídrico, mas decomposto por hidróxido de sódio 1 N.

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

••
Lítio
c) Sais férricos produzem com tiocianato de amônia cor vermelha
intensa que não desaparece com adição de ácidos minerais
diluídos.
d) Sais ferrosos produzem com hidróxido de sódio precipitado
branco esverdeado, que passa rapidamente a verde e, em
seguida, a marrom, quando agitado.
a) Solução concentrada em íon lítio, em meio alcalino, produz com
a adição
de carbonato de sódio, precipitado branco,
solúvel em
cloreto de amônia.
b)
Sais de
lítio umedecidos com ácido clorídrico, quando levados à
chama não luminosa, produzem cor carmesim intensa.
Potássio
Prata
a) Solução alcalina contendo sais de potássio formam com
tetrafenilborato sódico precipitado branco.
b) Solução de sal potássico em meio acético diluído produz com
cobaltonitrito de sódio precip itado amarel o-alaranjado.
c) Sais de potássio p roduzem com ácido perclórico precipitado
branco cristalino.
d) Teste de chama produz cor violeta, mascarada pela presença
de sódio.
a) Sais de prata formam preci pitado branco na presença de
cloreto,
insolúvel em ácido nítrico, mas solúvel em hidróxido de amônia
6 N.
b) Tratar solução de sal de prata com hidróxido de amônia 6 N e
pequena
quantidade de
formaldeído forma por aquecimento
espelho de prata metálica nas superfícies do recipiente.
•1163-·

• PARTE 111 -ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

Sódio
Zinco
a) Solução acidulada, com ácido clorídrico, de sal de sódio em
chama não luminosa produz cor amarela intensa.
b) Solução contendo sais de sódio em meio acidulado por ácido
clorídrico produz com solução acética de acetato de zinco e
uranila (30: 1 O%) precipitado cristalino amare lo-ouro, após breve
agitação.
a) Solução de sal de zinco produz pela adição de solução reagente
de ferrocianeto de potássio precipitado branco, insolúvel em
ácido clorídrico.
b) Adição de sulfeto de amônia 1 O% à solução alcalinizada produz
precipitado branco.
c) Adição gota a gota de solução de hidróxido de sódio 2 N forma
precipi tado branco, flocoso, solúvel em excesso de hidróxido
de sódio.
9.1.3 Reações de Identificação para Grupos Orgânicos
Comuns
Acetila
juntar três gotas de ácido fosfórico e fechar o tubo com tampa
conectada em um
tubo de ensaio cont endo amostra ao outro
tubo com água em cuja exte rior se depositou gota de nitrato
de
lantânio e aquecer até hidrólise, transferir gota para cápsula
e misturar com gota de solução aquosa iodetada (2%) de iodo
1%. Colocar gota de amônia 1 O% na borda: Aparece cor azul na
interface que persiste pouco tempo.

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

••
Ácido carboxílico
Alcalóide
Podem ser identificados com uso de indicadores de pH.
Dissolver alguns miligramas do alcalóide em 5 ml de água,
juntar ácido clorídrico 5 N até acidular a solução e, em
seguida, verter 1 ml de solução de iodobismutato de potássio
-1,5 %: Produz- se imediatamente precipitado alaranjado ou
vermelho-alaranjado.
Amidas primárias
Sofrem hidrólise em meio ácido ou básico forte li berando
amônia.
Amina alifática volátil e amônia
Dissolver a amina em tubo de ensaio, acrescentar óxi do de
magnésio, aquecer se preciso: Desprendem-se vapores alcal inos
que escurecem o papel de prata-mangânes colocado na parte
superior
do tubo.
Anilina primária
Acidular a solução da amina com ácido clorídrico diluído 1
O%
e juntar 0,2 ml de solução de nitrito de sódio 1 O%. Após um a
dois minutos, acrescentar 1 ml
de solução alcalina de beta-naftol 1%: Aparece cor alaranjada intensa ou vermelha, formando-se
geralmente precipitado
da mesma cor.
Barbitúrico
A uma solução metanól ica de barbitúri co juntar algumas gotas
de solução contendo nitrato de cobalto
1% e cloreto de cálcio
0,5 M, misturar e acrescentar com agitação algumas gotas de
NaOH 8%: Forma-se precipitado azul-violeta.
•1165-

• PARTE 111 ·ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

Fenóis
Glicóis
Peróxido
Xantina
A adição de cloreto de acila ou anidrido produz éster es
insolúveis.
São oxidados a aldeídos produzindo cor escura por excesso de
ácido periódico ou seus sais.
Tratar solução de peróxido, ligeiramente acidulada por ácido
sulfúrico, com dicromato de potássio 5%: Aparece cor azul
intensa, agitando-se a mistura com igual volume de éter e
deixando-se separar
as fases, a cor
azul passa à fase etérea.
Tratar amostra com solução forte de peróxido de hidrogênio e ác ido
clorídrico diluído e aquecer até secura em banho-maria: Obtém-se
resíduo vermelho-amarelado que, tratado com amônia diluída,
muda para vermelho-violeta.
9.1.4 Teste de Solubilidade
O teste de solubilidade, embora seja baseado na constante
físico-
química de solubilidade (Ks) e não em reações químicas,
apresenta, como os demais métodos clássicos de identificação, o
fato de
também não exigir instrumentação analítica.
No que se refere a ensaios de identificação, o teste de
solubilidade é válido como ensaio complementar de identidade. Em
contrapartida, apresenta utilidade também como ensaio qualitativo
e preditivo, na avaliação do grau de pureza de matéri as-primas ( teor
de substâncias solúveis e insolúveis).
A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser
dividida em
duas catego
rias principais: a solubilidade na qual uma reação química
é a força motriz,
por exemplo, a reação ácido-base, e a solubilidade
na
qual somente está envolvida a simpl es miscibilidade (por exemplo,
na di
ssolução do éter etílico no tetracloreto de carbono).
-·1661•

M~TODOS DE IDENTIFICAÇÃO
• ••
Outrossim, a avaliação da solubilidade de produtos acabados,
é um parâm
etro de grande
relevância no controle de qualidade
especialmente, de formas farmacêuti cas sólidas. Entretanto, n esses
casos, o propósito é contribuir para o estudo de dissolução de formas
farmacêuticas, avalian do sua equivalência.
O procedimento operacional padrão para teste de
solubilidade é descrito em detalhes no Anexo A. 4.
9.1.5 Análi se Organoléptica
A descrição de aspectos físicos da matér ia-prima, tais como
forma e tam anho de cristais ou partículas amorfas, granulometria,
cor, consistência e
odor, está presente em todas as monografias
(Anexo B). Assim, a
análise visual se torna o primeiro teste
de identificação empregado no controle de qualidade de
matérias-primas. No que diz respeito a medicamento, a análi se
visual é um ensaio de qualidade cuja finalidade principal é aval iar
integridade física e estética do produto.
As análises organ olépticas são provas analíticas básicas
necessárias para o
início da identificação de um fármaco, ou
excipien
te, mas não são
conclusiva s, sendo necessários outros testes
concomitantemente.
9.2 MÉTODOS INSTRUMENTAIS
Os métodos instrumentais são ensaios físicos de i dentificação,
os
quais podem ser baseados em espectros, cromatogramas ou
medidas diretas de propriedades físico-químicas, dependendo da
variada
complexidade da instrumentação
utilizada. Apresentam
como grande vantagem a sensibilidade e r eprodutibilidade, sendo
o custo inerente ao equipamento a principal desvantagem.
Os métodos de i dentificação baseados em espectros são em
geral confirmatórios, podendo-se dizer até que os espectros seriam a
impressão digital de uma dada substânci a. Todavia, estes métodos são
limitados a matérias-pri mas relativamente puras, não sendo aplicados
a produtos. Fato, obviamente, justificável pela interferência que os
excipientes acarretariam ao espectro.
Tal interferência é ainda mais importante no caso de métodos
físicos baseados em medidas simples e diretas de propriedades
físico-químicas.
•1167-·

• PARTE 111 -ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÂO

Deste modo, apesar da vantagem relacionada com o custo
relativamente baixo desses equipamentos (ex. refratômetro, determinador
de ponto de fusão, picnômetro, peagômetro), quando comparados
aos
espectrômetros, tais métodos de identificação,
além de igualmente
limitados a matérias-primas puras, não são por si só confirmatór ios.
No caso dos métodos cromatográficos, dada à inerente capacidade
de separação destaca-se como grande vantagem a possibilidade de sua
aplicação, tanto nas provas de identidade de matérias-primas, quanto
na identificação
de fármacos em produtos acabados. Exemplos de métodos instrumentais aplicados à identificação
de alguns insumos farmacêuticos, foram apresentados no Quadro 15.
A Figura
17
ilustra o perfil de ocorrência dos diferentes
métodos físicos para três fontes importantes, a 24ª edição da
farmacopéia americana (USP 24), a 4ª. edição da Farmacopéia
Brasileira (FB4) e a 7ª edição da Farmacopéia Portuguesa ( FP7).
USP24 FB4 FP1
Figura 17: Perfil de ocorrência de dif erentes tipos de ensaios de identificação: Rotação Óptica (RO), Ultravioleta
(UV), Infravermelho (IV), Cromatografia de Camada Delgada (CCD), Cromatograf ia líquida de alta
eficiência (HPLC), pH e Ponto de Fusão (PF) nas Farmacopéias Americana (USP 24), Brasileira
(FB4) e Portuguesa (FP7).
9.2.1 Identificação via Análise de Gráficos
Instrumentais
Entre os métodos instrumenta is de identificação destacam- se
aqueles cuja interpretação dos resultados se dá por meio de análi se
de gráficos. Esses métodos apresentam maior poder conclusivo, pois
não
se obtém uma única medida da interação física ma téria-energia,
mas sim, de forma quase
simultânea, várias. Exemplos típicos desses
"gráficos instrumentais" são os espectros na região do UV-visível e
infravermelho,
os voltamogramas, curvas
calo ri métricas (DTG e DSC),
espectros de massas, RMN, entre outros.
Entretanto, apesar
do poder
conclusivo, a utilidade destes
gráficos
depende, invariavelmente, de amost ras
relativamente puras.

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
UV-VISfVEL
• ••
Os espectros na região do UV-vísi vel são relativamente pobres
sobre a sua aplicação à identidade de substâncias químicas. Já que as
bandas de absorção típicas de grupos cromóforos, apesar de variarem
em
intensidade e comprimento de onda, são relativamente poucas.
Have
ndo ainda o problema de interferentes e da s obreposição e
alargame
nto de bandas.
INFRAVERMELHO
Um espectro na reg ião do infravermelho mostra detalhes
bem mais expressivos da
identidade da estrutura molecular.
Os picos
do infravermelho podem ser tanto agudos e intensos (ex. g rupos
carbonila),
quanto alargados e rasos (ligação CH), dependendo do
tipo de ligação química presente. Por causa das mai ores diferenças
espectrais, custo rela tivamente baixo, bem como facilidade de
operação, o infravermelho se caracteriza como sendo a técnica
mais utilizada na identificação de matérias-primas.
RessoNÂNCIA MAGNÉTICA NucLEAR
A ressonância magnética nuclear (RMN) é uma ferramenta
conclu siva na iden tificação e caracterização de substâncias puras.
Entreta
nto, sua utilização em ensa ios de identificação de rotina
se tornam inviávei s, tanto pelo tempo de máquina, como pela
necessidade de reagentes deuterados,
os quais são bastante caros.
Deste modo, no ca mpo das ciências farmacêuticas, a RMN é
utilizada, basicamente, em pesquisa na elucidação estrutural
de
novos fármacos e produtos de degradação.
ESPECTROMETRIA DE MASSAS
Outro método bastante caro no que diz respei to à aquisição
e
manutenção do equipamento é a espectrometria de massas.
Esse método é extrema mente útil na caracterização de uma
molécula,
mas requer a utilização de substâncias isoladas ou uso de
e
quipamentos acoplados a cromatógrafos, sendo os mais comuns o
cromatógrafo gasoso acoplado a espec
trômetro de massas (CC-MS)
e o (HPLC-MS).
Enfim, considerando-se o alto custo relacionado à
•1169-

• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO
••
instrumentação, bem como o rigor que deve ser dado à preparação
da amostra, a espectrometria de
massas não é
aplicada a ensaios de
identificação r otineiros no controle de qualidade.
RAIOS X
A aquisição de dados em difratometria de Raio X é bastante
dispendiosa no
que diz respeito a tempo e investimento. Assim, seu
emprego se
limita ao campo da pesquisa na elucidação estrutural
molecular.
VOLTAMETRIA
Em voltametria observa-se a corrente gerada por um analito,
enquanto este é submetido à varredura de potencial. Entre as
informaçõ es obtidas estão potencial de oxidação ou redução ( pico
anódico e catódico), reversibilidade de processo redox ( proximidade
dos
picos) e número de
elétrons envolvidos na transferência de car ga
(intensidade dos picos).
Embora
um voltamograma não seja propriamente um
espectr o, pode também fornecer dados úteis para identificação
química de um fármaco, porém, a
aplicação dessa técnica
eletroanalítica ainda não ganhou espaço no controle de qualidade
de medicamentos como um método oficial.
9.2.2 Identificação via Medidas de Constantes Físico­
Químicas
Os compostos orgânicos podem ser identificados por meio
de suas propriedades físico-químicas ( ponto de fusão, ponto de
ebulição, densidade, viscosidade relativa, índice de refração e
outros). Entret
anto, ao contrário do que ocorre quando se obtém
um espectro, obtém-se nestas medidas um
valor único, que pode ser
passível de coincidência. Assim, essas medidas, além de limitadas a
matérias-primas, apresentam
menor poder confirmatório.
Já a
determinação da
solubilidade (item 9.1.4) pode, em
função
do número de testes efetuados, seja variando- se solventes,
seja temperatura,
levar a resultados mais conclusivos que a
determinação de outras propriedades físico-químicas.
-·1701•

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
DETERMINAÇÃO DO PONTO DE FUSÃO


O ponto de fusão é uma análise indicativa de pureza e
identificação de compostos, pois cada substância, por sua estrutura
química, apresenta uma faixa de fusão carac terística. Logo, a
presença de qualquer outra substância vai alterar o resultado.
Assim como o Ponto de Fusão ( PF), o Ponto de Ebulição (PE)
e o Ponto de Congelamento são medidas baseadas no equilíbrio
termodinâmico entre as fases sólida, líquida e gasosa em função da
temperatura.
Equilíbrio este que tem também a interferência dos efeitos
da pressão,
de modo que as constantes físico- químicas nos diversos
manuais devem sempre
citar ambas as condições.
Entretanto,
no que diz respei to,
principalmente, à transição
sólido-líquido, os efeitos da pressão são mínimos, o que viabiliza o
uso
da determinação do ponto ou faixa de fusão como indicativo
de pureza e
identidade.
O ponto de fusão é uma das propriedades físi cas de suma
importância na área de farmácia, principalmente para avaliação de
matérias-primas sólidas utilizada na indústria de medicamento e/ou
farmácias de manipulação.
A fusão ocorre quando uma determinada substância, a uma
dada
temperatura, passa do estado
sólido para o estado líquido. Se
a substância é pura, a te mperatura permanece constante durante
a fusão. Apenas quando todo o sólido estiver fundido é que o
aquecimento produz
um aumento de temperatura.
O comportamento
de
um
sólido impuro em termos de fusão é bem diferente. O sólido
gera
lmente
inicia sua fusão a uma temperatura abaixo do ponto
de fusão da substância pura. Além disso, a temperatura cresce
continuamente durante o processo de fusão da substância pura.
Portanto, qualquer evidência de aumento na temperatura durante
a fusão sugere a presença de impurezas.
Generalizando, devemos dizer que quando uma substância
pura muda d e estado físico
ou estado de agregação, a te mperatura
permanece constante
enquanto a mudança estiver se processando.
Isto equivale a dizer que em um gráfico (temperatura x tempo),
sempre apresentará
um trecho
horizontal quando a substância for
pura, nos instantes em que a substância estiver mudando de estado;
se, pelo contrário, a substância não for pura, o trecho citado deixará
de
ser
horizontal.
•1171-

• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO
••
A validade da determinação do PF como ensaio de
identificação é aumentada quando utiliza a técni ca da comparação
com a padrão. Nesta técnica procede-se pela determinação do PF de
uma mistura de partes iguais de padrão e amost ra.
A presença de impurezas usualmente tende a alargar a faixa
de fusão, e, em determinados casos (ex. misturas eutéticas), pode
causar um abaixamento significati vo do ponto de fusão esperado.
Embora nas transições l
íquido-gasosas os efeitos da pressão
sejam mais significativos, a determinação
do ponto de
ebulição pode
também ser indicativa da pureza e identidade da amostra.
Uma das grandes vantagens
da
aplicação da medida do ponto
de fusão na identificação de matérias-primas está na simplicidade e
rapidez
do ensaio.
O baixo custo do equipamento, também, viabiliza
a aplicação do ensaio a qualquer farmácia de manipulação. Na
verdade, para tal medida basta um termômetro calibrado, capilares
de vidro e um banho de óleo.
Os aparelhos comercialmente disponíveis para determinação
do ponto de fusão apresentam-se em duas configurações: banho de
imersão e chapa de aquecimento (Figura 18).
Figura 18: Aparelho para determinação de ponto de fu~o
Entre as vantagens da configuração em banho de imersão
está a melhor visualização da transição de estado. Já a versão seca
tem o mérito de não requerer eventuais trocas de óleo de silicone,
utilizado no banho.
Para ambos os aparelhos, pode-se elaborar um mesmo
procedimento operacional padrão ( Anexo A.2) .
.... 1721•

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE ABSOLUTA E DENSIDADE RELATIVA

••
A densidade absoluta de uma substância é definida como
a
massa de uma determinada unidade de
volume desta substância
em condições padronizadas de pressão e temperatura. A unidade
internacional para densidade é expressa em kglm
3
; entretanto, a
maioria das farmacopéias adota glcm
3
ou glmL.
a prática em análise farmacêutica se utiliza a determinação
da densidade relativa, que é dada pela razão entre densidade da
substância e dens
idade da água a uma mesma temperatura. A
temperatura empregada usualmente, para medidas de densidade relativa, é de 20°C (d;g). Quando a densidade relativa de determinada
substância é determinada pela razão de sua massa a 20°C, pela massa
de igual v olume de água, a 4°C tem-se (d
2
4
°
).
Para determinação da densidade de líquidos são empregados
densímetros ou balança analítica e picnômetros.
O procedimento para determinação da densidade relativa de
líquidos está descrito nos métodos gerais de todas as farmacopéia s.
Entretanto, todos os laboratórios químicos ou farmacêuticos de
análise devem possuir também procedimento operacional padrão
para
determinação da densidade (Anexo A. 3).
Densidade
Absoluta ou massa específica é uma característica própria
de cada material, por isso é classificada como sendo uma propriedade
específica. A
densidade
absoluta é definida como sendo a razão entre a
massa de uma amostra e o volume ocupado por essa massa.
Para calcular a pressão num líquido qualquer, é necessário
saber o
que é peso "específico" e o que é "densidade". Quando
dizemos que o mercúrio é mais pesado que a água, ou
melhor,
mais denso que a água, nós queremos dizer que um certo volume
de mercúrio é mais pesado que um igual vol ume de água. Assim,
pode-se
dizer que densidade relativa é o número de vezes que
uma, substância
é mais pesada que igual volume de água a uma
determinada temperatura. Deste
modo, para determinar a densidade relativa de um corpo, basta dividir seu peso, pelo peso de igual
volume de água.
Já o peso específico é o peso da unidade de volume de uma
substância.
Pe = p/v

• PARTE 111 -ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO
••
A densidade é uma propriedade escalar, sendo sua unidade
no Sistema Internacional ( SI) dada em kg/m
3
• Logo, a quantidade
de massa está contida em um volume de 1m
3
.
No caso de
sólidos, a determinação da dens idade absoluta
ou relativa é prejudicada por características da partícula, como
porosidade, tamanho e forma, que determinam maior ou menor
número de espaços vazios. Por essa razão é mais correto empregar o
termo densidade aparente. Para tanto são necessárias uma balança
para pesagem e uma proveta para medida do volume ocupado pelo
pó. Esse pó deve ser previamente compactado, conforme o método
oficial descrito pelas normas técnicas brasileiras que preconizam 1.375
batidas a uma altura de 3 mm, na prática se recorre a três batidas de
uma altura de 3 em ou ao uso de equipamentos apropriados.
DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE REFRAÇÃO
O princípio do método se baseia na diferença que se pode
observar na
direção de propagação de um feixe de
luz entre diferentes
meios transpare
ntes.
Além de seu emprego na identificação de
matérias-primas líquidas, a medida do índice de refração pode ser
utilizada como ensaio qualitativo de pureza ou semiquantitativo de
teor, de modo que este parâmetro tem sido empregado na detecção
de diluições fraudulentas.
Este método se destaca pela rapidez, facilidade de operação,
que, aliado ao baixo consumo de amostra, justifica seu emprego em
ensaios de identificação e pureza.
Entre
as principais
aplicações do método estão a caracterização
de gorduras, óleos, ceras, açúcares e outras substâncias isotrópica s,
incluindo fármacos, bem como na análise de pureza de óleos vegetais.
A Tabela 11 apresenta alguns valores típicos de índice de
refração para diferentes matérias-primas.
Tabela 11: fndice de refração para alguns insum os farmacêuticos
INSUMO CoNCENTRAçÃo ÍNDICE DE REFRAÇÃO (N
0
25
)
Ácido oléico puro 1, 4585
Fruto se 10% 1,3477
Goma xantana 1% 1,333 (n
0
20
)
Sacarose 2% 1 ,006 (n
0
20
)
Óleo
de amendoim puro 1,466-1,470
-·1741•

MÉTODOS DE IDENTIF ICAÇÃO
DETERMINAÇÃO DA ROTAÇÃO ÓPTICA E ROTAÇÃO ESPECIFICA

••
A interação entre matéria e luz pode se dar tanto pela
absorção (UV-vis, IV, dicroísmo circular), quanto pela reflexão
(Refratometria) de parte da luz. Deste modo, tanto a magnitude
quanto o sentido do raio de luz influem na dimensão desta interação.
A base da polarimetria está
no fato de que para algumas substâncias
a extensão dos processos
de absorção e reflexão difere para
luz
polarizada de sentidos opostos (esquerda ou direita). Tais substâncias
são chamadas de
opticamente ativas e podem ser identificadas
pela determinação do poder rotatório (a), o qual é o ângulo que
a luz polarizada forma como o plano de polarização ao atravessar
um líquido ou solução. Já o índice de rotação óptica específi ca ou
poder rotatório específico
lal
20
D é determinado pela relação entre
poder rotatório e densidade relativa da substância líquida, medi do
a 20°C em polarímetro com tubo de 1 dm de comprimento, cuja
fonte empregue raia D de sódio (A. 589,3 nm).
Para sólidos, o poder rotatório específico é determinado em
relação à concentração da solução (g/ml).
As substâncias opticamente ativas podem ser dextrógiras,
quando desviam a luz polarizada para direita, ou levógiras, quando
desviam para esquerda.
Além de dois conjuntos de primas de
Nicol (polarizador e
analisador), o polarímetro é consti
tuído por um tubo e respectivo
suport
e, fonte de l uz e três escalas. A escala a esquerda mede o desvio
de substânci
as levógiras, a escala à direita mede o desvio observado
para
as substâncias dextrógiras, ambas as escalas têm 45° cada; já
a escala móvel nos dá as frações. Sua operação é relativamente
simples,
devendo ser observados os seguintes fatores: temperatura,
concentração e natureza da substância,
comprimento de onda e
comprimento do tubo.
Além de sua utilidade em ensaios de identificação, a
polarimetria é útil para avaliar pureza e
valorterapêutico de fármacos
quirais, já que estes apresentam, freqüentemente, diferenças
consideráveis no que diz respeito à atividade biológica. De um modo
geral, as substâncias levógiras são mais ativas do que correspondente
dextrógiro (ex. ácido ascórbico, cloranfenicol e epinefrina).
A Tabela
12 apresenta exemplos de insumos farmacêuticos
identificados
por polarimetria.
•1175-

• PARTE 111 -ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO
••
Tabela 12: Exemplos de matérias-prim as em que se aplica a polarimetria.
Insumo Concentração Rotação Óptica
Ácido Ascór bico 5% +20,5 a +21,5•
Ciclod extri na P 2% +150,5°
Frutose 2% -132a -92°
Lactose 2'% -'-54,4 a+ 55,9•
Pilocarpina HCI 5% +89 a +93•
DETERMINAÇÃO DO PH
A determinação de pH em produtos acabados é muito útil
como ensaio de qualidade, já que diz respeito à biocompatibilidade,
estabili
dade e biodisponibilidade.
Como ensaio de identificação, desde que o pKa é também
uma constante físico-química e se
relaciona diretamente com o
pH, essa técnica eletroanalítica (potenciométrica) pode também
ser utilizada como ensaios de identificação no caso do controle de
qualidade de matérias-primas.
Assim, várias
monografias de matérias-primas indicam
faixas de pH para soluções de amostras preparadas conforme a
concentração es
pecificada
(Tabela 13).
Tabela 13: Exemplos de matérias-prim as em que se aplica a determinação de pH em ensaios de
identificação.
Insumo Concentração Valor esperado de pH
Ácido ascórbico 5% 2,1-2,6
Ácido nicotínico 1,3% 3,0-3,5
Albumina 1% 6,7-7,3
Crospovidona 1% 5,0-8,0
Nistatina 3% 6,0-8,0
Pilocarpina HCI 5% 3,5-4,5
Varfarina sódica 1% 7,6-8,6
Os procedimentos para determinação de pH são descritos
em detalhes no respectivo POP (Anexo A.3).
9.2.3 IDENTIFICAÇÃO VIA ÁNÁLISE DE CROMATOGRAMAS
A aplicação primária da cromatografia líquida de coluna está
na separação de substâncias, cujas características de polaridade e/ou
peso molecular são distintas.

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
• ••
Essa separação, por sua vez, ocorre em função das diferenças de
afinidade que
as diferentes substânci as têm por uma fase
móvel e outra
estacionária.
Essas afinidades diferenciadas podem ser
exploradas para
fi
ns
analíticos diversos, especialmente em ensaios de identificação.
A passagem
do
analito pela coluna cromatográfica leva um
determinado tempo para ocorrer. Em cromatografia, este tempo
é chamado de tempo de retenção (t). Em CP o que é medido é a
distância percorrida pelo analito chamada distância de retenção (d,).
O t, assim como d, está relacionado principalmente, com o tipo e a
intensidade das interações
do
analito com a fase estacionária. Portanto,
o t, e o d, estão intimamente relacionados com a estrutura química
do analito, com os grupos de interação da fase estacionária e com
as características químicas da fase móvel. Como é o conjunto das
relações ffsico-químicas da fase móvel, fase estacionária e analito que
promovem a retenção diferencial deles o t, e o d, são considerados, até
certo
ponto, como a impressão
digital de um determinado composto.
Se as condições físicas (temperatura, viscosidade, pressão e outros) e
químicas
(grupos de interação, concentração, composição), tanto da
fase
móvel como da fase estacionária, forem sempre as mesmas, o t, e
o d, de um analito devem ser, teoricamente, sempre os mesmos. Dessa
forma, é possível identificar compostos desconhecidos pela comparação
do seu t, ou d, com o t, ou d, apresentados por padrões. Entreta nto, é
importante ressaltar que muitos compostos, principalmente isômeros,
possuem
suas propriedades físico-químicas muito parecidas, quando
não idênticas, o que faz com que os comportamentos cromatográficos deles sejam exatamente iguais. Portanto, os valores de t, e o d, algumas
vezes, não são totalmente confiáveis. Para diminu ir as chances de erros
pode-se utilizar a cromatografia por gradiente ou a CP bidimensional.
A mudança da composição da fase móvel por meio do gradiente
altera as características físico -químicas do sistema cromatográfico e
diminui as chances de haver qualquer outro composto que responda
da mesma maneira
que o composto de interesse.
Outra alternativa
para se obterem resultados mais seguros é a utilização de sistemas de
detecção mais seletivos e adequados.
O uso de cromatógrafos de alta eficiência, ou do inglês
High Performance Liquid Chromatography (HPLC ), constitui técnica
analítica mais empregada em controle de qualidade pelas indústrias
farmacêuticas.
Suas
aplicações em ensaios de potência de produtos
ultrapassa 90% das monografias descritas na Farmacopéia Americana
(USP 24). Outro emprego importante do HPLC é a análise de
impurezas orgânicas.
• l1n~w

• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

Em contrapartida, no que diz respeito a ensaios de
identificação, o uso do HPLC já não é tão grande, pois existem técni cas
satisfatórias de menor custo. e sse contexto, os cromatogramas
obtidos por H PLC, nos ensaios de doseamento, são, por vezes,
aproveitados
como ensaios de identificação complementares.
Outrossim, para maior confiabilidade, o uso de
cromatogramas em ensaios de identificação requer uso de padrões. O elevado custo de padrões primários e de solventes "grau HPLC",
o tempo de análise e manutenção de equipamento e ausência de
detectores universais constituem as principais desvantagens dos
métodos cromatográficos HPLC.
Mais detalhes sobre instrumentação, fundamentos teóricos
e aplicações são descritos no capítulo 23, Parte IX.
Os princípios da CCD, bem como da cromatografia de papel
(CP), embora apresentem configuração planar, são os mesmos da
cromatografia de coluna.
-·1781•

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
REFERÊNCIAS

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-·1821•

I
., "'' ... t
"{. "' ~ ..>. .,.;:;
ENSAIOS
DE PUREZA
"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos
não
é senão uma gota de água no mar. Mas o
mar seria
menor se
lhe faltasse uma gota."
(Madre Teresa de Calcutá)

IMPUREZAS INORGÂNICAS
1 O IMPUREZAS INORGÂNICAS

••
GIL, E.S.
As impurezas inorgânicas são, geralmente, decorrentes do
processamento da matéria-prima ou produto, e os ensaios de pureza
são associados com a freqüência (abundância) e/ou relevância do
contaminante. Entre os contaminantes inorgânicos mais comuns,
destacam-se a água, íons metálicos, cloretos, sulfatos e outros ânions.
Quanto à relevância, enquanto a água destaca- se pela sua
abundância na natureza, o arsênio e cádmio destacam- se pelo
inerente potencial tóxico.
Embora
de modo
geral, o número de espécies contaminantes
de natureza
inorgânica seja bem inferior à imensa variedade de
contaminantes orgânicos possíveis, de modo
isolado para cada
matéria-prima, a freqüência com que se faz determinações de
impurezas inorgânicas é até maior. A Figura 19 apresenta o perfil
das determinações de impurezas orgânicas e inorgânicas.
USP24 FP7 FB4
Figura 19: Perfil da íreqüência dos ensaios de pureza (orgânicas-O, metais pesados-M, cinzas-C,
umidade-U e cloretos-Cl) em monografias da Farmacopéia Americana 24' ed. (USP
24), Farmacopéia Portuguesa 7' ed. (FP7) e Farmacopéia Brasileira 4• ed. (FB4)
1 0.1 MÉTODOS GERAIS
Considerando o número reduzido de espécies de
contaminantes inorgânicos existentes, bem como a freqüência com
que estes são comumente encontrados no controle de qualidade das
•1185-·

• PARTE IV • ENSAIOS DE PUREZA
••
diversas matérias, justifica- se a elaboração de procedimentos gerais
para
determinação d essas impurezas nas diversas farma copéias.
Tais
procedimentos diferem de insumo apenas na etapa de
preparação da amostra e podem ser
classificados em quantitativos
ou semiq uantitativos.
O Quadro 16 apresenta os ensaios de pureza constantes na
Farmacopéia Br
asileira 4ª edição, descritos na seção métodos gerais,
bem
como a relevância da determinação.
Quadro 16: Ensaios de pureza e
relevância
Ensaio Tipo Relevância
Teor de umidade Q Dosagem e estabilidade
Substâncias voláteis I Não voláteis Q Parâmetro qualitativo
Cinzas
Q
Parâmetro qualitativo
Cinzas sulfatadas Q Parâmetro qualitativo
Cinzas insolúveis em HCI Q Parâmetro qualitativo
Substâncias solúve is I insolúveis Q Parâmetro qualitat ivo
Metais pesados s Toxicidade e estabilidade
Ferro
s Estabilidade
Cloretos
s
Estabilidade
Sulfatos s Estabilidade
A
rsênio s Toxicidade
Amônia s Toxicidade e estabilidade
Q
= quantitativo; S = semiquantitativo
1 0.1.1 Ensaios quantitativos Os métodos quantitativos oficiais para determinação de
impureza são, essencialmente, ensaios gravimétricos. Sendo as
únicas exceções, entre os métodos gera is de pureza da Farmacopéia
Brasileira 4i! ed., os métodos aquamétricos Karl Fischer e destilação
azeotrópica.
10.1.1.1 Teor de umidade (aquametria)
I) Método gravimétrico
-·186,.
A. Subdividir as partículas da amostra.
B. Transferir 1 a 2 g para pesa-
filtro de fundo cha to previamente
dessecado e tarado
(Pa).

IMPUREZAS INORGÁNICAS

••
C. Secar a amostra em estufa conforme monografia do produto
(usual 1 05°( por 2 horas).
D.
Resfriar em dessecador (Figura
20).
E. Pesar rapidamente com pesa-filtro tampado (Ps).
% umidade (e/ ou voláteis) = Pa-Ps I Pa
Ps = Peso amostra seca
Pa = Pesa-filtro com amostra
Observações
1. Quando amostra decompõe
à r· < 1 0.5°( secar a T menores.
2.
Quando amostra funde a T < 1
0.5°( manter pesa-filtro com
amostra 1-2 h à T 5 a 1 ooc abaixo do PF, antes de secá-la.
3. Em ambos os casos pode- se utilizar pressão reduzida (20 mmHg)
* T = Temperatura
Figura 20: Dessecador
li) Método volumétrico (Karl Fischer)
Baseia-se na reação quantitativa entre água e reagente de
Karl Fischer (solução anidra de iodo e dióxido de enxofre dissolvidos
em
piridina e metano!).
3 C
5
H
5
N +
1
2
+ so
2
+ H
2
0 H 2 C
5
H
5
NH+I· + C
5
H
5
N+-S0
2
·0·
C
5
H
5
N--So
2
-o· + CH
3
0H H C
5
H
5
NHOS0
2
0CH
3
O método pode ser Direto (titulação direta) ou Indireto
•1187-·

• PARTE IV-ENSAIOS DE PUREZA

(titulação por retorno). Já a detecção do ponto final da reação
pode ser determinada visualmente (configuração direta: amarelo
para ãmbar; configuração indireta: ãmbar para amarelo), quando a
amostra
for transparente e
incolor ou por instrumentação fotométrica
ou eletroquímica (ex. potenciométrica e amperometricamente)
quando colorido.
A grande vantagem do método volumétrico é que pode ser
empregado a amostras de natureza diversa, incluindo líquidos mais
voláteis que a água. Já a desvantagem está no custo e toxicidade
dos reagentes e solventes.
Método Direto
A. Transferir cerca de 35 a 40 ml de metano! para frasco de
titulação;
B. Adicionar reagente padronizado até viragem visual ou
eletrométrica;
C. Adicionar quantidade exata e especificada de amostra ( TE);
D. Titular até viragem e anotar volume de titulante (V);
E. Calcular teor.
Teor umidade = V. TI TE
Método Indireto
--lssl•
A. Transferir cerca 35 a 40 ml de metano! para frasco de
titulação;
B. Adicionar reagente padronizado até viragem visual ou
eletrométrica;
C. Transferir amostra em quantidade exata e especificada (TE);
D. Adicionar excesso de volume exatamente medido de Reagente (V');
E. Deixar em repouso para completar reação;
F. Titular até viragem com solução-padrão de água e anotar volume
de titulante (V);
G. Calcular teor por mg de amostra.
Teor umidade = T [V'-(V. R) I TE

IMPUREZAS INORGÂNI CAS
T = Titulo do reagente Karl Fisher;
V'= Volume de reagente Karl Fischer adi cionado em excesso;
V = Volume consumido de solução padrão de água;
R = Volume de reagente Karl Fischer utilizado na padronização da
Solução Padrão de água.
Preparo do Reagente Karl Fischer
A. 125 g de iodo, 840 ml mistura metano!: piridina (67:17);
B. Dissolução de 50
2
por insuflação do gás em 100 ml de piridina
(0°C} até volume 200 ml.;
C. Dissolução de A + B e repouso de um dia.
Obs.: 1: Recém-preparado, reagente neutraliza cerca de 5 mg de
água/ml.
2: Deve ser protegido da luz e umidade.
Padronização do Reagente Karl Fischer
A. Adicionar metano! ao frasco de titulação (suficiente para cobrir
eletrodos);
B. Adicionar reagente até tarar solvente (viragem de cor);
C. Adicionar quantidades exatas de padrão de referência;
O. Para amostra com menos de utilizar 1% tartarato de sódio
diidratado, para a mostra com teor superior a 1% água.
T = PM água I PM tartarato • (PN) ou T = PN
Solução-padrão de água (Método Indireto)
A. Diluir 2 ml de água em 1000 ml de metano!;
B. Tomar alíquota de 2.5 ml e padronizar com reagente Karl
Fischer.
T =V. T /25
•lls91!11im

• PARTE IV • ENSAIOS DE PUREZA

111) Destilação azeotrópica
A água é destilada com tolueno, solvente no qual é
praticamente imiscível, e o vol
ume da água condensada é medido
em tubo coletor com escala em ml (Figura 21).
..... ---0
E ___ .,..,. In~
~
A---+t
Figura 21: Aparelho para distil açào azeotrópica
Observações
Procedimento
A. Limpar o aparelho com
mistura sulfocrômica;
B.
Destilar mistura água-tolueno
(2:200);
C. Após 2 horas de destilação,
anotar volume;
D. Adicionar ao balão,
quantidade específica de
amostra (TE);
E. Iniciar destilação da amostra e
tolueno à velocidade de 2 gJS/s;
F. Destilada toda a água,
aumentar a velocidade para
4 gts/s;
G. Pelo condensador adicionar -
1 O ml de tolueno;
H. Resfriar e medir volume;
I. Efetuar cálculo.
T = (Volume/TE) . 100
• Se necessário, utilizar arame com ponta de latéx para
re
mover eventuais gotas de água retidas nas paredes. • Amostras pastosas são introduzidas no balão embrulhadas
em
papel-alumínio. • Se a amostra induzir borbulhamento, adicionar cacos
de cerâmica, capila res de vidro ou areia lavada e seca para cobrir
fundo do balão.
-·1901•

IMPUREZAS INORGÂNICAS
10.1.1.2 Teor de substâncias voláteis e não-voláteis


Visa determinar a quantidade de substância volátil de
qualquer natureza eliminada nas condições especificadas na
monografia. Pode ser determinado segundo método gravimétrico
de aquametria.
1 O. 1. 1.3 Teor de substâncias solúveis e insolúveis
totais
A.
Pesar quantitativamente a amostra e diluir volumetricamente em
solvente
conforme monografia;
B. Filtrar em funil de vidro sinterizado previamente tarado;
C. Levar o funil à estufa e secar até peso constante.
%solúveis= Pa-Pp I Pa x 100
% insolúveis = Pp I Pa x 100
Pp = Peso precipitado seco; Pa = Peso amostra
1 O. 1. 1.4 Teor de cinzas
Visa a determinar resíduo de sólidos inor gânicos metálicos.
A. Pesar exatamente cerca de 3 g de amostra pulverizada;
B. Incinerar a 450°C até peso constante.
10.1.1.5 Teor de cinzas sulfatadas
Visa determinar o resíduo de sólidos inorgânicos metálicos,
e a adição de
ácido sulfúrico confere maior poder oxidante.
A.
Pesar quantitativamente cerca de 1 g de amostra pulverizada;
B. Transferir para cadinho calcinado (preferencialmente de
platina);
C. Adicionar 2 ml de H
2
50
4
SR (solução reagente) ( 1.760 g/L);
D. Aquecer até a carbonização e desprendimento de vapores (Fifjira 22).
•1191-·

• PARTE IV -ENSAIOS DE PUREZA

Posição
incorreta
Posição
correta
Posição correta
para a chama
de Méker ou de
Fisher
Figura 22: Carbonização da amostra
E. Incinerar a 800°C até desaparecer o carvão;
F. Resfriar, adicionar 1 ml de H
2
50
4
SR, carbonizar e reincinerar;
G. Resfriar, adicionar carb
onato de amônia e incinerar até peso
constante.
10.1.1.6 Teor de cinzas insolúveis e ácido clorídrico
Visa determinar o resíduo de sólidos inorgânicos
metálicos,
sendo que a adição de ácido sulfúrico confere ma ior poder oxidante
e a adição de
ácido
clorídrico elimina interferência de metais como
sódio e potássio, cu jos sais de cloreto são solúveis.
-·1921•
A. Aquecer à ebulição cinza obtida no ensaio anterior por 5 minutos
em 25 ml de HCI SR (70 g/L);
B. Recolher a substância insolúvel em crisol sinterizado ou papel
isento de cinza;
C. Lavar com água quente;
D. Incine rar a 500°C até peso constant e.
% = (Pr I Pa) x 100
Pa = Peso amostra; Pr = Peso resíduo

IMPUREZAS INORGÁNICAS
1 0.1.2 Ensaios semiquantitativos


Os ensaios semiquantitativos são baseados em reações
química
s, as quais produzem turbidez ou mudança de cor
visualmente
detectável.
1 0.1.2. 1 Ensaio limite para cloretos
Visa determinar se a amostra ultrapassa um valor máximo
permitido de íons cloretos; sua determinação baseia- se na reação
com nitrato de prata em meio nítrico.
Procedimento
O ensaio se baseia na c omparação da turbidez observada
entre tubos
de
Nessler (Fig. 23) com concentração padrão de cloreto
e tubo contendo amostra. Seguem as seguintes etapa s.
Tubo padrão
A. Adicionar:
a. 1 ml de HCI 0,01 N SV; (solução volumétrica)
b. 35 ml de água;
c. 1 ml de H'i0
3
PA;
d. 1 ml Ag 0
3
(-4,25%);
B. Completar volume com água para 50 ml;
C. Deixar em repouso em local escuro por 5 minutos.
Tubo amostra
A. Dissolver quantidade especificada da amostra em 40 ml de
água.
B. Adicionar:
•1193-·

• PARTE IV • ENSAI OS DE PUREZA
••
a. 1 ml de HN0
3
PA;
Obs. Caso não fique límpida filtra-se
b. 1 ml AgN0
3
(-4,25%);
C. Completar volume com água para 50 ml;
D. Deixar em repouso em local escuro por 5 minutos;
E. Comparar a turvação com Tubo Padrão (Figura 23), observ ando
os tubos longitudinalmente.
Padrão Amostra
Figura 23: Tubos de Nessler
10.1.2.2 Ensaio limite para sulfatos
Visa determinar se a amostra ultrapassa um valor máximo
permitido de sulfatos; sua determinação baseia-se na reação com
cloreto de bário em meio clorídrico.
Procedimento
O ensaio baseia-se na comparação da turbidez observada
entre tubos
de
Nessler (Fig. 23) com concentração padrão de cloreto
e tubo contendo amostra. Seguem as seguintes etapas.
Tubo padrão
A. Adicionar:
••• 1941•

IMPUREZAS INORGÂNICAS
a. 2,5 ml de H
2
50, 0,01 N SV (Solução Volumétrica );
b. 35 ml de água;
c. 1 ml de HCI PA;
d. 1 ml BaCI
2
(-12,2%);
B. Completar volume com água para 50 ml.
C. Agitar e deixar em repouso por 5 minutos.
Tubo amostra


A. Dissolver quantidade especificada da amostra em 40 ml de
água.
Neutralizar pH com HCI O, 1 N, filtrando, se necessário.
8.
Adicionar:
a. 1 ml de
HCI PA;
b. 1 ml BaCI
2
(-12,2o/o);
C. Completar o volume com água para 50 ml;
D. Agitar e deixar em repouso por 5 minutos;
E. Comparar a turvação com Tubo Padrão, observando verticalmente
os tubos.
10.1.2.3 Ensaio limite para amônia
Visa deter minar se a amostra ultrapassa um valor máximo
permitido de amônia.
Procedimento
O ensaio baseia- se na comparação da cor observada entre
tubos de essler com concentração padrão de cloreto e tubo
contendo amostra. Seguem as seguintes etapas.
•1195-

• PARTE IV -ENSAIOS DE PUREZA

Tubo amostra
A. Dissolv er quantidade especificada da amostra em 15 ml de água
(Aicalinizar, se necessário, com NaOH 2M);
B. Adicionar 0,3 ml de reagente de Nessler ( KI 5%, HgCI
2
,.,, KOH
15%
);
C.
Agitar e deixar em repouso por 5 minutos;
D. Comparar
cor com tubo padrão.
Tubo padrão
A. A 15 ml de
solução de NH
4
0H (1 ppm) proceder conforme
amostra.
1 O. 1.2.4 Ensaio limite para ferro
Visa determinar se a amostra ultrapa ssa um valor máximo
permitido de íons f erro; sua determinação baseia-se em reações de
co
mplexação, tais como com ácido glicólico.
2
Fe++ + 2 HSCH
2
COOH -? 2 fe++ + HOOCCH
2
S-SCH
2
COOH + 2 H+
o

SH ,,, -o-C
H2c' ~:~Fe ·:' CH
C -o-,, ~ HS, 2
2 Fe-+ + 2 HSCH.COOH ~
b
Outro complexante utilizado é tiocianato de potássio
Procedimento
Preparo das soluções padrão de ferro (1, 2, 1 O, 20 e 100 ppm)
-·1961•
A. Solução mãe (1 00 ppm): Dissolver 0,8634 g de sulfato férrico
amoniacal dodecaidratado em balão vol umétrico de 1 L com
500 ml de água, adicionar 5 ml de H
2
S0
4
SR e completar para
1. 000 ml com água destilada.

IMPUREZAS INORGÂNICAS

••
B. As demais soluções são preparadas a par tir desta por diluição
em água:
20 ppm (20 I 1 00); 1 O ppm (1 O I 1 00); 2 ppm (2 I 1 00); 1 ppm (1 I 1 00)
Tubos padrão de ferro
A. Adicionar:
a. 1 ml de solução padrão ferro;
b. 35 ml de água;
c. 2 ml de ácido cí trico diluído;
d. 2 gotas de ácido tioglicólico (-4,25%);
B. Agitar e alcalinizar com hidróxido de amônia;
C. Completar volume com água para 50 ml;
D. Deixar em repouso por 5 minutos.
Tubo amostra
A. Dissolver quantidade especificada da amostra em 40 ml de
água;
B.
Adicionar:
a. 2 ml de ácido cítrico diluido;
b. 2 gotas de ácido tioglicólico
PA (para análise);
C. Agitar e alcalinizar com hidróxido de amônia;
D.
Completar volume com água para
50 ml;
E. Deixar em repouso por 5 minutos;
F. A cor rósea obtida pela amostra não deve ser ma is intensa que
padrão.
•1197-

• PARTE IV -ENSAIOS DE PUREZA
••
10.1.2.5 Ensaio limite para metais pesados
Baseia-se na reação colori métrica entre impurezas metálicas
e
sulfeto, e se esta não ultrapassa os limites especificados em termos
de f...lg de
Pb--.
Pb++ + Na
2S -7 PbS (coloidaiJ + 2 Na+
a) Preparo
de amostras
Amostras
límpidas e incolores (Método I -FB4)
A. Tomar a quantidade especificada na monografia;
B. Transferir para tubo de Nessler e dissolver em 25 ml de água;
C. Ajustar pH entre 3 e 4 com ácido acético e hidróxido de amônio;
D.
Completar volume para
40 ml e homogeneizar.
Amostras coloridas ou turvas (Método 11 -FB4)
A. Tomar quantidade de amostra especificada na monografia;
B. Transferir para cadinho de porcelana e incinerar;
C. Resfriar e adicionar 2 ml de H N0
3
PA e 5 gotas de H
2
SO
4
SR;
D. Aquecer com cuidado e levar à mufla;
E. Incinerar à temperatura entre 500°C e 600°C;
F. Resfriar e adi cionar HCI 6 M;
G. Adicionar 1 O ml de água quente e digerir por 2 minutos;
H. Alcalinizar com NH,OH 6 M;
I. Ajustar pH entre 3 e 4 com ácido acético e hidróx ido de amônio;
). Filtrar, se necessário, e transferir para tubo de Nessler;
K. Completar volume para 40 ml e homogeneizar.

IMPUREZAS INORGÂNICAS
Amostras Especiais (Método 111 -FB4)
A. Tomar quantidade de amostra especificada na monografia;
B. Transferir para balão de Kjeldahl;


C. Adicionar lentamente 18 ml à mistura (1 0:8) de HN0
3
PA e
H
2
50
4
PA;
O. Digerir, com cuidado, esfriar e adicionar 2 ml de HN0
3
;
E. Aquecer até que a solução não mais escureça;
F. Esfriar e adicionar 5 ml de água, verificando cor da solução;
G. Adicionar 1 ml H
2
0
2
, caso se observe cor amarela;
H. Transferir para tubo Nessler e seguir conforme método I;
b) Tubos Padrão de Pb
A. Adicionar:
B. Solução Padrão Pb (1, 2, 1 O e 20 ppm);
C. 25 ml de água e ajustar pH conforme feito para amos tra;
O. Completar volume com água para 40 ml;
E. Deixar em repouso por 5 minutos e comparar os tubos padrão
com amostra.
10.1.2. 6 Ensaio limite para arsênio
Baseia-se na conversão de arsênio em arsina ( AsH
3
)
por
redução com zinco e
HCI, que dá cor amarela quando reage
com papel de cloreto de mercúrio, ou vermelha em solução de
dietilcarbamato de prata.
•1199-



PARTE IV • ENSAIOS DE PU REZA
a) Procedimentos
Solução estoque padrão de arsênio
• 2001•
A. Pesar 132 mg de As
2
0
3
PA, transferir para balão de 1 L;
B. Adicionar 5 ml de NaOH 5 M, dissolver e neutralizar com
H
2
50
4
1 M;
C. Adicionar mais 1 O ml de H
2
50
4
1 Me completar para 1.000 ml
com água recém-fervida e resfriada;
D. Utilizar dentro de três dias;
E. Cada ml corresponde a 1 pg de arsênio.

IMPUREZAS JNORGÁNJCAS
Preparo da amostra
A. Transf erir tomada de ensaio
(TE)* para frasco gerador de arsina
(Figura 24a);
B. Dissolver amostra ( TE) em 35 ml
de água;
C. Adicionar:
a. 20 mL de H
2SO. 2M;
b. 2 ml Kl SR (16,5 %);
c. 0,5 ml SnCI
2
ácido (1 O% em HCI);
d. 1 ml de 2-propanol;
D. Homogeneizar e deixar em
repouso 30 minutos;
Obs. Quando se fizer necessário
deve-se submeter amostra à
digest ão.
Padrão
A. Transfere-se 3,0 ml da
solução estoque padrão.
Procede-se tal qual para
amostra
Preparo da aparelhagem
d
c
b
Figura 24: Aparelho gerad or de arsina
• ••
e
A. Na unidade (c) do frasco, adicionar duas mechas de algodão
embebidas com acetato de chumbo espaçadas por 2 mm;
B. Lubrificar conexões (b) e (d) com vaselina;
C. Adicionar a unidade de absorção (e) 3,0 ml de dietilditiocarbamato
de prata (0,5%);
•1201-·

PARTE IV-ENSAIOS DE PUREZA
D. Adicionar 3 g de zinco (malha 1 mm) à unidade contendo amostra
ou padrão;
E. Unir imediatamente unidades (a), (c) e (e).
b) Reação e Leitura
A. Deixar em banho termostatizado à temperatura 25°C por 45
minutos, agitando em intervalos de 1 O minutos;
B. Transferir o conteúdo da unidade de absorção (e) à cela de 1 em;
C. Comparar visulamente a cor obtida pela amostra com padrão ou
ler em espectrofotômetro ou colorímetro entre 535 e 540 nm,
empregando dietilcarbamato como branco.
1 0.2 MÉTODOS ALTERNATIVOS
Além dos métodos farmacopéicos, outros podem ser
empregados, desde
que
validados, no controle de qualidade em
ensaios de pureza. A pureza da água é facilmente estimada pela
sua condutividade iônica.
A absorção atômica é empregada para análise de metais pesados
e apresenta a vantagem
de ser mais
sensível e precisa, assegurando
determinações quantitativas
de diferentes íons
metálicos.
Outros métodos quantitativos aplicados a impurezas inorgânicas
incluem o HPLC de troca iônica com detector eletroquímico e métodos
potenciométricos baseados em sensores íons seletivos.
-·2021•

IMPUREZAS ORGÂNI CAS
11 IMPUREZAS ORGÂNICAS

••
GIL, E.S.
As impurezas orgânicas em insumos farmacêuticos decorrem
de variadas formas de contaminação. Basicamente, podem ser
divididas em intrfnsecas ou extrfnsecas. As impurezas intrfnsecas
são decorrentes de processos de decomposição (ex. áci do salicfli co­
AS em ácido acetil salicfli co-AAS). As extrfnsecas decorrem de
contaminação ambiental ou falhas em processos de purificação e
estão associadas aos processos de
obtenção do produto.
Considerando que para cada produto ou matéria-prima tanto
as
caracterfsticas qufmicas e de estabilidade, quanto processos de produção
são bastante distintos, as impurezas orgânicas serão relativa mente
particulares para cada insumo farmacêutico, de modo que se torna
inviável a elaboração e disposição dos métodos
de forma geral.
Assim,
para cada monografia (exemplos no An exo B)
descreve-se,
quando pertinente, a metodologia a ser aplicada na
determinação das impurezas orgânicas potenciais.
Em algumas farmacopéias, tais impurezas são adequadamente
denominadas como substâncias aparentadas ou substâncias
correl
atas.
O Quadro 17 apresenta alguns exemplos de insumos
e
respectivas impurezas orgânicas, cuja determinação é
preconizada.
•1203-·

• PARTE IV -ENSAIOS DE PUREZA
••
Quadro 17: Exempl os de insumos contendo i mpurezas orgânicas típicas
Insumo Impurezas Orgânicas I Método Fonte
AAS Ácido salicílico I Volumetria IP3
Acetaminofeno FB4
Betametasona Esteróides correlatados I CCO IP3
Cimetidina Substâncias correlatas I HPLC USP 24
1-(2,6-diclorofenil)-1 ,3-di-hidro-2H-2-indolon
a;
Oiclofenaco
K-
2-[(2,6-diclorofenil)-fenil]-metanol; (2-(2,6-
FP7
diclorofenil)-amino]benzaldeído; ácido 2-[2-((2-
bromo-6-clorofenil)amino]fenil]acético I HPLC
Gelatina Conservantes fenólicos I eco FP7
11.1 MÉTODOS INSTRUMENTAIS
Com relação às metodologias empregadas na determinação
de impurezas orgânicas, as técnicas de separação representadas
pelo HPLC e CCD são de longe as mais aplicadas. Outros métodos
instrumentais incluem os eletroanalíticos, cal orimétricos e alguns
ensaios clássicos.
11.1.1 Métodos de separação
A grande vantagem das técni cas de separação sobre as demais
técnicas está a inerente seletividade, a qual, dependendo do sistema
de detecção, pode apresentar também boa sensibilidade.
Entre os métodos
de separação destacam- se a cromatografia
l
íquida de
alta eficiência (CLAE), a cromatografia gasosa (CC) e a
cromatografia de camada delgada (CCD). Outra técnica que
vem ganhando espaço no campo das análi ses farmacêuticas é a
eletroforese capilar.
HPLC
A grande vantagem da cromatografia líquida de alta eficiência
(CLAE), mais comumente denominada por HPLC (High Performance
Liquid Chromatography) sobre as demais técnicas, além da inerente
seletividade e boa sensibilidade dos sistemas de detecção usuai s,
está na sua ampla aplicabilidade.
-· 2041•

IMPUREZAS ORGÂNICAS


A pureza da amostra será determinada em função do perfil
do cromatograma, e, usualmente, se observam tanto a quantidade
de picos como também a intensidade deles.
Quando as impurezas são freqüentes e bem estabelecidas
podem-se utilizar padrões específicos e quantificá-las.
Outra maneira de se aplicar a técnica pode ser ilustrada pela
determinação de impurezas correlatas para cimetidina ( Quadro 17).
Para esse insumo, a Farmacopéia Americana 24• ed. estabelece
como critério para análise do cromatograma, que a somatória dos picos
das substâncias correlatas não ultrapasse em cinco vezes a intensidade
do pico padrão, e nenhum dos picos, além do pico de tempo de
retenção do padrão, deve ser mais intenso que este.
Quando comparada a outras técnicas cromatográficas, o
HPLC apresenta maior aplicabilidade que a cromatografia gasosa,
e
maior
sensibilidade que a cromatografia de camada delgada. As
bases e os fundamentos teóricos dessa técnica são descritos na parte
IX do livro.
eco
A cromatografia de camada delgada, comumente denominada
pela sigla (CCD), e uma técnica simples e de baixo custo, que pode
ser utilizada na avaliação da pureza de uma determinada amos tra.
Nas placas de CCD pode-se estimar o grau de pureza em função
do número de manchas e intensidade delas.
11.1.2 Métodos eletroanalíticos
Entre os métodos eletroanalíticos que se apresentam
promissores em ensaios de pureza destacam- se a potenciometria
e a
condutometria. A primeira técnica apresenta,
além de boa
sensibilidade, a possibilidade de com uso de diferentes eletrodos
íon seletivo viabilizar determinação seletiva de diversos íons, em
especial de metais pesados. Já a condutometria vem sendo utilizada
como parâmetro qualitativo de pureza da água e apresenta como
principais vantagens o baixo custo e a fácil operação.
•1205-·

• PARTE IV· ENSAIOS DE PUREZA

11.1.3 Outros métodos empregados na detecção de
impurezas
Outros métodos instrumentais que poderiam ser empregados
na análise da impurezas orgâ nicas incluem a determinação da faixa
de fusão por técnicas calorimétricas (DTA, DTG, DSC), bem como
a rotação óptica e a determinação do pH já descritos em ensaios
de identificação.
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-2081•

1::::. :J
ENSAIOS
DE POTÊNCIA
"Quem conhece a sua ignorância revela a
mais profunda sapiência. Quem ignora a
sua ignorância vive na mais profunda ilusão."
(Lao-7Sé)

M~TODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO
12 MÉTODOS CLÁSSICOS DE
DOSEAMENTO

••
GIL, E. S. & MA TIAS, R.
Os ensaios de potência ou doseamento são aqueles que
visam quantificar o teor de substância ativa em medicamentos. Nessa
perspectiva, a crescente demanda
por matérias-primas de composição
química definida, com
elevado grau de pureza e qualidade tem
levado as indústrias de transformação a implantar e/ou i mplementar
as análises qualitativas e quantitativas com o intuito de garantir que
as matérias-primas atinjam certas especificações e que o produto final
tenha qualidade adequada para fins de comercialização.
No que se refere às análises quantitativas, estas são utilizadas
com o objetivo de estabelecer a concentração dos componentes
essenciais presentes
em uma determinada amostra. Esse processo é
chamado de doseamento.
No que diz respeito
à determinação do teor, dependendo
do fármaco e forma farmacêutica, podem existir diferentes métodos
válidos oficiais ou não. úmero este que se diversifica com o
desenvolv
imento da química
analítica e do arsenal terapêutico.
Com relação aos métodos oficiais, existem diferenças quanto às
metodologias, as quais estão atreladas à realidade econômica de
cada país. Entretanto, sem exceção,
as
multi nacionais farmacêuticas
adotam os métodos cromatográficos como oficiais de doseamento,
especialmente
de produtos acabados. Destacando-se a Farmacopéia
Americana
que indica métodos
HPLC- UV para o doseamento da
grande maioria
de suas monografias.
Outras farmacopéias
são mais diversificadas, apresentando
métodos de doseamento alternativos, tais como volumetria em
meio não aquoso, ti tulações potenciométricas, espectrometria no
UV-visível entre outros.
A escolha do método analítico deve ser criteriosa, já que
ele não pode comportar falhas, pois a segurança e eficácia do
medicamento dependem da fidedignidade do resultado fornecido.
Entre os aspectos a serem considerados na seleção de um dentre os
vários métodos disponíveis destacam-se o tempo de análise, custo,
exatidão e precisão. Outros fatores incluem:

• PARTE V· ENSAIOS DE POTÊNCIA

a) a natureza de informações que se procura;
b) a
quantidade de amostra
disponível e a porcentagem do
constituinte a ser determinado, e;
c) a utilização dos resultados da análise.
Nesse contexto, as análises químicas podem ser classificadas
em quatro tipos, de acordo com os dados gerados:
a) análise aproximada: determina a quantidade de cada elemento
em uma amostra;
b) análise parcial: determina alguns constituintes da amostra;
c) análise de traços: é caracterizada como um tipo de análise parcial,
porém a análise consiste em determinar os constituintes de uma
amostra na escala de traços, microtraços e nanotraços;
d) análise completa: em que se determina a proporção de cada
componente da amostra.
No que diz respeito ao tamanho da amostra, os métodos
analíticos podem ser classificados, em:
a) macro: para análises de quantidades iguais ou superiores a O, 1 g;
b) meso (semi micro): para análise de quantidades entre 1 o·
2
e 1 0·
1
g;
c) micro: para análise de quantidades entre 1 o·
3
e 1 o·
2
g;
d) submicro: para análise de quantidades entre 1 o·• e 1 0·
3
g;
e) ultramicro: para análise de quantidades inferiores a 1 o·•g;
f) traços: para análise de quantidades entre 10
2
e 1 0
4
pg/g (1 00 a
10.000 partes por milhão);
g) microtraços: para análise de quantidades entre 1 0"
1
e 1 0
2
pg/g
(1 o·
7
a 1 o·• partes por milhão);
h) nanotraços: para análise de quantidades entre 1 0·
1
e 1 0
2
fg/g
(1 0·
10
a 1 0·
7
partes por milhão).**
** miligrama (mg)= 1 o·'g; micrograma (J.Ig)= 1 o·•g; nanograma (ng)=1 o·•g;
picograma (pg) = 1 O·''g; fentograma (fg)= 1 0·
15
g; atomograma (atg)= 1 o·'
8g
-·212,.

