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Jun 01, 2017
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About This Presentation
Resumo do Livro Holocausto Brasileiro
Size: 100.19 MB
Language: pt
Added: Jun 01, 2017
Slides: 27 pages
Slide Content
Centro Universitário UnirG Psicologia 2º Período Disciplina: Introdução a Sociologia Professor: Paulo Henrique Mattos Alunos: Andressa Dantas da Silva Daniela Ponciano Oliveira Dennis Martins Adriano Iris da Silva Pontes
POR QUE HOLOCASTO ? Holocausto é uma palavra assim, em geral, soa como exagero quando aplicada a algo além do assassinato em massa dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra. Neste livro, porém, seu uso é preciso. Terrivelmente preciso. Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros do Colônia.
Daniela ARBEX O repórter luta contra o esquecimento. Transforma em palavra o que era silêncio. Faz memória. Neste livro, Daniela Arbex devolve nome, história e identidade àqueles que, até então, eram registrados como “Ignorados de tal”. Eram um não ser.
Hospital colônia Holocausto
Projetado inicialmente com 200 vagas, o hospital atingiu a marca de cinco mil pacientes em 1960. Milhares de homens, mulheres e crianças morreram de fome, diarreia, tortura, eletrochoque, frio.
Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos , alcoolistas, homossexuais, prostitutas, negros, pobres, gente que se rebelava , gente que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas, violentadas por seus patrões, eram esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, eram filhas de fazendeiros as quais perderam a virgindade antes do casamento . Eram homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos, eram todo tipo de indesejados. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos trinta e três eram crianças.
Trem de doido Os deserdados sociais chegavam a Barbacena de vários cantos do Brasil . Tinham sido , a maioria, enfiadas nos vagões de um trem, internadas à força. Muitos nem sequer sabiam em que cidade tinham desembarcado ou mesmo o motivo pelo qual foram despachados para aquele lugar. Quando chegavam ao Colônia, suas cabeças foram raspadas, e as roupas , arrancadas. Perderam o nome, foram rebatizadas pelos funcionários , começaram e terminaram ali.
A venda de cadáveres Nos períodos de maior lotação, dezesseis pessoas morriam a cada dia. Morriam de tudo — e também de invisibilidade. Ao morrer, davam lucro . Entre 1969 e 1980, 1.853 corpos de pacientes do manicômio foram vendidos para dezessete faculdades de medicina do país, sem que ninguém questionasse. Quando houve excesso de cadáveres e o mercado encolheu, os corpos foram decompostos em ácido, no pátio do Colônia , na frente dos pacientes, para que as ossadas pudessem ser comercializadas . Nada se perdia, exceto a vida.
Paciente do Colônia Paciente utilizado em aula de anatomia
Maus tratos Homens, mulheres e crianças, às vezes, comiam ratos, bebiam esgoto ou urina, dormiam sobre capim, eram espancados e violados, eram obrigados a trabalhar em funções pesadas e sem remuneração. Nas noites geladas da serra da Mantiqueira, eram atirados ao relento, nus ou cobertos apenas por trapos. Os pacientes do Colônia morriam de frio, de fome, de doença. Morriam também de choque. Em alguns dias, os eletrochoques eram tantos e tão fortes, que a sobrecarga derrubava a rede do município.
Sobrevivendo ao holocausto Antônio Gomes da Silva, sessenta e oito anos, foi um dos pacientes encaminhados para o hospital, aos vinte e cinco anos.
Luiz pereira de melo Internado porque era tímido
Generosidade e carinho em um lugar que só havia sofrimento Quando dormiam a maioria nus no frio, eles se altenavam os que ficavam no lado de fora e no de dentro, na tentativa de sobreviver. Alguns não alcançavam as manhãs . Sônia Maria da Costa e sua amizade sincera
Irmã mercês a mãe dos meninos de Barbacena Antônio Martins Ramos o T onho
Adelino FERREIRA RODRIGUES E NILTA PIRES CHAVES Um amor que nasceu no Colônia
As denúncias No final dos anos 70, Ronaldo Simões Coelho o psiquiatra, havia denunciado o Colônia e reivindicado sua extinção: “O que acontece no Colônia é a desumanidade, a crueldade planejada. No hospício, tira-se o caráter humano de uma pessoa, e ela deixa de ser gente. É permitido andar nu e comer bosta, mas é proibido o protesto qualquer que seja a sua forma”. Perdeu o emprego.
Umas poucas vezes, os esqueletos do Colônia subiram à superfície. Passada a comoção pública, voltavam ao fundo empurrados pelas pedras de sempre. Em 1961, a rotina do hospício foi contada na revista O Cruzeiro, pelo fotógrafo Luiz Alfredo e pelo repórter José Franco. O título da matéria era: “A sucursal do inferno”. Em 1979, o repórter Hiram Firmino e a fotógrafa Jane Faria publicaram a reportagem “Os porões da loucura”, no Estado de Minas.
O documentário Em nome da razão , de Helvécio Ratton , filmado em 1979, tornou-se um símbolo da luta antimanicomial .
Reforma psiquiátrica É preciso perceber que nenhuma violação dos direitos humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a nossa omissão, menos ainda uma bárbara como esta. Em 1979, o psiquiatra italiano Franco Basaglia , pioneiro da luta pelo fim dos manicômios, esteve no Brasil e conheceu o Colônia. Em seguida, chamou uma coletiva de imprensa, na qual afirmou: “Estive hoje num campo de concentração nazista. Em lugar nenhum do mundo, presenciei uma tragédia como esta”.
Paulo delgado O deputado Paulo Delgado apresentou , em 1989, no Congresso Nacional , o Projeto de Lei 3.657, propondo a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país. Até aquele momento, ainda prevalecia no país o Decreto Presidencial 24.559, baixado por Getúlio Vargas, em 1934. A resolução previa o recolhimento de pacientes a hospitais psiquiátricos “mediante simples atestado médico”, que poderia ser solicitado por qualquer pessoa que tivesse interesse em internar alguém.
Museu da loucura
Porque o holocausto ainda não acabou ! Os campos de concentração vão além de Barbacena. Estão de volta nos hospitais públicos lotados que continuam a funcionar precariamente em muitas outras cidades brasileiras. Multiplicam–se nas prisões, nos centros de socioeducação para adolescentes em conflito com a lei, nas comunidades à mercê do tráfico. Enquanto o silêncio acobertar a indiferença, a sociedade continuará avançando em direção ao passado de barbárie. É tempo de escrever uma nova história e de mudar o final.