Suporte Avançado de Vida
176 | I N E M
ambiental e/ou humidade alta e,
normalmente, afeta adultos jovens.
5.2.2. Fatores predisponentes
A população idosa tem um risco aumentado de
doenças relacionadas com o calor devido às
patologias de base, medicação habitual,
mecanismos de termorregulação deficitários e
apoio social limitado. Como fatores de risco
refere-se a falta de climatização das
habitações, desidratação, obesidade,
consumo de álcool, doenças cardiovasculares,
doenças dermatológicas (psoríase, eczema,
esclerodermia), hipertiroidismo,
feocromocitoma e fármacos (anticolinérgicos,
cocaína, anfetaminas, simpaticomiméticos,
BEC, betabloqueantes).
5.2.3. Sintomas e sinais
Podem assemelhar-se aos do choque séptico,
provavelmente motivados por mecanismos
semelhantes e incluem:
• Temperatura central superior a 40C;
• Pele seca e quente (no entanto, a
sudorese está presente em cerca de
50% dos golpes de calor provados pelo
exercício);
• Fadiga, cefaleias, sincope, rubor facial,
vómitos e diarreia;
• Disfunção cardiovascular incluindo
arritmias e hipotensão;
• Disfunção respiratória;
• Disfunção do SNC (convulsões e
coma);
• Falência hepática e renal;
• Coagulopatia;
• Rabdomiólise.
Outras condições associadas ao aumento da
temperatura corporal central e que devem ser
tidas em consideração: toxicidade
medicamentosa, síndromes de abstinência,
síndrome serotoninérgico, síndrome
neuroléptico maligno, sépsis, infeções do SNC
e alterações endócrinas (tempestade tiroideia
e feocromocitoma).
5.2.4. Tratamento
A base do tratamento é a terapia de suporte e
o arrefecimento rápido, com início em contexto
pré-hospitalar e com o objetivo de redução da
temperatura até aos cerca de 39 C.
Normalmente, é necessária uma fluidoterapia
agressiva e correção de alterações
eletrolíticas, portanto, doentes com golpe de
calor severo devem ser tratados em ambiente
de cuidados intensivos.
5.2.5. Técnicas de arrefecimento
Apesar da descrição de variados métodos na
literatura, existem poucos estudos que
determinem qual o método ideal. As técnicas
mais simples de arrefecimento incluem
ingestão de líquidos frios, despir a roupa e
pulverizar com água tépida. A colocação de
gelo nas zonas ricas em grandes vasos
superficiais como axilas, virilhas e pescoço
também pode ser útil. Nos doentes
colaborantes, a imersão em água fria pode ser
eficaz, no entanto, esta pode causar
vasoconstrição periférica diminuindo a
dissipação de calor. As outras técnicas de
arrefecimento são semelhantes às utilizadas
nos cuidados pós ressuscitação, como soro
frio endovenoso e lavagem gástrica, peritoneal
ou da bexiga com água fria.
5.2.6. Tratamento farmacológico
Não existe nenhum fármaco específico capaz
de baixar a temperatura corporal central. A
evidencia científica sobre a eficácia dos
antipiréticos (AINES ou paracetamol) no golpe