MÉTODOS CLÁSSIC OS DE DOSEAMENTO

••
Para o doseamento ou identificação de fármacos, as principais
técnicas e
mpregadas em
análise quantitativa baseiam-se:
a) na r eprodutibilidade de reações químicas adequadas, utilizadas
para
medir as quantidades de reagentes necessários para completar a reação ou na determinação da quantidade de
produto obtido na reação;
b) nas
medidas
elétricas (por exemplo, a potenciometria e
condutometria);
c) na medida
de certas propriedades espectroscópicas ( por
exemplo,
os espectros de absorção);
d)
no deslocamento característi co, sob condições controladas,
de uma substância em um meio definido (por
exemplo, em
cromatografia).
Nesse contexto, assim como ocorreu para as demais categorias
de ensaios, os métodos
de doseamen to podem ser subdivididos em
dois gran des grupos:
a) métodos
clássicos: baseiam-se em reações químicas, cujo equilíbrio
deve ser bem definido e constante nas condições do ensaio. A
detecção
do ponto de vir agem é visualizada
pela mudança de cor,
turbidez, formação de precipitado
ou outro fenômeno
visualizável a
olho nu. O uso de indicadores químicos para melhorar a visualização
é freqüente. Na falta de indicador específi co e para reações cujo
ponto final não pode ser determinado visualmente com precisão, a
reação pode ser ainda monitorada
por instrumentação específica;
b) métodos instrumentais:
são baseados no uso de um instrumento
apropriado, seja para a detecção
do ponto de equilíbrio de uma
reação, seja para detecção
de determinado
analito. As vantagens
d
os métodos instrumentais que podem ser ressaltadas em
detrimento aos métodos
clássicos podem ser relacionadas com a
rapidez da análise e a aplicação em amostras com concentrações
muito pequenas do constituinte a ser determinado.
Porém, é importante salientar que, apesar das vantagens
que os métodos instrumentais
oferecem, os métodos
clássicos até
h
oje são apontados como os oficiais em um número significativo
de doseamentos descritos em compêndios farmacopéicos.
•1213-·

• PARTE V. ENSAIOS DE POT~NCIA

Ressalta que tanto o método analítico clássico quanto
instrumental devem atender os parâmetros de validação exigidos
para o ensaio, tais
como precisão, exatidão,
linearidade, seletividade
e sensibilidade (limite de quantificação).
Os métodos clássicos de doseamento podem ser realizados
por meio das análises gravimétri ca e volumétrica, em ambos casos
utilizam as reações químicas bem definidas, nas quais reagente e
analito reagem estequiometricamente.
12.1 MÉTODOS VOLUMÉTRICOS
A volumetria, também chamada de análise titrimétrica ou
titulometria, é uma técnica ainda muito útil no doseamento de
diversos fármacos. Entre
as principais vantagens desse método estão
a
simplicidade, a relativa precisão e o baixo custo.
Na
titrimetria trata-se a substância a ser determinada com um
reagente adequado, o
qual é adicionado na forma de uma solução
previamente padronizada, e determina-se o volume de solução
necessária para completar a reação.
Para uma análise titrimétrica são necessários a escolha de
vidrarias adequadas, bem como invariavelmente a escolha de uma
solução titulante padronizada (precisão volumétrica) e padrões
primários, os quais serão utilizados principalmente nas padronizações
de padrões secundários, e balança analíti ca (na escala de± 0,0001 g)
e freqüentemente uma solução indicadora.
12.1.1 Aparelhos volumétricos
Para as análises químicas, a escolha dos aparelhos volumétricos
é fundamental, sendo um dos parâmetros que corroboram para
validação dos resultados de uma análise.
Nessa óptica, os aparelhos volumétricos são instrumentos de
medidas exatas, mas, como qualquer instrumento, pode apresentar
problemas, como o de aderência do fluido nas paredes internas do
recipiente, mesmo estando limpo e seco. Por essa razão, um frasco
construído para conter
um determinado
volume de líquido (TC) sempre
escoará
um
volume menor, se for usado em uma transferência.
Por sua vez, os equipamen tos TO têm seus volumes corrigidos,
com respeito à aderência do fluido, e por isso, escoarão o volume
indicado, se usados em uma transferênci a; mas a quantidade do
-·2141•

M~TOOOS CLÁSSICOS DE OOSEAMENTO


líquido escoado por esses instrumentos dependerá, principalmente,
da sua forma, da limpeza da sua superfície interna, do tempo de
drenagem, da viscosidade e da tensão superficial do líquido e do
ângulo do aparelho em relação ao solo do laboratório.
Em resumo, pode-se dizer que em um laboratório de
controle de qualidade deve haver basicamente dois tipos de frascos
volumétricos:
a) TC: aparelhos calibrados para conter um certo volume, o qual,
transferido, não o será totalmente;
b) TD: aparelhos calibrados para transferir um determinado volume,
dentro de certos volumes de precisão.
Provetas e Cilindros Graduados
São
equipamentos utilizados em medidas aproximadas
de
volume. São encontradas no comércio TC e TO, desde c inco
mililitros até litros.
Em geral, o desvio-padrão da medida de volume feita com
estes aparelhos é de 1%.
Proveta Cilindro Graduado

• PARTE V • ENSAIOS DE POT~NCIA
••
Pipetas
São instrumentos volumétricos utilizados para transferência de
certos volumes, de modo preciso, a determinadas temperaturas.
Graduadas: Apresentam
graduação até a
extremidade,
medindo
vários
volumes.
Em contrapartida,
possuem menor exatidão
que as volumétricas.
BURETAS
As buretas são frascos
volumétricos
TO, usadas
para escoar volumes
variáveis de líquido e
empregadas geralmente
em titulações.
-·2161•
Volumétricas:
Apresentam
g
raduação única.
Medem
só o
volume
indicado,
apresentando
maior exatidão.
n

MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO
BALÕES
VOLUMÉTRICOS
São frascos
construídos para
conter exatamente
um certo
volume de
líquido em uma
determinada
temperatura
(frasco TC).
12.1.2
Solução padrão

••
Para o doseamento de qualquer tipo de matéria ou
produto manufaturado é necessária a preparação de soluções com
concentrações conhecidas e confiáveis. Desta forma, a preparação
de uma solução padrão requer o uso de um reagente quimicamente
puro e com composição definida. E sse reagente com semelhante
característica é chamado padrão primário, que para isso são
requeridas algumas exigências entre elas:
a) deve ser de fácil obtenção, purificação, secagem e preservação
em estado puro;
b) não deve ser higroscópico e
se oxidar no ar ou ser sensível ao
dióxido de carbono; durante o uso e estocagem, a composição
deve permanecer invariável;
c) o
total de impurezas não deve exceder 0,01-0,02%, para isto;
d)
deve possuir uma massa
molecular relativamente elevada, a fim
de que os erros de pesagem possam ser desprezíveis;
e) deve
ser facilmente
solúvel nas condições em que será usado;
•1217-·

• PARTE V • ENSAIOS DE POT@NCIA
••
f) a reação com a solução padrão deve ser estequiométri ca
e praticamente in stantânea. O erro de titulação deve ser
desprezível ou fácil de determinar exatamente pelo método
experimental com precisão.
Entre
as principais reações ou
equilíbrios envolvidos no
doseamento de fármacos estão as reações de neutralização,
complexação, oxirredução e precipitação.
As substâncias mais
comuns empregadas como padrões
primários nas diferentes reações são:
a) reações de neutralização: carbonato de sódio
(Na
2
C0
3
),
tetraborato de sódio (Na
2
B
4
0
7
), hidrogenoftalato de potássio
(KH(C
8
H
4
0), ácido benzóico(C
6
H
5
COOH).
b) reações de complexação e precipitação: nitrato de prata
(AgN0
3
), cloreto de sódio (NaCI) e alguns outros sais utilizados
em reações específicas.
c) reações
de oxirredução: dicromato de potássio
(K
2
Cr
2
0
7
),
bromato de potássio (KBr0
3
), iodato de potássio (KI0
3
), oxalato
de
sódio
(Na
2
C
2
0
4
), óxido de arsênio (111) (Asp
3
l.
Sais hidratados, via de regra, n ão constituem bons padrões
por causa da dificuldade em secá-los eficientemente.
Um padrão secu ndário é uma substância que também pode
ser usada para padronização e cujo conteúdo da substância ativa foi
estabelecida para comparação com um padrão primário.
A determinação do ponto final de uma titulação é feita
visualmente ou com auxílio de instrumentos. Em se tratando de
métodos clássicos, principalmente na titulo metria de neutralização,
é necessár io o uso de indicadores específicos para a detecção do
ponto final da reação.
Um indicador ácido-base é por si só um ácido ou uma base
cujas espéci
es protonadas e não protonadas têm cores diferentes. O azul de timol, por exemplo, apresenta em pH abaixo de
1,7 cor vermelha, em pH acima de 8,9 cor azul e cor amarela em
pH entre 1 ,7 e 8,9 (Figura 25).
-·2181•

MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO
HO
vermelho amarelo azul


Figura 25: Equilíbrio quím ico para espécies protonadas e n ão protonadas do azul de timol
em função
do pH; vermelho ( pH =
0,7), laranja ( pH = 1 ,7), amarelo (pH = 2,7)
e azul ( pH > 8,9).
A escolha do melhor indicador ácido-base deve consi derar
primeiramente o pH do ponto de equivalência (pKa do fármaco).
Assim,
em uma titulação cujo pH de equivalência seja 6, 1, o
indicador deve apresentar mudança de cor o mais próximo possível
desse
valor de pH. A diferença observada entre o ponto final
observado ( mudança de cor) e o verdad eiro ponto de equivalência
é chamada de erro de indicador ou erro de titulação. Entretanto,
esse
erro é amenizado pelo fato de que próximo ao ponto de
viragem
um pequeno volume de titulante causa uma mudança de
pH proporcionalmente muito maior.
Outro aspecto que deve ser
consi
derado refere-se à quantidade de indicador adicionada ao meio
de reação, a qual deve ser desprezível (gotas). Qua ntidades grandes
podem causar erro considerável, já que o in dicador é, em geral, um
ácido ou base e pode reagir com a amostra ou titulante.
A Tabela 14 apresenta os indicadores ácidos-base mais
comuns e respectivas faixas de atuação.


PARTE V-ENSAIOS DE POTÊNCIA

Tabela 14: Indicadores mais comuns e respec tivas características
Indicador Faixa de pH
Cor Cor
Preparo
ácida básica
Violeta de meti
la
0,0-1,6 amarela violeta Solução aquosa 0,05o/o
Diluir O, 1 g em 22 ml
Vermelho de cresol 0,2-1,8 vermelha amarela
de NaOH 0,01 M e
completa para 250 ml
com água
Azul de ti moi 1,2-2,8 vermelha amarela Idem vermelho cresol
Púrpura
de cresol
1,2-2,8 vermelha amarela Idem vermelho de cresol
Eritrosina 2,2-3,6
laranja vermel ha
Solução aquosa O, 1 o/o
Alaranjado de meti la 3,1-4,4 vermelha amarela Solução aquosa O, 1 o/o
Vermelho do congo 3,0-5,0 violeta vermelha Solução aquosa O, 1%
Alaranjado de etila 3,4-4,8 vermelha amarela Solução aquosa O, 1%
Verde de bromocresol 3,8-5,4 amarela azul Idem vermelho de cresol
Diluir 0,02 g em 60 ml
Vermelho
de meti la
4,8-6,0 vermelha amarela de etano! e completar
com 40 ml de água
Vermelho
de clorofenol 4,8-6,4 amarela vermelha
Idem vermelho de cresol
Púrpura de bromocresol 5,2-6,8 amarela púrpura Idem vermelho de cresol
p-nitrofenol 5,6-7,6 in color amarela Solução aqu osa 0,1o/o
Azul de bromotimol 6,0-7,6 amarela azul Idem vermelho de cresol
Vermelho de feno! 6,4-8,0 amarela vermelha Idem vermelho de cresol
Diluir 0,01 g em 50 ml
Vermel ho neutro 6,8-8,0 vermelha amarela de etano! e completar
para 100 ml com água
Vermelho de cresol 7,2-8,8 amarela
vermelha
Diluir
O, 1 g em 50 ml de
cx-nafolftaleína 7,3-8,7 rosa verde etanol e completar para
100 ml com água
Púrpura de cresol 7,6-9,2 amarela púrpura
Azul de
ti moi
8,0-9,6 amarela azul
Diluir 0,05 g em 50 ml
Fenolftaleína 8,0-9,6 incolor vermelha de etano! e completar
para 1 00 m L com água
Timolftaleína 8,3-10,5 incolor
Diluir 0,04 g em 50 ml
azul de etano! e completar
para 100 ml com água
Amarelo de alizarina 1 O, 1-12,0 amarela vermelhão Solução aquosa 0,01%
Diluir 0,1 g em 70 ml de
'\Jitramina 10,8-13,0 incolor marrom etanol e completar para
100 ml com água
Tropaeolina 11,1-
12,7 amarela laranja Solução aquosa
0,01 o/o
-· 2201•

MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO
12.1.3 Volumetria de neutralização

••
Este método compreende todos os doseamentos volumétricos
baseados em uma reação de neutralização. Por meio dele pode-se
utilizar uma solução titulada de um ácido qualquer, fazer a determinação
quantitativa das
bases (acidimetria) ou, usando uma
solução titulada de
uma
base, dosear quantitativamente os ácidos
(alcalimetria).
É também por esse método que se fazem outros doseamentos
volumétricos baseados em uma reação de neutralização, por
exemplo, certos sais (Na
2
C0
3
e Na
2B_p
7
) que tenham uma reação
fortemente básica, por causa da hidrólise por meio de ácidos.
Também
são feitos o doseamento dos sais de amônio, o doseamento
do azoto nos compostos orgânicos, e outros.
No caso de ácidos orgânicos hidrossolúveis, como
salicílico,
cítrico, láctico, nicotínico, tartárico e tricloroacético, são doseados
por titulação direta com NaOH, tais como os inorgânicos, na
presença
de
fenolftaleína como indicador. Os poucos solúveis em
água, como benzóico, desidrocólico e salicílico, são dissolvidos em
etanol ou outro solvente miscível com água, como solventes, por
conterem, não raro, impurezas.
Logo, em análise volumétrica, a quantidade de um constituinte
de interesse presente em uma amostra é determinada a partir de sua
reação com um determinado volume de solução padrão, chamada
titulante. Na volumetria de neutralização, quando o titulante for um
ácido forte ou uma base forte, a reação envolvida é a seguinte:
Hp ++OH-~Hp
neqácido = neqbase
As reações ácidos-base são as mais comuns entre as
empregadas em titulometria, dado que um número considerável de
fármacos
tem caráter ácido ou básico. O ponto de viragem se dá na condição de equilíbrio ou
neutralidade, e os indicadores mais utilizados são fenolftaleína e
vermelho de metila.
Por convenção, a titrimetria de neutralização pode se dividir
em acidimetria ou alcalimetria, dependendo do fármaco ser um
ácido ou uma base.
São exemplos de fármacos doseáveis por acidimetria: o ácido
acetilsalicílico, ácido benzóico, ácido mefenâmico, ácido nicotínico,
•1221-·

• PARTE V -ENSAIOS DE POTÊNCIA

benzoato de benzila, calamina, ciclofosfamida, clorpropamida,
dienestrol, etclorvinol, etinilestradiol, fenilbutazona, fenobarbital,
furosemida, glibenclamida, ibuprofeno, indometacina, naproxeno,
probenicida, teofilina.
Quando os fármacos são suficientemente ácidos e hidrossolúveis,
a titulação é feita diretamente c om hidróxido de sódio.
Fármacos insolúveis devem ser previamente solubilizados em
um solvente hidromiscível previamente neutraliza do.
Entre os fármacos de caráter básico estão a anfetamina,
bicarbonato
de sódio (fosfato de
cloroquina), dissulfiram, efedrina,
glutetimida, lidocaína, meglumina, nafazolina, óxido de zinco,
penicilina, procaína, primidona, tiopental sádico, uréia.
Tanto a
acidimetria quanto a
alcalimetria podem ser feitas
de
modo direto ou indireto.
A
titulação pode ser direta ou i ndireta, sendo direta quando
o analito é titulado diretamente com uma solução padrão específica.
Já a titulação indireta é adotada quando o caráter ácido ou básico do
fármaco não é sufi cientemente forte para que a cinética de reação
seja adequada ao
método
analítico. Nesse caso, adiciona-se um
excesso v olumetricamen te, medido de base a fármacos ácidos ou de
ácido a fármacos básicos, titulando-se o excesso, respect ivamente,
com solução vol umétrica básica ou ácida.
Outro recurso utilizado na titulometria de neutralização para
fármacos ácidos
ou básicos m uito fracos é a
titulação em meio não
aquoso.
Para esses fármacos demasiadamente fracos quanto ao caráter
ácido ou básico, a água representa um interferente em
potencial.
Métodos Farmacopéicos: Volumetria de neutralização indireta
Doseamento de
MS/FP7: em um
balão volumétrico, dissol va
1,000 g da amostra em 1 O ml de álcool R, junte 50,0 ml de
NaOH 0,5 moi L·', ralhe o balão e deixe em repouso por 1 hora. Junte 0,2 ml
de solução de fenolftaleína R e titule com ácido clorídrico 0,5 moiL-
1
.
Efetue
ensaio em branco.
1 ml de hidróxido de sódio 0,5 moiL-
1
corresponde a
45,04 mg de
C
9
H
8
0
4

Doseamento de AAS/FB3: Em um balão volumétrico,
dissolva 1 g da amostra em 10 ml de álcool R, junte 50,0 ml de
NaOH 0,5 moiL-
1
, rolhe o balão e ferva por 10 minutos. Junte
0,2 ml de solução de fenolftaleína R e titule com ácido sulfúrico
0,5 moiL-
1
.
Efetue ensaio em branco. 1 ml de hidróxi do de sódio
0,5 moiL-
1
corresponde a 45,04 mg de
C
9
H
8
0
4

Rll2221•

MÉTODOS ClÁSSICOS DE DOSEAMENTO


Doseamento de benzoato de benzila/ FP7: A 2 g da amostra
junte 50 ml de hidróxido de potássio alcoólico 0,5 moiL·
1
. Ferva
lentamente
com refluxo durante 1 hora. Titule a solução quente
com ácido clorídrico
0,5 moiL·
1
em presença de 1 ml de solução de
fenolftaleína
R. Efetue um ensaio em branco. 1 ml de hidróxido de
potássio alcoólico
0,5 mo1L·
1
corresponde a 106,1 mg de C
14
H,
2
0
2
.
12.1.4 Volumetria em meio não-aquoso
Quando fármacos de caráter básico demasiadamente fraco
são
titulados em meio aquoso (neutro), a característica aceptora
de próton da água é suficientemente grande para competir com
o fármaco pelo
titulante ácido. Assim, nesses casos recomenda-se
proceder a titulação em meio acético, titulando-se a base com ácido
perclórico ou outro ácido igualmente forte.
No caso de fámacos de caráter ácido fraco, utilizam solventes
apróticos
como dimetilformamida.
Métodos Farmacopéicos:
Volumetria de neutralização em
meio não-aquoso
Doseamento da
probenicida/FB3: pesar exatamente 1 g de
probenicida, transferir para um béquer e dissolver em
50 ml de
álcool neutralizado.
junte fenolftaleína como indicador e titule com
hidróxido de sódio
O, 1 moiL·
1
. Efetue ensaio em branco. 1 ml de
hidróxido de sódio 0,1 moiL·
1
equivale a 28,54 mg de C,
3
H
19
N0
4
S
12.1.5 Volumetria de complexação
A titulometria com formação de complexos ou complexometria
baseia-se
em reações que envolvem um íon metálico e um agente
ligante
com formação de um complexo suficientemente estável.
Apesar de existir um grande número de compostos
usados na complexometria, os complexos formados com o ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA) são um dos mais comuns, onde
vários íons metálicos reagem estequiometricamente com o EDTA.
Este é um ácido tetracarboxílico, possuindo quatro hidrogênios
ionizáveis, sendo simplificadamente representado por
H
4
Y. A reação
com íon metálico pode ser genericam ente da por:
•1223-

• PARTE V • ENSAIOS DE POTENCIA

O EDTA na forma de ácido ou sal dissódico pode ser obtido em
alto grau de pureza, podendo ser usado como padrão primário, porém,
se necessário, ser padronizado contra solução padrão de zinco.
A solução aquosa de EDTA apresenta as espécies H
4
Y, H
3
Y,
H
2
Y
2
·, HY
3
· e y•·, e a forma predominante depende do pH. O EDTA
é
um ácido fraco para o
qual pK, = 2,0; pK
2 = 2,7; pK
3
= 6,2; pK
4=
1 0,3. Esses valores demonstram claramente que os dois primeiros
prótons são mais facilmente ionizáveis do que os outros dois
restantes. Este reagente possui uma grande versatilidade que provém
da sua potência como agente complexante e da disponibilidade de
numerosos indicadores íon-metal, cada um efetivo em um intervalo
limitado de pH.
A espécie complexante é y•·,-portanto, é necessário um ajuste
de
pH, a fim de obter uma constante de formação
condicional (K')
favorável para o íon metálico em questão.
onde a, é a fração da espécie Y
4
• em dado pH, e K•bs é a constante de
formação absoluta do complexo formado por EDTA e o íon metálico.
o
0
('oH
"o--<.__ ,~~ 0
oy ++ ----~ 0
_ca --
12.1.6 VOLUMETRIA DE OXIRREDUÇÃO
Dentre as análises volumétricas que utilizam reações de
oxirredução no campo das análises farmacêuticas, destaca-se a
i
odometria.
a iodometria, freqüentemente, se procede a adição de um
excesso conhecido de
solução volumétrica de iodo, com posteri or
titulação com solução padronizada de tiossulfato de sódio, utilizando
solução indicadora de amido. A viragem se dá de azul escuro a incolor.
A titulometria de oxidorredução envolve reações em que
ocorre transferência de elétrons.
-·2241•

MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSE AMENTO


A análise de ácido ascórbico normalmente é realizada por
meio de reação com um agente oxidante, a qual deve ser realizada
o mais rapidamente possível, visto
que o ácido é facilmente oxidado
pelo próprio oxigênio do ar, formando ácido diidroascórbico.
A semi
-reação de oxidação do ácido ascórbico é a
seguinte:
OH HO
HO~O'-...,-:;::;.O ------. tú H -o + 2H+ + 2e-
HO OH O OH OH
OH
Ácido ascórbico
Ácido deidroascórbico
Existem vários agentes oxidantes que podem ser empregados
na
determinação de vitamina C, e um dos mais simples é o
iodo.
O iodo é um agente oxidante moderado capaz de oxidar
quantitativamente apenas substância fortemente redutora.
A análise volumétrica na qual o i odo é empregado como
titulante chama- se iodimetria ou titulação iodométrica direta.
A semi-reação de redução do iodo é a seguinte:
E
0 = 0,5345 V
No entanto, a titulação empregando solução de iodo
como titulante apresenta algumas dificuldades: perda de iodo por
volatilização, necess idade de padronização da solução e realização
da análi
se o mais rapi damente possível.
Uma alternati
va é adicionar excesso de íons iodeto à solução
de
iodo. Forma- se o triideto, que também é um agente oxidante
semelhante ao iodo :
K =
7,68.10
2
31' E
0 = 0,5355 V
Portanto, usando-se como titulante uma solução padrão de
iodo contendo excesso de iodeto, a perda de iodo por volatilização
•1225-·

• PARTE V -ENSAIOS DE POTÊNCIA

decresce apreciavelmente, principalmente se a análise for realizada
sob refrigeração, e o erro por causa da alteração do título da solução
padrão é tolerável.
Uma alternativa é gerar o iodo durante a titulação. Isto
é possível empregando-se como titulante uma solução padrão
de iodato de potássio (padrão primário) em presença de excesso
de iodeto (iodatometria). Essa solução é estável e libera iodo em
presença de
ácido forte:
O iodo formado reage com a espécie redutora da amostra
formando iodeto. o processo global, o número de oxidação do iodo
varia de + 5 (10
3
·) para -1 (1·), ou seja, são envolvidos seis elétrons.
Como a titulação ocorre em meio ácido, o equilíbrio da
reação
de oxidação do ácido ascórbico, a deidroascórbica, é deslocado no sentido da formação da vitamina C, o que diminui a
oxidação dela pelo oxigênio do ar durante a titulação.
O ponto final na iodimetria é detectado utilizando amido
como indicador. A amilose do amido reage com o i odo, em presença
de iodeto, formando um complexo azul-escuro, observável em
concentrações mínimas
de iodo.
amilose + 1
3
·
.::::;;;::===~ complexo azul
escuro
Métodos Farmacopéicos: Volumetria de Óxido Redução
Doseamento do ácido ascórbico I P3: pesar exatamente
0,2000 g de ácido ascórbico, em mistura de água descarbonatada e
25
ml de ácido
sulfúrico 1 Oo/o. Titule a solução com iodo O, 1 moiL-
1
usando amido como indicador, até cor azul persistente. Cada ml de
solução de iodo 0,1 mo1L·
1
equivale a 8,806 mg de C
6
H
8
0
6
.
12.1. 7
VOLUMETRIA DE PRECIPITAÇÃO
É a menos prec isa dentre as técnicas titulométricas. Um
exemplo clássico é a titulação de cloreto com solução volumétrica
de nitrato de prata e dicromato de potássio como indicador.
Normalmente, mesmo em análises farmacêuticas, quando a
reação
produz precipitado recorre- se à gravimetria.
Esse método
analítico fundamenta-se em reações químicas
-·2261•

MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO
• ••
em que, no ponto de equivalência, se formam quantitativamente
produtos pouco solúveis. A argemetria ou argentimetria é o principal
método titulométrico de pr ecipitação que tem por objetivo dosear
substânci
as precipitáveis
pelo nitrato de prata, utilizando como
titulante solução padrão desse composto.
A argemetria distingue-se
em dois métodos:
a) direto: a substância
dosável é titulada com solução padrão de
nitrato de prata até o ponto de equivalência que se identifica
ou pelo uso de indicadores ou pela adição de nitrato de prata
até não ma
is observar formação de precipitado;
b) indireto: conhecido como método de
Volhard, é aplicável a
cloretos e brometos. Consiste em precipitar o haleto com excesso
de nitrato e titular esse excesso em meio ácido com solução
titulante auxiliar de tiocionato de amônio, usando FeT
3
como
indicador.
Métodos Fa rmacopéicos: Volumetria de precipitação indireta
Doseamento da aminofilina/FB3: pese exatamen
te
250 mg
de aminofilina, transfira para um béquer de 250 ml e acrescente
50 ml de água e 8 ml de hidróxido de amônio 6 moi.L- 1, aqueça a
mistura suavemente em banho-maria até a dissolução completa. Junte
20 ml de nitrato de prata 0,1 N, misture, aqueça até ebulição e em
seguida ferva durante 15 minutos. Deixe resfri ar até 5-1 ooc por 20
minutos; em seguida, filtre, de preferência sob re pressão reduzida, e
lave o precipitado com três porções de 1 O ml de água. Acidifique o
filtrato com 3 ml de ácido nítrico e adicione 2 ml de sulfato férrico
amoniacal como indicador e titule com ferrocianato de amônia.
1
ml de nitrato de prata
equivale a 21,02 mg de C
16
H
24
N
10
Ü-I.
12.2 MÉTODOS GRAVIMÉTRICOS
A análise gravimétrica está baseada na medida indireta da
massa de
um (ou mais) constituinte de uma amostra.
Por medida
indireta deve- se entender converter determinada espécie química em
uma forma separável do meio em que esta se encontra, para então
ser recolhida e, por meio de cálculos estequiométricos, determinada
a
quantidade
real de determinado elemento ou composto químico,
consti
tuinte da amostra
inicial.
•1227-

• PARTE V • ENSAIOS DE POT~NCIA
••
Pode ser dividida em: precipitação e volatilização.
Em linhas gerais, o método da precipitação segue a seguinte
ordem:
precipitação~ filtra ção~ lavagem~ aquecimento~ pesagem
Para ser realizada a separação, é adicionado um agente
precipitante, então o íon interessado é convertido em uma forma
insolúvel nesse meio, de modo que ocorre o surgimento de fases e
não há perda apreciável
por redissolução, permiti ndo o recolhimento
por meios filtrantes em análise, sendo este reconvert ido ou não em
sua forma de pesagem.
A filtração pode
ser efetuada com simples aparatos de vidro
(funil de vidro sinterizado) ou porcelana ( funil de Büchn er), com
papéis de filtro apropriados e membranas ( cujos poros podem
alcançar
0,1 Om).
O aquecimento pode ser realizado, conforme o caso, em
bancada
por meio de um simples aparato ou em muflas, onde
temperaturas de
1.400°C podem ser alcançadas.
Existem
sais que, por causa da grande capacidade de
absorção da água atmosférica, não permitem a medida correta de
suas massas, bem como precipitados gelatinosos arrastam muita água
que, ao evaporar, leva imprecisão à leitura da massa do precipitado.
Eis o motivo pelo qual alguns precipitados são convertidos em outras
espécies químicas.
Como regras para efetuar a pesagem de um
precipitado, considera-se:
a) composição química perfeitamente conhecida;
b) a
forma de pesagem seja gerada a temperatura relativamente
baixa e
estável, mesmo a altas temperatur as;
c)
não ser apreciavelmente higroscópica;
d)
uma pequena quantidade do constituinte a determinar origine
quantidade relativamente grande
da forma de pesagem, pois
tanto mais
sensível será o método quanto menor a razão entre
a massa
do constituinte e a massa da forma de pesagem;
e) deve possuir partículas de dimensões
que não passem
pelo meio
de filtração e que não sejam diminuídas nesse processo.
As vantagens desse método esta nas operações unitárias
que são de fácil execução e de boa r~produ tibil idade e o uso de
eq
uipamentos simples e de baixo custo. As desvantagens baseiam-se
-2281•

MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO

••
no tempo necessano para sua execução; no grande número de
operações necessári as à sua execução; nos erros que podem ser
acumulativos e estão s
ujeitos a ocorrerem quando há elementos
interferentes da amostra original
e, por fim, não é possível de terminar
micronutrientes existentes na amostra, pr incipalmente na escala de
parte
por milhão.
•1229-

MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO
13 MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE
DOSEAMENTO

••
GIL, E.S., MAT/AS, R.; ORLANDO, R.M.
Os métodos instrumentais se destacam pela maior sensibilidade.
Enquanto
nas
análises clássicas trabalha-se, em geral, com alíquotas de
ensaio da
ordem de dezenas ou centenas de miligramas, os métodos
instrumentais operam na
casa de microgramas.
Entre
os principais métodos instrumentais utilizados na rotina
de
análises de doseamento, tem-se a espectroscopia de absorção
UV-visível e infravermelho, a espectroscopia de fluorescência
(fluorimetria), a polarimetria (rotação óptica), a refratometria (índice
de refração), técnicas eletroanalíticas (ex. voltametria, polarografia,
potenciometria
direta e indireta, condutometria indireta e titulações
amperométricas
), absorção atômica (c ondutimetria indireta), HPLC­
UV, CG, bem como diversas técnicas cromatográficas, acopladas a
outros sistemas de detecção.
Os fundamentos teóricos básicos serão tratados na parte IX do
livro (capítulos 22, 23 e 24). No presente capítulo, são listados apenas
os aspectos práticos pertinentes à rotina de controle de qualidade.
13.1 MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS
Os métodos espectroscópicos são caracterizados pelo produto
da interação matéria e energia eletromagnética. A sensibilidade e
seletividade desses métodos dependem tanto da concentração da
amostra
como da estrut ura química e intensidade ou freqüência de
energia utilizada.
No que diz respeito à concentração, invariavelmente, tem-se
uma
relação direta e proporcional. já a estrutura molecular da
substância analisada define a freqüência de maior absorção e, além de
se relacionar à sensibilidade, pode conferir ao método seletividade.
Com relação à freqüência eletromagnética irradiada sobre a
amostra, têm-se
as bases nas quais são divididos os diversos métodos
espectrométricos (Parte
IX, capítulo 20).
•1231-·

• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

13.1.1 Espectrometria de absorção no UV-visível
Na região de absorção do visível, a fotometria clássica é,
sem
dúvida, um dos maiores trunfos de que dispõe o laboratório na atualidade. Essa técnica de medida é continuamente aperfeiçoada, e
ainda permanecerá
durante
longo período sendo um dos mais úteis
instrumentos de medida.
Quando se usa a espectrofotometria como processo de
medida, basicamente estão sendo
empregadas as propriedades dos
átomos e
moléculas de absorver e em itir energia el etromagnética
em uma das muitas ár eas do espectro el etromagnético.
Portanto, essa técnica instrumental é utilizada para
determinação quantitativa de substâncias, p or meio de luz por
soluções coloridas.
Uma solução quando iluminada por luz branca apresenta uma
cor
que é resultante da absorção relativa dos vários comprimentos de
ond
a. Essa absorção, em cada com primento de onda, depende da
natureza da substância
(K), concentração (C) e do caminho óptico
(l-espessura da
solução que é atravessada pela luz).
Em contrapartid a, várias espécies ditas "sem cor" podem absorver
energia eletromagnética, cu
ja freqüência é mai or ou cujo comprimento
de onda é menor.
Tais substãnci as absorvem no UV (ultravioleta), que
se divide em UY próximo, de menor energia e UV distante, de maior
energia. Como no
UV distante, praticamente, todas as espéci es podem
absorver,
inclusive moléculas simples, como a do oxi gênio, água e gás
carbono. T ais medidas sofrem maior gama de interferência, de modo
que o UV distante é também denominado
UV vácuo.
Entretanto, independentemente da freqüência eletromagnética
ser mais ou menos energética, todas seguem
leis comuns.
13.1. 1. 1 Leis da Fotometria
Quando um raio de energia radiante atravessa uma solução
(Figura 26), a energia radiante incidente (lo) será sempre mais intensa
que a energia emergente (1), e a atenuação da intensidade de energia
pode ser atribuída a:
-·2321•
a) reflexões da interfaces entre o ar e a parede da cubeta, entre a
solução e a parede da cubeta;
b) dispersão p
or
partículas presentes na solução;
c) absorção da energia pelo meio.

MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO
lo ___ _
Figura 26: Absorção da energia radiante que atravessa uma solução


No que diz respeito à dispersão ou absorção da luz incidente,
Lambert postulou
que quanto maior o caminho óptico atravessado pela luz, tanto maiores seriam e sses efeitos.
Assim, a p
rimeira
lei da fotometria, lei de lambert,
estabelece que quando a energia rad iante atravessa uma solução, a
quantidade de energia tran smitida diminui exponencialmente, em
relação ao
aumento da espessura atravessada. Assim:
Log lo
I I = a . b
lo= intensidade da luz incidente;
I =
intensidade da luz transmitida; a = constante caracterlstica da soluçao;
b = espessura (em) da camada atravessa pela l uz.
Portan to, ao se passar uma luz de intensidade e com primento
de
onda determinados por de uma solução ensaio, a transmitância (T)
da solução será o coeficiente entre a intensidade de
luz que atravessa
a solução e a intensidade da luz incidente (LAMBERT, 1760).
T =I I lo
Segundo a Lei de Lamb ert, a transmitância independe do
valor absoluto da luz incidente e a fração desta, que é absorvida
por um meio, é proporcional à espessura do meio atravessado e
i
ndepende da intensidade da
luz incidente.
Se uma determinada solução não absorve e nergia, I e lo têm
o mesmo valor e logo l/lo será igual a 1. Conclui-se, que qualquer
solução que absor va energia terá trans mitância menor que 1 (porque
I, neste caso, men or que lo). Para evitar operações com decimais
recorreu-se ao artifício da
multiplicação por
100. Assim, quando I
e lo são iguais, logo T =1 = 100%.
A correlação entre energia e concentração ve io com a Lei
de Beer, que estabeleceu que quando a energia radia nte atravessa
uma solução, a quantidade de energia transmitida diminui
exponenci almente, com o aumento da concentração da solução.
•1233.

• PARTE V • ENSAIOS DE POT~NCIA
••
Assim:
log lo I I = a . c
ou
A= a. c
Onde:
c = concentração da solução atravessada pela luz.
a = constante característica para solução.
log lo I I = Absorvância (A)
Da combinação das duas leis, surgiu a Lei de Lambert-Beer,
a qual correlaciona a intensidade
de energia, tanto com o caminho
óptico percorrido
(1), como com a concentração (c).
log lo I I = a . c. I
ou
A= a. c .I
Na prática, a absoiVância (A), que é a relação logarítmica entre a
energia incidente (lo) e a energia transmitida (I) pela solução é utilizada
para fins de
cálculo de concentração, por simples regra de três.
Além da absoiVância, a constante
(a) denominada absortividade
é bastante explorada em
cálculos de doseamen to e pode ap resentar
as seguintes variações:
a) absortividade (a): é o quociente entre absorvância ( A) e
produto entre concentração (c), expressa em
g!L e caminho óptico
(b), expresso em em.
Assim: a= A/ bc :. A= a.b.c
b) absortividade molar
(E): é o quociente entre absoiVância
(A) e produto entre concentração (c), expressa em moi/L e caminho
óptico (b), expresso em em.
Assim: E = A
I bc :. E = a. PM, onde PM = Peso Molecular
c) extinção específica (E,%): é o quociente entre absorvância
(A) e
produto entre concentração (c), expressa em
g/1 OOmL e
c
aminho óptico (b), expresso em em.
.
1% I b 1%
ASSim: E1cm= A c:. E1cm= a.10
-·2341•

MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO
13. 1.1.2 Curva de analítica
Como uma dosagem tem a finalidade primordial de avaliar
quantidades, é extremamente importante usar uma r igorosa
calibração v
isando à obtenção de
resultados exatos. Para tanto, são
imprescindíveis as soluções padrões e uso de brancos.
Soluções padrões: são partes importantes da análise
quantitativa no laboratório e usadas nas dosagens de amostras
desconhecidas.
Uma
solução padrão apresenta uma c oncentração
exata de uma substância que servirá como referência na
determinação fotométrica de uma substância desconhecida, tendo
grande
importância no preparo da curva
analítica.
Uso dos brancos: u sa-se o branco em espectrofotometria
para estabelecer o Zero de Absorvância ou 100% Transmitância;
está-se realmente usando um sistema simples de computação para
eliminar: absorvância dos reagentes e das cubetas, perdas por
reflexão e refração, co mpensação do efeito de lente produzido pelas
cubetas redondas.
Usa-
se o ponto Zero A ou
100% T porque assim se elimina
a necessidade de cálculos, pois, nesse ponto, a energia incidente
(lo) torna-se igual a 100.
Em algumas dosagens, obtêm-se brancos com elevada
absorvância, o que dificulta o acer to do zero em muitos aparelhos.
Nesse caso efetua-se a leitura do branco e do teste, acertando o zero
com água destilada e a seguir determinam- se as diferenças entre
branco e teste para
os
cálculos.
Obtenção da curva analítica: a curva analítica é parte
de grande importância do trabalho fotométrico e deve ser bem
e
ntendida. O procedimento a seguir pode ser usado como processo de
preparo da curva:
a) preparar uma série de padrões exatos, cobrindo a faixa de
trabalho desejada ou indicada, usando o padrão recomendado
para o método a ser calibrado;
b) dosar todos os padrões de acordo com a técnica recomendada.
Fazer
as
leituras usando o branco apropriado e também o
comprimento de onda recomendado pela l iteratura ou pela
curva de absorção espectral previamente realizada;
c) ao fazer as leituras em transmitância r ecorrer à tabela de conversão
•12JsC ·

• PARTE V -ENSAIOS DE POTÉNCIA
••
transformando os resultados em absorvância. Plotar os resultados
relacionando absorvância (ordenada) com as concentrações dos
padrões (abscissa). Examinar os pontos obtidos e decidir se eles
serão cobertos por uma linha reta. Se isso ocorrer, traçar a curva
de modo que mais se aproxime de todos os pontos obtidos. A
curva
não deve ser traçada de ponto a ponto, mais
interpolada
por meio dos pontos;
d) a curva analítica deve ter ângulos de 45° em relação ao ponto de
origem (Figura 27). Curvas de ângulos muito agudos ou obtusos
não devem ser utilizados porque não têm sensibilidade ideal.
A
B A-curva muito sensível
B -curva ideal 45°
c
C-curva pouco sensível
Figura 27: Tipos de curva analítica.
A equação da reta de calibração y = bx + a, e o coeficiente
de correlação (r) podem ser obtidos pelo método dos mínimos
quadrados (subcapitulo 8.1, parte 11).
É interessante observar a relação existente entre a curva
analítica e a Lei de Lambert-Beer. Verifica-se por essa equação que
a
absorvância (A) é diretamente proporcional à concentração (c)
quando se considera-se E e
I constantes características da solução
e da cubeta-padrão respectivamente.
13.1.1.3
ÚUTROS MÉTODOS ESPECTROMÉTRI COS
Espectrometria no infravermelho
Enquanto, para fins qualitativos e ensaios de identificação,
o
infravermelho se destaca como uma das principais técni cas; em
ensaios de doseamento poucas são suas aplicações do infravermelho. Como raro exemplo, a (USP 24) preconiza seu uso na identificação
e no doseamento de acetazolamida matéria-prima.
Mais rara ainda, em ensaios de potência, é a aplicação do
RMN, e um dos poucos exemplos de insumos doseáveis por esta
técni
ca é o nitr ito de amilo
(USP 24).

MéTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO
Espectrometria de chama

••
Para cada metal há um valor mínimo de freqüência n, abaixo
do qual não é possível obter emissão de elétrons por mais intenso
que seja o feixe de radiações, ou seja, a energia capaz de arrancar
um elétron está associada à freqüência e não à intensidade da luz.
Existem dois métodos princip ais de espectroscopia de emissão
de chama. O método original, conhecido como fotometria de chama,
é usado
principalmente para
análise de metais alcalinos.
A espectroscopia de emissão atômica ( AES) utiliza a medição
quantitativa da emissão óptica de átomos excitados para determinar
a concentração da substância a ser analisada.
O emprego da espectroscopia de emissão por chama ( FES),
é de ampla aplicação em análise elementar. Pode ser usada para
análise quantitativa e qualitativa e é um método de elemento s imples.
Seus usos mais importantes são a determinação de sódio, potássio,
lítio e cálcio em fluidos biológicos e tecidos.
Espectrometria de absorção atômica
O método de absorção atômica é o mais exato para
determinar a concentração de íons metálicos em solução, mas os
instrumentos
são dispendiosos, sendo baseados em
modelos de feixes
simples e duplo. Esse método é espectroanalítico e se baseia na
atomatização
do íon ou
metal a ser analisado, e se aplica a qualquer
tipo de metal, podendo ser utilizado na análise de sulfato ferroso,
nitrato de prata, cisplatina, aurotioglicolato e outros fármacos ou
compostos bioinorgânicos.
13.2
MÉTODOS ELETROANALÍTICOS
Com exceção da determinação potenciométrica da
concentração hidrogeniônica (pH), os métodos eletroanalíticos
ainda não ganharam o merecido espaço no rol das análises
farmacêuticas.
Potenciometria direta
Na potenciometria direta, a concentração de um íon é
determinada por uma única medida da força eletromotriz da célula
constituída pelo el etrodo indicador associado com o eletrodo de
referência. Os eletrodos de prata/cloreto de prata ou de calomelano
saturado são os eletrodos de referência mais e mpregados.
•1237-·

• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

A determinação do pH de soluções utilizando o eletrodo
indicador com membrana de vidro seletiva aos íons H-são exemplos
comuns de medidas diretas. Eletrodos íon seletivos para ân ions e
cátions diversos podem ser empregados em ensaios limites para
haletos e metais pesados.
Entretanto, no
que diz respeito a ensaios de potência, a
potenciometria direta tem pouca
aplicação. Embora, os avanços
no desenvolv imento de biossensores e outros sistemas de detecção
potenciométrica para molécul as orgânicas apontam para novas
perspectivas.
Potenciometria relativa
a potenciometria relativa, também conhecida como
titulação potenciométrica, determina-se a concentração do analito
por meio de medidas da força eletromotriz da célula após a adição
de volumes sucessivos e conhecidos da solução titulante.
A titulação potenciométrica em tudo se assemelha à
titulometria convencional, exceto quanto ao fen ômeno indicador do
ponto final da titulação apresentan do, ainda, algumas vantagens:
a) pode ser empregada em soluções turvas e fortemente
coloridas;
b) dispensa o uso de indicadores, eliminando-se o erro
co
rrespondente;
c) permite determinar duas espécies químicas em mistura sem
separação preliminar, em uma única titulação;
d) realiza titulações em
meio não-aquoso;
e) pode ser adaptada para titulações automáticas.
O uso da titulação potenciométrica é relativam ente comum
em monografias da Farmacopéia Portugue sa (FP7), porém, raro na
Farmacopéia Americana (USP 24) (Quadro 18).
Quadro 18: Exemplos de insumos doseáveis por titulação potenciométrica
INSUMOS FP7 USP 24
aciclovir Produtos e matéria-prima Só matéria-prima*
adenina Produto e matéria-prima Só matéria-prima*
benzocaina Produto e matéria-prima Ambos
carboximetilcelulose
Só a matéria-prima** Só a matéria-prima
(CMC)
dopam i na Produto e matéria-prima Só matéria-prima*
-
•Produtos sao doseados por HPLC, ••CMC é um exCipiente
-·2381•

MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO
Condutimetria direta


Baseia-se em medidas de condutância específica. Seu campo
de aplicação na análise quantitativa é limitado em virtude da carência
de especificidade da
condutância. Todos os íons presentes em uma solução contribuem para a condutância.
Titulações condutimétricas
Baseia-se
no fato de que íons hidrogênio e
hidroxila
apresentam maior condutividade que os demais. Desse modo,
sensores condutimétricos podem ser empregados para monitorar
pontos de viragem em titulações ácido-base (Figura 28).
Ácido Forte c/ Base Forte
G W
c
Figura 28: Perfil de resposta em curvas de titulação entre ácido forte com base forte e base
fraca,
dado: G = condutância e
C = concentração
Voltametria/Polarografia
As curvas tensão corrente apresentam grande utilidade na
caracterização de processos
de oxirredução.
·Entretanto, com base
na Lei
de Faraday, a intensidade de corrente pode ser diretamente relacionada com a concentração.
Na prática podem-se construir
curvas
analítica concentração
x
corrente, a partir de concentrações conhecidas, tomando-se,
diretamente,
valores dos picos de corrente.
Cromatografia
Os métodos cromatográficos são os mais aplicados pe las
indústrias farmacêuticas no doseamento de fármacos. E ntre estes, a
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) está presente como
método de escolha para mais de 90% dos produtos c onstantes nas
monografias da Farmacopéia Americana 24ª ed. (USP 24).
A cromatografia gasosa (CG) ocupa a segunda posição e,
embora apresente ótima resolução e sensibilidade, não se aplica a
produtos de baixa estabilidade térmica e/ou baixa volatilidade.
•1239 ..

• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA
••
Já a cromatografia de camada delgada (CCD), que em ensaios
de identificação possui ampla aplicação, não apresenta precisão e
sensibilidade compatíveis aos ensaios quantitativos.
A razão pelo sucesso do HPLC no controle de qualidade
de medicamentos, em ensaios de doseamento, deve-se à boa
sensibilidade e baixa vulnerabilidade da técnica a interferente s, já
que se trata de uma técnica de separação acoplada a sistema de
detecção. Outrossim, basta que o produto seja solúvel em algum
solvente cromatográfico e detectável por algum dos diversos sistemas
de detecção para que se possa aplicar esse método.
Quando são realizadas análises em HPLC, CG e CE, o
que se obtêm no final da análise são gráficos com picos que
representam a passagem do analito pelo detector em determinado
instante da análise. O pico apresentado pode ser relacionado com
a concentração dele desde que seja construída uma curva analítica
com padrões. Para estabelecer essa correlação pico/concentração é
preciso
determinar a
altura ou a área dos picos cromatografados.
A altura do pico é um método bastante utilizado para análise
de traços ( quantidades diminutas) e para picos estreitos e com boa
separação. A utilização da altura do pico sofre menos influência de
interferentes do que a área; entretanto, a altura está mais sujeita a
variações
do
fluxo e da temperatura e por esse motivo a área é o
método mais empregado.
As
curvas
analíticas, também chamadas de gráfico de
calibração, estabelecem uma relação entre a respo sta do instrumento
e uma certa concentração de analito. A linearidade, por sua vez,
determina até
que ponto essa
relação se mantém linear.
As curvas analíticas são construídas pela análise de alíquotas
de solução padrão, realizada em replicatas. As alturas ou áreas dos
picos registrados
são
plotadas no eixo das ordenadas e as respectivas
co
ncentrações no eixo das abscissas. A
melhor relação entre os
pontos encontrados é obtida por meio de regressão linear pelo
método dos mínimos quadrados. A regressão linear é uma maneira
de
encontrar a
melhor linha reta por pontos experimentais que
possuem alguma dispersão e não caem perfeitamente sobre uma
linha reta. Com o método dos mínimos quadrados obtém-se uma
relação linear (primeira ordem) entre a resposta do detector (y) e a
concentração (x) da substância na amostra, que pode ser expressa
pela equação y = ax + b, onde "a" é o coeficiente angular e "b",
o coeficiente linear. A regressão linear pelo método dos mínimos
quadrados é um recurso disponível na mai oria dos programas
... 2401•

MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO


utilizados em cromatografia e na construção de planilhas eletrônicas,
como o Excel. Dessa forma, as equações matemáticas para realizá-la
não serão descritas aqui.
Por meio regressão linear pode-se encontrar também o
coeficiente de correlação linear (r). O r mede o afastamento angular
entre duas retas de regressão o que significa, em outras palavras e
na prática,
que o r expressa
"o quanto" os pontos avaliados caem
sobre a reta estabelecida. Quando o r = ±1, as declividades das retas
serão idênticas e,
portanto, haverá
correlação linear perfeita entre
elas. Já um r = O significa que as retas estão em ângulo reto e não
existe correlação linear entre elas. Coeficientes de correlação acima
de 0,95 são aceitáveis para a maioria dos métodos analfticos.
•1241-·

CÁLCULO DE OOSEAME NTO
14 CÁLCULO DE DOSEAMENTO


GIL, E.S. & BARBOSA, W.G.
A determinação do teor de princípios ativos, seja em matérias­
primas,
seja em produtos finais, segue várias etapas que se iniciam
na
fase de amostragem, segue
pela preparação da amostra, tomada
de ensaio, diluições, aplicação de um método validado, tratamento
estatístico e encerra-se com cálculos de doseamento.
Embora esta última etapa seja a mais fácil por razões
variadas, ela causa, com freqüência, amedrontamento aos alunos
de graduação.
Consid
erando-se que nesse contexto os aspectos práticos
são mais
contundentes que os matemáticos, pretende-se aqui
minmizá-los.
Devem ficar bem claros alguns conceitos práticos relevantes
à interpretação de problemas relacionad os com os cálculos de
doseamento
de fármacos em medicamentos.
Teor declarado (TD): Também denominado como Teor teórico
(Tt) ou
Valor rotulado (V r)*, diz respeito à quantidade de fármaco, ou
seja,
de princfpio ativo (p.a.) teoricamente, presen te em cada dose posológica. O teor declarado de fármaco deve ser e é aprese ntado
no rótulo e na embalagem do medicamento. Em doseamento de
medicamentos, o fármaco
corresponde ao
principal analito.
Exemplos
Cada frasco de 1 5 ml de Tylenol!> gotas contém 200 mg de
p.a. por ml.
Por outro lado cada comprimido de Tylenol«> pode apresentar
500 ou 750 mg.
Peso Médio (PM): Diz respeito ao mesmo peso médio obtido
em ensaios físicos oficiais , e para comprimidos corresponde à média
obtida de vinte unidades de comprimido.
*A sigla Vr deve ser evitada, pois pode s er interpretada t ambém como
Valor real.
•1243-·

• PARTE V. ENSAIOS DE POTÊNCIA
••
Teor real (Tr): Corresponde à quantidade real obtida de p.a. pelo
ensaio de potência; pode também ser designado como teor obtido.
Dose Terapêutica (TD): Corresponde a uma dose posológica.
Caso a dose seja administrada em colher de chá (5 ml), esta é
expressa em mg/5 ml, se administrada em cálice, mg/30 ml. Já para
soluções gotas é, normalmente, expressa em mg/ml.
Tomada de ensaio: Corresponde à quantidade pesada
ou tomada em volume da forma farmacêutica para se efetuarem
diluições ou proceder diretamente a análise.
Alíquota de ensaio: Corresponde à quantidade de
amostra, diluída ou não, a ser utilizada diretamente no ensaio de
doseamento.
Concentração de
leitura: Após feitas todas as diluições
necessárias na etapa de preparação da amostra, a concentração de
leitura corresponde à concentração de p.a. na solução final.
Fator de diluição (FD): Corresponde a um número que
multiplicado pelo teor obtido de p.a. na alíquota de ensaio ou
concentração de leitura, que permite conhecer o teor de p.a. na
tomada de ensaio.
Diluições (D): São procedimentos empregados no sentido
de adequar a concentração teórica da amostra à concentração de
leitura, ou seja, a faixa de concentração em que o método responde,
linearmente, com exatidão e precisão adequadas.
Fator
titulométrico (Ft): É um fator que
multiplicado pelo
volume gasto de titulante fornece a quantidade em miligramas de
analito em doseamentos por volumetria.
Fator gravimétrico (Fg): É um fator que multiplicado à
massa pesada de precipitado em análises gravimétricas fornece a
quantidade em mg do analito.
Pa = Pr. Fg
Fator de correção (Fc): É um fator que deve ser multiplicado
à concentração teórica ou ao resultado final a fim de corrigir desvios
relacionados com a concentração real de soluções volumétricas
de padrões secundári os. É obtido pela padronização com padrões
primários.
-·2441•
(C], = [CJ, • Fc
N, = N,. Fc
Mr = Mt. Fc

CÁLCULO DE DOSEAMENTO
14.1 CÁlcuLO DA ToMADA DE ENSAIO E DILUIÇÃO

••
Para cada análise não existe uma única tomada de ensaio
(TE) possível, mas uma faixa permitida dentro do bom senso.
A escolha da quantidade a ser tomada ensaio fundamenta-se,
essencialmente,
em aspectos práticos. Entre os práticos que devem
ser considerados estão:
a) tipo de forma farmacêutica ( líquida ou
sólida);
-sólidos e semi-sólidos são pesados em balanças analíticas;
-líquidos e semi-líquidos são tomados em volumes.
b) peso médio, teor declarado e dose terapêutica.
c) sensibilidade do método (concentração usual de leitura ou da
alíquota de ensaio);
d) características da amostra como higroscopicidade, consistência,
estabilidade e outras.
Em análises menos sensíveis, co mo as clássicas em geral, a
tomada de ensaio não sofre diluição e integra a quantidade de p.a.
requerida
à
alíquota de en saio. já para métodos mais sensíve is, como
os instrumentais, a tomada de ensaio invariavel mente sofre uma ou
m
ais
diluições.
No caso de formas sólidas (ex. comprimidos e cápsula s), diz
respe
ito à porção do peso médio
utilizada e deve respeitar aspectos
como faixa de segurança da balança analítica, precisão e evitar
desperdício da amostra. Assim, recomenda-se
que se
trabalhe na
casa de dezenas a centenas de miligramas.
No caso de formas líquidas, em ensaio quantitativo, deve-se
trabalhar com pipetas volumétricas, pelas mesmas razões anterior es,
e usualmente empregam-se pipetas de 5 e 1 O ml.
Em relação aos problemas relacionados com doseamento,
o cálculo da tomada de ensaio é o primeiro a ser determinado,
seguido pelo cálculo ou planejamento das diluições.
Para a determinação da tomada de ensaio, deve-se partir
do pressuposto de que todos os aspectos práticos estão sendo
respeitados, como viabilizar os cálculos de diluições.
As diluições são, geralmente, imprescindíveis à preparação
de amostra no sentido
de se adequar a concentração da amostra ao
método de
análi se. Como exemplo, o método espectrofotométrico
•1245~~

• PARTE V -ENSAIOS DE POTÊNCIA

no UV-Visível responde bem na faixa de dezenas de microgramas,
enquanto volumetria clássica opera com alíquotas de ensaio
contendo centenas de miligramas.
O número de diluições necessárias depende do tamanho
da tomada de ensaio, e do número de diluições resulta o
fator de diluição.
14.1.1 Exemplos de cálculo de tomada de ensaio
I) Considere as seguintes situações:
a) comprimidos de AAS (Aspirina®), valor declarado 500 mg,
alíquotas de ensaio contendo 1 g e peso médio de 625 mg;
b) cápsulas de vitamina contendo 100 mg de nicotinamida/PM;
Dado: PM
=
400 mg, alíquota de ensaio equivalente a 50 mg
de nicotinamida;
c) elixir de betametasona (Celestone®), valor declarado 0,5 mg!dose
terapêutica (
DT), concentração de
leitura do padrão de 20 ,ug/ml.
Dado: DT = .5 ml;
d) suspensão oral de amoxicilina triidratada (Novocilin®), teor
declarado de 400 mg/DT, solução padrão 1 mg/ml, alíquota de
ensaio 5
ml, DT = 5 ml;
e)
solução de paracetamol (Tylenol® gotas), valor rotulado de 200
mg/ml, concentração de leitura do padrão 1.5 ,ug/ml.
I A) Análise subjetiva dos aspectos práticos
Na situação "a" e "b", têm-se formas sólidas, cujos pesos
médios (PM) são, respectivamente, de 625 e 400 mg; logo a tomada
e Ensaio
(TE) será obtida por pesagem.
Outra informação importante
é que para os respectivos métodos esperam-se alíquotas de ensaio
contendo 1000 e 50 mg de princípio ativo (p.a.).
Nessas situações,
os seguintes aspectos práticos devem ser
pensados:
-·2461•
a) na prática a faixa a ser pesada em balanç as analíticas oscila entre
1 O mg e 1 .000 mg. Números maiores representam desperdício
e menores imprecisões;

CÁLCULO DE DOSE AMENTO

••
b) assim, restam três opções possíveis e corretas:
Exemplo
-tomar qualquer valor ao redor de 1 g para o caso do AAS e
qualquer valor entre 50 mg e 1 g para nicotinamida;
-caso opte-se
por não fazer
diluições, tomar valores mais
próximos possíveis de 1 g de AAS e 50 mg de nicotinamida;
-caso opte- se por fazer diluições, considerando- se que os
balões e pipetas volumétricas são na maioria múltiplos de 5,
tomam-se valores para tomada de ensaio facilmente, divisíveis
que viabilizem, portanto, tais operações matemáticas.
Para nicotinamida, tomar-seiam, por exemplo, TE contendo
100 mg (FD = 2). 500 mg (FD = 1 O) ou 1 .000 mg (FD = 20).
Já no caso do MS, cuja alíquota de ensaio é muito alta haveria
obviamente elevado desperdício, caso se optasse por tais diluições.
No caso das amostras "c", "d" e "e", correspondentes às
formas líquidas, a flexibilidade para tomada de ensaio é bastan te
limitada, uma vez que, em en saios quantitativos, deve- se trabalhar
com pipetas volumétricas.
Logo, a questão é qual pipeta a escolher para retirar amostra
dos respectivos frascos e
proceder a
análise ou as diluições?
Nesse contexto, deve-se pensar que pipetas de 1, 2 e 3 mL
podem acarretar em maior erro operacional que pipetas maiores.
Outrossim, pipetas volumosas, como as de 50 ou 100 mL, são inviáveis
em rotinas de controle de qualidade, pois, além de acarretarem mai or
desperdício, demandam maior tempo para sucção.
De
modo
geral, as pipetas volumétricas mais empregadas
nest
es ensaios são de 5 e 1
O m L.
Em contrapartida, as situações "c" e "e", cujas concentrações
de leitura estão na casa de microgramas demandaram maior número
de diluições que a situação "d".
Partindo desses pressupostos, pode-se optar por fazer tomada de
ensaio de 5 mL para situações "c" e "e" e de 1 O mL para situação "d".
Entretanto, qualquer que seja a opção, quando são necessári as
diluições para preparação da amostra, fato que é bem freqüente, nem
sempre a opção de tomada de ensaio escolhida facilita tal processo.
Lembre-se
que,
além das pipetas, os balões devem também
ser volumétricos, e balões muito pequenos ou muito grandes
dificultam o trabalho.
•1247-·

• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

I 8) Resolução objetiva
A) Comprimidos de AAS (Aspirina®)
TO= 500 mg!PM, alíquotas de ensaio= 1 g e PM = 625 mg.
500 mg (TO) --------------------625 mg (PM)
1 .000 mg (alíquota desejada) --------X (TE)
TE = 1250 mg (balança analítica)
FO = 1 (quando não há necessidade de diluições)
D=TE
1
TE = alíquota de ensaio
Obs.: Cada 1.250 mg de Aspirina deveria conter 1.000 mg
de
ácido
acetilsalicílico (AAS), caso o produto apresentasse 100%
do valor rotulado.
B) Cápsulas de nicotinamida
TO = 100 mg/PM, PM = 400 mg, alíquota de ensaio = 50
mg de nicotinamida.
1 00 mg (TO) --------------400 mg (PM)
500 mg (p/ 1 O alíquotas) --------X (TE)
TE = 2.000 mg (500 mg de nicotinamida) (balança
analítica)
Para alíquotas contendo 50 mg de nicotinamida
FO = 500 I 50 = 1 O
D= TE X 10 =-1-
100 1 100
Exemplo: Transfere-se 2 g da amostra (que contém
teoricamente 500 mg de p.a.) para balão volumétrico de 100 ml e
toma-se
1
O ml para cada ensaio.
C) Elixir de betametasona (Celestone$)
TO = 0,5 mg/OT, OT = 5 ml, [P]L = 20 f.lg ml.
Opção 1:
TE = 5 ml (pipeta volumétrica)
TO = 0,5 mg I 5 ml :. TE contém 0,5 mg
FO = 0,5 I 0,02 = 25
Exemplo: Transferir para balão de 25 ml e tomar alíquota
para leitura.
-·2481•

CÁLCULO DE OOSEAMENTO

••
Obs.: Esta opção consome menor quantidade de
amostra e solvente
Opção 2:
TE = 1 O ml (pipeta volumétrica)
TD = 0,5 mg I 5 ml :. TE de 1 O ml contém 1,0 mg
FD
=
1,0 I 0,02 = 50
Exemplo: Transferir para balão de 50 ml e tomar alíquota
para leitura
Opção 3:
TE = 20 ml (pipeta volumétrica)
TD = 0,5 mg I 5 ml :. TE contém 2,0 mg
FD
=
2,010,02 = 100
Exemplo: Transferir para balão de 50 ml, transferir 25 ml
para outro balão de 50 ml e tomar alíquota para leitura.
D = TE X 25 = _I_
50 50 100
Obs.: Embora consuma maior quantidade de amostra e
solvente,
essa opção pode viabili zar separação de substâncias insolúveis
por meio de filtragem e transferência para o segundo balão.
D) Suspensão oral de amoxicilina triidratada (Novocilin®)
Dados:
TD =
400 mg/DT, DT = 5 ml, [P] = 1 mg/ml,
alíquota de ensaio 5 ml.
Para TE = 5 ml (pipeta volumétrica)
Consi
derando que TD =
400 mg I 5 ml :. TE conteria 400
mg/ml de p.a.
Logo
se FD = [p.a.]TE
I [p.a.] AE :. FD = 400 mg/1 mg = 400
D= TE x 25 =-1-
100 100 400
E) Solução de paracetamol (Tyleno l~ gotas).
TO = 200 mg/ml, [P]L = 15 jlg/ml.
Opção 1:
TE = 5 ml (pipeta volumétrica)
•1249W&iii

• PARTE V -ENSAIOS DE POTÊNCIA
••
TO = 200 mglml :. TE = 200 . 5 = 1 .000 mg
FO = 1.000 mg I 0,015 = 66.666,666
Opção 2:
D = TE X _!Q X _!Q X _!Q_ = -
1
-
100 50 50 250 62.500
TE = 1 O ml (pipeta volumétrica)
TO = 200 mglml :. TE = 200. 1 O = 2.000 mg
FO = 2.000 mg I 0,015 = 133.333,333
TE 5 5 20 1
D=-X-X-X-=---
1 00 50 50 250 125.000
Obs.: Quando a TE é feita por tomada de volume, dada a
l
imitação imposta pelos instrumentos, muitas vezes é impossível
obter valores exatos.
14.1.2
Exemplos de cálculo de doseamento
Considerando os casos utilizados como exemplo nos cálc ulos
de tomada de ensaio e diluição, calcule o que se pede:
a) no doseamento de comprimidos de Aspirina®, 500 mg, foi
utilizada a volumetria de retorno da IP3. Sabendo que foram
utilizados alfquotas de ensaio contendo o equivalente a 0,2 g
(200 mg)deAASeadicionados50 ml NaOH 0,1 moiL-
1
• Calcule
o volume gasto de ácido H
2
S0
4
0,1 N? Dados: PM AAs = 180,2;
PM = 625 mg, TE = 1250 mg, Fc = 1,0001
1°. Passo: Analisar estequiometria da reação.
~ COOH
o
Vo A___
+ 2 NaOH
180,2 g -------------2 . 40 g
200,0 mg ---- ----------x
x =
88,79 mg (ou seja
0,2 g de AAS consumiriam 88,79 mg
de aOH)
-·250,.

