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Minhairmãmeabraçoucomforça.
—Prometequevailigartodasasnoites?
—Prometo.—Respondi,mesmosemsaberseem
Ravenwoodteriasinaldetelefone.
Entramosnocarrodaminhamãe.Pelajanela,vi
minhacasaficandoparatrás:agramaondeeu
costumavaler,aárvorequemefaziasombra...tudo
pareciamenoracadasegundo.Juntocomessaimagem,
veioasensaçãoclaradequeminhavidajamaisseriaa
mesma.
Ocaminhoatéarodoviáriapareciainfinito,
acompanhadopelaminhaansiedadequecresciaacada
minuto.Quandochegamos,minharespiraçãofalhoupor
uminstante.Enquantominhamãeestacionava,meu
coraçãobatiaacelerado;minhasmãosestavamfriase
trêmulas.
Pegueiamalanoporta-malas,ejuntas
caminhamosatéoterminaldeembarque.Poucodepois,
oônibuschegou:azul-claro,comquatrolistras
brilhantes—azul-marinho,amarela,vermelhaeverde.
Noletreiro,lia-seemletrasgrandes:Academia
Ravenwood.
—Prometequevaivoltarlogo?—minhairmã
perguntou,segurandominhamão.
—Voltareilogo,prometo!—Respondi,comumnóna
garganta.
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Eentão,elasurgiudiantedosmeusolhos.
Noaltodamontanha,cercadaporpinheirosque
pareciamtocarocéu,erguia-seaAcademiaRavenwood.
Àprimeiravista,eraapenasumprédiodetrêsandares,
simpleseatédecepcionante.Pelomistérioqueminha
mãehaviafeito,eujamaisimaginariaqueseriaum
lugartãocomum,parecidocomosprédiosantigosda
cidadeondeeumorava.Mashaviaalgoestranho:as
janelasrefletiamaluzdeformaincomum,eoarao
redorpareciavibrar,comoseoespaçoguardasse
segredosinvisíveis.
Oportãoprincipal—deferrotrabalhado—abriu-
selentamentequandooônibusseaproximou,rangendo
comosereconhecessecadaumdenós.
—Caramba...—murmureisemperceber.
Ellen,aindameiosonolenta,olhoupelajanelae
suspirou:
—Bem-vindaaolugarondenadaéoqueparece.
Oônibusestacionounopátiointerno.Oespaçoera
amplo,comchafarizesquejorravamáguacristalina.
Contudo,aoolharfixamente,tiveasensaçãodequeas
formasqueaáguafazianãoeramaleatórias,mas
símbolosquedesapareciamassimquepiscávamosos
olhos.