Os dois carburadores, do fabricante Mikuni, utilizados na linha das motos 125 da
Suzuki (Yes e Intruder 125, e na realidade são 3 carburadores: VM22, BS24(Katana
125) e BS26), têm um dos circuitos principais de funcionamento atrapalhado pelo
formato do tubo que conduz o ar, entre a caixa do filtro de ar e o próprio carburador. É
um tubo de borracha, com o formato de um funil enviezado.
Isso se manifesta através da falta de torque em baixas e médias rotações e acelerações,
nas Yes e Intruder (esta, do mod. 2007 em diante), que utilizam o carburador mecânico
VM22, e de um excesso de consumo e irregularidade de funcionamento na Intruder com
carburador a vácuo (e na Katana).
Nas Yes/Intruder "mecânicas", o circuito que é atrapalhado é o da "baixa", responsável
pela mistura ar/gasolina quando se usa até 1/3 aproximadamente da abertura do
acelerador (calcule 1/3 do tanto que se consegue girar a manopla do acelerador). Após
essa abertura, o outro circuito, o da alta (onde atua a agulha e o pistonete) é que atua
predominantemente (ou exclusivamente).
Mas ainda até além desse 1/3, devido à deficiência na obtenção de ar nesse circuito
causada pelo formato do tubo, a mistura que o motor puxa através dele é muito rica, e
assim sendo ela não queima direito, e provoca perda de rendimento. E, é claro, algum
aumento de consumo.
Nas Intruder/Katana com carburador vácuo, o circuito atrapalhado já é o da "alta", onde
está a agulha e o pistonete (este é acionado pela depressão, pela aspiração do motor, e
não pelo cabo do acelerador diretamente). Mas neste caso, a dificuldade de
funcionamento do carburador começa até mesmo antes que o outro. O motor geralmente
apresenta um torque até razoável em baixa, mas com oscilações consideráveis, perdendo
muito na média, e só se recuperando nas altas aberturas do acelerador, mas com um
consumo ainda incompatível, elevado.
O macete (afastar o tubo alguns milímetros na ponta do carburador) faz com que esses
dois circuitos consigam fornecer uma mistura mais condizente com a faixa de atuação
de cada um. Isso faz a interferência desse tubo diminuir consideravelmente. Claro que
há a necessidade de reacerto dos carburadores, já que se modificou parte da mistura.
Claro que há a necessidade de que um dos principais pontos dele seja verificado quanto
à medida correta, que é a altura do nível da gasolina, no carburador. Isso é
imprescindível para a otimização deles, e cito isso porque encontrei muita variação
nessa medida, nas diversas motos em que já tive a oportunidade de trabalhar nesses
acertos (mas basicamente nas que usam o carburador mecânico). E ainda: o tanto que se
deve afastar o tubo, pode ser (e tem sido) diferente de uma moto para outra... a situação
encontrada é tão delicada que até mesmo um único milímetro de diferença no
afastamento produz diferenças no resultado final.
Em resumo, o macete serve para corrigir parte do funcionamento do carburador,
melhorando o funcionamento do motor, e com isso pode-se também obter consumo
melhorado. O melhor indício dessa melhora, é uma maior facilidade do motor vencer
subidas, e reacelerações.
E uma descrição simples: o TORQUE, em um motor, é uma medida da facilidade que
ele tem em aplicar a potência que consegue gerar. O macete acaba lidando mais com
o torque nesses motores, do que na potência máxima que eles podem gerar.