CÁlCUlO DE DOSE AMENTO


2° Passo: Encontrar o volume de solução equivalente à massa
de NaOH.
o 1 = 88, 79( ... )
' 4Ü.V(ML)
V= 22,20 ml
Ou seja, o volume necessário de solução de Na OH O, 1 molL-
1
para conter 88,79 mg de base
é de 22,20 mL
Logo, se o volume consumido de base pelo AAS foi de
22,20 mL, restam (50-22,2) 27,80 ml para serem consumidos pela
solução de áci do.
3° Passo: Encontrar o volume gasto de H
2
50
4
0,1 N,
equivalente ao volume excedente de base.
Para NaOH cujo neq = 1, a molaridade equivale
à normalidade.
N= m<,.,J
PM/ .V(Ifll.)
/neq
Normalidade corrigida do H
2
50
4
0,1 N
0,1 .1,0001 = 0,10001 N
Logo:
O, 1 N . F c
N
7
v
1
= N
2
v
2
0,10001v, = 0,1. 27,80
v,= 27,80 mL
Conclui-se que na volumetria de retorno utilizando os dados
anteriores, gastaram-se 27,80 mL de solução de H
2
50
4
0,10001 N.
b) Qual o peso de resíduo (precipitado) obtido no doseamento
gravimétrico da
nicotinamida, sabendo que, o teor encontrado foi equivalente a 95% do valor rotulado. Dados: PM = 400,0 mg,
TO= 100 mg/ PM, Fg= 0,1929, TE= 2,0000 g e FD = 10.
Considerando que o teor encontrado foi de 95 mg/PM
95,0 mg -------- ----------400,0 mg
x
-----------------------
2.000,0 mg
x = 475,0 mg
•1251-·

• PARTE V-ENSAIOS DE POTÊNCIA
••
Para FD = 10
Alíquota de ensaio (quantidade analito no ensaio)= 475,011 O
= 47,5 mg
Se peso analito (Pa)= peso resíduo (Pr). Fg
Pr = PaI Fg
Pr = 47,510,1929
Pr = 246,24 mg
Logo:
Peso encontrado para o resíduo foi de 246,24 mg.
c) Calcule o teor de betametasona em uma amostra de
Celestone®, de elixir cujo teor declarado é de 0,5 mg/5ml. Dado:
[P]L = 20 fJg I ml, Ap = 0,500, Aa = 0,550, TE = 1 O ml, FD = 50.
1° Passo: Encontrar concentração de leitura da amostra
[A]L -----------------Aa
[ P]L -----------------AP
[A]L -----------------0,550
0,02 mg I ml ----0,600 :. 0,018 mg/ml
(18!-lg/ml)
2° Passo: Encontrar concentração de p.a. na TE ([p.a.]
1
E),
para tanto basta aplicar FD a concentração da solução de leitura ou
alíquota de ensaio ([p.a. ]AE).
[p.a.]TE = FD • [p.a. ]AE
0,018 mg/ml • 50 = 0,9166 mg/TE
3° Passo: Encontrar teor real.
Considerar que dose posológica é de 5 ml (-1 colher
de sopa)
p.a.rE -------------TE
p.a. ---------------PM
0,9166 mg---------1 O ml
x ----------------5 ml :. 0,46 mg/5 ml
Teor real encontrado é de 0,46 mgl5 ml, o que corresponde
a 91,7%
do
valor rotulado.
d) Uma amostra de suspensão oral de amoxicilina triidratada
(Novocilin"') foi analisada pelo método iodo métrico (USP 24). Obteve-se
41 O mg/DT. Qual foi o volume de tiossulfato de sódio cons umido
ililm2s2J•

CÁLCULO DE DOSEAMENTO

••
pela amostra sabendo- se que: o volume gasto pelo branco da amostra
(vgBA)
= 9,5 ml,
volume gasto pelo branco do padrão(vgBP) = 9,0
ml, e volume gasto pelo padrão (vgP) = 3,0 ml.
Dados: TO = 400 mg/DT, solução padrão 1 mglml, alíquota
de ensaio 5 ml, DT = 5 ml, TE = 5 ml e FD = 400 .
1° Passo: Entender o princípio do método e montar uma
regra
de três. O uso de solução padrão, bem como dos brancos em
um ensaio clássico (v olumetria de oxi-redução), nesse caso, vi sa
minimizar a baixa seletividade do titulante (iodo). Trata- se de
uma volumetria por retorno em que as soluções "branco" não são
tratadas por completo, logo consomem menos iodo que as soluções
tratadas. Deste modo, o volume gasto de tiossulfato será maior para
os brancos, pois restam mais molécu las de iodo disponíveis. Assim, a
diferença
entre os
volumes gastos para soluções branco pelo v olume
gasto das soluções padrão e as amostras completamente tratadas são,
respectivamente, proporcionais
às concentrações da amostra e do
padrão na
alíquota de ensaio ([A]AE e [P]AE).
VgBA-vgA ---------[A)AE
V~P-vgp ---------[P )AE
9,5 ml-vgA ------- -------[A)AE
9,0 ml-3,0 ml --------- [P)AE
2° Passo: Encontrar valores de concentração do padrão na
alíquota de ensaio com bases nos dados do problema.
Dados: TO = 400 mg/DT, solução padrão 1 mg/ml ( [P)
5
,.),
alíquota de ensaio 5 ml, DT = 5 ml.
[P)AE = [P)
5
M •
Alíquota
de ensaio :. 1 . 5 = 5 mg/ml
3o Passo: Encontrar valores de concentração da amostra
na alíquota de ensaio, sabendo que o teor encontrado foi de
41 O mg/DT.
Dados: DT = 5 ml, TE = 5 ml e FD = 400, alíqu ota de
ensaio
= 5 ml.
[A)AE = 5.
410/400 = 5,125 mg/ ml
•1253-·

• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

4° Passo: Substituir valores encontrados e calcular vgA.
9 5 ml-vg ---------------5 125 mglml
9 5 ml-vg --------[A] ' " '
9, O ml-3 ~ ml ---[Pt 6,0 ml ----------------------5,0 mglml
1 1
AE 9,5 · vgA = 6,15 vgA• 9,5-6,15 = 3,35 ffil
e) (Provão Farmácia 2001) A absorbância de uma amostra,
contendo uma proteína e um fármaco, determinada em cela de 1
em de cam
inho óptico, é de
0,525 a 280 nm e 0,75 a 260 nm. Os
dados do quadro abaixo referem-se aos coeficient es de absortividade
molar (8) da proteína e do fármaco a 260 e 280 nm.
82so (M·1 .cm-1) 82so (M·1 .cm-1)
Proteína 2,0 x 1 o• 3,0 X 10
4
Fármaco 1 ,5 X 1 0
4
2,5 X 10
3
As concentrações da proteína e do fármaco são respectivamente:
Resolução
1° Passo:
Montar sistema de duas equações segundo a Lei de Beer
(A=a.b.c), onde A= absorvância, a = absortividade (8), b = caminho
óptico (1 em) e c = concentração (moiL-
1
).
{
A
t-26o
= aP!'-26o> x c P + a F!'-260> x c F
A,_2so = aP(I2Bo> x c P + a m.2so> x c F
Onde: C P e C F referem-se à concentração da proteína e
do fármaco e serão respectiva mente substituídos por x e y.
2° Passo:
Escolher método matemático de cálculo
e.1) Método de Cramer
1° Passo: Substituem-se os valores dados ao sistema de duas
equações:
-·2541•

CÁLCULO DE DOSEAMENTO
{
0
,525
= 3,0.1 0
4
X + 2,5.1 0
3
y
0,750 = 2,0.10
4
X+ 1,5.10
4
y
2° Passo:
Aplica-se divisor comum a cada equação
{
0
,525
= 3,0.10
4
X+ 2,5.10
3
y (+10
3
)
0,750
= 2,0.10
4
X+ 1,5.10
4
y (+10
4
)
D
{
30x + 2,5y = 525 . 1 o·
6
2x + 1,5y = 75. 10·
6
3° Passo:

••
A partir do sistema simplificado, montam-se matrizes D, Dx e Dy.
D
=
[30 2,5]
2 1,5
det D = 30. 1,5 - 2 . 2,5 = 45 -5 = 40
4° Passo:
Determina-se a concentração de proteína
Dx ~ ~~5 ; ~~ · ;:~
det Dx = 787,5. 10·
6
-187,5. 10·
6 = 600 .10·
6
x = Dx 1 D = 600 . 1 o·
6
+ 40 = 1 5 . 1 o·
6
•1255-·

• PARTE V-ENSAIOS DE POT~NCIA
••
5° Passo:
Determina-se a conce ntração do fármaco:
Dy
=
(s25 . 1 o-6 3oj
~5 . 10-6 ~
det Dy = 2.250 .10·
6
-1050. 10·
6
= 1.200 .10·
6
y = Dy I D = 1.200 . 1 o-
6
7 40 = 30 . 1 o-
6
y = 3,0. 10-s moi.L·
1
e.2) Método da Adição
1 º Passo:
Considera-se sistema simplifi cado (2º Passo d.1 "método
Cramer")
{
30x + 2,5y = 525 . 1 o-
6
2x + 1 ,Sy = 7 5 . 1 o-
6
2º Passo:
Multiplica-se uma das equações por número z, tal que,
elimine uma das incógnitas. Ou seja, para eliminar x:
P I :o: 1:
0
2~,:: ~~: . ,~
~ 2x + 1,5y = 75. 10·
6
(-15)
{
30x + 2,5y = 525 . 1 o-
6
-30x-22,5y = -1.125 .10·
6
-·2561•
3º Passo:
Subtraem- se equações e obtém- se concentração do fármaco (y).
30x + 2,5y = 525 . 1 o-
6
-3 Ox -2 2, 5 y = -1 .1 2 5 . 1 o-
6
Ox -20y = -600 . 1 o-
6

CÁLCULO DE DOSEAME NTO
y ==-600. 10"
6
-;-(-20) == 30. 10"
6
y == 3 ,o . 1 o-s moi.L·l
4º Passo:


Substitui- se valor encontrado para y em uma das equações e
obtém-se con
centração de protefna, ou seja, o
valor de x.
30x + 2,5y == 525 .10·
6
30x + 2,5 (3,0 . 1 o-s) == 525 . 1 o-
6
X== 52,5 .10·
5
-7,5 .10·
5
-i-30
x = 1,5. 10-s moi.L-
1
•1257-

• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA
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CÁLCULO DE DOSEAMENTO

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CÁLCULO DE DOSEAMENTO

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• PARTE V -ENSAIOS DE POTENCIA
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-2641•

,
ENSAIOS FISICOS
DE QUALIDADE
"Um homem nunca sabe aquilo de que é capaz
até
que o tenta
fazer."
(Charles Dickens)

ENSAIOS DE QUALIDADE


15 ENSAIOS DE QUALIDADE
GIL, E. S. & MACHADO, A.A.
O termo ensaio de qualidade é bastante abrangente e vago,
tendo
por objetivo
avaliar se determinados atributos ou características
do produto estão em conformidade com especificações estabelecidas
pelo próprio fabricante ou determinadas pelo consumidor.
Tais atributos são, geralmente, associados a parâmetros
físicos,
motivo
pelo qual o termo ensaio de qualidade é referido
por ensaio físico.
Por
definição, os ensaios de
qualidade englobam ensaios
físicos
ou físico-químicos que não são
aplicados à análise de
identidade, pureza à potência.
Os ensaios físicos, por sua vez, são, geralmente, aplicados a
produtos acabados, e estão associados
de modo direto ou indireto,
a um ou mais dos seguintes aspectos:
a)
estabilidade ffsica;
b) uni
formidade;
c)
biodisponibilidade.
A conformidade com as especificações de
qualidade, para
esses ensaios de desempenho físico, é importante para garantir
a
eficácia terapêutica e prazo de
validade das diversas formas
medicamentosas ou cosméticas.
Assim, valores de tempo de desintegração de um comprimido
ou de pH de uma solução estarão, direta ou indiretamente,
relacionados com os processos de dissolução/absorção, e, portanto, a
biodisponibilidade do fármaco, enquanto a friabilidade e dureza de um
comprimido definirão
sua
estabilidade física. Outrossim, a granulometria
e reologia de matérias-primas sólidas podem garantir a uniformidade
de dosagem e conteúdo de diferentes formas sólidas e plásticas.
A categoria na qual se intitulam os ensaios de qualidade ou
desempenho físico pode
ser subdividida segundo os seguintes critéri os:
•1267-

• PARTE VI -ENSAIOS FISICOS DE QUALIDADE

a) tipo ou princípio do método: Ensaios de Qualidade
Físicos ou Físico-Químicos;
b)
tipo de amostra: Ensaios de
Qualidade Aplicados
a Produtos (medicamentos ou cosméticos) ou matérias-primas
(ati
vos ou adjuvantes);
c)
forma farmacêutica: Ensaios de
Qualidade Aplicados a
Formas Sólidas, Semi-Sólidas ou Líquidas;
d) fonte: Oficiais ou
Não-Oficiais.
Entre os ensaios de desempenho físico
aplicados a
medicamentos, fazem parte o
grupo de ensaios oficiais e o grupo de
ensaios não-oficiai
s, os quais são relacionados com as propriedades
mecânicas e
reológicas de formas farmacêuticas sólidas, plásticas e
líquidas, podendo ser aplicáveis também a produtos cosméticos.
Formas farmacêuticas sólidas, como comprimidos, cápsulas,
pós e granulados, requerem variados ensaios de qualidade físicos
oficiais, bem como, na maioria dos casos, de ensaios complementares
não-oficiais. Entre os ensaios oficiais destacam-se ensaios de
resistência mecânica, uniformidade e biodisponibilidade in vitro. Os ensaios relacionados com a resistência mecânica, tais co mo
dureza e friabilidade, visam a avaliar ou estimar estabilidade física
de co
mprimidos; já ensaios como tempo de desintegração e tempo
de
dissolução, são ensaios in vitro que servem como parâmetro
de biodisponibilidade para comprimidos, drágeas, cápsulas e
supos
itórios, e,
finalmente, ensaios assoc iados à uniformidade,
tais como peso médio e individual de unidades de dose individual
ou múltipla, servem para assegurar aspectos posológicos. Já entre
os ensaios de qualidade não-oficiais relacionados com as formas
sólidas, destacam-se dimensões de formas obtidas por compressão,
adesiv
idade de
cápsulas, cor, sujidade, entre outros ensaios
empregados no controle de processo ou da qualidade física de
produtos acabado
s.
No caso de formas
líquidas como soluções, são requeridos,
oficialmente, ensaios físico-químicos co mo d_>ten:ni.o.ação de pH e
densidade e ensaios físicos
como determinação do
volume de envase.­
E
xtra-oficialmente, são recomendadas
análises de sedimentação, cor,
viscosidade, en
tre outros. Para suspensões e emulsões, as monografias indicam a
determinação de volume e viscosidade, enquanto a determinação do
grau de s ubdivisão, taxa de sedimentação e co mportamento reológico
é, comumente, efetuada de modo voluntário pelo fabricante.
-·2681•

ENSAIOS DE QUAliDADE

••
Finalmente, para formas semi-sólid as, os ensaios de qualidade
mais comuns são a
determinação de peso médio e uniformidade,
bem como, não oficialmente, a determinação da consistência e/ou
comportamento reológico. Os ensaios físicos podem ser divididos em métodos oficiais,
preconizados pelas monografias farmacopéicas e não-oficiais, quando
aplicados voluntariament
e, conforme interesse do fabricante. A Tabela 15 lista alguns exemplos de ensaios físicos oficiais e não-oficiais.
Tabela 15: Ensaios físicos aplicados a formas farmacêuticas
Formas
Oficiais Não-Oficiais
Farmacêuticas
Peso Dimensões
Comprimidos Desagregação Aspecto
Dureza I Friabilidade Cor
Peso Aderência
Cápsul
as Desagregação Cor
Dissolução Resistência ao choque
Taxa de sedimentação
Suspensões e
Volume Grau de subdivisão
emulsões Viscosidade
Comportamento
Reológico
Volume
Aspecto, cor, odor
Soluções pH
Sedimentação
Coacervação
Densidade
Viscosidade
Peso
Homogeneidade
Supositórios e
óvulos
Desintegração
Intervalo de fusão
Capacidade de cessão
Consistência
Pomadas
Peso
Equilíbrio de fases
Comportamento
Reológico
Esses ensaios poderiam ser divididos também, segundo suas
aplicações, em: ensaios físicos aplicados a matérias-primas, a formas
farmacêuticas líquidas, a formas farmacêuticas sólidas e a formas
plásticas e semi-sólidas.
Os ensaios físicos aplicados a matérias-primas são raros.
Fazem
parte desse grupo aqueles ensaios relacionados com as

• PARTE VI -ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

propriedades reológicas de sólidos, tais como a granulometria
e determinação de ângulo de repouso, e os aspectos visuais de
materiais de acondicionamento e embalagem.
15.1 ENSAI OS fíSICOS APLICADOS A fORMAS SóLIDAS
Entre os ensaios físicos aplicados a amostras sólidas, destacam-se
a
granulometria e determinação do
ângulo de repouso, ambos
os ensaios aplicados a matérias-primas, respectivamente ensaios
oficiais e extra-oficiais. Esses ensaios se relacionam a propriedades
reológicas, e são parâmetros tecnológicos fundamentais à produção
farmacêutica, sendo, comumente, realizados nas fases de controle
de processo e/ou desenvolvimento de produto.
No que diz respeito a produtos acabados, os ensaios físicos
são variados, e a relevância de cada ensaio está mais ou menos
intensamente relacionada com a estabilidade, uniformidade
e biodisponibilidade.
15.1.1 Granulometria e ângulo de repouso
A granulometria de partículas sólidas é fundamental à
produção farmacêutica.
O tamanho, a forma e a uniformidade da partícula determinam
suas propriedades de fluxo, e, conseqüentemente, a eficiência de uma
mistura, de enchimento e compactação. Outrossim, a granulometria pode
também influir na solubilidade e tempo de dissolução necessário.
A me
dida de
ângulo de repouso, embora pouco praticada na
r
otina do controle de qualidade, pode ser bastante
útil para avaliar
as propriedades de fluxo de pós e s uas misturas.
Determina-se o ângulo de repouso pela sua tangente
(tg), a qual é determinada pelo quociente do cateto oposto pelo
adjacente. Onde o cateto oposto seria a altura do monte formado
pelo pó escoado e o cateto adjacente o raio da base do "cone"
desse monte.
Dado: tg a= h I r, sendo que quanto maior o ângulo menor
-·2701•

ENSAIOS DE QUALIDADE

••
o fluxo, de modo que consideram para fins práticos que sistemas
com ângulo menor que 30° de bom fluxo, enquanto quando maior
ou igual a 45° de baixo fluxo. A apresenta alguns v alores típicos de
ângulo de repouso para diluentes sólidos.
Tabela 16: Ângulos de repouso característicos de diluentes sólidos
INSU
MO
Cloreto
de sódio
Fosfato dibásico de cálcio
Lactose
Sulfato de cálcio
ÂNGULO DE REPOU SO
38°
28,3°
35 a 40°
37,6°
A granulome tria ou tenuidade de matérias-primas constituídas
de partículas sólidas (pó) é obtida por ensai os oficiais farmacopéicos
com u
so de jogos de peneir as de forma
manual ou monta dos em
ordem cresce
nte de m esh
(Tabela 1 7) em um aparelho denominado
granu lômetro.
Tabela 17: Malha de peneiras ou tamises (abertura em Mesh)
ASTM I USS TYLER I MESH ABERTURA ( mm)
10 9 2,00 mm
12 10 1,70 mm
14 12 1,40 mm
16 14 1,18 mm
18 16 1,00 mm
20 20 850 /Jffi
25 24 71 O !Jm
30 28 600/Jm
40 35 425 !Jm
50 48 355 !Jm
60 60 300 !Jm
70 65 250 !Jm
80 80 180 !Jm
100 100 150 !Jm
120 115 125 !Jm
140 150 106 !Jm
170 170 90/Jm
200 200 75 !Jm
230 250 63 !Jm
270 270 53 !Jm
325 325 45 !Jm
400 400 38 !Jm
500 500 25 !Jm
635 635 20!Jm
•1271-

)>
"' .,
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'"
"' .,
• PARTE VI -ENSAIOS F fSICOS DE QUALI DADE
••
ENSAIO DE GRANUlOMETRIA
Amostragem
A Farmacopéia Brasileira 4. ed. recomenda as seguintes
tomadas
de ensaio.
a) para pós semifinos a grossos: 25 a
100 g de pó;
b) para p
ós finos a finíss imos: máximo 25 g.
Procedimento
a)
colocar quantidade de amostra especificada na monografia
amostra sobre tam is.
b) agitar em movimentos horizontais rotativos e verticais por 20
minutos ou com uso de granul ômetro por tempo padronizado
de acordo
com a intensidade de vibração
escolhida.
c) pesar o pó recolhido e a fração remanescente sobre o tamis.
Critérios de classificação (Farmacopéia .Brasileira IV)
a) Pó grosso: Passa no tamis de malha de 1,70 mm, mas retém 40%
na malha de 0,355 mm.
b) Pó moderadamente grosso: Passa no tamis de malha 355 fJ.m,
mas retém 40% no tamis de malha 250 fJ.m.
c) Pó semifino: Passa na malha 71 O fJ.m, mas retém 40% na malha de
180fJ.m.
d) Pó fino: Passa na malha 180 fJ.m.
e) Pó finíssimo: Passa na malha de 125 fJ.m.
15.1.2 Peso
A determinação do peso m édio em formas farmacê uticas
é efetuada em balanç as com sensibilidade ade quada, tanto para
produtos de dose única quanto de doses múltiplas.
1 ... 2721•

ENSAIOS DE QUALIDADE


Em ambos os casos, a dete rminação do peso médio é dada
pelo quociente da somatória dos pesos individuais de cada unidade
pelo número de unidades amostradas. Quanto maior for o desvi o­
padrão, menor será a uni formidade do envase.
Amostragem
O número de amostras é de dez embalagens para amostras
de dose múltipla, como pós e granulados, e vinte unidades
para medicamentos de dose individual, como comprimidos,
cápsulas e drágeas.
Procedimento
Pesar individualmente em balança analítica cada unidade e
anotar valor de cada peso individual (P), obtido em tabela construída
conforme esquema abaixo.
Amostras Peso Individual (P) D esvios (P -PM) (P-PM)
2
1
n
PM =L P In S = [L (P-PM)2/n-1 ]1
12
Somar valores individuais e dividir pelo número de amostras
(n) e
obter Peso Médio (PM).
Obter grau de uniformidade
pelo desvio ou diferença de
peso individual de cada amostra ou unidade pelo peso médio e
calcular desvio-padrão S.
Critérios de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)
Os critérios de rejeição variam de acordo com a forma
farmacêutica e farmacopéia seguida. A nossa legislação define a
farmacopéia brasileira como literatura oficial. A Tabela 18 apresenta
os limites aceitáveis para diferentes formas farmacêuticas.
•1273-

• PARTE VI • ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

Tabela 18: Limites x formas farmacêuticas para variação de peso médio
FORMA FARMACÊUTICA
Comprimidos em geral e pastilhas
Drágeas e comprimidos
revestidos
Cápsulas duras, moles e vaginais
Supositório e óvulos
Cremes, pomadas, pós e
granulados
Pós estéreis e liofilizados
FAIXA DE PESO
Até 80 mg
Entre 80 e 250 mg
Acima de 250 mg
Até 25 mg
Entre 25 e 150 mg
Entre 1 50 e 300 mg
Acima
de
300 mg
Até 300 mg
Acima
de
300 mg
Para todos os pesos
Até 60 g
Entre 60 e 150 g
Acima
de
40 mg
Abaixo de 40 mg
• Comprimidos, supositórios e óvulos
LIMITES
± 10,0%
± 7,5%
± 5,0%
= 15,0%
± 10,0%
± 7,5%
± 5,0%
± 10,0%
± 7,5%
± 5,0%
= 10,0%
± 5,0%
± 10,0%
± 15,0% segundo
doseamento
ade uado
O produto é rejeitado se mais de duas unidades estiverem
fora
do
percentual de desvio permitido ou se uma estiver acima dos
percentuais máximos
permitidos
(Tabela 18).
• Drágea
O produto é reprovado se mais de cinco unidades
apresentarem desvios superiores aos percentuais permitidos ou se
um extrapole o valor máximo permitido (Tabela 18).
• Cápsulas
O produto é aprovado caso no máxi mo duas unidades estejam
fora
do
percentual de tolerância, desde que nenhuma extrapole os
valores máximos permitidos (Tabela 18). Caso contrário, deve-se
determinar individualmente, o pe so do conteúdo pela diferença
entre cápsula vazia e cápsula cheia. Toleram-s e, no máximo, seis
cápsulas fora dos limites da tabela desde que a variação este ja entre
limites de tolerância e limites máximos permitidos para desvio.

ENSAIOS DE QUALIDADE
• Pós e granulados


O produto é aprovado se nenhuma das dez unidades estiver
fora dos limites máximos permitidos. Caso contrário, repete- se o
ensaio
com mais dez unidades, permitindo-se, no máximo, uma
unidade fora dos
limites de tolerância.
• Pós estéreis e liofilizados
O lote será rejeitado caso duas unidades estejam acima do
desvio tolerado de 1 O%, desde que nenhum ultrapasse o desvio
máximo de 15%.
15.1.3 Dureza
A determinação da dureza está associada à resistência
do comprimido ao esmagamento. Tal resistência diz respeito a
estabilidade
física de formas
sólidas obtidas por compressão e é um
parâmetro essencial e imprescin dível no caso de comprimidos que
serão submetidos a processos de revestimento.
Amostragem
São utilizadas dez unidades de comprimidos ou drágeas.
Procedimento
• Submeter cada unidade à força aplicada diametralmente
por aparelho tipo bomba ou mola espiral (Figura 29).
Anotar valores obtidos e calcular média.
Figura 29: Durômetro de mola espiral
•127stmiiiii

• PARTE VI -ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE
••
Critério de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)
Mínimo 30 (3 kgF) para mola espiral ou 45 N para modelo
tipo bomba.
15.1.4 Friabilidade
A determinação da friabilidade traduz a resistência do
comprimido ao desgaste. Na prática, o teste de friabilidade se
aplica apenas a comprimidos não revestidos, sendo este parâmetro
fundamental também no controle de processo de núcleos
intermediários de drágeas.
Amostragem
Vinte unidades de comprimidos ou núcleos.
Procedimento
a) Pesar
20 unidades de comprimidos e transferir para friabilômetro
(Figura 30).
b) Submeter comprimidos a 100 rotações em um período de 5
minutos (20 rpm) e repetidas quedas.
Comparar peso inicial com peso após o teste.
Figura 30: Friabilômetro
Critério de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)
Máximo de 1,5% de diferença de peso.
--2761•

ENSAIOS DE QUALIDADE
15.1.5 Tempo de desintegração

••
Este ensaio é aplicado tanto a formas sólidas como cápsulas,
comprimidos e drágeas, como também plásticas (supositórios e
óvulos) e relaciona-se à biodisponibilidade da forma farmacêutica.
Amostragem
São utilizadas seis unidades de cada lote de produto.
Aparelhagem
O aparelho utilizado para determinar o tempo de
desintegração (Figura 31) de comprimidos, cápsulas e drágeas é
constituído de um banho termostatizado (a), um dispositivo para
imersões
intermitentes e contínuas (b) e um cesto (c) composto de
suporte para seis tubos transparentes vazados (d) de 7,75 em de
comprimento por 2 em de diâme tro. A base do suporte (c) é de
tela
de inox de malha com abertura de é 1,8 a 2 mm e diâmetro de fio
de 0,6 mm, e a parte superior feita de chapa inox com seis furos
dispostos em
um raio convenientemente adequado para acomodar
os seis tubos transparentes. Cada tubo dispõe de um disco
acrílico
(9,5 x 20 mm) com cinco furos de 2 mm de diâmetro.
I
A B
Figura 31: Aparelho para d eterminação de tempo de desintegração (A) e cesto vazado (8).
•1277 ...

• PARTE VI • ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE
••
Procedimento
a) montar cesta com seis tubos transparentes.
b) colocar cada uma das seis unidades em um diferente tubo, e em
seguida colocar disco acrílico.
c) transferir cesta com amostras para suporte do aparelho.
d) submeter cesta contendo tubos com amostras a movi mentos verticais
em meio líquido* a 37•c por tempo especificado na monografia.
1 Água;
2 Meio gástrico ou HCI O, 1 moi L·';
3 Meio entérico ou tampão fosfato pH 8.
e) Observar o material ao final do tempo em cada tubo.
" enhum resíduo sólido poderá ser observado".
Critérios de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)
a) Comprimidos: Não desintegrar em, no máximo, 30 minutos.
b)
Cápsulas: Máximo 45 minutos.
c)
Drágeas: Máximo
60 minutos.
d)
Comprimidos Sublinguais: Máximo 5 minutos.
e)
Comprimidos Entéricos: Resistir sem desintegrar
pelo menos 60
minutos em água ou meio gástrico e não desintegrar em no máximo,
45 minutos em meio tampão fosfato pH 8 ou meio entérico.
15. 1.5.1 Tempo de desintegração para formas
plásticas
Este ensaio é aplicado a formas plásticas como supositórios,
óvulos e velas, relacionando-se também a biodisponibilidade. As
diferenças desse teste em relação ao anterior são associadas às
diferenças inerentes à aparelhagem e ao menor número de amostras.
Enquanto no aparelho de desin tegração para sólidos se dispõe de
dispositivo que submete a amostra a movimentos verticais de
imersão de modo intermitente em tempos da ordem de segundos,
na aparelhagem aqui utilizada, uma vez imersas, as amostras são
submetidas à inversão de dez em dez minutos.
-·2781•

ENSAIOS DE QUALIDADE
Amostragem


São utilizados tr ês unidades de supositórios, óvulos, velas
ou comprimidos vaginais.
Procedimento
a) Colocar unidades nos tubos.
b) Imergir tubos contendo amostras em béquer de-4 L contendo
meio líquido à 37°C.
c) Manter sob agitação constante, inverter tubos de dez em
dez minutos.
d)
No caso de comprimidos vaginais, as amostras são colocadas
na superfície
do
líquido e a cuba é lampada para a aumentar a
pressão de vapor.
Critérios de rejeição (Farmacopéia Brasileira
IV)
Quando ultrapassar o tempo especificado na monografia
para
que haja desintegração completa.
Consideram-se
como desintegração incompleta os seguintes
casos se:
a) não houver dissolução
completa da unidade;
b)
houver aglomeração de componentes;
c) observar presença
de resíduos consistentes.
15.1.6 Ensaio de dissolução
São ensaios oficiais de e quivalência, aplicados a estudos de
cinéti
ca de dissolução e/ou determinação do
perfil de dissolução de
formas farmacêuticas sólidas.
•1279-

• PARTE VI • ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

Amostragem
São utilizadas seis unidades de comprimidos, cápsulas
e drágeas.
Aparelhagem
O aparelho utilizado na determinação do tempo de dissolução
é composto das seguintes partes: banho-maria termostatizado,
seis cubas cilíndricas transparentes com fundo arredondado, cuja
capacidade em volume pode ser de 1, 2 e 4 L, uma pá para agitação
(
19 x 74 mm) e um cesto para acondicionar amostras (25 x 35 mm)
de
malha 40 x 40 mesh ( 0,25 mm de fio e 0,4 mm de abertura) ou
de malha 20 x 20 mesh (0,4 mm de fio x 0,9 mm de abertura).
As dimensões das cu bas apresentam diversas configurações:
para cuba de 1
L, o comprimento varia de
160 a 21 O mm e o
diâmetro de 98 a 106 mm.
Procedimento
a) Acondicionar cubas nos suportes do banho e montar pás e cestos.
b) Colocar unidades das amostras nos cestos.
c)
Imergir cestos com amostras nas cubas contendo meio
líquido a 3rC.
d) Manter sob agitação constante, coletando amostras nos tempos
especificados na monografia
ou no
protocolo de ensaio.
*Analisar material por método validado.
Critérios de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)
Os resultados são expressos em função da quantidade de
fármaco dissolvido das unidades conforme Tabela 19.
-·280,.

ENSAIOS DE QUALIDADE
• 11
Tabela 19: Critérios de aceitação para o ensaio de dissolução
Estágio (E) Amostras (n)
El 6
E2 6
E3 12
Critério de aceitação
qga l!,nidade ~ Q + 5%.
Média das 12 unidades (E1 + E2), é ~ Q
e nenh~m~ . é < q -1 5%
Média das 24 unidades (E1 + E2 + 0},
e não mais que duas são < Q-15% e
nenhuma < Q -23%
Cada estágio corresponde a diferentes fases do teste,
observando-se que tanto o estágio E2 quanto E3 correspondem a
eventuais retestes, os quais
só são executados em caso de reprovação
no teste
inicial E1, em que nenhuma amostra apresenta, índice de
dissolução inferior a Q-25%.
Os valores Q variam de acordo com a monografia do produto
e correspondem aos índices percentuais de liberação (dissolução)
desejados para cada medicamento em função de um determinado
tempo. Exemplos de valores Q são apresentados na Tabela 20.
Tabela 20: Valores Q para diferentes produtos (USP 24)
Medicamento Forma Valor de Q Tempo Rotações
(Fármaco) Farmacêutica
(%) (minutos) (r pm)
MS Cápsu~a 80 30 100
MS Comprimido 80 30 50
MS
Comprimido 80 30 75
(tampo nado)
Máximo
10
(ácido 280 nm)
2 horas 100
AAS FFLC* Mínimo 75
(tampão 265
90 100
nm)
MS+
75 (MS)
paracetamol
comprimidos 75 45 5!)
(Acetaminofeno)
paracetamol
comprimidos
80 30 50
mebendazol comprimidos · 75 120 75
propranolol. HCI comprimidos 75 30 100
*FFLC = forma farmacêutica de liberação controlada.
Em relação ao meio de dissolução, estes de vem ao menos
em parte mimetizar as condições fisiológi cas. Logo, invariavelmente,
consistem
em
soluções aquosas. Abaixo listamos como exemplos os
meios utilizados para medicamentos ci tados na Tabela 21.

PARTE VI • ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE
Tabela 21: Exemplos de meios de dissolução para diferentes formas farmacêuticas
Medicamento
AAS (cápsulas)
AAS (comprimidos)
AAS (comprimido
tamponado)
AAS (FFLC)
acetaminofeno -AAS
mebendazol
propranoloi.HCI
Meio de Dissolução (USP 24)
Tampão acetato pH 4,5; 500 ml.
Tampão acetato pH 4,5; 500 ml.
Tampão acetato pH 4,5; 500 ml.
HCI O, 1 N (estágio gástrico) e tampão acetato
pH 6,8 (estágio entérico); 500 ml.
Água; 900 ml.
HCI 0,1 N + 1% LSS; 900 ml.
HCI1 %; 1.000 ml.
15.1.7 Aspectos visuais
Embora a análise dos aspectos organolépticos seja, em
geral, empregada como parâm etro auxiliar de identificação ou
mesmo como ensaio de pureza quando se avalia sujidades em
matérias-primas vegetais. A análise visual é um ensaio de
qualidade, quando se aplica a produtos acabados ou materiais de
acondicionamento e embalagem.
No caso de comprimidos são avaliados a uniformidade
da coloração e revesti mento (se revestidos), presença de trincas e
legibilidade (se impressos).
Na verificação visual das cápsulas são avaliados fatores como
limpeza, deformações das cápsulas, enchimento e se a trava dela
está de acordo.
Entre os atributos avaliados na inspeção de embalagens, estão
dimensões, formatos, cor, flexibilidade, riscos, aspectos gráficos e
de diagramação, e outros.
Na inspeção de embalagens, o número de defeitos é contado
e classificado, a fim de que se aceite ou não o lote. Os defeitos em
embalagens classificam-se em:
-·2821•
a) graves ou críticos: são os defeitos que impedem a utilização da
embalagem
ou prejudicam sua função essencial;
b) maiores:
são os defeitos que, embora não impedindo a utilização
da peça,
prejudicam sensivelmente a apresentação e o trabalho
de acondicionamento;

ENSAIOS DE QUALIDADE


c) menores e irregularidades: são as pequenas imperfeições de
acabame nto que podem ser toleradas.
15.1.7.1 Descrição dos defeitos em embalagens
É considerada como defeito qualquer discordância da
unidade do material com os requisitos especificados.
A) DEFEITOS EM FRASC OS DE VIDRO
Defeitos Críticos
• Quebras, trincas ou lascas: presença de região quebrada;
• Rebarbas cortantes: saliência cortante que sobressai do corpo.
• Bolha: inclusão gasosa de grande dimensão.
• Deformações ou estrangulamento no corpo: perda de seu
formato original ou variação na espessura da parede desde
que provoque a inutilização da embalagem quando de sua
utilização.
• Mau fechamen to: por a deformações na boca do frasco.
Defeitos Não-Crític os
• Dobra: irregularidade na superfície com aspecto de vinco.
• Rugas: aglomerado de pequenas dobras horizontais.
• Marcas de molde: saliências não cortantes oriundas do
equipamento de moldagem quebrado.
• Partículas de vidro aderidas internamente: saliências de vidro
cortante
no
lado interno da embalagem.
• Pedra s: inclusão de materi al refratário não fun dido.
• Enfumaçado: embaçamento de superffcie provocado por
irregularidades de combustão no ato do recozimento.
• Pintas pretas: pequenos pontos de material carbonizado.
• Sujidades: manchas externas de várias origens.
•1283-

• PARTE VI -ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE

8) DEFEITOS EM FRASCOS DE PLÁSTICOS
• Críticos: medidas diferentes do padrão; defeitos de fabricação
(bolhas, rebarbas, estrangulamentos, mau fechamento, trincas e
vidros quebrados, impressão borrada, cor totalmente diferente do
padrão).
• Defeitos maiores: sujeira; várias tonalidades de cor; falhas na
impressão; manchas acentuadas.
• Defeitos menores: pequenas manchas e arranhões.
C) DEFEITOS EM TAMPAS DE PLÁSTICO
• Defeitos críticos: medidas diferentes do padrão; tampas
quebradas, rachadas e que se quebram no fechamento ou não
fecham
direito; batoque
mal embutido; defeitos de fabricação
(bolhas, rebarbas, estrangulamentos, mau fechamento, trincas e
v
idros quebrados, imp ressão borrada, cor
totalmente diferente
do padrão).
• Defeitos maiores: sujeira; estrangulamento; presença de lascas e
rebarbas; vári
as
tonalidades de cor; falhas na impressão; manchas
acentuadas.
• Defeitos menores: pequenas manchas e arranhões.
D) DEFEITOS EM BATOQUES DE PLÁSTICOS
• Defeitos críticos: medidas diferentes do padrão;
• Defeitos maiores: sujeira; tonalidade amarelada; rebarbas que
dificultam o fechamento; manchas acentuadas.
15.2 ENSAIOS FÍSICOS APLICADOS A fORMAS SEMI-SÓLIDAS
Além do peso médio são, comumente, realizados no
controle de qualidade de formas semi-sólidas, ensaios de qualidade
envolvendo medidas de consistência ou comportamento reológi co e
análise de aspectos visuais e sensoriais, bem como quando aplicáveis
medidas de pH e ponto de fusão.
--2841•

ENSAIOS DE QUALIDADE
15.2.1 Aspectos visuais e sensoriais
a) Supositórios e óvulos

••
Entre os aspectos observados estão presença de bolhas,
sedimentos e homogeneidade de cor.
b) Pomadas, Cremes e Géis
Além dos aspectos visuais supra-citados, requerem análise
de aspectos sensoriais, como: grau de pegajosidade e espalhamento,
tipo de toque (seco, molhado, rubefaciente) e brilho.
15.2.2 Aspectos reológicos
a) Pomadas, Géis, Cremes
O comportamento reológico de formas semi-sólid as é avaliado
por meio de medidas de viscosidade, utilizando o viscosímetro de
Brookfield ou (Figura 32) ou de ensaios de consistência, como
penetrabilidade, espalmabilidade e plasticidade.
a
Figura 32: Viscosímetro de Brookfield (a e copo Ford (b)
•1285-·

• PARTE VI -ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE
••
15.2.2.1 Viscosím etro de Brookfield
Entre os reômetros, o viscosímetro de Brookfield é um
aparelho clássico para controle de qualidade, de baixo custo e fácil
operação. Aplica-se tanto a formas semi-sólidas quanto a líquidas
viscosas.
O viscosímetro de Brookfield consiste em um agitador
r
otativo que mede a viscosidade do
fluido com base na resistência
p
or
ele oferecida à agitação (Figura 32a). Sua unidade usual é o centi
Poise (cP),
que
é a força em dinas para deslocar camada de 1 cm
2
a velocidade 1 cm/ s.
Procedime nto
a) Transferir líquido para Béquer.
b) Imergir haste até referência.
c) Ajustar velocidade desejada e ligar aparelho (0,5 a 100 rpm).
d) Anotar valor estabilizado e multiplicar por fator*.
Obs.:1: *Fator tabelado conforme rpm e disco empregado
2:
Para obter Reograma, deve-se iniciar da menor
velocidade para maior velocidade, repetindo sentido inverso com
1 minuto de espera entre medidas.
15.2.2.2 Determinação da c onsistência
Entre os ensaios alternativos
utilizados para determinação
da consistência destacam- se:
--2861•
a) penetrometria: utiliza cones de peso e dimensões conhecidas
para avaliar a consistência
por meio da penetrabilidade;
b)
espalmabilidade: consiste em
avaliar a resistência de uma
pomada à fluidez, por meio da coesividade que esta confere a
duas lâminas
de vidro. Nesse ensaio se verifica a força necessária
para provocar
movimento entre as
lâminas, e a força pode ser
associada
indiretamente a pesos;
c) exten
sibilidade: neste ensaio se correlaciona a consistência com
espalhabilidade.
Tal parâmetro é dado pela medida do aumento

ENSAIOS DE QUALIDADE

••
da superfície de determinada quantidade de pomada aplicada
em uma área definida, quando esta é submetida a diferentes
pressões (50, 100, 200 e 500 g) a intervalos de 1 minuto;
d) método da extrusão: baseia-se na plasticidade ou facilidade que
uma pomada tem de
ser
expulsa de tubos. É realizado em geral nos
próprios
frascos de acondicionamento,
utilizando pesos, os quais são
aplicados de forma crescente sobre esses frascos;
e) copo de Ford: consiste em um copo metálico com um orifício na
parte inferior por onde e
scoa o
fluido (Fig. 32b). Cronometra-se
o
tempo que o
fluido leva para escoar totalmente e compara-se
com a água.
15.3
ENSAIOS FÍSICOS APLICADOS A fORMAS líQUIDAS
Entre os ensaios físicos mais realizados no controle de qualidade
de formas líquidas destacam- se aqueles envolvidos com aspectos
reológicos e aspectos visuais, bem como medida de volume fina l.
Outrossim, medidas de pH, tensoatividade e densidade de produtos
acabados
são também
classificadas como ensaios de qualidade.
15.3.1 Aspectos visuais e sensoriais
Os aspectos organolépticos avaliados variam de acor do
com o tipo de forma líquida, sendo comum aspectos visuais, como
uniformidade, e sensoriais, como espalhabilidade, arenosidade:
a) suspensões: sedimentação e estado de divisão.
b)
emulsões:
equilíbrio entre fases.
c) soluções: coacervação, transparência, sedimentação
e coloração.
15.3.2 Aspectos reológicos
Os aspectos reológicos estão relacionados, principalmente,
com a estabilidade física e aceitabilidade pelo paciente no momento
da administração:
a) suspensões e emulsões: a viscosidade , consis tência ou mesmo o
comportamento
reológico podem ser avaliados para suspensões
e emulsões lí quidas utilizando o viscosímetro de Brookfield
•l2s7F HiM

• PARTE VI -ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

ou copo de ford.
b) soluções: no caso de soluções, em geral, se determina a vi scosidade
aparente utilizando viscosímetro de Ostwald e dados de
densidade.
15.3.2.1 Viscosímetro de Ostwald
É o aparelho mais simples e popular para determinação da
viscosidade de óleos e outras matérias-primas líquidas. Consiste
em um sistema de mangueiras onde é cronometrado o tempo de
escoamento
do
fluido do traço de referência superior até o menisco
inferior, sendo esse resultado comparado com o da água feito nas
mesmas condições.
A unidade usual é também o centi Poise (cP) e é expresso,
freqüentemente, em função da viscosidade aparente, a qual é
determinada em função da viscosidade da água , cujo valor a 25°C
é de 0,895 cP.
-•2ssl•

ENSAIOS DE QUALIDADE
Procedimento (Farmacopéia
Brasileira IV):
• Transferir para viscosímetro (Fig. 33)
lavado e seco, quantidade suficiente
para atingir nível da ordem de 5 mm
abaixo
do traço de referência.
• Fixar aparelho em termostato
(20°C T usual) e deixar estabilizar a
tem pera
tu r a.
Aspira-se
líquido pelo
capilar/ampola por meio de borracha
até
traço de referência superior e
aciona cronômetro de precisão,
travando-o quando o
líquido passa
pelo traço inferior.
• Registra-se o tempo e repete processo
(aceita-se
1
de +/-
0,5 s).
• Determina- se a densidade do líquido
relativa à água 20°C.
• Determina-se a densidade cinemática
pela fórmula :
T)=T]td/td
I 2 1 1 2 2
15.3.3 VOLUME
75
26ml
T-
125
26ml
120
Figura 33: Viscosímetro de Ostwald

••
300
A determinação do volume é importante para monitorar
eficiência de env ase e condições de acondicionamento e estocagem.
Os limites permitidos de variação variam entre 1% e 3% conforme
volume total do frasco (Tabela 22).
•1289-·

• PARTE VI -ENSA IOS FÍSICOS DE QUALIDADE
••
Tabela 22: Relação e ntre volume total, números de amostras e desvios permitidos segundo
Farmacopéia Bra sileira 4. ed.
Volume declarado (ml) Tamanho amostra (n)
Desvio máximo
tolerado
até
10 ml 12 3,0%
entre 10 e 30 ml 10 2,5%
entre 30 e 100 ml 6 2,0%
entre 100 e 250 ml 3 1,5%
Acima de 250 ml 2 1,0%
15.4 ENSAIOS DE QUALIDADE FfSICO-QUÍMICOS
Os ensaios aplicados à Análise Farmacêuti ca, tipicamente, físico­
químicos relacionam-se a medidas de constantes, as quais são, em geral,
úteis na determinação da identidade, pureza ou potência do produto.
A medida de pH pode
ser uma ferramenta
auxiliar útil em
ensaios de identificação de matérias-primas de caráter básico ou ácido.
Entretanto, em
se tratando de produtos acabados farmacêuticos ou
cosmético
s, o
valor de pH é em geral um atributo, cuja determinação
melhor se enquadraria em ensaios de qualidade. Entre as formas
farmacêuticas
que requerem medida de pH, entre os ensaios de qualidade, estão as soluções, suspen sões e emulsões 0/A.
A variação do pH de um fármaco pode modificar a estabilidade
de uma forma farmacêuti ca, na qual esta se encontra, interferir em
sua solubilidade, conseqüentemente, alterar sua farmacocin ética.
A alteração da absorção de um fármaco está relacionada
com seu grau de ionização, o qual depende do pH do meio onde
se encontra e de seu pKa. Assim, a compatibilidade com o pH
fisiológico é fundamental.
Portanto, a importância à medida de pH em formas
farmacêuticas se relaciona à eficácia e segurança, em atributos como
estabilidade, biodisponibilidade e biocompatibilidade.
Outro bom exemplo de ensaio físico-químico é a determinação
do ponto de fusão, que aplicada ao controle de matérias- primas,
pode tanto ser empregada como um ensaio de identificação como
de pureza. Porém, se aplicado ao controle de supositórios à base
de veículos lipófilos, o ponto de fusão seria também mais bem
enquadrado como um ensaio de qualidade, cuja importância para
biodisponibilidade destas formas farmacêuticas é indiscutível.
Ensaios de
qualidade físico-químicos menos comuns incluem:
tensoatividade, análise de coacervação, determinação de formação
de sistemas micelares e outros.
·-·2901•

ENSAIOS DE QUALIDADE
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• PARTE VI • ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE
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CONTROLE DE
,
FITOTERAPICOS
"Para ser feliz, antes é preciso ser útil."
(João Oscar Ci/J

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS
16 CONTROLE DE QUALIDADE DE
FITOTERÁPICOS

••
SILVEIRA, D; BARA, M. T.; FISCHER, D.C.H ..
Nas últimas décadas, tem sido observado em todo o
mundo o ressurgimento do uso de plantas medicinais e a crescente
utilização de fitoterápicos. Em diversas comunidades, sobretudo nos
países em desenvolvimento, o uso de plantas medicinais constitui o
principal recurso disponível para o tratamento primário de saúde.
Em muitos casos é comum a associação do uso da planta medicinal
ao medicamento convencional, reduzindo, desta forma, o custo
do tratamento. Esse hábito muitas vezes pode causar interações
medicamentosas relevantes, comprometendo a eficácia do tratamento.
De forma geral, plantas medicinais são de fácil acesso, em função da
possibilidade de cultivo pelo próprio usuário ou da comercialização
em mercados livres. Sua utilização é estimulada pelos meios de
comunicação, que divulgam o "produto de origem natural" como
uma alternativa terapêutica eficaz e sem riscos à saúde.
A globalização tornou possível o acesso a diferentes correntes
da medicina tradicional de várias raízes culturais. E essas práticas
terapêuticas
têm sido incorporadas aos sistemas de
Saúde Pública.
Esse movimento é mais destacado nos países europeus, mas de
forma gradativa, contudo, rápida, vem sendo percebido no Brasil e
a população brasileira tem incorporado a utilização dessas opções
terapêuticas.
Algumas das práticas terapêuticas tradicionais de origem mais
importantes mundialmente são:
• Medicina Tradicional Chinesa. Também conhecida como
Medicina Chinesa ou Medicina Tradicional Oriental, compreende uma
gama de práticas médicas populares utilizadas na China desenvolvidas
e aprimoradas por pelo menos quatro mil anos. Os medicamentos
dessa corrente médica tradicional empregam vários ingredientes de
origens diferentes, incluindo plantas medicinais. É uma das abordagens
terapêuticas a serem incorporadas
aos serviços de saúde
brasileiros,
conforme a Política Nacional de Práticas lntegrativas e Complementares
(PNPIC) no Sistema Único de Saúde [1].
•1297-·

• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS
••
Entretanto, na mesma proporção da expansão do mercado
mundial para produtos tradicionais chineses, foram observados
vários casos
de falsificação, contaminação (principalmente metais
pesados
como arsênio e mercúrio) e adulteração por hormônios, anti­
inflamatórios, anfetaminas
etc. [2, 3].
• Ayuverda, Medicina Ayuvé rdica ou Medicina Indiana, é um
sistema médico de mais de 7.000 anos baseado em uma abordagem
holística
na qual a utilização de plan tas medicinais é muito frequente.
Apesar de não estar
inserida na
PNPIC, os medicamentos "indianos"
têm sido
utilizados pela população brasile ira. Contudo, da mesma
forma que
os produtos tradicionais chine ses, relatos de intoxicação
por produtos contaminados, falsificados ou adu
lterados são comuns
na literatura científica mundial
[4].
• Unani, Medicina Greco-árabe: é um sistema cuja origem é
estimada no ano 980 d.C., no qual as plantas medicinais e o mel têm
papel fundamental. Apesar de não ser tão utilizada mundia lmente
quanto a Medicina Ch
inesa e a Ayuverd a, relatos de intoxicação têm
levado
à discussão sobre a importância da farmacovigilância no que se
refere ao arsenal terapêutico unani [5].
O controle da qualidade deve ser criterioso para que sua
inserção nas práticas terapêutic as não se torne um problema de Saúde
Pública. E a utilização de plantas medicinais e de fitoterápicos co
mo
alternativa terapêutica segura per se deve ser vista com reservas devido
à complexidade da composição química dos derivados vegetais e
a consequente possibilidade
de ocorrência de reações adversas, à
semelhança de qual quer medicamento.
O mercado fitoterápi co mundial tem progredido rápida e
expressivamente e movimenta US$21
,7 bilhões por ano. Nos EUA, a
estimativa
é que esse mercado atinja cerca de US$1
O bilhões de dólares
em 201 O [6]. No Brasil, cerca de 200 laboratórios movimentam em
torno de U$5400 milhões de dólares, representando cerca de 6,7% das
vendas
de medicamentos no País. Trata-se, portanto, de um mercado
promissor e em franca expan
são [7].
Desta forma, a
produção de plantas medicinais tem sido
crescente, e a comercialização
se dá in natura, extratos ou especialidades
farmacêuticas
nas suas variadas formas de apresentação, como pós,
granulados, comprimidos,
cápsulas e xaropes, entre outras.
Com o valor comercial deste mercado cada vez maior, a
garantia
da segurança, eficácia e qualidade dos produtos tem sido
preocupação
constante das autoridades reguladoras [8], mas só é
possível ser assegurada por meio de rígido controle da qualidade,
-·2981•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS


como acontece com os medicamentos convencionais. Muito se tem
publicado na literatura científi ca acerca dos diversos aspectos desta
temáti
ca.
Portanto, este capítulo não tem a intenção de realizar um
tratado,
mas de oferecer uma visão
geral sobre um assunto que é de
grande complexidade e abrangência.
16.1 DEFINIÇÕES
Para a melhor compreensão deste capítulo, é necessário um
breve comentário sobre a terminologia empregada, com base em
definições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) [9]:
Droga vegetal -a planta medicinal, ou suas partes, depois de
submetida a processos como coleta, estabiliza­
ção e secagem, podendo ser íntegra, rasurada,
triturada ou pulverizada.
Fitoterápico-medicamento obtido empregando-se exclusiva­
mente matérias-primas vegeta is ativas. Deve-se
ressaltar que, na acepção da Anvisa, não se
considera medicamen to fitoterápico aquele que
possui, em sua formulação, substâncias ativas
isoladas, de qualquer origem, nem mesmo a
associação destas
com extratos vegetais.
Matéria-prima
vegetal-planta medicinal fresca, droga vegetal
ou seus derivados.
Derivado de droga vegetal -produto de extração da matéria­
prima vegetal, como extrato, tintura, óleo, cera,
exsudato e suco,
entre outros.
Adjuvantes-substâncias de origem
natural ou sintética
adicionadas ao medicamento com a finalidade
de prevenir alteraçõe s, corrigir e/ou melhorar as
características organolépticas, biofarmacotécn i cas
e tecnológicas do medicamento. Podem ser
enquadradas nesta definição as matérias­
primas (insum os) de origem vegetal e sem ação
farmacologica (por exemplo, o ami do, utilizado
como excipiente na indústria farmacêutica)
cons
tituindo item farmacopeico e r equerendo,
portanto,
controle da qualidade à semelhança
dos demais componentes da formulação.

• PARTE Vil -CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

16.2 A REGUlAÇÃO DE fiTOTERÁPICOS NO BRASil
Com o crescimento do uso de produtos obtidos a partir
de plantas medicinais, surgiu também a preocupação com a
regulamentação
do setor. A primeira
legislação brasileira específica
referente
aos fitoterápicos foi
estabelecida em 31 de janeiro de 1967, a
Portaria nº. 22, que, embora não apresentasse o detalhamento técnico
dos instrumentos regulatórios atuais, continha todos os aspectos
essenciais ao registro de fitoterápico -identificação botânica das
espécies vegetais utilizadas, padrão de qualidade e provas de eficácia
e segurança
[1
0]. Esse documento foi substi tuído pela Portaria nº. 06,
de 31 de janeiro de 1995, da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS),
que definiu fitoterápicos, estabeleceu prazos para a realização de
estudos de
eficácia e toxicidade para os produtos novos e para
aqueles
já existentes no mercado, além de exigir provas de reprodutibilidade
e constância da qualidade dos fitoterápicos e definir marcadores
vegetais [11].
Na Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº. 17 da Anvi sa,
de 24 de fevereiro de 2000, foi definida a diferenciação no registro
de medicamento fitoterápico novo e tradicional, aplicando novos
critérios
de registro para o me dicamento fitoterápico
tradicional
com base em dados de pesqui sas realizadas sobre a planta [12]. Essa
legislação foi posteriormente reformulada e publicada em 2004 (RDC
nº.
48) [13],
complementada com as Resoluções Específi cas (RE): RE
88 -Lista de referências bibliográfi cas para avaliação de segurança e
eficácia de fitoterápicos [
14]; RE 89-Lista de registro
simplificado de
fitoterápicos
[151; RE
90-Guia para realização dos testes de toxicidade
pré-clínica de fitoterápicos [16]; e RE 91 -Guia para realização de
alterações, inclusões, notificações e cancelamento pós-registro de
fitoterápicos [1 7].
Atualmente os fitoterápicos igualam- se, nas exigências para o
registro, aos medicamentos convencionais, sintéticos ou não, para
os
quais são exigidas
avaliações desde a matéria-prima vegetal, passando
pelos derivados do insumo vegetal, até o produto final.
A RDC n
2
. 48 definiu que a produção de fitoterápicos deve
seguir
as Boas
Práticas de Fabricação e Controle (BPFC) regulamentad as
pela RDC nº. 21 O [18]. Além disso, as empresas devem apresentar
documentação co
mprobatória dos testes de autenticidade, pureza
e integridade e das
análises qualitativa e quantitativa dos princípios
ativos e/ou marcadores, quando conhecidos, ou classes de compostos
-•3ool•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS


químicos característicos da espécie. Também deve apresentar a
documentação pertinente
à
realização da prospecção fitoquímica ou
do perfil cromatográfico do produto acabado.
A norma
que
regulamenta a manipulação de fitoterápicos é
a RDC nº.
87 [19], que define as boas práticas de
manipulação de
preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias.
A Instrução Normativa (IN) nº. 5 define os fitoterápicos de
registro s
implificado, ou seja,
aqueles que podem ser registrados sem
a apresentação de dados de eficácia e segurança, e contempla 36
espécies vegetais [20]. A RDC nº. 95 padroniza
as
bulas de fitoterápicos
obtidos de
13 espécies vegetais da
lista de registro s implificado IN
nº.S [21].
16.3 CoNSIDERAÇÕES GERAIS SoBRE CoNTROLE DA QuAliDADE,
BoAs PRÁTICAS E GARANTIA DA QuAliDADE NA PRODUÇÃO
DE MATÉRIAS-PRIMAS VEGETAIS E DE fiTOTERÁPICOS
Plantas medicinais e seus derivados são distribuídos,
basicamente, co mo matéria-prima para extração de fitofármacos
(pa
ra a indústria farmacêutica
"convencional") ou para a indústria
de fitoterápicos.
As Boas Práticas de Fabricação ( BPF) devem ser implementadas
em toda a cadeia produtiva de fitoterápicos, desde o
cultivo da
planta medicinal até a distribuição do produto acabado, devendo ser
incluídas em programas mais abrangentes de Garantia da Qualidade.
Diversos países têm procurado regulamentar a aplicação das BPF para
produtos fitoterápicos,
que basicamente seguem as orientações da
Organização
Mundial da Saúde (OMS) [22], que têm como objetivo
a garantia da qualidade, eficácia e segurança.
No Brasil, o estabelecimento das BPF na indústria
farmacêutica segue os parâmetros da Anvisa[18]. As BPF específicas
para a produção de fitoterápicos foram definidas pela OMS [22].
As avaliações devem ser fe itas durante todas as etapas do processo,
desde a matéria-prima vegetal, antes do uso na produção (avaliação
da identidade botânica, presença de materiais estranhos e outros),
além das fases intermediárias do processo (aspectos físi co-químicos,
avaliação quantitativa do princípio ativo, quando definido, ou de
marcador, nos produtos intermediários como extratos ou granulados
e outros) e do produto terminado.
•1301-

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁPICOS
••
A qualidade das matérias-primas, adjuvantes de origem
vegetal e de produtos fitoterápicos depende de um grande número
de fatores que envolvem todo o processo produtivo. Assim, a sua
produção deve atender a um conceito muito mais abrangente que
o simples controle da qualidade laboratorial, em que se decide,
no final do processo, se os produtos serão, ou não, liberados e/ou
aprovados para a utilização. Devem ser considerados também os
parâmetros
que interferem em todas as etapas de produção, desde
o
plantio até o produto terminado.
Nesse sentido, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) definiu alguns parâmetros para as Boas
Práticas Agrícolas (BPA) de plantas medicinais, aromáticas e
condimentares [23],
como orientação para pequenos
agricultores e
produtores à semelhança do Guia para Boas Práticas Agrícolas para
Plantas Medicinais da OMS[24].
Para as espécies que necessariamente devem ser obtidas do
seu habitat natural, o Grupo de Especialistas em Plantas Medicinais
da Comissão de Sobrevivência das Espécies da União Internacional
de Conservação da Natureza definiu padrões para utilização
sustentável de espécies silvestres [25].
As condições do meio ambiente no cultivo atuam sobre
o metabolismo da planta, levando a diferenças qualitativas e
quantitativas dos metabólitos secundários. Tal efeito interfere
diretamente na composição micromolecular da matéria-prima vegetal
e, como consequência, influencia no efeito farmacológico obtido.
Assim,
as condições do
solo e do clima devem ser consideradas na
seleção das espécies medicinais a serem cultivadas, como a época
do plantio e a necessidade ou não de correção do solo. Igual atenção
deve ser dada
à
possibilidade de contaminação do solo e da água
para irrigação
por metais pesados, agrotóxicos e outras substâncias.
Por isso, o
cultivo de espécies para fins medicinais, da mesma forma
que para alimentação, não deve ocorrer próximo a grandes rodovias
ou
em
solos passíveis de contaminação por resíduos industriais, por
exemplo [24).
As etapas de coleta e secagem também são críticas para a
estabilidade dos princípios ativos e uniformidade da matéria-prima
vegetal. Cada espécie ou variedade apresenta características próprias
das quais
depende o teor de princípios ativos apresentado
pelo
material coletado. Assim, a observação da fase de desenvolvimento
na qual determinada espécie apresenta maior teor do princípio ativo
-·3021•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTE RÁPICOS


desejado é de suma importância para a qualidade da matéria-prima
vegetal, pois o teor dos princípios ativos pode ser consideravelmente
alterado pelo estágio metaból ico do organismo vegetal.
Durante o beneficiamento, o material vegetal fresco deve ser
separ
ado de
qualquer material estranho presente (terra, fragmentos
de outras espécies, insetos etc.), bem
como devem ser
eliminadas
todas as partes desnecessárias, ou seja, todos os fragmentos de órgãos
que não fazem parte da droga vegetal. O teor de umidade do material
recém-coletado usualmente é elevado, variando de 60% a 80%,
podendo levar à ocorrência de cresci mento microbiano, degradação
dos princípios ativos e decomposição
do
material vegetal. Dessa
forma, é necessário submeter o material vegetal à secagem, que em
condições adequadas preserva
as características
organolépticas da
droga vegetal (cor, aroma, sabor). O conteúdo remanescen te de água
no material vegetal depende da espécie e da parte da planta que
o compõe. Usualmente, o teor adequado para o armazenamento
encontra-
se na faixa de
8% a 12% de água, evitando a deterioração
do material vegetal [23].
Assim como para os demais produtos farmacêuticos, a
qualidade do material de acondicionamento também deve ser
avaliada e atestada, sendo imprescindível para a garantia da
estabilidade dos componentes. A embalagem vai depender das
características da droga vegetal, da quantidade do material a ser
embalado, do transporte a ser utilizado e mesmo das exigências do
comprador.
O armazenamento e o transpor te devem ser adequados
para
manter a eficácia e segurança do medicamento. Quanto ao
armazenamento,
as boas práticas devem ser seguidas à
semelhança
do armazenamento de qualquer insumo farmacêutico. Geralmente, o
material vegetal deve ser armazenado pelo menor tempo necessário.
Contudo, o tempo de armazenamento também depende da
natureza da droga vegetal. No caso de material vegetal contendo
compostos antracênicos, por exemplo, Rhamnus purshiana (cáscara
sagrada), antes da utilização deve ser armazenado por um ano ou
ser submetido a envelhecimento artificial, utilizando calor e aeração,
para eliminar antronas livres, que são tóxicas [ 26].
•1303-

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

16.4 CoNTROLE DA QuAUDADEDE DE MATÉRIAS-PRIMAS VEGETAIS
E PRODUTOS fiTOTERÁPICOS
o controle da qualidade destes produtos di versas metodologias
analíticas são empregadas para obter informações sobre os aspectos
botânico, químico, físico-químico, biológico (não abordado neste capítulo)
e microbiológico, sendo aplicadas à análise de matérias-primas ativas e
inativas (adjuvantes), além dos mater iais de acondicionamento, bem como
do produto em
processo ou terminado. A
validação dos métodos analíticos
empregados na avaliação de qualidade é indispensável e colabora com as
Boas Práticas de Fabricação, integrando os procedimentos relacionados
com a Garantia de Qualidade [27].
Uma vez selecionados, os parâmetr os de análise, em função do
produto e de suas peculiaridades, são adotados e monitorados por meio
de especificações relativas ao nível de qualidade desejável, geralmente
encontradas em compêndios como farmacopeias, livros e periódicos
especializados. Em geral, os requisitos ou parâmetros analíticos visam
avaliar:
a) a pureza das matérias-primas vegetais (drogas vegetais,
extratos
e outros) e dos produtos fitoterápicos,
incluindo a
determinação de contagem microbiana, re
sfduos de solventes,
resfduos
de pesticidas etc;
b) o
teor de princfpios ativos;
c) a uniformidade dos materiais e for mulações;
d) a estabilidade de matérias-prima s, do produto terminado e dos
princfpi os ativos.
Os resultados das avaliações são registrados em protocolos
ou fichas próprios de cada etapa de produção. Posteriormente,
o
confronto dos
resultados da análise com as especificações da
literatura científica permite um melhor gerenciamento do processo
produtivo, oferecendo a possibilidade de efetuar as adequações e
correções nece
ssárias ainda em processo e assegurar a
qualidade
do produto terminado. Os protocolos de análise fazem parte da
documentação que integra as Boas Práticas de Fabricação.
16.4.1 Amostragem
Tanto para insumos farmacêuticos quanto para produtos
-·3041•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
acabados, a amostragem de matérias-primas vegetais e produtos
fitoterápicos é fundamental na obtenção
de resultados de análise
fidedignos.
Essa operação deve garantir a representativ idade da
tomada de ensaio em relação ao material como um todo, havendo
algumas diretrizes a serem seguid
as para que isto seja possível.
O material vegetal usualmente constitui-se de uma mistura de
plantas individuais e/ou diferentes partes da mesma planta, o que faz
com que seja de natureza heterogênea. Assim, a amostragem deve
ser conduzi
da com cuidado especial e por pessoal qualificado.
Todo material vegetal deve ser
mantido em quarentena,
estocado
em condições apropriadas.
Se a amostragem for realizada
na área
de estocagem, deve ser conduzida de forma a prevenir a
contaminação do material. No momento da amostragem devem
ser observadas a correta rotulagem, a presença de adulterantes e a
amostra para retenção.
Inicialmente, é feita a inspeção das condições de embalagem
e dos
rótulos.
Se for constatada qualquer abertura, a conservação
possivelmente estará comprometida, devendo-se realizar a
amos
tragem das embalagens íntegras em separado. No caso de
drogas vegetais, tendo em vista a falta de homogeneidade, certos
cuidados
devem ser tomados no momento da amostragem.
Ao abrir as embalagens selecionadas o conteúdo deve ser
submetido à inspeção quanto a:
• características organolépticas ( cor, textura, odor etc);
•formas de apresentação (in natura, rasurad o, pulverizado,
em fardos etc);
• presença de material estranho ( areia, pedaços de vidro,
terra, partes de outras espécies), fu ngos, ou sinais de
decomposição;
• presença de insetos, inteiros ou fragmentados.
No dimensionamento da amostra para análise geralmente são
considerados o número de embalagens, o grau de divisão da matéria­
prima e a quantidade total de material. Segundo a Farmacopeia
Brasileira IV, uma vez constatada a uniformidade do material, o·
número de embalagens amostradas deve seguir o esquema da Tabela
23,
com base no número total de embalagens disponíveis [28]
•JJosliHII


• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁP ICOS
Tabela 23: Número de embalagens a serem amestradas em função do número total de
embalagens, segundo a Farmacopeia Brasileira IV [281.
Número de embalagens a serem
Número total de embalagens amostra<fas
1a10 1a3
10a2.5 3a5
2.5 a 50 4 a 6
50 a 7.5 6 a 8
75 a 100 8 a 1 O
Mais de 100 5% do total (mfnimo = 1 0)
As recomendações da OMS são muito semelhantes àquelas
descritas na Farmacopeia Brasileira: quando o lote consistir de até
cinco volumes, deve ser tomada amostra de cada um dos volumes;
para lotes contendo de seis a 50 unidades, a amostra deve ser tomada
de cinco dos volumes; e para lotes com mais de 50 volum es a amostra
deve ser de 1 O%, correspondente à dezena superior. Por exemplo,
um lote contendo 53 unidades (pacotes) deverá ser amostrado como
se fossem 60 unidades, isto é, as amostras devem ser tomadas de
seis pacotes[29].
Quando o material vegetal for constituído de fragmentos
de dimensões menores que 1 em ou pulverizadas, a Farmacopeia
Brasileira IV [28] recomenda o uso de aparelho próprio para a
amostragem, constituído de
um tubo
especial. O material é recolhido
na direção vertical, nos dois sentidos e na horizontal, e para cada
1 OOkg a amostra obtida deve ser de, no mínimo, 250g. Para lotes
maiores que 1 OOkg a quantidade é a mesma, entretanto, deve-se
realizar a seleção posterior pelo método do quarteamento.
Para material vegetal constituído de fragmentos maiores que
1 em a amostragem deve ser manual: amost ras retiradas de diferentes
embalagens são reunidas para a obtenção de tomada de ensaio final
de 500g, quando o lote for menor que 1 OOkg. Para quantidade
superi or a 1 OOkg, como no caso anterior, a seleção pelo método de
quarteamento deve suceder a amostragem.
Para quantidades inferiores a 1 Okg, independente das
dimensões dos fragmentos, a amostra pa
ra
análise poderá ser menor,
porém, não inferior a 125g.
A técnica de quarteamento consiste na di stribuição
homogênea do material a ser amostrado sobre uma área quadrada
dividida em quatro partes (Esquema 1 ), retirando-se o material que
--3061•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
se encontrar em quadrados opostos. Em seguida, caso haja pouca
homogeneidade no tamanho dos fragmentos, o conteúdo dos dois
quadrados restantes deve ser reunido e a operação repetida.
Esquema 1: Técnica de quarteamento para amostrag em de mais de lOOkg de material vege tal,
segundo a Farmacopeia Brasileira IV [28).).
fl'lg:T.tntol
EMBALAGENS 1 em ou > tem
•1307-·

• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

Outros procedimentos de amostragem encontram-se descritos,
com algumas variações, em compêndios de diversos países. Uma vez
efetuada a amostragem, realiza-se a inspeção da qualidade botânica,
vi
sando a assegurar a identidade das matérias-primas vegetais antes
de iniciar o processamento ou de efetuar as
análises químicas e
físico-químicas.
16.4.2 Análise macroscópica e microscópica (análise
farmacobotân ica)
As matérias-primas vegetais são vendidas, frequentemente,
na forma rasurada ou
pulverizada, o que limita a execução da análise
macroscópica. Entretanto, em materiais mais íntegros, são avaliados
itens como forma, dimensões, s uperfície, fratura e consistência durante
a
minuciosa tarefa de identificação botânica. A comparação entre
as característi cas da amostra e a descrição da
literatura permite sua
autenticação. Os caracteres organolépticos igualmente colaboram
nesse sentido. Algumas drogas vegetais apresentam particularidades
importantes para a
sua identificação, como o odor das
folhas de boldo­
do-Chile ou o sabor dos frutos do anis, por exemplo.
A análise macroscópica permite, ainda, verificar indícios de
contaminação e de deterioração, como o desenvolvimento de bolores
ou a ocorrência de perfurações no material, entre outros.
A utilização de caracteres microscópicos na identificação baseia­
se, principalmente, na constatação da existência de determinados tipos
celular es e na sequência de tecidos encontrados em um determinado
órgão e no táxon vegetal a que pertence. Para o controle são utilizadas as
monografias farmacopeicas ou a literatura especializada que apresentam
ilustrações das estruturas anatômicas características. Mesmo quando
a droga vegetal se apresenta na forma rasurada ou pulverizada a
avaliação microscópica fornece importantes dados para a identificação.
Contudo, no material pulverizado, a análise farmacobotânica poderá
ser comprometida se houver mistura de pós de mesmo órgão vegetal.
A comparação dos caracteres anatômicos do material analisado
com ima gens de banco de dados é uma ferramenta útil no controle
farmacobotânico.
Para análise da morfologia do material vegetal são utilizadas as
técnicas clássicas para o estudo de anatomia vegetal, para as quais se faz
necessária a obtenção de secções da droga vegetal. Se a droga vegetal
-·Joal•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
estiver seca, há necessidade de hidratação prévia. Após a obtenção
dos cortes histológicos, estes são submetidos a técnicas usuais
de clareamento e coloração, descritas em compêndios oficiais ou literatura
especializada. A observação das estruturas anatômicas características é
realizada
com o
auxílio de microscopia.
Para algumas drogas vegetais, as técnicas histoquími cas são
úteis para a detecção de compostos característicos (alcaloides, grãos de
amido, óleo essencial, cristais de oxalato de cálcio etc). A utilização do
reagente adequado permite detectar determinados tecidos. Essa técnica
é particularmente útil
quando o material encontra- se pulverizado.
16.4.3
Controle físico-químico de qualidade de
matérias-primas vegetais e produtos
fitoterápicos
Após a análise botânica da matéria-prima vegetal devem
ser efetuadas análises referentes ao controle de parâmetros físicos,
físico-químicos e químicos. Tais análises são aplicáveis também
no controle em processo e no produto acabado. Exceto quando a
monografia contemple ensaios específicos, compreendem ensaios
de pureza, seguidos por procedimentos analíticos relacionados com
as características peculiares às drogas vegetais.
A seguir, são apresentadas algumas das principais análises,
sua finalidade e, em linhas gerais, como são conduzidas.
16.4.3.1 Ensaios de pureza
Determinação do conteúdo de material estranho
É considerado material estranho qualquer parte da planta
medicinal que não esteja compreendida na descrição da droga
vegetal ou na monografia correspondente, partes
de outras espécies
vegetais, resíduos de natureza
mineral (terra, areia, pedra etc),
fragmentos
de insetos, fungos etc.
Geralmente esse ensaio é aplicado às matérias-primas
vegetais, como as drogas vegetais a serem comercializadas in natura
ou a serem processadas para a obtenção de extratos e de out ras
formas farmacêuticas. Para essa análise, a Farmacopeia Brasileira
IV apresenta algumas recomendações quanto à amostra, cuja
quantidade (50, 250 e 500 g) é estabeleci da em função do órgão
•1309 tãi"iiili

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁPICOS
••
vegetal consi derado e do tamanho dos fragmentos ou partículas,
para aqueles materiais
fracionados [28].
Basicamente, a técnica consiste em dispor o material
amostrado sobre superfície plana para que seja feito um exame visual
e a separação
do material pela técnica de quarteamento (Esquema 1 ),
retirados os fragmentos e resíduos estranhos e calculado o percentual
de elementos estranhos em relação ao total, em massa.
Algumas monografias farmacopeicas estabelecem
os limites
de tolerância para a presença de materiais estranhos. Esse limite
depende da natureza da droga vegetal, variando, usualmente entre
2% e 5%. Quando não há especificação em monografia, o material
estranho deve ser ausente.
Na Farmacopeia Brasileira
IV [28], o máximo permitido para
o
conteúdo de material estranho, em centela
(Centella asiatica (L.)
Urban -folhas), anis-doce (Pimpinella anisum (L.)- frutos), genciana
(Centiana lutea (L.) - rizomas e raízes), ipecacuanha (Cephaelis
ipecacuanha
(Brot.) A. Rich.-raiz) e badiana
(11/icium verum Hook.
f. frutos) é de 2%. Na droga vegetal constituída de folhas de malva
(Ma/va
sylvestris L.) não deve haver mais do que 5% de talos e de
outras partes do vegetal; para outros materiais estranhos, o limite
é 3%. A
monografia de folhas da beladona (Atropa belladona L.)
define que não deve haver mais que 3% de fragmentos de caule
com diâmetro superior a Smm, e que não podem estar presentes
fragmentos de Phytolacca americana L. e de Ailanthus altíssima
Swingle.
Determinação de umidade e de substâncias voláteis
A quantificação do teor umidade nas drogas vegetais e demais
matérias-primas vegetais,
como extratos e produtos fitoterápicos, é
um fator determinante para a sua conservação.
O excesso de água
pode favorecer o desenvolvimento de micro-organismos, insetos,
deteriorização do material vegetal e hidrólise de princípios ativos.
O teor de umidade aceitável recomendado pela Farmacopeia
Brasileira IV [28] para drogas vegetais situa-se entre de 6% e 16%
de umidade, podendo ser determinado pelos métodos gravimétrico
(perda por dessecação), azeotrópico ou volumétrico (Método de Karl
Fischer). A amostra
geralmente consiste em 2-Sg do material vegetal,
exceto quando há outra especificação na monografia.
O teste de perda por dessecação, ou método gravimétrico,
determina tanto o teor de água quanto outros compostos voláteis

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS


presentes na droga vegetal. Para amostras com baixo teor em voláteis e
estáveis o teste pode
ser desenvolvido em estufa
calibrada ou balança
de perda por dessecação por aquecimento por raios infravermelhos,
com aquecim
ento em temperatura en tre 1
00°C e 1 05°C. Para material
vegetal contendo óleos essenciais ou termolábil a temperaturas
elevadas, é utilizado dessecador contendo pentóxido de sódio ou outra
substância higroscópica, de preferência sob vácuo [29]. Exceto quando
ocorre especificação
na monografia, o
final do teste é definido quando
duas pesagens consecuti
vas não diferem entre si por mais que Smg.
O método azeotrópico fornece uma med ida direta da
umidade presente no material analisado. Quan do a amostra é
submet
ida à destilação com um solvente imiscível, p or
exemplo,
tolueno R ou xileno R, a água é arrastada com o solvente orgânico.
Quando ocorre a condensação da mistura azeotrópica e ao atingir
a superfície fria do frasco rec eptor, os dois solventes separam-se. É
recomendável que o solvente seja saturado com água antes do teste.
Se for utilizado anidro, a mistura azeotrópica torna-se mais difícil de
ser separada,
fornecendo assim um resultado não
confiável[29].
O método volumétrico, ou Karl Fischer, baseia- se na reação
estequiométrica da água livre presente na amostra vegetal com o
iodo presente no reagen te de Karl Fischer (mistura de dióxido de
enxofre,
iodo, piridina e
metanol).
A Farmacopeia Brasileira IV [28] indica, para diversas
drogas vegetai s, o teor máximo de umidade tolerado. Por exemplo,
rizomas e raízes de hidraste (Hydrastis canadens is L.), 1 O% e 16%,
respectivamente; folhas de malva (M. sylvestris L.), 6%; folhas de
centela (C. asiatica (L.) Urban), 12%; cascas de caule da cáscara­
sagrada
(Rhamnus purshiana
DC.), 6%.
Determinação
do conteúdo de cinzas
E
ssa
avaliação tem como objetivo determinar a porcentagem
de compos
tos inorgânicos, oriundos de impurezas ou não, presentes
em uma a mostra
vegetal. O conteúdo de cinzas pode ser expresso
como teor de cinzas totais; resíduo não volátil, obtido após a
incineração completa da amostra, é indicativo da presença de
carbonatos, fo sfatos, sulfatos e cloretos. Pode não indicar o c onteúdo
em compostos inorgânicos totais presentes na amostra, pois alguns
sais podem sofrer redução e volatilização no processo; teor de
cinzas sulfatadas, que compreende o resíduo n ão volátil obtido
após a incineração completa de uma amostra tratada previamente
com ácido sulfúrico diluído, indica a presença de determinados sais

• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS
rm•
alcalinos que, durante o processo de incineração, podem reter parte
do dióxido de carbono produzido; e o teor de cinzas insolúveis em
ácido clorídrico,
obtido após o tratamento do resíduo de cinzas totais
ou cinzas sulfatadas com solução de ácido clorídrico (geralmente,
1
O% p/p), indica a presença de silicatos, oriundos, geralmente da
contaminação por terra e pedras.
Outro método útil é a determinação de cinzas solúveis em
água, indicativo da presença de material alcalino.
As cinzas obtidas no
ensaio
de cinzas totais ou cinzas sulfatadas são adicionadas de água,
filtradas, e a diferença em peso entre a fração insolúvel em água, após
dessecada, e
as cinzas obtidas no ensaio anterior é calculada [29].
Determinação do conteúdo de resíduos de pesticidas e
agrotóxicos
Substâncias tóxicas persistentes
(STP) podem ser definidas
como substâncias que permanecem na natureza, quer na sua forma
original,
quer na forma de substâncias originadas de sua decomposição,
causando efeitos deletérios-
por exemplo, compostos hal o-orgânicos,
tais
como hidrocarbonetos aromáticos clorados, pouco solúveis em
água e
que se mantêm estáveis sob a luz do sol, umidade, ar e calor
[8].
Como exemplo podem ser citados DDT (diclorofeniltricloroetano),
BHC (nomenclatura imprópria para o hexaclorobenzeno, conhecido
como pó-de-broca) e outros, de uso proibido em diversos países, mas
que no Brasil ainda são utilizados para determinados fins
[30].
Embora ainda não haja orientação para a realização
dessa análi se de pureza na legislação brasileira, outros países já
estabeleceram limites de tolerância para o
teor dessas substâncias em
plantas medicinais.
Esses resíduos podem ser originados do processo
de cultivo, pelo uso de pesticidas ou agrotóxicos, área de cultivo
contaminada, água contaminada,
ou de armazenamento.
Alguns autores
consideram que o teor remanescente desses
aditivos na forma extrativa é r eduzido em comparação à droga vegetal
de origem. Contudo, a contaminação humana por
STP é um grande
problema de Saúde Pública no Brasil. A OMS alerta para a necessidade
de regulamentação desses limites, à semelhança do que se pratica
para os alimentos, tendo em vista a possibilidade de uso continuado
de drogas vegetais e produtos fitoterápicos.
Segundo
esta recomendação, caso os limites para resíduos em
material vegetal não sejam estabelecidos pode ser utilizada a fórmula da
FAO
e da OMS, adaptada, para determinar o consumo d iário aceitável [8].

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS
Onde:
N
MCDAx Ex 70
AR=-----­
CDPM x 100


NAR: níveis aceitáveis de resíduos (em mg de STP por Kg do material
vegetal pesquisado).
MCDA: máximo de consumo diário aceitável (em mg de
STP por
peso corporal).
E: fator de extração (taxa de transferência da STP da planta medicinal
para a forma farmacêutica, que é determinada experimentalmente).
70: peso médio corporal (em Kg).
CDPM: consumo diário médio ( em Kg) de plantas medicinais.
100: fator de consume, que reflete a condição de que não mais que
1% do resíduo total de STP consumido seja oriundo da droga vegetal.
Na avaliação
de resíduos de
STP diversas técnicas são
empregadas,
concentrando-se, principalmente, na determinação de
organoclorados e organofosforados, por causa do seu longo tempo de
ação
residual. Utilizam, geralmente, as cromatografias em coluna e a
gás;
entretanto, em certos casos, quando há risco de decomposição
durante essas
análises, outras técnicas são recomendadas. Caso seja
desconhecido o histórico acerca da produção das plantas medicinais,
e considerando a grande diversidade de composição
desses produtos,
é desejável a realização
da pesquisa por grupo de compostos. Desta
forma,
por exemplo, as pesquisas genéricas de
cloretos e de fósforo
permitirão detectar contaminações por pesticidas organoclorados
e organofosforados, à semelhança da determinação de arsênico e
chumbo, para os pesticidas que os contenham.
Ensaios- limite para arsênio e metais pesados
A contaminação de material vegetal -consequentemente,
do derivado vegetal - por arsênio e metais pesados origina- se da
contaminação por STP e da poluição ambiental. A literatura ci entífica
mundial mostra que este tipo de contaminação é frequente e pode
alcançar altos índices, representando grave problema de saúde
pública [31, 32].
A determinação de metais pesados e arsênio está prevista na
legislação brasileira [9) e na Farmacopeia Brasileira IV, que também
inclui cádmio, sem a indicação específica para drogas vegetais.
A
determinação dos primeiros é fundamentada, exclusivamente,

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁPICOS
••
no ensai o-limite para chumbo. Além do arsênio, a OMS [22, 29]
preconiza a determinação de chumbo e de cádmio em plantas
medicinais.
Para tal determinação são preconizados testes quantitativos e
testes-limite.
Contudo, para melhor garantir a qualidade e segurança
devem
ser utilizados os testes mais preci sos e atuais, desde que sejam
validados para material vegetal e seus derivados.
Em geral, se a contaminação usualmente encontrada em
determinado material vegetal é desconhecida, é aconselhável que
essa determinação seja realizada qualitativa e quantitativamente em
vários lotes do material de vários fornecedores, de forma que sejam
estabelecidos os limites.
O teste para a presença de traços de arsênio na matéria­
pr
ima vegetal é realizado com base na conversão de arsênio em
arsina
(AsH), no ensaio-l imite descrito na Farmacopeia Brasilei ra
IV. Posteriormente, a arsina é determinada visual mente ou por
espectrofotometria.
Para a determinação quantitativa de chumbo e cádmio há
indicação
do uso de voltametria inversa ou de espectrofotometria
de absorção
atômica.
Presença de micotoxinas
Apesar dessa
determinação não ser exigida pela legislação
brasileira
(a Resolução nQ 34, de 1976, fixou em
30ppb o limite
máximo de aflatoxinas para alimentos, calculado pela soma dos
conteúdos das aflatoxinas B1 e G1) [33], a presença de micotoxinas
no material vegetal
pode representar tanto riscos agudos quanto
crônicos à saúde humana e animal. Micotoxinas, geralmente, são
compostos oriundos do metabolismo secundário de fungos, não
voláteis, com peso molecular relativamente baixo.
Os quatro grupos
principais
são aflatoxinas, ocratoxinas, fumonisinas e tricotecenos.
A contaminação
pode ocorrer tanto na fase de cultivo quanto
no armazenamento. As micotoxinas mais comumente encontradas
em material vegetal são as produzidas por espécies de Aspergi/Jus,
Fusarium e Penicillium [8, 29]. Essas micotoxinas podem estar
presentes
no material vegetal mesmo que o microrganismo que as
produziram não seja detectado.
Para a determinação de micotoxinas emprega-se, usualmente,
a cromatografia.
-·3141•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
Determinação qualitativa e quantitativa dos constituintes
químicos característicos
A verificação da presença e do teor dos princípios ativos
é parte essencial
do controle da qualidade de fitoterápicos, uma
vez
que deles dependem a atividade farmacológica. Quando os
princípios ativos não são definidos, as análises baseiam- se na
detecção marcadores
químicos característicos das espéci es. Com o
desenvolvimento dos
métodos analíticos fica mais fácil a detecção
e quantificação
dessas substâncias. Contudo, no que se refere aos
fitoterápicos, devido à complexidade química característica do
material vegetal, da droga e do produto acabado, muitas vezes o
controle da qualidade mostra-se um trabalho árduo.
A detecção da presença das substâncias quími
cas no material
vegetal
pode ser efetuada por meio de testes químicos qualitativos
e da análise
do perfil cromatográfico.
Inicialmen te serão abordados
alguns ensaios caracter
ísticos de drogas vegetais e seus derivados. O perfil cromatográfico é uma ferramenta útil não só para
a detecção dos marcadores
químicos, mas também de compostos
oriundos de contaminações; pode ainda tornar evidente o fato de o
material vegetal não
ter sido colet ado na época adequada etc.
Avaliação de parâmetros peculiares
Certas características presentes em algumas drogas vegetais
podem ser expressas por porcentagem ou índices, constituindo
parâmetros complementares à avaliação da qualidade, e os
ensaios para a sua
determinação são preconizados nas monografias
farmacopeicas.
São enumeradas, a seguir, algumas características avaliadas
por esses ensaios.
a)
Óleo essencial: óleos essenciais são caracterizados por
seu odor e por serem voláteis à temperatura ambiente. Entre as 36
espécies vegetais das quais há monogra fia até o quinto fascícu lo da
Farmacopeia Brasileira IV [28], essa análise é r ecomendada para
dezesseis delas (44,4%), pertencentes a
oito famílias: Apiaceae (3/4),
Asteraceae (3), Lauraceae (1
), Magnoliaceae (1 ), Monimiaceae (1 ),
Myrtaceae (4), Poaceae (1 ), Valerianaceae (1) ( Quadro 19).
Quimicamente, são misturas extremamente complexas de
monoterpenos, sesquiterpenos, hidrocarbonetos aromáticos e seus
derivados.
Para determinar o volume de óleo essencial presente
•1315-·

• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS
••
no material vegetal, este é submetido à hidrodestilação, utilizando
um aparato que permita a coleta do destilado em um recipiente
graduado.
Quando a amostra analisada apresenta densidade próxima
ou maior que a água, o que dificulta a análise, um solvente orgânico
de menor densidade pode ser adicionado um volume conhecido do
destilado, de forma a facilitar a separação do óleo da água.
Considerando a
complexidade química característica dos
óleos essenciais, a utilização da
cromatografia gasosa (CG) ou a
cromatografia
gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) é
recomendada para a determinação qualitativa
do óleo essencial, que é
altamente susceptfvel a alterações em sua composição química e pode
apresentar diferenças significativas, dependendo da época da coleta
do material vegetal, período do dia no qual a coleta foi realizada,
forma de secagem
do material vegetal, armazenamento etc.
Como exemplo pode ser citado o coentro (Coriandrum
sativum L.
-Apiaceae), cuja monografia encontra-se no Fascículo
4
da Farmacopeia Brasileira
IV [28]. Além do doseamento do óleo
essencial (os frutos de C. sativum não devem conter menos que 0,6%
de óleo essencial), também deve ser determinado o conteúdo em
linalol (o óleo essencial de coentro deve conter no mí nimo 60% de
linalol). Para essa determinação, a monografia do coentro preconiza
a realização de cromatografia gasosa.
Das espécies
de Apiaceae citadas, a centela
(C.asiatica (L.)
Urban) é a única para qual o doseamento de óleo essencial não é
preconizado, tendo em vista a determinação de asiaticosídeo, um
dos componentes ativos.
b) Taninos: são substânci as complexas, usualmente misturas
de compostos
polifenólicos, dificilmente passíveis de cristalização e
mesmo
de separação. Quando em soluções são facilmente oxidáveis
e
sofrem reações de polimerização. Essa
classe de substância
apresenta a
propriedade de adstringência, ou seja, são compostos
capazes de
se ligar a proteínas, formando precipitados insolúveis em
água e resistentes à ação de enzimas proteolítica s.
Tal propriedade
é utilizada na det erminação do teor de taninos (c omplexação com
pó de pele) [29].
A análise
qualitativa é realizada por ensaios químicos
por meio dos quais observa-se a formação de precipitados e/ ou
complexos coloridos.
O doseamento, por sua vez, pode ser realizado
por gravimetria, utilizando a técnica da complexação com pó de
pele,
ou por método colori métrico, utilizando reagentes que formam
-·3161•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS
complexos corados com taninos.
• ••
Entre o total de monografias de drogas vegetais prese ntes
na Farmacopeia Brasileira IV [28], nove (25%) apresentam esses
componentes em sua composição, conforme o Quadro 19.
c) Substâncias amargas (índice de amargor): plantas
medicinais que contenham substâncias amargas são geralmente
aperientes, por apresentarem ação estimulante sobre as secreções do
trato gastrintestinal. Substâncias amargas podem ser caracterizadas
quimicamente. Contudo, o sabor amargo do material vegetal é
usua
lmente devido à presença de mais de um principio ativo.
Dessa forma, o índice de amargor é determinado em relação a uma
substância de referência por um método sensor ial e
calculado em
equivalentes da substância de referência.
Para a determinação desse índice devem ser preparadas
diluições seriadas a partir de uma solução de cloridrato de quinina
a 0,01 %. Uma série de diluições também é preparada para a amostra
a ser avaliada,
conforme preconizado na monografi a.
O indivíduo
deverá provar 1 Oml de cada solução, começando da mais diluída.
O índice de amargor será calculado conforme a equação:
Onde:
2000c
IA=
ab
IA = índice de amargor em unidades/grama
a
= quantidade de
material a ser testado em mg!ml
b = volume da solução teste em 1 Oml da maior diluição que
promoveu a sensação de amargor
c
= quantidade da substância de referência, em mg! 1
Oml na
maior diluição que promoveu a sensação de amargor equivalente àquela
promovida pela amostra.
Na Farmacopeia Brasileira IV [28) tal quantificação consta da
monografia da carque
ja (Baccharis trimera (Less.)
DC.) (Quadro 19).
d) Índice de espuma: muitas espécies medicinais contêm
saponinas e apresentam a propriedade de formar espuma
persistente quando um extrato aquoso é agitado vigorosamente.
Essa propriedade é então utilizada para a determinação indireta da
presença
de saponinas. A Farmacopeia Brasileira
IV [28) preconiza
esse teste para duas espécies: Bacharis trimera (Less.) DC.) e Centella

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁPI COS
••
asiatica (L.) Urban (Quadro 19).
Para esse ensaio, 1 g exatamente pesado do material vegetal
pulverizado é
adicionado a 1
OOml de água e aquecido à fervura por
30 minutos. Após o arrefecimento e filtração, o volume do decocto
é completado até 1 OOml. Diluições sucessivas são preparadas a
partir dessa solução e vertidas em tubos de ensaio com tampa. Os
tubos são agitados vigorosamente por 15 segundos, mantidos em
repouso
por 15 minutos e observados para medir a altura da espuma
persistente. A maior diluição na qual a altura da espuma for igual
ou maior que 1 em será utilizada para cálculo.
Assim, o índice de espuma é calculado conforme a
equação: Onde:
1000
IE =
a
IE = índice de espuma
a
= volume, em
ml, do decocto utilizado para a preparação das
diluições.
e) Índice de intumescência (índice de intumescimento):
o
intumescimento em drogas vegetais está geralmente relacionado
à presença de gomas, mucilagens, pectina ou hemicelulose. A
avaliação
indireta da presença dessas substâncias pode ser realizada
pela medida do aumento do volume em ml do material vegetal
pulverizado quando em contato com água. Para a malva (Ma/va
sylvestris L.L rica em mucilagem constituída de ácido D-galacturônico
e 0-galactose, o teor de intumescimento recomendado, para que
esteja em conformidade com a Farmacopeia Brasileira IV, é de 6%
a 8%
[28](Quadro 19).
--3181•

CONTRO LE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
Quadro 19: Parâmetros utilizados na determinação de índices característicos em drogas vegetais
segundo preconizado
na 4a edição da Farmacopeia
Brasilieira [28).
Ieor
Índice lndi-lndice
míni·
de
Teor
cede de
Monografia Espécie vegetal
Parte
moem míni-
Ano
usada óleo
amar-
moem
espu- entu-
volátil
gor
taninos
ma mesci-
%
(IA) (I E) menta
Anis-doce
Pimpinel/a anisum
L. (.>,piaceae)
fruto 2 2000
1/icium \<erom
Badiana Hook.f. íruto 5 2000
(Magnoliaceae)
S!ryphnodendron
Barbatimâo
adstringensí.~arL)
casca de
Coville
caule
8 2002
(Lesuminosae-
M1mosoidae
Peumus boldus
Boldo Vlol.l Lyons folha 1,5 1996
(Monimiaccae)
Canela-do-
Qnnamom um
casca de
ceiU.o
••rum j.S. Presl.
caule
1,2 2000
(lauraceae
Camomila
Matricaria recutita L inflares-
0,4 1996
~steraceae) cência
Capim- C~mbopo~n
folha
limão
cirratusi (DC. Stapf. 0,5 2003
(Poaccae)
Baccharjs trimera
caule
Carqueja (less.) DC.
alado
0,3 31,3' ~220' 2002
(Asteraceae)
Centel/a asiatica
Centela (l.)Urban i olha :S:100
2
2000
(Apiaceae:
Coentro
Coriandrum sativum
fruto 0,4 2002
L. (Apiaceae)
Cravo-da·
Syzyg1um
botão
aromaticum (l.
15,0 2002
lndia
~~r.~:ee;;r
floral
E~pinheira-
Maytenus Uicifolia
folha 2,0 2002 Mart. ex Reinek
santa
(Celastraceae
Eucalipto
fl~cb;á:Ot~s~~:~~)
folha 0,8 1996
Funcho
Foeniculum vulgare
\1iller {Apiace ae}
fruto 1,5 2000
Genciana
~ntiana lut~a L. rizoma e
2000
(Ge'"ltianaceae) raiz
Goiabeira
Psidwm guajaval.
cMymceae)
i olha 0,2 5,5 2002
Paullinia
Guaraná cupana Kunth semente 4,0 2003
Saoindaceae)
Hamamelis
Hamamclis virgmiana L. folha 7 1996
(Hamamelidaceael
Ach>·rcxflne
sumidade
Vtacela sawreoides1Lam.)
norida
0,4 2001
DC. Asteraceae)
Malva
Malva sil~scris L.
iolha 6-8' 2000
.'Aa.vaceae 1
~oz-de-
Cola nitida
cola
(Vent.) A. Che\. cotilédone 0,5 1,7 2001
Sterculiaceae)
Pitangueira
Eugenia unir7ora L.
Vlyrtaceae)
i olha 4,0 2003
"'= valor para d iluição de 1 O' comparado à brucina ( di I: 3,2 x 1 o•); (>>·valor, sob as condições
de análise segun do a monografia correspondente; (" = teor de mucilagem recomendado (ácido
0-galacturônico e 0-galactose.
•1319-·

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOT ERÁPICOS
••
16.4.3.2 Avaliação qualitativa e quantitativa de princípios
ativos, classe
de componentes ou marcadores
Considerando-se que, os materiais de origem vegetal
apresentam alta complexidade em sua composição, a utilização de
métodos químicos e cromatográficos tanto na análise qualitativa,
quanto no doseamento de princípios ativos ou metabólitos
secundários, quer seja do insumo vegetal, derivados ou do produto
fitoterápico final é de grande importância. Porém, é praticamente
impossível garantir a qualidade no que se refere a todos os
constituintes
de um material vegetal; na maioria dos casos, um
grande espectro de componentes químicos presentes é ainda
desconhecido ou analiticamente
indetectável.
A reprodutibilidade e a qualidade são definidas por meio
de uma substância ou grupo de substâncias que, de acordo com o
estágio
do conhe cimento científico atual, são relevantes sob o ponto
de vista farmacêutico, farmacológico ou toxicológi co [34]. Caso o
princípio ativo não seja definido, é feita a quantificação do grupo
de compostos representativos da droga vegetal, ou de compostos
característicos
daquele material vegetal, denominados marcadores,
que não são, necessariamente, as substâncias responsáveis pela
atividade.
Métodos químicos
Os métodos químicos foram os mais utilizados, no passado,
como principal ferramenta de análise em fitoquímica. Muitos
deles baseiam-se em testes clássicos, referentes às reações entre
classes químicas dos compostos presentes no material vegetal
com determinados reativos, levando à formação de coloração ou
precipitados
característicos. Há testes indicativos para a presença de
flavonoides, óleos
essenciais,
alcaloides, saponinas, entre outros.
Sendo testes gerais, apresentam sérios problemas que
inviabilizam sua utilização como método analítico para fins de controle
da
qualidade. Entre as maiores deficiências dessas reações estão a
grande ocorrência
de resultados falso-positivos e a baixa sensibilidade
do método, o que torna necessário utiliz ar grande quantidade de
material para
que sejam extraídos níveis detectáveis do grupo químico
em análise.
Quanto ao aspecto quantitativo, são empregadas usualmente
as técnicas titrimétricas e granul
ométricas. A Farmacopeia Brasileira
IV preconiza o doseamento dos alcaloides tropânicos de beladona
.. -3201•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS


(Atropa belladona L.), utilizando a titrimetria. O resultado é fornecido
em porcentagem de alcaloides totais, expresso em relação à
hiosciamina [28].
O uso de procedimentos que empregam reações químicas
seguidas de determinação espectrofotométrica
é, também, uma das
mais difundidas técnicas existentes para a quantificação
de princípios
ativos
ou
classes de substâncias presentes nas matérias-primas
vegetais. A Farmacopeia Brasileira IV apresenta diversas monografias
de drogas
vegetais nas quais este procedimento é preconizado [28]:
determinação de
alcaloides fenólicos e não-fenólicos em ipecacuanha
(Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich); cascarosídeos e outros
heterosídeos antraquinônicos de cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana
DC.), entre outros.
Contudo, esses métodos carecem da robustez, sensibilidade
e acurácia necessárias para uma análise que garanta a real detecção
dos princípios ativos e/
ou tóxicos do
material vegeta l. Assim, esses
métodos vêm sendo substituídos por novas técni cas que permitem,
de
forma rápida e
sensível, e utilizando uma pequena quantidade
de amostra, a avaliação qualitativa e quantitativa da composição
química de determinado material vegetal, de extrativos e do produto
acabado.
TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS
O perfil da composição qu1m1ca do material vegetal,
seu derivado ou do produto acabado, principalmente o perfil
cromatográfico tem sido aceito internacionalmente como um meio
viável para o controle da qualidade desses produtos. E é uma
ferramenta útil para a obtenção de informações concernentes à
presença ou à ausência de determinados metabólitos ou produtos
de degradação [35].
Por definição, o perfil cromatográfico de um fitoterápico
é, na prática, a desc rição cromatográfica de um determinado
extrato contendo alguns componentes quimicamente característicos
responsáveis pela atividade farmacológica [36]. Considerando que um
derivado vegetal, por exemplo, extrato, bem como o produto acabado
(
fitoterápico) são misturas
complexas com centenas de diferentes
constituintes (o
fitoterápico pode ser, ainda, composto por dois ou
mais extratos), é quase
impossível desen volver um único método
analítico que possibilite a representação de todas as características
químicas dos constituintes
em um mesmo cromatograma. Sob essas
circunstâncias torna-se importante o desen volvimento de um método
baseado
em várias técnicas cromatográficas [37].
•1321-·

• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

Em geral, o perfil cromatográfico múltiplo é constituído
dos perfis cromatográficos adquiridos por meio de várias técnicas
(métodos analíticos, autenticação, validação dos métodos analíticos)
e comparação
entre os perfis [ 38].
Para
fitoterápicos e extratos vegetais, grande parte das
agências reguladoras
mundiais recomenda o perfil cromatográfico
para a
identificação apropriada do produto.
Nesse sentido, várias técnicas cromatográficas pod em ser
aplicadas para a obtenção
do perfil de um extrato ou fitoterápico:
Cromatografia em Camada Delgada (CCD), Cromatografia em
Camada Delgada de Alta Eficiência (CCDAE) Cromatografia Liquida
de Alta Eficiência (CLAE), Cromatografia Gasosa
(CGL Eletroforese
Capilar
(EC) e outras. No Quadro
20 estão representados alguns
métodos cromatográficos e seu mecanismo de separação.
As técnicas abordadas nes se capítulo serão detalhadas em
capítulos posteriores.
Qualquer que seja a técnica escolhida, o
método deve contemplar as atribuições fundamentais de robustez,
linearidade e
sensibilidade.
Quadro
20: Principais métodos cromatográficos [39] utilizados no desenvolvimento e controle
da qualidade de fitoterápicos
Técnica Mecanismo de Separação
CromaLOgrafia líquido.sóli do Adsorção
Cromatografia em papel Partição, na maioria das vezes
Cromatografia g.ls-Uquido (CCL) Adsorção. partição
Cromatografia camada delgada (CCD) Ad50rção, na maioria das \ezes
Cromat ografia líquida de alta eíici~nd a (CLAE) Adsorção, parti ção
Cromatografia líquida de alt
íssima
eficiência (C LUE) Adsorçlío, partição
Cromatografia
em fluido supercrftico f CFS) Adsorçã o, partição
Cromatografia
liquido-liquido (CLL) Partição
Cromatograiia em contra·corren te (CCC) Partição
Cromatografia de troca iOnica (CTI) Troca iônica
Eletroforese capilar ( EC) Carga iônica
Cromatografia de exclusão Tamanho do analito
Cromatografia por Afinidade Afinidade biológica
-·3221•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS
Cromatografia planar


Cromatografia em camada delgada (CCD): a cromatografia
em camada delgada é frequentemente utilizada para a análise de
derivados vegeta is e fitoterápicos por sua simplicidade, versatilidade,
rapidez, sens ibilidade especffica, baixo custo e facilidade de
operação. Por essa técnica é possível avaliar qualitativamente quer
substâncias puras, quer misturas de componentes, bem como realizar
a análise simultânea de diversas amostras. É um dos métodos mais
utilizados no
mundo, descrita na maioria das farmacopeias e demais
compêndios.
Nem sempre os princípios ativos estão determinados e
d
isponíveis como padrões. Nos casos em que a identidade do
princípio ativo não
é conhecida, é possível a utilizar os chamados
"marcadores
", constituídos de um componente (marcador
simples)
ou de um grupo destes (marcadores múltiplos), correspondendo às
substâncias normalmente encontradas na droga vegetal de referência.
Por exemplo, na identificação das inflorescências de macela
[Achyrocline satureoides (Lam.) OC.], são quatro as substâncias de
referência empregadas, segundo a Farmacopeia Brasileira IV [28):
quercetina, 3-0-
metilquercetina,
luteolina e ácido cafeico; para a
análise qualitativa por eco, dos cotilédones de sementes de noz­
de-cola [Cola nitida (Vent.) A. Chev.) é utilizada, co mo referência,
a solução etanólica de cafeína [28).
Quando os marcadores não estiverem determinados, a Anv isa
recomenda que seja avaliada a presença de classes de substâncias
características da espécie [17).
A técnica
de
CCO consiste, basicamente, da aplicação de
soluções de extratos em placas de vidro, plásti co ou alumínio,
recobertas por material inerte (sílica gel, poliamida, celulose,
alumina e outros) previa mente definido de acordo com a natureza
da amostra a ser analisada. O cromatograma é obtido pela eluição
da amostra utilizando o sistema de solvente previamente definido.
Após a eluição, o cromatograma pode ser observado a olho nu
ou sob luz ultravioleta (os comprimentos de onda mais utilizados
são
246 e 365nm).
O cromatograma pode ainda ser revelado pela
utilização
de reagentes químicos que fornecem manchas de cores
características para
as diferentes classes de compostos.
o cromatograma por eco permite:
- a obtenção do
perfil cromatográfico do extrato;
•1323-

• PARTE Vil -CONTROLE DE FITOTERÁPICOS
••
- a comparação de diferentes lotes de derivados vegetais para
comprovar a uniformidade;
-a comparação com o perfil cromatográfico de um extrato de
referência;
- a caracterização da presença de
determinados marcadores
qufmicos por meio da
utilização de padrões de referência;
- a
comparação com perfis cromatográficos descri tos na
literatura.
Cromatografia em camada delgada de alta eficiência
(CCDAE): essa técnica é mais conhecida pela sigla em inglês, HPTLC
(High Performance Thin Layer Chromatography). Baseia-se nos
fundamentos da eco, com a vantagem de fornecer cromatogramas
com melhores separação e reprodutibilidade, pois a fase estacionária
é constituída
de partículas de tamanho uniforme, usualmen te
Spm
(as partículas dos material utilizado em eco usualmente apresentam
tamanho em torno de 12 J.lm), o que permite uma eluição mais
homogênea [39].
Nessa técnica pode-se empregar um sistema de
desenvolvimento cromatográfico automatizado provido de
densitômetro, o que permite a avaliação sem iquantitativa de
substâncias presentes, conferindo maior reprodutibilidade e rapidez
à
análise. De forma complementar, pode ser acoplado a um sistema
de
fotodocumentação, o que permite o registro
ágil dos resultados
das análi
ses, recurso
útil no controle em processo.
À semelhança da CCD convencional, a CCD AE tem sido
utilizada no desenvolvimento e no controle da qualidade de
medicamentos em todo o mundo, inclusive no Brasil, podendo ser
aplicada com eficiência às análises qualitativa e semiquantitativa de
matérias-primas vegetais (ex
tratos e outras) e produtos acabado s.
Cromatografia em camada sob pressão (CCP ): esta técnica,
mais conhecida
por sua
sigla em inglês, OPLC ( Over Pressure Layer
Chromatography), consiste na migração forçada do eluente através
da fase estacionária. A CCP é considerada,
por
alguns autores, um
método híbrido entre a CCD convencional e a CCDAE, incorporando
algumas vantagens de cada técni ca [40]. São utilizadas placas para
eco especia lmente preparadas, cobertas por uma lãmina flexível
e ine rte, sujeita à pressão. A fase móvel é bombeada através da
fase estacionária, o
que
elimina a fase de vapor. Isso faz com que
a separação dos componentes da mistura analisada ocorra sob
condições controladas. A utilização da CCP possibilita otimizar a
-·3241•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
velocidade da fase móvel sem perder a resolução: a eluição sob
pressão resulta em uma análise substancialmen
te mais rápida e mais
eficiente
que as análise por CCD ou CCDAE [ 41].
Outras vantagens podem ser listad as, como a possibilidade de
utilizar técnicas hifenadas [
42, 43) e a obtenção de cromatogramas
em múltipas camadas [44). Uma possível desvantagem seria a
necessidade de
um tempo maior na preparação do experimento
e o custo do aparato necessário. Contudo, o fato de mel horar a
eficiência torna esta técnica competitiva.
Desenvolvimento múltiplo automatizado (DMA):
esta técnica exige pequenas quantidades de amostra e é muito
útil na separação de alcaloides, óleos essenciais e compostos
fenólicos, esteroidais e outros [41, 45, 46). Consiste em uma
técnica instrumental para preparar cromatografia em fase normal,
com gradiente de solvente, empregando placas para CCDAE na
utilização de um módulo de desenvolvi mento e uma unidade de
controle microprocessada. A cada eluição a placa é secada antes da
utilização do próximo eluente. Essa técnica permite que a difusão
na placa e a evaporação da fase móvel sejam reduzidas.
Como as
sucessivas eluições são processadas em atmosfera de nitrogênio,
também evita a oxidação do material analisado Apresenta alta
resolução e pode ser utilizado para análises qualitativas ou
quantitativas [47).
Cromatografia líquida de
alta eficiência
A
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), em
inglês High Performance Liquid Chromatography
(HPLC), é uma
das técnicas mais empregadas nos laboratórios de pesquisa e de
controle da qualidade, sendo importante na realização de análises
de cunho qualitativo e quantitativo. A técnica permite realizar a
análise
de matrizes não voláteis e de alta massa molecular.
Os
cromatogramas, utilizados como perfil ou "impressão digital ",
podem ser comparados tanto com amost ras autênticas quanto com
substâncias desconhecidas,
permitindo assim a identificação de
marcadores e/ ou a detecção de adulteraçõ es.
Cromatografia líquida de ultra-alta pressão
(CLUAP):
na cromatografia, a u tilização de fase estacionária que apresente
partículas menores
que 2f.lm aumenta a eficiência do método, que
também não diminui com a redução do fluxo [ 48).
O desenvolvimento
de fases estacionárias constituídas de partículas menores, mais
BIJ2siBII

• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

uniformes e esféricas permitiu reduzir o comprimento das colunas
cromatográficas e, inversamente, aumentar a eficiência, resultando
em menor tempo de separação, com redução de análise em um fator
de 4 [49]. Ao mesmo tempo, resulta no aumento da pressão, o que
deu origem ao termo Ultra-High-Pressure Liquid Chromatography
(UHPLC). A tendência são sistemas
que
trabalhem sob pressão de
cerca de 7.000 bar e colunas recheadas com partículas de 1J.1m. Um
exemplo da utilização dessa técnica é a identificação de triglicerídeos
presentes em óleo de milho (Zea mays) [35].
Cromatografia líquida de ultra-eficiência (CLU E): esse
sistema foi registrado e apresentado ao mercado pela Waters e é
conhecido pela sigla em inglês UPLC (U ltra-Performance Liquid
Chromatography). É composto de colunas com partículas em torno
de 1 ,7J.1m e opera sob pressão de 1.000 bar.
A utilização desse sistema no controle da qualidade de
insumos vegetais e fitoterápicos vem se tornando mais comum
[48, 50], pois a alta eficiência e o reduzido tempo de análise são
característi
cas mais que desejáveis para o setor produtivo.
Contudo, os sistemas de detecção são a chave-mestra
para a caracterização dos constituintes presentes na amostra. A
grande diversidade
química das drogas vegetais, seus derivados
e
produtos acabados está intimamente
ligada à variabilidade de
suas propriedades físico-químicas intrínsecas. Assim, nenhum dos
detectores para CLAE
hoje disponíveis é capaz de detectar todos os
compostos presentes em uma determinada amostra.
Além disso, os
analitos podem estar presentes em grande ou pequena quantidade,
e dependendo do tipo da avaliação pretendida (quantificação,
padronização, perfil cromatográfico, análise-traço etc) podem ser
necessários
métodos de
alta sensibilidade e seletividade para a
detecção [51].
De forma geral, os detectores podem ser aquel es utilizados
para obtenção de perfil cromatográfico ou para quantificação-por
exemplo, ultravioleta, detector de dispersão de luz por evaporação,
de captura de elétrons; ou detectores para sistemas acoplados
(hifenados), para aquisição de informação multidimensional
(cromatográfico e espectroscópico) para identificação em linha -
por exemplo, ultravioleta com arranjo de diodos, espectrometria de
massas, infravermelho e ressonância magnética nuclear.
A escolha do detector adequado é fundamental,
principalmente quando o analito encontra-se no nível de traços, o
que exige técni cas com baixos limites de detecção.
-·3261•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
Cromatografia líquida de alta eficiência com detector de
ultravioleta (CLAE-UV): é o mais simpl es e o mais utilizado, por ser
de baixo custo. Tem a vantagem de, entre os detectores disponíve is
até o momento, apresentar a melhor combinação de sensibilidade,
linearidade, versatilidade e robustez. Apresenta limitações
quanto
ao controle da qualidade de derivados vegetais e f itoterápicos,
pois não permite a detecção de compostos
que não apresentam
cromóforos em sua estrutura. Contudo, como muitos dos princípios
ativos presentes nessa amostra apresentam ao menos duas ligações
duplas e/ou elétrons desemparelhados, a
utilização de um detector
de UV com faixa de comprimento de onda entre
200 e 600nm
permite a detecção desses compostos. De fato, há v asta literatura
sobre a utilização de CLAE- UV, mesmo com comprimento de onda
fixo, tanto para a obtenção de perfil quanto para a quantificação
e detecção de quase
todos os compostos naturais que apresentem
um sistema cromóforo em sua estrutura.
Como é uma técnica simples e de baixo custo, a u tilização
de CLAE-UV é preconizada em várias farmacopeias, quer para a
quantificação
de princípios ativos, quer para o controle da qualidade
de drogas vegetais e fitoterápicos.
Geralmente,
por requerer um gradiente de eluição, a análise
causa deslocamento na
linha de base em comprimentos de onda
menores, o que pode ser evitado com a utilização de tampão fosfato
ou ácido trifluoroacético.
A Farmacopeia Brasileira
IV preconiza a utilização de
CLAE-UV ( 362nm) para a quantificação dos marcadores da macela
(Achyrocline satureoides Lam. DC.L quercetina e luteolina, utili zando
coluna de fase reversa (octadecilsilano) e fase móvel constituída
de mistura de metano! e solução de ácido fosfórico a 1% mN,
na proporção de 53:47 [28]. A utilização de CLAE- UV também é
preconizada para a
quantificação de esteviosídeo na estévia [Stevia
rebaudiana
(Bertoni) Bertoni].
Os métodos que utilizam CLAE -UV são muito úteis no
con
trole da qualidade de insumos vegetai s:
-na comparação do
perfil cromatográfico da matéria- prima
vegetal de lotes da mesma espécie, oriundos de diferentes
locais e fornecedores [52, 53].
-na detecção de adulteração
ou falsificação de drogas vegetais
e derivados (extratos,
por exemplo) por espéci es relacionadas,
como a adulteração de Maytenus i/icifo/ia com outras espéci es
do mesmo gênero ( por
exemplo, M. robust a) ou não (Solanum
bonplandii, Zollernia i/icifo/ia e outras) [54].
•1327f41M

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

Cromatografia líquida de alta eficiência com detector de
índice de refração (CLAE- DIR): esse detector é o ma is simples e
de
menor custo detector universal disponível, podendo ser utilizado
para a detecção de
qualquer analito. É muito útil para a detecção de
carboidratos e polímeros. Contudo, apresenta baixa sensibilidade,
é
muito susceptível a mudanças na temperatura ambiente, pressão
e
fluxo de solvente e não pode ser utilizado quando o método de
análise requeira gradiente de eluição.
Esta
técnica tem sido pouco utilizada no controle da
qualidade de fitoterápicos, mas devido ao baixo custo pode ser
útil no controle em processo de fitoterápicos, tais como lactonas
sesquiterpênicas de
G. biloba [55].
Cromatografia
líquida de alta eficiência com detector
fluorescência (CLAE-DF): o detector de fluorescência é considerado
um dos mais sensíveis e seletivos entre os detectores disponíveis,
m
as é pouco versátil.
Por definição, detecta somente os analitos que
emitem fluorescência [56]. Na fluorescência, a absorção molecular de
um fóton aciona a emissão de outro fóton com um comprimento de
onda maior. Essa diferença entre os comprimentos de onda (absorção
versus emissão) resulta
em maior seletividade.
Infelizmente, poucos
marcadores
químicos de fitoterápicos fluorescem natural mente em
uma faixa de
onda útil para a análise. Muitos desses compostos
podem sofrer derivações que resultam em produtos que emitem
fluorescênci a, permitindo sua detecção [51].
Cromatografia liquida de alta eficiência com detector
de dispersão de luz por evaporação (CLAE-DDLE): o detector de
dispersão de luz por evaporação, mais ref erido por sua sigla em
ingl
ês
ELSD (Evaporative Light-Scattering Oetection), é considerado
universal.
Está substituindo gradativamente os detectores por índice
de refração
(DIR). Permite detectar qualquer analito menos volátil
que a fase
móvel, independente de suas propriedades ópticas,
el
etroquímicas ou outras.
O eluente é nebulisado por meio de um
fluxo de nitrogênio e o aerosol resultante é transportado atrav és
de um canal aquecido no qual os componentes voláteis da mistura
e os
solventes são evaporados.
O sólido remanescente segue para
uma célula de detecção onde um feixe luminoso é direcionado às
partículas, provocando a dispersão da luz incidente que é detectada
por um fotodiodo ou um fotomultiplicador. Os mais importantes
fatores
que afetam a análise são o fluxo do gás (que influencia o
tamanho
das gotículas do aerosol) e a temperatura do canal. A
utilização
de CLAE-DDLE é possível mesmo em gradientes contendo
alta proporção de água.

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS


Apesar de ainda não ser muito utilizado no Brasil ou constar
nos
Métodos Gerais da Farmacopeia Brasilei ra
IV, o interesse por
CLAE-DDLE
tem aumentado como detector universal, pois é mais
compatível
com gradientes de eluição que
DI R, tem menor custo e
é
sua manutenção é mais simples que um sistema CLAE-EM, descrito
a seguir.
Na análise de drogas vegetais, seus
derivados e produtos
acabados (fitoterápicos),
têm sido utilizados, principalmente, para
detectar e quantificar marcadores contendo em sua estrutura
cromóforos fracos, tais como terpenos (tanto geninas quanto
glicosídeos), saponinas, alguns alcaloides, bem como açúcares.
Por
exemplo, nas orientações ao setor regulado, a Anvisa cita a utilização
de CLAE-DDLE na análise das lactonas terpênicas de Ginkgo biloba.
Esses compostos ( por exemplo, ginkgolídeo e bilobalídeo) não são
facilmente detectáveis por CLAE-UV, mas CLAE-DDLE mostrou
ser uma ferramenta útil no controle da qualidade de fi toterápicos
contendo extrato de ginkgo [57] como alternativa à utilização de
CC-EM-o que será discutido posteri ormente.
Cromatografia líquida de alta eficiência com detector
de quimioluminescência (CLAE-DQL): de forma semelhante à
fluorescência, a quimioluninescência pode ser definida como a emissão
de luz de uma molécula ou átomo em um estado eletronicamente
excitado, produzido por uma reação sem qualquer geração de
calor associada [51]. Os detectores de quimioluminescência ( DQL)
são muito sensíveis e seletivos, considerados por alguns setores
mais sensíveis
que o DDLE. É uma ferramenta útil para a detecção
de moléculas
que contenham nitrogênio em sua estrutura.
Se o
soluto
contiver ao menos um átomo de nitrogênio, este pode ser
detectado. Basicamente, a detecção
ocorre após a oxidação, em
alta temperatura, do analito contendo nitrogênio, que é convertido
no processo em óxido nítrico.
O óxido nítrico formado reage com
ozônio, produzindo dióxido de nitrogênio em um estado excitado
que emite um fóton na relaxação. O sinal produzido é proporcional
ao
número de átomos de nitrogênio presentes no analito.
Para a
análise, a fase móvel utilizada deve ser
volátil e livre de compostos
nitrogenados [58].
Mesmo sendo um método muito sensível, a utilização de
CLAE -DQL tem sido limitada. Um estudo que mostra a detecção de
flavonoides em
um fitoterápico com limite de detecção de 3
nglml
[59] é um exemplo da potencial idade dessa técnica no controle da
qualidade.

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

Cromatografia líquida de alta eficiência com detector
de aerosol de partículas carregadas (CLAE-DAPC): o princfpio
de detecção de aerosol de partículas carregadas ( em inglês CAD
-charged aerosol detection) é basicamente o mesmo da detecção por
DLE, técnica da deriva. A diferença reside em que, no DAPC, uma
agulha de metal (carona) aplica uma descarga elétrica nas partículas
secas e a carga elétrica resultante é
medida por um eletrômetro
[60].
Esse detector apresenta maior sensibilidade que o DDLE e fornece
uma resposta uniforme a analitos não voláteis, qualquer que seja
sua natureza.
O uso dessa técnica tem certa semelhança com a ionização
química sob pressão atmosférica da espectrometria de massas, que
será di scutida adiante. O DAPC detecta as partículas carregadas em
uma faixa de mobilidade seletiva, enquanto na espectrometria de
massas os íons na fase gasosa são detectados invidualmente.
Como o DDLE, o DAPC é mais i ndicado para a detecção de
marcadores químicos que não absorvem na região do ultravioleta.
Por ter sido desenvolvido muito recentemente, há poucos relatos
de sua utilização no controle da qualidade de drogas vegetai s,
derivados e fitoterápicos. Esse detector foi utilizado para ensaios
de estabilidade de rebaudianosídeo e esteviosídeo em refrigerantes
[61] e para detecção de ginsenosídeos e notoginsenosídeos em Panax
notoginseng (SANGI) [62].
Cromatografia Gasosa
No âmbito dos produtos naturais, a cromatografia gasosa (CG)
tem sido referida como método de escolha para a análise de óleos
essenciais. Numerosos relatos
da utilização da cromatografia g asosa no
desenvolvimento e controle da qualidade de fitoterápicos e insumos
vegetais
são encontrados na literatura científica. Essa técnica permite a
separação
de substâncias voláteis e termicamente estáveis, sendo capaz
de detectar substânci as em quantidades mínimas ( de até 1 o-
12g). A
análise
de óleos essenciais por CC apresenta como vantagens fornecer
um perfil
do óleo essencial que permite sua utilização para identificar
a espécie
da qual foi extraído, ou para identificar a região de origem
da amostra; permitir a fácil detecção de impurezas, considerando que
a composição e a concentração relativa de compostos orgânicos no
óleo essencial são características de cada planta [63]
A
Farmacopeia Brasileira
IV preconiza a aplicação de CG para
a determinação dos componentes majoritários
de óleos essenciais de
drogas vegetais, como !inalo! em sementes de coentro (Coriandrum
sativum
L.); P-cariofileno, em folhas de goiabeira
(Psidium guajava L.);
-•JJolli

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
eugenol; em botões florais de cravo-da-Índia [Syzygium aromaticum
(L.) Merr. & Perry]; e carquejol e acetato de carquejila, em caules de
carqueja [Baccharis trimera (Less.) DC.L entre outros [28].
A cromatografia
gasosa de
alta resolução foi utilizada para a
avaliação da qualidade do óleo-resina de copaíba. A comparação com
o método analítico clássico (determinação do índice de acidez) mostrou
que a análise por CG apresentou resultados mais uniformes e possibilitou
a definição de marcadores para esse derivado vegetal [64].
os últimos anos, com o aumento da utilização de CG, a
área onde houve mais avanços quanto a
essa técnica diz respeito à
preparação da amostra a ser
analisada, pois muito poucas matri zes
podem ser injetadas diretamente num cromatógrafo a gás.
Um procedimento muito utilizado é a microextração em fase
sólido-vapor (ME-FSV), Headspace Solid-Phase Microextraction, mais
conhecido pela sigla HS-SPME: em uma primeira etapa os constituintes
voláteis são transferidos para a matriz da fase vapor por aquecimento
térmico ou por microondas, fazendo com que sejam adsorvidos em uma
fase estacionária apropriada. A dessorção ocorre no equipamento com
o aumento da temperatura. Uma vez
que o
material da microextração
da
fase
sólida (ME- FS) seja definido, a extração e enriquecimento de
certos compostos é possível de forma simples, rápida e livre de solvente,
fazendo que seja uma técnica bastante útil para a análise de matrizes
complexa tais como extratos vegetais e fitoterápicos [65].
Um exemplo da utilização dessa técnica é na avaliação da
qualidade de flores de Chrysanthemum indicum L. oriundas de diferentes
regiões [66]: foram definidos 4 marcadores (eucalipto I, cânfor a, boneol
e acetato de bornila) os para a definição dos parâmetros do método
utilizado para a avaliação de 20 amostras diferentes
ELETR OFORESE CAPILAR (EC)
A eletroforese é uma técnica de separação baseada na
migração diferenciada de compostos iônicos
ou ionizáveis em um
campo
elétrico [67]. A eletroforese capilar (EC), por sua vez, segue
o
mesmo princípio; contudo, a migração do
analito carregado
eletricamente ocorre através
de um tubo
capilar preenchido com
um eletrólito.
A EC tem sido considerada uma das técnicas analíticas mais
interessantes na área de insumos vegetais e fitoterápicos
por permitir,
de forma
ágil, a análise qualitativa e quantitativa de moléculas em
uma grande faixa de polaridade e peso molecular, desde pequenas
moléculas até as macromoléculas -tais como ácidos nucléicos e
proteínas [68]. O rápido avanço da EC decorre, ainda, da simplicidade
•1331

• PARTE Vil • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

instrumental e, principalmente, da variedade dos modos de separação
que podem ser efetuados em uma única coluna capilar [69]. Outra
característi ca importante diz respeito à necessidade de quantidade
reduzida de amostra.
Essa técnica proporciona alto poder de resolução dos
componentes de uma mistura e,
devido
à sua versatilidade, tem sido
considerada uma alternativa ao uso de CLAE.
Para a análise de óleos
essenciais a EC não
tem sido recomendada, e a técnica indicada é
ainda a cromatografia
gasosa. a EC a separação é conduzida em
tubos medindo
15 a
100mm de diâmetro interno e 50 a 100cm de
comprimento, preenchidos com um eletrólito condutor e submetidos
à ação de um campo elétrico. O uso do capilar oferece muitas
vantagens sobre
os outros meios utilizados para eletroforese (placas
de gel, papel etc): devido a fatores geométricos um capilar possibilita
a dissipação eficiente
do calor, gerado pela passagem da corrente
elétrica (efeito Joule). Além disto, a alta
resistência elétrica do capilar
permite o estabelecimento de campos elétricos elevados (1
00 a
500 V/cm ), resultando em separações de alta eficiência (geralmente
excede 10
5
pratos teóricos), resolução inigualável e tempos de análise
apreciavelmente curtos. Outras vantagens da eletroforese capilar são a
pequena
demanda de amostra, com volumes tipicamente da ordem de
1 a 1
Onl, e a po ssibilidade de injeção e detecção em fluxo [69]. Outra
vantagem é o bai xo custo operaci onal, pois mesmo em condições em
que se empregam solventes orgânicos, os volumes consumidos de
amostra e el
etrólito são desprezíveis comparados
à CLAE, ainda que
utilizada em escala capilar [70].
Eletrofor ese capilar de zona (ECZ): a eletroforese capilar
de zona (em inglês,
Capillary Zone Electrophoresis -
CZE), também
conhecida
como eletroforese capilar em solução livre
(ECSL), em
ingl
ês Free Solution Capillary Electrophore sis (FSCE), é um dos modos
de separação elet
roforética mais usados na avaliação de deriv ados
vegetais e fitoterápicos, provavelmente dev
ido
à facilidade de sua
implementação e otimização das condições experimentais. O tubo
capilar é preenchi do com um eletrólito, geralmente com característi cas
tamponantes, e a separação ocorre como resultado de duas estratégias:
maximizar
as diferenças entre as mobilidades efetiv as dos solutos e
minimizar
as causas de alargamento das zonas [69].
É uma técnica adequada para a análise de marcadores
químicos permanentemente carregados, tais como antocianinas,
al
caloides quaternários e flavonoides sulfatados, para os quais o
pH do tampão pode variar sem que a mobilidade eletroforética
seja prej
udicada -uma vantagem quando a CE é hifenada com a -·3321•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPIC OS


espectrometria de massas. Também permite a análise de metabólitos
que apresentem grupos fenólicos em sua estrutura (ácidos benzoicos,
cinâmicos e seus derivados, flavonoides etc),
mantendo o pH do
tampão entre 7 e 12.
Essa técnica tem sido
útil na análise de fitoterápicos e
suplementos alimentares da Medicina Tradicional Chinesa [71],
que emprega geralmente compostos de derivados de mais de duas
espécies vegetais.
Cromatografia capilar eletrocinética micelar (CCECM ou
cromatografia eletrocinética micelar, CECM): essa técnica é uma
modificação da
EC e é mais conhecida por suas
siglas em inglês MECC
ou MEKC
(Micellar Electrokinetic Capillary Chromatography ou Micel/ar
Electrokinetic Chromatography).
Agentes tensoativos são adicionad os
ao
eletrólito de eluição em condições apro priadas para a formação
de micelas, resultando em um sistema bifásico no qual o eletrólito
constitui a fase primária, transportada eletro-osmo ticamente sob a
ação
do campo
elétrico; as micelas constituem a fase secundária, cujo
movimento deve-se a uma combinação dos fenômenos eletroforese e
eletro-osmose. Os solutos neutros são distribuídos nessas duas fases,
fazendo com que a separação seja seletiva.
Essa técnica foi utilizada para a quantificação de cafeína
em extratos de guaraná
(Paullinia cupana Mart.) e erva-mate (//ex
paraguariensis St.
Hil.), sem a necessidade de tratamento prévio da
amostra (injeção direta
do extrato) e mostrou ser rápida eficiente e livre de interferentes [72].
TÉCNICA HIFENIZADA (MÉTODOS DE DETECÇÃO ON LINE)
A expre ssão "técnicas hifenadas" pode ser conceituada como
o emprego de duas ou mais técnicas analíticas acopladas em linha.
A hifenação ocorre, usualmente, entre ao menos uma téc nica de
separação ( por exemplo, alguns tipos de técnicas cromatográfi cas)
e uma ou mais t écnicas espectrofotométricas de análi se. Um
exemplo típico é o acoplamento da cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE) ou da cromatografia gasosa ( CC), com técnicas
espectrométricas
como espectrofotômetro de UV-Vis (DAD) e/ou
espectrômetro de
massas (EM), que fornecem informações adiciona is
sobre a estrutura química dos component es da amostra, f uncionando
como detectores.
Tal acoplamento resulta em uma fe rramenta analítica mais
eficiente e mais rápida que as técnicas convencionais por gerar
informações adicionais. A hifenação com CLAE
permite a obtenção
•1333 [}7:':'!1

• PARTE Vil • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

de informações relevantes sobre a estrutura química do analito, bem
como a desreplicação, que é o estabelecimento do grau de ineditismo
-no caso
do
controle da qualidade, da presença de compostos não
esperados para aquela determinada amostra - que é essencial no
que se refere à análise de droga vegetal, seus derivados e produtos
acabados. Algumas vantagens das técnicas hifenadas em comparação
com as técnicas sem hifenação devem-se à pequena quantidade de
amostra necessária para a análise e à detecção do analito, mesmo
em quantidades diminutas.
Como a quantidade das informações
obtidas é muito grande,
usualmente essas técnicas requerem
programas (softwares) para a obtenção e tratamento dos dados,
além de, frequentemente, ser necessário o uso da quimiometria
para sua interpretação.
Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a
detector
de arranjo de diodo (CLAE-DAD): esse detector fornece
espectros na região
do
ultravioleta diretamente em linha, e é bastante
útil na detecção de marcadores contendo cromóforos característicos,
como os polifenois. É possível a construção de uma biblioteca útil
no controle da qualidade e na desreplicação, desde que as amostras
sejam analisadas nas mesmas condições nas quais a biblioteca foi
construída. Como é possível a aquisição de vários espectros de UV
através de um determinado pico do cromatograma, a pureza do
pico pode ser determinada. Além disso, durante a análise todos os
comprimentos de onda na faixa determinada são estocados e vários
comprimentos de onda podem ser monitorados ao mesmo tempo,
permitindo detectar diferentes classes de compostos.
Nos últimos anos várias referências foram publicadas sobre
o desenvolvimento e a validação de métodos de análise de espécies
brasileiras utilizadas como medicinais, aprimorando o conhecimento
sobre as espécies nativas e contribuindo para a construção de
monografias úteis tanto para o setor regulado quanto para o setor
regulado r. Uma combinação de CLAE-DAD e CG-EM permitiu
definir parâmetros que diferenciam Zollernia ilicifolia de espécies
de Maytenus consideradas "espinheira-santa verdadeiras" [73]; a
partir da utilização de CLAE- DAD foi definido um marcador para a
catuaba (Trichilia catigua)-a cinchonaína. O método foi validado e
mostrou
ser eficiente tanto para a
análise do insumo vegetal quanto
do fitoterápico contendo extrato dessa espécie [ 74]; um método
simples de análise utilizando CLAE-DAD foi desenv olvido e validado
para a quantificação dos ácidos 0-cumárico, benzoilgrandiflórico,
cinam
oilgrandiflórico
e caurenoico em folhas de guaco (Mikania
glomerata
eM. laevigata) [75].
-·3341•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
Outra vantagem do sistema CLAE-DAD é que pode ser usado
de forma
multi-hifenada com EM e com DDLE.
Cromatografia líquida de
alta eficiência acoplada a
espectrômetro
de massas (ClAE-EM): a utilização dessa técnica
é
extremamente útil no controle da qualidade de fitoterápicos.
O espectrômetro de massas (EM) é um detector com grande
sensibilidade e seletividade, excelente para a análi se de matrizes
complexas. Além disso, permite o acesso em linha de informações
estruturais importantes, tais
como peso molecular, fórmula molecul ar
e diagnóstico de fragmentos, cruciais para a desreplicação e a
caracterização ágil
de compostos naturais.
Vários tipos de espectrômetros de massas podem ser usados.
Os EM de baixa resolução, como os de um quadripolo, são os mais
utilizados e menos on
erosos.
Os EM de alta resolução e capaci dade
de fornecerem massas mais exatas, tais como os equipamentos do
tipo tempo-de-vôo, mais conhecidos pela sigla TOF (time-of-flight),
também estão sendo cada vez mais utilizados. Para análises que
exigem detecção mais específica, os quadripolos triplos são os
equipamentos de escolha. Os espectrômet ros de massas do tipo
capturadores de íons (ion trap) fornecem dados de estágios m últiplos
que podem ser essenciais para a elucidação estrutural.
A grande
popularidade de CLAE-EM se deve às interfaces
de ionização
à pressão atmosférica,
I PA (API -atmospheric pressure
ionisation):
ionização por eletrospray
IE (ESI-electrospray ionisation)
e ionização química à pressão atmosférica, IQPA (A PCI -atmospheric
pressure chemical ionisation).
Na
I E, a alta voltagem e o aque cimento
promovem a ionização necessária para a produção de íons: a alta
voltagem promove a nebulização do eluato que resulta em gotículas
carregadas
que seguem para o analisador de massa. No
IQPA o
aquecimento vaporiza o eluato e a descarga da carona ioniza as
moléculas do solvente, que por sua vez produz íons do analito via
mecanismos
de ionização química.
As técnicas CLAE- EM e CLAE-EM-EM podem ser utilizadas
para análises qualitativas (em estudos de desreplicação e para
obtenção de perfis de extratos brutos) e também quantitativas.
As análises por CLAE-EM-EM são muito úteis nos estudos de
biodisponibilidade.
•1335 .,..1;, ... ,, ... -........

PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁP ICOS
16.4.3.3 Outras determinações para msumos
vegetais
Os insumos vegetais constituem a droga vegetal e derivados,
como extratos (extrato fluido, tinturas, extrato glicólico, extrato seco),
óleos, ceras, exsudatos e outros, que apresentam características
esp
ecíficas relacionadas com a sua forma de apresentação, em
geral,
pulverizada ou líquida [13].
Assim, a
os parâmetros de qualidade a serem avaliados
dependerão das características do insumo a ser analisado. Na
Tabela
24 estão relacionadas as análises que integram o roteiro, geralmente
estabelecido, para a realização do controle
da qualidade desse tipo
de amostra.
Tabela 24: Determinações para controle da qualidade de matérias-primas vegetais e
fitoterápicos
Matéria-prima/
Forma farmacêutica
Droga
vegetal
pulverizada
Extrato vegetal
Granulado
Cápsula
Comprimido
-3361•
Análises
determinação do peso méd io
uniformidade de doses unitárias
granulometria
pH (extrato-fluido)
densidade relativa (ext rato-fluido)
determinação de teor de etanol (extrato-fluido)
determinação
de
metanol e 2-propanol (extrato-fluido)
resíduo seco (extrato-fluido, extrato mole, extrato seco)
determinação
do
volume médio
viscosidade (extrato-fluido)
conteúdo de substâncias extraíveis por etanol
granulometria (extrato seco)
determinação do peso médio
uniformidade de doses unitárias
granulometria
forma
densidade e volume aparentes
superfície especíiica
friabilidade
fluidez
determinação do peso méd'o
uniformidade de doses unitárias (cápsula mole)
determinação do tempo de desintegração
determinação
do tempo de
dissolução
determinação do peso médio
uniformidade
de doses unitárias
determinação
do tempo de desintegração
determinação
do tempo de
dissolução
dureza
friabilidade
controle macroscópico (exame visual)

CONTRO~E DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS
16.5 PRODUTO ACABADO (FITOTERÁPICOS)
O fitoterápico é um medicamento e, como tal, deve atender
a todos os requisitos necessários no que se refere à e ficácia, à
segurança e à qualidade. Assim, todas as análises fisicoquímicas e
farmacêuticas preconizadas para
as diversas formas farmacêuticas (cápsulas, soluções, comprimidos, crem es etc.) devem ser realizadas
no produto final, de acordo com as suas características.
Quanto às análises qualitativas e quantitativas necessárias
para a determinação
do(s) princípio(s) ativo(s), conforme discutido
anteriormente, devem ser
realizadas de acordo com a especificidade
de cada um e conforme descrito nos compêndios oficiais.
16.5.1 Padronização de matérias-primas vegetais e
produtos fitoterápicos
Buscando conferir aos fitoterápicos tratame nto
semelha nte
ao dos produtos farmacêuticos surgem problemas inerentes a sua
própria natureza, principalmente quanto à complexidade de sua
composição,
que favorecem a grande
variabilidade na qualidade
das drogas obtidas a partir de uma mesma espécie vegetal. Tal
característi ca está relacionada com os diversos fatores anteriormente
enumerados referentes
às condições do
local de plantio, processo de
coleta, manuseio e processamento da matéria-prima. As matérias­
primas apresentam,
com frequência, grande variação entre diferentes
fornecedores, justificando a necessidade de padronização desses
produtos [77].
Uma das
limitações à padronização é o fato de, muitas vezes,
não
se conhecer em parte ou
completamente a composição das
espécies vegetais, problema para o qual muito tem contribuído a
evolução das técnicas analíticas.
Deve-se destacar que aproximadamente 80o/o dos fitoterápicos
são comercializados na Alemanha sob a forma de extratos secos [78].
Frente à necessidade de alcançar homogeneidade entre lotes de
produção de fitoterápicos, acredita-se que o uso de extratos secos
vegetais padronizados
tende a ser uma característica importante
no
desenvolv imento de formulações fitoterápicas de qualidade e
eficazes.
Dentre os métodos
utilizados na obtenção de extratos
•1337lilili!ll

• PARTE Vil -CONT ROLE DE FITOTERÁPICOS
••
vegetais destacam-se a mace ração e a percolação, que demonstram
adequação tecnológica e viabilidade para a indústria farmacêutica
[79]. Os extratos secos são obtidos pela eliminação de 96,5% a
99% da fase líquida através de operação de secagem em pressão
atmosférica
ou reduzida, por
liofilização ou por incorporação de
solução extrativa em matriz sólida com posterior secagem [80]. A
nebulização (spray dryer) também é muito útil na secagem de extratos
vegetais. O processo de secagem destes extratos pode influenciar
na qualidade do produto final.
A padronização química dos extratos vegetais é muito
importante para o fornecimento de subsídios que comprovem a
repr
odutibilidade dos efeitos (segurança e eficácia) dos fitoterápic os, melhorando sua qualidade e atendendo às necessidades
crescentes dos consumidores e órgãos de fiscalização, vital para
o desenvolv imento de fitoterápicos e crescimento da indústria
farmacêutica nacional. A padronização emprega técnicas analíticas
com o objetivo de garantir que os extratos tenham a mesma
quantidade de substânci as ativas, pois sendo oriundos de um produto
natural, oscilações de concentração de ativos são corriqueiras. Assim,
os extratos são padronizados por meio dos marcadores. Com isto, a
grande vantagem da uni
formidade da quantidade de princípio ativo vegetal num produto acabado está assegurada. Diversas empresas
que trabalham na linha farmacêutica, como Sanrisil, Centroflora e
Herbarium, produzem extratos secos padronizados em marcadores
específicos, como por exemplo, alcachofra: 20%; alcaçuz: 18%;
cáscara sagrada: 0,6%; castanha-da-Índia: 20%; chá-verde 40%;
espinhei ra-santa: 22%; ginkgo: 24%; ginseng: 1 O%; hipérico: 0,3%;
kava kava: 30%; passiflora: 3%. Portanto, a obtenção de fitoterápicos
padronizados depende da qualidade e uniformidade das matérias­
primas vegetai s. Em relação às drogas vegetais, a padronização está
sujeita ao adequ
ado
controle das condições de plantio, de secagem
e
de manuseio posterior.
Para os extratos, responsáveis p or grande
parte
do mercado de matérias-primas vegeta is no
Brasil e no mundo,
a padro
nização é assegurada
pela qualidade das drogas vegetais:
pelas condições de extração, seguidas da determinação de sua
consistência e
do teor de um ou mais componentes ou de compostos
mais representativos de sua composição, os quais
são ajustados a
valores previamente definidos, resultando em derivados vegetais de
maior uniformidade, importantes na produção de medicamentos
seguros e
eficazes
-,.-. 3381•

CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS


O grande desafio no controle da qualidade de fitoterápicos
reside na análise
de produtos contendo mais de dois derivados da
droga
vegetal-os fitoterápicos associados ou compostos. Contudo,
com o desenvolvimento dos métodos analfticos, os problemas usuais
desse
tipo de anál ise (quantificação dos marcadores de cada um dos
derivados vegetais presentes na
formula farmacêutica, identificação
de produtos de degradação etc.) podem ser reduzidos. A utilização
do perfil cromatográfico no controle da qualidade de fitoterápicos
e insumos vegetais constitui
um grande avanço. Contudo, o analista
deve levar
em consideração que o perfil cromatográfico só será
útil se forem observadas não só as semelhanç as com a amostra de
referência, mas
também as diferenças entre elas [36, 76).
•1339-·

• PARTE VIl -CONTROLE DE FITOTERÁPI COS

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CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS
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a realização de estudos de toxidade pré-clíni
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fitoterápicos". DOU,
Brasília, 2004.
17. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
RDC n°91, de 16 de março de 2004.Determina a publicação da "Guia para
realização de alterações, inclusões, notificações e
cancelamen tos pós-registro
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fitoterápicos". DOU, Brasília, 2004.
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RDC no 210, de 04 de agosto de 2003. Determina a todos os estabelecimentos
fabricantes de medicament
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das Boas Práticas para a Fabricação de Medicamentos.
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Brasília, 2003.
19. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência acionai de Vigilância Sanitária.
RDC nº 87, de 21 de novembro de 2008. Altera o Regulamento Técnico
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Boas Práticas de Manipulação em Farmácias.
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Brasília, 2008.
21. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência acionai de Vigilância Sanitária.
Resolução RDC n2 95, de 11 de dezembro de 2008.Regulamenta o texto
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CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

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CON TROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS


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•1347-·

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.--3481•

....
ESTUDOS DE
ESTABILIDADE
"Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo;
quando
vires um homem mau, examina-te a
ti
mesmo."
(Confúcio)

ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS
17 ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E
MEDICAMENTOS
GIL, E.S.; MONTALVÃO E. V.; BATISTA FILHO, R.O.P.
A estabilidade dos fármacos e medicamentos consiste na
resistência a reações químicas,
principalmente de ocorrência nos
constituint
es ativos das
formulações.
Todos os fármacos estão sujeitos a alguma forma de
decomposição química ou física. Algumas classes químicas, no
entanto, são mais vulneráveis e tendem a se decompor, mesmo em
condições amenas.
A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores
extrínsecos e de
outros
relacionados ao próprio produto, como
propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes
farmacêuticos, forma farmacêutica e
sua composição, processo de
fabricação, tipo e propriedades dos materiais de
embalagem.
As condições externas envolvidas na deterioração de
fármacos e medicamentos são tidas como fatores extrínsecos ou
ambientais.
Entre
os principais fatores extrínsecos estão
luz, ar e umidade,
que podem afetar a estabilidade física dos medicamentos e acelerar
o processo de decomposição química do fármaco.
Os principais processos de degradação química são hidrólise,
oxidação, reações fotoquímicas, isomerização e polimerização. A
maior ou menor vulnerabilidade de uma espécie frente a uma reação
química é definida como fator intrínseco de estabilidade. Outros
fatores intrínsecos são os associados às propriedades físico-químicas,
tais
como ponto de fusão e coeficiente de
solubilidade.
Os fármacos vulneráveis à quebra hidrolítica são geralmente
derivados de ácido carboxflico, como ésteres, lactonas, carbamatos,
amidas, lactamas e imida (Quadro 21 ).
•1351--

• PARTE VIII -ESTUDOS DE ESTABiliADE

Quadro 21: Exemplo de fármacos vulnerá,eis à hidrólise
FÁRMACO CLASSE GRUPO
AAS Analgésico Éster
Procaín a, tetracaína, cocaína Anestésicos locais És ter
Lidocaína, ci nchocaína Anestésicos locais Amida
Cloranfenicol, benz ilpenicilina Antibióticos Amida
Nitrazepam, clordiazepóxido Ansiolíticos Lactama
Cefalosporinas e penicilinas Antibióticos Lactama
Espirolactona Diurético Lactona
Me
probamato, tibamato
Ansiolítico Carbamato
A maneira mais eficiente de se evitar a hidrólise é optar por
formas sólidas. Quando se deseja obter medicamentos nas formas
líquidas
aquosas, deve-se utilizar pH de maior estabilidade.
A
hidrólise pode ocorrer por catálise ácida ou básica,
assim o
pH neutro propicia, em geral, maior estabilidade.
Outros
procedimentos incluem alteração da constante dielétrica com
solventes não-aquosos, o uso de suspensões ou emulsões e, em
casos extremos, a modificação molecular.
Enquanto a degradação hidrolítica afeta
as soluções, para que
ocorra
um processo oxidativo de espécies mais vulneráveis basta o
contato com o ar.
P
ortanto, a oxidação é a principal causa de instabilidade
para compostos fenólicos, co
mo morfina e fenilefrina; catecolamina,
como dopamina e adrenalina; esteroide s, como os anticonc epcionais
e
antiinflamatórios corticosteroides, bem c omo vários antibióticos,
como a tetraciclina; vitaminas, como A, E e C; e outros compostos
poli-insaturados, como gorduras e óleo s.
A oxidação envolve a remoção de um átomo eletropositivo,
radical
ou elétron, ou a adição de um átomo eletronegativo ou
radical. De forma bem simplista, pode-se dizer que a oxidação ocorre
quando há adição de oxigênio e/ou remoção de hidrogênio.
A oxidação se dá
em três etapas: iniciação, propagação e
terminação.
--3521•

ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS
Iniciação
Clslo Homollti::a
Fármaco:H - Fármaco· + H'
Propagação
Fármaco' + ·o.o· - Fármaco-o-o·

••
Fármaco-0-0' + Fármaco:H - Fármaco:0-0-H + Fármaco'
Tenninação
Fármaco' + Fármaco' ----. Fármaco-Fármaco
Fármaco-0-0' + Fármaco· - Fármaco-0-0-Fármaco
A estabilização de fármacos contra a oxidação pode
envolv er o acondicionamento em ambientes anaeróbios, o u so de
antioxidantes e quelantes, e procedimentos co
mo remoção de metais
e estocagem em ambientes escuros.
Apesar de reações
de isomerização não serem tão comuns
como as anteriores, não são menos importantes, pois o processo
envolve a
conversão de uma droga em seus isômeros ópticos ou
geométricos. Considerando-se
que a estabilidade específi ca dos
isômeros de fármacos
difere bastante e ntre cada um, pode ocorrer
apreciável perda
de potência.
O Quadro 22 apresenta exemplos de fármacos pa ssíveis de
sofrer em reações de isomerização.
Quadro 22: Reações envolvendo isom erização de fármacos.
Fármaco Reacão Conseauência
Adrenalina
Racemização
em soluções de pH
Queda atividade
baixo
Ceíalosporinas
lsomerização reversível em
meio
In ativação
básico
Pilocarpina
Hidrólise básica seguida de
lnativação
epimerizaçâo
Tetraciclina Epime
rização condições acídicas Queda atividade
Vitamina A l
somerização cis-trans Queda atividade
'
A luz, por sua vez, pode ser um fator extrmseco nos processos
de decomposição química e física. Em alguns casos especiais provoca
reações fotoquímicas, e pa
ra substâncias vulneráveis a essas reações
tem-se, portanto, um fator intrínseco. Os mecanismos de fotodecomposição são bastante complexos
e podem manifestar-
se por meio de processos oxidativos, hidrolíticos
ou
outros tipos de reações secundárias.
•1353-·

• PARTE VIII -ESTUDOS DE ESTABILIADE
••
Entre os compostos passíveis de sofrer fotodecomposição estão
os neurolépticos fenotiaziônicos, a hidrocortisona, a predinisolona, a
riboflavina, o ácido ascórbico, o ácido fólico e a hidroquinona.
Para evitar a fotodecomposição, os fármacos fotossensíveis ou
os medicamentos baseados
nesses fármacos dev em ser manipulados à
baixa
luz, acondicionados em frascos âmbar ou opacos, e estocados
em ambiente escuro.
Finalmente,
as reações de polimerização são processos em
que uma ou mais
moléculas combinam entre si para formar dímeros,
polímeros ou outras moléculas complexas. Em geral, esses processos
oco
rrem em
soluções concentradas d urante o per íodo de estocagem.
Espécies passíveis de polimerização incluem aquel as contendo grupos
lactamas, como penicilinas e cefalosporinas.
Em contrapartida, os compostos formados por polimerização
são altamente antigênic os, fato que justifica, em parte, as reações
anafiláticas
desses compostos.
Entre
as consequências dos diferentes processos de degradação,
o co
mprometimento da eficácia e segurança do medicamento merece
destaque.
Os líquidos são, em geral, mais suscetíveis aos processos de
degradação
que outras formas farma cêuticas, especialmente em se
tratando de
veículo aquoso.
Os aspectos físico-químicos envolvid os na estabilidade dos
medicamentos
dependem das características de cada forma.
1 7.1
fORMAS LÍQUIDAS
Considerando que uma reação envolve a colisão de duas
moléculas, dada a inerente mobilidade de sistemas líquidos, as
formas líquidas são as mais instáveis física e quimicamente.
pH
O pH é de fundamental importância para a estabilidade de
fármacos,
principalmente os contidos em
soluções farmacêuticas.
Cada fármaco,
dependendo de suas propriedades físico-químicas,
possui
uma região de pH de máxima estabilidade na
qual a
velocidade de decomposição
é mínima. Esse é o parâmetro que
mais afeta a hidrólise. Além da estabilidade, outros fator es dependem do pH, como
a solubilidade e a biodisponibilidade. Outrossim, independente
desses fatores, o ajuste de pH deve respeitar a bi ocompatibilidade
com a via de administração.
--3541•
I

ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS


O uso de tampões deve respeitar, além dos aspectos
supracitados, questões de compatibilidade. Em contrapartida,
determinados fármacos decompõem-se mais rapidamente em
soluções tamponadas que não-tamponadas. A vel ocidade de
degradação da codeína, por exemplo, é 12 vezes maior em tampão
fosfato que em soluções não-tamponadas de mesmo pH.
Conhecer os efeitos do pH na velocidade de degradação
per
mite ao formulador ajustar o pH próximo àquele correspondente
ao
máximo de estabilidade.
A
formulação de uma solução com pH de estabili dade
máxima ou próxima disso nem sempre é possível, devido à
solubilidade (absorção
por tecidos) e eficácia.
Tempera
tura
As moléculas precisam de uma energia mínima necessária, a
energia de ativação, capaz de promover colisões entre
elas e favorecer
reações.
Tal fenômeno obedece à lei de ação de massas.
De modo geral, a temperatura acelera todos os tipos de reações
químicas. Pode
também causar evaporação e, consequentemente,
concentração ou sedimentação
do fármaco no medicamento.
Com o aumento da temperatura (calor) a estabilidade de várias
formas farmacêuticas é afetada, não
só química como fisicamente.
Assim, as formas farmacêuti cas podem sofrer alterações, a exemplo de
mudanças na viscosidade, no caso
de materiais líquidos, e deformação,
no c
aso de materiais sólidos. Ressaltam-se ainda processos físico­
químicos de desestabilização, tais como os que ocorrem em sistemas
emulsionados ou suspensos, dev
ido a fatores diversos -mudan ças no
perfil das interações intermoleculares, evaporação de solventes voláteis
e recristalizações (polimorfismo).
Força iônica
Com frequência adicionam-se eletrólitos para ajustar
a tonicidade das soluções. Estes podem, em contrapartida,
interferir na estabilidade, seja por incompatibilidade física ( por
exemplo, floculação por interferência no potencial zeta), seja por
incompatibilidade química (por exemplo, reações de precipitação
ou catálise).
•1355-·

• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE

Solventes
A troca da água por solventes orgânicos, ou mesmo a alteração
da constante dielétrica utilizando parte destes solventes, pode amenizar
ou resolver problemas de hidrólise. Deve-se, entretanto, avaliar a
biocompatibilidade sempre que se recorrer a essas alternativas. Os solventes podem ser classificados como:
a) apróticos: têm baixa constante dielétrica e são quimicamente
inertes,
como acetona, acetoni trila, benzeno, dicloroetileno,
tetracloreto de carbono, dioxano;
b) protofflicos: têm a
lta constante dielétrica, são de caráter básico
e reagem
com ácidos para formar prótons solvatados, como
amônia, piridina, dimetilformamida, etilenodiamina;
c) protogênicos: têm
alta constante dielétrica e são substãncias
ácidas,
como ácido acético glacial, ácido propiônico, ácido
fórmico, anidrido acético;
d)
anfipróticos: apresentam
alta constante dielétrica e têm
propriedades protofílicas e protogênicas, como ácido acético
glacial, metanol, etanol, propanol, água.
Tensoativos
Os tensoativos podem formar sistemas micelares em solução;
por sua vez, havendo compatibilidade química, a velocidade de
degradação
de um fármaco pode aumentar caso este se dissolva
dentro da micela.
A
extensão dessa proteção depende da polaridade do
fármaco, ou seja, quanto mais lipofílico for, maior a probabil idade
deste se concentrar no centro da micela. Muitas drogas associam-se
para
formar micelas em soluções aquosas. Em soluções micelares
de penicilina G, observou- se que a hidrólise ácida aumentou duas
vezes, mas a
hidrólise básica diminuiu de duas a três vezes.
17.2 fORMAS
SEMISSÓLIDAS E SÓLIDAS
A estabilidade de formas plásticas depende, praticamente,
da natureza da base empregada na formulação. Portanto, os
estudos de
compatibilidade são primordiais no desenvolvimento
de formulações semissólidas .
... 3561•

ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS

••
Entre os principais problemas envolvidos estão,
além da decomposição química, a perda da consistência e
endurecimento.
Por sua vez, as formas sólidas são em geral bastante estáveis,
mas
merecem cuidados quanto à
formulação e estocagem.
No que diz respeito à formulação, a escolha dos excipientes
pode influenciar a estabilidade física e a biodisponibilidade.
Portanto, deve-se respeitar a compatibilidade entre os excipientes
escolhidos. Quanto à estocagem, umidade, luz, oxigênio e
temperatura, podem afetar, mesmo em formas sólidas, não só o
tempo de estabili dade, como também a biodisponibilidade. Deste
modo, o ensaio de dissolução é, sem dúvida, um dos ensaios mais
importantes para saber se uma preparação sólida com eficácia
terapêutica sofreu alteração. Entre as principiais alterações que
afetam a biodisponibilidade do produto estão a adsorção do
fármaco aos excipientes, cápsulas gelatinosas ou recipientes, e
a
formação de
película em volta do comprimido, que impede a
solubilização do fármaco no meio.
Todo relatório de estudo de estabilidade, independente da
forma farmacêutica, deve apresentar as seguintes informações ou
justificativa técnica de ausência:
-desc rição do produto com respectiva especificação da sua
embalagem primária;
-
número do
lote para cada lote envolvido no estudo de
estabilidade;
-descrição do fabricante dos princípios ativos utilizados na produção
do lote do produto;
-aparência (descrição);
-plano de estudo: material, métodos e cronograma.
-data
do início do estudo;
-teor
do princípio ativo e método
analítico correspondente;
-análise de quantificação de produtos de degradação e método
analítico correspondente;
-limites microbianos ( quando aplicável);
-estudos de fotoestabilidade ou justificativa de que este não se
faça necessário;

• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE
••
,.1 -3581•
-Para toda forma farmacêutica sólida o relatório deve conter, ainda,
as seguintes informações ou justificativa técnica de ausência:
-teste
de
dissolução;
-dureza.
-Para
as formas farmacêuticas
líquídas e semissólidas, deve-se
acrescentar ao relatório as seguintes informações ou justificativa
técnica
de ausência:
-pH;
-sedimentação pós-agitação em suspensões;
-
claridade das soluções;
-separação de fase em emulsões e cremes;
-perda
de peso em produtos com base aquosa.

ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORÇADA EM FÁRMACOS E MEDICAMENTOS· " TESTE DE ESTRESSE"
18 ESTUDOS DE DJ:GRADAÇÃO
FORÇADA EM FARMACOS E
MEDICAMENTOS -
11
TESTE DE
ESTRESSE"

••
MONTALVÃO, E. V.; GIL, E. S.
O teste de estresse é definido como o ensaio de estabilidade
de medicamentos e/ ou fármacos realizado em condições superior es
às utilizadas nos testes de estabilidade de curto e longo prazo. Embora
seja parte integrante das informações
fornecidas às autoridades reguladoras no· momento do registro, pós -registro, renovação e
novos medicamentos
os
resultados relativos de tais estudos ainda
não apresentam regulamentação específica.
A Conferência Internacional sobre Harmonização (ICH) exige
que as substâncias farmacológicas apresentem bom desempenho
frente ao teste de estresse. Outrossim, estes testes podem ser úteis
na
identificação de prováveis produtos de degradação, bem como
no estabelecimento de especificações para os possíveis degradant es. Indicam, ainda, quais procedimentos analíticos deverão ser adotados,
tanto na realização dos ensaios de validação analítica, quanto nos
ensaios oficiais de estabi
lidade.
Deste
modo,
é imprescindível que as empresas farmacêuticas
realizem durante no processo de desenvolvimento de produto de
todas as formulações os estudos de degradação, além dos testes de
estabilidade. Pode-se, assim, verificar a necessidade de promover
adequações desde a etapa de pré-formulação, ou mesmo permitir
a seleção de excipientes e embalagens mais adequados a produtos
já existentes.
Se bem executados estes testes têm, a inda, o mérito de
fornecer subsídios químico-farmacêuticos potencialmente úteis
não
só para o desenvolvimento de novos fármacos, mais estáveis e
eficaze
s, como também de padrões de referência de produtos de
degradação ou de interesse toxicológico.
•1359-·

• PARTE VIII -ESTUDOS DE ESTABILIADE

18.1 PRODUTOS DE DEGRAD AÇÃO
O teste de estresse fornece informações sobre possíveis
mecanismos
de degradação.
Para tanto, é necessário que se tenha
conhecimento prévio dos produtos de degradação gerados em cada
etapa, ou
que seja
possível isolar e caracterizar tais produtos.
Entende-se
que produtos de degradação são as impurezas resultantes de alterações químicas que podem ocorrer durante a
estocagem
do medicamento devido aos efeitos da
luz, temperatura,
pH, umidade ou pela reação com um excipiente e/ou devido ao
contato com a embalagem primária.
A
RE nº 899, guia para
validação de métodos analíticos,
determina que o teste de seletividade/especificidade utilize padrões
de impurezas específicos relacionados aos produtos de degradação
do fármaco ou, que na ausência destes padrões, sejam feitas
comparações
com amostras submetidas a condições de estresse
(luz,
calor, umidade, hidrólise ácida, básica, oxidação e eventualmente
exposição a íons metálicos). Ou seja, o método desenvolvido
deverá, no que diz respeito ao parâmetro espec ificidade, ser capaz
de medir inequivocamente o analito (fármaco) e possíveis produtos
de degradação na presença de interferentes potenciais, como por
exemplo, excipientes.
18.2 CONDUÇÃO DO ESTUDO DE DE GRADAÇÃO ACELERADA
Os estudos de estresse deverão ser executados com o placebo
(todos os excipientes utilizados na formulação), o fármaco isolado e
a formulação (placebo + fármaco), de modo a fornecer informações
sobre
os possíveis mecanismos e produtos de degradação formados,
bem como
avaliar possíveis incompatibilidades.
Ressalta-se que o objetivo do teste não é degradar totalmente
o composto, mas sim atingir entre 10-30% de degradação, gerando
uma impureza ou um produto de degradação em quantidade
suficiente para que se possa isolar e caracterizar o produto obtido.
Primeiramente, os resultados do teste de estresse são
avaliados em relação à queda do teor da substância ativa, diretamente
relacionada à formação dos produtos de degradação.
Nesta etapa é
importante comprovar a não interferência
destas impurezas no doseamento dos ativos.
A segunda
etapa determina e caracteriza os produtos
~·- 360 ,.

ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORÇADA EM FÁRMACOS E MEDICAMENTOS -"TESTE DE ESTRESSE"

••
de degradação formados. esta fase faz-se a notificação junto a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a identificação
e classificação quanto à segurança biológica de cada produto de
degradação isolado e caracterizado.
Entre
os métodos mais empregados nestes estudos destacam­
se os métodos cromatográficos, que juntamente com os sistemas de
detecção adequados
podem conferir
alta especificidade ao método.
Destacam-se, entre os principais sistemas de detecção, o detector de
massas (MS), o detector de fotodiodo (DAD) e o detector UV-visível,
bem como a ressonância magnética nuclear (NMR)_
De
modo
geral, os estudos de degradação forçada são
realizados em condições consideradas extremas,
as quais
incluem,
entre outros fatores extrínsecos, o efeito do pH, da luz e da
temperatura, bem
como de agentes oxidantes. A
tabela 25 apresenta
algumas condições de degradação comumente empregadas nestes
estudos.
Tabela 25: Condições de degradação iorçada em testes de estresse de fármacos e
medicamentos
Condição de
degradação
forçada
Ácido
Base
Neutro
Oxidação
Preparação da amostra/
T
empo de
análi se
Aquecer a amostra acidificada diluída (1 :1 O com
Hei 1 ,o t-.:) a 60° ::t: soe por 6 horas
Aquecer a amostra alcalina diluída (1 :1 O com
Na OH 1 ,O N) a 60° ± soe por 6 horas
Aquecer amostra neutra diluída (1 :10 com Água)
a 60° ± soe por 6 horas
Amostra diluída (1 :1 O com H202 3% (v/v))
a 60° = soe por 6 horas
Expor
as amostras
à irradiação em lâmpada de
Luz xenônio à temperatura menor ou igual a 25°e
por 48 horas
Quando houver associação de fármacos com dose fixa,
deverão ser feitos estudos de estresse com cada fármaco isolado,
associado e na formulação final para obtenção de informações
referentes a possíveis produtos de degradação provenientes da
i
nteração e/ou incompatibilidade entre os princípios ativos e a formulação.
Já no caso de estereoisômeros, é importante ter clara a
sua origem, a qual pode decorrer de instabilidade, ou de misturas
•1361-·

• PARTE VIII ·ESTUDOS DE ESTABILIADE

racêmicas normalmente comercializadas. Caso os estereoisômeros
sejam provenientes da síntese do fármaco e durante o estudo de
estabilidade não seja comprovada sua formação, estes poderão ser
excluídos da quantificação no produto final, desde que respeitados
os limites aceitáveis informados pelo fabricante do produto.
A
terceira etapa dos estudos de degradação forçada
compreende a comparação dos resultados entre estabilidade e
degradação acelerada.
Os resultados do teste de estresse obtidos
para amostra real, padrão e placebo deverão ser analisados frente
aos estudos de estabilidade, conforme RE n° 398 de 2004, da
Anvisa
&B~• 3621•

TESTE DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE
19 TESTE DE ESTABILIDADE E PRAZO
DE VALIDADE


GIL, E.S.; BATISTA FILHO, R.O. P.
Os estudos de estabili dade são um conjunto de métodos
quali e quantitativos, realizados pelos fabricantes em produtos,
os quais são s ubmetidos a diferentes tempos e condições de
armazenamento, no sen tido de se avaliar seu prazo de validade e
determinar data de vencimento.
Os estudos de estabil idade são parte integrante da garantia
de qualidade, tendo por finalidade avaliar o comportamento dos
fármacos
ou medicamentos que se
alteram com o tempo, por
influência de fatores extrínsecos. Outrossim, esses estudos possibilitam
ainda avaliar possíveis incompatibilidades entre componentes de
formulações ou entre estes e materiais de acondicionamento.
Nas últimas décadas, com o desenvolvimento da indústria
farmacêutica, os problemas de estabilidade passaram ter maior
dimensão. A determinação do prazo de validade tornou-se uma
preocupação f
undamental da
tecnologia farmacêutica. Tanto pela
necessidade de se conhec er tempo útil para comercialização, quanto
por questões legais.
Nesse contexto, os órgãos regulamentadores têm demonstrado,
cada vez
mais, maior rigor na fiscalização da segurança e eficácia
de medicamentos.
Com interesse de se conhecer o comportamento dos
medicamentos em condições normais de armazenagem e
avaliar-se
concretamente o tempo de utilização clínica, o planejamento de
estudos de estabilidade sofreu várias modificações ao longo desses
anos. Entre as metodologias analíticas que despontam neste campo
estão as técnicas calorimétricas, as quais serão abordadas com
maiores detalhes no capítulo 22.
No Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
publicou recentemente, na RE n° 398, de 12 de novembro de 2004,
o Guia para realizacão de estudos de estabilidade, revogando a RE
no 560, de 2 de abril de 2002. O objetivo comum a esses guias é

• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE
••
fornecer as bases e diretrizes para planejamento correto de protocolos
de estudos de estabilidade e determinação de prazo de validade.
A RE no 398/2004 apresenta as seguint es definições para
teste
de
estabilidade e prazo de validade:
Prazo de validade é a data- limite para utilização de um
produto farmacêutico definida pelo fabri
cante, com base nos
seus re
spectivos testes de estabilidade, mantidas as condições
de armazenamento e transporte estabele cidos:
Teste de estabilidade é um conjunto de testes projetados
para
obter informações sobre a estabilidade de produtos
farmacêuticos visan
do definir s eu prazo de validade e período
de utilização em embalagem e condições de armazenamento
especificadas:
Os pontos abordados no guia de estudos de estabilidade
(REno 398) incluem:
a) plano de amostragem;
b)
condições experimentais ( ambientais):
b1) estudo de estabil idade acelerado;
b2)
estudo de estabilidade de longa duração;
b3)
estudo de estabilidade de acompanhamento;
b4)
estudo de fotoestabilidade.
c) freqüência dos testes;
d) tol
erância nas condições de armazenamento;
e) n
ormas para elaboração do relatório de estabilidade.
Em contrapartida, os testes
realizados durante os estudos
de estabilidade podem ser divididos em: físicos, químicos e
microbiológicos.
Os testes físicos v ariam segundo forma farmacêutica e
incluem todos os testes descritos no capítulo 15.
Entre os ensai os químicos, temos o doseamento de princípios
a
tivos ou coadjuvantes importantes e ensaios
limites para produtos
de decomposição.
Já os ensaios m icrobiológicos podem incluir ensaios do tipo
teste de e ficácia de conservante ou m esmo ensaios de potência para
a
ntibióticos e fatores de c rescimento. Os estudos de estabilidade devem ser realizados em câmaras
climáticas controladas e qualificadas.
,r--3641•

TESTE DE ESTA BILIDADE E PRAZO DE VALIDADE

••
De acordo com uma zona geograficamente delimitada (zonas
climáticas), os critérios de temperatura e umidade são estabelecidos
e aplicados para os estudos de estabilidade.
a) Zona I -Clima temperado;
b)
Zona
li-Clima Mediterrâneo;
c) Zona 111-Clima quente e seco;
d) Zona IV-Clima quente e úmido;
O Brasil situa- se na zona climática I V.
De acordo com as condiçõ es experimentais, os estudos de
estabilidade podem ser classificados em:
a) acelerado: Estudo projetado em condições naturais, porém, mais
agressivas
no que diz respei to aos fatores ambientais;
b) de acompanhamento: Estudo
realizado para verificar se o produto
mantém as suas características físicas, químicas e microbiológicas
conforme estudos de longa duração;
c) de longa duração: Estudo projetado para verificação das
características físicas, químicas e microbiológicas
de um produto
farmacêutico durante e, opcionalmente, após o prazo de validade esperado. Os resultados deste estudo são utilizados
para estabelecer ou confirmar o prazo de validade e recomendar
condições
de armazenamento;
d)
de estresse: Estudo projetado para
elucidar características intrínsecas
de estabilidade. Não existem normas oficiais para
estes estudos e
são recomendados durante a fase de desenvolvimento com
ciclos
de aquecimento/resfri amento, por exemplo, 4°C/40°C por 24
h em cada condição. A quantidade de ciclos será determinada
pelo formulador;
e) de fotoestabilidade: Tem por finalidade demonstrar que uma
exposição à luz não resulta em alterações significativas no
produto. São recomendados testes: nas substâncias ativas,
no produto exposto, no produto envasado em sua embalagem
primária e no produto em sua embalagem final.
•1365-·

• PARTE VIII -ESTUDOS DE ESTABILIADE
•m
19.1 ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA
O estudo de estabilidade acelerada é proje tado para acelerar
a degradação química ou física de
um produto farmacêutico, no qual
o
produto é submetido a condições forçadas de envelhecimento
(Quadro 23) durante armazenamento, as quais são selecionadas
com base no guia de estudo de estabilidade.
Quadro 23:
Condições de estocagem em estudos de estabilidade acelerada
Temoo Umidade Temoeratura
3 meses 90% UR ±5o/o 50°C 2°C
6 meses 75% UR ± 5% 40°C ± 2°C
Para produtos que devem ser armazenados em refrigerador,
os estudos de estabilidade acelerada são realizados 25°C ± rC/60%
UR ± 5%.
Para produtos em embalagens semipermeáveis, como bolsas
de plástico, gotas nasais
em frascos de plástico, o estudo deve ser
conduzido a
40°C ± 2°C e não mais que 25% UR ± 5% de umidade
relativa.
O tempo ou freqüência em que são retiradas as amost ras
em estudo, variam conforme seguem:
a) estudo conduzido por três meses: O, 1, 2 e 3 meses;
b) estu
do conduzido por seis meses:
O, 1, 2, 3 e 6 meses.
Ou seja, tomando como exemplo estudos conduzidos por
três meses de armazenagem em condições forçadas, são retiradas,
amostras para testes f
ísicos, químicos ou microbiológicos, no inicio
(tempo zero), fase in termediária (após 1 e 2) e fim (após 3 meses).
Quando mudanças significativas ocorrem durante estudo de
estabilidade acelerado, salvo
se concordantes com estudos de longa
duração, prevalecem estes últimos.
Exem
plos de mudanças que podem ocorrer são perda de
5% em relação ao teor inicial, pH fora do limite e dissolução fora
do limite especificado.
Nos
casos em que se queira avaliar o efeito da exposição
à luz sobre os produtos são realizados, também, os estudos de
fotoestabilidade. As amostras são expostas a não menos que 1,2
milhão
de lux.hora, integrado à energia UV próxima de não menos
que
200 watt horas/m
2
• Podendo- se utilizar lâmpadas fluorescentes
UV de emissão máxima de energia entre 350 e 370 nm.

TESTE DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE
As principais fontes de luz são:
a) opção 1: lâmpada 065/1065, combinação UV/visível;

••
b) opção 2: lâmpada fluorescen te fria ISO 10977 integrada à
lâmpada fluorescente UV com espectro de 320 a 400 nm.
19.2 ESTUDO DE ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO
O estudo de estabilidade de longa duração é realizado
nas condições climáticas "naturais". O Brasil é tido como um país
classifi
cado como zona climática de
classe IV (quente e úmida).
De modo, as condições de armazenamento em estudos de longa
duração para temperatura e umidade relativa são, resp ectivamente,
de: 30°C ± rc e 65o/o UR ± 5o/o. Para produtos embalados em
acondicionamentos semipermeávei s, a umidade não deve ultrapassar
35% UR ±5o/o.
Outrossim, produtos que são, normalmente, armazenados
em refrigerador têm estudos de longa duração conduzidos a
2°C ± 3°C, enquanto para os produtos armazenados em freezer, são
conduzidos -20°C ± 5°C.
Os estudos de longa duração visam a confirmar o prazo de
validade previsto, e são feitos durante e, opcionalmente, após este
prazo esperado.
O novo guia de estudos de estabilidade (RE 398/2004)
introduziu ao guia anterior (RE 560/2002) O ESTUDO DE ESTABILIDADE
DE ACOMPANHAMENTO,
Este estudo vi sa a verificar o tempo pelo qual o produto mantém
suas caracterí sticas físicas, químicas, biológicas e microbiológicas e
co
mplementa estudos de estabilidade de longa duração. O Relatório de Estabilidade, segundo RE n° 398/2004,
deve incluir informações sobre: a) descri ção completa do produto
(nome, número e tamanho, lote, fórmula, entre outras); b) condições
normais
de armazenamento; c) resultados dos testes; d) amostragem
(
número de amos tras testadas e analisadas por período); e) condições
experimentais (incluindo tipo de acondicionamento primário),
f) considerações a dicionais.
As
condições de armazenamento recomendadas podem ser
conforme a estabilidade intrínseca dos segui ntes tipos:
al conservar em temperatura ambiente (1
soe a 30°C);
b) conservar abaixo de 25°C;
•1367-·

• PARTE VIII • ESTUDOS OE ESTABILIAOE
••
c) conservar entre 2•c e a•c, sob refrigeração;
d) conservar congelado
(-5 a
-20°C);
e) conservar abaixo de -1a•c.
Os protocolos de estudo de estabilidade incluem ainda
dados adicionais, como data de fabricação do lote e data do início
dos testes.

CINÉTICA DE ESTABILIADE E PRAZO DE VALIDADE
20 CINÉTICA DE ESTABILIDADE E
PRAZO
DE
VALIDADE


GIL, E.S.; MACHADO, A.A.
A avaliação da velocidade de degradação de um
medicamento ou de um de seus componentes possibilita estimar
o seu
prazo de
validade e, nesse contexto, dá suporte aos
estudos
de
estabilidade.
Entende-se por prazo de validade, o tempo durante o qual
o produto poderá ser usado, e para medicamentos é caracterizado
pelo tempo durante o qual o fármaco perde no máximo 10% de
sua integridade. O prazo de validade é fundamentado em estudos
de estabilidade sob variadas condições.
Estudos de cinética de estabilidade conferem aos estudos de
estabilidade suporte físico- químico e matemático, correlacionando o
prazo de validade com a velocidade de reações.
A velocidade dessas reações dependem de uma série de
condições, tais
como: concentração dos reagentes, temperatura,
pH, radiação ou presença de catalisadores.
Para que um estudo de
estabilidade seja eficiente e completo,
é necessário aplicar os princípios da cinética química.
A cinética de uma reação diz respeito à velocidade específi ca
de reação, a qual é expressa por k, que indica a intens idade de
degradação ou alteração que o medicamento ou um de seus
componentes sofreu em determ inado tempo.
Seja uma reação entre compostos A e B formando produtos C e D,
k, corresponde à cinética de formação de C e D e k_, a reação in versa.
[C].[D]
=
[A].[B] k-
A meia-vida Ct,
2
)
de uma reação é um importante termo
derivado de equações
de cinética química. É definida como tempo
necessário para que a concentração do reagente caia pela metade
do valor inicial.
•1369~-

• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE
••
A t,
1
, e o prazo de validade ~o podem ser calculados com
base na cinética de reação k, pelas equações:
I 0,693
tt/2=--
k
0,1054
t90=--
k
Embora todas as reações obedeçam à lei de ação de
massas, a velocidade de uma reação pode variar dependendo do
tipo de reação.
As reações quí micas são classificadas quanto à cinética em:
a) reações de ordem zero (n=O}
b) reações de 1• ordem (n = 1 l
c) reações de 2• ordem (n = 2}
Reações de ordem zero: quando a velocidade de reação não
depende da concentração dos reagentes; neste caso, o fator limitante
é outro que não a concentração, por exemplo, a solubilidade,
presença de catalisador, ou absorção de luz.
Reações de ordem zero são caracterizadas por gráficos
lineares da correlação concentração x tempo.
As reações de ordem zero podem ser representadas pelas
equações:
~~ = k.[A]
0
f de= f k.dt C= kt+co
Onde: c= concentração do produto no tempo t, c
0
=concentração inicial e [AI = concentração
do reagente.
Logo, considerando-se que o prazo de validade requer a
detecção de no máximo 1 O% de produtos de degradação, ou seja,
no
mínimo
90% de integridade. A meia-vida (tv) pode ser calculada
pela equação:
t = 0,5.c.k
1/2
t = O,l.c.k
90
Reações de pseudo ordem zero: ocorrem quan do a velocidade
da reação
depende da quantidade de fármaco que entra em contato
com o reagente, e a diminuição da concentração ao
longo do tempo
é linear.
~ ..... 3701•

CINÉTICA DE ESTABILIADE E PRAZO DE VALIDADE
• ••
Reações de primeira ordem zero: nas reações de primeira
ordem, a velocidade de reação depende da concentração de apenas
um dos reagentes.
a representação gráfica, obtêm-se retas para reações de
primeira ordem a partir de correlações entre o logaritmo da concentra ção
dos produtos formados em função do tempo (/ogC x t).
As reações de primeira ordem podem ser expressas
matematicamente, pelas seguintes equações.
de ook.[A]
dt
de
-=k.co
dt
ln~ =k.t
Co
log ~ = k.t I 2,303 t=
logc.-logc
t = (logc.-logc).2,303/ k
k/2,303 Co
Em reações de primeira ordem, o ty, é calculado pela
fórmula:
log 50% -log 100%
t., l = --=~---=----
k/2,303
t,. = 2,303/ k.log lOO% -log50%
Logo, considerando- se que o prazo de validade correspon de
à perda de, no máximo, 1 O%, o tempo de estabilidade pode ser
expresso matematicamente:
t ..
=
2,303/ k.loglOO% -log90%
Reações de pseudoprimeira ordem: uma reação de
pseudoprimeira ordem pode ser definida como uma reação de
segunda
ordem em que um dos reagentes se apresenta em excesso
ou
cuja concentração se mantém constante.
Reações de segunda ordem: nas reações de segunda ordem,
a
velocidade é proporcional ao quadrado da concentração atual do
produto, e nessas reações essa velocidade depende da concentração
de dois reagentes.
Graficamente, uma reação de segunda or
dem é caracterizada
quando a curva (1/C x tempo)
resulta em uma reta.
As reações de primeira ordem podem ser expressas,
matematicamente, pelas seguintes equações:
de ook.[A]2 de =kco2 I c=- Co
dt dt · k.co.t -1
•1371 ~li

• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE

O cálculo da t, é dado por:
Co Co 1
2 1+k.colh
tl/2=-
k.co
No entanto, em se tratando estudos de estabilidade, as
reações de segunda ordem são de pouco interesse, já que para a
maioria dos casos
as reações de degradação
envolvem reações de
ordem zero e primeira ordem.
Exemplo:
Calcule a validade de um medicamento, cujo fármaco se
apresenta na respectiva forma farmacêutica a 37°C k = 1.1 o·
7

1

--3721•
0,10538
t.,=-'---
k
0,10538
t .. =--­
-7
1.10
Ígo = 1053800 s :. tg
0 = 12,2 dias

CINÉTICA DE ESTABILIADE E PRAZO DE VALIDADE
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CINÉTICA DE ESTABILIADE E PRAZO DE VALIDADE


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•1375--

FUNDAMENTOS
"' "'
TEORICOS BASICOS
"'
EM ANALISE INSTRUMENTAL
"O gênio cons iste em um por cento de
inspiração e noventa e nove p
or cento
de
transpiração."
(Thomas A. Edison)

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

••
21 MÉTODOS ESPECTROMÉTR ICOS
GIL, E. S. i MA TIAS, R.
Os métodos espectrométricos de análise incluem todas as
técnicas baseadas na interação entre energia eletromagnética (E) e
matéria (M).
A
interação entre energia radiante e uma determinada
substância pode
resultar em variados eventos físicos ou químicos,
tais como: absorção, remissão, fotodecomposição, reflexão,
aquecimento.
A magnitude desses eventos dependerá tanto das
características moleculares quanto da energia radiante.
Conforme a conveniência, a energia el etromagnética pode
ser medida em função de seu comprimento de onda (À), freqüência
(v),
velocidade (c), potência
(P) ou intensidade (1). Dentre essas
grandezas, as mais utilizadas são a freqüência e comprimento de
onda, que se correlacionam com a velocidade da luz (300.000 km/s)
por meio das equações:
Quanto menor o comprimento de onda, maior a freqüência
e intensidade da radiação ionizante
(Figura 34).
O Espectro Ele tromagnético
...
~ ~
10
-o
~ o

~
>- X !3 ~ ..c "'
"' "'
o
c:;
~ -o
o
'§ o
~ c
'(§ "' E ·:; ·;;: o
~
t e
> u
,r; .E
.s:
10"" 10"
11 10 .•
10·' À(m)
10"' 1o·• 10"' 10'
Figura 34: Propagação da energia Radiante
De certa forma, pode-se inferir que as radiações menos
energéticas
têm efeitos suaves, enquanto radiações mais ener géticas,
efeitos ionizantes.
•1379-·

• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Assim, a interação da luz visível ( 380 a 700 nm) com a
retina resulta na visão, nosso principal sentido, enquanto raios
e gamas (
< 1 Â) são empregados em métodos de
esterilização e
podem causar mutação ou fissões nucleares.
A Tabela 26 apresenta os tipos de interações esperados para
cada faixa eletromagnética.
Tabela 26: Energia radiante e e'entos
moleculares típicos.
Tipo de Radiação Evento Molecular Faixa Espectral (Ã)
Raios y
Raios x
Transições nucleares
Transições eletrônicas de
camada
interna
<1Â
1 a 10 Â (1 nm)
UV distante (vácuo)
Transições eletrôni cas de
camada externa
1 a 200 nm
UV próximo
Visível
Transições eletrônicas
Transições eletrônicas
Vibrações molecu lares
Vibrações moleculares
Rotações moleculares
Rotações molecular es
Orientações de spin
200 a 400 nm
400 a 800 nm
IV próximo
IV fundamental
IV distante
Microondas
Ondas de rádio
800 a 2.500 nm (2,5 Jlm)
2,5 a :!5 Jlm
25 a 400J1m
400 a 250.000 11m (25 em)
> 25 em
Feixe de elétrons
Formação de radicais
iônicos
Massa/carga
Como conseqüência dos diversos tipos de interações
possíveis, os métodos espectrom étricos podem ter várias funções
analíticas quali ou quantitativas.
Outrossim, os métodos espectroanalíticos podem ser
classificados sob vários aspectos:
-•Jsol•
a) não destrutivos: Espectrofotometria UV-visível, Espectrofotometria
IV, Espectrometria de RM'-, Fluorimetria, Colorimetria,
efelometria, Turbidimetria;
b)
destrutivos: Espec trometria de Massas, Espectrometria de
Absorção Atômica, Fluorescência Atômica, Fotometria de Chama,
Difratometria de Raios X;
c) emissão: Fluorimetria, Fluorescência Atômica,
ICP;
d) absorção: UV-visível, Infravermel ho, RM , Absorção atômica ...
e)
identificação: Massas,
Infravermelho, RMN, Rx, Polarimetria,
Raman;
f) quantificação: UV-vis ível, Fluorimetria, Absorção Atômica,
Refrato metria;

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS


gl espectr ofotométricos: UV-Visível, Infravermelho, Fluorimetria,
Colorimetria;
h) não espectrofotométricos: Massas, RMN, ESR.
21.1 ESPECTROFOTO METRIA NO UV-VISÍVEL
O UV-visível talvez seja uma das técni cas mais utilizadas em
todo o mundo, em especial em análises quantitativas em laboratórios
químicos, clínicos e farmacêuticos.
E
sta técnica, continuamente aperfeiçoada, ainda permanecerá
durante longo período sendo um dos mais úteis instrumentos de
medida. Entre as principais vantagens
dela estão:
a) facilidade de manuseio ou operação;
b) boa sensibilidade (1 o-
4
a 1 o-
7
moiL-
1
);
c) boa exatidão;
d) seletividade moderada;
e) ampla aplicabilidade.
A relação fotometria-luz deve ser encarada em termos
de energia e não em termos de luz e cor. A energia, por sua vez,
apresenta relação inversa
com o comprimento de onda, simbolizado
por
À.. A unidade empregada para medida do comprimento de onda
À. é o nanômetro (nm).
a faixa espectral
do UV-visível, a interação entre matéria e
energia
se dá por transições eletrônicas. Assim, a espectrofotometria
no
UV-Visível é também, convenientemente, denominada de
espectro
metria de absorção eletrônica. O grau com que ocorre absorção da energia luminosa
depende das transições eletrônicas possíveis para a molécula
(matéria) e da intensidade de energi a.
Uma solução quando iluminada por luz branca apresenta uma
cor que é resultante da absorção relativa dos vários comprimentos
de onda (Quadro 24).
•1381--

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Quadro 24: Luz visível e cores complementares.
Comprimento de
Onda /..
Cor absorvida Cor complementar
380-430 Violeta Amarelo-verde
430-47.5 Azul Amarelo
47.5-49.5 Azul-verde Laranja
49.5-505 Verde-azul Vermelho
50.5 -55 Verde Púrpura
5.5.5-.575 Amarelo-verde Violeta
57.5-600 Amarelo Azul
600-620 Laranja Azul-verde
620-700 Vermelho Verde-azul
Como já foi visto no capítulo 11, essa absorção, em cada
comprimento de onda, depende da natureza da substância ( K), da
concentração (C) e
do caminho óptico (L-espessura da solução que
é atravessado pela luz).
A
principal aplicação do UV-visível é o doseamento de
fármacos, e pode ser obtido segundo as seguintes configurações
metodológicas:
a)
amostra x padrão;
b) amostra x equação da reta (curva
analíti co);
c) amostra x extinção específica;
d) titulação fotométrica.
este
capítulo são apresentados fundamentos teóricos
envolvidos na interação entre matéria e luz, bem como sobre a
instrumentação básica.
21.1.1 Transições eletrônicas
A magnitude da absorção molecular no UV-visível depende
da área de secção transver sal da molécula e da estrutura eletrônica
da molécula,
que expressa a probabilidade de transição para uma
dada energia.
A estrutura eletrônica
de uma molécula diz respeito aos tipos
de el
étrons envolvidos. Em contrapartida, os elétrons são classificados
segundo
sua órbita, a qual pode ser dividida em orbitais moleculares
e orbitais atômicos.

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

••
São quatro os tipos de orbitais atômicos conhecidos: s, p, de f.
o caso dos orbitais moleculares, para moléculas orgânicas
existem três possibilidades: sigma (cr), pi (7t) e não liga nte (n).
Por
sua vez, para cada orbital
molecular ligante, exite um
orbital antiligante (cr* e 7t*), para o qual os elétrons se deslocam
median
te uma excitação.
Transições el
etrônicas envolvendo
moléculas formadas,
basicamente,
por ligações simples (elétrons
cr) requerem excitação
(energia) relativamente grande. Deste
modo, a absorção eletrôni ca
só ocorre mediante comprimentos de onda da ordem do UV
distante
(À < 185 nm).
Com o acréscimo do nível de energia aplicado naturalmente,
perde-se em seletiv idade, de modo que moléculas típicas da
atmosfera (0
2
,
C0
2
,
N
2
)
se tornam interferentes potenciais. Logo,
medidas
de absorção, para soluções con tendo
molécul as saturadas,
só são possíveis em vácuo, fato pelo qual, o UV distante é ta mbém
chamado UV vácuo.
Moléculas contendo grupos insaturados são excitadas mais
facilmente. Ou seja, os elétrons 1t ligantes se deslocam aos r espectivos
orbitais antiligantes sob ação de menor nível de energi a. A esses grupos
insaturados responsáveis
por absorção de
luz na faixa do UV próximo
ou visível (À 200-700 nm) dá-se a denominação de cromóforos.
Outras transições possíveis na faixa do UV próximo ou
visível envolvem elétrons não ligantes (n) para orbitais antiligantes
(cr* ou 7t*). As transições n ---7 cr* ocorrem na faixa de À de 150 a 2 50
nm, enquanto transições n ---7 7t* entre 200 e 700 nm.
A
Figura 35
ilustra as relações entre nível de energia e
transições eletrônicas envolv
endo elétrons
n , cr e n .
E
I
Antiligante cr·
Antiligante 1t'
Não-ligante n
Ligante 1t
Ligante O'
Figura 35: fvel energéti co para tr ansições n, a e n.
A faixa e intensidade de absorção de grupos cromóforos
podem sofrer influência de grupos contendo elétrons n, tais como
-oH, H
2
e Cl·, grupos estes denominados auxocromos.
•1383-·

• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Além das transições envolvendo elétrons n, as envolvendo
elé
trons
de f também são possíveis no UV-próximo. Entretanto, tais
t
ransições não são típicas de
moléculas orgânicas e fármacos.
Por fim, tran sições eletrônicas, ou seja, transferênc ias
de cargas, são mais
adequadamen te investigad as por métodos eletroanalíticos, tais como voltametri a.
21.1.2 Componentes básicos de instrumentação
Os instrumentos que utilizam a medida de ab sorção de energ ia
eletromagnética radiante por soluções são os espectrofôme tros, que são
equipame
ntos que
utilizam grades de difração ou p risma na seleção da
porção desejada do espectro, ou seja, ultravioleta vi sível e infravermelh a.
A Figura 36 esquematiza os seis componentes da fotometria.
Cela: 4
Fotocélulas e Transdutor: 5 e 6
• Colimadores: 1, 2 e 3
Componentes Eletrônicos
Figura 36: Componentes da espedroscopia de ultravioleta.
--3841•
1-Fonte de energia elétrica: fornecedora de energia regulada,
constante e apropriada para a operação do apare lho.
2-Fonte de energia rad iante: capaz de emitir uma mistura de
comprimentos de onda.
3-
Monocromador: utilizado para o isolamento da porção desejada
do espectro.
4-
Porta cubeta: recipiente onde se coloca a cubeta c ontendo a
solução a ser medida.
5-
Detector: recebe a energia radiante transmitida
pela solução,
transformando-o em energia elétrica.
6-Cir
cuito medidor: recebe a energia
elétrica emitida, pelo detector.
apresentando-a ao operador sob a for ma útil de leitura, isto é,
transmitância ou absorbância.

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS
• • 11
Como toda instrumentação em controle de qualidade, o
espectrofotômetro deve-
se ser calibrado, a fim de que desvios físicos não
comprometam a análise.
Além disso, problemas com a instrumentação,
desvios químicos
por
·causa das interações intermoleculares, como
associação, dissociação, solvatação, polimerização, podem afetar a
lei de Beer, comprometendo também a análise.
21.2 EsPECTROMETRIA NO INFRAVERMELHO
A espectroscopia do infrevermelho (IV) compreende a região
do espectro eletromagnético de comprimentos de onda va riando de
0,75 a 1 .000 J..lm. A região do infravermelho entre 2,5 e 14,9 1-lm (670
a 4000 cm-
1
)
concentra o maior inte resse dos químicos, embora as
regiões do infravermelho próx imo
(0,75 a 2,5 J..lm) e do infravermelho
distante
(14,9 a
50 J..lm) venham gradativamente, conquistando seu
espaço.
A região espectro magnética correspondente ao infravermelho
causam alterações no estado de energia vibracional da molécula.
As transições vibracionais são associadas a mudanças na rotação
dos átomos sobre ligações química
s, que por sua vez, podem ser
formadas
por diferentes combinações entre átomos ou números
de elétrons compartilhados (ex. Ligações simple
s,
dupla ou tripla).
Conseqüentemente, cada pico num espectro
de
IV corresponde a
um grupo funcional particul ar.
De modo geral, grupos formados por ligações simples com
hidrogênio (0-H, N-H, C-H) absorvem na região de maior freqüência
do espectro IV médio (4.000 a 2.100 cm-
1
).
Este fenômeno se deve
ao pequeno tamanho
do hidrogênio que
lhe permite v ibrar em altas
freqüências. Por outro lado, grupos cont endo ligações triplas (C=N),
absorvem em regiões intermediárias (2.1 00 a 1.900 cm-
1
), enquanto
os formados p or ligações duplas (C=O, C=C) absorvem em regiões
de
menor freqüência
(1.900 a 1.500 cm-
1
). Ou seja, a freqüência
de cada ligação corres
ponde a um
nível vibracional e depende da
superfície de energia potencial da molécula, da geom etria molecular,
das massas dos átomos e eventualmente do acoplamento vibrônico. Os
principais modos vibracionais incluem: deformação axial assimétrica
(a) e simétrica (b); deformação angular simétrica no plano (c) e fora
do plano (d); deformação angular assimétrica no plano (e) e fora do
plano (f).
•IJssl \1\:S

J
• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

Principais Modos de Vibração
a
• A ordem de intensidade de absorção para as ligações C-X podem ser descritas como:
C-0 > C-CI > C-'J >C-C-OH> C-C-H
e:
OH> NH > CH
Deste modo, grupos funcionais distintos apresentaram
absorção com intensidade e em regiões distintas do espectro de
infravermelho (Tabela 27).
a região espectral
compreendida entre 1
.200 a 700 cm-
1
(8
a
14
~m ), pequenas diferenças na estrutura e composição molecular
resultam em mudanças significativas no perfil do espectro de IV.
Em conseqüência, esta região é tida como "impressão digital" da
molécula, evidenciando identidade da molécula.
E
stas características fazem da espectrometria de infravermelho (IV), uma metodologia bastante útil na identificação de compostos
orgânicos e
inorgânicos.
Tabela 27: Faixas de absorção e intensidade relativa para diíerentes grupos funcionais
Grupo Funcional
Faixa
de Absorção
Intensidade
(cm-
1
)
N-H
3500-3300 Fraca a forte
0-H 3650-2700 Variável alargada
C-H 3200-2800 Média a forte
C= C 2300-2100 Fraca
C=N 2300-2200 Forte
C=C 1600-1500 Variável
C=O 1760-1690 Forte
C-X 1100-550 Média a fraca
3861•

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS


A interpretação de um espectro de IV, o qual é formado
por número considerável de picos, em geral 20 a 30, possibilita o
emprego desta técni ca em ensaios de identificação de matérias­
primas com grande acurácia. A concordância com a lei de Beer
aliada ao maior número de picos observados, favorece o e mprego
em ensaios
de doseamento com maior
seletividade. Outrossim, a
combinação adequada, entre região espectral e técnica utilizada,
possibilita vários tipos de aplicações do infravermelho ao controle
de qualidade (Tabela 28).
Tabela 28: Principais aplicações da Espectrometria no Infravermelho
Região Técnica
Tipo de
Análise
Tipo de Amostra
IV próximo Reflectância Quantitativa Misturas sólidas ou líquidas
IV médio
IV distante
difusa
Absorção
Absorç
ão
Absorção
Reflectância
Emissão
Absorção
Quantitativa
Qualitativa
Quantitativa
Qualitati
va
Quantitativa
Qualitativa
Mistur
as gasosas
Compostos puros sólidos,
líquidos ou gasosos
Misturas complexas
Compostos puros sólidos
ou líquidos
Amostras atmosféricas
Espécies puras inorgânicas
ou orga
nometálicas
Entretanto, no que diz respeito à
sensibilidade e aos aspect os
operacionais, o infravermelho apresenta desvantagens importantes
para seu emprego em análises quantitativas.
Entre
as principais desvantagens destaca-se o fato de
que
solventes orgânicos comuns como clorofórmio, etanol ou
diclorometano, absorvem no IV interferindo na análise. Outross im,
dado que a concentração de análise gira em torno de 1 O%, este
problema se torna mais gritante.
Entre
os
solventes mais adequados ao IV, está o tetracloreto de
carbono,
que em
células de até 1 mm de espessura é praticamente,
transparente
de
4000 a 1700 cm-
1
(2,5-5,9 1-1m). já o dissulfeto de
carbono pode ser útil em medidas em regiões entre 250 cm-
1
(40
1-1ml e 845 cm-
1
.
Em faixa superior a 845 cm-
1
,
o di
sulfeto de carbono
interfere fortemente nas faixas de 2400 a 2000 cm·
1
e 1800 a 1300
cm-
1
,
bem como de modo pouco pronunciado na região entre 875
a 845
cm-
1

•1387L..;...;.. ...........

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Neste contexto, ressalta-se que, mesmo materiais utilizados
na confecção
do instrumental e acessórios absorvem
luz IV, e devem
ser preferencialmente, transparentes na região espectral que se
pretende trabalhar. A Tabela 29 traz as faixas de transmissão para
diferentes materiais comumente empregados na confecção de
janelas e células.
Tabela 29: Faixas de transmissão de materiais de janelas e células
Faixa de Transmissão
Material
!lm em·'
Fluoreto de lítio 2,5-5,9 4000-1695
Fluoreto de cácio 2,4-7,7 4167-1299
Cloreto de sódio 2,0-15,4 5000-649
Brometo de potássio 9,0-26,0 1111-385
Brometo de césio 9,0-26,0 1111-385
KRS-5 (TIBr +Til) 25,0-40,0 4 00-250
Fonte: Vogel, 2002.
Os instrumentos para medir a absorção infravermelha
requerem uma fonte de radiação infravermelha contínua e um
transdutor ou detector sensível ao infravermelho. As fontes
infravermelhas consistem em um sólido inerte, que é eletricamente
aquecido a temperaturas entre 1500 e 2200 K. As principais fontes
disponíveis são emissor de
Nernst, a fonte
Globar e o laser de
dióxido carbono.
Já os detectores podem ser classificados em três categorias:
detectores
térmicos,
piroelétricos e fotocondutores.
A evolução desta técnica, a partir dos anos 80, têm sido
grande, destacando-
se a substituição
gradual de espectrofotômetros
dispersivos,
por espectrofotômetros com transformada de F ourier (FTIR), o desenvolvimento de aplicações na região do infravermelho
próximo (NIR) e distante (Tabela 28), bem como de vários acessórios
ou
consumíveis. Além da prensa hidráulica, molde evacuável, almofariz e
pistilo de ágata, essenciais confecção de pastilhas (empastilhamento),
o
utros acessórios úteis em rotinas de
controle de qualidade incluem:

lulas
desmontáveis para líquidos e materiais viscosos, células
seladas para líquidos, células para gases, cartões de amostras, kit
para produção de filmes de polímeros, entre outros.

