começou a se mover para a frente e para trás sob a sua camisola, apertando o
seio direito até causar dor, depois o esquerdo, então o direito, repetidas vezes.
“Venha a nós o Vosso Reino! Seja feita a Vossa vontade!”
Stephanie desceu da cama dobrável e se encolheu ao lado da cama,
abraçando as pernas de Carmen e ainda gritando.
“Assim na Terra! Como no Céu!”
Laura começou a se contorcer na cama enquanto gritava, batendo na forma
protuberante que continuava a se mover sob a camisola, alternadamente
apertando os seios e se impelindo por entre as pernas.
“O p-pão nosso de cada di-di…” O rosário escorregou da mão de Carmen e
ela se engasgou com as palavras, tapando a boca com as mãos enquanto
assistia ao que estava acontecendo com a sobrinha, impotente.
Stephanie começou a cantar com uma voz desafinada, lacrimosa: “Cristo
tem amor por mim, com certeza creio assim… a Bíblia assim me diz… a Ele
os pequeninos vão… forte é Ele, mas fracos eles são…”.
Depois de colocar a Bíblia de lado, Carmen abaixou a mão e afagou as
costas de Stephanie, dizendo baixinho: “Por favor, fique calma, querida, por
favor, meu bem, fique calma”.
Com a outra mão, ela tateou à procura do rosário e, quando o encontrou,
começou a recitar a Ave-Maria muito depressa enquanto afastava devagar as
pernas para longe de Stephanie e começava a avançar até a porta.
“Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as
mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria Mãe de
Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte, amém. Ave
Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois…”
Antes de conseguir avançar muito na segunda vez em que recitava a oração,
Stephanie começou a gritar: “Não vai embora, mamãe, não vai embora!”.
Carmen parou e disse depressa: “Querida, preciso ligar para o padre
Wheatley, precisamos dele agora mesmo, precisamos dele, então por
favor…”.
A porta do quarto se abriu, e Al parou na soleira, vestindo o roupão, olhos
arregalados, a boca aberta, e perguntou esbaforido: “O que diabos está
acontecendo?”. Mas ele demorou apenas um instante para ver o que estava
acontecendo. “Oh, Deus”, sussurrou, “oh, Deus, oh, Jesus, o que está
acontecendo, Jesus amado, o que está acontecendo…”
“Vá pegar o telefone!”, exclamou a esposa com urgência.