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS


Em análises farmacêuticas no IV médio, as amostras,
dependendo de sua natureza, são preparadas por diferentes
métodos.
Amostras Sólidas
Pós ou sólidos reduzidos a partículas pequenas podem ser
examinados
como uma pasta fina ou
mullita. A pasta é formada
triturando alguns miligramas da amostra em presença de uma ou
duas gotas de óleo de hidrocarboneto. Ressaltando-se que, este óleo
mineral (N ujol®) empregado como veículo, não tem bom poder
dissolvente e tão
pouco não é transparente ao
IV médio.
A pasta fina resultante é examinada
em seguida entre duas
placas
de sal (ex. KBr ou
NaCI), a qual é então colocada em uma
janela suporte na trajetória
do facho. Outra técnica para sólidos é triturar cerca de um miligrama
da amostra
com aproximadamente
200 miligramas de brometo de
potássio. A mistura é pressionada em seguida no molde evacuável em
prensa para criar
um disco transparente. Colocando-se em seguida
a pastilha de KBr obtida no percurso do feixe correspondente.
Vários aspectos
podem prejudicar a resolução do espectro
obtido por este método de preparação. Entre os quais destacam-se
umidade excessiva, falta de pureza do KBr, falta de uniformidade da
partilha e baixa transmitância.
Esta última decorre de pastilhas com
espessura excessiva e
ocorrem quando na ausência de banda de
absorção a transmitância é supe rior a 75% a
2000 cm-
1
.
A qualidade
do espectro pode melhorar significativamente quando se faz um
branco
("background") com pastilhas mesma espessura elaboradas
apenas
com KBr (sem a amostra).
Amostras Líquidas
Espectros de amostras líquidas podem ser obtidos com auxílio
de duas placas de
aCI ou KBr, onde entre as mesmas, o líquido de
viscosidade apropriada formaria um filme capilar. Pode, ainda, ser
utilizada célula desmontável para
líquidos e materiais viscosos.
No caso de amostras mais fluidas ou soluções com solventes
transparentes utilizam-se células seladas para líquidos.
Estas células
ou celas constam
de duas janelas seladas e separadas por duas juntas
delgadas
de Teflon, cobre ou chumbo previamente umedecidas com
mercúrio. As janelas comumente são feitas de cloreto de sódio,
cloreto de potássio
ou brometo de césio. •1389-·

• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Geralmente, um bom espectro é obtido com células de
baixa espessura (0,1 a 0,5 mm). Da mesma f orma, a qualidade do
espectro é melhorada quando se faz o branco em condições similares
a amostra.
Amostras Gasosas
Os gases são obtidos em células feitas de material transparente
ao IV, as quais possuem um caminho óptico de 100 mm. A célula
(cuvette) é evacuada e então preenchida com amostra gasosa à
pressão desejada através de uma válvula. Quando necessário, a
pressão
interna pode ser ajustada com um gás transparente ao IV médio (ex. nitrogênio ou argônio). Para evi tar interferência
decorrentes de bandas de absorção da água ou gás carbono,
recomenda- se que se faça background com a célula preenchida nas
mesmas condições com gás transparente.
Em todos os casos dependendo do modelo do aparelho e
software disponível, pode-se subtrair digitalmente o espectro da
amostra de
um branco adequado. Finalmente, a identificação pode ser facilmente concluída,
comparando- se o espectro obtido para amostra com o espectro obtido
para
um padrão (substância de referência).
Igualmente aceitável, é
a comparação
do espectro obtido para amostra com o
disponível
em uma literatura oficialmente, aceita (ex. farmacopéia britânica). A
interpretação do espectro com base em parâmetr os físico- químicos
não é praticável em rotinas de controle de qualidade.
21.2.1 Espectrometria de infravermelho próximo (NIR)
A espectrometria de infravermelho próximo ( IR) é a
medição de
comprimento de onda que se estende em uma faixa
de
800 nm - 2,5 !-lm (12,500 -4000 cm-
1
)
e tem energia suficiente
para excitar sobretons e combinações
de vibrações
molecula res a
altos níveis de energia. A espectroscopia NIR é tipicamente usada na
medição
quantitativa de grupos funcionais orgânicos,
especialmente
0-H, N-H e C=O. Os limites de detecção são normalmente O, 1% e
as aplicações mais comuns incluem análises farmacêuticas, agríco las,
poliméricas e clínicas.
Os componentes e o design do instrumental da NIR são
similares aos espectrômetros de absorção UV-vis. A fonte de luz
normalmente é uma lâmpada de tungstênio e o detector é um
... 3901•

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

••
detector Pb5 estado sólido. Os recipientes para a amostra podem ser
de
vidro ou quartzo e os
solventes típicos são tetracloreto de carbono
(CCI) e dissulfeto de carbono ( C5
2
). O instrumental da espectroscopia
NIR comparado com a espectroscopia IV torna-o mais adequado
para o monitoramento "on fine" e o controle de processos.
21.3 fLUORÍMETRIA
A emissão de fluorescência e/ou fosforescência pode
ocorrer quando espécies químicas de natureza orgânica e com
alto grau de insaturação na sua estrutura molecular absorvem
radiação proveniente de uma fonte de excitação. Dependendo do
comprimento de onda da radiação incidente, e da natureza química
da espécie em questão, a interação provoca transições eletrônicas
entre estados de energia característicos. A fluorescência é emitida
quando a molécula retorna do primeiro estado singlete excitado
(
51) para o estado
fundamental ( 50), possuindo tempo de vida de
1 o-
7
s. O fenômeno da fosforescência envolve estado energético
de multiplicidade diferente, possui tempos de vida na faixa de 10-
3
-1 O s. Os fenômenos de fluorescência e fosforescência possuem
grande finalidade analítica. A relação linear existente entre a
concentração
do
luminóforo e a intensidade de radiação emitida e
os À característicos de excitação/emissão permitem a identificação
e
determinação quantitativa de compostos de interesse. Os espectrofluorímetros, requerem fonte luminosa de
alta energia (lâmpada de arco de xenônio), sendo que o detector
é alinhado a 90° para minimizar detecção de luz direta. Estes
instrumentos requerem ainda dois monocromadores, um para
selecionar a luz de excitação e outro para luz emitida pela amostra,
caracterítica esta que confere seletividade à técnica. Vários
fabricantes oferecem instrumentos capazes de fornecer espectros
tanto de excitação quanto de emissão. A emissão fosforescente é
coletada apartir do uso de um fosforoscópio no compartimento de
amostras ou pela discriminacão temporal para eliminar a emissão
fluorescente que acontece 1 o-
3
s antes.
Entre
as vantagens da
fluorimetria frente à absorção no
UV-Visível, estão a elevada sensibilidade (1 00 vezes maior) e maior
seletividade. o caso da fosforescência, estas vantagens são ainda
mais expressiv
as. Como desvantagem, cita-se a
limitação quanto
ao campo de aplicação, já que poucas moléculas apresentam
fluorescência ou fosforescência. Além da fosforescência exigir
•1391-·

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
completa imobilização das moléculas analisadas para permitir
eficiência no processo de transição singlete-triplete.
Enquanto,
em moléculas fluorescente s, a fluorescência dura
apenas enquanto houver estímulo, na fosforescência, o produto
excitado é mais estáv el, de forma a demorar mais tempo (de
um micro-segundo até minutos) até que a energia seja liberada
totalmente. Outras técnicas de espectrometria de luminescência
molecul ar, inclui a fosforescência molecular e a quimioluminescência
molecular. Por sua vez, na quimioluminescência, a produção de
luz ocorre quando a energia de excitação é proveniente de uma
reação
química (ao invés da absorção de fótons, em fluorescência).
Deste
modo, a molécula excitada pode ser o produto da reação
entre a substância analisável (analito) e
um reativo apropriado, por
exemplo, ozônio, peróxido de hidrogênio e
luminol. Em outros
casos, a substância anali sável não está diretamente envolvida na
reação
quimioluminescente, sendo o efeito inibidor da substância
analisável, o parâmetro analítico.
Os contaminantes atmosféricos
como o ozônio, óxidos de nitrogênio e compostos de enxofre
podem ser determinados por métodos de quimioluminescência,
sendo que a aplicação mais comum de todos estes métodos é a
determinação de óxido nítrico. A instrumentação das medições de
quimioluminescência é simples e consiste em uma câmara de reação
adequada e
um tubo fotomultiplicador.
21.4
fOTOMETRIA DE CHAMA, ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO
ATôMICA E lcP
A presença de metais em produtos farmacêuticos pode
ter impacto na estabilidade (ex. catálise oxidativa de fármacos e
coad
juvantes) ou na inocuidade (ex. efeito carcinogênico do cádmio,
neurotoxicidade do chumbo e mercúrio). Assim, a determinação
de metais em níveis de traço é de suma importância em
análises
farmacêuticas. Hoje existem inúmeras técnicas bastante sensíveis e
seletivas para determinação de metais. Entre as principais técnicas
destacam-
se a fotometria de chama, a espectrometria de absorção
atômica
(AASL a espectrometria de emissão atô mica (AES) e a
espectrom
etria emissão óptica por
plasma indutivamente acoplado
(I CP).
Todos estas técnicas obedecem e lei de Beer, e baseiam­
se na ab sorção ou emissão de radiação ultravioleta por parte dos
elétrons que, ao sofrerem um salto quântico depois de devidamente

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS


excitados, devolv em a energia recebida para o meio, voltando assim
para a sua camada orbital de origem (Figura 3 7).
oxcltaçio tánnlca (3)
h v
Evaporação (1)
dluocloçio {2)
M(gãsJ + >Cjgãs J;::===~
j
~rmlca
Absorção de
energia radiante hv
M>Cjoólido)
jl-
M(gúJ j
hv
Emissão de chama
Reemlssão (Fluorescência)
hvouhv'
Figura
37: Aquecimento de um sai na chama
Fonte:
-'ldaptação do Vogel '2002 íeito por Matias (200~).
Os espectros atômicos são riscas (espectros de linhas), portanto
uma fonte
de radiação intensa e monocromática oferece condições
de
aplicabilidade quantitativa, com mecanismos de absorção ou
emissão atômica correspondentes a transições eletrônicas. Sendo
que os limites de detecção podem variar de 1 a 1 O ,ugL _,_
21.4.1 Fotometria de chama
A Fotometria de Chama ou Espectroscopia de Emissão de
Chama (AES), embora já suplantada por técnicas mais modernas,
e restrita a análise de metais alcalinos, ainda tem seu emprego
assegurado por sua s
implicidade e baixo custo.
Nesta técnica a intensidade da radiação emitida é
filtrada de
uma chama e medida com detector fotoelétrico. A ins trumentação
é relativamente simples, sendo que o componente chave para
seletividade
do método é o
filtro, que interposto entre a chama e o
detector, transmite apenas uma raia intensa do elemento desejado.
Em contrapartida, os elementos devem ser facilmente, excitáveis, e
c
om intensidade suficiente para a detecção. Entre
elementos que
apres entam tais características estão o sódio, o potássio, o lítio, e
o cálcio.
Outro componente muito importante é a câmara de mistura
e combustão,
por onde o ar, a uma cer ta pressão, a rrasta a
solução
•1393-·

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
da amostra para nebulizando-a e aspergindo-a para chama de
combustão. O combustível mais utilizado é o gás acetileno, que
atinge até 3.000 °C, gaseificando a solução da amostra. Por fim,
a radiação da chama
passa através de uma
lente e de um filtro
óptico que só da passagem à radiação do elemento investigado;
esta radiação atin
ge a
fotocélula e a resposta é medida num sistema
apropriado, como um painel digital.
21.4.2 Absorção Atômica
A AAS, também chamada de espectrofotometria de absorção
at
ômica, é o método de análise aplicado a determinações qualitativas
e quantitativas de cerca de
70 elementos diferentes em amostras
biológicas, metalúrgicas,
farmacêuticas e atmosféricas. Permite
a quantificação de metais
alcalinos em soluções, bem como a
determinação de impurezas metálicas. Desempenha, também um
importante papel na determinação de sódio, potássio e lítio.
É uma técnica analítica bem estabelecida, e suficientemen te
sensível, seletiva e robusta. Baseia-se no princípio que estabelece
que os átomos livr es em estado estável podem absorver a luz a um
certo comprimento de onda.
No que diz respeito ao instrumental, os espectrômetros de
absorção atô
mica são compostos basicamente, por uma fonte de
radiação, atomizador (nebulizador-gaseificador), monocromador,
detector e processador de sinais com leitor digital (Figura 38).
Figura 38:
Componentes básicos de um espectrômetro de Absorção Atômica
A escolha dos combustíveis (C) e oxidantes (0) empregados
em espectroscopia de chama está relacionada aos compostos
intermediários considerando os mecanismos de dissociação na
formação de átomos neutros. Por exemplo, o molibdênio, cu jo
óxido é bastante volátil, pode ser doseado por absorção atômica
numa chama ar- acetileno, enquanto o alumínio, que forma um
óxido refratário, necessita de uma chama não só redutora, mas
-·3941•

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS


principalmente mais quente, o que pode ser alcançada com chama
óxido-nitroso e acetileno. Para amostras mais refratárias devem ser
empregados oxigênio
ou óxido nitroso como oxidante.
Com o desenvolvimento de fornos eletrotérmicos, surge a
partir da década
de
70 absorção atômica em forno de grafite (GFMS).
Nestes equipamentos, a atomização ocorre em um forno cilíndrico
de grafite aberto de ambos lados e com uma fenda central para
introduzir as amostras ( em solução ou sólidas). São utilizadas duas
correntes
de gás inerte (em
geral argônio), uma externa, evita que o
ar entre no
forno, a outra, interna, assegura que os vapores gerados
desde a matriz
de amostra sejam ret irados rapidamente do forno.
O tubo de grafite permite atomização completa da amostra e um
maior tempo de permanência dos átomos no caminho óptico, fato
que confere a este sistema ma ior sensibilidade. Outrossim, os fornos
de grafi
te poder exercer também função de reator químico.
Em contrapartida, variações na temperatura e na taxa de
aquecimento do tubo de grafite, no
volume injetado de amostra, na
radiação
emitida da fonte, nas
diluições, na estrutura do atomizador,
são alguns exemplos de parâmetros que podem também afetar o
desempenho analítica técnica G FAAS.
Porém, se comparada c om a (FMS), a (GFAAS), além de
substancialmente mais sensível, é mais versátil, já que pode ser
aplicada a amostr as em solução ou sólida.
21.4.3 Espectroscopia de emissão de plasma
A Espectroscopia de Emissão de Plasma (I CP) é uma técn i ca
que utiliza como fonte de atomização I excitação, descargas elétricas
chamadas plasmas.
Estas técnicas incluem o plasma acoplado por indução (ICP)
e o plasma acoplado diretamente.
O plasma gerado por indução é obtido pela aplicação de um
campo elétrico intenso aplicado por gerador de freqüência de rádio,
o qual provoca a ionização de um gás de elevada pureza, co mumente
argônio, hélio ou nitrogênio. Já o plasma acoplado diretamente é
criado por uma descar ga elétrica entre dois eletrodos.
As fontes de plasma operam em temperaturas elevadas entre
7000 e 15000K, produzindo um número maior de átomos excitados
que as fontes de atomização, por chama ou eletrotérmica. Além
disso, a fonte de plasma pode reproduz ir as condições de atomização
com um maior grau de precisão que MS.
•1395-

• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSI COS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Outras vantagens da fontes de plasma sobre os métodos de
chama e
eletrotérmicos
incluem:
• A possibilidade de se analisar múltiplos elementos;
• A ampla faixa de trabalho;
• O fácil manuseio para amostr as gasosas e líquidas;
• A possibilidade de se obter espectro para várias elementos
simultaneamente;
A po
ssibilidade de se determinar, além de metais, elementos
como
cloro, bromo, iodo e enxofre.
21.5 REFRATOMETRIA
O princípio do método se baseia na diferença que se
pode observar na direção de propagação de um feixe de luz entre
diferentes meios transparentes. A lei de refração relaciona os ângulos
do feixe incidente 8i e refratado 8r em relação a sua normal.
sen si
meio 1
sen 8 =
112
·
1
r
meio2
A relação entre o seno do ângulo de incidência, (sen 8;) e
seno do ângulo de refração, (sen 8,) é constante e corresponde ao
í
ndice de refração.
Em refratômetros típicos, os meios 1 e 2 referem- se a prismas
de mate
rial idê ntico, entre os quais é aplicada uma camada pelicular
de amostra. A direção de propagação
do feixe de luz tende a mudar
em função d as características da amostra, bem como condições de
pressão, te mperatura e comprimento de onda.
Outrossim, é necessária a transparência da amostra, de
modo que tal med ida só se aplica a matérias líquidas, tais como
solventes orgânic os, ceras, óleos, ou soluções. Além de seu emprego
na
identificação de matérias- primas líquidas, a me dida do índice
de refração pode ser utilizada como ensaio qualitativo de pureza
ou s
emiquantitativo de teor, de modo que esse parâmetro tem sido
e
mpregado na detecção de diluições fraudulentas.
Outras aplicações
do ín
dice de re fração
incluem determinação de momento dipolo e
... 3961•

MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS
seu uso como detector em cromatografia de alta eficiência.
Entre os refratômetros disponíveis comercialmente, destaca­
se o refratômetro de Abbé. Neste aparelho, os prismas estão dispostos
de tal maneira
que o ângulo formado entre feixe e prismas forma 90° (ângulo crítico de refração).
No refratômetro de Abbé, determina- se o índice de refração
pela medida
do ângulo limite da reflexão total, a qual é, relativame nte,
distinta para cada substância, constituindo condições padrões em
uma constante físico-química. Embora
os refratômetros u tilizados em
análise farmacêutica utilizem luz branca,
estes dispõem de dispositivos
que possibilitam seu ajuste, de modo que o comprimento de onda
corresponda ao da raia D de sódio (589,3 nm).
A calibração
do aparelho é feita com água destilada, cujos
índices a
20°C e 25°( são, respectivamente de 1,3330 e 1,3325.
Ressalta-se
que, em termos absolutos, o índice de refração
de uma substância deveria
ser obtido pela relação e ntre a velocidade
da luz no vácuo e
no interior da substância. Outrossim, as diferenças
observadas nas
condições usuais não são mui to significativas
para fins farmacopéicos.
Logo, considerando-
se a rapidez, facilidade de operação,
baixo consumo de amostra,
seu emprego em ensaios de i dentificação
e pureza não é descartado.
A principal aplicação
desse método está na caracterização de
gorduras, óleos,
ceras, açúcares e outras substânci as isotrópicas, incluindo
fármacos, bem como na anál
ise de pureza de óleos vegetais.
21.6
PoLARIMETRIA
O princípio da polarimetria pode ser descrito pelas
propriedades da luz, que apresenta componentes elétrico e magnético.
Cada componente é um vetor que apresenta magni tude e direção.
O caráter ondulatório da luz é uma manifestação oscilatória do vetor
elétrico, que resulta de dois componentes, os quais se propagam
de
modo rotatório e circular. A fonte de luz natural consiste de um
vasto número de raios, cujos planos do campo elétrico são orientados
aleatoriamente.
O isolamento de cada raio, cujos vetores vibrem em
um mesmo plano, pode ser obtido por determinados prismas (prisma
de Nicol), e resulta na luz linearmente polarizada. Cada prisma de
Nicol (cal cita, forma cristalina de carbonato de cálcio) é colado a outro
por balsámo do Canadá, de forma que raios ordinários (vibrações
perpendiculares) sofrem reflexão total, enquanto apenas os raios
extraordinários (vibraçõ
es paralelas ao plano) atravessam o cristal.

• PARTE IX· FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
A interação entre matéria e luz pode se dar tanto pela absorção
(UV-vis, IV, dicroísmo circular), quanto pela reflexão (refratometria)
de parte da luz. Deste
modo, a magnitude, e o sentido do raio de luz
influem na dimensão de sta interação.
A base da
polarimetria está no fato de que, para algumas
substâncias, a ex
tensão dos processos de absorção e reflexão difere
para luz polarizada de sentidos opostos (esquerda ou direita). Tais
substâncias são chamadas de opticamente ativas e podem ser
identificadas pela determinação do poder rotatório.
Entende-
se por poder rotatório
(ex) como sendo o ângulo que
a luz polarizada forma com o plano de polarização ao at ravessar
um líquido ou solução. Já o índice de rotação óptica específica ou
poder rotatório específico lcxl
20
0
é determinado pela relação entre
poder rotatório e a densi dade relativa da substância líquida, medido
a 20°C em polarímetro com tubo de 1 dm de comprimento cuja
fonte empregue raia D de sódio (À 589,3 nm). Para sólidos, o poder
rotatório específico é determinado em relação à concentração
da solução (g/ ml).
As substâncias opticamente ativas podem ser dextrógi ras,
quando desviam a luz polarizada para direita, ou levógiras, quando
desviam para esquerda.
Além de dois conjuntos de prismas de icol (polarizador e
analisador
), o polarímetro é constituí do por um tubo e respectivo
suporte, fonte de luz e três escalas. A escala à esquerda mede o desvio
de substâncias levógiras, e a escala a direita mede o desvio observado
para
as substâncias dextrógiras, ambas as substâncias têm
45° cada,
já a escala m óvel nos dá as frações. Sua operação é relativamente
simples, devendo ser observados os
seguintes fatores: temperatura,
concentração e natureza da substância, comprimento de onda e
comprimento do tubo.
Além de sua utilidade em ensaios de identificação, a
polarimetria
é útil para avaliar pureza e valor terapêutico de fármacos
quirais, já que estes apresentam, freqüentemente, diferenças
consideráveis no que diz respeito à atividade biológica. De modo
geral, as substâncias levógiras são mais ativas do que o correspondente
dextrógiro (ex. ácido ascórbico, cloranfenicol e epinefrina) .
... 3981•

MÉTODOS TERMOANAL fTICOS
22 MÉTODOS TERMOANALÍTICOS


GIL,
E. S.; MATOS, j. R.
Os métodos calorimétricos, usualmente referidos pelo termo
análise térmica, incluem um grupo de técnicas em que uma pr opriedade
física, seja de uma substância, seja de uma reação,
é medida como
função
do tempo ou da temperatur a, enquanto o objeto de investigação
é submetido a um programa controlado de temperatura.
A Tabela 30 apresenta algumas das técni cas deste grupo e
respectivas propriedades investigadas.
Tabela 30: Propriedades físicas medidas em análise térmica
Propriedade
Massa
Temperatura
Entalpia
Dimensões
Reelegia
Condutividade
Técnica
Termogravimetria (TG)
Análise Térmica Diferencial (DTA)
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
Term
odilatemetria
(TO)
Termomecânica CTMA)
Termoeletrometria
Entre as técnicas calorimétricas, a Termogravimetria (TG), Análise
Térmica Diferencial <DTA) e Calorimetria Exploratória Diferencial
<DSC) são as de maior aplicação em análise farmacêutica.
Entre
as informações de in teresse farmacêutico que podem ser
obtidas por
essas técnicas destacam- se:
avaliação da pureza, grau de
hidratação, compatibilidades, termoestabilidade e identidade. A Tabela 31
apresenta algumas das informações obtidas dessas diferentes técni cas.
Tabela 31: Informações obtidas por análise térmica
Dados
Ponto de Fusão
Águas de Hidratação
Águas de Absorção
Pureza
Temperaturas de Transição
Transição Vftrea
Transição Polimórfica
Cinética de Decomposição
Compatibilidade
Adaptado de Ford, ).L. & Timmins, P.
DSC DTA
+ +
+ +
+ +
+
+
+ +
+ +
+ +
+ +
TG
+
+
+
?
•1399-·

PARTE IX-FUNDAMENTOS T~ORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Temperaturas de Transição
Técni
cas calorimétricas como DSC e DTA podem evidenciar
quando um processo é endotérmico ou exotérmico, bem como
,dependendo da técnica, quantificar o
calor ou energia envolv ida
nesses processos.
Ponto
de fusão e
Ebulição
A faixa de fusão é uma processo endotérmico que pode
ser determinada, facilmente, por DSC ou DTA. já a transição de
estado líquido para o gasoso apresenta dificuldades quanto à
reprodutibilidade iner ente ao controle de condições como pressão
atmosférica. Outrossim, o ponto de fusão de substâncias com
100% de pureza seria teoricamente instantâneo, caracter izado por
processos i sotérmicos.
A utilização de técnicas como DTA e
DSC seriam um modo
sofis
ticado de se determinar o ponto ou faixa de fusão, porém a
utilização
destas, exclusivamente para esse propósito, seria um exagero.
Águas
de Hidratação
A
análise térmica tem se mostrado muito útil na determinação
de águas de hidratação. Na análise térmica, o processo de
desolvatação caracteriza-se como end otérmico, e pode ocorrer de
forma singular a liberação do solvente em uma dada temperatura ou
multifásica pela liberação gradual em uma série de temperaturas.
Transição Vítrea
Muitos
sólidos, quando aquecidos acima de seu ponto de
fusão e rapidamente resfriados, não
se recristalizam imediatamente,
m
as formam
líquidos super-resfria dos ou sólido amorfo. Essa fase
intermediária é denominada transição vítrea e depende da taxa de
resfri
amento imposta. Seu interesse diz respeito
à alta energia do
estado vítreo, já que esta pode contribuir para taxas de di ssolução.
Outrossim, essa transição pode ser avaliada por picos endotérmicos
em experimentos utilizando DSC ou DTA.

MÉTODOS TERMOANALÍTICOS
Estabilidade e Compatibilidade

••
A análise térmica é, atualmente, uma poderosa ferramenta para
o desenvolv
imento de formulações. De modo
geral, a instabili dade
de um produto ou incompatibilidade entre componentes de uma
formulação
são caracterizadas por processos exotérmicos.
22.1
TERMOGRAVIMETRIA
A termogravimetria (TC) é uma técnica de análise térmica
em que se avalia perda ou ganho de massa da amostra em função
da temperatura sob determinadas condições atmosféricas e sob
programa
controlado de temperatura. Os experimentos são executados por m eio de termobalança,
a qual apresenta elevada sensibilidade, reprodutibilidade e
insens
ibilidade a variações externas, bem como rápida resposta às
variações de massa. Os parâmetros experimentais incluem taxa de aquecimento,
atmosfera (
2
ou 0
2
), vazão de gás, quantidade de amostra,
granulometria, forma cristalina, composição
do cadinho e o
calor
de reação envolvido.
Por meio da TC podem- se avaliar fenômen os químicos (ex.
quimiossorção, dessolvatação, decomposição, degradação oxidativa,
degradação redutiva e
reações de estado
sólido) e físicos (ex. desidratação,
vaporização, sublimação, adsorção, dessorção e absorção).
Pelas curvas TC podem-se obter informações quanto à
estabilidade e composição da amostra e
seus produtos intermediários
de reação. essas curvas, os degraus c orrespondem a variações de
massas, que podem ser
utilizados ainda para fins qua ntitativos. Nesse
contexto, a derivada das curvas TC (DTC) apresentam, para cada
degrau, picos agudos,
tornando a informação, visualmente, mais acessível e com melhor resolução (Figura 39).
•1401 m11ili

• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
"''""
r------------------------------- ~msM~
60
I
I I
li
li
li
li
I
1~..30C
, ..
••
.. ,
Figura 39: Curvas TG/DTG obtida sob atmosfera dinâ mica de ar e razão de aquecimento de
10'C.min_, de uma amostra de CaC
1
0,.H
2
0.
22.2 ANÁliSE TÉRMICA DIFERE CIAL
Na análi se térmica diferencial (DTA ), ao invés de se avaliar
a
variação de massa, avalia-se a variação da temperatura de uma
amost
ra perante um padrão de referência inerte. Nesse experimento,
tanto a amostra quanto o padrão são submetidos a uma programa
con
trolado de temperatura, sob condições idênticas de atmosfera.
O padrão utilizado é um material inerte, por exemplo,
o
estanho ou índio metálico. As variações de temperatura
correspondem a processos exotérmicos (reações de decomposição)
ou endotérmicos (transição de estados físicos).
As curvas DTA apresentam os regist ros de
llT em função
da temperatura (T) ou
do tempo (t).
Os picos endotérmicos são
descendentes, enquanto os picos exotérmicos ascendentes. As
áreas sob os picos são relacionadas com a magnitude das energias
envolvidas nas reações químicas e processos físicos.
22.3
CALORIMETRIA EXPLORATÓRIA DIFERENCIAL
Na calorimetria exploratória diferencial (DSC) se mede, ao invés
da diferença
de temperatura, a diferença de energia que é fornecida à
substância em anál ise em comparação a um padrão inerte.
Existem duas configurações possíveis para aparelh os de
DSC:
a) DSC com compensação de potência;
b) DSC com fluxo de calor.
-·4021•

MÉTODOS TERMOANA LITI COS

••
No DSC com compensação de potência, a amostra e
referência
termicamente inerte são aquecidas em compartimentos
distintos, por
ém sob condições isotérmicas. Ambos os compartimentos
são submetidos à
igual variação de potência de entrada no forno.
Por convenção, nas curvas de DSC obtidas por instrumentos desta
configuração, os picos ascende ntes correspondem a processos
endotérmico, os descendentes exotérmicos.
Já no DSC com fluxo de calor, amostra e padrão de referência
são colocados em cápsulas idênticas, localizadas sobre disco
termoelétrica feito de liga metálica de cobre e níquel, aquecidas por
uma única fonte de calor. Em contrapartida, as curvas obtidas nos
aparelhos dessa configuração apresentam picos ascendentes para
processos exotérmicos,
enquanto picos descendentes a processos
endotérmicos,
tal qual para as curvas DTA. A Figura 40 apresenta
curva DSC para terazocina diidratada.
osc Terazosina Cloridrato Diidratada
mW/mg .----------------..,
0,00
1 00,00 200,00 300,00
Temp[q
Figura 40: Curva DSC para matéria·prima de terazocina em atmosfera de nitrogênio 50 ml/min
com taxa de aquecimento de 10"C/mi n.
Os principais fenômenos químicos observados nas curvas
DSC são: quimiossorção, dessolvatação, desidratação, decomposição,
degradação
oxidativa, oxidação em atmosfera gasosa, reações de
oxirredução, reações de estado
sólido, polimerização, reações
catalíticas, entres outras.
Entre os
fenômemos físicos detacam-se: transição vítrea,
fusão,
ebulição, sublimação, adsorção, dessorção, transição cristal
líquida, transição cristalina e capacidade calorífica.
Os parâmetros ou variáveis experimentais incluem aqueles
descritos para TG, bem como o tipo de padrão de referência e a
configuração DSC utilizada.
Dentre os materiais de referência utilizados para calibração em
análise térmica citam-se: nitrato de potássio, perclorato de potássio,
sulfato de prata, carbonato de estrôncio, cromato de potássio, índio,
estanho, éter fenílico, entre outros.
•1403~iiii

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO
23 MÉTODOS DE ANÁLISE E
SEPARAÇÃO

••
ORLANDO, R.M.; GIL, E.S.
O controle de qualidade depende, em muito, de técnicas
instrumentais e não-instrumentais de análise que sejam seguras,
rápidas, baratas e operacionalmente simples. Essas técnicas visam
identificar e quant ificar compostos de interesse, quer sejam eles
substâncias ativas ou mesmo outros elementos presentes no produto
acabado como coadjuvantes e contaminantes.
Para quantificar ou identificar substânci as de qualquer
natureza é necessário, na maioria dos casos, separar o composto
de interesse dos demais elementos constituintes da amostra. Quanto
mais pura e homogênea a substância a ser analisada menores serão as
probabilidades de e rro na sua identificação e quantificação. Dentre
as principais técnicas de separação utilizadas, a cromatografia v em
sendo, há mais de meio século, a grande respo nsável pelo avanço
e
aperfeiçoamento das metodologias de
análise empregadas em
controle de qualidade. Versatilidade, rap idez, precisão, baixo custo,
robustez, flexibilidade são apenas algumas das diversas qualidades
dessa técnica analítica que se faz presente em qualquer processo
de análise. Recentemente, as técnicas de separação baseadas na
migração
eletrocinética, como a eletroforese em
gele a eletroforese
capilar, vieram complementar as técnicas cromatográficas, traze ndo
mais uma opção de instrumentação ana lítica.
23.1 CROMATOGRAFIA
Como foi possível fazer com que vários compostos presentes
em uma amostra pudessem ser separa
dos simultaneamente deve
ter sido a questão que
Mikhail Tswett levantou para que ele
desenvolvesse a primeira técnica cromatográfica. A grande solução
encontrada para essa questão foi fazer com que todos os componentes
da amostra fossem solubilizados em um líquido chamado de fase
móvel. Esse líquido era mantido em movimento constante fazendo
com que todos os componentes nele solubilizados caminhassem
em uma mesma direção e com a mesma velocidade. Durante o seu
•1405--

• PARTE IX-FUNDAMENTOS T ÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

percurso, os compostos entrariam em contato com uma segunda
f
ase que deveria ser
imiscível na fase móvel. A essa fase, que estaria
permane
ntemente estática e banhada
pela fase móvel, foi dado o
nome de
fase estacionária (Figura 41 ).
Taii'O
[I)
e o~ato~
'~
~A 0 A a~
~~~~ ~~~~ ~ IDa o _a
o~ A ~o~
~~~ ~~~
/
e a~oe Ae
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'*A 0 A Q~
'*'*'*~
~O . G
~~~
a~ a~.o o
~'*~ Q A ~A~
~Aa~o~e ~a
ANAUTQ
00
(A) A simples migração dos analíticos motiva das pela fase móvel não é
capaz de promover separação
(A1)
(A2)
(A3)
FASE EST ACIONÁRIA
DISTÂI~IA
(A) A presença da fase estacioná ria promove um atraso seletivo dos
analitos permitindo a separação
Figura 41: Princípio da separação em cromatografia.
--4061•
{B1)
(B2)
{B3)

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

••
Movimentando-se com a mesma ve locidade na fase móvel,
os compostos não
seriam separados uns dos outros, porém por
possuírem afinidade pela fase estacionária em diferentes intensidades,
esses compostos eram atrasados uns em relação aos outros. Esse foi
o pressuposto da separação nos
métodos cromatográficos, portanto:
na separação cromatográfica todos os analitos p ossuem a mesma
velocidade na
fase móvel onde estão solubilizados e a separação
acontece
devido a um atraso relativo dos analitos uns em relação aos
outros
em função de diferenças nas intensidades das interaçõ es dos
mesmos pela fase estacionária.
Esse conceito relativamente simples
serviu
de base para o desenvolvimento dos diferentes modos de
cromatografia conhecidos atualmente.
A-Sistemas ou Técnicas Cromatográficas
Existem vários sistemas cromatográficos. Esses sistemas foram
desenvolvidos
conforme foram sendo descobertos os parâmetros
que governam a separação cromatográfica ou de acordo com a
necessidade de
se ampliarem e/ou aperfeiçoarem as aplicações das
técnicas anteriores.
Os dois sistemas mais simples e utilizados de
cromatografia são a
cromatografia planar
(CPI) e a cromatografia
l
íquida em coluna (CLC). Essas duas técnicas são normalmente
empregadas de forma manual e ou semi-automatizadas não
constituindo, desta forma, técnicas verdadeiramente instrumentais
de análise.
Contudo, a
CPI e a CLC são as versões mais simples e
baratas
de cromatografia e desta forma ocupam posição de destaque
quanto à aplicação e aceitação. Tanto os dispositivos de
CPI como
os de CLC podem ser preparados em laboratório, porém, para se
obterem resultados mais reprodutíveis e confiáveis e até por uma
questão de praticidade, é aconselhável, em controle de qualidade,
adquiri-los comercialmente. Já as técnicas de cromatografia gasosa
(CG ou GC), cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC)
e cromatografia por fluido super-crítico (CFSC ou SFC) são técnicas
verdadeiramente instrumentais, que surgiram com o desenvolvimento
tecnológico da mecânica, eletrônica e informática.
A.1 -Cromatografia
Planar
a CPI, a fase estacionária está distribuída sobre uma área
relativamente grande e plana. Na maioria
das vezes, a fase estacionária
encontra-se
revestindo um outro material laminar delgado chamado
de placa cromatográfica
ou cromatoplaca de modo a formar uma
película sobre ela
(Figura 42). Existem vários tipos de materiais que
podem ser utilizados como suporte para a fase estacionári a.
Os mais
comuns
são: vidro, plástico e lâminas metálica s.
•l4o71i1Bil

• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
(A) Aplicaçao das amostras em CCD
FASE MÓVEL
u
{B} Eluição em eco
Figura 42: Esquema da utilização e separação em CCD.
A CPI inclui a cromatografia em camada delgada (CCD) e a
cromatografia em papel (CP). Em CPI, os fatores mais importantes
envolvidos com a separação são: o tipo e a homogeneidade do
filme de fase estacionária, o tamanho das partículas e dos poros
(se o material for particulado e porosos) e a espessura da camada
de fase estaci onária.
Nesse tipo de cromatografia, a cromatoplaca é inserida
dentro de um recipiente fechado com tampa chama do de cuba ( Fig.
42b). A placa é posicionada na vertical. Um volume adequado de
fase móvel é colocado no interior da cuba com volume adequado
para permanecer banhando constantemente a porção inferior da
fase estacionária. O movimento da fase móvel é vertical ascendente
(
movimento para cima) decorrente da
capilaridade apresentada
pela fase estacionária particulada. Como o movimento do eluente
é de baixo para cima, as amostras são aplicadas na parte inferior da
cromatoplaca e durante a subida são separadas umas das outras.
Para identificar compostos presentes na amostras determina-se
--4081•

MÉTODOS DE ANÁliSE E SEPARAÇÃO


a distância percorrida pela mancha naquela condição (chamada de
distância de retenção, dR) e a compara com a distância de retenção
de um padrão apl icado paralelam ente à amost ra desconheci da.
Durante o percurso da amostras é
comum que ela se espalhe f ormando
uma calda. esse caso, a medida da dR é feita na posição de maior
intensidade da mancha.
A detecção
do composto de interesse em
CPI pode serfeita de
várias maneiras. Caso o composto apresente cor será fácil visualizá-lo
na cromatoplaca.
Para substâncias incolores, uma alternativa é aplicar
um spray com um reativo cromogênico como solução de iodo, ácido
sulfúrico, e
outros. Outras técnicas incluem, a inda, aquecimento da
cromatoplaca e impregnação desta com
um agente fluorescente para
posterior visualização com luz ultravioleta.
Outro parâmetro bastante importante em CPI é o fator de
retenção R
1

O R
1 estabelece uma relação entre a distância percorrida
pelo composto e a distância percorrida pela fase móvel desde o
ponto
de aplicação da amostra (Figura 43).
O R
1
é dado pela expressão:
~
.. a.l
dm
Figura 43: Cálculo do Rf em CCD.
Sabe-se que com o R
1
do composto naquelas condições
cromatográficas não é necessário fazer a análi
se com o padrão. Basta
calcul
ar o
R
1
da substância a ser avaliada e verificar se ele coi ncide
com os valores descritos na literatura.
Vários são os fatores que podem alterar a dR e,
conseqüentemente, o R
1
do analito o que torna a CPI menos precisa.
Temperatura,
composição da fase móvel, espessura do filme de
fase estacionária,
tamanho e porosi dade da partícula, quantidade
aplicada, saturação da cuba, grau de hidratação da fase estacionária
são parâmetros que podem modificar os resultados da análise.
•1409~-

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Apesar de não ser a grande característica da CPI, ela também
pode fornecer resultados quantitativos. Pode-se comparar a área
da amostra
com a área do padrão. Uma outra maneira um pouco
mais
trabalhosa é desgastar a área da mancha do composto para
depois extraí-lo e determiná-lo por métodos químicos e/ou físicos
tradicionais.
Esta é uma forma preparativa de cromatografia e possui
o
inconveniente da demora,
falta de automação e perdas do analito.
Uma outra maneira mais sofisticada e cara, porém com boa precisão,
é
medir por escaneamento densimétrico a radiação
fluorescente
emitida ou refletida pela mancha.
No tópico de CLC e HPLC nós veremos que a composição da
fase móvel pode ser mudada durante a análise para se obter desta forma
uma melhor separação. Em CPI, esse procedimento não é adequado,
pois gera resultados muito variados, ocasionando, desta forma, erros
de análise. Entretanto, para produzir um efeito semelhante, podem­
se utilizar para a sepa ração de um mesmo grupo de substâncias, dois
sistemas eluentes diferentes (duas fases móveis diferentes). A essa técnica
é
dado o nome de
CPI bidimensional. A CPI bidimensional funciona
da seguinte maneira: a primeira eluição é feita da forma habitual como
já foi descrita. Na segunda eluição, gira-se a cromatoplaca noventa
graus para algum dos lados e utiliza um eluente diferente (Figura 44).
Dessa forma, as substâncias passarão por dois processos cromatográficos
diferentes e poderão
ser mais bem separadas.
-·4101•

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO
(A)
c:

~

MISTURA
(B)
c::: :::>




•+•+o
(A) Primeira elulçAo
/
ELUENTE 1

o
O'
Q Q
• ••
GIRO DA PLACA
(B) Segunda eluiçAo
Figura 44: Representação da CCD bidimensional.
il
iJ

ELUENTE 2
c::

o
.o

A.2-Cromatografia líquida em Coluna (CLC)


j
A CLC foi o primeiro modo de cromatografia que surgiu.
Esse tipo de cromatografia foi desenvolvido pelo botânico russo
Mikhail Tswett no começo do século XX. Este pesquisador passou
uma mistura
líquida de pigmentos de plantas por meio de um tubo
de vidro recheado com carbonato de cálcio, obtendo desta forma
bandas coloridas durante a separação, batizando o processo de
croma (
cor) e grafia (escrita). Esse tipo de cromatografia utiliza, na
maioria das vezes, colunas de vidro com um sistema de torneira
na
sua parte inferior para poder controlar o fluxo.
O material de
recheio fica preso entre duas espécies
de rolhas porosas que podem
ser confecionadas de lã de v idro ou teflon. Essas rolhas impedem
que a fase estacionária saia pela parte inferior da coluna e dão uma
certa estabilidade ao recheio. A
introdução da amostra é feita na
porção superior da coluna e a
sua eluição segue o fluxo descendente
impulsionado pela força de gravidade (Figura 45). A fase móvel que
passa pela coluna pode ser captada na saída por um erlenmeyer ou
•1411-·

• P ARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

um becker. já as frações de interesse são normalmente coletadas em
frascos ou em tubos de ensaio.
Figura 45: Esquema da CLC.
COLETA DAS ERACOES-----'
DE INTERESSE
A CLC conta hoje com uma grande variedade de materiais
de recheio e pode, da mesma forma que as colunas para HPLC,
trabalhar com todos os modos de separação (partição, adsorção,
exclusão, troca iônica ou par iônico e bioafinidade). Os sistemas de
CLC são operados, quase sempre,
de forma completamente
manual.
Isso faz com que todo o preparado da coluna, a adição constante
da fase móvel, a introdução da amostra e a coleta das frações sejam
realizadas pelo operador. Entretanto, existem sistemas automatizados
disponíveis comercialmente.
A CLC não possui a mesma eficiência de separação
que o
HPLC, e suas maiores vantagens estão principalmente no menor
custo, melhor reaprove itamento das colunas, maior capacidade
preparativa e simplicidade operacional. Como o objetivo deste
capítulo não é detalhar procedimentos de preparação de colunas
e a CLC e o HPLC possuem vários parâmetros em comum mais
informações
sobre CLC poderão ser extraídas dos itens a seguir.

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO
B -MECANISMOS DE SEPARAÇÃO
• ••
De acordo com o tipo de fase estacionária empregada, os
analitos apresentarão determinado tipo de interação por ela e será
exatamente
essa interação que promoverá a separação desejada. P or
causa dessa
relação íntima analito-fase estacionári a, os mecanismos
que governam os processos de retenção cromatográfica podem ser
classificados
em quatro grupos: partição, adsorção, exclusão e tro ca
iônica ou par iônico. Somando-se a esses quatro, podemos c itar,
ainda, o mecanismo de bioafinidade que apresenta basicamen te as
mesmas inte rações que o mecanismo de adsorção.
8.1 -
CROMATOGRAFIA POR MECANISMO DE ADSORÇÃO
Neste tipo de cromatografia, os analitos são adsorv idos
temporariamente na superfície da fase estacionária. Forças e pontes
de hidrogên
io e até
eletrostáticas podem contribuir para a adsorção
do analito e sua retenção (Figura 46). É importante ter em mente
que, nesse tipo de cromatografia, as moléculas do eluente (fase
móvel) também são adsorvidas na fase estacionária e, portanto,
elas competem pelos sítios de interação regulando a intensidade
da retenção
do
analito. Os materiais utilizados em cromatografia
de adsorção são, principalmente, a alumina e a sílica. Ambos os
materiais
podem ser encontrados na forma modificada com vários
outros grupos
que conferem características diversas aos ma teriais.
FASE ESTACIONÁRIA
/ (snlca)
11().00
Figura 46: Mecanismo de adsorção.
INTERACAO POR LIGACÃO DE H
(adsorção)

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
8.2-CROMATOGRAFIA POR MECA ISMO DE PARTIÇÃO
A partição é o fenômeno de distribuição entre duas fases
imiscíveis no estado de equilíbrio. O que promove a partição é uma
diferença de solubilidade entre fases imiscíveis que permanecem
em contato permane
nte.
Esse mecanismo de separação acontece com fases estacionárias
que possuem uma
película líquida sobre superfícies sólidas (partículas de
sílica principalmente). Essa película líquida é composta, normalmente,
de grup
os C8
(octil) e C18 (octadecil) quimicamente ligados aos grupos
silanóis da sílica. Por causa do caráter apoiar dos grupos C8 e C 18,
serão retidos somente os compostos ou complexos que possuírem pelo
menos uma porção apoiar capaz de ser parcialmente solubilizada na
fase estacionaria (Figura 47) .
FASE ESTACIO,ÁRIA
J
((18)
---0 o
""""
Figura 47: Mecanismo de partição.
SOLUBILIZAÇÃO DO A'v\LITO
(partição)
o
A fase móvel para esse tipo de material é normalmente um
liquído bastante polar composto de um ou mais dos seguintes solventes:
água, tampão, metanol, etanol, isopropanol, acetonitrila. A variação dos
eluentes altera o coeficiente de partição do analito pela fase estacionária
e, dessa forma, modifica o tempo de retenção dele.
8.3 -CROMATOGRAFIA POR MECA ISMO DE TROCA lóNICA OU PAR
lóNICO
Neste tipo de cromatografia, as principais forças de interação são
as eletrostáticas e as de transferência de carga. Portan to, os principais
-·4141•

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO


fatores controladores dessas interações são pH, concentração e tipo dos
eletrólitos em solução, além da temperatura. Qualquer tipo de compo sto
que possa ser ionizado ou que, pelo menos, forme um complexo
carregado pode ser separado por esse tipo de cromatografia (Fig. 48).
FASE ESTACIONÁRIA
(grupo trocador)
INTERACOES ELEIROSIATICAS
DE CARGAS OPOSTAS
(troca iOnica)
Figura 48: Mecanismo de troca iônica.
Portanto, proteínas, aminoácidos, nucleotídeos, nucleosídeos,
aminas e ácidos carboxílicos são amplamente separados por
essa técnica.
As principais fases estacionárias para cromatografia de troca
iônica são compostas de polímeros entrecruzados de poliestiren o­
divinilbenzeno com grupos trocadores de íons. Existem ainda
materiais constituídos de partículas de sílica e esferas de vidro,
ambas revestidas com filmes de polímeros trocadores.
8.4-CROMATOGRAFIA POR EXCLUSÃO
O mecanismo de exclusão, diferentemente dos demais tipos de
cromatografia, não envolve forças de interações moleculares com a fase
estacionária. Ao contrário, na cromatografia por exclusão espera-se que
não haja nenhum
tipo de interação do
analito com a fase estacionária
ou que pelo menos essa interação seja a menor possível para que não
atrapalhe o processo de exclusão. O elemento que governa a separação
na cromatografia por exclusão é a diferença de massa molecular que
os compostos apresentam. Os materiais utilizados em cromatografia de
exclusão são polímeros porosos. Durante o processo cromatográfico,
as moléculas maiores que os poros do polímero não são capazes de

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÊORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

penetrá- los e acabam passando por fora das partículas. Já as moléc ulas
com tamanho inferior aos poros penetram neles e percorrem um caminho
ma
is
longo e demorado e por esse motivo acabam ficando atrasadas em
relação às demais. Dessa forma, na cromatografia de exclusão, moléculas
de maior peso molecular podem em virtude de percorrerem um caminho
mais curto, apresentarem menor tempo de retenção que aquelas de
menor peso molecular (Figura 49). Entretanto, para um mesmo percurso
percorrido a relação tempo de eluição e volume molecular é direta.
FASE ESTACIONÁRIA
fpolfmero porosol MOLECULAS MENORES QUE OS

POROS SÃO ATRASADAS
.. E ~~,··
f tJ• f.IJ• Q f tJ•
~~ ~~ ~ .._, ~ .. H
\,~ \wy~ 4t &~ D
Figura 49: Mecanismo de exclusão.
Esse tipo de cromatografia e é aplicado na separação de
composto de alto peso molecular. Os principais materia is utilizados
em cromatogr
afia de
exclusão são géis hidrofílicos de divinilbenzeno
sulfonados ou poliacrilamida, além de materiais baseados em
poliestireno-divinilbenzeno e sílica.
Para a obtenção de uma separação adequada é de vital
importância observar as características dos materiais de exclusão.
Cada tipo de material apresenta um limite mínimo de tamanho
molecular capaz de ser selecionado chamado de limite de exclusão.
Todos os compostos com pesos moleculares menores que o limite
de exclusão serão capazes de penetrar nos poros com a mesma
facilidade e,
portanto, não serão separados. De forma semelhante,
os compostos
também não podem apresentar massa superior a um
limite máximo de massa chamado de limite de permeação. Caso
esse limite não seja respeitado, os compostos não terão a capacidade
de adentrar nos poros e todos passarão pela porção externa das
partículas
inviabilizando a separação (Figura
50). Portanto, existe a
chamada região de permeação seletiva que representa uma faixa de
massa onde a fase estacionária é capaz de separar adequadamente os
compostos em função das diferenças de suas massas moleculares.
--4161•

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO
PERMEACÃO
TOTAL
u
D
ff,t
~~ .....
~~'·
~'!E
-~
~~'t
-
~C.tL
NÃO OCORRE
A SEPARAÇÃO
10' 10'
PERMEACÃO
SELETIVA
.. 5
f O
te
f fi
~~
46 ..
~a
-iCE
OCORRE A
SEPARAÇÃO
10'
Peso molecul ar dos analitos
EXCLUSÃO
TOTAL
NÃO OCORRE
A SEPARAÇÃO
11

10
8
Figura 50: Representação dos limites da capacidade de separação da cromatografia de exclusão
em função da massa molecular do analito.
B.S -CROMATOGRAFIA POR MECANISMO DE BtOAFINIDADE
A cromatografia de bioafinidade é um tipo de cromatografia
que utiliza como fase estacionária macromoléculas como anticorpos,
antígenos,
proteínas e outros
elementos biológicos. Esse tipo de
cromatografia não tem muita aplicação em controle de qualidade
e é utilizado mais para processos preparativos de purificação de
macroelementos. Os mecanismos de retenção são muito semelhantes
à cromatografia de adsorção, porém as interações são muito mais
específicas
do tipo
"chave-fechadura".
C-fASE EsTACIONÁRIA VERsus fASE MóvEL
Como já citado, são as interações entre analito e fase

• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
estacionária que promovem a separação cromatográfica.
A maneira mais simples e eficiente de regular as interações
analito-fase estacionária é modificar a composição da fase móvel. A
mudança da composição da fase móvel altera as cargas dos grupos
ionizáveis
do
analito e da fase estacionária, modifica a solubilidade
do analito e, conseqüentemente, o coeficiente de partição e modifica
também a capacidade de as moléculas da fase móvel competirem
com os sítios de interação na cromatografia por adsorção. É
importante observar que essa regra não vale para GC, pois nessa
técnica cromatográfi ca o gás de arraste não modifica nenhum tipo de
interação, servindo somente
como força mecânica para movimentar
o
analito pela coluna capilar.
Duas características muito importantes na escolha dos solventes
da fase móvel são a polaridade (P') e a força eluente (E
0
) deles.
A polaridade é uma característica do próprio solvente
e quando o sistema cromatográfico está empregando uma fase
móvel mais polar que a fase estacionária dizemos que o sistema
está
operando em fase reve rsa ou modo reverso. Já quando a fase
estacionária é mais
polar que a fase móvel, dizemos que o sistema
está
operando em fase
normal ou modo normal.
A força eluente, por sua vez, é um conceito relativo
que atribui valores aos solventes de acordo com o tipo de fase
estacionária envolvida (Tabela 32). Se, por exemplo, utilizarmos
água como eluente em uma coluna C18, ela terá pouca força para
eluir compostos lipofílicos ali retidos e, portanto, sua força para esse
tipo de fase estacionária é fraca. Mas se utilizarmos essa mesma
água
como
eluente de uma coluna de sílica gel, ela terá muita força
eluente, pois pode interagir facilmente por pontes de hidrogênio
com os grupos silanóis.
-·4181•

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO


Tabela 32: Propriedades cromatográficas de alguns solventes.
Solvente
Fluoroalcano
Cicloexano
n-hexano
1-clorobutano
Tetracloreto de carbono
Étér isoproprílico
Tolueno
Éter dietílico
lsopropanol
Tetraidrofurano
Clorofórmio
Etano!
Acetato de etila
Dioxano
Acetona
Metano!
Acetonitrila
Nitrometano
Etilenoglicol
Água
Polaridade (P')
< -2
0,04
o, 1
1,6
2,4
2,4
2,8
3,9
4
4,1
4
,3
4,4 4,8
5,1
5,1
5,8
6
6,9
10,2
Força eluente, e
0
Sílica C18
-0,20
-0,16
0,01
0,21
0,14
0,22
0,23
0,30
0,60
0,46
0,32
0,70
0,46
0,45
0,53
0,76
0,52
0,51
0,89
Muito alta
8,3
3,7
11,7
Muitas vezes, as mudanças da polaridade e da força de
eluição das fases móveis não são suficientes para obter a separação
desejada. Isso pode ocorrer por que outras pr opriedades físi co­
químicas do solvente estão envolvidas no processo cromatográfico.
As capacidades de interação de dipolo, acidez e basicidade rela tivas
são fatores muito importantes que controlam a seleti vidade do
solvente e, conseqüentemente, seu poder de separação. Para
controlar melhor a seletividade do eluente empregado, os solventes
foram organizados
em grupos e dispostos em um triângulo de acordo
com suas propriedades de
dipolo (1r), acidez (a) e basicidade ([3)
(Figura 51). Dessa forma fica mais fácil mudar estas característi cas
de forma mais seletiva para obter a separação desejada. A troca,
por exemplo, de metano! por isopropanol certamente trará uma
•1419-·

• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁliSE INSTRUMENTAL

mudança de polaridade e força eluente, porém as características de
dipolo, acidez e basicidade praticamente não serão mudadas, pois
estes dois solventes pertencem ao mesmo grupo e possuem posições
semelhantes no triângulo.
O Ácidos carboxílicos
• DMSO
O Álcoois
BASICIDADE
• Éteres
• Água
• Fluorálcoois
.Â. Amldas
• Formamlda
\] Aminas O Glicóis
O Cetonas
o.l'L
QN otrilas
1::;.
""~'·" /;
+ Nitro compostos

Doclorometano o
0THF
o
o
••
ACIDEZ
DI POLAR
Figura 51: Triângulo de seletividade de solvente.
D -EFICI~NCIA EM CROMATOGRAFIA E PRINCIPAIS PARÂMETROS
CROMATOGRÁFICOS ÁVALIADOS
A eficiência em cromatografia está relacionada, de forma
resumida,
com três fatores principais:
seletividade, sensibilidade e
rapidez da anális e. Estes fatores podem e devem ser avaliados por
meio da determinação dos parâme tros descritos no Quadro 25.
-·4201•

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÁO

••
Quadro 25: Parâmetros que medem a eficiência cromatográfica.
EFICIÊNCIA CROMATOGRÁFI CA
Sifmificado:
Representa a capacidade de a
análise não sofrer interferência de
outros compostos.
Está relacionada, principalmente
com o poder de separação e ao
detector empregado.
A sensibilidade
é uma resposta de
detecção
à massa que está sendo
analisada.
No caso do método
cromatográfico, quanto maior o sinal
de detecção gerado por uma certa
quantidade de
massa, mais sensível
será o método. Está relacionada,
principalmente, com a dispersão das
bandas cromatográficas e o detector
utilizado.
I
Tator importante para que a anáf1se
seja eficiente uma vez que em
controle de qualidade
são realizadas
análises em replicatas de um
número relativamente grande de
amostras.
Esse parâmetro envolve,
principalmente, o tamanho da
coluna ou da cromatoplaca, o tipo
e tamanho das partículas da fase
estacionária e todos os demais
elementos cromatográficos (tipo e
temperatura
do eluente, estrutura
do analito, tipo de fase estacionária
o r. o otrr.c'
Parâmetros relacionados
Resolução R
5
:
Rs = 2 (t,2-t.,)/(wb2 * + wbl)
Fator de seletividade a:
a = k
2/k,
Número de pratos teó ricos N:
N = 16 (t/wl
Limite de detecção:
Sinal
do analito proporcional a
3 vezes o sinal do
ruídon
Tempo de retenção t,
Fator de retenção ou fator de
capacidade
k:
*wb: representa as respectivas larguras das bases dos picos.
**Ruído:
é a variação do sinal da linha de base quando o detector está lendo
somente a
fase móvel sem a presença de nenhum analito. Essa variação
é
provocada por oscilações elétricas do sistema. Seria como compará-lo ao chiado
apresentado por um rádio quando selecionamos alguma
estação.
"'""" tm: representa o tempo que demora a eluir um ,composto que não possui
qualquer tipo
de afinidade pela fase estacionária. E representado na maioria
das vezes pelo primeiro distúrbio
na leitura da linha de base.
Estes parâmetros, como foram descritos no Quadro 25, servem
para
avaliar todas as técnicas de CLC, CG, HPLC, SFC e CE.
Um exemplo de como calcular estes parâmetros está
representado na Figura 52.
•1421-

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁliSE INSTRUMENTAL
••
2
o 5 10
Primeira
perturbaçlo da
linha de base.
15 o t,
Oeterm ln~:çto da base dos
picos pelo método da tangente.
2
I
I
Oetennlnaçlo da
linha de base.
15
Figura 52: Exemplo de determinação dos fatores envolvidos no cálculo d Rs, "1, a e k'.
23.1.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ou Alta
Performance (ClAE ou
HPlC)
O HPLC é a ver são instrumental das técnic as cromatográficas.
Esse modo de operação da cromatografia possui muitas vantagens
em relação à CPI e CLC.
O HPLC é um aparelho composto, basicamente, de seis
elementos principais (Figura 53, Quadro 26).
Processador
de dados
S
istema de
bomba
Reservatório
de
solvente
Figura 53: Representação de um equipamento de H PLC.
-·4221•
Sistema de
detecção
Coluna
Cromatográfica

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO


Quadro 26: Principais componentes do HPLC e algumas de suas características
COMPONENTES CARACTERÍSTICAS
Reservatório de solventes: onde se encontra(m) o(s) solvente(s) da fase móvel
sistema mecânico que impulsiona o solvente
Bomba de alta pressão:
para a coluna cromatográfia de forma a
movimentá- lo independente da gravidade ou
capilaridade.
dispositivo posicionado entre a coluna
cromatográfi ca e a bomba. Serve como sistema
Injetor: de entrada da amostra para a coluna. Permite
a introdução de um volume fixo de amostra
dentro
do
aparelho de HPLC.
de comprimento (entre 10 e 30 em) e diâmetros
Coluna cromatográfica:
internos (entre ~ -1 O mm) variados. Suporta
altas pressões. E o local onde se encontram
empacotadas
as
partfculas de fase estacionária e
onde ocorre o processo de
separação.
dispositivo
eletroeletrón i co que responde
à variação da composição do efluente da
Detector: coluna gerando sinais elétricos. Os detectores
mais comumente
empregados são: UV-vis, fluorescência, eletroquímico, massas.
sistema que analisa e processa os dados
provenientes
do detector e os transforma
em
Processador de dados sinais gráficos chamados de cromatogramas.
(Pc ou integrador): Nestes aparecem os picos cromatográficos de
onde
são
calculadas as medidas de suas áreas
e ou alturas.
O HPLC utiliza relações (f luxo de fase móvel/massa de fase
estacionária)
muito maiores que as empregadas em
CPI e a CLC.
Além disso, a fa se estacionária apresenta uma relação ( massa/volume
ocupado) mui to menor. Em outras palavr as, em HPLC a fase estacionária
está
extremamente empacotada
(aglomerada) e a quantidade de
solvente que atravessa a coluna é muito grande em relação à sua
ma
ssa. A combinação desses dois
elementos com a uniformidade do
material de recheio das colunas altamente empacotadas e a utilização
de um sistema de detecção on fine foram cruciais para que o HPLC
apresentasse uma série de vantagens (Tabela 33).
•1423-·

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAl

Tabela 33: Vantagens do H PLC
Alta eficiência: representada por picos estreitos e 9em definidos.
Análises rápid as: tempo médio em torno de 8-15 min.
Baixo consumo de solventes: fluxos médios de 0,5-2 ml para separações
em escala analítica.
Baixos limites de detecção: detecção de quantidades de massas na escala de
até fento gramas.
Excelente reprodutibilidade e repetiblidade.
Resultados confiáveis.
Soma-se a isso o fato do
HPLC ser um instrumento capaz de
incorporar, ainda, sistemas
completamente automatizados de extração
de amostras e injeção, o que aumenta enormemente a capacidade
de
análise e diminui muito a geração de erros durante a análise.
No sistema de
HPLC, assim como na CLC, a composição da
fase
móvel pode permanecer constante durante todo o processo
de análi
se. Esse modo de eluição é chamado isoc rático. Em alguns
aparelhos de
HPLC existe um sistema de bombas que consegue
bombear e misturar diferentes proporções de solventes durante
a análi se. Esse sistema é chamado de eluição por gradiente. Essa
eluição também pode ser realizada na CLC só que a mistura e
mudança
do solvente são realizadas normal mente de forma manual.
A eluição
por gradiente possui a vantagem de mudar as condições
de separação, permitindo que uma separação que não ocorria em
um único sistema e luente agora possa ocorrer (Figura 54).
100% METANOL
8 c
A
D
10 20 30 40 50 min.
tO% METANO L • 20% &50-."ROPANOI.. f\"'11
100'M. METANOL
10 20 30 40 50 min.
Figura 5 4: Representação de eluição isocrática e por gradiente.
-~ -·4241•

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO
23.1.2 Cromatografia Gasosa

••
A cromatografia gasosa (CG ou GC) é outro modo de
cromatografia verdadeiramente instrumental. Foi desen volvida
para compostos voláteis, compostos que podem ser volatilizados
sem degradação sob aquecimento, ou ainda, compostos que após
reações
de derivação possam apresentar
volatilidade adequada. Os
componentes básicos do cromatógrafo a gás são similares em função
aos utilizados
em
HPLC (Quadro 27, Figura 55):
Quadro 27: Principais componentes do CG e algumas de suas características
COMPONENTES
Reservatório de g.fs:
forno:
Injetor:
Coluna capilar:
Detector:
Processador de dados
(Pc
ou integrador ):
CARACTERÍSTICAS
Onde se encontra(m) o(s) gás(es) de arraste (fasl! móvel).
Sistema que aquece o gás de arraste e a coluna capilar.
Dispositi'<> posicionado entre a coluna capilar e o reserval6rio de gás. Serve
como sistema de entrada da amostra para a coluna capilar.
De comprimento (normalmente entre 2 e 50 metros dispostos em rolo)
e diâmetros (0,1 -0,53 mm) variados. Suporta altas temperaturas.
É o local onde se encontra a fase estacionária que é composta,
normalmente,
de um sólido ou
líquido que forma uma fina camada
sobre as paredes da coluna capilar ou sobre a s~pe rfície de um material
particulado que reveste suas paredes internas. E na coluna capilar onde
ocorre o processo de seg_aração.
Dispositivo eletrônico que responde à variação da composição do
gás ~fluente da coluna gerando sinais elétricos. Os detectores mais
comumente empregados são: condutividade térmica, ionização em
chama, captura de elétrons e detector de massas.
Iguais aos usados em HPLC.
.E.QRhQ
SISTEMA DE
Qfill.C6Q
Figura 55: Representação de um equipamento de CG.
•1425-

• PARTE IX· FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

A CC é uma técn ica que co mplementao HPLC em função das
diferenças de suas aplicações. Entretanto, a CC, em muitos aspectos,
é
uma
técnic a· com melhores resultados que o H PL:c e apresenta,
normalmente, :análises mais eficientes (Quadro 28).:
Quadro 28: Comparação da CG com o HPLC
VANTAGENS DA CG SOBRE O HPlC
:
Menor volume injetado: a quantidade que as colpnas capilares suportam é muito
pequen
a(=
1Q-
3
pll, portanto volumes em tomo de lpl são mais que suficientes para
o injetor.
Análises mais rápidas: em CG as análises demoram em média de 4-10 minutos. Isso
ocorre em função do alto fluxo de gás dentro da coluna capilar e das altas temperaturas
e
mpregadas que aceleram o p rocesso de transferência de massa que é normalmente mais
rápido
na fase de gás.
Menores dispersões das bandas (picos mais estreitos ): em
CG existem alguns
fatores que fazem c om que os compostos se dispersem menos durante a passagem
dentro da coluna capilar. Em CG praticamente não existem caminhos preferenciais e,
portanto, a altura do prato (segundo a equação de Van Deemter) não sofre intluência
desse parâmetro. Na CG, a taxa de transferência de massa dos analitos é muito rápida
por c
ausa do estado gasoso em que se encontram e em função da alta temperatura
empregada.
A conseqüência final des ses efeitos é que em CG são comuns picos com
2.000-300. 000 pratos teóricos enquanto que em HPLC os valores ficam entre 500-
25.000.
Maior sensibilidade: a CG necessita normalmente de quantidades de massa de 1 O-
1.000 vezes menor es que HPLC para pro duzir uma detecção adequad a. Isso decorre
principalmente em função da menor dispersão das bandas e dos tipos
de detecção
empregados.
Maior seletividade: essa caracterfstica também decorre do maior número de
pratos teóricos. Em
CG, em uma mesma corrida r possível identitlcar e quantificar
seletivamente um número bem maior de compostos que em HPLC.
23.1.3 Cromatografia Supercrítica
A cromatografia s upercrítica ou cromatografia por fluido
supercrítico (CFS ou SFC) é uma técnica que utiliza como eluente um
fluido no seu estado supercrítico. O estado s upercrítico é a tingido a
um valor de temperatura e pressão acima do ponto crítico. essas
condições esse fluido apresenta densi dade e viscosidade situadas
entre as do gás e do líquido. As vantagens de sse fluido supercr ítico
.• -·426,.

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

••
é que, além de ele possuir o poder de solubilização dos líquidos a
temperaturas normalmente bem mais baixas que as dos gases, sua
baixa viscosidade e densidade conferem altas taxas de transferência
de massa. O resultado é uma separação com eficiência e velocidade
semelhante ao CC. Entretanto, a SFC ainda é pouco utilizada em
laboratórios de qualidade e possui aplicação limitada quanto às
opções de fluidos supercríticos. Além disso, a SFC é operaciona lmente
mais complicada e mais cara que a CC e o HPLC.
23.2 ElETROFORESE
As técnicas eletroforéticas empregadas em controle de
qualidade são a eletroforese em gel e a eletroforese capilar. Ambas
as técnicas empregam a aplicação de uma diferença de potencial
sobre uma solução ou gel onde se encontra solubilizado o analito.
Essa diferença de potencial faz com que os elementos carregados
migrem em direção ao pólo de carga oposta (migração eletrocinética).
Caso o analito apresente carga, ele poderá migrar sozinho para o
eletrodo. Caso ele seja neutro, precisará formar um complexo com
algum elemento carregado que servirá, desta forma, como uma
espécie
de carreador. Um procedimento bastante comum neste
caso é a
utilização de surfactantes, como o dodecil sulfato de sódio
(SDS) na forma de micelas carregadas.
A eletroforese em gel é uma técnica que emprega géis
dispostos
em
placas. As placas são mantidas na horizontal e os
eletrodos são posicionados nas extremidades da placa de gel. Por
causa da baixa resistência elétrica da eletroforese em gel não é
possível aplicar voltagens muito superiores a 200 volts, pois ocorre
muito aquecimento. Esse é o fator limitante da eletroforese em gel.
Uma saída para esse problema foi o desenvolvimento da eletroforese
capilar (CE). A CE utiliza um capilar oco de sílica fundida entre os
eletrodos (Figura 56). Esse capilar possui comprimento normalmente
em torno dos 40 em de comprimento e um diâmetro interno de
25 a 75 )..lm. Aa características do capilar permitem que voltagens
de até 30 kvolts possam ser aplicadas sem o inconveniente do
aquecimento. Com voltagens dessa grandeza, as separações se
tornaram extremamente rápidas e eficientes. São comuns análises de
5
minutos ou menos e picos com
50.000 a 500.000 pratos teóricos.
Em eletroforese capilar, a amostra é injetada aplicando- se voltagem
ou pressão sobre o frasco contendo a amostra. Por causa do pequeno
•1427-

• PARTE IX. FUNDAMENTOS T~ORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
diâmetro interno do capilar, apenas uma pequeníssima fração da
amostra é injetada (
ordem de
nano-litros).
SOWCOES
QE
ELETPÓU-:'OS
Figura 56: Esquema representando como o capilar está conectado aos eletrodos e ao sistema
de detecção em CE.
A CE é uma técnica cuja aplicação no controle de qualidade
vem crescendo muito nos últimos anos. Sua operação consome
pouquíssima
quantidade de
solventes (menor que 2 ml por dia de
análise) e suas separações são extremamente rápidas e eficientes.
As maiores desvantagens da CE são os limites de detecção, cerca de
1 0-1 00 vezes maiores que o H PLC quando utilizado detectores UV­
v
is.
Isso ocorre, por causa do curtíssimo caminho óptico da CE que
é representado pelo próprio diâmetro interno do capilar. Entretanto,
várias técnicas para contornar
esse
problema foram desenvolvidas. As
mais utilizadas são o emprego de células de detecção em Z ou em
bulbo. Esses dois tipos de células foram desenvolvidos para aumentar
o caminho
óptico percorrido
pelo feixe de luz. Outra técnica muito
utilizada é a de empilhamento das moléculas. Nesse procedimento
a amostra é injetada em um tampão com concentração dez vezes
menor que os tampões de corrida. Essa região de baixa concentração
eletrolítica possui uma condutividade menor e, conseqüentemente,
um campo elétrico nesta região também maior. Essa diferença de
campo faz com que as moléculas se concentrem (empilhem) na
interface entre os campos mel horando a resposta do detector.
-·4281•

MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO


Além
do detector UV-vis, já se encontram disponíveis para
CE, quase todos os detectores empregados para HPLC, como o
eletroquímico, fluorescência e massas.
Os principais parâmetros envolvidos na separação por CE são
aqueles relacionados com a composição dos eletrólitos empregados.
Estes controlam a condutividade da solução e as cargas apresentadas
pelos analitos e dessa forma regulam tanto o poder de separação
quanto o aquecimento gerado durante a separação.
As
características de
CE permitem que a maioria dos
aparelhos apresente sistema de injeção, detecção e análise, todos
agrupados em um único aparelho (Figura 57).
SISTEMA O"
O::TECCÂO
PROCESSADOR DE DADOS
1
RESERVATORIOS DE
ELETRÓUTOS
Figura 57: Representação de um aparelho de CE.
CARROSSEL
(amostrador)
•1429-·

MÉTODOS ELETROQUÍMICOS
, ,
24 METODOS ELETROQUIMICOS


SERRANO,
S.H.P.; MACHADO, S.A.S.; GIL, E. S.
Os métodos eletroanalíticos pertencem a um grupo de
métodos analíticos quantitativos que se baseiam nas propriedades
elétricas de uma solução contendo a espécie de inter esse (analito)
quando esta faz parte de uma célula eletroquímica. Esta última
compreende dois ou três condutores, denominados de eletrodos,
conectados ao
equipamento de medida e imersos em uma mesma solução eletrolítica, ou imersos em r ecipientes diferentes, mas
conectados entre
si por uma ponte
salina, de modo a permitir fluxo
iônico de um recipi ente para o outro. A ponte salina consiste de um
tubo, normalmente preenchido por uma solução de KCI, ou outro
eletrólito adequadamente escolhido. A função dessa ponte é evitar o
contato
direto entre as
soluções contidas em cada um dos recipientes
distintos e assegurar o contacto elétrico entre elas.
O fenômeno de condução na célula inclui:
a) a condução eletrônica representada pelo movimento de elétrons
nos condutores (eletrodos);
b) a condução iônica representada pelo movimento de íons
carregados no interior da solução;
c) a condução eletrônica/iônica que ocorre na interfase eletrodo/
solução resultante do processo de oxidação ou redução do
anal i to.
Os métodos eletroanalíticos apresentam simplicidade,
boa sensibilidade e seletividade e, normalmente, empregam
equipamentos de baixo custo. Deste modo, espera-se que outros
métodos, além da determinação potenciométrica da concentração
hidrogeniônica, ou seja, nas medições rotineiras de pH, ganhem a
mesma
popularidade, que o uso de
eletrodos de vidro.
Uma característica comum a todos os métodos eletroquímicos
diz respeito ao sistema de detecção, que, ao contrário dos métodos
espectrofotométricos,
tem contato direto com a amostra. Assim, os
métodos
eletroanalíticos podem ser classificados em dois grandes
grupos: (a) métodos interfaciais, em
que os fenômenos de interesse
• 1431~~

• PARTE IX-FUND AMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
ocorrem na interfase eletrodo/solução envolvendo uma camada
muito pequena de solução e, b) métodos cujos fenômenos de
interesse
ocorrem no interior da solução. E xemplos desse último
são a Condutometria Direta e as Titulações Condutométricas.
Os
métodos interfaciais podem, por sua vez, ser divididos em métodos
estáticos
em que a corrente que flui pela célula eletroquímica é nu la
(métodos potenciométricos) e métod os dinâmicos, em que a corrente
que flui pelo sistema é maior que zero. este último caso podem ser
citados
os métodos em que se controla o potencial aplicado à célula
eletroquímica (Coulometria a Potencial Controlado, Voltametria,
Titulações Amperométricas e Eletrogra
vimetria), ou ainda os métodos
onde se controla a corrente
aplicada à célula eletroquímica (Titulaç ões
Coulométricas ou Eletrogravimetria à Corrente Constante).
Nos métodos
onde os fenômenos de interesse ocorrem no
interior da solução, os eletrodos estão em contato direto com a
amostra,
entretanto, por causa da alternância rápida e constante de
corrente nos pares de eletrodos, não há
fenômeno de eletról ise, pois
não há
tempo para a interação efeti va entre as espécies em solução
e a superfície dos
eletrodo.
Em contrapartida, nos métodos dinâmicos, se em solução
estão presentes espécies
que podem efetivamente ser oxidadas ou
reduzi das na superfície dos eletrodos, normalmente denominadas de
espécies eletroativas, há
fluxo considerável de corrente. No entanto,
apenas
em métodos como o Coulométrico ou Eletrogravimétrico,
procede-se a uma eletrólise exaustiva. Nos demais métodos, a
quantidade de espécie el etroativa que
é efetivamente eletrolisada
é ínfima. Ressaltar-se que a seletividade dos métodos voltamétricos
é alta e na maior parte das vezes ditada pelo valor de potencial
aplicado, sendo possível discriminar a espécie de interesse na
presença
de diversas outras espécies.
Desde que
os métodos interfaciais monitoram variações que
ocorrem na interfase eletrodo/solução, deve-se sempre considerar
nas respectivas equações a maneira como o transporte de massas
é
realizado do interior da solução para a região da interfase, o qual pode
ser efetuado por difusão, migração ou convecção (mecânica ou térmica ),
dependendo das condições experimentais de trabalho escolhidas.
Nos métodos dinâmicos, onde ocorre reação efetiva de
oxidação ou redução, as correntes medidas são denominadas de
correntes faradaicas, porque a quantidade de carga transferida segue
as leis de Faraday, que estabelece que para cada moi de espécie
eletroati
va monovalente consumida ou produzida em um processo
de oxirredução, um moi de elétrons
é consumido ou produzido.
-·4321•

MÉTODOS ELETROQU[MICOS


A aplicabilidade dos métodos eletroanalíticos no controle de
qualidade de medicamentos é, relativamente, pequena e se resume
à
determinação do pH em ensaios de qualidade, da condutometria
em ensaios de pureza e a raras aplicações da potenciometria e
polarografia
em ensaios de potência. Com o advento dos Eletrodos
Íons Seletivos, o
campo de aplicação da potenciometria no controle
de qualidade de medicamentos tem aumentado e espera-se que o
mesmo venha a ocorrer
com os demais métodos el etroanalíticos,
principalmente à medida que novos materiais para construção de
eletrodos de trabalho sejam desen volvidos.
24.1
POTENCIOMETRIA
A potenciometria é um método que se baseia na medida da
for
ça eletromotriz de uma pilha ou célula galvânica constituída pela
associação de
dois eletrodos: um de referência e outro indicador.
O
eletrodo de referência deve apresentar potencial conheci do, estável
e
reprodutível independente e da solução onde se encontra imerso.
Vários eletrodos são empregados
como eletrodos de referência,
embora os mais empregados sejam o ele trodo de calomelano
saturado (Hg/Hg
2
CI
2
,
KCI saturado), comumente denominado de
ECS, e o eletrodo de prata/ cloreto de prata (Ag/AgCI, KCI saturado).
O eletrodo indicador, muitas vezes também denominado de
eletrodo de trabalho, reflete as alterações que ocorrem na interfase
estabelecida com a solução de medida e, deste modo, apresenta
potencial variável, dependendo da composição da solução. O
potencial da célula eletroquímica composta desses dois eletrodos
segue a Equação de
Nernst e, portanto, varia com o logaritmo da
atividade da espécie
química em solução. Uma vez que o potencial
do eletrodo de referência permanece consta nte ao longo de todas
as medições efetuadas, pode-se atribuir a variação do potencial da
célula
às variações de atividade da espécie de interesse em solução,
as quais são monitoradas pelo eletrodo indicador.
o
entanto, é necessário aqui se efetuar a diferença entre
concentração
(c) e atividade iônica (a). Esses parâmetros são iguais
somente para soluções
muito diluídas, onde a atração eletrostática
entre íons de cargas opostas em solução é muito pequena.
Para
soluções mais concentradas, ocorre um desvio que é normalmente
quantificado pelo coeficiente de atividade, yi' de modo que por
definição, Y; = a/c,. Assim, para so luções muito diluídas onde a
•1433-·

• PARTE IX -FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

concentração é igual à atividade, o coeficiente de atividade é 1.
Evidentemente, o valor do coeficiente de atividade depende da
concentração total das espécies iôni cas em solução, e inclui a espécie
de interesse, bem como os íons provenientes de eletrólitos inertes.
Denomina-se
de força iônica, I, a contribuição de cada espécie
para
as forças
intermoleculares totais que existem em uma dada
solução, sendo esta dada por: I= Y2 L c; x z,
2
,
onde c; corresponde
à concentração de cada íon, positivo ou negativamente, carregado
e z;
à carga de cada
um deles. A força iônica e o coeficiente de
atividade iônica estão inter-relacionados pela equação estendida
de Debye-Huckel:
(1)
Para a maioria das aplicações corriqueiras de laboratório,
pode-se trabalhar com unidades de concentração iônica sem cometer
nenhum erro grosseiro, porém é adequado que se mantenha, quando
possível, uma concentração constante de eletrólito inerte em solução,
cuja função será a de manter a força iônica constante. Deste modo,
de acordo com a equação (1 ), o coeficiente de atividade, Yv também
será mantido constante ao longo de todo o trabalho experimental.
Com esse procedimento, pode-se garantir que a relação a,t c, varie
proporcionalmente com a variação de cr
Como citado, no método potenciométrico não ocorre
passagem de corrente na célula eletroquímica e as variações de
potencial, medidas pela célula eletroquímica, refletem a diferença
de potencial químico, fJ, da espécie de interesse em solução e na
superfície
do
eletrodo. Os métodos potenciométricos podem ser
classificados em direto e relativo (titulação potenciométrica)_ Em
ambos os casos, para as medições, é necessária a associação de
duas semicélulas, uma correspondente ao eletrodo indicador sensível
à atividade do analito e outra de potencial constante, o eletrodo
de referência. Exceção a este caso são os eletrodos combinados,
onde em um só dispositivo se encontram acoplados o eletrodo de
referência e o eletrodo indicador.
24.1.1 Eletrodos de Referência
Por cau sa da impossibilidade da medida do valor absoluto
do potencial de uma semicela constituída por apenas um eletrodo
individual, o potencial de qualquer eletrodo, obrigatoriamente,
deve ser referido a um eletrodo-padrão. Internacionalmente,
-·4341•

MÉTODOS ELETROQU[MICOS


o eletrodo normal ou padrão de hidrogênio, ENH ou EPH, é
adotado como eletrodo de referência universal e o valor de seu
potencial, E
0
,
é considerado exatamente igual a zero volt em
todas as temperaturas.
Nesse
modelo, o gás hidrogênio é borbulhado à pressão de
uma atmosfera em uma solução de ácido clorídrico com atividade
unitária a 25°C,
onde se encontra imersa, uma lâmina de platina.
Como o eletrodo-padrão de hidrogênio necessita de gás
puro mantido à pressão constante, sem traços de oxigênio e
outras impurezas, ele não é
empregado em trabalhos de rotina e,
praticamente, nunca é usado
em titulações potenciométricas.
A reação
química que descreve a semi-reação envolvida
quando se utiliza o eletrodo padrão de hidrogênio é:
2 H+ +
2e-~ H
2
(2)
A equação que descreve o processo de eletrodo é a Equação
de Nernst, que neste caso corresponde à:
(3)
Em condições padrão, as atividades do gás e do íon H+
são unitárias e o valor de E é igual ao
de
EO, que por definição é
considerado O,OOOV.
Os valores de potencial, correspondentes à redução de
vários metais, apresentados nos livros-textos na forma de tabelas
denominadas de Série Eletroquímica de Potenciais, são obtidos
quando o EPH é conectado à outra semicélula na qual se encontra
um eletrodo inerte imerso em solução contendo, simultaneamente,
a
forma oxidada e reduzida, em atividade unitária, da espécie para
a qual
se deseja medir o potencial de redução. Quando as duas
semicélulas são conectadas, se um valor positivo de potencial
for obtido, considera-se que o processo de redução da espécie é
espontâneo. Também,
se o potencial lido for negativo, considera- se
que o processo de redução da espécie em questão não é espontâneo,
tendo como sistema de referência o
EPH.
a realidade, dispõe-se de outros eletrodos de referência
mais
convenientes do que o
EPH e que, na prática, atendem
perfeitamente às necessidades da análise potenciométrica.
Por suas características técnicas, facilidades de manuseio
e
manutenção preventiva, os eletrodos de calomelano e prata/
cloreto de prata e são os mais usados. Ambos os eletrodos possuem
potenciais conhecidos, estáveis e reprodutíveis,
medidos contra o
•1435--

• PARTE IX· FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
eletrodo padrão de hidrogênio. Há, no entanto, de se considerar
que o potencial de cada um deles depende da concentração de seu
eletrólito interno, normalmente KCI.
O eletrodo de prata/cloreto de prata consiste em um fio de
prata
ou de platina, prateada por depósito eletrolítico, recoberto com
uma fina película de cloreto de prata, mergulhado em uma solução
de cloreto de potássio de concentração c onhecida.
A semi-reação envolvida neste eletrodo é dada por:
AgCI <,
1
<=> Ag(s) + Cl-+ e- (4)
A equação de Nernst para este processo é dada por:
E= EOAg!AgCI +0,05916/1 log [a Ag!AgCI/ aCI-] (5)
Como a atividade do sólido AgCI é considerada unitária,
então a equação é representada por:
E = EOAg!AgCI -0,05916/1 log [aCI-] (6)
Resta agora entender como o valor de EOAg/AgCI-pode ser
cakulado. Isto é muito simples se considerarmos que esse eletrodo
corresponde a um fio de prata recoberto por uma camada de AgCI
e imerso em solução de íons cloreto.
Considerando que o equilíbrio abaixo existe no interior
do metal:
Ag\metaiJ + 1 e-<=> Ago <melai) (7)
Pode-se escrev er a equação de ernst como:
E = E
0
+
0
+ O 05916/1 x log [a +]
Ag/Ag I Ag
(8)
Evidentemente, o potencial há de variar com a atividade
de íons Ag-na superfície
do metal, que, por sua, vez será alterada
pela atividade
de íons Ag-na solução na qual o fio estiver imerso.
Deste
modo, se o fio estiver recoberto por uma camada de
AgCI,
e imerso em solução onde não exista íons prata, ainda assim, esses
íons estarão presentes na solução, como resultado do equilíbrio de
solubilidade do sal pouco solúvel de AgCI:
(9)
--4361•

MÉTODOS ELETROQU ÍMICOS
com o Ks sendo dado por:
Ks AgCI = aAg+ + aCI·
Assim, a atividade de Ag+ será dada por:
aAg+ =
Ks
AgCI I aCI-
Substituindo- se a equação ( 11) na equação (8) tem-se:


(1 O)
(11)
E = EOAg+f AgO + 0,05916/1 x log [Ks AgCI / aCI-] (12)
Deste
modo:
E=
EOAg+f AgO + 0,05916/1 log Ks AgCI-0,05916/1 log aCI-(13)
EOAg/AgCI a 25°C = 0,223 V (considerando Ks = 1,8 x 1 Q·
10
)
Assim, o potencial do eletrodo de referência variar á, porém
como função da atividade interna de KCI que for utilizad a.
O eletrodo de calomelano também é amplamente utilizado
como eletrodo de referência dada a sua simplicidade de preparação
a
partir de uma pasta composta de mercúrio metálico e
Hg
2
CI
2
,
sal
insolúvel
de mercúrio (1), também denominado de calomelano. A
pa
sta é, então, imersa em uma
solução de cloreto de potássio com
concentração
bem definida:
0,1 M, 1 ,O M ou saturada. Assim como
no caso anterior, o potencial desse
eletrodo (versus o eletrodo padrão
de hidrogênio) depende fundamentalmente da concentração do eletrólito e da temperatura da solução de medida. A semi-reação
envolvida neste
eletrodo é dada por:
(14)
O cálculo do potencial E
0
HglCI2!Hg pode ser efetuado de maneira
similar àquela usada para o eletrodo de prata/cloreto de prata. Como
descrito, o potencial do eletrodo depende da ativ idade de íons Cl-, na
solução interna na qual o eletrodo se encontra imerso.
Em dadas circunstânci as, outros e letrodos, além dos que
estão descritos,
podem ser utilizados como eletrodos de referência
tendo, no entanto, em
geral, uma aplicação limitada.

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
24.1.2 Eletrodos indicadores ou eletrodos de
trabalho
Os eletrodos indicadores ou eletrodos de trabalho podem
ser subdivididos em dois grandes grupos: eletrodos metálicos e
eletrodos íon-seletivos.
I -Eletrodos Metálicos
Existem quatro tipos distintos de eletrodos metáli cos:
a) eletrodos de primeira espécie: são utilizados para determinar
a atividade ou concentração de um cátion derivado do
eletrodo. Por exemplo, um fio de cobre pode ser utilizado
para determinar a atividade ou concentração de íons Cuh
em solução. A semi-reação envolvida será:
(15)
Neste caso, o potencial do eletrodo indicador será dado por:
Eindicador = E
0
cuheu
0
+ 0,05916/21ogacu2+ (16)
Outros eletrodos metálicos que se comportam de maneira
reversível são os de Ag, Hg, Zn e Cd. Metais como ferro, tungstênio,
níquel, cobalto e crômio não podem ser utilizados por não
apresentar em comportamento reversível, principalmente por causa
da formação
de óxidos.
-- 4381•
b)Eietrodos de segun da espécie: um eletrodo de segunda
espécie corresponde a
um
eletrodo de metal recoberto por
um sal insolúvel do próprio metal. A resposta dele varia em
função
da atividade, em
solução, do ânion do sal insolúvel.
Exemplos clássicos são os eletrodos de referência, prata/cloreto
de prata e calomelano. já descritos. '.o entanto, pode-se
substituir o sal insolúvel por um íon complexo. Um exemplo
dessa su bstituição corresponde ao eletrodo de mercúrio
metálico imerso em solução do complexo formado entre íons
Hg>-e EDTN-(ânion do ácido etilenodiaminotetraacético,
EDTA), HgEDTN-.
c) Eletrodos de terceira espécie: um eletrodo de segunda espécie,
como descrito, pode também ser utilizado na determinação
de um cátion. Assim, um eletrodo de mercúrio, imerso em
solução contendo íons Ca
2
-, além de pequena quantidade
do complexo HgEDTN·, responde às variações de atividade
de íons Ca
2
-em solução.

MÉTODOS ELETROQU[MICOS


d)eletrodos metálicos: indicadores de proce ssos envolvendo duas
formas, oxidada e reduzida
do par redox que se encontra em solução. O eletrodo não tem nenhuma participação no processo,
servindo apenas de
condutor
eletrônico. Deste modo, para
que um potencial estável seja medido em solução é preciso
a presença das duas formas, oxidada e reduzida,
do
metal
em solução. Assim, o potencial de um eletrodo metálico em
solução é dado por:
Eeletrodo = EO + 0,05916 log aMen+ I aMe( n-1)+ (17)
Na equação, o
par redox pode ser, por
exemplo, Fe
3
-/
Fe
2
+
ou ainda Ce
4
-/Ce
3
-.
li -Eletrod os íon-seletivos
Eletrodos
íon-seletivos
são sensores ele troquímicos que
monitoram variações de atividade da espécie de inte resse na interfase
eletrodo/solução. O termo íon-seletivo se justifica, uma vez que é possível
uma espécie na presença de várias outras, que atuam como interferen tes.
Estes eletrodos podem ser subdivididos em duas grand es classes:
a) Eletrodos de membrana cristalina;
b) Eletrodos de membrana não cristalina
Os eletrodos de membrana cristalina podem ainda ser
subdivididos em eletrodos de membrana policristalina (Ag
2
S;
Ag,_
5
Cu
0
_45
S;
Ag
2
S + CdS; Ag
2
S+PbS, dentre outros, em que
as espécies monitoradas são: Ag ... e 5
2
·; Cu
2
+; Cd
2
-
e
Pb
2
... ,
respectivamente, ou eletrodos de cristal único, onde o exemplo
representativo é o eletrodo de LaF
3
,
universal mente usado na
determinação
de íons
F· em diversas matrizes c
6
>. Os eletrodos de
membrana não cristalina, por sua vez, incluem o eletrodo de vidro
(para
determinação de pH),
eletrodos baseados em trocadores
iônicos positivamente carregados (para determinação de ânions),
trocadores iônicos negativamente carregados (para,
por
exemplo, a
determinação de Ca
2
-
em
fluidos biológicos) ou, ainda, os eletrodos
baseados em suporte neutro para determinação seletiva de metais
alcalinos, principalmente o potássio, também em matrizes biológicas,
eletrodos seletivos a espécies moleculares (para determinação de
C0
2
e NH
3
)
e
eletrodos constituídos por membranas biocatalíticas,
onde o material ativo é biológico, por exemplo, uma enzima. Embora
esses eletrodos tenham aplicações importantes na área farmacêu tica,
para o detalhamento desse tópico seria necessária a edição de um
•1439--

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
novo livro_ Assim, aconselha-se aos leitores interessados consultarem
bibliografia recomendada <i-
19
>_ Optou-se por, neste capítulo,
abordar-se com maiores detalhes, apenas o eletrodo de vidro, o
primeiro eletrodo íon-seletivo a ser desenvolvido, incluindo-se nesse
contexto alguns outros eletrodos destinados à determinação desse
parâmetro,
extremamente importante em Química
Analítica.
111 -Eletrodos indicadores de pH
Para a determinação direta do pH (onde se acompanham as
variações de concentração de H-no meio reacional) ou realização
de titulações potenciométricas envolven do reações de neutralização,
dispõe-se
de eletrodos de aço inoxidável
(Fatibello e Milton Dufles
Capelato) e
de eletrodos padrão de hidrogênio
(EPH), porém o
eletrodo universalmente utilizado é o eletrodo de vidro.
O EPH é bastante preciso para leituras da concentração
do íon hidrogênio em soluções muito ácidas ou muito básicas.
Entr
etanto, apresenta alguns inconvenientes para a utilização
rotineira em laborat ório:
a) exige o fornecimento de hidrogênio puro mantido
à pressão
constante, sem traços
de oxigênio e outras impurezas;
b) não pode ser ulilizado em soluções contendo agentes oxidantes ou
agentes redutores fortes, capazes
de afetar o sistema
2H-IH
1
.
Por
sua vez, os eletrodos de pH baseados na utilização de aço
inoxidável podem ser aplicados em titulações potenciométricas, mas
a sensibilidade e reprodutibi1idade das med"1ções tornec"ldas por e\e
são muito inferiores àquelas fornecidas pelo eletrodo de vidro.
IV -Eletrodo de vidro
Em 1909, Haber e Klemensiewicz observaram a condução
de corrente elétrica por meio de um bulbo formado por uma fina
camada de
vidro e também que, colocando-se duas soluções com
acidez diferentes, uma no interior e outra no exterior do bulbo, se
estabelecia uma diferença de potencial elétrico, cujo
valor dependia
da variação da atividade de H-de uma das solu ções.
Anos mais tarde, em 1930, Dole e Mclnes verificaram que
a fina camada ou membrana de vidro era extraordinariamente
seletiva aos íons H-do que a qualquer outro íon. Entre as duas
soluções com acidez diferentes estabelecia-se uma diferença de
~., -4401•

M~TODOS ELETROQUfMICOS


potencial
dependente da atividade de H+ de uma delas. Salienta-se,
que o eletrodo de vidro foi o primeiro eletrodo íon-seletivo a ser
desenvolvido e sua resposta seletiva é função da composição do vidro
empregada na fabricação. Assim, membranas contendo 22% de Na
2
0,
72% de Si0
2
e 6% de CaO monitoram variações de pH, enquanto
membranas
contendo 11% de
Na
2
0, 1 8% de Al
2
0
3
e 71% de Si0
2
monitoram variações na atividade de íons Na-em solução.
O eletrodo indicador de vidro consis te em um tubo de vidro
com membrana eletroativa sensível a íons H-e pode ser classificado em
simples ou combinado. A utilização do eletrodo de vidro simples requer
o emprego concomitante de
um
eletrodo de referência, ambos ligados
entre si por uma ponte salina para completar a célula. O bulbo interno da
membrana de vidro é preenchido com solução de HCI de atividade ou
concentração exatamente conhecida e nele é imerso um fio de Pt para
efetuar o contato elétrico entre o eletrodo e o dispositivo de medida, o
peagômetro
(Figura 58).
indicador referência
- Es
Figura 58: Esquema da associação entre um eletrodo de vidro simples e o respectivo eletrodo
de referência
Entretanto, para que os eletrodos de vidro possam ser
utilizados em medidas diretas ou nas medidas relativas é preciso que
as membranas de v idro, inicialmente secas, sejam hidratadas. Para
tal finalidade, é necessário deixar o bulbo do eletrodo imerso por 24
horas em solução de KCI 0,1 M ou água destilada, ambas levemente
aciduladas. Esse procedimento deve ser adotado sempre que o eletrodo
não estiver em uso. De modo algum se deve permitir que a membrana
de vidro
se desidrate. Quando a membrana de vi dro recém-fabricada e
seca é imersa em
solução aquosa contendo íons H~ , o silicato de sódio
da camada superficial se hidrolisa, originando uma camada de vidro
•1441--

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
hidratada. Íons H +, provenientes da solução, penetram na camada
hidratada, alojando-se nos sít
ios disponíveis, e concomitantemente
os íons
NaT, inicialmente presentes no vi dro, são transferidos pa ra a
solução. No interior do vidro, a camada de silicato de sódio permanece
intacta (vidro seco) e um potencial de troca iônica, den ominado
de Potencial Donan, é gerado por um mecanismo de troca iônica
entre íons H+ da camada hidratada e aquel es presen tes na solução
de medida. Esse potencial, gerado por uma medida de troca iônica,
reflete a variação da atividade de H-ou concentração de H-(se a força
iônica for mantida constante) na solução de medida (E
1
-
Fig. 58). É
necessário não se esquecer que o
bulbo de vidro está preenchido com
uma solução interna de HCI de atividade ou concentração exatamente
conhecida
(solução de referência ), de modo que o me smo processo
de hidratação, anteriormente descrito. também ocorre do
lado interno
(E
3
-
Fig. 58). o entanto, como a atividade da
solução interna não se
altera, o potencial na interfase interna é sempre constante. Assim, é
preci
so deixar
claro que íons H-presentes na solução de medida não
são capazes de atravessar a membrana e alcançar a solução interna de
referênci
a.
O potencial de troca iônica, responsável pela medição do
pH, se dá na camada hidratada externa da membrana de vidro que
se encontra imersa na solução que se deseja medir o pH (E
2
-
Fig. 58).
Já o eletrodo de referência opera com potenciais con stantes (E
4
e E
5
-Fig. 58).
V-Eletrodo de vidro combinado
Embora dois eletrodos (eletrodo de vidro e eletrodo de
referência) possam ser utilizados nas medições de pH, a utilização
de
um só eletrodo contendo simultaneamente a membrana seletiva
de H+ combinada ao
eletrodo de referência tornaria o arranjo
experimental bem mais simple s. Esse eletrodo foi denominado de
"eletrodo de vidro combinado" (Figura 59).
--4421•

MÉTODOS ELETROQU(MJCOS
I
Eletrodo de referênci~ ~ /Eletrodo indicador dt pH
Eletrodo combinado do pH
Figura 59: Elet rodo de vidro combinado
24.1.3 Determinação experimental de pH

••
Do ponto de vista experimental, a aplicação do eletrodo de
vi
dro para medidas de pH exige prévia
calibração do eletrodo antes
de empregá-lo para efetuar qualquer medida de pH. Isto acontece
porque a composição da membrana de vidro não é homogênea em
toda a
sua extensão. Deste modo, a composição da membrana que
se encontra em contacto com a
solução de medida difere daquela
que está em contacto com a solução de referência (solução interna
de HCI), fato que cria uma diferença de potencial, denominada
de potencial de assimetria, tido como indesejável porque pode
variar com o tempo, principalmente dependendo das condições
experimentais
às quais o
eletrodo é submetido.
O potencial da célula eletroquímica, composta de eletrodo
de vidro e eletrodo de referência, é dado por:
E @)@!rodo de vidro-E @ietrodo de referência + Ej = k -0,0592 pH (18)
•1443-·

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Como o potencial do eletrodo de referência é constante,
procura-
se trabalhar em condições em que o potencial de junção
líquida, E., permaneça constante. Deste modo, a equação ( 18) pode
I
ser simplificada para:
E eletrodo de vidro= k'-0,0592 pH
(19)
Onde K' engloba o potencial de assimetria, bem como o
potencial
do eletrodo de referência e o potencial de junção líquida.
Como pode ser visto pela equação ( 19), um gráfico de E
eletrodode,idro
versus pH deve fornecer uma reta com intersecção linear igual a k'
e inclinação igual a 0,0592, o coeficiente de ernst.
A calibração
do eletrodo de vidro pode ser experimentalmente
efetuada
empregando uma solução-tampão ou duas soluções tampão.
N
ormalmente as soluções para calibração podem ser adquiridas
comercialmente ou preparadas em laboratório, usando-se padrões
primários,
como é o caso do Hidrogenoftal ato Ácido de Potássio
que fornece tampões de pH =
4,000. A calibração empregando
um único tampão não é a mais re comendada, pois assume que a
inclinação
do eletrodo é exatamente
0,0592 por década na atividade
(
ou concentração) de H +, o que normalmente não é verdadeiro, a
não
ser para eletrodos recém-fabricados.
Quando a calibração é efetuada empregando-se duas
soluções-tampão, a incl inação da curva E versus pH, ou seja, o
que normalmente se chama de inclinação do eletrodo deixa de
assumir o valor t
eórico de
0,0592, para ser o valor determinado
experimentalmente quando da leitura do pH das duas soluções­
tampão usadas como soluções de referênci a.
Na prática, o procedimento é simples e acompanha a compra
do peagômetro. As medições nos dois tampões são efetuadas e o
equipamento fornece o va lor da inclinação da curva E versus pH
considerando os dois valores padrão de pH. A leitura do pH da
amostra é automática, mas
pode se entender como o equipamento
que nos fornece os valores lidos. Para tanto, as seguintes equações
devem ser cons
ideradas:
E =
K' -s pH
tampão 1 tampão 1
E = K' -s pH
tampão 2 tampão 2
(20)
(21)
Subtraindo a Equação (20) da Equação ( 21) é possível
demonstrar
que:
S = inclinação do eletrodo = Etampão
1
-Etampio) pHtampão
2
-
pHtampão
1 (22)
--4441•

MÉTODOS ELETROQUÍMICOS

••
A Equação (22) pode ser compreendida de forma simples a
partir da (Figura 60).
-0.24 1...
pH
wnpiot
-0.28
:::.
' .!:
..;: -0.32
-o
" 11.1
·0.36
-0.40
pH ..., ... ,
pH
Figura 60: Curva analítica do eletrodo de vidro empregando dois tampões de referência. Equação
da reta: Ecélula = -4 67 x 1 Q·' -0,0591 pH
Constata-se facilmente pela Figura 10 que:
P
H = {(E _ -E )/inclinação} + pH . (23)
amostra tampao 1 amostra tampao 1
Admitindo-se que pHtampão
1 = 4,00; pH tampão
2
= 7,00; E tampão
1
=
-0,237 V e Eamost~• = 0,296 V (calculado pela equação da reta), obtém-se
um valor de pH de 4,998 e, portanto, praticamente 5,00.
Deve-se sempre ter o cuidado de escol her soluções de
calibração em uma ampla faixa de pH, por exemplo, tampões de
pH 4,00 e 7,00 ou 4,00 e 9,00, ou ainda, outras combinações, de
modo a garantir que o pH da solução a ser medida esteja dentro da
faixa
de calibração.
Embora o
eletrodo de vidro seja universalmente utilizado,
é preciso aqui destacar
que ele pode fornecer valores errôneos de
pH em soluções extremamente ácidas ou soluções extremamente
alcalinas.
Os desvios apresentados pelo sensor são denominados
de Erro Ácido e Erro Alcalino, respectivamente. As causas do erro
ácido não são bem conhecidas, porém, em valores de pH abaixo de
0,5, a concentração hidrogeniônica medida tende a ser mais baixa
do que realmente é e, por conseqüência, os valores de pH medido
tendem a ser mais altos do que o valor verdadeiro. Também, em meio
alcalino, o v
alor de pH medido tende a ser mais baixo do que o valor
verdadeiro.
Isto ocorre, porque em meio alcalino a concentração
de íons Na-no meio é alta e esses íons também contribuem para o
equilíbrio de troca iônica na interfase da membrana hidratada com
•1445~-

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

a solução. Tudo funciona como se o sensor estiv esse medindo o
somatório de con centrações de H-e a-. Esses erros experimentais
estão
diretamente ligados à seletiv idade da membrana utilizada
e
métodos experimentais, que permitam medir a seletividade do
eletrodo em relação à espécie de interesse perante as espécies
interferentes, encontram-se descritos na
literatura<
8
•.
24.1.4 Equipamentos
O equipamento básico empregado na potenciometria é o
peagômetro, que, além
de efetuar medidas de pH, pode ser utilizado
para efe
tuar medições de potencial e, portanto, ser utilizado com
qualquer eletrodo íon-seletivo. A escolha do equipamento depende,
além da preferência pessoal, da precisão e exatidão necessária na
obtenção d os dados analíticos.
Os eletrodos a serem utilizados
seguem padrão simil
ar de escolha, porém dependem, também e
fundamentalmente, do tipo de determ inação analítica a ser efetuada.
Mesm o assim, deve ser considerado
no processo de aquisição, al ém
de aspectos como a natureza da amostra, alguns fatores importantes
como a avaliação do custo, características técnicas, disponibilidade
de reposição de peças e manutenção.
Os tituladores automáticos, atualmente, são de qualidade ímpar
para executar as titulações potenciométricas, embora os medidores
digitais, de
menor custo e comercializados sob diversos nomes, tais
como analisador de íons, peagômetro e outros, sejam suficientes para
a
obtenção de resultados analíticos precisos e confiáveis.
24.2
CoNDUTOMETRIA
As técnicas condutométricas de análise, sejam el as diretas
ou indiretas (titulações condutométricas), são efetuadas em células
co
ntendo dois eletrodos firmemente localizados em geometria
constante, um em relação ao outro. Deste modo, duas lâminas de Pt alinhadas paralelamente definem uma coluna de solução com
volume constante. Os eletrodos empregados são eletrodos de platina,
muitas vezes platinizados, ou seja, recobertos
com uma camada
de negro de platina, para aumentar a área superficial efetiva (com
conseqüen te aumento de capacitância) e di minuição de eventuais
correntes faradaicas. Em outras palavras, utilizam condições
experimentais de modo a evitar o fenômeno da eletrólise.
-·4461•

MÉTODOS ELETROQU [MICOS

••
O fluxo de corrente entre dois eletrodos imersos em uma solução
de eletróli to (condutor iônico) envolve a migração de íons por meio da
solução, mas o mecanismo de condução de corrente difere em função
da utilização de corrente direta (DC) ou de corrente alternada (AC).
Corrente direta (DC): quando se utiliza corrente direta,
o mecanismo
de condução
envolve corren te faradaica (eletrólise).
Assim, íons positivos migram em direção ao catodo (pólo onde ocorre
redução) e íons negativos migram
em direção ao anodo
(pólo onde
ocorre o processo de oxidação). Os elétrons liberados no anodo
por causa do processo de oxidação fluem pelo circuito externo em
direção ao catodo,
onde ocorre o processo de redução.
Corrente
alternada (AC): O mecanismo de condução
pode não envolver processos faradaicos, como é o caso da Técnica
Condutométrica. Esta técnica utiliza a corrente alternada, condição
experimental necessária para evitar o fenômeno de eletrólise.
Quando os eletrodos estão imersos em solução, uma passagem
momentânea de corrente
produz excesso ou deficiência de carga
sobre a superfície
deles e as camadas de solução, imediatamente
adja
centes aos
eletrodos, adquirem carga oposta. Como a corrente
é alternada, a cada meio ciclo ocorre a inversão de polaridade das
cargas sobre os eletrodos e com ela ocorre também a inversão de
cargas sobre as camadas adjacentes de solução. Deste modo, cada
superfície de eletrodo funciona como um capacitar.
Desde
que a
velocidade de migração iônica varie linearmente
com a força ele tromotriz aplicada, as soluções eletrolíticas também
obedecem à Lei de Ohm.
A condutância de uma solução, L, é definida como:
(L) = 1/R (24)
onde, R correspon de à resistência elétrica da solução em
unidades de ohm·
1
, ou seja, siemens (5).
A condutância, L, é
diretamente proporcional à área dos
eletrodos, A, e inversamente proporcional à distância entre eles:
L oc Nd :::::> L = k X Nd (25)
onde, k (5 cm·
1
) corresponde à condutância específica,
definida
como a condutância de um segmento de
solução contido
entre dois eletrodos inertes de área A, definindo o volume de 1 em
de lado.
A condutância específica de um eletrólito forte aumenta com
a concentração, porém a de um eletrólito fraco, com a diluição.
•1447~-

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
Nesse último caso é bom lembrar que o grau de ionização de um
eletrólito fraco aumenta com a diluição. A condutância de uma
solução é resultado da contribuição de todos os íons presentes
em solução, porém a fração de corrente transportada por espécie
depende de sua concentração relativa e mobilidade iônica.
Para comparação da condutância de soluções de diferentes
eletrólitos, que originam soluções contendo íons diferentes e com cargas
diferentes, foi introduzido o conceito de Condutância Equivalente (A).
Por definição, a condutância equivalente é uma solução
contendo 1 equivalente grama de eletrólito contido entre dois
eletrodos afastados entre si de 1 em. Assim,
Volume de eletrólito na célula = A x d (26)
Onde A corresponde à área da célula definida pelos eletrodos
utilizados e d, à distância entre eles. Para d = 1 em, Volume de
eletrólito na célula será dado pela área da célula:
Volume de eletrólito na célula = A, para d = 1 em (27)
A concentração
em unidades de
normalidade é dada por:
N = Número de EquivalentesNolume (28)
e
V(ml) = Número de Equivalentes x 1000/N (29)
Substituindo-se a equação (2
7) na equação ( 29) tem-se:
A=
1000/N (30)
para 1 equivalente grama de eletrólito.
Substituindo-se a equação (30) na equação (25) chega- se à
equação que permite calcular a condutância equivalente, a partir da
condutividade específica e concentração da solução em unidades
de normalidade:
(A)= k x 1000/N (31)
A condutância equivalente sempre aumenta com a
diluição tendendo a um valor limite, denominado de Condutância
Equivalente à Diluição Infinita, (A
0
).
Para eletrólitos
fortes, (A) varia
linearmente com N
112
e o valor de A
0
é determinado por extrapolação
quando a concentração, N--+ O. Para eletrólitos fracos, (A) diminui
acentuadamente para pequenos valores de N
112
, de modo que A
0
--448,.

MÉTODOS ELETROQUfMICOS
não pode ser calculado por extrapolação.

••
a ausência de aplicação de potencial, cada íon se encontra
rodeado por uma atmosfera iônica de carga oposta distribuída
esfericamente. Sob a ação do campo elétrico, o íon central se
movimenta em uma direção e a atmosfera iônica em direção oposta.
O resultado líqu ido é a diminuição momentânea da velocidade
iônica. Outra fonte de diminuição da velocidade de transporte iônico
é o
efeito de solvatação e da existência do movimento iônico de
íons
solvatados em direções opostas.
Na
condição de diluição infinita, qualquer eletrólito se
encontra na forma iônica, totalmente dissociado em solução, e n essas
condições as atrações interiônicas deixam de existir.
Os íons atuam
independentemente uns dos outros e:
A = J,_O + J,_O
o + .
(32)
onde, ')...
0
_ + Ã
0
_ correspondem às condutâncias equivalentes do
cátion e ânion à diluição infinita, respectivame nte.
24.2.1 Condutometria direta
a condutometria direta, o parâmetro utilizado é a
condutância específica, e a medida experimental pode ser de
condutância (L) ou resistência (R ), dependendo do equipamento
utilizado. A dimensão da célula deve ser tal que as medições de
resistência estejam no intervalo de 500 ~ R~ 100005. Quando a
solução
de medida apresenta condutância muito baixa, a área dos
eletrodos deve s
er aumentada e a distância entre eles diminuída.
Desde
que a condutância específica é dada por k = L x
Nd, a constante da célula, Nd, deve ser pré- determinada quando
medidas diretas são efetuadas.
Para esta determinação são utilizadas
soluções
de
KCI, para as quais a condutividade específica é conhecida
(Tabela
34):
•1449-·

• PARTE IX-FUNDAMENTOS T~ORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAl
••
Tabela 34: Condutância específica de soluções de KCI a 25°C
Massa de KCI (g)/1 000 g
de solução
71 '135
7,4191
0,7453
O, 1113
0,01286
0,001409
A temperatura deve ser mantida constante, pois k aumenta
por volta de 2% a cada aumento de 1°C.
A aplicação da condutometria direta é bastante limitada
uma vez que todos os íons contribuem para a condutância da
solução diminuindo a seletividade do método, sendo deste
modo utilizada apenas para análise de misturas binárias (água +
eletról ito) e determinação da concentração total de eletrólitos. Sua
maior aplicação encontra-se na determinação da pureza da água,
normalmente encontrada em equipamentos comerciais, tais
como
os deionizadores.
24.2.2
Titulações condutométricas
Nas titulações condutométricas acompanha-se a variação
de condutância (L) da solução durante uma titulação. O ponto
estequiométrico experimental é assinalado por uma descontinuidade
na curva L
versus
Vti<ulan<e· Como as medições são relativ as, não é
necessário conhecer a constante da célula condutométrica (d/A),
basta apenas
que os
eletrodos (duas lâminas de Pt com área de
aproximadamente 1 cm
2
)
mantenham-se em posição fixa.
Após cada
incremento de
volume do titulante, a resistência
ou condutância da solução é medida. Para evitar erros de diluição
deve-se trabalhar com o titulante de 10-20 vezes mais concentrado
e
corrigir os
valores medidos, ou seja, multiplicá-los por (V + v I
V
10
ta
1
), onde V é o volume inicial de solução, v, o volume adicionado
do titulante e Vtotal' o volume final após a a dição do titulante.
A titulação condutométrica é mais vantajosa do que a titulação
potenciométrica no caso da determinação de eletrólitos fracos. Nas
titulações potenciométricas, as leituras de potencial próximas ao
ponto de equivalência são muito instáveis e o salto de potencial
muito pequeno, o que acarreta erros, enquanto nas titulações
,....4501•

MÉTODOS ELETROQUfMICOS
condutométricas é possível efetuar leituras distantes da região do
ponto estequiométrico, que pode ser determinado por extrapolação
de duas porções lineares.
Em contrapartida, não é possível efetuar
uma
titulação condutométrica de oxirredução, porque geralmente
o
meio deve estar fortemente ácido ou alcalino, e como os íons H+
e/
ou
OH possuem os maiores valores de condutância equivalente
é impossível, observar
no meio de reacional, qualquer valor de
alteração
de condutância causada pela reação em estudo. Nesses
casos, as titulações potenciométricas são satisfatórias nessas mesmas
condições experimentais. Alguns perfis
de curvas condutométricas
típicas
são apresentados na (Figura 61).
(a) (b)
LIS LIS
Volume de Tltulanto Volume de Tltulante
(c) (d)
LIS us
Volume de Tltulante Volume de Tltulante
(e) (f)
us
Volume de Trtulante Volume de Tltulante
Figura 61: Perfis das curvas de titulação condutométrica de: (a) HCI com Na OH, (b)
i'.aOH com HCI, (c) ácido ou ba se muito fraca com base ou ácido forte,
(d) ácido fraco com base fraca ou ba se fraca com ácido fraco, (e) mistura de á cidos
forte e fraco com base fo rte e (f) sal de ácido fraco com ba se forte ou sal de base
fraca com ácido
forte.
Fonte: htp
://www. iq. usp. br/d isci
pli nas/qíl/qíl02 38/a u la ·cond utometria. pdf
•1451-·

• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

24.3 VoLTAMETRIA
As técnicas eletroquímicas têm sido cada vez mais utilizadas
para caracterizar o comportamento redox de moléculas de interesse
biológico. Isto se deve à constatação experimental de que reações
de transferência de carga, promovidas em uma interfase eletrizada
(eletrodo/solução), conduzem a intermediários reativos e/ ou produtos
finais os quais são os mesmos
produzidos por sistemas bioativos in
vivo como, por
exemplo, nos sistemas enzimáticos.
As técnicas voltamétricas envolvem a aplicação de uma
perturbação de potencial a um eletrodo, denominado de eletrodo
de trabalho, de modo a promover reações de oxidação ou redução
na superfície dele. Assim, o eletrodo de trabalho pode ser visto
como um substituto dos agentes oxidantes e redutores comumente
empregados em solução. A diferença é que a reação de transferência
de carga
promovida na superfície de um
eletrodo é uma reação
heterogênea
por
envolver duas fases distintas: eletrodo (sólido)
e solução ( líquido).
A resposta do sistema à aplicação da perturbação aplicada
ao eletrodo se dá na forma do fluxo de elétrons da solução para
o eletrodo (processo de oxidação) ou do eletrodo para a solução
(processo de redução), resultando na medida de corrente,
denominada de corrente faradaica, a qual pode ser relacionada
com a concentração da espécie de interesse em solução passível
de ser oxidada ou reduzida (espécie eletroativa). O processo não
corresponde a uma eletrólise exaustiva, uma vez que a reação se
processa em filme de solução l ocalizado a alguns angstrons da
superfíc
ie do
eletrodo.
Três outros componentes contribuem para a corrente total
registrada e correspondem a: a) processos de migração, por ação do
campo elétrico, de espécies com cargas opostas àquela existente na
superffcie do eletrodo;b) corrente residual por causa da oxidação ou
redução de espécies eletroativas, presentes nos reagentes utilizados
e; c) corrente para carregar a interfa se eletrodo/solução, denominada
de corrente capacitiva.
Na prática, consegue-se eliminar a corrente de migração
utilizando um eletrólito inerte, denominado de eletrólito suporte,
o qual não é eletroativo na faixa de potencial aplicado. A corrente
residual, por sua vez, pode ser minimizada utilizando reagentes de
alto grau de pureza e descontando-se a curva volta métrica realizada
-·452,.

MÉTODOS ELETROQU[MICOS

••
no eletrólito suporte (branco), da curva voltamétrica r ealizada na
presença da espécie eletroativa. E
ssa correção t ambém minimiza,
em parte, a contribuição da corrente capacitiva, porém para
eliminação quase que
total desse componente, deve- se trabalhar
com
microeletrodos (área de
50 nm ou menor).
O importante é garantir que o transporte da espécie de
interesse para a superfície do eletrodo (transporte de massa) ocorra
por meio de um processo denominado de transporte difusional e não
por processos de convecção forçada. Exatamente por isso, as técnicas
voltamétricas são utilizadas com soluções em repouso (soluções não
agitadas). Exceção é feita para espécies que
são facilmente adsorvidas
na superfície dos eletrodos
de
trabalho e, posteriormente, oxidadas
ou reduzidas a partir do estado adsorvido. Essa possibilidade tem sido
bastante explorada quando a concentração da espécie el etroativa é
muito baixa na matriz original. Desta forma, adsorvê-la na superfície
do eletrodo de trabalho é uma maneira de efetuar, o que se chama
de uma etapa de pré-concentração, visando aumentar a sensibil idade
da
determinação analítica.
A existência
de correlação, na maioria das vezes
linear, entre
a corrente
medida por causa do processo de oxidação ou redução
na superfície (c
orrente faradaica) e a concentração da espécie de
interesse em
solução, deu origem aos métodos voltamétricos de
análise. Esses métodos evoluíram de maneira surpreende nte ao
longo dos anos 1970 e 1980, principalmente em decorrência do
de
senvolvimento da eletrôni ca e de novos componentes ele trônicos,
com a construção de ins trumentos de medida mais sensívei s,
além
do aperfeiçoamento e derivação dos métodos originalmente
descritos. Assim, passou a ser possível associar maior seletividade e
sensibilidade dos métodos a
um menor tempo de
análise.
Do ponto de vista experimental, o equipamento, bem como
o sistema de eletrodos empregados, é mais complexo do que aquele
utilizado na potenciometria.
Para a
utilização das técnicas voltamétricas necessita-se
de um potenciostato ou galvanost ato para técnicas que
envolvem,
respectivamente, co ntrole do potencial ou da corrente aplicados ao
eletrodo de trabalho. Ademais, trabalha-se com um sistema de três
eletrodos:
eletrodo de trabalho, eletrodo de referência e
eletrodo
auxiliar. O eletrodo de referência é coloca do tão próximo quanto
possível do eletrodo de trabalho, sendo conectado ao potenciostato
por meio de um circui to de alta resistência, que evita a drenagem de
corrente, via eletrodo, para o
circuito interno. Um
eletrodo aux iliar
•1453-

• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

(constituí do por material inerte, na maioria das vezes, platina) é
imerso na solução e conectado ao equipamento para completar o
fluxo de corrente. Como não flui corrente por meio do eletrodo de
referência e este
se encontra muito perto do eletrodo de trabalho,
a
queda de potencial (queda 6hmica, iR), causada pela resistência
da célula
é minimizada. Se o potencial apl icado ao eletrodo de
trabalho é diferente daquele nominalmente aplicado, um potencial
de
correção
é fornecido por meio de um amplificador operacional.
Quando utilizam técnicas que necessitam de controle de potencial,
o
equipamento inclui também um gerador de
"rampa de potencial",
de m odo a produzir, de forma regular e variável com o tempo, a
"perturbação" que se deseja aplicar.
Assim, o potencial aplicado ao eletrodo de trabalho
corresponde a:
E = E -E -iR
aplicado eletrodo de trabalho eletrodo de referência
(33)
24.3.1 Polarografia
A polarogra fia é uma s ubclasse da voltametria na qual o
ele
trodo de trabalho
é o eletrodo gotejante de mercúrio (EGM).
Este eletrodo possui propriedades características, em especial a
capacidade
de formar amálgama com diversos metais, desl ocar a
redução do H+ a H
2
para valor es bem mais negativos de potencial (alta
sobretensão para formação de
H) em comparação a outros eletrodos
de trabalho, al ém da possibilidade de regeneração reprodutível de
área a cada nova gota
de mercúrio. Esse eletrodo
é constituído por
um capilar de vidro com diâmetro interno de 0,05 -0,06 mm e
com
primento de aproximadamente 1
O em e alimentado por uma
coluna de mer
cúrio metálico. A altura da coluna irá definir o tempo
com que o mercúr io
é gotejado, geralmente entre 2 e 6 segundos.
Assim, a cada gota tem-se um eletrodo de trabalho com
superfície totalmente renovável, o que já não acontece com
eletrodos sólidos, onde o polimento superficial jamais regenera uma
superfície i
dêntica a anterior. Evidentemente, uma superfície toda
renovável e de forma reprodutível está diretamente relacionada com
a r
eprodutibilidade das medidas experimentais que se obtêm.
A polarografia foi o primeiro
métodovoltamérico desenvolvi do
e baseia-se na interpretação nas curvas corrente e potencial, obtidas
durante a el etrólise de uma solução diluída e não agitada, de uma
espécie el
etroativa contendo alta concentração de um eletr ólito inerte -·4541•

MÉTODOS ELETROQUÍMICOS
lil

(eletrólito suporte) utilizando um EGM. O método foi introduzido
por Jaroslav Heyrovisky (Universidade de Charles, Praga), prêmio
Nobel de Química em 1959.
Curvas polarográficas
Se aplicarmos potenciais negativos crescentes a uma célula
eletroquímica contendo o EGM, eletrodo auxiliar e eletrodo de
referência e solução de metal (como, Cd
2
+, Cu
2
+, ou Pb
2
~) contendo
alta concentração de eletr ólito suporte, KCI por exemplo, a curva
apresentada na
(Figura 62) será obtida.
Região 4
Branco
Potencial
Figura 62: Polarogramas típicos registrados em solução contendo apenas eletrólito suporte
(branco) e em solução contendo a espécie eletroativa, além do eletrólito suporte
A curva obtida é denominada de onda polarográfica e o
gráfico,
de polarograma. Distinguem- se na onda polarográfica quatro
regiões distintas:
a) região 1: o patamar
de corrente obs ervado nesta região
deve-se ao fato de os potenciais aplicados serem mui
to baixos para
permitir
que o metal seja r eduzido na superfície do eletrodo. A
pequena corrente registrada é
denominada de corrente residual
(i,),
que resulta ou pode resultar, de dois tipos de contribuição:
redução de traços de impurezas presentes no eletróli to supor te,
que pode ser oxigênio ou ainda outros metais redutíveis, que
não aquele introduzido na célula;
corrente capacitiva: é originada do carregamento da dupla
camada e aumenta com o aumento do potencial aplicado,
estando sempre presente, mesmo que reagentes puros sejam
empregados;
•1455-·

• PARTE IX· FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLI SE INSTRUMENTAL
••
b) região 2: uma vez atingido o potencial de decomposição
da
espécie eletroativa ( Ed), esta começa a sofrer redução na interfase
el
etrodo/solução (processo faradaico) e a corrente, por causa desse
processo, aumenta com o aumento do potencial negativo aplicado:
Me2+ + 2
e·<=> Me
0
(34)
Me
0 + Hg
0
<=> MeHg (amálgama no eletrodo) (35)
Na região 2, o transporte do metal eletroativo para a
superfície do
eletrodo pode ocorrer de t rês maneir as:
-difusão: movi mento espontâneo da espécie eletroativa sob a
influência
de um gradiente de concentração, ou sej a, a espécie
el
etroativa difunde da região onde está presente em maior
concentração (interior da solução) pa ra a regi ão onde está
presente em
menor concentração (supe rfície do eletro do);
-convecção: a espécie eletroativa
pode ser transportada para a
superf
ície do eletrodo por agitação ou
fluxo da solução ou ainda
por convecção natural;
- migração: a
espécie eletroativa positivamente carregada é
transportada
mediante a ação do campo elétrico exercido
pelo
eletrodo de trabalho.
O fluxo (J) é a me dida comum para avaliar a velocidade
de transpo
rte de m assa do interior da solução até a su perfície do
eletrodo.
O fluxo é definido como o número de íons ou moléculas
que
são introduzidas na unidade de área de um plano imaginário p or
unidade de tempo e p ossui dimensão de moi
cm·
2

1
. Como já citado,
trabalha-se com soluções em repouso para evitar transporte de massa
por convecção e em alta c oncentração de eletrólito suporte ( presente
em
concentrações de 1
00 -1 .000 vezes super iores à concentração
da
espécie el etroativa) para evitar o transpor te por migração. Nessas
condições, a corrente
medida, i, é então diretamente proporcional
ao fluxo de
massa da espécie eletroativa, que ocorre somente por
difusão. Nessas condições tem-se:
i=
nxFxAxj (36)

MÉTODOS ELETROQUÍMICOS
Onde,
i
= corrente medida em Amperes;


n = número de elétrons envolvidos no processo redox;
F
= a constante de Faraday,
96500 coulombs mol·
1
;
A = área do eletrodo, cm
2
;
J =
fluxo, moi cm·
2

1
·
Assim, antes do início do processo de decomposição, a
concentração da espécie eletroativa na superfície do eletrodo (C
0
)
é igual à concentração dela no interior da solução (C
101
). Quando
se inicia a redução da espécie eletroativa, a concentração na
superfície
do
eletrodo diminui em relação à concentração no interior
da solução, cria-se um gradiente de concentração e se inicia o
processo
de difusão da espécie
eletroativa do interior da solução
para superfície do eletrodo, processo este que pode ser descrito
pela equação 5:
(37)
c) região 3: com o aumento do potencial aplicado ao
eletrodo, C
0
torna-se cada vez menor e a corrente aumenta até um
valor limite, denominado de corrente de limite. Nessa condição,
toda espécie
que chega até a superfície do
eletrodo é imediatamente
reduzida (ou oxidada); o fator limitante do processo deixa de ser
o potencial aplicado ao eletrodo, mas sim à velocidade com que a
espécie consegue
difundir do interior da
solução para a superfície
do eletrodo. O coeficiente de difusão, D, é característico de cada
espécie, da temperatura e
do
solvente empregado. Em meio aquoso
e a 25°C, o coeficiente de difusão geralmente possui um valor que
varia de 1 o·
5
-1 o·& cm
2

1
• essa condição tem-se:
co ~ o e 8C/t ~ K X c.ol (38)
Portanto, na região da corrente limite, o eletrodo está
idealmente polarizado e se obtém o patamar observado, que
corresponde à corrente limite, iL. A diferença entre a corrente limite,
iv e a corrente a corrente residual, iR, é denominada de corrente de
difusão, id, que é diretamente proporcional à concentração do analito
em solução. Esta é a base dos métodos voltamétricos de análise:
(39)
•1457-·

• PARTE IX -FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

Na Equação (40), K engloba a velocidade de crescimento
da gota
de mercúrio (eletrodo esférico), o qual está diretamente
relacionado com o tempo de gotejamento (t), o fluxo de mercúrio
(m) dado em mg s-
1
e o coeficiente de difusão do analito. Assim, a
Equação
40, denominada de Equação de llkovic, que correlaciona
corrente
com concentração, é dada por:
(40)
O valor de potencial aplicado onde corrente, i, correspondente
à metade da corrente de difusão, i d, é conhecido como potencial
de meia onda, E,
12
,
uma constante característica do sistema redox
reversível e, portanto, independente da concentração da espécie
eletroativa
em solução.
d) região 4:
Início da decomposição do eletrólito suporte,
pode ser a oxidação da água, por exemplo.
Quando se trabalha na região negativa de potencial,
é necessário
lembrar que as soluções de t rabalho não devem
conter oxigênio. Em condições normais de temperatura
e
pressão, uma solução aquosa saturada com
0
2
contém
2,5 x 1 o-
4
moi L-
1
do gás. O oxigênio também pode ser reduzido
na superfície do eletrodo, produzindo duas ondas de alturas
praticamente idênticas, que podem se estender de O V até -2 V,
dependendo do pH do meio. É evidente que no desenvolvimento
de
qualquer método de dosagem, e isto também vale para o método
polarográfico, desejamos registrar somente o sinal do analito que se
deseja med ir, assim, o oxigên io deve ser previa mente eliminado da
solução de
medida, mediante borbulhamento de um gás inerte, por
exemplo, nitrogênio. Ressaltar-se, que na hora do registro da curva
experimental, o flu
xo de nitrogênio deve ser desligado, uma vez que
a medida deve ser efetuada com a solução em repouso.
Vantagens e desvantagens da polarografia
VANTAGENS
1 -A redu ção do íon hidrogênio,
H-, sobre o mercuno
ocorre a potenciais bem negativos, de modo que metais alcalinos e
alcalinos terrosos
podem ser reduzidos em eletrodos mercúrio sem
a
interferência da formação de
H
2
• Essa determinação não poderia
ser feita em eletrodos de Pt por causa da redução prévia da água

MÉTODOS ELETROQU[MICOS

••
e de íons H-. Utilizando sais de tetraalquilamônio, como eletrólito
suporte, potenciais da ordem de-2,6 V podem ser alcançados em
eletrodos de mercúrio.
2 -A gota de mercúrio possui superfície lisa e esférica, o
que possibilita o cálculo exato da área superficial do eletrodo por
meio de pesagem das gotas.
3
-A superfície do
eletrodo é renovada a cada gota e isso
significa
ter um novo
eletrodo de maneira simples e reprodutível.
Desvantagens
1 -Não é possível trabalhar com o mercúrio em potenciais
mais positivos
do que
, 0,4 V vs EPH. Este potencial é ainda
menos positivo na presença de espécies que formam complexos ou
precipitados com o mercúrio pelo fato de facilitarem a oxidação
dele. Assim processos oxidativos raramente podem ser estudados
empregando eletrodo de mercúrio.
2 -Problemas operacionais decorrentes da oxidação do
mercúrio acarretam, freqüentemente, o entupimento do capilar.
3 -Cuidados especiais devem ser tomados para evitar
contaminações ambientais.
24.3.2 Voltametria cíclica
Na voltametria cíclica, o potencial aplicado ao eletrodo de
trabalho é variado linearmente de um valor inicial E;, onde nenhum
processo faradaico é registrado até um valor pré-determinado,
denominado de potencial de inversão de varredura, E ~.,. A varredura
pode
ser encerrada no
valor de E,. (neste caso a técnica é denominada
de Voltametria de Varredura Linear- WL) ou pode ser revertida ao
valor inicial, E;, ou a qualquer outro valor pré-selecionado. Nesse
último caso, a técnica é denominada de Voltametria Cíclica (VC).
Salientar-se que a Polarografia nada mais é do que uma Voltametria
de Varredura Linear, porém efetuada com o eletrodo de mercúrio.
As curvas correntes-potenciais obtidas são denominadas de
voltamogramas (Fig. 63). Evidentemente, a faixa de potencial escolhida
deve conter o potencial onde a substância de interes se se oxide ou
se reduza, lembrando que na região positiva de potencial (oxidação)
não
se pode
trabalhar com o eletrodo de mercúrio, mas deve-se
se usar um eletrodo sólido e inerte que pode ser carbono vítreo,
•1459

• PARTE IX· FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL
••
pasta de carbono, platina, filmes de diamante dopado com boro
ou, ainda, qualquer um dos eletrodos anteriores cuja superfície foi
previamente
modificada física ou quimicamente com alguma espécie
de interesse, originando os assim chamados Eletrodos Quimicamente
Modificados ou ainda Biossensores, quando a espécie modificadora é um componente biológico, tal como uma enzima, tecido vegetal,
organela, e outros.
Na região
onde a espécie de interesse se oxida ou se reduz,
uma
corrente faradaica,
i,. é então registrada. Há também contribuição
da corrente capacitiva, i
0
, que varia com a alteração (varredura) de
potencial, por causa do carregamento da dupla camada. A corrente
capacitiva aumenta com o aumento da velocidade de varredura, v.
Deste modo, a corrente total lida é:
(41)
Onde:
Cd corresponde à carga da dupla camada e 8E/ôt à velocidade
de varredura
de potencial, v. Assim, tem-se:
(42)
Evidentemente, dentro de certos limites a contribuição
da corrente capacitiva pode ser mi nimizada subtraindo-se, do
voltamograma de interesse, o voltamograma registrado no branco.
Na
voltametria
cíclica aplica-se ao el etrodo de trabalho uma
rampa triangul
ar de potencial. A varredura
é iniciada em um dado
valor de potencial denominado de potencial inicial, E;. Este potencial
é, então, variado no sent ido positivo (oxidação) ou negativo (redução)
até
um determinado valor, denominado de potencial de inversão de
varredura
(E
1
), quando o sentido da varredura é então rev ertido. O
ciclo pode terminar em E; ou qualquer outro valor de potencial. Se
a varredura inicial se deu no sentido negativo (redução), quando o
potencial é revertido, observar- se-á o fe nômeno de oxidação, m esmo
que ainda estejamos na região negativa de potencial. Também,
quando a varredura inicial se dá no sentido positivo de potencial,
ou
seja, no sentido de oxidação, quando o potencial
é revertido,
observa-se reação contrári
a, qual seja de redução. Evidentemente, é necessário que tenhamos algum conhecimento da espécie a ser
estudada e
se
ela possui sítios de redução ou oxidação. Do ponto
.. ml4601•

MÉTODOS ELETROQ U[MICOS

••
de vista experimental, uma varredura em ampla janela de potencial
mostrará as características "redox" da espécie de interesse e como
estas podem ser exploradas para o desenvol vimento de métodos
analíticos
de sua quantificação.
A
voltametria
cíclica não é a técnica mais recomendável para
determinações analíticas, sendo facilmente superada pela Vol tametria
de Pulso Diferencial (VPD) e Voltametria de Onda Quadrada (VOQ).
O ponto forte da voltametria cíclica é a sua gran de versatilidade para
a elucidação de processos
de
eletrodos e mecanismos de reação.
A Figura 63 apresenta um voltamograma cíclico típico,
registrado em solução de ferrocianeto de potássio co ntendo KCI
como eletrólito suporte.
-0 6 -0 3 0.0 0 .3 o 6 0.9 1 2
Potencial
Figura 63: Voltamograma cíclico típico, registrado em solução de ferrocianeto de potássio
contendo KCI como eletrólito suporte.
Considerando-se a varredura d ireta, o aumento de corrente
registrado corresponde ao processo faradaico de oxidação do
ferrocian eto a ferricianeto em um processo envolvendo 1 elétron.
A corrente aumenta até um valor máximo, denominado de E
pa
(potencial de pico anódico). A corrente de pico nesse ponto,
descontada da corrente de fundo, é denominada de corrente
de pico anódico, ipa.
Observa-se
que após
EP• ter sido ultrapassado, a corrente
faradaica volta a cair. Isto ocorre porque nos encontramos na região
da
corrente de difusão e todo
material eletroativo que chega à
superfície do eletrodo é imediatamente oxidado. No entanto, se o
potencial é variado a uma v elocidade muito maior do que aquela
com que o material consegue difundir até a superfície do eletrodo
•1461-·

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

(valor correspondente ao coeficiente de difusão, D), não existe material
suficiente para ser oxidado e manter a corrente correspondente ao
potencial aplicado. Assim, a corrente diminui em relação ao valor
registrado em Epa· Evidentemente, este valor não cai a zero. Ao
inverter-se a varredura de potencial, a corrente volta a aumentar,
mas agora
em sentido oposto, uma vez que todo ferricianeto formado
na varredura direta será agora reduzido a ferrocianeto na varredura
inversa. Observa-se, então, o apare
cimento de uma corrente catódica
correspondente ao processo
de redução.
Valores de .0!.EP (EP•-Epc) e razão de correntes anódica/catódica
(ip)ip) são parâmetros utilizados para caracterizar a reversibilidade
da reação de eletrodo. Para processos reversíveis tem-se:
.0!.E =(E -E )/n = 59,16 mV/n
p pa pc
(i /i ) = 1
pa pc
âE = independe da velocidade de varredura
p
Nos sistemas reversíveis, a reação de transferência de carga
é rápida o suficiente para
manter em
equilíbrio as concentrações
da forma
oxidada e reduzida da espécie
eletroativa na superfície do
eletrodo. Se os coeficientes das duas espécies (no exemplo acima,
ferrocianeto e ferricianeto) são iguais, o potencial formal do sistema
redox, E
0
', corresponde a Epc + Epa/2 (mV). É possível calcular o
valor de E1 /2 do sistema r edox por meio da voltametria cíclica, pois
Epc =
E1/2 -
0,0285/n (mV). Aqui, como sempre, n corresponde
ao
número de
elétrons envolvidos na reação de transferência de
carga. A solução da Equação que descreve o processo de difusional
da espécie eletroativa do interior da solução até a superfície do
eletrodo nos conduz à Equação de Randles-Sevicik, a qual pode
ser utilizada para cálculo da área eletroquímica de eletrodos de
trabalho, ou alternativamente para cálculo do número de elétrons
envolvidos na reação de eletrodo:
i = -2 69 x 10
5
x n
312
x A x 0
112
x C x v
112
(43)
~ f ~
Onde:
ipc = corrente de pico catódica,
n =
número de
elétrons envolvidos na reação eletródica,

MÉTODOS ELETROQUÍMICOS
A = área do eletrodo,

••
D = coeficiente de difusão da espécie oxidada em solução,
C
501
= concentração da espécie oxidada em solução e,
v = velocidade de varredura
Assim, gráficos i
pc versus
v
112
, obtidos mantendo-se constante
a concentração da espécie oxidada (ou reduzida),
mas variando a velocidade de varredura (v), permitem o cálculo da área do eletrodo
de trabalho (se os valores de D e n são conhecidos) ou de n (se os
valores de D e A são conhecidos).
Muitas vezes, um pico anódico de corrente pode ser
registrado sem
que seja
possível se registrar o correspondente pico
catódico, ou vice-versa. Nesse caso podemos estar diante de um
processo quimicamente irreversível, ou ainda diante de uma reação
química
que ocorre muito rapidamente após a reação el etroquímica
consumindo o produto eletroquimicamente formado. A versatilidade
da
voltametria cíclica está justamente em permitir a caracterização
dos processos variando apenas
as condições experimentais em que
o voltamograma é registrado. Assim, quando uma reação química
ocorre após a reação
eletroquímica, apenas o aumento da velocidade
de varredura de potencial, diminuição da faixa de potencial aplicado
ou ainda modificação do solvente utilizado podem ser alterações
suficientes para registrar o processo inverso que antes não era visto,
porque a utilização de uma baixa velocidade de varredura permitia
que a reação química se processasse com consumo total do produto
eletroquimicamente formado na varredura direta de potencial.
Do ponto de vista analítico, a voltametria cíclica não apresenta
a sensibilidade muitas ve
zes requerida para determinações quantitativas e, nesse caso, a utilização da VPD e VOQ é mais recomendada.
24.3.3 Voltametria de pulso diferencial
Na Voltametria de Pulso Diferencial (VPD), pul sos de igual
amplitude são sobrepostos a uma rampa linear de potencial. A
corrente é amostrada antes da aplicação do pulso e alguns instantes
antes
do término do
pulso. A diferença de corrente após e antes
da aplicação do pulso de potencial é colocada em gráfico como
função da rampa linear de potencial aplicada, resultando em um
voltamograma na forma de pico (Figura 64).
•1463 ... f ...... ;::;;..

• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

Analito
Potencial
Figura 64: Voltamograma de pulso diferencial registrado em soluções contendo o eletrólito
suporte {branco) e em soluções contendo a e spécie eletroat iva além do eletrólito
suporte.
O período que precede a aplicação do pulso pode variar
entre 0,5 e 4 segundos, enquanto a duração do pulso geralmente
é de no máximo 100 milissegundos. ormalmente, os pulsos de
potencial são de 25, 50 ou 100 mV. O potencial de pico ocorre a
valores muito próximos do E,
12
do sistema:
f1Ep = E
112
-f1E/2 (44)
Para sistemas revers íveis e pequenos valores de LlE, o
valor da largura de pico à meia altura de corrente (w1/2) pode ser
utilizado para cálculo do número de elétrons envolvidos na reação
de transferência
de carga:
W1/2 = 3,52 RT/nF (45)
O motivo pelo qual a VPD é muito mais sensível do que a VC
é relativamente simples de ser entendido. Como na VPD a medida
de corrente lida é diferencial, grande parte da corrente capacitiva
(responsável pela corrente de fundo) é eliminada, de modo que
correntes faradaicas muito mais baixas podem ser registradas. Assim,
no momento em que a corrente inicial antes da aplicação do pulso é
lida, a corrente capacitiva é pequena, mas volta a aumentar quando
o pulso de potencial é aplicado, porém como esta diminui mais
rapidamente do que a corrente faradaica e a leitura, feita alguns
segundos antes do término do pulso, obtém-se uma maior razão entre
if/ic, o que permite o registro de correntes faradaicas, mesmo em
soluções de concentração mais baixa quando comparadas àquelas
obtidas utilizando a VC.
-46 41•

MÉTODOS ELETROQUÍMICOS
24.3.4 Voltametria de onda quadrada (VOQ)


Nesta técnica, uma onda quadrada é sobreposta a uma escada
de potencial e um ciclo completo de onda quadrada tem a duração
de
um degrau na forma de escada de
potencial. A velocidade efetiva
da varredura de potencial corresponde ao produto entre a freqüência
de sobreposição da onda quadrada e o degrau de potencial:
v= f X LlE (46)
Onde
v = velocidade, V ou mVs·
1
f = freqüência, Hz
.t:.E = degrau de potencial, V ou mV
este sistema a corrente é registrada no sentido d ireto (id ireto)
de varredu ra e depois, uma corrente oposta é registrada no sentido
inverso da varre dura (iinverso), mas normalmente se registra a diferença
entre valores, de modo que a corrente total acaba por ser o somatório
das duas e,
evidentemente, apresenta um maior
valor do que as
correntes diretas (i direto) e inversa (i;n,erso), isoladamente (Figura 65).
_____________ ... ·"·· .. ,_._:::.~ / ~···
······
Potencial
Figura 65: Voltamograma de onda quadrada registrado em solução contendo a espécie eletroativa
além
do eletrólito supo rte.
Para sistemas reversíveis (onde existem os dois componentes,
anódico e catódi co), as correntes obtidas utilizando a voltametria
de onda quadrada podem chegar a apresentar valores quatro vezes
superiores àqueles obtidos com a voltametria de pulso diferencial.
Este é o motivo pelo qual a voltametria de onda quadrada apr esenta
mai
or
sensibilidade do que a voltametria de pulso diferencial.
Para freqüências muito baixas, prati camente não existe diferença
entre as duas técni cas.
•1465-·

• PARTE IX-FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTR UMENTAL
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1•-·474,.

ANEXO
EXEMPLOS DE
PROCEDIMENTOS
OPERACIONAIS
PADRÃO (POPs)

"O homem começa a morrer na idade
em que perde o entusiasmo."
(Balzac)

A 1. POP -DETERMI NAÇÃO DE PF
Empresa: Farmácia de Manipulação

••
TÍTULO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA
REALIZAÇÃO DE TESTE DE PONTO DE FUSÃO
-
Código: POP PFUSÃO 001
Emissão: dia/m ês/ano
Emissão anterior: Novo
N.º de página: 1/3
1. OBJETIVO: Procedimen to operacional p adrão para a
determinação
do ponto de fusão de matérias-pr imas.
2.
RESPONSABILIDAD E: Farmacêuti cos e técnicos.
3. ALCA
CE: Laboratór io de controle de qualidade e
central
de documentação.
4. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA: POP CONDUTA BIOS
OOx; POP ENTR S AÍDA MANIPULAÇÃO Ox; POP LAV CONTROLE
OOx; POP COLETA OOx; Farmacopéia Br asileira, 4ª ed.; MERCK
INDEX; Farmacopéia Americana (USP) 22ª, 23ª e 24ª ed.
5. DISTRIBUI ÇÃO DE CÓPIAS: Laboratório de co ntrole de
qualidade e central de documentação.
6. PROCEDIMENTO :
Observações
a -Para a execução das tarefas no laboratório de controle
de qualidade, os funcionários deverão estar devidamente
paramentados, conforme a descrição do POP ENTR SAÍDA
MA IPULAÇÃO OOx segundo as recomendações de segurança
descritas no POP CONDUTA BIOS OOx, com o u so obrigatório
dos óculos de segurança.
b-Antes da execução dos t estes físico-químicos, verificar as condições
•1477-·



de limpeza de vidrarias e utensílios conforme a descrição do POP
LAV CONTROLE OOx, corrigi ndo as inadequações ou substi tuindo
o que for necessário para garantir a integridade das análises.
c-Caso não haja um controle de resíduos e dejetos químicos, após
a execução
de tarefas esgotar os resíduos químicos na pia sob
água corrente, enxaguando a v
idraria três vezes em água
potável
e mergulhando-a totalmente no banho de detergente conforme
as indicações no POP LAV CO TROLE OOx.
d-Fazer os testes em duplicata, ou seja, executar o teste da matéria­
prima duas vezes simultaneamente.
6.1 A matéria-prima a ser analisada deverá ser retirada
no almoxarifado, no setor quarentena, e levada para o laboratório
de controle de qualidade para fins de amostragem.
6.2
Deverá ser gerado um
formulário para cada
matéria-prima com as especificações dos testes a serem realizados,
recomendadas nas monografias, registrando-se no próprio laudo do
fornecedor (verso) os resultados obtidos e a conclusão (aprovado/
aprovado com restrição/reprovado) com assinatura do analista.
6.3 Para a execução do teste deve-se empregar tubo
capilar com cerca de 1 em de comprimento e 0,8-1,2 mm de
diâmetro interno com paredes de 0,2-0,3 mm de espessura.
6.4 Reduzir a amostra a
pó fino recorrendo ao
auxílio de
gral e pistilo e, a menos que indicado de modo diferente, dessecá­
lo (retirar a água) na temperatura especificada na monografia (ex.:
1 05°C/1 h). Quando a substância não contiver a água de hidratação,
coloque-a no dessecador (contendo sílica gel) por 16h no mínimo;
colocar em uma cápsula de porcelana cerca de 0,5 grama da matéria­
prima.
6.5 Selar uma das extremidades do tubo capilar de
vidro na chama de lamparina. Análise deverá ser executada em
duplicata.
Encher o tubo comprimindo-o repetidamente sobre o pó
dessecado contido em cápsula de porcelana até formar uma coluna
compacta de 2,5 a 3,5 mm de altura no interior dele. Colocar o
termômetro no local indicado do aparelho. Aquecer o banho do
apare lho até que a temperatura seja cerca de 1 0°C abaixo do
ponto de fusão esperado e que esteja elevando-se na velocidade
de 1 ±0,5°C por minuto.
6.6 Introduzir o tubo capilar no local indicado no aparelho
-·4781•



e observar simultaneamente o tubo capilar e a temperatura indicada
no termômetro;
se necessário,
elevar a velocidade de aquecimento
para cerca de
1-2°C/minuto. Continuar aquecendo até a
completa
fusão.
6.7 A
temperatura na
qual a amostra se torna
completamente líquida é definida como o ponto de fusão. Calcular
a média dos resultados obtidos e comparar os valores (laboratório
de controle de qualidade x fornecedor) com a especificação da
monografia.
Registrar no caderno de controle e comparar o resultado
com a indicação do laudo de análise do fornecedor.
Fonte: AMARAL, M.P.H.; VILELA. M.A. Controle de Qualidade na Farmácia de
Manipulação. juiz de Fora: Editora UFJF, 2002.
•1479 filiiiiil

A.2 POP -DETERMINAÇÃO DE PH
Empresa: Farmácia de Manipulação

••
TÍTULO: PROCEDIMEN TO OPERACIONAL PADRÃO PARA
DETERMINAÇÃO DO pH DE LÍQUIDOS, PÓS, CREMES E
POMADAS
Código: POP pH 002
Emissão: dia/mês/ano
Emissão a nterior: Novo
N.º de pág ina: 1/3
1. Objetivo: Procedimento operacional padrão para a
determinação do pH.
2. Responsabilidade: Farmacêuticos e técnicos.
3. Alcance: Laboratório de controle de qualidade.
4. DOCUME TOS DE REFERÊNCI A: POP CONDUTA BIOS
OOx; POP E TR SAÍDA MANIPULAÇÃO OOx; POP LAV CONTROLE
OOx; POP COLETA OOx; Farmacopéia Brasile ira, 4ª ed.; M ERCK
I DEX; Farmacopéia Americana (USP) 22ª, 23ª e 24ª ed.
S. DISTRIBUIÇÃO DE CÓPIAS: Laboratório de controle de
qualidade e central de documentação.
6. PROCEDIMENTO:
Observações
a-Para a execução das tarefas no laboratório de controle de qualidade,
os funcionários deverão estar devidamente paramentados, conforme
a descrição
do
POP ENTR SAfDA MANIPULAÇÃO OOx segundo as
recomendações de segurança descritas no POP CONDUTA BIOS
OOx, com o uso obrigatório dos óculos de segurança.
•1481-·


••
b-Antes da execução dos testes físico-químicos verificar as condições
de limpeza de vidrarias e utensílios conforme a descrição do POP
LAV CONTROLE OOx, corrigindo as inadequações ou substituindo
o que for necessário para garantir a
integridade das
análises.
c-Caso não haja um controle de resíduos e dejetos qufmicos, após
a execução de tarefas esgotar os resíduos químicos na pia sob
água corrente, enxaguando a vidraria três v ezes em água potáv el
e mergulhando-a totalmente no banho de detergente conforme
as indicações no POP LAV CONTROLE OOx.
d-Fazer os testes em duplicata, ou seja, executar o teste da matéria­
prima duas
vezes simultaneament e.
6.1 Aferição do
aparelho:
6.1.1 P eriodicidade: Diariamente, depois de 30 minutos
após ligar o aparelho.
6.1.2 Retirar o recipiente contendo solução de cloreto
de potássio (KCI 3M) ou água destilada na qual está mergulhado o
eletrodo.
6.1.3 Lavar o eletrodo, com o auxílio de uma piseta, com jatos
de água destilada e secá-lo suavemente com papel absorvente fino.
6.1.4 Imergir o eletrodo em soluções tampão de referência
(
com
valores de pH 4,0, pH 7,0 ou pH 9,0). Aguardar um minuto
e ver ificar o valor do pH registrado. Caso o valor registrado pelo
aparelho seja d iferente do esper ado para a solução tampão, fazer o
ajuste
no
aparel ho.
6.1.5 Desligar o botão de leitura, retirar a solução tampão
e lavar o eletrodo conforme o item 6.1.3.
6.1.6 Imergir o eletrodo em uma segunda solução tampão
de referência e verificar o valor de pH registrado no aparelho. Este
não deve apresentar variações superiores a 0,07 do valor tabelado.
Observar o prazo de validade das soluções tampão.
6.1.7 Se não houver precisão nas medidas, verificar
possíveis danos nos eletrodos e substituí-los.
6.1 .8 Lavar o eletrodo conforme o item 6.1 .3.
6.1. 9 Mergulhar o eletrodo no recipiente com KCI 3M ou
água destilada, de acordo com a recomendação do fabricante.
Substituir
essa
solução quando necessário.
-4821•

6.2 Determinação do pH da solução problema.


6.2.1 Se o produto for líquido, fazer a leitura diretamente.
Se o produto for pó, cristal ou pó cristalino, dilua-o em água destilada
conforme a recomendação da monografia oficial (Ex.: solução 1,0 %).
Para xampus preparar uma solução a 1 O% p/v em água
destilada.
Para cremes e pomadas preparar uma solução aquosa a 1 O%
p/v, aquecer a 70°C. Resfriar e filtrar em algodão.
Fazer a leitura do pH no filtrado.
6.2.2 Lavar o eletrodo conforme o item 6.1.3
6.2.3 As temperaturas da água
de
lavagem e a da solução
problema não dev em diferir acima de rc.
f
6.2.4 Imergir o eletrodo na solução problema.
6.2.5 Aguardar um minuto e efetuar a leitura.
6.2 .6 Lavar o eletrodo conforme item 6.1.3.
6.2.7 Repetir o item 6.1.9.
Fonte: AMARAL. M.P.H.; VILELA, M.A. Controle de Qualidade na Farmácia de
Manipulação. juiz de Fora: Editora U FJF, 2002.
•1483-·

A.3 POP-Determinação de Densidade
Empresa: Farmácia de Manipulação

••
TÍTULO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA
DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE
Cóo1co: POP DENSIDADE 003
Emissão: dia/mês/ano
Emissão
anterior: Novo
N.º de página: 1/2
1.
OBJETIVO: Procedimento operacional padrão para a
determinação da densidade de líquidos.
2. RESPONS ABILIDADE: Farmacêuticos e técnicos.
3.
ALCANCE: L aboratório de
controle de qualidade.
4. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA: POP CONDUTA BIOS
OOx; POP ENTR S AÍDA MANIPULAÇÃO OOx; POP LAV CONTROLE
OOx; POP COLETA OOx; Farmacopéia Brasileira, 4ª ed.; MERCK
INDEX; Farmacopéia Americana (USP) 22ª, 23ª e 24ª ed.
5. DISTRIBUI ÇÃO DE CÓPIAS: Laboratório de controle de
qualidade.
6. PROCE DIMENTO:
Observações
a -Para a execução das tarefas no laboratório de controle,
de qualidade os funcionários deverão estar dev idamente
paramentados, conforme a d
escrição do
POP ENTR SAÍDA
MANIPULAÇÃO OOx segundo as recomenda ções de segurança
descri tas no POP CONDUTA BIOS O Ox, com o uso obrigató rio
dos óculos de
segurança.
b-Antes
da execução dos testes físico-químicos verific ar as condições
de limpeza de vidra rias e utens ílios conforme a d escrição do
POP
LAV CONTROLE OOx, corrigindo as inadequações ou substituindo
o que for necessário para garantir a
integridade d as análises.
•14as m :: .•


••
c-Caso não haja um controle de resíduos e dejetos químicos, após
a execução de taref
as esgotar os resíduos químicos na pia sob
água corrente, enxaguando a v
idraria três vez es em água
potável
e mergulhando-a totalmente no banho de detergente conforme
as indicações no POP LAV CONTROLE OOx.
d-Fazer os testes em duplicata, ou seja, executar o teste da matéria­
prima duas vezes simultaneamente.
6.1 Método do picnômetro:
6.1.1
Utilizar picnômetro limpo e seco com cuidado de
não colocá-lo para secar em estufa com temperatura superior à
máxima do termômetro que faz parte dele.
6.1.2 Calibrar o picnômetro efetuando a determinação
da ma ssa dele vazio em balança de precisão e da massa dele cheio
com água destilada a 20°C.
6.1.3 Determinar o pe so da massa da água calculando a
diferença entre o peso
do picnômetro vazio e o peso deste com água.
6.1.4
Colocar a amostra no picnômetro. Ajustar a
temperatura para 20°C, remover o exce sso da substância colocando
a tampa superior e a lateral, observ ando a eliminação de bolhas de
ar. Secá-lo externamente com papel e pesar.
6.1.5 Determinar o peso da amostra pela diferença entre o
peso
do picnômetro cheio com
ela e do picnômetro vazio.
6.1.6 A divisão entre a massa da amostra líquida e a m assa
da água, ambas a 20°C, é a densidade relativa (d rei). Para o cálculo
da densidade específica (d esp) aplica- se a fórmula:
---
d esp
20
.c = ( 0,99703 x d rei) + 0,0012
Fonte: AMARAL. M.P.H.; VILELA, M.A. Controle de Qualidade na Farmácia de
Manipulação. juiz de Fora: Editora lJFJF, 2002.

A.4 POP -DETERMINAÇÃO DE SoLUBILIDADE
Empresa: Farmácia de Manipulação


TÍTULO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA
REALIZAÇÃO DOS TESTES DE SOLUBILIDADE
CóDIGO: POP SOLUBILIDADE 004
Emissão: dia/mês/ano
Emissão a
nterior: Novo
N.º de página: 1 /4
7.
OBJETIVO: Procedimento operacional padrão para
realização dos testes de solubilidade de matérias-primas de acordo
com a realidade da farmácia magistral.
8. RESPO SABI LIDADE: Farmacêuticos e técnicos de
laboratório.
9. ALCANCE: Lab oratório de controle de qualidade e
almoxarifado.
1 O. DOCUMEN TOS DE REFERÊNCIA: POP CONDUTA BIOS
OOx; POP ENTR SAÍDA MANIPULAÇÃO Oüx; POP LAV CONTROLE
OOx; POP COLETA Oüx; Farmac opéia Brasileira, 4ª ed.; MERCK
INDEX; Farmacopéia Americana (USP) 22ª, 23ª e 24ª ed.
11. DISTRIBUIÇÃO DE CÓPIAS: Laboratório de controle de
qualidade e central de documentação.
12. PROCEDIME TO:
Observações
a -Para a execução das tarefas no laboratório de controle,
de qualidade os funcionários deverão estar devidamente
paramentados, conforme a descrição do POP ENTR SAÍDA
MANIPULAÇÃO OOx segundo as recomendações de segurança
descritas no POP CONDUTA BIOS OOx, com o uso obrigatório
dos óculos de segurança.
•1487-



b-Antes da execução dos testes físico-químicos verificar as condições
de limpeza de vidrarias e utensílios conforme a descrição do POP
LAV
CONTROLE OOx,
corrigindo as inadequações ou substitui ndo
o que for necessário para garantir a integridade das análises.
c-Caso não haja um controle de resíduos e dejetos químicos, após
a execução de tarefas esgotar
os resíduos químicos na pia sob
água corrente, enxaguando a vidraria três vezes em água
potável
e mergulhando-a totalmente no banho de detergente conforme
as indicações no POP LAV CONTROLE OOx.
d-Fazer os testes em duplicata, ou seja, executar o teste da matéria­
prima duas vezes simultaneamente.
6.1 Para a execução dos testes de solubilidade de
matéria-prima, o profissional responsável pela tarefa, devidamente
treinado e paramentado, deverá conduzir-se no laboratório de
acordo
com o
POP CONDUTA BIOS OOx.
6.2 A matéria-prima a ser analisada deverá ser retirada
no almoxarifado, no setor quarentena, e levada para o laboratório
de controle de qualidade para fins de amostragem.
6.3
Deverá ser gerado um formulário para cada
matéria-prima com as especificações dos testes a serem realizados,
recomendadas
nas monografias, registrando-se no próprio laudo do
fornecedor (verso) os resultados obtidos e a
conclusão) aprovado/
aprovado com restrição/reprovado) com a assinatura do analista.
6.4 Deverá ser seguida a
metodologia descrita no
POP
ou orientar-se pelas bibliografias: Farmacopéia Brasilei ra 4ª ed., USP,
ou MERCK INDEX.
6.5 Caso o laboratório de controle de qualidade não
possua capela
de exaustão, recomenda-se o emprego apenas de
solventes de baixa toxicidade para o analista, tais como: água quente,
água fria,
álcool etílico absoluto e acetona (c om restrição).
6.6 O planejamen to para a execução dos testes deverá
ser reali
zado separando-se os reagentes e vidrarias conforme a
indicação da monografia,
dispondo-os de forma segura na bancada
e
trabalhando de acordo com o
POP CONDUTA BIOS OOx.
6.7 Após a realização dos testes, o material deverá ser
descartado co
nforme o
POP LAV CONTROLE 005.
6.8 A Farmacopéia Americana apresenta uma tabela
relacionando duas colun
as: uma com o termo descritivo da solubilidade
...
4ssj•



obtida, outra associando a quantidade do solvente utilizado ( ml) para
uma parte do
soluto (mg), conforme a Tabela 1:
Tabela 1: Termo
descritivo e parte do sol\'ente requerido
Termo descritivo
Muito solúvel
Livremente solú,el
Solúvel
Parcialmente solúvel
Levemente
solúvel
Muito pou
co solúvel
Insolúvel
Observação
Parte do solvente requerido ( ml)
Para uma parte do soluto ( mg)
<do que 1 ml
De 1 para 1 Oml
De 10 para 30 ml
De 30 para 1 OOmL
De 100 para 1.000ml
De 1000 para 10.000ml
De 10.000 para mais
As matérias-primas deverão ser colocadas nos tubos de ensaio
previamente
identificados com o tipo de solvente a ser utilizado e
a
matéria-prima em estudo.
6.9 A Tabela 2 apresenta as especificações dos testes de
solubilidade de dez matérias-primas regulamente empregadas em
farmácias magistrais.
Tabela 2: Exemplos de especificações dos testes de solubilidade
Reagentes X Solubilidade
Produto Água
Álcool
Éter Metano I Clorofórmio Acetona DMF
etílico
Amitriptilina Livrete Livre te Livre te
Cimetidina Solúvel
Hidroxizina Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel
Metoclopramida Solúvel Solúvel Solúvel
Furozemida
Le\ete Leve te Leve te Leve te
Solúvel
Ácido cítrico Solúvel
(>a
Gtratode
quente)
Potássio
Solúvel Insolúvel
Paracetam
ol
Leve te Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel
Ácido salicflico Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel
(>a
Alopurinol
quente)
Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel
Abreviaturas: Livrete= livremente Leve te= levemente DMF= Dimetilformamida
•1489-


••
6.1 O Comparar os resultados obtidos com os indicadores
no
laudo de análise do fornecedor e com a monografia.
~ ... 4901•
Fonte: AMARAL, M.P.H .; VILELA, M.A. Controle de Qualidade na Farmácia de
Manipulação. ed. juiz de Fora: Edito ra UF)F. 2002.

ANEXO
EXEMPLOS DE
MONOGRAFIAS
,
FARMACOPEICAS
,
(ESTRUTURA GRAFICA)
"A arte de vencer ap rende-se nas
derrotas."
(Simon Bolfvar)

Adaptação: Farmacopéia Brasileira, 1 o ed.
~TAOOS VI'!OOS 00 SMSIL
ÃCIDQ ACETILSALICíLICO
Aci.drun i>'"ltyls~;~licy/ic.um.
Addo 2-acctoxi-l.xmxóieo. Aspirhta. ~'
CC'lH
~o~-. -0--COCH,
.I
>:,_#
P. M. "=-18ú,l5.
O
ácido acctíls.al1dlim e
o ácido ',!..a~etoxi-l;.euzoi i."Oí cit'e c<m\cr,
clepo;s de dc~scado s6bJ"<' ~cido snifúnro, duranh:: 5 h(ms. no m!n!mo
99,5 por cento de C,H.O,
CAR • .tgEREs .-Crutais br::mro& o:,_ pó C"!1!J's1!oo. b _r.:m~~~-.-1ux!oro é de .mbt?r
áciao. Estil'rd i30 ;u .;&.o:; 'CID 2!ilbl.l:nb: WmCo, h1droli!l.J. · SC
1 -nouoo a ~ti}>
t.'Ul ácidu !!.i.tk:il c ~ci-<lo :dlitflke. Sua !iGJu~o :r~uQSl é át.:i~.â ao p:~pd de:
tm:MSi<>l.
S..luhiUd..de --- Soli:~-el em ;;ao patb!s de ág1:.1, cn: 6 [l3r!C! <lc ~ko<;,l,
oa 17 F~ do çl<>•<>f<irmio ~ em 20 portei d~ .ita. DiJ>olvc->e llO$
v.>hl~~ de hidró.:c:i~ e c:uhoroto:i alcalinas~ rltton1p0ndr;..~ em :.cct~to
e ~iit--tbtc
Potttõ ti~:- fu.l$~Q -F,u!r::: } i-6" ç f38t1, (:(\~~~ dtx,'Q;ll:rJ.-:t).$J)I eol~md;\ h (; ~
subst.indio nllm b;mho • J 'O" e d..,.>ndw,. o Wnp<:l"l\!"' <lo -t• o fi' pnr
mm!lto.
l'ROYAA DE lDE:fFIC\ÇA.O:
A-~ .bntenha em cbuljçâo dur.ml<: .2. ou~ 3 wínuM 0~) g com lú<-m~ i;l~
ludt<'xidn de rodi<> SR.; rc;ltie e adici<>no lO em; de lcidc ;u\lohko
diluído SR ~ f~nnít--5(! 1fm ptccipít;J:.C]o l!r-:;lr{;Ç~, ultta!tnQ. de :&~ J
..atcllico. Filtre; dts!i(JJ-.·:1 o pt~ci.pitmio na mlrlurã de p41tts ~tt~ d.e
~ua < ikool, adicione d<>retn t&rko SR: produr,sc uma colm,;~"
·.-w~et.J hem pmmmc=.a;.i:a..
P. -Açao;;a á sdução obôd.1 nt' -ctJS.1io >Jnkrior e ~a. clo pteclpitdc
pen.cbé ~o c <.hem> de "osrlo "cilitu.
Utrl"JUJ.IIS:
.l1cu.ic fH .'~~do~ - Dzssol~.a l;: em 2~ .er:.lJ cln ;U'<ctnu:?o.,_ ;unte l ~:;:. J~ ~g_tJ;l
" p:OS>oga terno ~u<o oo t"muo-!imil< de ,ç!Jir3 péc'"<<fe<~ · o h:tltle
~ruo<:> prmn;;okcl de,·.: ,...,. 10 VQrtes pt>C mi;hác.
~lordo --.Mantalha em d!uliçãc durante :; minnf.oo:s: 1 g em S\l ~ d~
"""" tbltlada. rcirie. complete Cllm rnaF. • dffrtí!:!.<h ~ W>!IJftie
irndlll t -f.Jttc: dtrid.:t a solução em. 2 pati:el. Caro umn, prossíg.J corno
dc:scr.ih~ no tnsntt-Jlmi-tc de cibrctu· o i.imitc má:umn penn.iss.tv'é:i de1:-e
,.., 1 -4<1 wrm por milh>o.
Sulfato -Com 25 =* do soluçOO ~cim~ obtida ~~ (:Qtl}O d=ito no
=ío-lirmte de sul.hro: o luwtc mhimo p<:r~oJJs.!i•el deve set 100 porte~
pot m.i<.l:wlo
Ácido ull.Wico -Di:sso)\"ll o,o; g numa nili!un t!c $ em> de .6lcool n
e 20 em• d~ ~ àe;tilid~ c: ll<f•çu;ne I gót;l de elurctn lJ!niro SR: "*'>
de•;c produzir tm<d!.abmcntc: uma e<~"<m!ç® Yin~-
B.<llidllo pda tndn~çio -No mkimo 0,0) p<.>t cen!<>.
UOSEAl!E..YfO -A OOc; de ;oo rng. exàtant<mte P''"'dos,. funte 20 trn3 de
hKl.roXJdo de rodiq 0,> N (SV) e IDiillt<tiM cun cb<~h(So btm}d~ du::~nte
IQ nunu!os. 1 ule o <:>Ct:S>O de :ik:.t!i cçru ~dq ~uilúTl<O O,; N (~V) ,
c:mprcgam!o como h1d~do: fenolfta.1ehu SI. Repita a ~m.çoo m:n o
ieouo at.tihahdhm. A clikr= t'tlt:rc :as ®as tituli~ representa a. qu>nti­
da.d~ de •leal< u~ I""" o n--uhal=ç'ío do lkxto at"etiholx:illi."<>. I tm"
de !"dr.:OO® de rodio o,; N (SV) a>riespcnde • O,OHO+g de C,.llsO,_
CONSimVAÇÁO -Em rcdpieuw.< bem fo:el»do;.

••
•1493-

Adaptação: Farmacopéia Br asileira, 3 ed.
Dt.SCRJÇÃO
ACIDUM ACETYLSALICVLICUM
ACIDO ACETILSAUCfL ICO
COOH
o-0-COCII,
P.M."' 180,16
P6 a-CSt:tlino branco ou atsut1-bnncos reraJ-mente b.min;.;tC'S o;~ aciculuc); inodoro
ou t•m odru leve; esr.ivcl &o ·•• seco; no or Ílmído l'~<l: r<>11""·se graouolmente • jeldo
;tbcilu» c a ie>(!o •ctt1<:C.
SOLUB!UDADL
Ltvemetdt II)Jú•~l em 4Jua; r•<Jmcnte i<>!Úvcl em .lJ.:uot: M>lÚvcl em clo,~ fbrmkl ~
em éta. pouco sotúvd em .!tc.r ob>oluto
CATEGORIA
ESPECIFlCAÇÃO GE.R,t,L
Conté:m_ no mír-..._..,, 99,.5 pot UGJO e, a> mix~mo. 100,.5 por ctnto .,:, C:+Hso
4

<>l:<>t..do em rei;.~ 1 ••b>tlr.<a S<e>.
LDENTJFICAÇÃO
A -Aqueça com 4pa pOf YÚJOJ miriJtOL. ttifrk t JUtlll:
1 o-u 1 JOUl df tlou::lo
Coníco SR; prochu .. c oor vcrr~ellw YlOltU.
B -fau cuca <!e SOO me com 10 mt de hidr6:odo d• IMO> S& por I.I&WIS
mmu<ol, zuftle r juote lO ml <!e ó"ldo Mfiull:o d•luld<>; for.,...• pt .. lpOtado
ba""" de Íddo >abcília> e ~ J>OIC<pt:Íwl o®r do '•ido acétko. Filu~ , junte ao
tlt-rado 3 r.1 4• iloool e l m1 d.e ~ suW:wO<J, c aq~eça;;, p«oop< l•i<l 011<>< de
aeett.to de .nUa.
EIISAJOS DE PUREZA
Pezda po1 Dessetllçlo
l><Ucquc so\>!:e •íli<~.-set por S hor.>s: p"de, no mhl.mo, O.S J>(>r etrtlo dt .. ~ ptl4l
tM<tod.ot Gcci.D, nO 27}.
Rnidu<> p<'.a tnaneroçio
1'\0 mbl!l>O 0,5 pDI Cento (1&/lodos c ....... nO nJ.


•1495-


••
Cl<>m<l
Fm. l,S a com 7,5 ml de 41.111 por S m!noto" rt>l'r~<, J'o••·• ipa .W.....ru. para
rtstmm: o volurne o:ri&Jnal e rutr<. Uaa po.!Çio de 1$ ml do fllrradc •pr~nu N"o
mais doreto que o CIOntJpOodenlC a O, I ml de 'c!do ek>rfcltlco 0,02 ~: 0,01' por
"'"'"' (lol~todos Ccrab, nO 10).
Sulfato
I.Jmo por~ Oo rutrlldo prqwa4o l*• o tealo de clomo apnktlta aiO ..,._.
Sll.lfjto <\1lt cormpoodente a 0,2 cal de ~o ~ 0,)2 J:t O,!l4 por =to
(Método CaaJo, nO 14).
Yet>.lll'eodo•
DiuolYa 2 c <m 25 ml de aaroaa • JUDU 1 Jnl de iaU e 10 1111 de nlftto de
hidrOJontO SR; a "" produllil!a nlo é maa rn..,.. do q,.. a do conllolt; prepuado
com 25 ml de JIÇ'CIO!I&, l IDl de «>~o ~ dt e~.uml>o o 10 IDl de "'l!eto de
bideopNo SR; 0.001 por «l'W CM<O<!oo G<Bil, rP 13).
Stiboltnelu •'Jcilm<enle Carbon!ú...Js
Diuoll>o SOO 1111 em 5 ml d.e (ddo Jlll!itio:o SR; 1 cor cia aohlçlo nio é 111>U
i.llltrua do ctue 1 do llquldc de COQlJni>Çfo Q (Mltodos Gerais, rP 44).
Substinclutruotúvou em Ca:bonoto 4e Sódio SR.
Umo oo!u~ de SOO '"' em lO ml de 011tbotal0 de tédD SR q~~cnlt i límpido.
:Sa!icihtoo nlo Acchlslliclliwc
Du<Ol•• 2.5 s •m álcool !lllfàttlk ~ P<rfu.er 15,0 ml A ~ •m <le 2 t..boa
<lo co.mporoção de eot J•ou 48 ml de ~· e I rr.l de oclu<;3o de Nl!alo ltrn«>
1m<lllillcal, t<t>enreme~1c preparadl (prepnuds pel.t odlçto de 1 ml de iatlo
<!mídrlro l 1< a l ml <lo SUJíalo l<.rril:o anouuu:al SR • llilulnd<> com~ s 100
m!~ Em um tubo p\pde 1 ml 4c umo "'!Lçio pod1io de ~çído l&llclli<>o ~m ~.
~ni!Q 1.00 llJ do ~ill<> Qllofl>a> por tnl. Num te~•~ tulX> P~t><•• I ml da
solllç3o 1:10 do ">do a<lOUballdlico.. M•ttvn os conteúdo• de~ tulX>; tp6l30
<qUndOO, & Çl)t no <'l\ln4o lubo ll.io é ..... .,. .... do q~e & "" tvbo O:>tslendo o
~o ,.II<:IU.:o lO.l por WIIOl.
DOSE.UIENTO
~-· 4961•
Coloq.u """'' de 1,5 1 da Al!lllitu. <l<Úir><ntc ~de:, ..., &.....,, JUnte SO.O ml
de fúdtóxio.lo de !6díu O.S 1! e !<t"" a f'MUQ bnndiiii<JII< por 10 UUl<IS, lwrtc
fcnolftaltfoa SI e htule o C'(CCS!iQ de tu..b61 ido de o6dic 0,5 ti com iOdo mlr6rio:o
0,5 N {SV). aça 11m br•noo poora uruloçlo pelo rulo. Ca.ll >nl de llldt/;XJJo de
86dl6(),S !:! eq11l .. t.: • 45,1l4 mg de c9HaC• ()ll~cdos Conns, nO 49).

Fonte: lhe Internacional Pharmacopoeia, 3a ed.
DEXAMETHASONI ACET AS 93
DEXAMETHASONI ACETAS
Dexamethasone acetate
Oexamethasone acetate, anhydrous
Dexamethasone acetatc monohydrate
Molecular formula. C,.H,. FO, (anhydrous); C,.H
1,FO,,H,O (monohydrate).
Rclative molecular mass. 434.5
Graphic formula.
Chemical oame. 9-Fiuoro-1 1}3, 17 .21-trihydroxy-16a-methy1prcgna-l ,4-diene-
3,20-dione 21-acetate; 21-(acety!oxy} 9-fluoro-llj3,17-dihydroxy-I 6a-methyl­
prcgna-1,4-dienc-3,20-dione; CAS Reg. No. 1177-&7-3 (anhydrous).·
9-Fiuoro-11}3,17,2 I -trihydroxy-I 6a-methylprcgna-1,4-diene-3,2Q..dione 21-
acetate monohydrate; 21-(acetyloxy)-9-fiuoro-ll../3, 17-dihydroxy-16a -methyl­
pregna-1,4-diene-3.20-dione monohydrate; CAS Reg. No. 55812-90-3 (mono­
hydrate ).
Description. A white or a1most white powder, odourless.
Solubility. Practically insoluble in water; solub1c
in
40 parts of ethanol
(-750 gll) TS; slightly soluble in ether R: sparingly soluble in chloroform R.
Category. Adrenoglucocorticoid.
Storage. Dexamethasone acetale should bc kept m a tightly closed container.
protected from light.
labelling. The designation on the containcr o f Dexamethasone acctate sh ould
statc wh
ether the substance is thc monohydrate or is in the anhydrous form.
REQUIREME!';TS
General requi rcmcnt. D~xamethasone acetatc contai os not less than 96.0% and
not more than 104.0% of C,.H,.FO,, calculated with reference to thc dricd
substance.


•1497~il



94 INTER 'IA TIONA!. I'HARMACOPOEIA
ldentity tests
• Either tests A. B. C and E. or tests B. C. D and E may be applied.
A. Carry out the examination as describcd under "Spectrophotomctry in thc
infrared region·• (vol. I. p. 40). For the anhydrous fonn thc infrarcd absorption
spectrum is concordant with
thc spectrum obtained from dcxamethasone acetate RS or with thc rejere11c<' spt-ctrum of dexamethasone acetate. For lhe monohy·
dratc thc infrared absorption spcctrum is concordant with the spectrum obtaim:d
from dexamethasone acctatc monohydrat~ RS or with the refen•nce spec1mm of
dcxamcthasone acetatc monohydrate.
B. Dissolve 22 mg in 20 ml ofethanol (-750 g/1) TS and di lute 2 ml to 20 ml with
thc samc solvenl. To 2 ml of this solution placed in a stoppercd test·tube add
lO ml ofphenylhydrazinelsulfuric acid TS. mix. hcat in a water-bath at 60°C for
20 minutcs and cool immediately. The absorbance of a l-em layer at thc
maximum at about 423 nm i~ notless than 0.42 (preferabl) use 2-cm cells for thc
measurcment and calculatc the absorbancc of a l-em layer).
' .
C. See the test described below under "Related steroids". The principal spots
obt
ained with solutions A and C
correspond in position with that obtained
with solution B. In addition the appeuance and intensíty ofthc principal spot
obtained with solution A corresponds with that obtamed with solution 13.
D. Carry out the combustion as described under .. O~ygen flask method" (vol. I,
p. 125), using 7 mg of the test substance and a mi:J~turc of 0.5 ml of sodium
hydroxide (0.0 I mol/1) VS and 20 ml of water as the absorbing liquid. When thc
process is complete, add O. I ml to a mixture ofO.l ml offreshly prcpared sodium
alizarinsulfonate (I g/J)TS and 0.1 ml ofzirconyl nitrate TS; the red colour ofthe
solution chaoges to clcar yellow.
E. Heat 0.05 g with 2 ml of potassium hydroxide/ethanol (0.5 mol!l) VS in a
water-bath for 5 minutes. Cool, add 2 ml ofsulfuric acid (-700 gll) TS, and boi!
gently for I minutc; ethyl acctate, perccptible by its odour(proceed Y.rith caution),
is produced.
Specific optical rotation. Use a lO mglml solution tn dioxan R; (aJ&
0
'C = +82
to +88°.
Sulfated as h. Wcigh 0.1 g and use a platinum dish; not more than 5.0 mglg.
Loss on drying. Dry to constao! weight at 100 °C under reduced pressure
(not cxceeding 0.6 kPa or about 5 mm of mercury). For the anhydrous form use
about 0.5 g of thc substance; it toses not more than 5.0 mglg. For the
monohydrate use about 0.15 g ofthe substancc; 11 loses notless than 35 mg/g and
not more than 45 mg/g.
Related steroids. Carry
out thc testas
described under "Thin-layer chromato·
graphy" (v oi. I, p. 83), using silica gel R I as the coating substance anda mixture
of 77 volumes of dichloromcthane R. 15 volumes of ether R. 8 volumes of
methanol R. and 1.2 volumes ofwater as the mobile phase. Apply separatcly to
the plate I ttl of each of2 solutions in a mixture of9 volumes o f chloroform R and

I volume ofmcthanol R containing (A) 15 mg oflhe lcsl subs1ancc per ml and (8)
I 5 mg o f dexamct ha~onc acclalc RS per ml: a!so apply lo thc platc 2 J.!l o f a third
solulion (C) composo:d of:• mixturc ofcqual volumes ofsolutions A and B and 1 Jll
ofa fourth solution (D) containin g0.15 mg ofthc tcst substance per ml in thc samc
solvcnt mixlure as useJ for solulions A and B. A !ler rcmo,·ing thc plate fr om thc
chromalographic chambcr, allow H lo dry in ai r unllllhc solvents havc evaporatcd
and heal at 105°C for lO mmutcs: allow to cool. spray with bluc tctra;:olium/
<;Odium hydroxidc TS. and cxamme the chromatogram 10 daylight. Any spot
obtaincd with solutton A. o1her than the principal spot. is not more intcnsc than
that
obtained
\'illh solution D.
Assa)
• I he solut10ns must bc protccted from light throughout the assay.
Dissol ve about 20 mg. accurately weighcd, in sufficicnl aldehyde- frcc ethanol
(-750 g/1) TS lo producc 100 ml. Dilute 20 ml ofthis solution with suflici cnt
aldchyde- frec ethanol (-750 g/1) TS to producc 100 m l. Transfcr 10.0 ml ofthe
diluted solution to a 25-rnl volumetric flask. add 2.0 ml of bluc tetrazolium/
cthanol TS and displacc the air with o~ygen -frce nitrogcn R. lmmediately add
2.0 ml oftctr~meth ylammonoum hydroxide/ethanol TS and again displace thc ai r
witho,ygcn-frce nitrogen R. Stoppertheflask. m1x the contentsby gentleswuling
and allow to stand for I hour in a water-bath at )0°C. Cool rapidly, add suflicient
~ldehyde-free ethanol (-750 g/1) TS to prcducc 25 ml, and mi:t. Measure the
absorbancc ofa l-em layer at the maximum at about 525 nm against a solvent ccll
containong a solutoon prcpared by trcating 10 ml of aldehyde -fre~ ethanol
(--750 g/1) TS in a si molar manner. Cakulatc th.: amount ofC,.H,FO, in lhe
substance being tested by comparison "'-ith dcxamethasone acctate RS. sim il~rly
and concurrently examincd

••
•1499-·

Adaptação: Farmacopéia Portuguesa, 7 ed.
ÁCIDO ACETILSALICÍLICO
Acidum acetylsalicylicum
DEPlNIÇ..\0
Ácido 2-acetOllíbenzóico.
Teor: 99,5 por cento a 101,0 por cento (substância seca).
C..I.R<\CTERISTICAS
.-Upecto: r6 crist~lino hran(O ou crist:lis 1ncolores.
So!ul>ilidode: pouco solúvel na água, facilmente solúvel no
álcool e solúvel no éter.
I': cera de 143•c.; (fusão ínstantánea).
lDEt\TlFICAÇ.\0
Primeiro série: A e 8.
Segunda scrie: 8, C e D.
A-E;pectrofotometria d~ absorção no infravermelho (2.2.24).
ComparuçiitJ: ác1do acetílsalicilíco ~QR.
B. Ponto de fusão (2.~.Ul: 156"C a IGI"C.
Aqueça il ebulição durante :1 min 0.2 g da <•mostra com
4 ml de solução diluída de hidróxido de sódio R e <>rrefeç~.
Acidifique com 5 ml de ãddo sulfúrico diluído R.
Forma-se um pro.>cipitado cri;1alíno. Filtre. Jaw. >eque
o precipitado a 100-lOS•c e determine o~ ponto de
fusão. Este precipitado~ utüizatlo também ptlra a
identificação D.
C. Num tubo de en~io misture 0,1 g da amostra oom 0,5 g
de hidróxido de c.ildo R e «qucça. Libertam-se vapores
que coram de verde azulado ou de verde amarelado urn
peda(o de papel de filtro impregnado com 0,05 ml de
solução de nitrobenzaldeído R. Humt:deça o papel com
ácido clorídrico dilUJdo R. A coloração da mancha 'ira
para azul.
FARI\'IACOPE:IA PORTUGUESA VII


• lsol~ii



-·5021•
.D. Oi•5<>h'a. ;1 qU<nlt, ctrca de 20 mg do pre.:rpit.Jo ••N•d<•
ll" ~Nill\> Bem JO
ml dto :.gua I{ e arrd<\'•· .4 <->111\ã<l dj
r;:ao;.io (~l dos ~!iCIIatos t2.3.ll.
Et\S..\10
.\spedo m solurlio. Dis~va 1.0 g ~ 3m.lStr.l ~ 9 ml d<
álcool R A solu.;ã., é hmp1da 122.11 e in(Xllor !2.2.2. ~lét<>OO fll.
Subst3nclas aparent adas. Cromatografia líqmJa {2.2.29}.
Pr,,)<)ro a.s SQ/uçtlll$ imt!diafam.:nle amo!< do!. as utili::m:
Soálf'ÍO prol>ft.?ll<t. D~lva 0,10 g da amostra em a.:etonitrilo
Jlilr.l crom.1t<.grafia R e complete 10.0 ml com o me'mo
sol•~nte.
SIJhtç<io pdJr.io (d/. Di,<ol\-a 51~11 mg de f.c•d<• S~li~l1ic•• R n:s
fa.~e ~-ele complete 50.0 ml com 3 f:l:~e mó~l. Tnm~ 1.n ml
da ><:lluç;io e c•>mplete 100.0 m'.; 1n a ta~ nv.r.-el.
Solução padrtJo (b). Dissolv'd !O. O mg de ácido ~kilíco R na
ía.<e n!ÓI.'CI e complelt 10.0 ml com a fuse mó1~l. Tome 1.0 ml
d., roluç;õo. )Ullte O.:! ml da soluçlio problema e .:omrlere
100.0 ml com;, f:t~e móv~l.
Ch/tm,!:
-di~: I: 0.25 m; 0: -*.6 mm.
-{o:;e o?3ladondria: gell!e sOi<:~ octadecilsililada para
cromatografia R (5 ~-tml.
F<1se rnon•l; mistura <k ácido losfónro R. aa:toni!TIIo p;1r.1
cromat~aii:l R e água R 12:4110:61'10 Hl'il).
fJ.>flito; 1 mLmm.
lktccçiifl: ~irofo tómttro em n; nm.
/njcççtio; I llttl d~ c;,d~ wluç..o.
Ri!gisto: 7 \'tl.<'> o t.:mpo de retenção do ãcl& salictlico.
C.onfonnida.Je do sistmlo: solução padrao (b):
-fl!so/uçrio: no mínimo. 6.0 entre<»-2 picQs principais.
/inu'/11$;
-q1.1<1fqwr impurua; no mâximo, a ân·a do pie .. prinápal do
cromatogram<l obtido com ~ solut;ão padroo (al
(0, I por Cdltoi.
-tottJI: no mâ:timo. 2.5 vezes a are.1 do pico prin.:ipal do
cromatograma obtido .:om a solu,~o p.ldrão (J)
10,2.5 por ~entol.
-limtl<' d<' ,•-.;c/us.io: 0.25 "<'7.<lS a a r.-a do p!co pr•nctpal do
O'OMittOj!ram.' obtido com a solu.;ão p.tdr;w (a).
~letais pesados 12 .. t~l: no maximo. 20 ppm.
Dis$Oiv.l 1.0 g da ;unostra em 12 ml di! acetona R t comrlet~
20 ml .-om agua R. 1:2 ml d~sta solu~ sahstJUJn ao ensdlo
limitt B. f'r•parc (> padr.io com :.olu~o J 1 P>'lll d~ chumbo
tPb). <tbtid,t por d1luiçd.o da ~oluçiw a 1110 vrn• J.-chumtx.
!Pbl R numa mistura de 5gua R e xdooa R 1&9 l'tl"l.

Pmb por secagem (2.:Z.32): no m;wmo. 0.1 por cento. em
I .000 g da amostra. a pressão rMuzida.
Cinzu 1ulfúrias (2 . .1.141: no máximo. 0,6 por cento, em
1.00 g da amostra.
DOSEA~!ENTO
~um balão com rolha, dissolva 1,000 g da amostra em JO ml
de álcool R. 1unte 50,0 ml de hidróxido de sódto 0.5 M, rolhe
o
balão e
deixe em ~pouso durante 1 h. Junte 0,2 ml de
solu<;ão de fenolftaleína R e titule com ácido clorfdrico 0.5 ~i.
Efectue um ensaio em branco.
I ml de hidrôxido de sódio O .5 H wrresponde a 45,04 mg de
C
9
H
8
0-~.
CONSERVAÇÃO
l::m recipiente e•tanque.
J)IPUREZAS
A. R = H: Á(tdo 4-hidroxibenzóico.
B. R= C0
2
H: ácido .l-hidroxibenzeno- 1,3-dicarbo.,11ico
(:lcido -1-hidroxíisoftálico),
C. ác1do 2-hidroxíbenzóico (ácido salícOico),
rr CO~H
c ... O R
0~l(-J
............
D. R= O-CO-CH
3
: acido 2-1[2-(acetíloxi)benzoíl] oxijbenzói co
(ácido acetilsalicilsalicílicol,
E. R = OH: ácido 2-((2-hidroxibenzOil)oxí]benzóico (ácido
salicíls.-.licílico).
o
O O O)._C!fJ
~!. .. 0),(1..
V.. ·~ o
o~'~
f. anidrido 2-(acetilo.xi)benzóíco (ani drido acetilsalicílico).


•lsoJ-•

Adaptação: United States Pha rmacopoeia, 24• ed.
Aspirin
C .. HO, 18016
6enz~•c •cod. 2~acetylo"Y)­
Sai•oylc acld Jc.ate 1~0-18 -21
• I>,Wll!l contnns notless tnan (19.5 percent and not more than 100.5 percent of C
9
H
6
0~,
calculated on lhe doed basls
Pa<:~agir>g and sto,..ge-Prese<Ve"' b~ t con~ in=
USP Ref..-ence slandards < 11 >-USP ~<IL""' RS .
ldentfficalion-
A! Hut à wtn water for..,.....,! m~nute-.. eool an<! add 1 or 2 dro~ ot r.rnc chlorlde TS. a vlaloH'Od <Olor is
pra<a~eed
8: lnfrored Absorpl10n ~ 1971( >.
Loss <>n drying < 1~ >-o.y rt .,...,. S<hCi gel for 5 hoors· it lcw:s not more than O S<x. of i'$ ~l~t
Rtadily carbonizilble substances < 271 >-DISsolVe 500 mg 11 5 ml of sultlne ae•d TS: the soMion h~• no
mOP-eolor than Malr:hmg Fkid Q.
Resódue on ognlUon < 281 > ; no more lhan o 05%.
Sub<;tances .nsoluble In oodlum carbonatt TS -A soluton of 50() mg In 10 rnl of'n-arm sodum carbooate TS
is ele ar
Chloiide < 221 >-BOil f 5 g '<lith 75 ml ofwater fc< 5minuteo. cool add suffi<ient w:o.ter tore'llorelhe original
volum ~ . and tner. A 25-ml por!Jon of!he ftltt21e shOW!i no more dllondelllan corresponc!o to0.10 ml of 0.020 N
hyO'ocblone oad tO OI•'!(,)
Sulfrte -D<•soiYt 60g in 37 mL of oeetone. and odd 3mL ofw;:.er Tttme pctenli~tncally..m ()02 Mlead
perehk>rate. p<epa~ by d ... olv~ng 9.20 g oi lead pen:!tlorateln \VI!e< to make 1000 ml of •olu~on. using a pH
meti! r caoable of • monrnu'"ll reproooe•b<''IV of :tO 1 mV (oeo pH < 791 >-) equwed with on elecu-ode sy•tem
eonS4stng o f a lead-'lP~ ~leettode and a siP,er-•rlver ehloride referenei! ~ss.<leov8d eleetre>de contalníng a 1
on 44 s~M n oi t!!trat!lll~ nunon<urn per.:hlorate on 9aclol aeotie aeld (see Tirlfi'IJI&y ~ 541 >).no! more fuan
1 25 ml ofO ()2 Mlead perohlo<atei> conoumed (0.()4~). (NOTe -After U50, rmolh~leo<l ·'lPe<:!fic el~trode
w.!h vlilor, IT.Jon the referene.o l!lectrode. 1\Jsh "'Ih wator. nnse '"th methancl. "''d allow to <ty.]
Heavy m~als- OlssoP,e 2 g In 2S tnL olaeelone. and add 1 ml oi water. Add 1.2 ml ollbloaeetafrade..glyee<ln
base TS.nd 2ml otpH:J SAeemeBI,Iiter ;md alawto...,nd lorSmi nut~: anycolor proooeed ionot darl<.er
u.an lbal ofa eonwl made 'nlt!l ~ ml ofacetone and2 ml of S!ondam Lead Soit.A100 (s .. Heavy l.letols <231
>).tro atMr~ !lleume ma,'tl!M. Tho-.Mis10~t9 perg.
umlt oi free saficyflc acld -Dissotve2 S g11 sufllaen! alecnolto make ZS.OmL To~aell oltwl>matched
color-«>mpari5011 tubu a<l-:;1 48 ml ofw;rter and 1 ml of • freshly PfCPa<ed, diluted femc ammonium •urlate
solubon (ptepared by add,ng 1 ml of 1 Nhyci'odllorie actd 10 2 ml oftenie -ammonlum sullate TS and dlluting
wm wcnt'J to 1 uu n'll). lnto one wne p1pet 1 tnl 01 a 'Sl.andara 'iCMUbOn ot ulit:ylc ac:HJ ., water contammg u.1u
mg of saieylie aad per ml trto lhe •e«ond tube I>'J>e 1 m L ofthe I '" I O solubon ;>f &lill:!l-Mix lhe c011tento of
~ach tube afttr 30 second'S the coklr in d'le ~condtubeJ~ not more 1ntens!' than that in lha tubrt conbming th~
••lic)'lit at~d (O I'I{,J
Organie volatole imt><Jrities, Metho<f N ~ 467 ~, mee~ lhe reQUIIM~ntJ
Assay- f'li!.ce •bOOJ11 5 g of ~ aeçufl!telyVffli~ed. in • :ask, odd 50.0n>l oi O 5 />/ soda~m hydl<>xide VS,
and botl the mlxtu"' gen!ly for 10 mlnutes Add phonotplrt hale~n TS. and !H rale the ••e .. s sodlum nymmdo "ilfl
O 5 N oulfilric acod VS. Pe<forrn • blonk determnation I••• R~>>idu•l T.!ntficn• •nõer Tilrim.Jf'l "'54 1 ~). Eadl ml
oi 0.5 N •C>doum hydro"do IS equovalen! to 45 04 mg ofC
9H.o,.
Auxiiary lnformation
StaffLIII•>an Stephen H. AIWI!l, Sc1enbst s.--.. tcti.4)Chemuuy•
USP-NF P•ge No 161
Phiim>a cope~Bl Fotum Volum• No 22 Poge •lo. 2092
Pl>ontJ/Vo 1·3()1-816-62<LI

••
•lsosliiii1

ANEXO
TABELAS
ESTATÍSTICAS
"Se quiser por à prova o caráter
de um homem, dê lhe poder."
(Abrahan Linco/n)

Distribuição "t" de Student
I>Z
0,50 0,25 0,10 0,05
1 1,00000 2,4142 6,3138 12,706
2 0,81650 1,6036 2,9200 4,3027
3 0,76489 1,4226 2,3534 3,1825
4 0,74070 1,3444 2,1318 2,7764
5 0,
72669
1,3009 2,0150 2,5706
6 0, 71756 1,2733 1,9432 2,4469
7 0,71114 1,2543 1,8946 2,3646
8 0,70639 1,2403 1,8595 2,3060
9 0,70272 1,2297 1,8331 2,2622
10 0,69981 1,2213 1,8125 2,2281
11 0,6974.5 1,2145 1,7959 2,2010
12 0,69548 1,2089 1,7823 2,1788
13 0,69384 1,2041 1,7709 2,1604
14 0,69242 1,2001 1,7613 2,1448
15 0,69120 1,1967 1,7530 2,1315
16 0,69013 1,1937 1,7459 2,1199
17 0,68919 1,1910 1,7396 2,1098
18 0,68837 1,1887 1,7341 2,1009
19 0,68763 1,1866 1,7291 2,0930
20 0,68696 1,1848 1,7247 2,0860
21 0,68635 1,1831 1,7207 2 ,0796
22 0,68580 1,1816 1,7171 2,0739
23 0,68531 1,1802 1,7139 2,0687
24 0,68485 1,1789 1,7109 2,0639
25 0,68443 1,1777 1,7081 2,0595
26 0,68405 1,1766 1,7056 2,0555
27 0,68370 1,1757 1,7033 2,0518
28 0,68335 1,1748 1,7011 2,0484
29 0,68304 1,1739 1,6991 2,0452
30 0,68276 1,1731 1,6973 2,0423
40 0, 68066 1,1673 1,6839 2,0211
60 0,67862 1,1616 1,6707 2,0003
120 0,67656 1,1559 1,6577 1,9799
"
0,67449 1,1503 1,6449 1,9600
0,025 0,01
25,542 63,657
6,2053 9,9248
4,1765 5,8409
3,4954 4,6041
3,1
634 4,0321
2,9687
3,7074
2,8412 3,4995
2,7515 3,3554
2
,6850 3,2498
2,6338 3,1693
2,5931 3,1058 2,5600 3,0545
2,5326 3,0123
2,5096 2,9768
2,4899 2,9467
2,4729 2,9208
2,4581 2,8982
2,4450 2,8784
2,4334
2,8609
2,4231 2,8453
2,4138 2,8314
2,4055 2,8188
2,3979 2,8073
2,3910 2,7969
2,3846 2,7874
2,3788
2,7787
2,3734 2,7707
2,3685 2,7633
2,3638 2,7564
2,3596
2,7500
2,3289 2,7045
2,2991 2,6603
2,2699 2,6174
2,2414
2,5758
li
' I
·l o l
0,005
127,32
14,089
7,4533
5,5976
4,7733
4,3168
4,0293
3,8325
3,6897
3,5814
3,4966
3,4284
3,3725
3,3257 3,2860
3,2520
3,2225
3,1966
3,1737
3,1534
3,1352
3,1188
3,1040
3,
0905 3,0782
3,0669
3,0565
3,0469
3,0380
3,0298
2,9712
2,9146
2,
8599 2,8070


Fonte: SPIEGEL, M.R. Estatística. 3° ed. São Paulo, Makron Books do Brasil, 1994.
•I 509,,._ ii

z
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
1.9 2.0
2.1
2.2
2.3
2.4
2.5
2.6
2.7
2.8
2.9
3.0
Área subtendida pela curva
normal reduzida de O a Z.
0.00 0.01 0.02 0.03 0.04
0.0000 0.0040 0.0080 0.0120 0.0160
0.0398 0.0438 0.0478 O.C517 0.0557
0.0793 0.0832
0.0871 0.0910 0.0948
0.1179 0.1217 0.1255 0.1293 0.1331
0.1554 0.1591 0.1628 0.1664 0.1700
0.1915 0.1950 0.1985 0.2019 0.2054
0.2257 0.2291 0.2324 0.2357 0.2389
0.2580 0.2611 0.2642 0.2673 0.2704
0.2881 0.2910 0.2939 0.2967 0.2995
0.3159 0.3186 0.3212 0.3238 0.3264
0.3413 0.3438 0.3461 0.3485 0.3508
0.3643 0.3665 0.3686 0.3708 0.3729
0.3849 0.3869 0.3888 0.3907 0.3925
0.4032 0.4049 0.4066 0.4082 0.4099
0.4192 0.4207 0.4222 0.4236
0.4251
0.4332 0.4345 0.4357 0.4370 0.4382
0.4~52 0.4463 0.4474 0.4484 0.4495
0.4554
0.4564 0.4573 0.4582 0.4591
0.4641 0.4649 0.4656 0.4664 0.4671
0.4713
0.4719 0.4726 0.4732 0.4738
0.4772 0.4778 0.4783 0.4788 0.4793
0.4821 0.4826 0.4830 0.4534 0.4838
0.4861 0.4864 0.4868 0.4871 0.4875
0.4893 0.4896 0.4898
0.4901 0.4904
0.4918 0.4920
0.4922 0.4925 0.4927
0.4938 0.4940
0.4941 0.4943 0.4945
0.4953 0.4955 0.4956 0.4957 0.4959
0.4965 0.4966 0.4967 0.4968 0.4969
0.4974
0
. ...!975 0.4976 0.4977 0.4977
0.4981 0.4982 0.4982 0.4983 0.4984
0.4987 0.4987 0.4987 0.4988 0.4988
0.05 0.06
0.0199 0.0239
0.0596 0.0636
0.0987 0.1026
0.1368
0.1406
0.1736 0.1772
0.2088 0.2123
0.2422 0.2454
0.2734 0.2764
0.3023 0.3051
0.3289 0.3315
0.3531 0.3554
0.3749 0.3770
0.3944 0.3962
0.4115 0.4131
0.4265 0.4279
0.4394 0.4406
0.4505 0.4515
0.4599 0.4608
0.4678 0.4686
0.4744 0.4750
0.4798 0.4803
0.4842 0.4846
0.4878 0.4881
0.4906 0.4909
0.4929 0.4931
0.4946 0.4948
0.4960 0.4961
0.4970 0.4971
0.4978 0.4979
0.4984 0.4985
0.4989 0.4989
~
~
o z
0.07 0.08 0.09
0.0279 0.0319 0.0359
0.0675 0.0714 0.0753
0.1064 0.1103 0.1141
0.1443 0. 1480 0.1517
0.1808 0.1844 0.1879
0.2157 0.2190 0.2224
0.2486 0.2517 0.2549
0.2794 0.2823 0.2852
0.3078
0.3106 0.3133
0.3340 0.3365 0.3389
0.3577 0.3599 0.3621
0.3790 0.3810 0.3830
0.3980
0.3997 0.4015
0.4147 0.4162 0.4177
0.4292 0.4306 0.4319
0.4418 0.4429 0.4441
0.4525 0.4535 0.4545
0.4616 0. 4625 0.4633
0.4693
0.4699 0.4706
0.4756 0.4761 0.4767
0.4808 0.4812 0.4817
0.4850 0.4854 0.4857
0.4884 0.4887 0.4890
0.4911 0.4913 0.4916
0.4932 0.4934 0.4936
0.4949 0.4951 0.4952
0.4962 0.4963 0.4964
0.4972 0.4973 0.4974
0.4979 0.4980 0.4981
0.4985 0.4986 0.4986
0.4989
0.4990 0.4990
Fonte: CRESPO, A.A. Estatística Fácil.13' ed. São Paulo, Saraíva, 1995.
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A iniciativa do organizador deste livro ao trazer aspectos regulatórios e de qualidade,
passando por diferentes conceitos de metodologias físico-químicas, vem preencher uma
importante lacuna, considerando-se a ausência de bibliografia nacional nesse segmento.
A facilidade de leitura e a forma de apresentação, agregando aspectos estritamente
práticos, mas trazendo respostas e embasamentos técnico-científicos, constituem
diferenciais preciosos.
Ainda, a gama de assuntos abordados, abrangendo aspectos de amostragem e.
estatística, ensaios de identificação, controle de fitoterápicos, estudo de estabilidade,
chegando à análise instrumental, é de interesse para diferentes setores farmacêuticos, da
farmácia pública à industrial.
Ora. Terezinha de Jesus Andreofi Pinto
,:]]Jil
ti)
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